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CONCURSO DE PESSOAS

DIREITO PENAL
Clber Masson + Rogrio Sanches + Rogrio Greco

ASPECTOS GERAIS
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas,
na medida de sua culpabilidade.
1 - Se a participao for de menor importncia, a pena pode ser diminuda de 1/6 a 1/3.
2 - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe- aplicada a
pena deste; essa pena ser aumentada at a metade, na hiptese de ter sido previsvel o
resultado mais grave.

REQUISITOS
DO CONCURSO

PLURALIDADE DE AGENTES CULPVEIS


CONDUTA RELEVANTE
VNCULO SUBJETIVO
UNIDADE DE INFRAO PENAL PARA TODOS

1) Pluralidade de agentes culpveis o concurso de pessoas depende de pelo menos 2 pessoas, e,


consequentemente, de ao menos duas condutas penalmente relevantes (duas condutas principais
coautoria; uma principal e outra acessria autor e partcipe). Os coautores ou partcipes,
entretanto, devem ser culpveis.
- A norma do art. 29 uma norma de extenso que visa ajustar uma conduta que aparentemente
no tpica para caracteriz-la como tal, fenmeno que se denomina ADEQUAO TPICA
MEDIATA. A NORMA DO ART. 29 S SE APLICA AOS CRIMES UNISSUBJETIVOS OU DE CONCURSO
EVENTUAL. NOS CRIMES PLURISSUBJETIVOS OU DE CONCURSO NECESSRIO, A TIPICIDADE J EST
COMPLETA (O PRPRIO TIPO J PREV O CONCURSO).
- Crimes unissubjetivos ou de concurso eventual a teoria do concurso de pessoas desenvolveu-se
para solucionar os problemas envolvendo esses crimes, que podem se consumar com a atuao de
UMA NICA PESSOA, MAS TAMBM ADMITEM CONCURSO, MOMENTO EM QUE SE FAZ
NECESSRIA A APLICAO DO ART. 29 (ADEQUAO TPICA MEDIATA). A CULPABILIDADE DOS
ENVOLVIDOS FUNDAMENTAL, SOB PENA DE CARACTERIZAO DA AUTORIA MEDIATA. Ex.: se um
imputvel encomenda a morte de um desafeto a um menor de idade (inimputvel), h autoria
mediata (o menor como instrumento), e no concurso. S haveria concurso se ambos fossem
imputveis.
- Crimes plurissubjetivos ou de concurso necessrio A CULPABILIDADE DE TODOS OS AGENTES
DISPENSVEL: BASTA QUE UM SEJA CULPVEL. Ex.: rixa, quadrilha ou bando.
- Para o STF, o fato de o crime ter sido cometido por duas pessoas, uma delas menor inimputvel,
no tem o condo de descaracterizar que ele foi cometido em coautoria. Nos casos de formao de
quadrilha, a participao do menor entra na contagem dos partcipes para a sua caracterizao.
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- Os crimes plurissubjetivos PRESCINDEM DA NORMA DE EXTENSO DO ART. 29, POIS A PRPRIA


LEI PENAL INCRIMINADORA QUE RECLAMA A PLURALIDADE DE PESSOAS (CONCURSO
NECESSRIO).
- Crimes eventualmente plurissubjetivos geralmente so praticados por uma nica pessoa, mas
tm a PENA AUMENTADA QUANDO PRATICADOS EM CONCURSO. A CULPABILIDADE DE TODOS OS
AGENTES DISPENSVEL. Ex.: no furto praticado por um maior de idade na companhia de um
adolescente, incide a qualificadora de concurso de pessoas (art. 155, 4, IV). Nesses crimes, h um
PSEUDOCONCURSO, CONCURSO IMPRPRIO OU CONCURSO APARENTE.
- Ex.: um adulto e dois menores resolveram praticar o sequestro relmpago e dividir o produto do
crime. O adulto levou os menores, em seu carro, ao local para a realizao do crime e retornou para
a sua casa. Os menores abordaram uma vtima que estava entrando em seu veculo e a levaram
consigo, deixando-a na rodovia mais prxima 30 minutos depois. Saram do local na posse do veculo
subtrado e, posteriormente, venderam-no para outro grupo de receptadores. No caso, h concurso
de agentes, mesmo tendo sido o crime praticado em companhia de inimputveis. No h autoria
mediata, porque os menores no foram utilizados como instrumentos do crime. QUANDO O
INIMPUTVEL TAMBM QUISER ATINGIR O RESULTADO, SER COAUTOR E O CONCURSO SER
IMPRPRIO, J QUE UM AGENTE PENALMENTE RESPONSVEL E O OUTRO NO.
UNISSUBJETIVOS

PLURISSUBJETIVOS

Podem se consumar com a


atuao de uma nica pessoa,
mas tambm admitem concurso
de agentes (CONCURSO
EVENTUAL).

S podem ser praticados em


concurso de pessoas
(CONCURSO NECESSRIO).

TODOS DEVEM SER CULPVEIS.


Aplica-se a norma de extenso
do art. 29 (adequao tpica
mediata).

BASTA QUE UM SEJA CULPVEL.


a prpria lei incriminadora que
reclama a pluralidade de pessoas
(prescindem da norma de
extenso do art. 29).

EVENTUALMENTE
PLURISSUBJETIVOS
Geralmente so praticados por uma
pessoa, mas tm a PENA
AUMENTADA quando praticados em
concurso.
(PSEUDOCONCURSO, CONCURSO
IMPRPRIO OU APARENTE).
BASTA QUE UM SEJA CULPVEL.
Prescindem da norma de extenso
do art. 29.

2) Conduta relevante de qualquer modo deve ser compreendida como uma contribuio
pessoal, fsica ou moral direta ou indireta, comissiva ou omissiva, ANTERIOR OU SIMULTNEA
EXECUO (ANTERIOR CONSUMAO).
ANTES DA CONSUMAO
CONCURSO DE PESSOAS

APS A CONSUMAO
CRIME AUTNOMO

- A conduta individual deve influir efetivamente no resultado. A participao incua um


irrelevante penal. Ex. de Rogrio Greco: A quer matar B, mas no encontra sua arma. A, ento, vai na
casa de C e pede sua arma emprestada. Antes de encontrar B, A encontra sua arma, que utilizada
para matar B. A conduta de C foi irrelevante, uma vez que no estimulou ou, de qualquer modo,
influenciou o agente no cometimento de sua infrao penal.
- A CONTRIBUIO PODE AT SER CONCRETIZADA APS A CONSUMAO, DESDE QUE TENHA SIDO
AJUSTADA ANTERIORMENTE. Ex.: A se compromete perante B a auxili-lo a fugir e a escond-lo
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depois de matar C. Ser partcipe. Contudo, se somente depois da morte de C se dispuser a ajud-lo a
subtrair-se da ao da autoridade pblica, no ser partcipe do homicdio, mas autor do crime de
favorecimento pessoal.
3) Vnculo subjetivo os agentes devem ser ligados entre si por um nexo psicolgico, ou ento
haver vrios crimes simultneos, e no concurso de pessoas.
- Os agentes devem revelar VONTADE HOMOGNEA, visando a produo do mesmo resultado
(princpio da convergncia). Logo, NO POSSVEL A CONTRIBUIO DOLOSA PARA UM CRIME
CULPOSO, NEM A CONTRIBUIO CULPOSA PARA UM CRIME DOLOSO. Sem isso, teremos autoria
colateral (2 crimes autnomos).
- O VNCULO SUBJETIVO NO DEPENDE DE PRVIO AJUSTE (pactum sceleris). Basta a cincia por
parte de um agente no tocante ao fato de concorrer para a conduta de outrem (consciente e
voluntria cooperao, vontade de participar, adeso vontade de outrem). Ex.: A liga pra um
amigo e diz que vai matar B. C, desafeto de B, ouve a conversa. A ataca B, que consegue fugir, at
que C, que estava por perto, derruba B dolosamente, que acaba sendo morto por A. C ser partcipe
do homicdio praticado por A.
4) Unidade de infrao penal para todos os agentes quem, de qualquer modo, concorre para o
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Os agentes devem
praticar a mesma infrao penal.

PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS

- O art. 29 adotou a TEORIA UNITRIA, IGUALITRIA ou MONISTA: todos os que concorrem para o
mesmo crime devem receber tratamento igualitrio no que diz respeito CLASSIFICAO JURDICA
desse fato. H unidade de crime e pluralidade de agentes.
- Abstratamente, autor e partcipe incorrem na mesma pena pois, em virtude do art. 29, todos os que
concorrem para o crime incidem nas penas a este cominadas. A aplicao correta da pena, todavia,
variar tanto sobre os coautores quanto sobre os partcipes em virtude da culpabilidade
demonstrada por cada um. A identidade de crime no importa automaticamente em identidade de
penas (na medida de sua culpabilidade), que devem ser individualizadas no caso concreto.
- O autor nem sempre ser punido mais gravemente do que um partcipe. Ex.: um autor intelectual
(partcipe) deve ser punido de forma mais severa do que o autor do delito, pois sem a sua vontade o
crime no ocorreria. O art. 62, I, indica que essa circunstncia uma agravante genrica.
- Luiz Regis Prado diz que o CP adotou a TEORIA MONISTA TEMPERADA, por conta dos pargrafos do
art. 29 que determinam a punibilidade diferenciada da participao.
- Principais excees pluralsticas:
a) Crime de corrupo ativa (art. 333 do CP) e passiva (art. 317 do CP);
b) Crime de falso testemunho (art. 342 do CP) e corrupo de testemunha (art. 343 do CP);
c) Crime de aborto cometido pela gestante (art. 124 do CP) e aquele cometido por terceiro
com o consentimento da gestante (art. 126 do CP).
d) Crime de corrupo ativa pelo particular que oferece ou promete vantagem indevida ao
funcionrio pblico para que este deixe de lanar ou cobrar tributo (art. 333 do CP) e crime
contra a ordem tributria para o funcionrio pblico (art. 3, II, da Lei 8.137/90).
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- tambm exceo teoria monista a participao em crime menos grave.


- Assertiva incorreta (CESPE): Abel e Bruno, mediante prvio ajuste, adentraram em uma casa para a
prtica de um furto, todavia, aps serem surpreendidos pelo dono da casa, Abel foi preso em
flagrante e Bruno evadiu-se levando consigo parte dos objetos subtrados. Nessa situao, Abel
responder por furto tentado, enquanto Bruno responder por furto consumado por fora da
teoria monista, se o crime tido como tentado para um coautor, no pode o outro responder por
crime consumado.

AUTORIA

- O CP adota a TEORIA OBJETIVA, RESTRITIVA ou DUALISTA DO AUTOR, que distingue autor e


partcipe:
TEORIA OBJETIVOFORMAL

TEORIA OBJETIVOMATERIAL

TEORIA EXTENSIVA

TEORIA DO DOMNIO
DO FATO DE WELZEL
(TEORIA OBJETIVOSUBJETIVA)

- AUTOR QUEM REALIZA O NCLEO DO TIPO PENAL. PARTCIPE QUEM DE


QUALQUER MODO CONCORRE PARA O CRIME, SEM PRATICAR O NCLEO DO
TIPO. Ex.: quem empresta a arma.
- A atuao do partcipe seria impune se no existisse a norma de extenso pessoal
do art. 29. A adequao tpica, na participao, de subordinao mediata.
- Falha: para a teoria, o autor intelectual partcipe, e no autor, eis que no
executa o ncleo do tipo.
- Deve ser complementada pela teoria da AUTORIA MEDIATA.
- Autor quem presta a CONTRIBUIO OBJETIVA MAIS IMPORTANTE para a
produo do resultado, e no necessariamente aquele que realiza o ncleo do
tipo. Partcipe quem concorre de forma menos relevante, ainda que mediante a
realizao do ncleo do tipo.
- Todos aqueles que, de alguma forma, colaboram para a prtica do fato, so
considerados autores. NO DISTINGUE AUTOR E PARTCIPE.
- O conceito extensivo de autor atrelado TEORIA SUBJETIVA DA
PARTICIPAO: existe uma vontade de ser autor (animus auctoris), quando o
agente quer o fato como prprio, e uma vontade ser partcipe (animus socii),
quando o agente deseja o fato como alheio.
- AUTOR QUEM POSSUI CONTROLE SOBRE O DOMNIO FINAL DO FATO, domina
finalisticamente o trmite do crime e decide acerca da sua prtica, suspenso,
interrupo e condies. H uma ampliao do conceito de autor:
- Autor propriamente dito
- Autor intelectual
- Autor mediato
- Coautores
- PARTCIPE QUEM CONCORRE PARA O CRIME, DESDE QUE NO REALIZE O
NCLEO DO TIPO NEM POSSUA O CONTROLE FINAL DO FATO. S POSSUI O
DOMNIO DA VONTADE DA CONDUTA. O delito no lhe pertence: ele colabora no
crime alheio.
- S se aplica aos crimes DOLOSOS e COMISSIVOS.
- Incompatibilidade com os crimes culposos: no se pode conceber o controle
final de um fato no desejado pelo autor da conduta.

- Assertiva correta (CESPE): a teoria do domnio do fato aplicvel para a delimitao de coautoria
e participao, sendo coautor aquele que presta contribuio independente e essencial prtica
do delito, mas no obrigatoriamente sua execuo. Exemplo disso autor intelectual, que presta
contribuio essencial prtica do crime mas no o executa. Autor, segundo essa teoria, no s
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quem executa a ao tpica, como tambm aquele que utiliza outrem, como instrumento, para a
execuo do crime (inclui o autor mediato).
- Assertiva correta (CESPE): A TEORIA DO DOMNIO DO FATO NO SE APLICA AOS CRIMES
OMISSIVOS (PRPRIOS OU IMPRPRIOS), E DEVE SER SUBSTITUDA PELO CRITRIO DA
INFRINGNCIA DO DEVER DE AGIR. O omitente autor no em razo de possuir o domnio do fato,
mas sim porque descumpre o mandamento de atuar para evitar a afetao do objeto jurdico
(infringe o dever de agir). Se no age, no pode dirigir o curso da conduta. Falta domnio do fato
tanto para quem tem o dever geral de agir (omissivo prprio) como para o garante (omissivo
imprprio).
- Coautoria parcial ou funcional os diversos autores praticam ATOS DE EXECUO DIVERSOS, OS
QUAIS, SOMADOS, PRODUZEM O RESULTADO. Ex.: A segura a vtima e B a esfaqueia.
- O STJ decidiu que o motorista que aguarda a execuo do crime para auxiliar a fuga no
partcipe, coautor funcional: o motorista que, combinando a prtica do roubo com arma de fogo
contra caminhoneiro, leva os coautores ao local do delito e, ali, os aguarda para fazer as vezes de
batedor ou, ento, para auxiliar na eventual fuga, realiza com a sua conduta o quadro que, na dico
da doutrina hodierna, se denomina de coautoria funcional (STJ HC 20819).
- O acusado que, na diviso de trabalho, tinha o domnio funcional do fato (a saber, fuga do local
do crime), coautor, e no mero partcipe, pois seu papel era previamente definido, importante e
necessrio para a realizao da infrao penal (STJ HC 30503).
- Coautoria direta ou material todos os autores efetuam igual conduta criminosa. Ex.: A e B
efetuam disparos contra C.
- Crimes prprios ou especiais so aqueles em que o tipo penal exige uma situao ftica ou jurdica
diferenciada por parte do sujeito ativo. ADMITEM COAUTORIA E PARTICIPAO. Ex.: o peculato s
pode ser praticado por funcionrio pblico, mas 2 funcionrios pblicos juntos podem subtrair bens
pertencentes Administrao Pblica. Nada impede tambm que uma terceira pessoa, que no seja
funcionria pblica, participe do delito (partcipe).
- Crimes de mo prpria, de atuao pessoal ou de conduta infungvel s podem ser praticados pela
pessoa expressamente indicada no tipo penal. Tais crimes NO ADMITEM COAUTORIA, MAS
ADMITEM PARTICIPAO. Ex.: falso testemunho (se o advogado incitar a testemunha a mentir, ele
ser partcipe do crime, e no coautor, pois o crime de atuao pessoal da testemunha). Ateno:
o STF, na contramo, entende que possvel, em tese, atribuir a advogado a coautoria pelo crime
de falso testemunho.
- Exceo: crime de falsa percia (crime de mo prpria cometido em coautoria por 2 ou mais
peritos).
CRIMES PRPRIOS
PARTICIPAO
COAUTORIA

CRIMES DE MO PRPRIA
PARTICIPAO

- Autoria mediata ALGUM SE UTILIZA, PARA A EXECUO DO CRIME, DE UMA PESSOA SEM
CULPABILIDADE (MENOR DE IDADE, DOENTE MENTAL, COAO MORAL IRRESISTVEL OU
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OBEDINCIA HIERRQUICA) OU QUE ATUA SEM DOLO OU CULPA. NO H CONCURSO DE PESSOAS


(AUSENTE O VNCULO SUBJETIVO). O autor mediato ordena; o imediato executa (instrumento do
crime), mas no punido. uma construo doutrinria.
- Se o terceiro, utilizado como instrumento pelo autor mediato, por defeito de pontaria acerta
pessoa diversa da pretendida, as consequncias da aberratio ictus so aplicveis ao autor mediato.
- A autoria mediata INCOMPATVEL COM OS CRIMES CULPOSOS. No se pode conceber a
utilizao de um inculpvel ou de pessoa sem dolo ou culpa para funcionar como instrumento de um
crime cujo resultado o agente no quer nem assume o risco de produzir.
- Tambm h autoria mediata no erro determinado por terceiro. Ex.: a enfermeira aplica em um
paciente uma injeo letal, a pedido do mdico, sem saber do contedo da injeo. Nesse caso, s
responde o mdico.
CRIMES PRPRIOS
POSSVEL AUTORIA MEDIATA, desde que o autor mediato
detenha todas as qualidades ou condies pessoais
reclamadas pelo tipo penal.
Ex.: um funcionrio pblico pode se valer de um subalterno
sem culpabilidade, em decorrncia da obedincia
hierrquica, para praticar um peculato, subtraindo bens que
se encontram sob a custdia da Administrao Pblica.

CRIMES DE MO PRPRIA
NO POSSVEL AUTORIA MEDIATA,
porque a conduta s pode ser praticada pela
pessoa diretamente indicada pelo tipo penal.
Ex.: no falso testemunho, a testemunha no
poderia colocar terceira pessoa para negar a
verdade em seu lugar.

- Executor de reserva o agente que acompanha a execuo, ficando disposio, se necessrio,


para nela intervir. Se intervier, ser tratado como coautor, e, em caso negativo, como partcipe.
- Coautoria sucessiva ocorre quando, aps iniciada a conduta tpica por um nico agente e AT A
CONSUMAO, houver a adeso de um segundo agente empreitada criminosa, sendo que as
condutas praticadas por cada um, dentro de um critrio de diviso de tarefas e unio de desgnios,
devem ser capazes de interferir na consumao da infrao penal. Ex.: quando j iniciada a prtica
de uma leso corporal, um terceiro que assistia agresso resolve aderir aos golpes contra a vtima.
Aps a consumao, constata-se a existncia de um crime autnomo como o favorecimento pessoal,
por exemplo.
- Nilo Batista entende que a coautoria sucessiva pode ocorrer at o exaurimento do crime.
- O coautor sucessivo responder por todos os atos j cometidos pelos demais ou somente dever
ser responsabilizado por aquilo o que vier a ocorrer depois do seu ingresso na ao criminosa?
a) A corrente de Nilo Batista entende que se o coautor sucessivo tomou conhecimento da
situao em que se encontrava, dever responder pelo fato na sua integralidade. Nesse caso,
ele incorpora sua conduta os antecedentes executivos por ele conhecidos.
b) A corrente de Zaffaroni entende que quando o coautor sucessivo adere conduta dos
demais, responder pela infrao penal que estiver em andamento, desde que todos os fatos
anteriores tenham ingressado na sua esfera de conhecimento, e desde que eles no
importem fatos que, por si ss, consistam em infraes mais graves j consumadas.
- Autoria por determinao algum que se valha do outro, que no realiza conduta para cometer
um delito de mo prpria: uma mulher d sonfero a outra e depois hipnotiza um amigo, ordenandolhe que com aquela mantenha relaes sexuais durante o transe. O hipnotizado no realiza a
conduta, ao passo que a mulher no pode ser autora do estupro, porque delito de mo prpria.
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Tampouco partcipe, pois lhe falta o injusto alheio em que cooperar ou a que determinar (Rogrio
Greco citando Pierangeli e Zaffaroni). A mulher no ser punida como autora de estupro, mas lhe
ser aplicada a pena deste crime por haver cometido o delito de determinar para o estupro.
- Autoria de escritrio autor de escritrio o agente que transmite a ordem a ser executada por
outro autor direto, dotado de culpabilidade e passvel de ser substitudo a qualquer momento por
outra pessoa, no mbito de uma organizao ilcita de poder. Ex.: o lder do PCC d as ordens a
serem seguidas por seus comandados. ele o autor de escritrio, com poder hierrquico sobre seus
soldados. Cuida-se de categoria de autoria mediata particular ou especial.
- Autoria por convico o agente conhece efetivamente a norma, mas a descumpre por razes de
conscincia, que pode ser poltica, religiosa, filosfica, etc. Ex.: uma me, por convico religiosa, no
permitir a realizao de transfuso de sangue indicada por equipe mdica para salvar a vida de sua
filha, mesmo ciente da imprescindibilidade desse procedimento.
- Autoria colateral ou coautoria imprpria ou autoria aparelha DUAS OU MAIS PESSOAS
INTERVM NA EXECUO DE UM CRIME, BUSCANDO IGUAL RESULTADO, EMBORA CADA UMA
DELAS IGNORE A CONDUTA ALHEIA. NO H CONCURSO DE PESSOAS, ANTE A AUSNCIA DE
VNCULO SUBJETIVO. CADA UM DOS AGENTES RESPONDE PELO CRIME A QUE DEU CAUSA.
- Ex.: A, portanto um revlver, e B, portando uma espingarda, escondem-se atrs de rvores, um do
lado direito e outro do lado esquerdo. Quando C, inimigo de ambos, por ali passa, ambos os agentes
contra ele efetuam disparos de armas de fogo. C morre, revelando o exame necroscpico terem sido
os ferimentos letais produzidos pelos disparos originrios da arma de A. A responde por homicdio
consumado e B responde por tentativa de homicdio.
- Se ficasse demonstrado que os tiros de B atingiram o corpo de C quando j estava morto, B ficaria
impune (crime impossvel).
- Se A e B tivessem agido unidos pelo vnculo subjetivo, haveria concurso de agentes e seria
irrelevante saber quem teria conseguido causar a morte da vtima: ambos seriam responsabilizados
por homicdio consumado.
- Autoria incerta surge no campo da autoria colateral, quando MAIS DE UMA PESSOA INDICADA
COMO AUTORA DO CRIME, MAS NO SE APURA COM PRECISO QUAL FOI A CONDUTA QUE
EFETIVAMENTE PRODUZIU O RESULTADO. Ex.: A e B, com armas de fogo e munies idnticas
escondem-se atrs de rvores para eliminar a vida de C. Quando este passa pelo local, A e B atiram e
C morre por conta de um nico disparo, contudo, no se sabe se foi de A ou de B. H dois crimes: um
homicdio consumado e um homicdio tentado. Como no h concurso de pessoas, AMBOS DEVEM
RESPONDER POR TENTATIVA DE HOMICDIO. No se pode responsabilizar um deles pelo homicdio
consumado (in dubio pro reo).
- E se houver um crime consumado e um crime impossvel (um matou, mas o outro nada fez por
ineficcia absoluta do meio)? Como no h concurso de pessoas, por ausncia do vnculo subjetivo,
ambas devem ser beneficiadas pela dvida. Assim, se na autoria incerta todos os envolvidos
praticaram atos de execuo, devem responder pela tentativa do crime. Mas, se um deles incidiu em
crime impossvel, a causa de atipicidade a todos se estende.

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- Se A e B efetuassem disparos com acordo entre eles (vnculo subjetivo), haveria concurso de
agentes e, mesmo que no se soubesse quem foi o autor do disparo fatal, ambos responderiam por
homicdio doloso (coautoria com resultado incerto).
- Autoria incerta autoria desconhecida, em que no se consegue identificar quem foi o autor da
conduta.
- Questo: Alfredo, querendo matar Epaminondas, sobe at o terrao de um prdio portando um
rifle de alta preciso, com silencioso e mira telescpica. Sem ser visto, constata a presena de
Gildenis, outro atirador, em prdio vizinho, armado com uma escopeta, tambm preparado para
matar a mesma vtima, tendo Alfredo percebido sua inteno. Quando Epaminondas atravessa a
rua, ambos comeam a atirar, vindo a vtima a morrer em face, unicamente, dos disparos efetuados
por Gildenis AMBOS SO AUTORES DIRETOS E RESPONDEM POR HOMICDIO CONSUMADO,
inobstante o disparo fatal ter sido produzido unicamente pela arma de Gildenis. O caso no se
trata de autoria colateral incerta, uma vez que o enunciado da questo diz quem foi o autor do
disparo fatal. A AUTORIA DE GILDENIS FOI COLATERAL EM RELAO DE ALFREDO, UMA VEZ QUE
IGNORAVA SUA CONDUTA. J ALFREDO AGIRA COMO COAUTOR, NA MEDIDA EM QUE CONHECIA
A CONDUTA DE GILDENIS E ADERIU A ELA. Gildenis foi o autor do disparo mortal e Alfredo estava
subjetivamente ligado conduta daquele.

PARTICIPAO

- a modalidade de concurso de pessoas em que O SUJEITO NO REALIZA DIRETAMENTE O TIPO


PENAL, MAS DE QUALQUER MODO CONCORRE PARA O CRIME.
- PROPSITO DE COLABORAR (ELEMENTO SUBJETIVO) + COLABORAO EFETIVA (PARTICIPAO
MORAL OU MATERIAL).
PARTICIPAO MORAL
- A conduta do agente restringe-se a induzir ou instigar terceira
pessoa a cometer uma infrao penal. No h colaborao com
meios materiais, mas apenas com ideias de natureza
penalmente ilcitas.
- Induzir fazer surgir na mente de outrem a vontade criminosa,
at ento inexistente. Instigar reforar a vontade criminosa
que j existe na mente de outrem.
- Como o induzimento e a instigao se limitam ao aspecto
moral da pessoa, normalmente ocorrem na fase da cogitao.
Nada impede, entretanto, sejam efetivados durante os atos
preparatrios. E, relativamente instigao, possvel a sua
verificao at mesmo durante a execuo, principalmente para
impedir a desistncia voluntria e o arrependimento eficaz.
- O induzimento incompatvel com os atos executrios. Se o
autor j iniciou a execuo, porque j tinha em mente a ideia
criminosa.

PARTICIPAO MATERIAL
- A conduta do sujeito consiste em prestar
auxlio ao autor da infrao. O partcipe
que presta auxlio chamado de cmplice.
- Auxiliar consiste em facilitar, viabilizar
materialmente a execuo da infrao
penal, sem realizar a conduta descrita pelo
ncleo do tipo. O auxlio pode ser
efetuado durante os atos preparatrios
ou executrios, mas nunca aps a
consumao, salvo se ajustado
previamente.

- A doutrina distingue a cumplicidade necessria e desnecessria, a depender da escassez do bem ou


auxlio material. Ex.: uma substncia medicamentosa de venda controlada escassa, j uma faca de
cozinha no.

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- A participao, no concurso de pessoas, considerada hiptese de TIPICIDADE MEDIATA OU


INDIRETA.
- CRIMES DE MERA CONDUTA ADMITEM PARTICIPAO.
- TEORIA DO FAVORECIMENTO E DA CAUSAO a punio do partcipe se reproduz no fato de ter
favorecido ou induzido o autor prtica de um fato tpico e ilcito. O agente punvel no porque
colaborou na conduta de outrem, mas porque COM SUA AO OU OMISSO, CONTRIBUIU PARA
QUE O CRIME FOSSE CRIADO. Teoria predominante no Brasil. Se o partcipe houver induzido ou
instigado o autor, incutindo-lhe a ideia criminosa ou reforando-a a ponto de este sentir-se decidido
pelo cometimento do delito, e vier a se arrepender, somente no ser responsabilizado penalmente
se conseguir fazer com que o autor no pratique a conduta criminosa. Caso contrrio, depois de ter
induzido ou instigado inicialmente o autor, o seu arrependimento no ser eficaz e, portanto, no
afastar a sua responsabilidade penal como ato acessrio ao praticado pelo autor (Rogrio Greco).
- O induzimento e a instigao devem ser relacionados prtica de crime determinado e
direcionados a pessoa ou pessoas determinadas. Se algum induzir ou instigar pessoas
indeterminadas realizao de um crime determinado, no ser tratado como partcipe, mas como
autor de incitao ao crime (art. 286).
- Como visto no incio do resumo, a contribuio do partcipe pode at ocorrer aps a consumao
do crime, desde que tenha sido ajustada anteriormente.
- A conduta do partcipe tem NATUREZA ACESSRIA: SEM A CONDUTA PRINCIPAL, PRATICADA PELO
AUTOR, A ATUAO DO PARTCIPE, EM REGRA, IRRELEVANTE. por isso que a participao
tambm chamada de autoria acessria e que necessrio, sempre, um autor do fato.
Art. 31 - O ajuste, a determinao ou instigao e o auxlio, salvo disposio expressa em
contrrio, no so punveis, se o crime no chega, pelo menos, a ser tentado.
- Ateno pegadinha: o ajuste, a determinao ou instigao e o auxlio nunca so punveis, se o
crime no chega, pelo menos, a ser tentado. Est errado (salvo disposio expressa em contrrio).
ACESSORIEDADE MNIMA
suficiente que o autor tenha praticado um fato tpico.
Ex.: A contrata B para matar C. Depois do acerto, B caminha em via pblica, e,
gratuitamente, atacado por C, vindo por esse motivo a mat-lo em legtima defesa. A
deve ser punido como partcipe.
Deve ser afastada: equivocada punio do partcipe quando o autor agiu acobertado
por uma causa de excluso da ilicitude.
ACESSORIEDADE LIMITADA
suficiente que o autor tenha praticado um fato tpico e ilcito.
Ex.: A contrata B, inimputvel, para matar C. B cumpre sua misso. Estaria presente o
concurso de pessoas, figurando B como autor e A como partcipe.
A doutrina majoritria adota essa teoria.
No resolve os problemas inerentes autoria mediata. No exemplo, inexiste concurso
entre A e B, em face da ausncia de vnculo subjetivo (B inimputvel).
ACESSORIEDADE MXIMA OU EXTREMA
suficiente que o autor tenha praticado um fato tpico, ilcito e seja culpvel.
Ex.: A contrata B, imputvel, para matar C. B cumpre sua misso. B autor e A
partcipe.
HIPERACESSORIEDADE

FATO TPICO

FATO TPICO
+
ILCITO

FATO TPICO
+
ILCITO
+
AGENTE CULPVEL
FATO TPICO

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suficiente que o autor tenha praticado um fato tpico, ilcito, seja culpvel e
efetivamente punido no caso concreto.
Ex.: se A contratou B para matar C, no que foi atendido, mas o executor, logo aps o
crime, suicidou-se, no h falar em participao, em decorrncia da aplicao da causa
de extino de punibilidade (art. 107, I).

+
ILCITO
+
AGENTE CULPVEL
+
PUNIO EFETIVA

- Assertiva incorreta (CESPE): Gildo e Jair foram denunciados pelo MP. Segundo a inicial acusatria,
Gildo teria sido partcipe do crime, pois teria dirigido veculo em fuga, enquanto Jair desferia dez
disparos de arma de fogo em direo a Eduardo. Por circunstncias alheias vontade dos agentes,
consistente no erro de pontaria de Jair, Eduardo no faleceu. Entretanto, Jair foi absolvido pelo jri,
tendo os jurados decidido, por maioria, que ele no produziu os disparos mencionados na denncia.
Nessa situao hipottica, vlida a condenao de Gildo em jri posterior, tendo em vista que o CP
adotou, quanto ao concurso de agentes, a teoria da acessoriedade limitada se Jair foi absolvido
pelo jri, tendo os jurados decidido, por maioria, que ele no produziu os disparos mencionados na
denncia, significa que Jair no cometeu um fato tpico e antijurdico. Como o CP adotou a teoria da
acessoriedade limitada, o partcipe s pode ser punido se a conduta principal for tpica e antijurdica.
Se o autor for absolvido, no h crime para ele. Se no existe crime para ele no existe tambm
para o partcipe (Gildo).
- Participao impunvel CAUSA DE ATIPICIDADE da conduta do partcipe que decorre do art. 31 e
do CARTER ACESSRIO DA PARTICIPAO: O COMPORTAMENTO DO PARTCIPE S ADQUIRE
RELEVNCIA PENAL SE O AUTOR INICIAR A EXECUO DO CRIME (TENTATIVA). Ex.: no punvel o
simples ato de contratar um pistoleiro para matar algum. A conduta do partcipe somente ser
punvel se o contratado praticar atos de execuo do homicdio, pois, caso contrrio, estar
configurado o quase crime.
- Salvo disposio expressa em contrrio porque em situaes taxativamente previstas em lei,
possvel a punio do ajuste, da determinao, da instigao e do auxlio como crime autnomo.
Ex.: incitao ao crime e quadrilha ou bando.
- Participao de menor importncia causa geral de diminuio de pena (3 fase).
Art. 29, 1 - Se a participao for de menor importncia, a pena pode ser diminuda de 1/6 a
1/3.
- Trata-se de direito subjetivo do ru, a discricionariedade do juiz reserva-se ao montante da
reduo.
- A diminuio da pena relaciona-se participao, isto , ao comportamento adotado pelo sujeito, e
no sua pessoa.
- A diminuio de pena no pode se aplicar ao coautor e ao autor intelectual (embora seja
partcipe), dada a relevncia de seus papeis (no so de menor importncia).
- Participao de menor importncia incua, que penalmente irrelevante.
- Obviamente, a participao de menor importncia s se aplica participao, no se aplicando
coautoria: toda atuao do coautor importante.

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- Conivncia, participao negativa, crime silente ou concurso absolutamente negativo ocorre


quando o sujeito no est vinculado conduta criminosa e no possui o dever de agir para impedir
o resultado. Ex.: um transeunte assiste ao roubo de uma pessoa desconhecida e nada faz. No
partcipe, no h a possibilidade de punio do agente, ao contrrio do que ocorre na participao
por omisso, em que o agente poder ser punido se no agir para evitar o resultado.
- Participao em cadeia ou participao da participao algum induz ou instiga uma pessoa,
para que esta posteriormente induza, instigue ou auxilie outro indivduo a cometer um crime
determinado. Ex.: A induz B a instigar C a emprestar uma arma de fogo a D para que este mate E,
devedor e desafeto de todos. A, B e C respondem pelo homicdio, na condio de partcipes, pois
concorreram para o crime que teve D como seu autor. Cuidado: os partcipes s sero
responsabilizados se o autor, pelo menos, tiver tentado praticar a infrao.
- Participao sucessiva possvel nos casos em que um mesmo sujeito instigado, induzido ou
auxiliado por duas ou mais pessoas, cada qual desconhecendo o comportamento alheio, para
executar uma infrao penal. Ex.: A sugere a B a prtica de um roubo para quitar suas dvidas
bancrias. Depois de refletir sobre a ideia, e sem contar a sua origem, consulta C, o qual estimula a
assim agir. B pratica roubo. A e C so partcipes do crime, pois para ele concorreram. A participao
sucessiva deve ter sido capaz de influir no propsito criminoso, pois, se a ideia j estava
perfeitamente sedimentada na mente do agente, ser incua a participao posterior, impedindo a
punio do seu responsvel.
- Participao em ao alheia vimos que o partcipe deve estar subjetivamente vinculado
conduta do autor (homogeneidade do elemento subjetivo). Mas possvel o envolvimento em ao
alheia, de terceira pessoa, com elemento subjetivo distinto, quando a lei cria para a situao dois
crimes diferentes, mas ligados um ao outro. Aquele que colabora culposamente para a conduta
alheia responde por delito culposo, enquanto ao autor, que age com conscincia e vontade, deve
ser imputado o crime doloso. So dois crimes autnomos, embora dependentes entre si. Ex.: um
funcionrio pblico, ao trmino do expediente, deixou a janela aberta (culpa). Um particular que
passava pela rua ingressa na repartio e subtrai um computador. O funcionrio pblico responde
por peculato culposo, e o particular por furto. No h concurso de pessoas, em face da ausncia do
liame subjetivo.
- Tentativa de participao no existe. Se o ajuste, a determinao ou instigao e o auxlio, salvo
disposio expressa em contrrio, no so punveis, se o crime no chega, pelo menos, a ser tentado,
no podemos falar em tentativa de participao. Se o partcipe estimula algum a cometer uma
determinada infrao penal, mas aquele que foi estimulado no vem a praticar qualquer ato de
execuo tendente a consum-la, a conduta do partcipe considerada um indiferente penal.

COOPERAO DOLOSAMENTE DISTINTA


Art. 29, 2 - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-
aplicada a pena deste; essa pena ser aumentada at a metade, na hiptese de ter sido
previsvel o resultado mais grave.
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- tambm chamada de DESVIOS SUBJETIVOS ENTRE OS AGENTES ou PARTICIPAO EM CRIME


MENOS GRAVE. O desvio subjetivo de conduta do autor, que responder na medida de seu animus.
uma EXCEO TEORIA MONISTA.
- Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe- aplicada a pena deste
corolrio lgico da teoria unitria ou monista. Dois ou mais agentes cometeram dois ou mais
crimes. Em relao a algum deles o mais grave entretanto, no estavam ligados pelo vnculo
subjetivo. Ex.: A e B combinam um furto de um carro. Quando tentam abrir a porta do carro, chega o
seu proprietrio. A foge, mas B, que trazia consigo uma arma, circunstncia que no havia sido
comunicada a A, atira na vtima, matando-a. Nesse caso, A responde por tentativa de furto e B por
latrocnio consumado (exceo teoria monista).
- Outro exemplo do CESPE: Mvio e Leo resolveram furtar uma casa supostamente abandonada.
Nesse furto, Leo ficou vigiando a entrada, enquanto Mvio entrou para subtrair os bens. Mvio, ao
entrar na casa, descobriu que ela estava habitada e acabou agredindo o morador; aps levarem os
objetos para um local seguro, Mvio narrou o fato para Leo. Mvio dever responder pelo crime de
roubo e Leo, por furto.
- Veda-se a responsabilidade penal objetiva, pois no se permite a punio de um agente por crime
praticado exclusivamente por outrem, frente ao qual no agiu com dolo ou culpa.
- Concorrentes engloba tanto o autor como o partcipe.
- Essa pena ser aumentada at a metade, na hiptese de ter sido previsvel o resultado mais grave
QUANDO O CRIME MAIS GRAVE PREVISVEL, QUELE QUE CONCORREU EXCLUSIVAMENTE AO
CRIME MENOS GRAVE, A PENA DO CRIME MENOS GRAVE PODER SER AUMENTADA AT A
METADE. Ex.: A sabia que B andava armado e que j tinha matado vrias pessoas.
- Ateno: O CRIME MAIS GRAVE NO PODE SER IMPUTADO QUELE QUE QUIS APENAS
PARTICIPAR DO CRIME MENOS GRAVE, pois em relao quele delito no estava ligado com a
terceira pessoa pelo vnculo subjetivo. O agente continua a responder somente pelo crime menos
grave, embora com a pena aumentada at a metade.
- Previsibilidade aferida de acordo com o juzo do homem mdio.
- Muita ateno: o fato de o disparo haver sido feito por corru no descaracteriza o crime de
latrocnio. Presentes esto a subtrao de coisa mvel, a violncia e o resultado morte, respondendo
os integrantes do grupo, pelo crime de latrocnio (STF, HC 74949). Na hiptese de concurso de
agentes no crime de roubo com resultado morte, o coautor que no efetuou o disparo de arma de
fogo causador da morte da vtima tambm responde pelo latrocnio (STJ, HC 31.169).

CIRCUNSTNCIAS INCOMUNICVEIS
Art. 30 - No se comunicam as circunstncias e condies de carter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

ELEMENTAR
um DADO ESSENCIAL da figura tpica/bsica, cuja
ausncia pode produzir uma atipicidade absoluta (a
conduta no crime) ou relativa (desclassificao).

CIRCUNSTNCIA
um DADO PERIFRICO que gravita ao redor da
figura tpica/bsica. Interfere na pena, mas no no
tipo bsico do delito. Ex.: qualificadoras, causas de

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aumento, de diminuio, agravantes e atenuantes.


Ex.: no furto qualificado, se for retirado o dado pelo
concurso de 2 ou mais pessoas, o crime permanece
o mesmo, s ocorre o aumento da pena.

Ex.: na prevaricao, se se retirar funcionrio


pblico, a conduta deixa de ser crime (atipicidade
absoluta). J no peculato, se se retirar funcionrio
pblico, a conduta ser uma apropriao indbita
(desclassificao).
H elementares e circunstncias de carter pessoal (subjetivo) e real (objetivo):
Subjetivas relacionam-se pessoa do agente. Ex.: condio de funcionrio pblico no peculato.
Objetivas dizem respeito ao fato. Ex.: o emprego de violncia contra a pessoa (no roubo).

- Paralelamente s elementares e circunstncias, o art. 30 traz as condies de carter pessoal. So


as qualidades inerentes a determinado indivduo, que o acompanham em qualquer situao, isto ,
independem da prtica de uma infrao penal. Ex.: reincidncia, menor de 21 anos. Assim, tem-se os
grupos:
1) Elementares subjetivas e objetivas;
2) Circunstncias subjetivas e objetivas;
3) Condies de carter pessoal.
CIRCUNSTNCIAS
SUBJETIVAS
CONDIES DE CARTER
PESSOAL
CIRCUNSTNCIAS
OBJETIVAS

ELEMENTARES
(SUBJETIVAS OU
OBJETIVAS)

NO SE COMUNICAM!
Ex.: B estuprou a filha de A, que, ento, contrata o pistoleiro C para matar B.
A responde por homicdio privilegiado (o relevante valor moral circunstncia
pessoal de A) e C responde por homicdio qualificado pelo motivo torpe.
COMUNICAM-SE, DESDE QUE OS OUTROS AGENTES TENHAM
CONHECIMENTO DELAS (evita a responsabilidade penal objetiva).
A contrata B para matar C. B informa a A que far uso de meio cruel, e A
concorda. Ambos respondem por homicdio qualificado por meio cruel.
Contudo, se B fizesse uso de meio cruel sem a cincia de A, somente a ele seria
imputada a qualificadora, sob pena de caracterizao da responsabilidade
penal objetiva.
COMUNICAM-SE, DESDE QUE OS OUTROS AGENTES TENHAM
CONHECIMENTO DELAS (evita a responsabilidade penal objetiva).
A, funcionrio pblico, convida B para em concurso subtrarem um computador
da repartio pblica. Ambos respondem por peculato-furto ou peculato
imprprio (art. 312, 1), pois a elementar funcionrio pblico transmite-se
a B. Se B no conhecesse a condio funcional de A, responderia por furto.

- Elementares personalssimas e a questo do estado puerperal no infanticdio todos os terceiros


que concorrem para um infanticdio por ele tambm respondem. A lei fala em elementares, e, seja
qual for sua natureza, necessrio que se estendam a todos os coautores e partcipes.

CRIMES MULTITUDINRIOS
Art. 65, III, e - So circunstncias que sempre atenuam a pena: ter o agente cometido o crime
sob a influncia de multido em tumulto, se no o provocou.
Art. 62, I - A pena ser ainda agravada em relao ao agente que promove, ou organiza a
cooperao no crime ou dirige a atividade dos demais agentes.

- QUEM PROVOCA O TUMULTO TEM A PENA AGRAVADA, ENQUANTO QUEM AGE SOB O INFLUXO
DA MULTIDO, SE NO A INICIOU, TEM A PENA ATENUADA.
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- Bitencourt defende que existe vnculo psicolgico entre os integrantes da multido,


caracterizadores do concurso de pessoas. Rogrio Greco, ao contrrio, defende que no se pode
presumir o vnculo, que dever ser demonstrado no caso concreto.

CONCURSO DE PESSOAS E CRIMES CULPOSOS

- ADMITE-SE A COAUTORIA NOS CRIMES CULPOSOS, MAS NO A PARTICIPAO.


- Na coautoria de crime culposo, duas ou mais pessoas, conjuntamente, agem por imprudncia,
negligncia ou impercia, violando o dever objetivo de cuidado a todos imposto, produzindo um
resultado naturalstico. O liame subjetivo no envolve, obviamente, o resultado no querido, mas
a prpria conduta. A inobservncia do dever de cuidado o substrato da coautoria. Ex.: dois
pedreiros, numa construo, carregam uma trave e a atiram rua, alcanando um transeunte.
- A unidade de elemento subjetivo exigida para a caracterizao do concurso de pessoas impede a
participao dolosa em crime culposo. QUANDO ALGUM, DOLOSAMENTE, CONCORRE PARA QUE
OUTREM PRODUZA UM RESULTADO NATURALSTICO CULPOSO, H DOIS CRIMES: UM DOLOSO E
OUTRO CULPOSO. Ex.: A, com inteno de matar B, convence C a acelerar seu carro em uma curva,
pois sabe que naquele instante B por ali passar de bicicleta. O motorista atinge velocidade excessiva
e atropela o ciclista, matando-o. A responde por homicdio doloso, e C por homicdio culposo.
Exemplo de Damsio: se A, desejando matar C, entrega a B uma arma, fazendo-o supor que est
descarregada e induzindo-o a acionar o gatilho na direo da vtima, B, imprudentemente, aciona o
gatilho e mata C. No h participao criminosa, mas dois delitos: homicdio doloso em relao a A;
homicdio culposo em relao a B. A doutrina refuta essa situao, uma vez que o concurso de
pessoas exige, como regra geral, em face da adoo da teoria monista, a identidade de infrao
penal, dividida por todos aqueles que concorreram para a sua prtica.
- E a participao culposa em crime culposo? Ex.: o sujeito quer chegar mais cedo ao estdio e induz
o motorista do veculo a trafegar em velocidade excessiva. Se o motorista vier a atropelar algum,
ser autor de leses corporais culposas. O sujeito que incitou ser responsabilizado como partcipe?
a) Nilo Batista e Bitencourt entendem que ambos sero coautores em crime culposo.
Bitencourt diz que pode existir na verdade um vnculo subjetivo na realizao da conduta,
que voluntria, inexistindo, contudo, tal vnculo em relao ao resultado, que no
desejado. Os que cooperam na causa, isto , na falta do dever de cuidado objetivo, agindo
sem a ateno devida, so coautores.
b) Rogrio Greco discorda e defende a possibilidade de participao culposa em crime
culposo. Citando Mariano Silvestroni: quem convence a outro de que exceda o limite de
velocidade permitido nos leva a cabo uma ao de conduzir suscetvel de violar o dever de
cuidado na conduo veicular. Portanto, afirmar a autoria a respeito de um eventual
homicdio culposo bastante forado. A soluo pela instigao mais adequada,
principalmente quando no existe nenhuma razo para excluir da tipicidade culposa as
regras da participao criminal.
- Apesar do entendimento consolidado pela jurisprudncia, para LFG, a culpa (como infrao do
dever de cuidado ou como criao de um risco proibido relevante) pessoal. Tecnicamente,
portanto, cada um deveria responder pela sua culpa. No possvel a coautoria em crime culposo.
A coautoria exige uma concordncia subjetiva entre os agentes. Todas as situaes em a

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jurisprudncia vislumbra coautoria podem ser solucionadas com o auxlio do instituto da autoria
colateral.

CONCURSO DE PESSOAS E CRIMES OMISSIVOS

COAUTORIA EM CRIMES OMISSIVOS (2 CORRENTES)


POSSVEL
NO POSSVEL
OMISSIVOS PRPRIOS se duas pessoas deixam de
NO SE ADMITE A COAUTORIA EM CRIMES
prestar socorro a uma pessoa gravemente ferida,
OMISSIVOS, PRPRIOS OU IMPRPRIOS. Cada um
podendo faz-lo, praticaro, individualmente, o crime dos sujeitos detm o seu dever de agir imposto pela
de omisso de socorro. Agora, se essas duas pessoas,
lei a todos, nos prprios, ou pertencentes a pessoas
de comum acordo, deixarem de prestar socorro, nas
determinadas, nos imprprios de modo individual,
mesmas circunstncias, sero coautoras do crime de
indivisvel e indelegvel.
omisso de socorro. Houve conscincia e vontade de Ex. de omisso prpria: se 50 nadadores assistem uma
realizar um empreendimento comum, no caso, de
criana se afogar, temos 50 autores diretos da
no realiz-lo conjuntamente.
omisso de socorro.
Posio de Nucci e Bitencourt.
Posio de Mirabete e Nilo Batista, boa pra DPU
OMISSIVOS IMPRPRIOS possvel, desde que os
vrios garantes, com dever jurdico de evitar
determinado resultado, de comum acordo, deixem
de agir.
PARTICIPAO EM CRIMES OMISSIVOS
Admite-se, nos crimes omissivos PRPRIOS E IMPRPRIOS.
OMISSIVOS PRPRIOS d-se por meio de atuao positiva que permite ao autor descumprir norma que
delineia o crime omissivo. Ex.: o agente induz o mdico a no efetuar a notificao compulsria da doena de
que portador.
OMISSIVOS IMPRPRIOS ex.: Joo instiga Maria a no alimentar o filho. Maria se omite, como instigada, e
comete o crime de homicdio por omisso, j que tinha o dever jurdico de evitar o resultado (garante). Joo
ser partcipe.
No confundir a participao em crime omissivo imprprio com a participao por omisso em crime
comissivo, caso em que o partcipe, obrigado a agir, abstm-se da prtica de um ato, permitindo a ao
delituosa pelo autor. Ex.: o vigilante no tranca a porta de entrada do estabelecimento para que um comparsa
alcance seu interior e subtraia os bens.

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