CHS 2014 - Apostila de Processos Administrativos 2
CHS 2014 - Apostila de Processos Administrativos 2
CHS 2014 - Apostila de Processos Administrativos 2
DISCIPLINAR
FUNDAMENTOS TERICOS
LISTA DE SIGLAS
CBMES Corpo de Bombeiros Militar do Esprito Santo
CD
Conselho de Disciplina
CJ
Conselho de Justificao
CPM
CPPM
IP
Inqurito Policial
IPM
PAD
RDME
SUMRIO
1
INTRODUO .................................................................. 8
O PROCESSO....................................................................... 12
2.1
HISTRICO........................................................................... 12
2.2
CONCEITO............................................................................ 16
2.3
FINALIDADE.......................................................................... 19
2.4
ESPCIES............................................................................. 21
2.4.1
Processo Legislativo........................................................................... 22
2.4.2
Processo Judicial................................................................................ 22
2.4.3
Processo Administrativo.................................................................... 27
3.1
CONCEITO............................................................................ 35
3.2
FINALIDADE.......................................................................... 39
3.3
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS......................................... 42
3.4
ESPCIES............................................................................. 49
3.4.1
Inquisitrios......................................................................................... 50
3.4.2
Acusatrios.......................................................................................... 53
A TRANSGRESSO DISCIPLINAR..................................... 60
4.1
ASPECTOS DEONTOLGICOS.......................................... 60
4.2
CONCEITO............................................................................ 65
4.3
MEIOS DE APURAO........................................................ 68
4.3.1
4.3.2
A Sindicncia....................................................................................... 71
4.4
MEIOS DE JULGAMENTO.................................................... 75
4.4.1
Consideraes gerais......................................................................... 75
4.4.2
4.4.3
4.4.4
4.4.5
O Conselho de Disciplina................................................................... 88
4.4.6
O Conselho de Justificao............................................................... 96
PRINCPIOS.......................................................................... 104
5.1
5.2
CONCEITO............................................................................ 105
5.3
5.4
5.4.1
O jusnaturalismo................................................................................. 108
5.4.2
O juspositivismo.................................................................................. 109
5.4.3
O ps-positivismo............................................................................... 110
5.5
5.6
5.7
5.7.1
Legalidade............................................................................................ 114
5.7.2
Impessoalidade.................................................................................... 117
5.7.3
Moralidade............................................................................................ 118
5.7.4
Publicidade.......................................................................................... 120
5.7.5
Eficincia.............................................................................................. 122
5.7.6
5.7.7
5.7.8
Motivao............................................................................................. 132
5.7.9
5.7.10
5.7.11
5.7.12
5.7.13
5.7.14
Imparcialidade..................................................................................... 141
5.7.15
Igualdade.............................................................................................. 143
7.1
DENNCIA
COMUNICAO
DE
INFRAO
DISCIPLINAR........................................................................ 148
7.2
7.3
7.3.1
7.3.2
7.3.3
7.3.4
Orientaes.......................................................................................... 153
7.3.4.1
PORTARIA............................................................................................ 153
7.3.4.1.1
7.3.4.1.2
7.3.4.1.3
7.3.4.2
AUTUAO........................................................................................... 158
7.3.4.3
7.3.4.4
CITAO............................................................................................... 160
7.3.4.5
7.3.4.6
OITIVAS................................................................................................ 163
7.3.4.6.1
Forma.................................................................................................... 163
7.3.4.6.2
Interrogatrio......................................................................................... 165
7.3.4.6.3
Confisso............................................................................................... 166
7.3.4.6.4
7.3.4.6.5
7.3.4.6.6
7.3.4.6.7
7.3.4.6.8
7.3.4.6.9
JUNTADAS............................................................................................ 174
7.3.4.8
ACAREAO........................................................................................ 175
7.3.4.9
7.3.4.10
RECONHECIMENTO............................................................................ 177
7.3.4.11
RECONSTITUIO.............................................................................. 178
7.3.4.12
INSPEO............................................................................................ 179
7.3.4.13
7.3.4.14
7.3.4.15
NEGATIVA
DO
ACUSADO
EM
ACOMPANHAR
OS
ATOS
7.3.4.17
7.3.4.18
7.3.4.19
7.3.4.20
7.3.4.21
7.3.4.22
7.3.4.23
7.3.4.24
7.3.4.25
7.3.4.26
PRESCRIO....................................................................................... 193
7.3.4.27
7.3.4.28
7.3.4.29
7.3.4.30
RELATRIO.......................................................................................... 196
CONCLUSO.................................................................................... 201
1 INTRODUO
Legislador Constitucional
deu extrema
importncia
aos processos
10
11
12
2 O PROCESSO
2.1 HISTRICO
13
partes. Cumpre assinalar, nesse particular, que a inexistncia de tal poder externo
poderia levar a prpria sociedade runa, da porque a histria mostrar, no passado,
diversos e constantes conflitos entre grupos com interesses diferentes.
Trao marcante desse perodo inicial, no qual era dada ao particular a soluo de
todo e qualquer litgio, corresponde autotutela, cujas caractersticas eram:
a) a inexistncia de um juiz imparcial e distinto das partes;
b) a imposio de uma deciso por uma das partes envolvidas (GRINOVER et
al, opus citatus, p.27).
No demais afirmar que os resultados obtidos com tal modalidade de soluo
conflitos eram, no mais das vezes, extremamente injustos, porquanto o ofendido
poderia ser, por exemplo, mais fraco que o agressor, e ainda que obtivesse xito em
sua defesa poderia, no futuro, ser alvo de um novo e mais grave ataque (ALCALZAMORA, 1945, p. 10, apud FILHO, F., opus citatus, p. 5).
Paralelamente a tal hiptese de mediao de conflitos, assinalam GRINOVER et al
(opus citatus, p.27) que os particulares se valiam ainda de outras ferramentas aptas,
tanto quanto possvel, a solucionar os litgios. Fala-se, assim, em meios alternativos
de resoluo, tais como autocomposio. Tal modalidade comporta, ainda segundo
os autores citados, trs formas distintas:
a) a desistncia, segundo a qual o interessado literalmente renuncia sua
pretenso;
b) a submisso, isto , a renncia resistncia oferecida pretenso;
c) a transao, procedimento segundo o qual ambos os interessados fazem
concesses recprocas.
Quadra evidenciar, no entanto, que conforme nota de GRINOVER et al (opus citatus,
p. 27) tais modalidades de mediao operadas entre os particulares tinham, no mais
das vezes, o carter de parcialidade, pois dependiam da vontade e da atividade de
cada um dos envolvidos.
Ademais, de se acrescentar que outro aspecto sobre o qual no se pode olvidar
trata-se da prpria precariedade da deciso, passvel de modificao futura pela
simples vontade de um dos envolvidos.
14
15
16
2.2 CONCEITO
houve
em
que
terminologia
processo
vinha
necessariamente
17
18
19
2.3 FINALIDADE
20
mas, sobretudo, abarca ainda a utilizao dos meios adequados para essa
prestao estatal.
Importante salientar, ainda, que se de um lado deve-se evidenciar a importncia da
existncia de um processo para a soluo dos mais diversos conflitos, de outro no
se pretende aqui, como fazem alguns, sobrep-lo ao prprio direito material: que
tanto as normas de direito material quanto as de direito processual possuem campo
de incidncia que lhes prprio; aquelas no podem muitas vezes ser satisfeitas
sem a existncia de um regular processo, e estas somente so concebveis como
instrumento apto a materializar direitos previamente concebidos.
A necessria distino entre direito material e direito processual pode ser bem
explicitada na seguinte passagem:
Para Chiovenda e outros, o ordenamento jurdico cinde-se nitidamente entre
direito material e direito processual (teoria dualista do direito): o primeiro dita
as regras abstratas e estas tornam-se concretas no exato momento em que
ocorre o fato enquadrado em suas previses, automaticamente, sem qualquer
participao do juiz. O processo visa apenas atuao (ou seja, realizao
prtica) da vontade do direito, no contribuindo em nada para a formao das
normas concretas; o direito subjetivo e a obrigao preexistente a ele.
Para outros, como Carnelutti, o direito objetivo no tem condies para
disciplinar sempre todos os conflitos de interesses, sendo necessrio o
processo, muitas vezes, para a complementao dos comandos da lei. O
comando contido nesta incompleto, como se fosse um arco que a
sentena completa, transformando-o em crculo. Para quem pensa assim
(teoria unitria do ordenamento jurdico), no to ntida a ciso entre o
direito material e o direito processual: o processo participa da criao de
direitos subjetivos e obrigaes, os quais s nascem efetivamente quando
existe uma sentena. O processo teria, ento, o escopo de compor a lide (ou
seja, de editar a regra que soluciona o conflito trazido a julgamento)
(GRINOVER et al, opus citatus, p. 45).
21
No Brasil, tal qual nas naes que adotam o sistema de tripartio do poder, o
desempenho das funes legislativa, executiva e jurisdicional conferido aos
Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio, respectivamente, cada qual com suas
competncias estabelecidas na Constituio Federal (SILVA, J., 2007, p. 106).
Assim, embora no se deva confundir a distino entre as funes (tpicas) de cada
poder com a prpria separao entre os Poderes, existe entre ambas as coisas uma
conexo necessria (idem, ibidem, p. 108).
Nessa medida, cumpre assinalar que cada um desses Poderes se vale de um meio
prprio para sua atuao, e pode-se identificar que todos se utilizam, em maior ou
em menor grau, de uma modalidade de processo, sendo certo que o processo
administrativo comum a todos. Logo, o termo processo passa a designar, em
sentido amplo, a maneira pela qual os trs Poderes se utilizam para a realizao de
seus objetivos.
certo que, em razo da prpria atividade a ser desempenhada, os processos
judicial, administrativo e legislativo, possuem caractersticas prprias, que so
peculiares a cada um deles, mas mesmo assim pode-se afirmar que existem alguns
preceitos estabelecidos da seara Constitucional comuns aos dois primeiros, algo
que se mostra de suma importncia para seu estudo.
2.4 ESPCIES
22
Por fim, grande parte dos atos ligados funo administrativa, proeminente no
Poder Executivo, corporifica-se por meio de um processo administrativo, de cujo
gnero decorre o processo administrativo disciplinar, que ser estudado no captulo
seguinte.
23
24
administrativo,
ainda
que
da
tambm
decorram
inmeros
25
a independncia para decidir, motivo pelo qual desde ento se formou uma
verdadeira jurisdio administrativa.
Logo, e com o rigor tcnico necessrio, empregar o termo contencioso
administrativo somente se afigura como correto no caso de pases dotados de uma
jurisdio autnoma, independente tanto da administrao quanto da jurisdio
comum, e que tenha como papel resolver litgios referentes Administrao Pblica,
tal qual ocorre, por exemplo, na Frana, na Itlia e na Blgica (MEDAUAR, opus
citatus, p. 49).
Sendo assim, no correto referir-se no Brasil existncia, dentre ns, de um
contencioso administrativo. Incorrem, ento, em erro, os que confundem a existncia
de um processo administrativo com a figura do contencioso administrativo, pois no
so expresses sinnimas.
Ademais, pela garantia estampada no Art. 5, inc. XXXV, da Constituio Federal,
segundo a qual a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou
ameaa a direito, as decises emanadas pelo Poder Executivo (a includas as
decorrentes do processo administrativo) so passveis de apreciao pelo Poder
Judicirio.
Retornando ao ponto relativo possibilidade de se demarcar o espectro de atuao
entre a funo administrativa e a jurisdicional (e, por conseguinte, entre o processo
administrativo e o judicial), MEDAUAR (opus citatus, p. 50), acentua que talvez to
importante quanto identificar suas dissemelhanas seja apontar suas pedras de
toque, isto , os pontos que, sendo comuns a ambos, permitam uma melhor
compreenso da matria. Partindo dessa noo, a autora esclarece que inmeras
tentativas de tangenciar as funes administrativa e jurisdicional foram buscadas ao
longo da histria, contudo sem se obter em contrapartida um critrio mais seguro.
Fala, assim, em:
a) critrio fim, segundo o qual a funo administrativa objetivava os fins do
Estado, ao passo que a funo jurisdicional os fins daqueles particulares
interessados no ato emanado;
b) parmetro do litgio, que se baseia na ideia de que a funo jurisdicional tem
por fim a soluo de uma lide, algo que inexistiria na funo administrativa;
26
somente
age
mediante
provocao,
ao
passo
que
27
28
29
30
31
32
progressivo
condicionamento
da
liberdade
individual
progressivo
Segundo bem anotou PERES (1964, apud MELLO, opus citatus, p. 435), para a
caracterizao de um determinado expediente como processo administrativo, ou se
preferir procedimento, necessrio a conjugao de alguns elementos:
33
34
35
3.1 CONCEITO
36
do
processo
administrativo
comum
subsiste
processo
37
Por seu turno, CRETELLA JNIOR (opus citatus, p. 67), depois de realar a
autonomia do direito disciplinar em relao a outros campos do direito, porquanto
possui caractersticas prprias, e ainda aps diferenar direito disciplinar material do
direito disciplinar processual, conceitua o processo administrativo disciplinar como
sendo:
[...] o captulo do direito administrativo, extraordinariamente vasto e
importante, que consiste no conjunto ordenado de formalidade que a
Administrao submete o servidor pblico (ou o universitrio) que cometeu
falta grave atentatria hierarquia administrativa.
38
39
3.2 FINALIDADE
40
41
Outro poder que guarda estreita relao com o poder disciplinar o poder
hierrquico. A existncia de tal poder se percebe devido relao de coordenao e
de subordinao entre os vrios nveis de deciso presentes no setor pblico,
notadamente no Poder Executivo. Conforme DI PIETRO (opus citatus, p. 92), o
poder hierrquico manifesta-se pela possibilidade de:
a) editar atos normativos que obriguem seus integrantes;
b) dar ordens aos subordinados, com o dever de obedincia por parte destes;
c) controlar as atividades dos nveis subordinados;
d) aplicar sanes disciplinares;
e) avocar decises de nveis inferiores;
f) delegar atribuies, ds que no privativas.
Tendo, portanto, a Administrao o dever de zelar pelo bom desempenho da
atividade Estatal, nasce da o dever de coibir as condutas de seus servidores que
sejam avessas aos deveres impostos pelo cargo que ocupam ou, dito em outras
palavras, que afrontem os princpios da Administrao Pblica.
Pondo em evidncia o aspecto relativo hierarquia, CRETELLA JNIOR (opus
citatus, p. 67-68) reala que:
O objetivo do processo administrativo disciplinar a tutela da hierarquia
atravs da apurao imediata da falta cometida e, em seguida, da aplicao
justa da pena cominada no Estatuto do Funcionrio, na sua respectiva esfera
(Unio, Estado ou Municpio). [...]
O processo administrativo disciplinar no tem por objetivo a apurao de
nenhum crime capitulado no respectivo Estatuto e no Cdigo Penal, mas, tos, o ilcito administrativo, tanto que, encerrados os trabalhos e proferida a
deciso, esta no transpe a rbita administrativa para repercutir no mbito
da jurisdio penal.
42
43
44
45
46
Art. 5. [...]:
[...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes.
47
48
49
3.4 ESPCIES
50
A grande nota distintiva entre essas categorias diz respeito, portanto, ao elemento
teleolgico: diz-se comumente que nos procedimentos destinados apurao de um
fato inexiste o direito de ampla defesa e contraditrio, e tal inferncia no de todo
desprovida de certa lgica na medida em que sequer existe nesses casos uma
acusao formulada contra algum.
Em regra, os estatutos disciplinares, de um modo, geral, preveem a possibilidade de
prvia investigao por meios de sindicncia, procedimento no qual se buscam
elementos necessrios para esclarecer determinada irregularidade ocorrida no setor
pblico. O outro grupo corresponde a processos acusatrios, nos quais o direito de
defesa deve ser sempre observado.
Dessa forma, pode-se at mesmo estabelecer um paralelo com o sistema de Justia
Criminal, pois se ali coexistem o inqurito policial (IP) e o processo judicial criminal,
aqui, de igual modo, e com semelhante finalidade, tm lugar a sindicncia e o
processo administrativo disciplinar.
Pode-se, assim, falar em procedimentos que tm por objetivo apurar uma
determinada irregularidade (com traos do perodo inquisitrio) e em procedimentos
destinados ao julgamento de uma conduta (processos de natureza acusatria).
3.4.1 Inquisitrios
51
Ocorre que nem sempre diante de uma irregularidade qualquer possvel conhecer
minimamente os detalhes do fato e quem foi, em tese, seu autor.
Assim, por exemplo, o Regulamento Disciplinar dos Militares Estaduais do Estado do
Esprito Santo (RDME), aprovado pelo Decreto Estadual n. 254-R/2000, condiciona
a instaurao de processo existncia da chamada justa causa:
Justa causa para a instaurao de PAD
Art. 79. A determinao para instaurao de processo administrativo
disciplinar, com designao de Encarregado, somente ocorrer se houver
prova de fato que, em tese, constitua infrao disciplinar e indcios suficientes
de autoria.
52
53
3.4.2 Acusatrios
A noo de sistema acusatrio tem origem histrica ligada cincia do direito penal,
posto que ali o trao marcante a presena de uma acusao por prtica de crime
formulada contra algum. Nasce, ento, da represso aos delitos de maior
gravidade (crimes), condutas que por sua natureza e consequncias reclamavam
por reprimenda por parte dos governantes.
Note-se, todavia, que a variabilidade dos sistemas repressivo-penais se dava de
acordo com a cultura de determinada regio, sendo, contudo, o uso da violncia
fsica trao marcante comum a eles.
Nesse contexto, no demais afirmar que os primeiros grupos humanos
desconheciam mtodos sistematizados para a soluo de conflitos, e no mais das
vezes direito e moral eram comumente confundidos, posto que se tratavam de
pequenos, rudes e incipientes agrupamentos sociais (PRADO, 2005, p. 82).
Tal condio, no entanto, tendeu a se modificar com a evoluo da sociedade, pois
a partir da os conflitos internos se agudizaram, o que passou a clamar por novas
modalidades de soluo, pois:
Averbe-se que o aperfeioamento da organizao social, acrescido da
conscincia da necessidade de encontrar uma plataforma sobre a qual
pudessem ser erguidos os procedimentos de resoluo de conflitos, de forma
a preservar tanto quanto possvel a sociedade, foram as principais causas da
sistematizao contnua dos mtodos de implementao do Direito Penal,
naturalmente que a princpio indistintamente emaranhado ao que definimos
hoje como sendo Direito Civil, pois no se diferenciavam os ilcitos criminal e
civil, ambos fundados no primitivo conceito de dano (PRADO, opus citatus, p.
83).
54
55
56
57
58
Conforme ALCAL-ZAMORA et al (s.d., p. 222, apud PRADO, opus citatus, p. 111112), a tendncia acusatria do processo penal acentuou-se no fim do sculo XIX
em pases como Frana, ustria e Espanha, embora tenha mantido caracterstica de
dualidade, contendo uma fase preliminar inquisitria (segredo, escriturao e
iniciativa do juiz), seguida de uma outra acusatria, reunindo assim, na viso dos
autores, as vantagens de ambos os sistemas de que derivou.
O sculo XX consagrou, em matria de processo penal, o sistema acusatrio como
mtodo moderno de persecuo criminal, pois se coaduna com o Estado
59
Democrtico de Direito. Tal marcha apenas foi interrompida com o surgimento dos
regimes totalitrios, pois nestes tendeu-se ao retorno de prticas inquisitoriais.
Assim, hoje, a prevalncia do sistema acusatrio sobre o inquisitrio um realidade
na maior parte das naes Europeias, havendo desde aquelas que adotam um
sistema misto (casos, por exemplo, de Frana, Espanha, Itlia e Portugal) a at as
que adotam um sistema puramente acusatrio (Inglaterra).
O Brasil adota, por certo, ainda que com reservas, o sistema acusatrio em matria
de processo penal, embora subsista procedimento prvio, facultativo, levado a cabo
pela Polcia Judiciria para apurar as infraes penais (Art. 144 da Constituio
Federal), procedimento que guarda caractersticas inquisitrias (sigilo, por exemplo)
e que corresponde ao inqurito policial (Art. 4 a 23 do Cdigo de Processo Penal).
Em matria de processo administrativo disciplinar sobressaem caractersticas
ligadas ao sistema acusatrio, embora no se tenha aqui a pretenso de importar
sem as devidas adaptaes tais noes desse sistema aplicadas aos processos
judiciais, porquanto estes tm caractersticas prprias, tais como:
a) poder de iniciativa e poder de deciso entregue a sujeitos processuais
distintos;
b) impulso oficial do magistrado aps iniciada a persecuo penal;
c) processo desenvolvido sob o crivo do contraditrio;
d) paridade de armas entre autor e ru;
e) publicidade;
f) oralidade.
Cumpre evidenciar, no entanto, que pelas garantias existes no bojo da Constituio
Federal, relativas aos acusados e litigantes em processo administrativo, no
demais afirmar que muitos aspectos relacionados ao sistema acusatrio podem ser
aplicadas a tais processos, notadamente aquelas que dizem respeito ao devido
processo legal, ampla defesa e contraditrio e publicidade.
60
4 A TRANSGRESSO DISCIPLINAR
O Estatuto dos Policiais Militares (Lei n. 3.196/78) a norma jurdica aplicvel aos
integrantes da PMES que regula a situao, as obrigaes, os deveres, os direitos
e as prerrogativas dos policiais militares.
Trata-se, assim, de norma que dispe acerca dos mais diversos aspectos
relacionados ao exerccio da funo policial-militar, de modo que cuida inclusive de
aspectos ligados aos deveres e tica policial, ou seja, questes de cunho
deontolgico que devem ser observados por todos os seus integrantes.
Ao tratar da estrutura da Corporao e de sua forma de organizao, o Estatuto
dispe acerca da hierarquia e da disciplina, pilares da PMES, verbis:
Da Hierarquia e da Disciplina
Art. 11. A hierarquia e a disciplina so a base institucional da Polcia Militar. A
autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierrquico.
1 A hierarquia policial militar a ordenao da autoridade em nveis
diferentes dentro da estrutura da Polcia Militar. A ordenao se faz por
postos ou graduaes; dentro de um mesmo posto ou graduao, se faz pela
antiguidade no posto ou na graduao. O respeito hierarquia
consubstanciado no esprito de acatamento sequncia de autoridade.
2 Disciplina a rigorosa observncia e o acatamento integral das Leis,
regulamentos, normas e disposies que fundamentam o organismo policial
militar e coordenam seu funcionamento regular e harmnico, traduzindo-se
pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos
componentes desse organismo.
3 A disciplina e o respeito hierarquia devem ser mantidos em todas as
circunstncias da vida, entre policiais militares da ativa, da reserva
remunerada e reformados.
61
O Estatuto trata, em seu Ttulo II (Art. 25 a 47), acerca Das Obrigaes e dos
Deveres Policiais Militares, e est dividido em trs captulos:
a) Captulo I Das Obrigaes Policiais Militares;
b) Captulo II Dos Deveres Policiais Militares;
c) Captulo III Da Violao das Obrigaes e dos Deveres Policiais Militares.
O Captulo I, denominado Das Obrigaes Policiais Militares, subdivide-se em: a)
Seo I, Do Valor Policial Militar; b) Seo II, Da tica Policial Militar.
Ao tratar do Valor Policial Militar (Art. 25) o Estatuto prev que suas manifestaes
essenciais so:
a) o patriotismo, o civismo e o culto s tradies histricas;
b) a f na misso elevada da Polcia Militar;
c) o esprito de corpo;
d) o amor profisso policial militar;
e) o aprimoramento tcnico profissional.
No que toca tica Policial Militar (Art. 26), o Estatuto elenca inmeros preceitos
de carter obrigatrio a ela relacionados. Diz que o sentimento do dever, o pundonor
policial militar e o decoro da classe impem a cada um dos integrantes da Polcia
Militar, conduta moral e profissional irrepreensveis com a observncia dos seguintes
preceitos de tica policial militar:
a) amar a verdade e a responsabilidade como fundamento da dignidade pessoal;
b) exercer, com autoridade, eficincia e probidade, as funes que lhe couberem
em decorrncia do cargo;
c) respeitar a dignidade da pessoa humana;
d) cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instrues e as ordens
das autoridades competentes;
e) ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciao do mrito dos
subordinados;
f) zelar pelo preparo prprio, moral, intelectual e fsico e, tambm, pelo dos
subordinados, tendo em vista o cumprimento da misso comum;
g) empregar todas as suas energias em benefcio do servio;
h) praticar a camaradagem e desenvolver, permanentemente, o esprito de
cooperao;
i) ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua linguagem escrita e falada;
62
63
Alm das disposies acima apresentadas, aos militares aplica-se, ainda, a vedao
estatutria de [...] comerciar ou tomar parte na administrao ou gerncia de
sociedade ou dela ser scio ou participar, exceto como acionista ou quotista em
sociedade, annima ou por cotas de participao (Art. 27).
O Captulo II compreende os Deveres Policiais Militares, que, conforme disciplina
do Art. 29 do Estatuto, emanam de vnculos racionais e morais que ligam o policial
militar comunidade estadual e sua segurana. Tais deveres compreendem,
essencialmente, o seguinte:
a) a dedicao integral ao servio policial militar e a fidelidade instituio a que
pertence, mesmo com o sacrifcio da prpria vida;
b) o culto aos smbolos nacionais;
c) a probidade e a lealdade em todas as circunstncias;
d) a disciplina e o respeito hierarquia;
e) o rigoroso cumprimento das obrigaes e ordens;
f) a obrigao de tratar o subordinado dignamente e com urbanidade.
Ainda no captulo referente aos Deveres Policiais Militares, a Seo I (Art. 30 e 31)
cuida do Compromisso Policial Militar, e afirma que todo cidado, ao ingressar na
Polcia Militar prestar compromisso de honra, no qual afirmar a sua aceitao
consciente das obrigaes e dos deveres policiais militares e manifestar a sua
firme disposio de bem cumpri-los. Tal juramento consiste no seguinte:
Art. 31 (...) Ao ingressar na Polcia Militar do Estado do Esprito Santo,
prometo regular a minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir
rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver subordinado e
dedicar-me inteiramente ao servio policial militar, manuteno da ordem
pblica, mesmo com o risco da prpria vida.
64
correspondem ao modo pelo qual os Policiais Militares devem pautar suas condutas
sob o ponto de vista tico.
Alm das disposies deontolgicas contidas no Estatuto, o prprio RDME tambm
trata de questes ticas relacionadas com o desempenho da funo policial-militar.
Assim, em sua Parte Geral, mais especificamente no Captulo I do Ttulo I, prev o
Regulamento norma segundo a qual camaradagem e o companheirismo tornam-se
indispensveis formao e ao convvio da famlia militar estadual, cumprindo existir
as melhores relaes sociais entre os militares (Art. 3). Nessa medida, estabelece
que para a manuteno do sentimento de coeso, incumbe aos superiores incentivar
e manter a harmonia, a solidariedade e a amizade entre seus subordinados.
Dispe ainda que a civilidade parte da educao militar e, como tal, de interesse
vital para a disciplina consciente (Art. 4). Dessa forma, torna-se necessrio que o
militar estadual demonstre considerao e respeito para com seus superiores, iguais
ou subordinados, em conformidade com as normas legais e regulamentares. Dentro
desse contexto, ao superior hierrquico compete tratar os subordinados com
educao e justia, interessando-se pelos seus problemas, encaminhando-os a
quem de direito de acordo com cada rea especfica.
Reza, inclusive, que tais demonstraes de camaradagem, cortesia e considerao
devem ser dispensadas tambm aos militares das Foras Armadas, aos policiais de
outras instituies e aos cidados em geral.
Ao tratar Dos Princpios Gerais da Hierarquia e da Disciplina no Captulo II do
Ttulo I, o RDME aborda tais aspectos de modo semelhante ao Estatuto.
Define a hierarquia militar como sendo a ordenao da autoridade, em nveis
diferentes, dentro da estrutura da PMES [...], por postos e graduaes, de acordo
com o que previsto estatutariamente, e arremata dizendo que o respeito
hierarquia consubstanciado no esprito de acatamento sequncia de autoridade
(Art. 6).
No que concerne disciplina, que denomina de disciplina militar estadual, a
conceitua como sendo a rigorosa observncia e o acatamento integral das leis,
regulamentos, normas e disposies, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do
dever por parte de todos e de cada um dos componentes da PMES [...], e ao final
elenca como suas manifestaes essenciais (Art. 7):
65
a) a correo de atitudes;
b) a rigorosa observncia das prescries legais e regulamentares;
c) a obedincia pronta s ordens legais;
d) a dedicao integral ao servio;
e) a colaborao espontnea disciplina coletiva e eficincia da instituio;
f) a conscincia das responsabilidades;
g) o zelo para a preservao dos padres de qualidade profissional, objetivando
a melhoria e a credibilidade perante a opinio pblica;
h) as manifestaes espontneas de acatamento dos valores e deveres morais
e ticos.
O RDME assinala ainda que o respeito disciplina e hierarquia devem ser
mantidos, permanentemente, pelos militares estaduais da ativa e da inatividade,
deixando claro, assim, que estes tambm se sujeitam s suas disposies.
No campo das proibies, sem prejuzo de outras, reza o Regulamento, ainda, que
vedado ao militar estadual, na ativa ou na inatividade, tratar, no meio civil, pela
imprensa ou por outro meio de divulgao, de assuntos de natureza militar, de
carter sigiloso ou funcional, ou que atente contra os princpios da hierarquia, da
disciplina, do respeito e do decoro militar, ou ainda, qualquer outro que atinja
negativamente o conceito ou a base institucional das Organizaes Militares.
Dessa maneira, o conjunto de postulados ticos aplicveis aos integrantes da PMES
deve ser compreendido como um conjunto de normas previstas tanto no Estatuto
quanto no RDME e que definem os principais preceitos que devem, no dia a dia,
nortear as aes de seus integrantes.
4.2 CONCEITO
66
prtica de ilcitos por parte de policiais militares, sejam eles ilcitos penais, civis ou
disciplinares. Diz que, na forma da legislao especfica, a conduta de um militar
poder corresponder a crime ou a transgresso disciplinar.
Assim, a prtica de crime, seja ele de que natureza for, ser apurada de acordo com
a legislao que trata da matria, ao passo que as condutas que correspondem a
transgresses disciplinares devero ser apuradas e julgadas, em regra, de acordo o
Regulamento Disciplinar, que a teor do Art. 45 da Lei n. 3.196/78, deve especificar e
classificar as transgresses disciplinares, e estabelecer as normas relativas
amplitude e aplicao das penas disciplinares.
Prev ainda, o Estatuto, medidas mais severas para os determinados casos de
prtica de ilcitos disciplinares, que podem ir desde o simples afastamento do cargo
(Art. 41) a at mesmo sua perda (Art. 46 e 47).
Sobre tal ponto, cumpre evidenciar que, conforme mais bem explicitado adiante, a
prtica de uma transgresso disciplinar poder sujeitar o militar aplicao de
penas de cunho corretivo, previstas no RDME (advertncia, repreenso ou
deteno), ou perda da condio de militar da ativa (reforma disciplinar,
licenciamento a bem da disciplina, excluso a bem da disciplina ou demisso). A
instaurao de processo mais simples ou de processo destinado perda do cargo
se d em razo da gravidade do fato praticado, dos antecedentes do envolvido, e
das consequncias da conduta.
Por ora, quadra evidenciar que o RDME define transgresso disciplinar da seguinte
forma:
Conceito de transgresso disciplinar
Art. 13 Transgresso disciplinar toda ao ou omisso, praticada por
militar estadual, que viole os preceitos da tica e os valores militares ou que
contrarie os deveres e obrigaes a que est submetido, ou ao contrria
aos preceitos estatudos em leis, regulamentos ou normas internas da PMES
e do CBMES.
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smbolos,
uniformes,
insgnias,
distintivos,
medalhas,
toques
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A exemplo do que ocorre com o Inqurito Policial (IP), no Inqurito Policial Militar a
razo de ser de sua instaurao se d em decorrncia de prtica de conduta que,
em tese, corresponda a um crime, neste caso crime militar, definido como tal no
Cdigo Penal Militar (CPM).
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Finalidade do inqurito
Art. 9 O inqurito policial militar a apurao sumria de fato, que, nos
trmos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o carter de
instruo provisria, cuja finalidade precpua a de ministrar elementos
necessrios propositura da ao penal.
Por bvio que a expresso aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infrao
disciplinar h de passar pelo filtro constitucional que assegura o direito de
contraditrio e ampla defesa, porque a aplicao imediata de uma sano, tal qual
previsto no CPPM, no foi recepcionada pelo texto constitucional.
Dessa forma, uma interpretao de acordo com a Constituio Federal impe que o
dispositivo seja entendido do seguinte modo: instaure (ou determine a instaurao)
de processo administrativo disciplinar, no caso de ter sido apurado indcios de
infrao disciplinar.
Observa-se, assim, que a previso contida no Art. 22 do Cdigo de Processo Penal
Militar permite que a autoridade competente, diante da notcia de prtica simultnea
de crime e de transgresso disciplinar, determine a instaurao de um s
71
4.3.2 A Sindicncia
72
e do modo como feito o servio (CRETELLA JNIOR, opus citatus, p. 55). Acerca
da origem do termo, assinala o autor que:
O vocbulo sindicncia, de origem grega, passou ao portugus atravs do
latim lngua, alis, em que as palavras forjadas sobre a mesma raiz, como
sndico, tiveram escassssimo emprego. Assim, o nome syndicus, i.m., era a
designao do advogado e representante duma cidade, sndico [...].
Na lngua grega, o adjetivo sndico designa, em sua forma substantiva,
aquele que assiste algum em juzo, defensor" e, em Atenas, indicava o
membro de uma comisso de cinco oradores pblicos encarregados de
defender as leis antigas contra as inovaes; mais tarde, depois da
denominao dos Trinta, o vocbulo sndico passou a designar o membro
dum sindicato encarregado de pronunciar-se a respeito dos confiscos.
Etimologicamente, no idioma de origem, os elementos componentes da
palavra em estudo so o prefixo syn (= junto, com, juntamente com) e dic
(mostrar, fazer ver, pr em evidncia), ligando-se este segundo elemento ao
verbo deiknymi, cuja acepo mostrar, fazer ver.
Sindicncia significa, em portugus, letra, a operao cuja faculdade
trazer tona, fazer ver, revelar ou mostrar algo, que se acha oculto.
A conceituao acerca do que seja uma sindicncia varia de autor para autor,
embora seja reconhecvel que, de forma geral, pem em evidncia o fato de se tratar
de procedimento levado a efeito pela administrao, sem maiores rigores formais, e
que se destina a investigar uma irregularidade no servio pblico.
Nessa medida, observa-se que a Sindicncia trata-se de procedimento por meio do
qual so reunidas informaes e outros elementos capazes de esclarecer situaes
de interesse da autoridade instauradora, a fim de evidenciar, ou no, a simples
existncia de inadequaes de atividade funcional (REIS, opus citatus, p. 86).
Ao tratar do tema, SILVA, E. (2009, p. 73-75) evidencia os seguintes aspectos:
Conceituando sob o ponto de vista do direito administrativo, Sindicncia nada
mais que o procedimento pelo qual o Sindicante, aquele que incumbido
de realizar a investigao administrativa, rene num caderno processual, as
informaes obtidas, com a finalidade de esclarecer determinado ato ou fato,
cujo esclarecimento e apurao, so de interesse da autoridade que
determinou sua apurao.
o conjunto de averiguaes promovidas no intuito de se obter informaes
e esclarecimento necessrios determinao do verdadeiro significado dos
fatos denunciados, de forma a permitir autoridade competente concluir
sobre as medidas disciplinares aplicveis ao caso.
[...] temos ento que a sindicncia na verdade, uma pea informativa do
processo disciplinar, e de seu interior normalmente surgem elementos que
so fundamentais para se apurar a responsabilidade do sindicado que a
pessoa objeto da sindicncia.
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Administrativo
Disciplinar
de
Rito
Ordinrio:
destinado
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Isso se impe pelo fato de que tal deciso final necessita estar de acordo com as
garantias constitucionais do contraditrio e ampla defesa. Para tanto, necessrio
que haja efetiva participao do acusado durante todo o desenvolvimento
processual.
Segue, assim, lgica distinta dos procedimentos investigatrios (IPM e sindicncia),
pois se nestes o interesse maior esclarecer uma irregularidade (lgica da
investigao) o processo administrativo disciplinar deve privilegiar o direito da
defesa, que deve ser sempre considerado em sua plenitude.
No por outra razo que a instaurao processual somente se perfaz com a
citao vlida (Art. 99 do RDME).
Citao vlida, nessa medida, no apenas a existncia dessa pea nos autos, mas
a comprovao clara e inequvoca de que o acusado teve plena cincia de que
figura como acusado em um processo, situao que lhe pode trazer srias
consequncias.
Isso se deve ao fato de que o Ordenamento Jurdico abomina a aplicao de uma
sano, seja ela de que natureza for, sem que ao indivduo seja concedido o
inalienvel direito de se manifestar, isto , de se defender.
Mas no s. Determina o RDME, ainda, que no ato de citao seja fornecido ao
acusado o Libelo Acusatrio, inclusive com os documentos sobre os quais se
fundamenta a acusao:
Citao
Art. 99. O Encarregado do Processo citar ou mandar citar o acusado, para
apresentar sua defesa prvia, e se ver processar at o julgamento final, bem
como para acompanhar todos os demais atos do processo.
Mandado de citao
1. O mandado de citao ser, obrigatoriamente, acompanhado de cpia
do Libelo Acusatrio e demais documentos que motivaram a instaurao do
processo disciplinar, a fim de que o acusado saiba efetivamente o que lhe
est sendo imputado.
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Libelo acusatrio
Art. 98. O Encarregado do Processo formular o libelo acusatrio, por escrito,
expondo o fato, com suficiente especificidade, de modo a delimitar o objeto
da controvrsia e a permitir a plenitude da defesa.
Contedo do Libelo Acusatrio
1. O Libelo Acusatrio conter:
I O nome do acusado;
II A exposio, deduzida por artigo(s), da(s) transgresso(es)
disciplinar(es) imputada(s) ao acusado;
III A indicao das circunstncias agravantes e de todos os fatos que
devam influir na aplicao da sano disciplinar;
IV O rol de testemunhas, se houver;
V O nome e a assinatura do Encarregado do Processo.
Mais de um acusado
2. Havendo mais de um acusado, o Libelo dever especificar a forma de
participao de cada infrator na(s) transgresso(es) disciplinar(es) a ser(em)
apurada(s).
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Cabe acrescer que caso a deciso final seja pela responsabilidade do acusado, a
Autoridade competente a um s tempo o considera culpado e impe a pena
disciplinar cabvel, que em se tratando de PAD-RS poder ser de advertncia,
repreenso ou deteno.
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Dessa maneira, o PAD-RO, para fins de licenciamento a bem da disciplina, pode ser
instaurado quando a praa sem estabilidade assegurada: a) praticar transgresso
cuja gravidade a faa incidir no inciso I do Art. 30, independentemente do
comportamento militar estadual em que esteja classificada; ou b) j estando no
comportamento militar estadual mau, vier novamente a reincidir na prtica de
outras transgresses, na forma do inciso II do Art. 30.
Importante salientar, por fim, que uma vez licenciada a bem da disciplina, a Praa
sem estabilidade no faz jus a qualquer remunerao ou indenizao, inteligncia do
Art. 110, 3, do Estatuto.
Finalmente, j delineada a primeira hiptese de instaurao do PAD-RO, cumpre
esclarecer o real alcance da locuo ou em outros casos, a critrio da autoridade
competente, que corresponde segunda hiptese prevista no Art. 75, 1.
Primeiramente, uma interpretao sistemtica leva concluso de que outros
casos corresponde, por certo, a outras hipteses de prtica de transgresso
disciplinar, nos quais seja necessrio apurar e julgar a conduta de militar estadual,
para ao final aplicar-se uma pena de natureza tambm disciplinar.
O mesmo RDME define em seu Art. 15 as sanes disciplinares a que os militares
estaduais esto sujeitos, verbis:
Art. 15. As sanes disciplinares a que esto sujeitos os militares estaduais
da PMES e do CBMES, so as seguintes:
I Advertncia;
II Repreenso;
III Deteno;
IV Reforma Disciplinar;
V Licenciamento a Bem da Disciplina;
VI Excluso a Bem da Disciplina;
VII Demisso.
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88
Quadra evidenciar, por fim, que alm das hipteses a que se destina, diversas das
do PAD-RS, a grande nota distintiva do PAD-RO o fato de neste processo ser
proibida a dispensa de fases quando se apontar para a culpabilidade do acusado e
isso puder importar em seu licenciamento a bem da disciplina (art. 96, 2 do
RDME).
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No que concerne aos motivos de sua instaurao, observa-se que a Lei que rege o
CD cuida, em seu Art. 2, de diversos casos:
Art. 2. submetida a Conselho de Disciplina, ex-officio, a praa referida no
art. 19 e seu pargrafo nico:
I acusada oficialmente ou por qualquer meio licito de comunicao social de
ter:
a) procedido incorretamente no desempenho do cargo;
b) tido conduta irregular; ou
c) praticado ato que afete a honra pessoal, o pundonor policial militar ou
decoro da classe.
II afastada do cargo, na forma de legislao policial militar, por se tornar
incompatvel com o mesmo ou demonstrar incapacidade no exerccio de
funes policiais militares a ele inerentes, salvo se o afastamento
decorrncia de fatos que motivem sua submisso a processo.
III condenada por crime de natureza dolosa no previsto na legislao
especial concernente Segurana Nacional, em tribunal civil ou militar, a
pena restritiva de liberdade Individual at 2 (dois) anos, to logo transite em
julgado a sentena; ou
IV pertencente a partido poltico ou associao, suspensos ou dissolvidos
por fora de disposio legal ou deciso judicial, ou que exeram atividades
prejudiciais ou perigosas Segurana Nacional.
certo, conforme salientou ASSIS (opus citatus, p. 246), que o legislador se vale
muitas vezes de conceitos vagos e imprecisos para determinar a prtica de
determinadas
infraes
disciplinares.
So
verdadeiros
conceitos
jurdicos
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Por seu turno, observa-se que ASSIS (opus citatus, p. 246), ao comentar o Conselho
de Justificao, e depois de realar o aspecto de que tais processos correspondem
a verdadeiros tribunais de honra, busca assim definir os conceitos ali utilizados:
CONDUTA IRREGULAR o desregramento, a frequncia habitual a locais
no compatveis com a situao de militar, principalmente de oficial.
apresentar-se comumente embriagado, no ter postura perante seus iguais,
superiores ou subordinados; ser reincidente em faltas disciplinares de
natureza grave, mostrando-se refratrio disciplina.
J o DECORO a decncia, respeito de si mesmo e dos outros.
PUNDONOR o zelo, brio, altivez, denodo, cavalheirismo. A HONRA
PESSOAL, sendo bem jurdico de altssimo valor, no demarcada
milimetricamente. Sendo pessoal, a honra no se transfere para os outros e
s que pode defend-la seu titular.
91
Dessa forma, para uma melhor compreenso dos comandos compreendidos no Art.
2 da Lei n. 3.206/78 deve-se ter em mente o seguinte:
a) procedido incorretamente no desempenho do cargo no pode ser tomado
como uma falta qualquer, porquanto at mesmo uma transgresso de menor
gravidade poderia estar dentro desse conceito e, assim, levar a uma
interpretao teratolgica segundo a qual essa mesma falta ensejaria uma
pena capital; deve-se, portanto, aplicar tal conceito a casos extremos, tais
como desvios de recursos, atos de corrupo, dentre outros em que o
indivduo se vale do cargo que ocupa para agir em desacordo com a lei;
utiliza-se das facilidades e do poder de seu cargo para a prtica da
transgresso;
b) a conduta irregular pode estar ligada a uma srie de infraes menores mas
que, quando tomadas conjuntamente, demonstram que o servidor indivduo
de vida torta, que no pauta sua conduta pessoal e profissional de acordo
com o mnimo de decncia que a liturgia de seu cargo exige; tem-se,
portanto, que nesses casos a incidncia no dispositivo legal no decorre
necessariamente de prtica de atos ligados sua funo, mas podem advir,
inclusive, de sua vida privada, desde que ela tenha se tornado escandalosa a
tal ponto de contraindicar sua permanncia no servio pblico; quando
ligados funo, tratam-se de atos repetidos de modo contnuo, sendo certo
que a aplicao de sanes anteriores no foi suficiente para coibir a prtica
de novas condutas de mesma natureza; toma-se, assim, nos casos de
conduta irregular, o histrico de vida do servidor para o fim de avaliar se
ou no conveniente sua permanncia no servio pblico;
c) o ato que afete a honra pessoal, o pundonor policial militar ou decoro da
classe corresponde prtica de uma determinada conduta cujo grau de
reprovabilidade tamanho que, quando ontologicamente considerada, denota
a total incompatibilidade com o padro tico-moral exigvel de um servidor
pblico; compreende situaes que at mesmo aos olhos do leigo se
afiguram como condutas inadmissveis para aquele que, integrante do servio
pblico, deve pautar sua vida com o mnimo de decncia; exemplos que
podem ser citados so os casos de corrupo (que tambm se enquadram
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em
conduta
irregular),
envolvimento
com
criminosos,
trfico
de
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Depois de discorrer sobre o PAD-RS, o PAD-RO e o CD, pouco resta para tratar em
matria
de
Conselho
de
Justificao,
porquanto
as
diretivas
abordadas
97
Quadra assinalar que a exemplo do que fez em relao ao CD, o Estatuto dos
Policiais Militares do Esprito Santo, ao tratar de aspectos relacionados violao
das obrigaes e dos deveres policiais militares, ou seja, de questes ligadas
disciplina, previu a possibilidade de instaurao de processo prprio para, em sede
administrativa, julgar a capacidade de permanncia do Oficial na Corporao,
processo administrativo disciplinar nominado de Conselho de Justificao (CJ).
Art. 46. O Oficial presumivelmente incapaz de permanecer como policial
militar da ativa ser, na forma da legislao especfica, submetido a Conselho
de Justificao.
1. O Oficial ao ser submetido a Conselho de Justificao poder ser
afastado do exerccio de suas funes automaticamente ou a critrio do
Comandante Geral da Polcia Militar, conforme estabelecido em Lei
especfica.
2. Compete ao Tribunal de Justia do Estado julgar os processos oriundos
do Conselho de Justificao, na forma estabelecida em leis especficas.
3. O Conselho de Justificao tambm poder ser aplicado aos oficiais
reformados e da reserva remunerada.
ser
aplicado
ao
oficial
da
reserva
remunerada
ou
reformado,
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101
tem a patente tem o ttulo, o posto e o uniforme que a ela correspondem, bem
como as prerrogativas, direitos e deveres a ela inerentes, diz a Constituio
(Art. 142, 3, I). Mas o ttulo e o posto no se confundem, como pode dar a
entender o texto desse autor. Posto o lugar que o oficial ocupa na
hierarquia dos crculos militares. O ttulo a designao da situao confiada
ao titular dos postos (ex.: posto: General de Exrcito; ttulo: Comandante do
Exrcito). [...] As patentes dos oficiais das Foras Armadas so conferidas
pelo Presidente da Repblica (Art. 42, 3, I), e as dos oficiais das polcias
militares e corpos de bombeiros militares dos Estados e do Distrito Federal,
pelos respectivos Governadores (Art. 42, 1).
Ocorre que conforme bem acentuou ASSIS (opus citatus, p. 242-243) no campo do
direito administrativo, do qual ora se cuida, tal declarao de indignidade ou de
incompatibilidade advm no da prtica de um crime, mas de uma conduta que,
luz das normas disciplinares da Corporao, correspondam a um ilcito
administrativo disciplinar, e arremata dizendo:
[...] o conceito de indigno ou incompatvel com o oficialato no direito
administrativo militar bastante amplo, bastando que se diga, como ponto de
partida que incompatvel o inconcilivel com o oficialato, como o relapso,
indulgente, irresponsvel profissionalmente, o promscuo de vida
escandalosa, enquanto que o indigno o baixo, torpe, srdido, no
merecedor da condio de oficial, como o assaltante, o traficante, o
peculatrio, o estuprador etc.
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5 OS PRINCPIOS
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5.2 CONCEITO
Quando se fala em princpio a primeira noo que vem mente traz consigo a ideia
de comeo, de base. A palavra origina-se do latim principium, principii, e se
relaciona a incio, estrutura, etc.
Seja qual for o objeto em estudo, e em qualquer cincia, a avaliao quanto aos
princpios aplicveis espcie corresponde a um importante elemento a ser levado
em conta pelo pesquisador, e nisso no difere o Direito.
Tomando-se por base a ideia de KELSEN (1962, p. 2, apud CARRAZA, opus citatus,
p. 27) de que o fundamento de validade de uma norma apenas pode ser a validade
de uma outra norma, a compreenso acerca da natureza, funo, eficcia, dentre
outros pontos relativos aos princpios se mostra como algo de fundamental
importncia, mormente quando se consideram os princpios constitucionais.
Na viso de PICAZO (1983, p. 1.267-1.268, apud BONAVIDES, 1999, p. 222 e 229)
a ideia de princpio vem da linguagem da geometria, com o significado de onde
designa as verdades primeiras. Dessa forma, o termo pode ser empregado como
algo que est ao princpio, correspondendo s premissas de todo um sistema que
se desenvolve more geometrico (idem, ibidem).
Cumpre ressaltar que, no passado, os princpios eram referidos como algo
pertencente apenas ao campo do Direito Civil, de modo a desempenhar uma funo
suplementar na integrao das lacunas da lei. Sua evoluo, porm, os fez
abandonar esse papel secundrio da concepo civilista, sendo atualmente
reconhecveis nos mais diversos campos do direito, especialmente no corpo da
Constituio Federal de 1988. No se pode negar, assim, o trao marcante que
atualmente tm, ou seja: sua normatividade.
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Ainda nos idos da dcada de 50, CRIZAFULLI (1957, p. 15, apud BONAVIDES,
opus citatus, p. 230) formulou a seguinte pensamento acerca dos princpios:
Princpio , com efeito, toda norma jurdica, enquanto considerada como
determinante de uma ou de muitas outras subordinadas, que a pressupem,
desenvolvendo e especificando ulteriormente o preceito em direes mais
particulares (menos gerais), das quais determinam, e portanto resumem,
potencialmente, o contedo: sejam, pois, estas efetivamente postas, sejam,
ao contrrio, apenas dedutveis do respectivo princpio geral que as contm.
107
108
5.4.1 O jusnaturalismo
109
porquanto na viso dos pensadores desse perodo o ideal de justia se daria com o
emprego dos princpios gerais do direito.
Ressalte-se, por fim, que para tal Escola, o direito posto pelo prprio ordenamento
jurdico insuficiente para a soluo das lacunas da lei, sendo necessrio, pois,
recorrer ao Direito Natural para equacionar tais situaes. Essa posio no aceita
pela Escola Histrica, uma vez que professa o pensamento segundo o qual tais
solues esto postas no interior do ordenamento jurdico e no fora, como
defendem os jusnaturalistas (BONAVIDES, opus citatus, p. 232-238).
5.4.2 O juspositivismo
110
889, apud BONAVIDES, opus citatus, p. 236). Finaliza o autor, dizendo que nessa
fase os princpios baixaram [...] das alturas montanhosas e metafsicas de suas
primeiras formulaes filosficas para a plancie normativa do direito civil, ainda que
para desempenhar papel secundrio e complementar (idem, ibidem, p. 264)
5.4.3 O ps-positivismo
111
112
Cumpre ento, sob esse prisma, distinguir princpios e regras jurdicas, ainda que
no haja uniformidade sobre tal distino. Tendo como base a posio adotada por
CANOTILHO (1992, p. 166-168, apud ESPNDOLA, opus citatus, p. 65-67) pode-se
evidenciar os seguintes aspectos principiolgicos:
a) o grau de abstrao, maior nos princpios que nas regras;
b) o grau de determinabilidade na aplicao do caso concreto, pois os princpios,
posto
que
vagos
indeterminados,
necessitam
de
mediaes
113
114
5.7.1 Legalidade
115
segundo a qual ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
seno em virtude de lei (Art. 5, inc. II, da Constituio Federal).
SILVA, J. (opus citatus, p. 667) reala que para alm das clssicas conceituaes,
existe estreita ligao entre legalidade e finalidade, porquanto se impe que o
administrador pblico somente pratique determinado ato visando seu fim legal.
Decorrncia do princpio da legalidade o fato de as atividades desenvolvidas pelo
administrador estarem submetidas ao imprio da lei, o que somente possibilita ao
agente pblico a prtica de atos nela previstos, ao contrrio do particular, que tudo
pode, seno o que vedado em lei (FRANCO, opus citatus, p. 26). De se ressaltar,
nesse sentido, que se em matria de Princpio da Reserva Legal a lei deve ser
compreendida como lei em sentido estrito (garantia ao particular), no campo do
Princpio da Legalidade a expresso lei deve ser tomada como lei em sentido
amplo. Isso se deve pelo fato de, no primeiro caso, somente lei ser possvel
inovar no ordenamento jurdico para o fim de obrigar os cidados; no segundo caso,
no entanto, o Administrador, alm de se sujeitar lei em sentido estrito, deve
obedecer aos postulados decorrentes de outros atos normativos existentes.
Ainda com FRANCO (idem, ibidem) outra decorrncia do princpio da legalidade o
fato de que alm de ser necessrio um motivo legal para o ato, precisa-se tambm
para tanto da existncia de um motivo de fato, e da decorre a circunstncia de que
tal atuao em matria de processo administrativo disciplinar (quase sempre)
vinculada, e poucas vezes discricionria, porquanto ao administrador so impostas
normas de observncia obrigatria diante do caso concreto.
Pondo em evidncia aspectos relativos legalidade em confronto com a
discricionariedade, FILHO, R. (opus citatus, p. 172-173) assinala que se a
contraposio entre discricionariedade e legalidade capaz de alimentar a
contraposio entre garantia e eficincia, a adequada regulamentao legal do
processo administrativo constitui uma das frmulas para equilibr-las.
Assinala ainda, o mesmo autor, que nem mesmo o fato de normas disciplinares
utilizarem-se muitas vezes de conceitos vagos (genricos) se afigura como um risco
para a legalidade, porquanto mesmo em havendo tal previso no campo do direito
material disciplinar, o processo administrativo disciplinar (e o procedimento) fornece
116
administrativa, em contraposio
117
5.7.2 Impessoalidade
118
No por outra razo que em matria de processo existem regras prprias a fim de
afastar possveis afrontas ao princpio da impessoalidade, tendo como exemplo
aquelas que cuidam dos casos de suspeio e de impedimento da Autoridade
competente, pois esta, ao agir, no pode o fazer movida por sentimentos ou
interesses pessoais, ou seja, por sentimentos de inimizade ou predileo. Outras
normas que tambm encarnam o Princpio so as que determinam a fundamentao
de uma deciso, pois somente assim ser possvel verificar se existe real pertinncia
entre o ato praticado e os motivos apontados.
Dessa forma, tem-se que impessoalidade, imparcialidade e objetividade implicam em
uma atuao acima dos interesses pessoais, e norteada para os interesses maiores,
razo pela qual a prpria Constituio visa a obstaculizar a preponderncia de
critrios subjetivos que possibilitem a adoo de fatores tais como predileo,
antipatias, simpatias, vingana, raiva, nepotismo, favorecimentos diversos, etc., algo
que infelizmente ainda permeia a realidade de concursos pblicos, licitaes,
processos disciplinares e outros modos de atuao da Administrao (MEDAUAR,
opus citatus, p. 93).
A importncia do processo administrativo resulta, ento, do fato de ele representar:
[...] instrumento de objetivao do poder, para evitar ou dificultar que motivos
e fins subjetivos informem a tomada de decises, pois nele se contrapes
argumentos, dados e fatos, que permanecem registrados; se mveis
subjetivos, mesmo assim, afetarem a deciso, torna-se mais fcil o controle
administrativo e jurisdicional (MEDAUAR, opus citatus, p. 93).
5.7.3 Moralidade
119
Lecionando sobre o tema SILVA, J. (opus citatus, p. 668-669) assinala que ao alar
a moralidade ao status de princpio o Legislador Constitucional teve por desiderato
torn-la elemento capaz de fulminar de nulidade o ato viciado que, mesmo legal,
seja imoral. Assevera o autor que, embora alguma dificuldade se apresente na sua
verificao, pode-se desfazer um ato administrativo que padea desse vcio, algo
que poderia ocorrer, por exemplo, quando a Autoridade administrativa, ainda que
dentro da lei, pratica ato com o fim de prejudicar ou beneficiar deliberadamente
algum. Nesse caso, o ato administrativo ser formalmente legal, mas materialmente
ilegal (SILVA, J., opus citatus, p. 668).
Decorrncia direta da moralidade a probidade administrativa, que consiste no
dever de o funcionrio servir a Administrao com honestidade, procedendo no
exerccio das suas funes, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas
decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer
(CAETANO, 197, p. 684, apud SILVA, J., opus citatus, p. 669)
Assinala FRANCO (opus citatus, p. 35), depois de tambm evidenciar a dificuldade
de conceituao do Princpio, que moralidade e legalidade no se confundem,
porquanto embora no passado o princpio pudesse ser tomado apenas como regras
de boa administrao, ou seja, de obedincia finalidade da norma de direito
pblico, essa viso insuficiente, pois corresponde a uma verdadeira regra de
civilidade essencial sobrevivncia das instituies democrticas (ZANCANER,
1997, p. 632, apud idem, ibidem).
Dessa forma, a instaurao de processo disciplinar para caso determinado em que
comumente no se instaura, a adoo injustificada de medida mais gravosa quando
for possvel outra, a fixao de pena em limites mximos de modo desarrazoado, a
absolvio de algum com quem se tem predileo ou com grau de parentesco,
dentre outros casos, so exemplos claros de prtica de condutas que vo de
encontro ao Princpio da Moralidade, porque demonstram o fim ilcito perseguido
pelo Administrador.
Assim, importante salientar que a ideia de moralidade administrativa nasceu do
desvio de poder, e a imoralidade estaria na inteno do agente, motivo por que
consistiria numa ilegalidade relativa aos fins do ato, segundo parcela da doutrina
(FRANCO, opus citatus, p. 37).
120
Retornando ao campo do processo administrativo, FILHO, R. (opus citatus, p. 195198) pondera que implicaes diretas do Princpio so as regras processuais de
lealdade e boa-f. Nessa medida, assinala o autor que o Princpio da Moralidade
Administrativa, quando tomado no campo da processualidade administrativa
disciplinar, incide justamente na esfera do anseio de certeza e segurana jurdica,
mediante a garantia da lealdade e boa-f tanto da Administrao Pblica que acusa,
instrui e decide; quanto do servidor pblico acusado ou litigante (idem, ibidem, p.
195).
Assim, o Princpio da Moralidade, quando tomado em seus elementos de boa-f e
lealdade processual, aponta em um futuro prximo para os seguintes caminhos
(idem, ibidem, p. 197):
(a) no exerccio de poderes e faculdades com relao ao tempo, exigindo-se
a fixao de prazos adequados para cumprimento da prestao, vedando a
imposio de obstculo resultante de um comportamento desleal; (b) no
estabelecimento de um debate processual leal em que a acusao e a defesa
sejam expostas de forma clara, a partir de captulos e pontos numerados que
no constituam uma emboscada para o adversrio; (c) na unificao das
excees a fim de evitar a sucessiva e interminvel possibilidade de
oposies; (d) na limitao da prova: os meios de prova devem limitar-se aos
fatos debatidos para evitar a maliciosa disperso do material probatrio e a
demonstrao de fatos irrelevantes; (e) na convalidao das nulidades: os
erros de procedimento devem ser corrigidos imediatamente mediante recurso
de nulidade, sob pena de convalidao; (f) na fixao de condenaes
processuais: o litigante que atua com malcia condenado ao pagamento dos
gastos excessivos em razo de sua conduta
5.7.4 Publicidade
121
122
5.7.5 Eficincia
123
Sendo assim, uma definio possvel para o princpio a de que, em razo dele,
deve a Administrao alocar da melhor forma possvel os meios e recursos
existentes, de modo a satisfazer as necessidades da coletividade.
Em matria de processo administrativo disciplinar, o Princpio da Eficincia pode ser
invocado para impedir a durao excessiva dos processos administrativos, impondo
regras de celeridade, informalidade e economia processual e autorizando a
Administrao a adotar as medidas necessrias para materializar a eficcia
administrativa [...], de modo que em nome da eficincia no se abra mo da
juridicidade (FRANCO, opus citatus, p. 40).
Cumpre ressaltar que a ideia de eficincia no processo administrativo traz embutida
a noo de efetividade, e nesse sentido MOREIRA (1984, p. 27, apud FRANCO,
idem, ibidem) identificou cinco itens para um programa bsico em prol da
efetividade:
124
125
O Princpio do Devido Processo Legal (due process of law) pode ser considerado
como o mais importante em um processo onde exista a figura do acusado, seja
processo penal ou no. Embora sua construo histrica tenha se dado
principalmente no ramo do direito penal, o Princpio em voga tem aplicabilidade nos
processos administrativos disciplinares, porquanto neste existe a figura de algum a
quem imputada a prtica de uma determinada conduta (acusado), ainda que se
trate de ilcito de cunho administrativo disciplinar.
Muito j se discorreu acerca do Princpio do Devido Processo Legal, em especial o
fato de que a Doutrina aponta a Magna Carta Inglesa de 1215 como o marco
histrico de onde se origina, pois representou naquele momento a imposio de
determinados limites ao poder estatal.
Na legislao Ptria, em que pese ser reconhecido desde antes da Constituio
Federal de 1988, somente com o advento desta que pde se afirmar com exatido
acerca de sua aplicabilidade em processos (ou mesmo procedimentos) que
envolvam a privao de liberdade ou de bens do particular (Art. 5, inc. LIV), o que
por certo engloba a aplicao de sano disciplinar, mormente em se tratando de
pena que envolva a constrio de liberdade, como si ocorrer no meio militar.
No por outra razo que FRANCO (opus citatus, p. 159) afirma, extreme de
dvidas, que o devido processo legal encontra-se na base do direito administrativo
sancionador brasileiro.
Conforme reala FILHO, R. (opus citatus, p. 223) a noo de devido processo legal
foi desenvolvida pela Suprema Corte dos Estados Unidos com a finalidade de operar
o controle de constitucionalidade das leis, e tal Tribunal construiu entendimentos que
126
127
pessoa pode ser privada de seu interesse seno por meio de procedimento no qual
tenha a possibilidade de demonstrar suas razes e com a convico de que no
exista a predisposio do juiz contra ele.
Desenvolvendo linha paralela, COUTURE (1979, p. 50, apud idem, ibidem) reala
que o devido processo legal [...] compreende o direito material da lei
preestabelecida e o direito processual do juiz competente. O processo desencadeiase na forma legal dotada de todas as garantias processuais, e no que concerne ao
ltimo aspecto assinala que tais garantias, na tica da Suprema Corte,
compreendem:
(a) cientificao do demandado da promoo dos procedimentos agressivos a
seus direitos; (b) razovel oportunidade de comparecer e expor suas razes,
inclusive apresentar provas; (c) constituio do Tribunal julgador de molde a
apresentar razovel segurana de honestidade e imparcialidade; (d)
competncia do Tribunal. As circunstncias anteriormente arroladas
equivalem razovel possibilidade de se fazer escutar, constituindo-se em
uma notice e uma hearing.
128
129
Sob o enfoque prtico, o contraditrio tem por fundamento facilitar a busca pela
verdade, por meio da contraposio das teses, com a atuao dos sujeitos
envolvidos no processo na busca da investigao do material ftico e jurdico
envolvido na causa. Nessa perspectiva:
O contraditrio tem como mtodo o dilogo. Enquanto o monlogo limita a
perspectiva do observador, o dilogo, em compensao, amplia o quadro de
anlise, concita comparao, minimiza o perigo de opinies preconcebidas
e favorece a formao de um juzo mais aberto e ponderado. Afinal o
dilogo que corrige continuamente a lgica e no a lgica que controla o
dilogo (OLIVEIRA, 1993, p. 37, apud idem, ibidem, p. 231).
130
131
132
5.7.8 Motivao
A motivao dos atos administrativos algo inerente sua prpria estrutura, e vem
a se somar garantia que tem o acusado de tomar conhecimento das razes de fato
e de direito que levaram o Administrador a adotar uma determinada medida em
detrimento de outra.
Nessa linha, o Princpio da Motivao guarda estreita relao com outros, mormente
os que se ligam ao controle das atividades administrativas, tais como os cinco
Princpios da Administrao Pblica presentes no caput do Art. 37 da Constituio
Federal (Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficincia), bem
como o Princpio do Devido Processo Legal e o Princpio da Ampla Defesa e
Contraditrio.
Citando a seara judicial, GRINOVER et al (opus citatus, p. 74-75) assinalam que
motivao e publicidade guardam estreita ligao, uma vez que permitem aos
indivduos em geral controlar o exerccio da funo jurisdicional (in casu, o exerccio
da funo administrativa).
No por outro motivo que os autores acentuam o fato de que, modernamente, vem
se salientando a funo poltica do Princpio em voga, pois no se trataria de uma
garantia apenas em relao aos envolvidos numa determinada causa, mas a
qualquer cidado, com a finalidade de aferir a imparcialidade do julgador e a
legalidade e justia das decises.
Em matria de processo administrativo disciplinar, o Princpio cumpre inmeras
funes, dentre as quais se podem citar, por exemplo:
a) permite ao interessado conhecer as razes de fato e de direito usadas pela
Autoridade como esteio para suas decises;
133
importante ressaltar que a Lei em comento abarca apenas os rgos que integram
a Unio, mas serve ela de parmetro para os demais Entes Federativos (Estados) e
tambm Municpios, at porque o dever de motivao pode ser extrado tambm do
devido processo legal.
134
Causa repulsa ao senso de justia o fato de algum ser punido em razo de uma
falta que no cometeu, at porque se de um lado isso se afigura como moralmente
condenvel, de outro por certo o verdadeiro infrator restar impune. Por tal razo,
costuma-se afirmar que em processos que envolvam uma acusao (processo penal
e processo administrativo disciplinar) no pode a autoridade responsvel pela
deciso contentar-se apenas com a verso dada pelas partes envolvidas, mas deve
perseguir sempre a realidade ftica.
Por certo tal tarefa no das mais fceis. Os envolvidos em um processo, ainda que
no ajam de m-f, tendem a exprimir sua particular viso em relao aos fatos, o
que por certo traz consequncias no momento em que se vai prolatar uma deciso.
Alis, nesse particular, nem mesmo as testemunhas escapam dessa caracterstica,
pois tendem a manifestar seu ponto de vista sobre os fatos a partir de sua prpria
experincia de vida, seus valores, suas crenas, suas opinies.
Diante desse quadro, o Princpio da Verdade Material desempenha um importante
papel na seara do processo administrativo disciplinar na medida em que impe
Autoridade competente verdadeiro dever tico de perquirir, a todo instante, sobre
como os fatos realmente ocorreram.
GORDILLO (1998, p. IX-59, apud MEDAUAR, opus citatus, p. 131) cita como
exemplo desse verdadeiro dever da Administrao de apurar os acontecimentos
conforme ocorreram no caso de acordo firmado entre sujeitos a respeito dos fatos;
a Administrao no se v obrigada a acatar essa verso dos fatos, nem o acordo,
cabendo-lhe verificar a autenticidade dos fatos.
Os casos em que a verdade mitigada so tratados pela doutrina como campo de
incidncia da verdade formal.
Contrastam-se, assim, verdade material com verdade formal, porquanto nesta
(mais acentuada no processo civil), a busca pela realidade ftica no to presente
quanto naquela, embora a expresso cunhada pela doutrina no seja das melhores
para retratar os casos em que a verdade mitigada: ou algo verdade ou no; no
existe, do ponto de vista lgico, meia verdade (verdade formal) ou verdade absoluta
(verdade material).
135
136
137
Realce-se que decorrem desse Princpio inmeras previses contidas nas diversas
normas de direito processual, sendo a principal delas a que consiste na no
anulao de um ato defeituoso, desde que tal imperfeio no cause prejuzo para o
acusado.
138
139
140
nveis subordinados, tais como: a) controlar suas atividades; b) anular atos ilegais; c)
avocar decises.
Assinalam os autores suso mencionados que somente a partir do sculo XVI que
comeou a se delinear o sistema intermedirio do livre convencimento do juiz (ou
da persuaso racional)
Realce-se, entretanto, que o livre convencimento no sinnimo de deciso
arbitrria, mas, contudo e sobretudo, de deciso pautada nos critrios da legalidade,
da moralidade e da razoabilidade.
No pode, assim, o julgador, simplesmente deixar de considerar determinada prova
em razo de suas idiossincrasias, mas deve expor de modo claro e inequvoco a
141
razo pela qual trilhou esse caminho, da porque ser importante a fundamentao
das decises (Princpio da Motivao).
Dessa maneira, observa-se que o Princpio da Persuaso Racional permite
Autoridade cotejar o conjunto de provas aquelas que lhe formam o seu
convencimento (livre), de modo a decidir a questo do modo mais justo possvel.
5.7.14 Imparcialidade
142
delas no podem fazer parte servidores sem estabilidade, e isso se explica pelo fato
de estes serem mais susceptveis a presses (PORTA, opus citatus, p. 119).
Conforme GRINOVER et al (opus citatus, p. 58-59), ao tratar do tema em comento,
a imparcialidade do juiz uma garantia de justia para as partes. Por isso, tm elas
o direito de exigir um juiz imparcial: e o Estado, [...], tem o correspondente dever de
agir com imparcialidade na soluo das causas que lhe so submetidas.
Expondo pensamento acerca da possibilidade clara de aplicabilidade do Princpio da
Imparcialidade aos processos administrativos, FRANCO (opus citatus, p. 50-51)
reala que ele decorrncia do Princpio do Devido Processo Legal. Assinala que
no processo administrativo de fato inexiste terziet, isto , a equidistncia do
julgador em relao s partes, mas mesmo assim a imparcialidade est presente
nos processos levados a efeito pela Administrao, embora aqui adquiram feies
prprias e diversas do processo judicial (idem, ibidem). Noutra passagem, o mesmo
autor traa importante diferena entre imparcialidade e equidistncia:
No processo judicial, que tem como uma das caractersticas a
substitutividade, ou seja, o Estado pratica atos em substituio aos atos das
partes, fica fcil perceber que o juiz pessoa alheia ao objeto do processo.
No processo administrativo, entretanto, o juiz no possui esse
distanciamento, essa indiferena com o resultado do processo, mas, como se
verifica pela imposio do princpio da finalidade, est ele diretamente
envolvido com o resultado do processo, pois tem o dever de encontrar a
melhor soluo, em benefcio do interesse pblico.
A doutrina processual italiana faz diferena entre imparcialidade e a
terziet do juiz. A imparcialidade seria a caracterstica pela qual o servidor
pblico deve agir no interesse do Estado e no em interesse privado, prprio
ou de terceiro. A terziet no significa apenas agir no interesse do Estado,
mas agir alm de qualquer interesse, pblico ou privado; no uma
neutralidade, mais que isso, uma indiferena. No processo administrativo,
como no legislativo, h a imparcialidade mas no a terziet, tanto que, se
impugnado judicialmente algum desse atos, a demanda ser ajuizada em
face da Administrao, ao passo que, se houver impugnao de algum ato
judicial, no se prope contra o Estado-Juiz, mas ao prprio Estado-Juiz. A
terziet, ademais, na prtica significa a independncia do juiz, mas isso no
completamente exato, pois a independncia o meio para obter essa
condio (FRANCO, opus citatus, p. 102-103).
143
5.7.15 Igualdade
144
dos direitos materiais. Dessa forma, negar tal implicao da igualdade em matria
processual seria at mesmo algo desarrazoado.
GRINOVER et al (opus citatus, p. 59-60) defendem ponto de vista segundo o qual
para se garantir a igualdade material seria necessrio, em alguns casos, tratar os
desiguais de modo desigual, garantindo-se parte mais fraca um tratamento
diferenciado, e chegam a apontar o favor rei como um dos exemplos em que se leva
em conta a fragilidade do acusado perante o Estado-Juiz.
Consoante PORTA (opus citatus, p. 50) em vrios casos a prpria Administrao
participar do processo com alto grau de interesse em sua concluso, mas ainda
que isso ocorra necessrio que se mantenha um tratamento processual
equidistante tanto quanto possvel, o que implica em igualdade de oportunidades,
direitos, deveres, nus e faculdades entre ela e a figura do acusado em processo
administrativo disciplinar (paridade de armas), de modo que deve haver limites
atuao da Administrao, de um lado, e de outro a garantia de que esses limites
sero observados. Reala o autor que nem mesmo a necessidade de se fazer
prevalecer o interesse pblico sobre o particular no campo do direito material pode
significar, em matria processual, a inobservncia da igualdade (idem, ibidem).
Dessa forma, o Princpio da Igualdade impe em matria de processo administrativo
disciplinar uma atuao justa por parte da Administrao, de modo a garantir ao
acusado (polo mais fraco da relao) ampla possibilidade de demonstrar sua
inocncia. Tomando-se em conta tal hipossuficincia do acusado, deve-se inclusive,
em caso de dvidas acerca da aplicao de determinado dispositivo, prazos
recursais, por exemplo, buscar soluo segundo a qual a medida adotada seja
aquela que lhe for mais favorvel.
145
146
147
PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR
ORIENTAES DE PAD-RS
148
7 PROCESSO E PROCEDIMENTO
7.2 SINDICNCIA
149
sindicncia: meio de apurao; processo administrativo disciplinar (PAD-RS, PADRO, CD e CJ): meio de julgamento.
A sindicncia est prevista nos Arts. 81 e 82 do RDME e deve ser instaurada para
investigar e esclarecer fato, bem como para orientar a tomada de providncias
administrativas. Em matria disciplinar, busca a autoria e a materialidade do fato
(justa causa), elementos imprescindveis para a instaurao de processo acusatrio.
Assim, quando tomada em sua acepo mais ampla, a sindicncia pode ser usada
para apurar toda sorte de irregularidade em torno do servio pblico, ou seja, no
tem somente os assuntos de carter disciplinar. Pode ser usada, por exemplo, para
identificar pontos vulnerveis na administrao, falhas no servio de controle e
segurana, ou mesmo problemas que afetem a qualidade dos servios pblicos.
Difere tal procedimento inquisitrio do processo administrativo disciplinar na medida
em que este s pode ser instaurado contra servidor, ao passo que aquela apura fato,
que pode ou no envolver um servidor.
Trata-se, assim, de procedimento no obrigatrio, pois caso existam elementos
suficientes, o processo administrativo poder ser instaurado diretamente.
Assim, a sindicncia deve, tanto quanto possvel, dar resposta aos seguintes
questionamentos: quem? o que? onde? quando? como? com que meios? por qu?
A sindicncia tem como regra o sigilo, pois se trata de uma investigao, e por isso
mesmo no obedece ao postulado da ampla defesa e do contraditrio.
O prazo de sua realizao de 15 (quinze) dias, prorrogvel por igual perodo, e
diferentemente do que ocorre no PAD, o Encarregado da Sindicncia tem a
liberdade de ampliar o objeto da investigao, analisando tambm outros fatos
correlatos.
Quanto ao seu resultado, a sindicncia poder concluir pelo seguinte: a)
arquivamento dos autos; b) adoo de medidas administrativas; c) instaurao de
processo administrativo disciplinar (PAD-RS, PAD-RO, CD ou CJ); d) instaurao de
inqurito policial militar; e) encaminhamento autoridade competente (Polcia Civil,
Ministrio Pblico, Poder Judicirio, etc.).
150
151
FASES
PROVIDNCIAS
1. Instaurao
2. Defesa Prvia
3. Investigao Sumria
(quando necessria)
1. Interrogatrio do acusado.
2. Tomada de depoimentos (acusao e defesa)
3. Juntada de documentos.
4. Realizao
necessrio.
de
percias
diligncias,
se
5. Relatrio/Julgamento
6. Soluo
152
PORTARIA
CITAO/LIBELO
No Apresenta
Defesa Prvia
Art 102 e 118 2
Apresenta
Defesa Prvia
Art 129 4 I e II
Apresenta
Defesa e Confessa
Art 96
Inocncia
Art 96 1
Relatrio
Diligncia
Relatrio
Diligncias
Relatrio
Relatrio
Cincia
Alegaes Finais
Cincia
Alegaes Finais
Cincia
Cincia
Remessa
Relatrio
Remessa
Relatrio
Remessa
Remessa
Soluo
Cincia
Soluo
Cincia
Soluo
Remessa
Remessa
Soluo
Soluo
Soluo/Arquivo
Devoluo
Diligncias
e Demais Fases
153
7.3.4 Orientaes
7.3.4.1 PORTARIA
154
155
O erro material na Portaria, ou seja, o erro crasso, pode ser corrigido pelo prprio
Encarregado no momento da confeco do Libelo Acusatrio. So exemplos de erro
material as incorrees relativas ao nome, RG, data, etc. O erro quanto ao
enquadramento tambm pode ser corrigido pelo encarregado quando tal situao for
manifesta, todavia nesse caso o recomenda-se consultar o Cartrio da Unidade a
fim de que se manifeste sobre se deseja retificar a portaria.
Jurisprudncia sobre o tema:
STF RHC 106397/MS Rel. Min. Ricardo Lewandowski 15/02/2011 1
Turma
EMENTA: RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL
PENAL.
ALEGAO
DE
AUSNCIA
DE
ADVOGADO
NO
INTERROGATRIO DA R. INOCORRNCIA. DEFENSOR PBLICO
PRESENTE. FALTA DE ASSINATURA NO TERMO DE AUDINCIA. ERRO
MATERIAL. VERIFICAO POR MEIO DE MERA ANLISE DE
DOCUMENTOS. DESNECESSIDADE DE DILAO PROBATRIA.
CONDENAO
TRANSITADA
EM
JULGADO.
PRECLUSO.
DESPROVIMENTO DO RECURSO.
STF RHC 97667/DF Rel. Min. Ellen Gracie 09/06/2009 2 Turma
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINRIO EM HABEAS
CORPUS. CRIME DE TRFICO INTERNACIONAL DE DROGAS.
NULIDADES. INEXISTNCIA. AUSNCIA DE COMPROVAO DE
EFETIVO PREJUZO. PRECEDENTES DO STF. ERRO MATERIAL NO
NOME DO ACUSADO CORRIGIDO POR MEIO DE EMBRAGOS DE
DECLARAO. RECURSO DESPROVIDO. [...] 9. Por fim, a citao pela
Juza do nome do ru Carlos Alberto Simes na sentena condenatria do
156
recorrente foi mero erro material e restou devidamente corrigido por meio de
embargos declaratrios. 10. Ante o exposto, nego provimento ao recurso.
STF HC 88711/MG Rel. Min. Carlos Britto 21/06/2007 1 Turma
EMENTA: HABEAS CORPUS. ALEGADO CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
REFORMA DA PENA IMPOSTA PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA.
ERRO MATERIAL GROSSEIRO. CORREO DA PENA IMPOSTA EM
BENEFCIO DO PACIENTE. ORDEM DENEGADA. No h ilegalidade na
deciso do Superior Tribunal de Justia que, excluindo erro material grosseiro
de sentena confirmada pelo acrdo estadual, faz da pena-base a pena
definitiva. Erro material na dosimetria da pena no causa de nulidade do
Processo Penal. Ordem denegada.
STJ HC 166875/SP Rel. Min. Og Fernandes 14/02/2012 6
TurmaEmenta: HABEAS CORPUS. DESCAMINHO. ALEGAO DE
CERCEAMENTO DE DEFESA POR VIOLAO AO PRINCPIO DA
CONGRUNCIA. IMPROCEDNCIA. PRESENA DE MERO ERRO
MATERIAL, SANADO PELA CORTE REGIONAL. NULIDADE POR
AUSNCIA DE COMPROVAO DA MATERIALIDADE DELITIVA.
EXISTNCIA DE LAUDO PERICIAL ATESTANDO A PROCEDNCIA
ESTRANGEIRA DA MERCADORIA.
1. No h falar em mutatio ou em emendatio libelli quando se constata a
existncia de mero erro material na sentena, oportunamente corrigido pela
Corte Regional.
2. No caso, o Magistrado singular fez mera aluso alnea "c" do art. 334,
1, do CP, embora tenha narrado as condutas que caracterizam efetivamente
a prtica da conduta descrita no pleito acusatrio, a saber, o delito inscrito no
art. 334, 1, "d", do mesmo Cdex. [...].
STJ AgRg no HC 152525/MG Rel. Min. Marco A. Belizze 14/02/2012
5 Turma
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. PRINCPIO DA
COLEGIALIDADE.AUSNCIA DE DEFENSOR NO INTERROGATRIO.
NULIDADE ABSOLUTA. PRESENADO DEFENSOR. AUSNCIA DE
ASSINATURA.
ERRO
MATERIAL.
PRECLUSO.
FALTADE
DEMONSTRAO DE PREJUZO. INEXISTNCIA DE NULIDADE.
[...]
2. Declarada presena do defensor no interrogatrio, a ausncia da
assinatura deste caracteriza mero erro material, incapaz de gerar nulidade no
feito.
3. Nulidade no arguda em momento oportuno, caracterizando a ocorrncia
da precluso.
4. No h que se falar em nulidade do ato processual, sem que haja
comprovao do fato ter acarretado efetivo prejuzo para as partes - princpio
do pas de nullit sans grief.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
157
158
7.3.4.2 AUTUAO
159
160
7.3.4.4 CITAO
161
162
163
7.3.4.6 OITIVAS
7.3.4.6.1 Forma
O depoimento prestado por quem quer que seja, acusado, vtima ou testemunha,
deve ser feito oralmente, e ao encarregado incumbe reduzi-lo forma escrita, na
forma de Termo, que ser datilografado ou digitado.
As pessoas podem ser ouvidas no processo na condio de ofendido, testemunhas
ou acusado, dispensando-se de acordo com cada caso garantias e formalidades
previstas na legislao processual. Por isso, de suma importncia que o
encarregado explicite a condio da pessoa ouvida:
a) ofendido a pessoa que figura como vtima no fato apurado;
b) acusado o policial militar que figura como autor do fato investigado;
c) testemunhas so todas pessoas que, de qualquer modo, presenciaram ou
tomaram conhecimento do fato, e que por tal motivo so chamadas a depor
mediante compromisso legal de dizer a verdade;
d) informantes so aqueles que, embora tenham presenciado ou tomado
conhecimento do fato, so chamados a depor, porm sem prestar compromisso, em
razo de dispositivo legal (menor de 18 anos, parente, etc.).
No processo administrativo disciplinar, a primeira pessoa a ser ouvida deve ser o
acusado, a fim de que apresente sua verso para os fatos. Depois, passa-se
declarao da vtima (se houver) e das testemunhas (acusao e defesa,
preferencialmente nessa ordem).
Note-se que essa ordem inversa sugerida em sindicncia, procedimento
investigativo no qual se recomenda colher a declarao do sindicado por ltimo.
Recomenda-se que o encarregado realize entrevista prvia com o declarante, a fim
de assinalar os principais pontos, esclarecendo-lhe, na medida do possvel o motivo
pelo qual foi intimado. A partir da, com o incio da declarao, o encarregado deve
permitir pessoa que est sendo ouvida, falar livremente, relatando passo a passo
como ocorreram os fatos.
164
165
7.3.4.6.2 Interrogatrio
166
7.3.4.6.3 Confisso
167
168
169
170
Excepcionalmente, o acusado poder ser retirado de sala toda vez que sua
presena no recinto importar em constrangimento testemunha. Possuindo
advogado, este acompanhar a oitiva e formular seus questionamentos. Caso o
acusado no conte com advogado, o encarregado dever providenciar-lhe um
defensor ad hoc para aquele ato, que poder ser militar estadual (recomenda-se
seja mais antigo que o acusado).
Importante salientar que toda vez que a medida de retirar o acusado for adotada,
dever haver registro no PAD-RS, podendo ser feito no prprio termo.
A hiptese est tratada no Art. 112 do RDME, verbis:
Constrangimento da testemunha
Art. 112. Verificando o Encarregado do Processo que a presena do acusado,
pela sua atitude, possa influir no nimo da testemunha, dever adverti-lo
formalmente, fazendo o registro nos autos, e, em persistindo na conduta,
dever retir-lo do recinto, permanecendo seu defensor.
Constrangimento pelo acusado-defensor
1. Estando o acusado fazendo a sua prpria defesa, ser este alertado que
poder ser retirado do recinto, sendo-lhe, neste caso, nomeado defensor ad
hoc.
Registro
2. Em qualquer hiptese deste artigo, ser reduzida a termo a ocorrncia,
constando os motivos que ensejaram a providncia tomada.
171
172
quando negar ou calar a verdade, ou at mesmo quando mentir (crime do artigo 346
do CPM).
Nos casos em que o acusado se negar a responder os questionamentos,
recomenda-se ao encarregado consignar uma a uma as perguntas que lhe foram
dirigidas, bem como a eventual resposta que talvez d a qualquer delas, ou a razo
que invocar para seu silncio (CPPM, Art. 305, P. nico).
O crime de falso (fazer afirmao falsa, calar ou negar a verdade) tambm no
imputvel queles que tm particular interesse na causa e que, por conseguinte, no
prestam compromisso legal de dizer a verdade.
O mesmo no ocorre em relao queles que prestam tal compromisso, pois as
testemunhas prestam juramento e tm o dever de falar a verdade e, inclusive,
devero ser alertados sobre o crime em tela (se civil, artigo 342 do Cdigo Penal).
7.3.4.6.11 Analfabeto
7.3.4.6.12 Embriaguez
173
O encarregado dever estar atento, ainda, para o fato de a embriaguez poder ser
proveniente no apenas do uso de lcool, mas de qualquer outra droga, situao na
qual tambm dever adotar semelhante providncia.
174
da
testemunha,
apresentando
os
quesitos
que
deseja
sejam
7.3.4.7 JUNTADAS
175
7.3.4.8 ACAREAO
o ato por meio do qual duas ou mais pessoas so novamente ouvidas pelo
encarregado, simultaneamente, de modo a confrontar seus depoimentos, criando
assim a possibilidade de elucidar os pontos divergentes de suas primeiras oitivas.
No existe restrio com relao condio das pessoas que participaram da
acareao. Assim, pode haver acareao entre testemunhas, acareao entre
acusados, acareao entre vtimas, ou acareao de vrias entre uns e outros.
A acareao deve ser realizada, a critrio do encarregado, apenas quando houver
pontos controvertidos de natureza relevante para a soluo da causa investigada.
Desse modo, no ser qualquer tipo de divergncia, principalmente se irrelevante,
que ensejar tal medida.
Exemplo: quando duas testemunhas diretas declaram coisas diferentes sobre algo
essencial, a acareao pode revelar que uma delas se equivocou, omitiu ou mentiu.
Em havendo uma dessas situaes, comum a testemunha temer mudar sua
verso em razo de isso poder significar, em tese, a ocorrncia de um ilcito. Cabe
ao Encarregado, contudo, esclarecer aos presentes que a legislao penal prev
que o fato deixa de ser punvel se o agente se retrata, dizendo a verdade.
importante assinalar, contudo, ser comum a existncia de depoimentos com
contedos parcialmente diferentes. Isso se deve, muitas vezes, em razo da prpria
percepo pessoal que cada pessoa tem em relao aos fatos, sendo certo que
muitas vezes acaba por misturar suas prprias impresses e sentimentos com aquilo
176
177
7.3.4.10 RECONHECIMENTO
178
por
ltimo,
encarregado
providenciar
lavratura
do
Termo
de
7.3.4.11 RECONSTITUIO
179
Ressalte-se que, por imperativo legal, a diligncia no poder ser realizada quando
contrarie a moralidade ou a ordem pblica, ou atente contra a hierarquia ou a
disciplina militar.
Para sua realizao, e para se alcanar um bom resultado, aconselha-se que o
prprio acusado participe da diligncia, inclusive reproduzindo suas aes quando
da ocorrncia dos fatos. De ser ver, entretanto, que em razo do Princpio do Devido
Processo Legal, no est ele obrigado a participar efetivamente da diligncia, e isso
pelo fato de no ter o dever de produzir prova que o incrimine, embora seja
permitido ao encarregado fazer com que ele pelo menos comparea ao local.
A diligncia, conforme consta do modelo de Termo de Reconstituio, se d por
meio do registro dos fatos mediante a reproduo dos atos praticados, que devero
ser devidamente fotografados. Tais fotografias devero ser necessariamente
juntadas ao processo, como meio de prova, e imediatamente aps o Termo de
Reconstituio. No Termo de Reconstituio dever constar um resumo da
diligncia, fazendo-se sempre aluso s fotografias nas quais esto registrados os
passos do agente.
7.3.4.12 INSPEO
180
Deve ser realizada quando as provas contidas nos autos forem insuficientes para
que o encarregado obtenha informao que em sua sala jamais poderia ter,
principalmente quando for necessrio mentalizar o local onde os fatos ocorreram e
determinar de modo claro a posio na qual estava cada um dos envolvidos, ou
seja, a dinmica dos eventos.
Exemplo: se a testemunha, na posio em que estava, teria sido capaz de ver os
acontecimentos ou mesmo ouvir os dilogos; se sentinela teria sido possvel ver
determinado fato, etc.
Assim, de fundamental importncia que a diligncia seja realizada em horrio
semelhante ao da ocorrncia do fato em apurao.
Ao seu final, questes que se mostravam controvertidas podero se tornar claras,
permitindo ao encarregado chegar a uma concluso sobre determinado ponto
relevante.
Para realizar a diligncia, o encarregado deve se deslocar at a pessoa, coisa ou
local a ser inspecionado e, para o registro, recomenda-se a realizao de
fotografias, a serem juntadas ao processo, bem como deva ele tomar nota de tudo
aquilo que julgar importante, a fim de lhe possibilitar a confeco do Termo de
Inspeo. Pode, ainda, em se tratando de inspeo de local, confeccionar diagrama
(croqui) para melhor esclarecer o episdio.
181
Constitui regra geral aplicveis em tais casos (inclusive quando se tratar da citao)
que o acusado no est obrigado a receber documentos, tampouco assinar o
recebimento.
Nesses casos, deve-se o encarregado adotar a providncia de arrolar duas
testemunhas (instrumentrias), que acompanharo a leitura do documento na
presena do acusado e o assinaro juntamente com o encarregado ( 1 do artigo
101 do RDME).
Jurisprudncia sobre o tema:
STJ RHC 67191/RJ Rel. Min. Clio Borba 03/03/1989 2 Turma
EMENTA: RECURSO DE HABEAS CORPUS. AUTO DE PRISO EM
FLAGRANTE QUE PREENCHE OS REQUISITOS LEGAIS, DELE NO
CONSTANDO APENAS A ASSINATURA DO DETIDO QUE A RECUSOU.
NULIDADES INEXISTENTES. RHC IMPROVIDO.
182
183
184
A garantia da ampla defesa no significa que tal exerccio seja absoluto, a ponto de
inclusive paralisar o PAD. Nessa medida, contudo, o indeferimento de diligncias
requeridas pela defesa dever ser evitado ao mximo, restringindo-se s hipteses
em que restar claro que se trata de expediente meramente protelatrio ou que vise a
185
186
187
188
189
190
circunstncia
de estar o
mdico
no
resulta
191
192
Considera-se fato novo aquele que surge durante do PAD e no est descrito na
portaria inaugural, imputvel igualmente ao acusado.
Para tais casos, conforme estabelece o artigo 87 do RDME, compete ao
Encarregado comunicar o caso Autoridade delegante, que poder:
a) aditar a portaria inicial, caso se trate de fato conexo, hiptese em que o
encarregado dever expedir novo libelo acusatrio (mutatio libelli); ou
b) editar nova portaria, de procedimento inquisitrio ou acusatrio, com a
designao de outro encarregado, quando se tratar de fato diverso e sem
relao com o contido no PAD.
A mutatio libelli tambm est prevista na legislao processual penal, aplicvel
subsidiariamente ao RDME por fora de seu Art. 147. Assim, embora o Cdigo de
Processo Penal Militar (CPPM) no preveja expressamente a hiptese, aplica-se a
ele, subsidiariamente, o Cdigo de Processo Penal (CPP), que em seu Art. 384 trata
de tais casos.
193
7.3.4.26 PRESCRIO
194
so
independentes e podem
se
cumular-se entre
si. Por
195
196
7.3.4.30 RELATRIO
7.3.4.30.1 Noo
197
7.3.4.30.2 Estrutura
198
3) Resumo dos Fatos: na terceira parte do Relatrio, o encarregado deve fazer uma
narrativa sobre o evento, mas limitando-se apenas quilo que possa ser considerado
fato ou acontecimento, ou seja, aquilo que consta nos autos desde o momento da
instaurao do PAD. So os chamados pontos incontroversos, sobre os quais no
paira dvida. Assim, tudo aquilo que configurar opinio (mera verso ou
controvrsia), dever ser apreciado no tpico seguinte (item 4 do Relatrio
Anlise das Provas). Para facilitar a leitura, o encarregado pode subdividir o item
3 em tantos quantos pargrafos forem necessrios.
4) Anlise das Provas: na quarta parte do Relatrio, sem dvida a mais difcil e
relevante, o encarregado faz a apreciao dos elementos de prova existentes.
Verifica se os elementos de convico existentes ao tempo da instaurao do
processo foram ou no confirmados na instruo. A fim de demonstrar as razes de
seu convencimento, o encarregado necessita motivar seu parecer. Nesse sentido,
no lhe basta afirmar que o acusado culpado ou inocente, mas necessita apontar o
meio, a forma, pelo que chegou a tal convencimento. A motivao do ato
administrativo um importante elemento na aferio de sua legalidade, da porque o
encarregado deve explicitar de modo claro as razes de seu convencimento, isto ,
as provas que lastreiam seu parecer.
5) Concluso: ltima parte do Relatrio, na qual o encarregado, com base nos
elementos de convico apontados no item anterior, emite parecer segundo o qual o
acusado culpado ou inocente em relao aos fatos que lhe so atribudos no
processo. Pode, ainda, evidenciar situaes verificadas ao longo do PAD, tais como
outras transgresses, atribuveis ao prprio acusado ou a outrem, bem como a
ocorrncia de qualquer fato que julgue relevante para o conhecimento da autoridade
competente.
199
200
Motivao da deciso
2. Em qualquer hiptese, concordando ou discordando da concluso do
Encarregado do Processo, as decises da autoridade competente sero
motivadas e fundamentadas, sob pena de nulidade.
[...]
- A autoridade administrativa competente, ao efetuar o julgamento dos fatos
apurados em processo administrativo disciplinar, no est vinculada s
concluses do parecer da Comisso de Inqurito, podendo aplicar sano
diversa da sugerida, mesmo mais severa, desde que adequadamente
fundamentada. E ao afastar-se do sugerido no parecer, deve especificar os
pontos em que o mesmo se dissocia das provas colhidas no procedimento,
de modo a demonstrar a necessidade de agravamento da sano disciplinar,
na linha do comando expresso no art. 168, da Lei n 8.112, de 1990.
STJ RMS 6570/RO Rel. Min. Fernando Gonalves 03/03/1997 6
Turma
EMENTA: RMS. FUNCIONRIO PBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR. DEMISSO. APLICAO DE PENA DIVERSA DAQUELA
SUGERIDA PELA COMISSO.
1. No a autoridade administrativa obrigada a acatar o parecer da
Comisso no tocante a pena a ser aplicada. Pode adotar soluo diversa,
porquanto o funcionrio se defende dos fatos que lhe so imputados,
devendo a agravao ou atenuao ser fundamentada.
2. Recurso improvido.
201
8 CONCLUSO
202
9 REFERNCIAS
______. Decreto Lei n. 2.848 de 07 dez. 1940. Cdigo Penal. Disponvel em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm>. Acesso em: 10 out. 2011.
______. Decreto Lei n. 3.689 de 03 out. 1941. Cdigo de Processo Penal. Disponvel em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm>. Acesso em: 15 out. 2011.
______. Decreto Lei n. 1.002 de 21 out. 1969. Cdigo de Processo Penal Militar.
Disponvel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1002.htm>. Acesso em:
12 out. 2011.
______. Lei n. 8.112 de 11 dez. 1990. Estatuto dos Servidores Pblicos Civis da Unio.
Disponvel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8112cons.htm>.
Acesso em: 14 out. 2011.
______. Lei n. 8.429 de 02 jun. 1992. Dispe sobre os Casos de Enriquecimento Ilcito por
parte
dos
Agentes
Pblicos.
Disponvel
em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8429.htm>. Acesso em: 12 out. 2011.
203
204
MELLO. Celso Antnio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 14. ed. So
Paulo: Malheiros, 2002.
MEDAUAR, Odete. A Processualidade no Direito Administrativo. 2. ed. So
Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
MIKALOVSKI, Algacir. Prtica em Processos e Procedimentos Administrativos.
Curitiba: Juru, 2002. v. 1.
OSRIO, Fbio Medina. Direito Administrativo Sancionador. 3. ed. So Paulo:
Revista dos Tribunais, 2009.
PORTA, Marcos. Processo Administrativo e o Devido Processo Legal. So
Paulo: Quartier Latin, 2003.
PRADO, Geraldo. Sistema Acusatrio: A Conformidade Constitucional das Leis
Processuais Penais. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
SILVA, Edson Jacinto da. Sindicncia e Processo Administrativo Disciplinar. So
Paulo: Servanda, 2009.
SILVA, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29. ed. So
Paulo: Malheiros, 2007.
REIS, Antnio Carlos Palhares Moreira. Processo Disciplinar. 2. ed. Braslia:
Consulex, 1999.
A AUTUAO DISCIPLINAR
1. NOO
2. FINALIDADE
3. NATUREZA
JURDICA
4. COMPOSIO
5. COMPETNCIA
6. SUJEIO
7. FONTE
NORMATIVA
8. PRAZOS
9. OBSERVAES
IMPORTANTES
No impede a instaurao
administrativo disciplinar.
de
posterior
processo
A SINDICNCIA
1. NOO
2. FINALIDADE
3. NATUREZA
JURDICA
4. COMPOSIO
5. COMPETNCIA
6. SUJEIO
7. FONTE
NORMATIVA
8. PRAZOS
9. OBSERVAES
IMPORTANTES
O PAD-RS
1. NOO
2. FINALIDADE
3. NATUREZA
JURDICA
4. COMPOSIO
5. COMPETNCIA
6. SUJEIO
7. FONTE
NORMATIVA
8. PRAZOS
9. OBSERVAES
IMPORTANTES
O PAD-RO
1. NOO
2. FINALIDADE
3. NATUREZA
JURDICA
4. COMPOSIO
5. COMPETNCIA
6. SUJEIO
7. FONTE
NORMATIVA
8. PRAZOS
9. OBSERVAES
IMPORTANTES
O CD
1. NOO
2. FINALIDADE
3. NATUREZA
JURDICA
4. COMPOSIO
5. COMPETNCIA
6. SUJEIO
7. FONTE
NORMATIVA
8. PRAZOS
9. OBSERVAES
IMPORTANTES
O CJ
1. NOO
2. FINALIDADE
3. NATUREZA
JURDICA
4. COMPOSIO
5. COMPETNCIA
Governador do Estado.
6. SUJEIO
Apenas os Oficiais.
7. FONTE
NORMATIVA
8. PRAZOS
9. OBSERVAES
IMPORTANTES
POLCIA MILITAR
OME
AUTUAO
_________________________
ENCARREGADO DO PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
SEO DE POLCIA ADMINISTRATIVA E JUDICIRIA SPAJ
desfavor
do
acusado
seguinte:
________________________________________
COMANDANTE DO _____ BPM
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
TERMO DE ABERTURA
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
CITAO
O
_____________________,
RG________,
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
MANDADO DE CITAO
O
_____________________,
RG________,
MANDA,
Ao policial militar que este receber, que se dirija at a sede do _____ BPM, ou local
onde for encontrado o ___________________, RG_________, e l fao sua
CITAO, cientificando-o de que, por meio de ato ordinatrio baixado pelo
Comandante do ______BPM, foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar de
Rito Sumrio, em cujos termos do Libelo Acusatrio, que segue em anexo, o Militar
Estadual citado acusado formalmente de prtica de transgresso da disciplina.
Assim, de acordo com as regras do Art. 129, 3 do RDME, o acusado dever
apresentar, pessoalmente, ou por meio de Defensor, e no prazo de 02 (dois) dias, as
Razes Escritas em Defesa Prvia, sendo facultado, desde j, vista dos autos,
inclusive cpias, e acompanhamento de todos os atos processuais, alm do
requerimento de diligncias.
Quartel em __________________, ___/___/___.
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
LIBELO ACUSATRIO
O
_____________________,
RG________,
ACUSA FORMALMENTE,
O ___________________, RG_________, visto que conforme Portaria de
instaurao do PAD-RS, e seus anexos, ao militar imputada a seguinte conduta:
1) Em data de __/__/____, s _________h, estando ___________(DE FOLGA ou
DE SERVIO), no ________________ (LOCAL), _____________ (VERBO que
indica a ao ou omisso) _______________________ (complemento que indica,
que demonstra o fato), ______________ (forma como o acusado agiu), conforme
emerge de ________________ (documentos que registraram o fato).
Infringiu, em tese o Art. ______ (descrio da transgresso) do RDME.
Transgresso classificada como ___________.
Agravantes: ______________.
Atenuantes: ______________.
Rol de testemunhas ______________.
Quartel em __________________, ___/___/___.
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
TERMO DE INTERROGATRIO
___________________ - RG_________
__________
(ESTADO
RESIDENCIAL);
__________
(UNIDADE
CIVIL);
EM
__________
QUE
SERVE),
(ENDEREO
__________
(TELEFONE).
Ciente da acusao que pesa em seu desfavor, ao ser interrogado sobre os fatos o
Policial Militar DISSE: QUE __________; QUE __________; QUE __________.
PERGUNTADO, RESPONDEU: QUE __________; QUE __________.
E como nada mais disse nem lhe foi perguntado, dei por encerrado o presente
termo, que depois de lido e achado conforme, vai devidamente assinado pelo
Interrogado, pelo seu Defensor e por mim, Encarregado do presente PAD, que
digitei (ou mandei digitar).
________________________________________
ACUSADO
________________________________________
DEFENSOR
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
TERMO DE DECLARAO
___________________ - RG_________
(NATURALIDADE);
__________
(DATA
DE
NASCIMENTO);
__________
(ESTADO
__________
(ENDEREO
RESIDENCIAL);
CIVIL);
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
TERMO DE INFORMAO
___________________ - RG_________
(NATURALIDADE);
__________
(DATA
DE
NASCIMENTO);
__________
(ESTADO
__________
(ENDEREO
RESIDENCIAL);
CIVIL);
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
MANDADO DE INTIMAO
O
_____________________,
RG________,
MANDA,
Ao policial militar que este receber, que se dirija a ____ (LOCAL), ou no local onde
for encontrado _________________ (NOME DA TESTEMUNHA), e l o intime a
comparecer sala do na sala do __________, Quartel do ______ (OME), situado
__________ (ENDEREO), s _____h do dia ___/___/___, a fim de ser ouvido em
Processo Administrativo Disciplinar de Rito Sumrio (PAD-RS), na qualidade de
Testemunha arrolada pela Defesa.
Quartel em __________________, ___/___/___.
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
Em: _____/_____/_______.
Recebi uma via.
______________________
Assinatura
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
Considerando ter sido designado Encarregado de PAD-RS por ato do Sr. Ten Cel
QOC_________________, Comandante do_________, e em razo da necessidade
de realizao de diligncias, solicito a V. Sa. que se digne em fazer apresentar a
este Encarregado, na sala do na sala do __________, Quartel do ______ (OME),
situado __________ (ENDEREO) os seguintes Militares Estaduais:
1. ___________________ - RG_________, s _____h do dia ___/___/___.
2. ___________________ - RG_________, s _____h do dia ___/___/___.
3. ___________________ - RG_________, s _____h do dia ___/___/___.
Respeitosamente,
Quartel em __________________, ___/___/___.
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
TERMO DE JUNTADA
Aos ______ dias do ms de ______ do ano de ______, nesta Cidade de _________,
Estado do Esprito Santo, na sala do __________, Quartel do ______ (OME), EU,
_____________________, RG________, Encarregado do PAD-RS, instaurado por
meio da Portaria N ___/____ SPAJ/OME fao a JUNTADA aos autos dos
seguintes documentos:
1. Laudo de __________, fl._____;
2. Boletim de Ocorrncia n __________, fl._____;
3. Relatrio de CPU __________, fl._____;
4. Cpia do Livro __________, fl._____;
Os documentos foram autuados ao presente processo, do que, para constar, EU,
_____________________, RG________, Encarregado do PAD-RS, lavrei o
presente Termo.
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
TERMO DE ACAREAO
________________________________________
TESTEMUNHA
________________________________________
TESTEMUNHA
________________________________________
ACUSADO
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
RG________,
que
exibiu
______________
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
TERMO DE ENTREGA/RESTITUIO
________________________________________
RECEBEDOR
________________________________________
TESTEMUNHA
________________________________________
TESTEMUNHA
________________________________________
ACUSADO
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
TERMO DE RECONHECIMENTO
testemunhas
_____________________,
RG________
(CONSIGNAR
TODA
DESCRIO
RELATADA
PELO
____________________,
RG________;
3)
RG________;
2)
____________________,
____________________,
RG________;
4)
________________________________________
RECONHECEDOR
POLCIA MILITAR
OME
________________________________________
TESTEMUNHA
________________________________________
TESTEMUNHA
________________________________________
ACUSADO
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
_____________________,
RG________,
do
acusado
POLCIA MILITAR
OME
________________________________________
VTIMA
________________________________________
TESTEMUNHA
________________________________________
TESTEMUNHA
________________________________________
ACUSADO
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
TERMO DE INSPEO
_____________________,
RG________,
do
acusado
________________________________________
TESTEMUNHA
________________________________________
TESTEMUNHA
________________________________________
ACUSADO
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
NOTIFICAO
O
_____________________,
RG________,
NOTIFICA,
O ___________________, RG_________, tendo em vista o encerramento das
investigaes realizadas no Processo Administrativo Disciplinar de Rito Sumrio,
para que, no prazo regulamentar de 02 (dois) dias, contados a partir do recebimento
desta, apresente, consoante o artigo 129, 6 do RDME, a Defesa Escrita em
Alegaes Finais, com referncia s acusaes em seu desfavor, tendo para tanto
livre acesso aos respectivos autos no Cartrio da Seo de Polcia Administrativa e
Judiciria do _____ (OME).
Quartel em __________________, ___/___/___.
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
Em: _____/_____/_______.
Recebi uma via.
______________________
Assinatura
POLCIA MILITAR
OME
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
RITO SUMRIO
RELATRIO
1 HISTRICO DO PROCESSO
1.1 Fundamento
O presente Processo Administrativo Disciplinar, instaurado por meio da Portaria N
___/____ SPAJ/OME, da lavra do Sr. Ten Cel QOC, Comandante do
________________ da Polcia Militar do Estado do Esprito Santo, e teve como
acusado o _____________________, RG________, e teve por fundamento o
__________________
(REPRESENTAO,
COMUNICAO
DISCIPLINAR,
SINDICNCIA, ETC.).
1.2 Fato
________________________(NCLEO DA CONDUTA ATRIBUDA AO ACUSADO).
1.3 Data/hora
___/___/___ _____h.
1.4 Em servio
_______ (SIM OU NO).
1.5 Acusao
_______________________(DESCRIO DA TRANSGRESSO DISCIPLINAR).
1.6 Dispositivos infringidos
Artigo ___, inciso ___, alnea ___.
POLCIA MILITAR
OME
POLCIA MILITAR
OME
Cotejando o que consta da acusao, as teses apresentadas pela defesa, bem como
o que foi produzido ao longo do PAD-RS, verifica-se que (APONTAR DE MODO
FUNDAMENTADO SE A ACUSAO CONTIDA NA PORTARIA FOI CONFIRMADA
OU INFIRMADA PELAS PROVAS PRODUZIDAS NA INSTRUO PROCESSUAL,
INDICANDO
INCLUSIVE
OS
MEIOS
DE
PROVA
QUE
FORMAM
CONVENCIMENTO DO ENCARREGADO).
RG________
_______________
(CULPADO,
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
Em: _____/_____/_______.
Ciente.
______________________
Assinatura
POLCIA MILITAR
OME
________________________________________
ENCARREGADO DE PAD-RS
REGULAMENTO DISCIPLINAR
DOS MILITARES ESTADUAIS DO
ESTADO DO ESPRITO SANTO
PARTE GERAL
TTULO I
DISPOSIES GERAIS
CAPTULO I
Generalidades
Previso estatutria
Art. 1 O presente Regulamento baixado em obedincia ao estabelecido em
norma estatutria, para regular os assuntos relacionados disciplina nas instituies
militares estaduais.
Finalidade
Art. 2 O Regulamento Disciplinar dos Militares Estaduais do Estado do
Esprito Santo (RDME) tem por finalidade instituir o regime disciplinar, tipificar,
classificar e mensurar as transgresses disciplinares, estabelecer normas relativas
amplitude e aplicao das sanes disciplinares, classificao do comportamento do
militar estadual, interposio de recursos contra a aplicao das sanes e concesso de
recompensas.
Camaradagem e companheirismo
Art. 3 A camaradagem e o companheirismo tornam-se indispensveis
formao e ao convvio da famlia militar estadual, cumprindo existir as melhores relaes
sociais entre os militares.
Harmonia
Pargrafo nico Incumbe aos superiores incentivar e manter a harmonia, a
solidariedade e a amizade entre seus subordinados.
Civilidade e respeito mtuo
Art. 4 A civilidade parte da educao militar e, como tal, de interesse vital
para a disciplina consciente, e por isso necessrio que o militar estadual demonstre
considerao e respeito para com seus superiores, iguais ou subordinados, em
conformidade com as normas legais e regulamentares, devendo o superior hierrquico
tratar os subordinados com educao e justia, interessando-se pelos seus problemas,
encaminhando-os a quem de direito de acordo com cada rea especfica.
Respeito a outros militares e civis
Pargrafo nico - As demonstraes de camaradagem, cortesia e considerao,
existentes entre os militares estaduais, devem ser dispensadas aos militares das Foras
Armadas, aos policiais de outras instituies e aos cidados em geral.
Organizao Militar Estadual - OME
Art. 5 Para efeito deste Regulamento, Organizao Militar Estadual
(OME) a denominao genrica dada a corpo de tropa, repartio, estabelecimento ou a
CAPTULO II
Hierarquia
Art. 6 A hierarquia militar a ordenao da autoridade, em nveis diferentes,
dentro da estrutura da PMES e do CBMES, por postos e graduaes.
Previso legal da hierarquia
1 A ordenao dos postos e graduaes a definida estatutariamente.
Respeito Hierarquia
2 O respeito hierarquia consubstanciado no esprito de acatamento
seqncia de autoridade.
Disciplina
Art. 7 A disciplina militar estadual a rigorosa observncia e o acatamento
integral das leis, regulamentos, normas e disposies, traduzindo-se pelo perfeito
cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes da PMES e do
CBMES.
Manifestaes de Disciplina
1 So manifestaes essenciais de disciplina:
I - A correo de atitudes;
II - A rigorosa observncia das prescries legais e regulamentares.
III - A obedincia pronta s ordens legais;
IV - A dedicao integral ao servio;
V - A colaborao espontnea disciplina coletiva e eficincia da instituio;
VI - A conscincia das responsabilidades;
VII O zelo para a preservao dos padres de qualidade profissional,
objetivando a melhoria e a credibilidade perante a opinio pblica;
VIII As manifestaes espontneas de acatamento dos valores e deveres
morais e ticos.
Abrangncia interpessoal dos institutos
2 A disciplina e o respeito hierarquia devem ser mantidos,
permanentemente, pelos militares estaduais da ativa e da inatividade.
Vedao de divulgao de assuntos
3 vedado ao militar estadual, na ativa ou na inatividade, tratar, no meio
civil, pela imprensa ou por outro meio de divulgao, de assuntos de natureza militar, de
carter sigiloso ou funcional, ou que atente contra os princpios da hierarquia, da
CAPTULO III
TTULO II
CAPTULO I
CAPTULO II
Sanes Disciplinares
CAPTULO III
Objetivo
Art. 24 A sano disciplinar objetiva assegurar a regularidade e o
aperfeioamento do servio realizado pela PMES e CBMES, bem como a reeducao do
infrator, servindo como meio de preveno geral, buscando o fortalecimento da disciplina.
Excluso de transgresso disciplinar
Art. 25 No h transgresso disciplinar quando o militar estadual praticar o
ato e for reconhecida qualquer uma das seguintes causas de justificao:
I Ter sido cometida a transgresso na prtica de ao meritria, no interesse
do servio ou da ordem pblica;
II Ter sido cometida a transgresso em legtima defesa, prpria ou de outrem,
ou no exerccio regular de direito;
III Ter sido cometida a transgresso sob coao irresistvel ou em estrita
obedincia a ordem legal de superior hierrquico;
IV Ter sido cometida a transgresso pelo uso imperativo da fora a fim de
compelir o subordinado a cumprir rigorosamente o seu dever, no caso de perigo,
necessidade urgente, calamidade pblica, manuteno da ordem ou da disciplina;
V Ter sido cometida a transgresso em decorrncia de caso fortuito ou
motivo de fora maior, plenamente comprovado e justificado.
Publicidade da causa de justificao
Pargrafo nico Quando ocorrer causa de justificao, em relao s
transgresses graves ou gravssimas, esta circunstncia poder ser publicada em
substituio sano que deveria ser aplicada.
Circunstncias agravantes
Art. 26 So circunstncias agravantes:
I A existncia de registro de sano disciplinar nos assentamentos do
transgressor;
II A reincidncia especfica da transgresso;
III Mau ou insuficiente comportamento;
IV A prtica simultnea ou conexo de duas ou mais transgresses;
V O conluio de duas ou mais pessoas;
VI Ser praticada a transgresso durante a execuo do servio ou em razo
dele;
VII Ser cometida a transgresso na presena de subordinado;
VIII Ter abusado o transgressor de sua autoridade hierrquica e/ou funcional;
IX Ser praticada a transgresso com premeditao;
X Ter sido praticada a transgresso em presena de tropa e/ou pblico;
XI Ter sido cometida a transgresso, estando o militar fardado e de folga.
Prtica simultnea ou conexo
Pargrafo nico No caso previsto no inciso IV, na aplicao da sano ser
considerada a transgresso de maior gravidade, ficando as demais como agravantes.
Circunstncias atenuantes
Art. 27 So circunstncias atenuantes:
I A existncia de registro de recompensa nos assentamentos do transgressor;
II timo ou excepcional comportamento;
III Relevncia de servios prestados;
IV Ter sido cometida a transgresso para evitar mal maior;
V Nunca ter sofrido sano disciplinar;
VI Ter o transgressor confessado espontaneamente a transgresso;
VII A falta de prtica do servio;
VIII Ter se reabilitado de sano(es) anterior(es);
IX Nunca ter sofrido sano pela prtica de transgresso disciplinar
classificada como gravssima.
Falta de prtica do servio
Pargrafo nico Caracteriza falta de prtica do servio:
I Estar o militar estadual h menos de um ano nas fileiras da PMES ou do
CBMES;
II Estar freqentando curso de formao em qualquer nvel;
III Estar o militar estadual h menos de seis meses na atividade funcional
especfica, quando do cometimento da infrao disciplinar referente ao servio.
Fixao da sano disciplinar
Art. 28 Para fixao das sanes disciplinares de advertncia, repreenso e
deteno, sero observadas as seguintes regras:
I Para a transgresso disciplinar Leve:
a) havendo equilbrio ou prevalncia de circunstncias atenuantes, aplicar-se-
a sano de ADVERTNCIA;
b) havendo prevalncia de circunstncias agravantes, aplicar-se- a sano de
REPREENSO;
II Para a transgresso disciplinar Mdia, a sano base ser de quatro (4) dias
de DETENO, sendo a sano mnima de um (1) dia e a mxima de seis (6) dias;
III Para a transgresso disciplinar Grave, a sano base ser de dez (10) dias
de DETENO, sendo a sano mnima de sete (7) dias e a mxima de treze (13) dias;
IV - Para a transgresso disciplinar Gravssima, a sano base ser de dezessete
(17) dias de DETENO, sendo a sano mnima de quatorze (14) dias e a mxima de
vinte (20) dias;
Clculo da Sano
1 A fixao das sanes previstas nos incisos II a IV deste artigo ser feita,
adicionando-se ou subtraindo-se da sano base a diferena resultante entre o nmero de
circunstncias atenuantes e agravantes, respeitados os limites mnimos e mximos
previstos;
Equivalncia
2 - Para efeito da fixao da sano a que se refere o pargrafo anterior, cada
circunstncia atenuante ou agravante equivaler a um (1) dia.
Sano mnima
3 - Quando se tratar de transgressor que nunca tenha sofrido sano
disciplinar, poder ser aplicada a sano mnima prevista, independente do nmero de
circunstncias agravantes e atenuantes, ou at mesmo ser a transgresso desclassificada
para a imediatamente anterior.
Desclassificao
4 - Havendo a desclassificao prevista no pargrafo anterior, ser aplicada a
sano estabelecida para a nova classificao de acordo com o previsto no 1.
CAPTULO IV
Reviso do Processo
Art. 48 O processo disciplinar poder ser revisto, a pedido, no prazo de cento
e vinte (120) dias, ou "ex-officio", no prazo de dois (02) anos, desde que sejam
apresentados indcios de que:
I o ato disciplinar tenha sido contrrio ao texto expresso deste Regulamento
ou evidncia dos autos;
II o ato disciplinar tenha se baseado em depoimentos, exames ou documentos
comprovadamente falsos;
III aps o ato disciplinar, foram descobertas novas provas de inocncia do
militar estadual ou de circunstncia que determine ou autorize diminuio especial da
sano disciplinar.
Reiterao do pedido
Pargrafo nico No ser admissvel a reiterao do pedido, salvo se fundado
em provas novas.
Competncia para o pedido de reviso
Art. 49 A reviso poder ser pedida pelo prprio militar ou por procurador
legalmente habilitado.
Modificao
Art. 50 A modificao da aplicao de sano disciplinar pode ser realizada
pela autoridade que a aplicou ou por outra, superior e competente, discriminada no Art. 10,
desde que devidamente motivada, quando a sano disciplinar aplicada estiver alm ou
aqum do limite mximo e mnimo legal, ou ainda quando houver injustia ou ilegalidade
na sua aplicao.
Avocao
Art. 51 A autoridade superior quela que aplicou a sano disciplinar, ao
concluir que a mesma deve ser agravada ou atenuada, poder avocar para si a soluo e
agrav-la ou atenu-la, dentro dos limites legais, desde que devidamente motivada.
Formas de modificao
Art. 52 As modificaes da aplicao da sano disciplinar so:
I A anulao;
II A atenuao;
III A agravao.
Anulao
Art. 53 A anulao da sano disciplinar consiste na declarao de invalidade
do ato punitivo ilegtimo ou ilegal, retroagindo seus efeitos sua origem, invalidando as
conseqncias passadas, presentes e futuras do ato anulado.
Eliminao de registro
1 A anulao da sano disciplinar deve eliminar todo e qualquer registro
referente quele ato nas alteraes do militar estadual.
Concesso durante o cumprimento de deteno
2 A anulao, sendo concedida ainda durante o tempo de cumprimento da
deteno, importa na colocao imediata do militar estadual em liberdade.
Reverso em folga
3 Havendo a anulao de deteno, o perodo j cumprido ser revertido
em dobro, em folga.
Atenuao
Art. 54 A atenuao de sano disciplinar consiste na transformao da
punio proposta ou aplicada em uma menos rigorosa, se assim o exigir o interesse da
disciplina e da ao educativa do punido, respeitados os limites previstos para a falta neste
Regulamento.
Agravao
Art. 55 A agravao de punio disciplinar consiste na transformao da
punio proposta ou aplicada em uma mais rigorosa, se assim exigir o interesse da
disciplina e da ao educativa do punido, respeitados os limites previstos para a falta neste
Regulamento.
Prazo para agravao
Art. 56 Findo o prazo de quinze (15) dias, aps a data da publicao da
sano aplicada, ela no mais poder ser agravada.
TTULO III
CAPTULO NICO
Classificao do Comportamento
Comportamento
Art. 57 O comportamento militar espelha o procedimento civil e funcional da
praa, sob o ponto de vista disciplinar.
Competncia
1 A classificao de comportamento da competncia das autoridades
elencadas no art. 10, obedecido o disposto neste Captulo.
Comportamento inicial
2 Ao ingressar na Instituio Militar Estadual, a praa ser classificada no
comportamento militar bom.
Espcies de comportamento
Art. 58 O comportamento da praa deve ser classificado em:
I Excepcional - quando no perodo de seis anos de efetivo servio no tenha
sofrido qualquer sano disciplinar;
II timo - quando no perodo de quatro anos de efetivo servio tenha sido
punida, no mximo, em decorrncia da prtica do equivalente a uma transgresso
classificada como mdia;
III Bom - quando no perodo de dois anos de efetivo servio, tenha sido
punida em decorrncia da prtica do equivalente a menos de uma transgresso classificada
como gravssima;
IV Insuficiente - quando no perodo de um ano de efetivo servio, tenha sido
punida em decorrncia da prtica do equivalente a at uma transgresso classificada como
gravssima;
V Mau - quando no perodo de um ano de efetivo servio, tenha sido punida
em decorrncia da prtica do equivalente a mais de uma transgresso classificada como
gravssima.
Equivalncia das transgresses
1 Apenas para efeito do que trata este artigo, deve-se fazer a seguinte
correlao:
I Duas transgresses leves equivalem a uma mdia;
II Duas transgresses mdias equivalem a uma grave;
III Duas transgresses graves equivalem a uma gravssima.
Casos de condenao
2 Para efeito do que trata este artigo:
I A condenao transitada em julgado por prtica de crime implicar na
classificao no comportamento militar "mau", mesmo nos casos de prescrio da pena
imposta;
TTULO IV
DIREITOS E RECOMPENSAS
CAPTULO I
Recursos
Interposio de recurso objetivo
Art. 61 Todo militar estadual que se julgue, ou julgue subordinado seu,
prejudicado ou injustiado por superior hierrquico, na esfera disciplinar, tem o direito de
interpor recurso disciplinar objetivando reverter a situao.
Tipos de recursos
Pargrafo nico So recursos disciplinares:
I O Pedido de Reconsiderao de Ato;
II A Representao.
Reconsiderao de ato
Art. 62 Reconsiderao de ato o recurso interposto, mediante requerimento,
por meio do qual o militar estadual, que se julgue, ou julgue subordinado seu, prejudicado
ou injustiado, solicita autoridade que praticou o ato o reexame de sua deciso.
Encaminhamento
1 O pedido de reconsiderao de ato poder ser encaminhado diretamente
autoridade que praticou o ato.
Prazo para apresentao
2 O pedido de reconsiderao de ato deve ser apresentado no prazo de
quinze (15) dias, a contar da data de publicao da sano imposta.
Prazo para deciso
3 A autoridade competente a quem dirigido o pedido de reconsiderao
de ato dever decidir no prazo de oito (08) dias teis, contados da data de entrada do
recurso.
Representao
Art. 63 Representao o recurso disciplinar interposto, mediante
requerimento do prprio ofendido, ou por autoridade que julgue subordinado seu estar
sendo vtima de ofensa, injustia, ilegalidade ou prejudicado em seus direitos, por ato de
autoridade superior, dirigido diretamente ao superior imediato desta autoridade.
Afastamento da subordinao
1 A critrio da autoridade superior o ofendido poder ser afastado da
subordinao direta da autoridade contra quem foi formulado o recurso, at que o mesmo
seja julgado.
Prazos da representao
2 Aplicam-se representao os prazos estabelecidos nos pargrafos 2 e
3 do artigo anterior.
Efeito suspensivo
Art. 64 A autoridade competente para apreciar o recurso poder, vendo
razes para isso, receb-lo com efeito suspensivo, quando ento o incio do cumprimento
da sano ficar condicionado publicao da soluo do recurso.
Apresentao de recurso
Art. 65 A apresentao de recurso disciplinar deve ser feita individualmente,
tratar de caso especfico, cingir-se aos fatos que o motivaram e sem utilizar comentrios
ofensivos autoridade.
Situao Excepcional
1 O incio da contagem do prazo para apresentao de recurso disciplinar
pelo militar estadual ser:
I da data em que cessar a situao impeditiva, quando estiver executando
servio ou ordem que o impea de apresent-lo;
II da data de sua apresentao ou da notificao, quando estiver afastado
temporariamente do servio.
Recurso prejudicado
2 O recurso disciplinar que contrarie o prescrito neste Captulo
considerado prejudicado pela autoridade a quem foi destinado, cabendo a esta mandar
arquiv-lo e publicar sua deciso em boletim, dando cincia, por notificao, ao
interessado.
CAPTULO II
Reabilitao
Reabilitao
Art. 66 Reabilitao o direito concedido ao militar estadual de ser
reabilitado, tendo apagadas a averbao de sanes disciplinares e outras notas a elas
relacionadas, em seu cadastro, assegurando-lhe o sigilo dos registros sobre seu processo e
sano disciplinar.
Prazos da reabilitao
Art. 67 A reabilitao ocorrer, ex-officio, decorridos os seguintes prazos,
tendo como base a data da publicao da sano disciplinar imposta, sem que o militar
estadual tenha sofrido qualquer punio disciplinar:
I Cinco (05) anos, quando a sano for pela prtica de transgresso
classificada como gravssima;
II Quatro (04) anos, quando a sano for pela prtica de transgresso
classificada como grave;
III Trs (03) anos, quando a sano for pela prtica de transgresso
classificada como mdia;
IV Dois (02) ano, quando a sano for pela prtica de transgresso
classificada como leve.
Forma de publicidade da reabilitao
1 A Nota de Reabilitao ser publicada em boletim competente.
Eliminao das anotaes
2 A eliminao das anotaes nas fichas disciplinares ser com o
tingimento de todas as anotaes de modo que no seja possvel a sua leitura, registrandose apenas o nmero e a data do boletim que publicou o ato administrativo que formalizou a
reabilitao, procedendo-se de forma anloga em outros sistemas de registro existentes.
CAPTULO III
Recompensas
Recompensas
Art. 68 Recompensas constituem reconhecimento por bons servios
prestados por militar estadual.
Tipos de recompensas
Art. 69 Alm de outras previstas em leis e regulamentos especiais, so
recompensas aos militares estaduais:
I O elogio individual;
II As dispensas do servio.
Elogio individual
Art. 70 O elogio individual, que coloca em relevo as qualidades morais e
profissionais, somente poder ser formulado a militar estadual que se haja destacado do
TTULO V
PROCESSO E PROCEDIMENTO
CAPTULO I
Disposies Preliminares
CAPTULO II
Competncia
Competncia
Art. 77 A competncia processual disciplinar na PMES e no CBMES ser
exercida pelas autoridades militares estaduais enumeradas no artigo 10, respeitadas as
normas deste Regulamento e o poder de avocao das autoridades superiores e da
Corregedoria.
Delegao
1 Obedecidas as normas regulamentares de circunscrio, hierarquia e
comando, as atribuies para instaurar processo disciplinar podero ser delegadas a militar
estadual para fins especificados e por tempo limitado, vedada a delegao de competncia
para julgamento do processo.
Restrio autoridade disciplinar e processante
2 Quando a autoridade competente para determinar a instaurao do
processo disciplinar e aplicar sano disciplinar ao infrator exercer, por iniciativa prpria, a
funo de Encarregado, ficar, automaticamente, impedida de emitir deciso final no
processo e punir o infrator, repassando-se esta competncia autoridade hierarquicamente
superior e competente.
Conflito de atribuies entre autoridades
3 Quando duas autoridades de nveis hierrquicos diferentes, ambas com
competncia para determinar a instaurao de processo disciplinar e aplicar sano
disciplinar ao infrator, tomarem conhecimento da prtica de transgresso disciplinar cabe
s de nvel hierrquico inferior determinar a instaurao do processo disciplinar, a fim de
evitar a supresso de instncia administrativa da autoridade de menor nvel.
Obrigatoriedade de instaurao do PAD
Art. 78 A autoridade militar estadual que tiver cincia de irregularidades no
mbito de sua subordinao obrigada a promover a apurao imediata, mediante processo
administrativo disciplinar, assegurando ao acusado o contraditrio e a ampla defesa.
CAPTULO III
Denncia
Art. 80 As denncias sobre infraes disciplinares sero objeto de apurao,
desde que contenham a identificao, assinatura e o endereo do denunciante e sejam
formuladas por escrito, confirmada a autenticidade.
Comunicao
1 As comunicaes de irregularidades feitas por militar estadual
obedecero as normas internas de correspondncia, com tramitao regular atravs dos
canais de comando.
Anonimato
2 Os fatos denunciados de forma annima sero objeto de levantamento
pelos setores competentes da PMES e do CBMES, cujo resultado, quando procedente, ser
comunicado na forma do 1.
Proibio de juntada
3 A denncia annima no caracteriza prova documental, no podendo ser
juntada em comunicao, sindicncia ou processo administrativo disciplinar.
Prova impertinente
4 O documento da denncia que no contiver assinatura, identificao e o
endereo do denunciante ser caracterizado como prova impertinente.
Arquivamento da denncia
5 Quando o fato no constituir infrao disciplinar ou ilcito penal, a
denncia ser arquivada, por falta de objeto.
CAPTULO IV
Sindicncia
Instaurao de sindicncia
Art. 81 A autoridade competente para aplicar sano disciplinar, nos termos
deste Regulamento, no havendo elementos suficientes para instaurao de processo
disciplinar, por falta de indcios da autoria ou no estar caracterizada adequadamente, em
tese, a infrao disciplinar, poder determinar, preliminarmente, a instaurao de
sindicncia, designando autoridade sindicante, com o prazo mximo de 15 (quinze) dias,
prorrogvel por at igual perodo, para sua concluso.
Resultado da sindicncia
Art. 82 Da sindicncia poder resultar:
CAPTULO V
Seo I
Generalidades
Incio do processo
Art. 86 O Encarregado do PAD dever iniciar o processo imediatamente aps
tomar conhecimento oficial da designao, com o recebimento da portaria delegatria.
Seo II
Encarregado do Processo
Encarregado do Processo
Art. 87 O PAD ordinrio ter como Encarregado oficial hierarquicamente
superior ao acusado, designado mediante portaria delegatria, podendo ainda o processo
ser avocado pela Corregedoria.
Encarregado de mesmo posto
1 Em casos excepcionais, poder ser designado como Encarregado, oficial
do mesmo posto que o acusado, desde que mais antigo.
Infrao disciplinar diversa
2 Se, no decorrer do processo, o Encarregado averiguar a existncia de
outra infrao disciplinar, diversa daquela que lhe foi determinado apurar, imputvel ao
acusado, dever informar, obrigatoriamente, este fato, autoridade delegante, que poder
tomar uma das seguintes providncias:
I Aditar a portaria delegatria inicial, atribuindo competncia ao Encarregado
para investigar igualmente esta outra infrao disciplinar imputada ao acusado;
II Editar nova portaria, designando outro Encarregado para apurar esta outra
infrao disciplinar imputada ao acusado.
Dedicao integral
Art. 88 Se necessrio, o Encarregado poder ser dispensada de suas funes
normais, para que possa dedicar-se, com exclusividade, aos trabalhos do processo, at a
entrega do relatrio final.
Polcia das sesses
Art. 89 O Encarregado prover a regularidade do processo e a execuo da
lei e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo determinar o que for
conveniente manuteno da ordem.
Independncia e imparcialidade da autoridade processante
Pargrafo nico O Encarregado exercer suas atividades com absoluta
independncia e imparcialidade.
Competncias do Encarregado
Art. 90 Compete ao Encarregado do Processo colher todas as provas que
sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstncias, adotando, se necessrio, as
seguintes providncias:
I Ouvir denunciantes, ofendido, testemunhas e acusados;
II Proceder reconhecimento de pessoas ou coisas;
III Proceder acareaes;
IV Determinar a realizao de provas e exames periciais que julgar
necessrios ou quando solicitados;
Seo III
Defensor
Defensor
Art. 94 No PAD de rito ordinrio, o acusado, ainda que ausente, no poder
ser processado ou julgado administrativamente sem defensor.
Defensor ad-hoc
1 Se o acusado no tiver constitudo, ser-lhe- nomeado defensor pelo
Encarregado do Processo, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua
confiana.
Do defensor nomeado
Seo IV
Seo V
Instaurao
Instaurao
Art. 97 A instaurao formalizada pela autuao da portaria, qual devero
estar juntadas cpias da denncia ou comunicao, do libelo acusatrio e da ficha
funcional do acusado, e se efetiva com a citao vlida.
Libelo acusatrio
Art. 98 O Encarregado do Processo formular o libelo acusatrio, por escrito,
expondo o fato, com suficiente especificidade, de modo a delimitar o objeto da
controvrsia e a permitir a plenitude da defesa.
Contedo do Libelo Acusatrio
1 O Libelo Acusatrio conter:
I O nome do acusado;
II A exposio, deduzida por artigo(s), da(s) transgresso(es) disciplinar(es)
imputada(s) ao acusado;
III A indicao das circunstncias agravantes e de todos os fatos que devam
influir na aplicao da sano disciplinar;
IV O rol de testemunhas, se houver;
V O nome e a assinatura do Encarregado do Processo.
Mais de um acusado
2 Havendo mais de um acusado, o Libelo dever especificar a forma de
participao de cada infrator na(s) transgresso(es) disciplinar(es) a ser(em) apurada(s).
Citao
Art. 99 O Encarregado do Processo citar ou mandar citar o acusado, para
apresentar sua defesa prvia, e se ver processar at o julgamento final, bem como para
acompanhar todos os demais atos do processo.
Mandado de citao
1 O mandado de citao ser, obrigatoriamente, acompanhado de cpia do
Libelo Acusatrio e demais documentos que motivaram a instaurao do processo
disciplinar, a fim de que o acusado saiba efetivamente o que lhe est sendo imputado.
Meio para citao
2 A citao far-se- pelo Secretrio:
I mediante mandado, quando o acusado estiver servindo na mesma OME do
Encarregado do Processo;
II mediante precatria ou requisio ao comandante do acusado, quando ele
estiver servindo em OME distinta da OME do Encarregado do Processo;
III por edital:
a) quando o acusado se ocultar ou opuser obstculo para no ser citado;
Seo VI
Defesa Prvia
Art. 102 A defesa prvia, que ser escrita, dever conter toda matria de
defesa, reputando-se verdadeiros os fatos, constantes do Libelo Acusatrio, no
contestados pelo acusado, desde que no sejam contrrios s provas dos autos.
Seo VII
Instruo
Citao vlida
Art. 103 Estabelecida a relao processual, com a citao vlida, o
Encarregado do Processo, na fase da instruo, promover a tomada de depoimentos,
acareaes, investigaes e diligncias cabveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo,
quando necessrio, a tcnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidao dos
fatos.
Contraditrio e ampla defesa
Art. 104 A instruo assegurar ao acusado o contraditrio e a ampla defesa,
com a utilizao dos meios e recursos admitidos em direito.
Juntada de documentos
1 Em qualquer fase do processo ser admitida a juntada de documentos.
Meios de prova
2 Todos os meios de prova moralmente legtimos, ainda que no
especificados em lei, so cabveis para provar a veracidade dos fatos alegados no processo.
Denegao de pedidos
3 O Encarregado do Processo poder denegar pedidos considerados
impertinentes, meramente protelatrios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos
fatos.
Prova pericial
4 Ser indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovao do
fato independer de conhecimento especial de perito.
Perodo para inquiries
Art. 105 As testemunhas, ofendido e acusado, exceto em caso de urgncia,
sero ouvidos no perodo compreendido entre sete (07:00) e dezoito (18:00) horas.
Notcia de transgresso disciplinar
Art. 106 Cpias de autos de sindicncia e de inqurito policial, policialmilitar ou tcnico, que noticiarem transgresso disciplinar praticada por militar estadual,
podero integrar o processo disciplinar, como pea informativa da instruo.
Inquirio do ofendido e denunciante
Art. 107 Sempre que possvel, o ofendido e o denunciante ou comunicante
sero qualificados e perguntados sobre as circunstncias da transgresso disciplinar, quem
seja ou presuma ser seu autor, as provas que possam indicar, tomando-se por termos as
suas declaraes, no lhes sendo exigido o compromisso.
Declaraes Contradita pelo acusado/defensor
Art. 108 As declaraes do ofendido ou do denunciante ou comunicante e das
testemunhas sero feitas na presena do acusado/defensor, que poder contradit-las, no
todo ou em parte, aps a sua concluso, bem como requerer ao Encarregado do Processo
que esclaream ou tornem mais precisas quaisquer das suas declaraes, podendo,
inclusive fazer perguntas, por intermdio do Encarregado do Processo.
Intimao de testemunhas
Art. 109 As testemunhas sero notificadas a depor em dia e hora previamente
designados, mediante notificao expedida pelo Encarregado do Processo, devendo a
segunda via, com o recibo da contraf, ser anexada aos autos.
Comparecimento de testemunha
1 As testemunhas podero comparecer audincia independentemente de
notificao, ou mediante esta, se assim for requerido no prazo de cinco( 05 ) dias antes da
audincia marcada.
Testemunha servidor pblico
2 Se a testemunha for servidor pblico, a expedio do mandado ser
imediatamente comunicada ao chefe da repartio onde estiver lotado, com a indicao do
dia e hora marcados para inquirio.
Militares
3 Os militares sero requisitados autoridade a que estiverem
subordinados.
Inquirio de testemunha
4 As testemunhas sero inquiridas cada uma de per si, separadamente, de
modo que uma no possa ouvir o depoimento da outra.
Ordem de inquirio
5 Primeiramente sero inquiridas as testemunhas da acusao e depois as
da defesa.
Nmero de testemunhas
6 Para cada fato sero arroladas, no mximo, trs testemunhas de
acusao, facultando-se, igualmente, a cada acusado a indicao de at trs testemunhas de
defesa, por fato apurado, podendo o Encarregado do Processo ouvir outras, se entender
necessrio para melhor elucidar os fatos.
No comparecimento de testemunha
7 Se notificada para esse fim deixar de comparecer, sem justo motivo:
I Sendo integrante da Corporao, alm de ser conduzida coercitivamente
presena do Encarregado do Processo por requisio deste, ser responsabilizada pelo ato;
II No sendo integrante da Corporao, e sendo testemunha da defesa ou da
acusao, cabe respectiva parte apresent-la, em nova data a ser definida pelo
Encarregado do Processo, e havendo reiterao da ausncia, no mais ser ouvida, salvo
motivo de fora maior, devidamente comprovado.
Oralidade
Art. 110 O depoimento ser prestado oralmente e reduzido a termo, no
sendo lcito testemunha traz-lo por escrito.
Notificao do depoimento das testemunhas
Art. 111 O acusado ser notificado do dia e hora dos depoimentos das
testemunhas.
Inquirio pelo defensor
1 Ser facultado ao defensor a reinquirio das testemunhas, por
intermdio do Encarregado do Processo, durante o respectivo depoimento.
Perguntas impertinentes ou ofensivas
Seo VIII
Alegaes Finais
Seo IX
Relatrio/Julgamento
Relatrio/julgamento
Art. 121 Concluda a defesa, cabe ao Encarregado do Processo elaborar
relatrio circunstanciado de tudo o que foi apurado nos autos, emitindo julgamento sobre a
culpabilidade do acusado, encaminhando-os, a seguir, autoridade delegante, para a
deciso sobre a aplicao de sano ou encaminhamento autoridade superior competente.
Intimao do acusado e do defensor
Pargrafo nico O Encarregado do Processo dever intimar o acusado e seu
defensor a tomarem conhecimento do Relatrio do Processo, juntando comprovao aos
autos, antes de sua remessa autoridade delegante.
Requisitos do Relatrio
Art. 122 No relatrio, o Encarregado do Processo mencionar as diligncias
feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicao do dia, hora e lugar onde
ocorreu a transgresso disciplinar, concluindo sobre a culpa do acusado, sendo vedado
sugerir a punio a ser aplicada, a fim de no induzir a deciso da autoridade competente
para solucionar o processo.
Seo X
Soluo
CAPTULO VI
Rito sumrio
Art. 128 As transgresses disciplinares, a princpio, sero apuradas em
processo administrativo disciplinar de rito sumrio, tendo como Encarregado militar
estadual mais antigo que o acusado, assegurando-se, contudo, ao acusado, o contraditrio e
a ampla defesa.
Fases
Art. 129 O processo administrativo disciplinar com rito sumrio, ter prazo
de at oito (08) dias, prorrogvel, se necessrio, por at cinco (05) dias, desenvolvendo-se
nas seguintes fases:
Obs.: J com nova redao dada pelo Art. 4 do DECRETO 634 - R, de 02 de abril de
2001.
I Instaurao;
II Defesa prvia, no prazo de dois (02) dias;
III Investigao sumria, se necessria;
IV Defesa do acusado, se for o caso, no prazo de dois (02) dias;
V Relatrio/julgamento.
Roteiro
1 O roteiro do processo disciplinar com rito sumrio o constante do
Anexo II.
Instaurao
2 A instaurao do processo administrativo disciplinar com rito sumrio
poder ser feita por despacho da autoridade delegante autoridade delegada, que atuar
diretamente sem auxlio de secretrio.
Libelo Acusatrio
3 O Encarregado do Processo expedir o Libelo Acusatrio, citando o
acusado para apresentar sua defesa prvia, no prazo de 02 (dois) dias.
Dispensa de fases/investigao sumria
4 Apresentada a defesa prvia, que poder ser feita pelo prprio acusado, o
Encarregado do Processo:
I entendendo-a suficiente, produzir o relatrio dos autos, dispensando as
demais fases, e o encaminhar autoridade delegante, para soluo; ou
II far investigaes, de forma sumria, para melhor elucidao dos fatos.
No obrigatoriedade de defensor
5 No processo administrativo disciplinar de rito sumrio no obrigatria a
presena de defensor.
Defesa do acusado
6 No caso do inciso II do pargrafo anterior, aps as investigaes
sumrias, o acusado dever ser notificado do seu resultado, com prazo de dois (02) dias
CAPTULO VII
Disposies Finais
PARTE ESPECIAL
TTULO NICO
Transgresses Disciplinares
CAPTULO I
CAPTULO II
CAPTULO III
CAPTULO IV
CAPTULO V
CAPTULO VI
Transgresses Relacionadas s Regras de Zelo com Documentos,
Materiais e Animais
Art. 138 As transgresses disciplinares relacionadas s regras de zelo com
documentos, materiais e animais, de acordo com a classificao abaixo, so as seguintes:
I Gravssima: No ter o devido zelo, danificar, extraviar ou inutilizar,
dolosamente, documento, armamento ou outros bens ou animais pertencentes ao
patrimnio pblico ou particular, que estejam ou no sob sua responsabilidade.
II Graves:
a) No ter o devido zelo, danificar, extraviar ou inutilizar, por ao ou omisso,
documentos, armamento e outros bens ou animais pertencentes ao patrimnio pblico ou
particular, que estejam ou no sob sua responsabilidade;
b) Apresentar documentos em termos desrespeitosos ou com argumentos falsos
ou de m-f;
c) Rasurar livros de ocorrncias, fichas disciplinares, folhas de alteraes,
folhas de conceitos ou outros documentos, bem como lanar quaisquer outras matrias
estranhas s finalidades destes documentos;
d) No ter o devido zelo na apresentao ou elaborao de documentos para os
quais tenha sido designado, tais como: Processos Administrativos Disciplinares, Inquritos
Policiais Militares, relatrios, trabalhos individuais ou em comisso e outros congneres;
e) Subtrair, extraviar, danificar ou inutilizar documentos de interesse da
administrao pblica ou de terceiros;
f) Maltratar ou no ter o devido cuidado no trato com animais da corporao,
bem como outros animais, em decorrncia de ato de servio.
III Leves:
a) Extraviar a Carteira de Identidade;
b) Apresentar ou encaminhar documentos sem seguir as normas e preceitos
regulamentares.
CAPTULO VII
CAPTULO VIII
CAPTULO IX
CAPTULO X
CAPTULO XI
CAPTULO XII
Prescrio
Art.145 A ao disciplinar prescrever em dois (02) anos.
Incio do prazo prescricional
1 O prazo de prescrio comea a correr da data da ocorrncia do fato ou
da prtica do ato.
Interrupo da prescrio
2 A abertura de sindicncia ou a instaurao de processo disciplinar
interrompe a prescrio, at a deciso final proferida por autoridade competente.
Reincio do prazo prescricional
3 Interrompido o curso da prescrio, o prazo comear a correr a partir do
dia em que cessar a interrupo.
Cmputo dos prazos
Art. 146 Os prazos previstos neste Regulamento sero computados excluindo
ANEXO I
FASES
1. Instaurao
PROVIDNCIAS
1. Autuao da Portaria da autoridade delegante e documentao que a
acompanha;
2. Elaborao da Portaria do Encarregado do Processo;
3. Confeco do libelo acusatrio;
4. Citao do acusado, contendo cpia anexa do libelo acusatrio,
advertindo-o para apresentao de defesa prvia, por escrito, no
prazo de dois dias;
2. Defesa Prvia
1. Apresentao da defesa escrita, pelo acusado ou seu defensor.
3. Instruo
1. Tomada de depoimentos;
2. Interrogatrio do acusado;
3. Realizao de percias e diligncias se necessrio;
4. Realizao de acareaes, se necessrio;
5. Juntada de documentos.
4. Alegaes finais 1. Intimao do acusado e/ou seu defensor para vistas ao processo e
apresentao de defesa, por escrito, em alegaes finais, no prazo de
dois dias;
2. Recebimento e anlise da defesa.
5.Relatrio/Julga
1. Elaborao do Relatrio do processo, com a concluso do
mento
Encarregado do Processo sobre a culpabilidade do acusado;
2. Intimao do acusado e/ou seu defensor para cincia da deciso
proferida;
3. Remessa dos autos autoridade delegante.
Soluo
1. Anlise dos autos pela autoridade competente;
2. Deciso da autoridade competente;
3. Publicao da deciso em Boletim Interno;
Obs.: J com nova redao dada pelo Art. 3 do DECRETO 634 R, de 02 de abril de 2001.
ANEXO II
FASES
1. Instaurao
2. Defesa Prvia
3. Investigao
Sumria
(se necessria)
. 4. Defesa
(se for o caso)
5.Relatrio/Julga
mento
Soluo
PROVIDNCIAS
1. Autuao da documentao encaminhada pela autoridade delegante;
2. Citao do acusado, contendo cpia anexa do libelo acusatrio,
advertindo-o para apresentao de defesa prvia, por escrito, no prazo
de trs dias;
1. Apresentao da defesa escrita, pelo acusado ou seu defensor.
1. Tomada de depoimentos;
2. Interrogatrio do acusado;
3. Realizao de percias e diligncias, se necessrio;
4. Realizao de acareaes, se necessrio;
5. Juntada de documentos.
1. Intimao do acusado e/ou seu defensor para vistas ao processo e
apresentao de defesa, por escrito, no prazo de trs dias;
2. Recebimento e anlise da defesa;
1. Descrio circunstanciada do que foi apurado na investigao
sumria, com a concluso do Encarregado do Processo sobre a
culpabilidade do acusado;
2. Intimao do acusado para tomar cincia da deciso proferida;
3. Remessa autoridade delegante.
1. Anlise dos autos pela autoridade competente;
2. Deciso da autoridade competente;
3. Publicao da deciso em Boletim;
Obs.: J com nova redao dada pelo Art. 3 do DECRETO 634 R, de 02 de abril de 2001.
INSTRUES COMPLEMENTARES
1 . FINALIDADE
Estas instrues complementam o Regulamento Disciplinar dos Militares Estaduais do Estado do
Esprito Santo, doravante denominado RDME, aprovado pelo Decreto 254-R de 11 AGO 2000, no mbito
da Polcia Militar.
2. APLICAO
2.1 Generalidades:
2.1.1 - A interpretao do RDME compete ao Comandante Geral da Polcia Militar do Esprito Santo. Ela
ser efetuada em soluo s consultas sobre dvidas das autoridades competentes para aplicar punies,
julgar recurso ou conceder recompensas.
2.1.2 - A interpretao sempre que necessria, obedece aos princpios gerais da hierarquia e da disciplina
militar.
2.2 - Abrangncia:
O RDME abrange todos os militares estaduais da ativa e da inatividade.
Os alunos militares estaduais, durante o curso que estiverem realizando, so abrangidos pelo presente
RDME, no tocante aos fatos disciplinares, tendo o direito a responder Processo Administrativo
Disciplinar, para ser punido em Boletim, podendo inclusive serem licenciados a bem da disciplina, se
forem praas sem estabilidade, e tendo estabilidade respondero a Conselho de Disciplina.
A Organizao militar de ensino poder baixar normas reguladoras de disciplina interna e no tocante aos
aspectos pedaggicos de ensino.
3. SANES ACESSRIAS
As sanes acessrias catalogadas no pargrafo nico do Art. 15 s podem ser efetivadas se uma das
sanes enumeradas no caput do art. 15 for devidamente aplicada.
. Compensao Orgnica
. Gratificao de Motorista
. Gratificao Casa Militar
4.1.3 - Servio - fica entendido como qualquer atividade a ser executada durante uma jornada de trabalho.
Podendo ser o expediente administrativo do Quartel ou outro local em que deva trabalhar ou uma escala
de servio previamente elaborada, ou mesmo instruo que deva assistir ou participar, ou ainda outra
atividade que tenha sido determinado a comparecer.
Fica estipulado que 01(uma) escala de servio com qualquer carga horria refere-se a 01 (um) dia de
servio.
4.1.4 - Falta ao servio - A falta do militar estadual ao servio de escala por qualquer motivo, mesmo
que justificada, no gera direito a folga , o militar estadual tem que se apresentar no 1 dia imediato ao
da falta ou dispensa justificada, no incio do expediente para trabalhar at a sua nova escala que pode ser
inclusive neste mesmo dia. O no comparecimento nestes dias pode gerar punio e multa (art. 23 e
pargrafo nico);
4.1.5 - Lanamento - Cada OPM aps a publicao em boletim contendo a punio disciplinar e a sano
acessria de multa, far o lanamento na ficha de provento e desconto no cdigo fornecido pela DP
(Diretoria de Pessoal).
4.2 - CANCELAMENTO DE MATRCULA EM CURSO OU ESTGIO (Item II do nico, Art.
15) - da competncia exclusiva do Cmt Geral.
4.3 -AFASTAMENTO DO CARGO, FUNO, ENCARGO OU COMISSO, MOVIMENTAO
DA OME E SUSPENSO DA FOLGA PARA PRESTAO COMPULSRIA DE SERVIO
ADMINISTRATIVO OU OPERACIONAL OME ( tem III, IV e V do nico, Art. 15) - da
competncia das autoridades constantes do Art. 10.
6. NOTA DE PUNIO/NOTIFICAO
A nota de punio dever atender o Art. 34, devendo ser obrigatoriamente publicada em Boletim e
notificada diretamente ao policial punido, conforme exemplo abaixo:
6.1 - NOTA DE PUNIO
O SD PM AZAMBUJA DUQUE DE CAXIAS RG 1111-1 da 1 Cia do 1 Btl, por ter faltado ao
servio de policiamento para o qual encontrava-se devidamente escalado no dia 14/ago /2000. Concedido
o direito a ampla defesa o militar estadual no justificou a sua conduta. Infringiu a letra o, item II do
3
Art. 135 com a agravante dos ns II do Art. 26 e atenuante dos ns V , VI e IX do Art. 27, tudo do RDME.
TRANSGRESSO GRAVE. Fica DETIDO com 08 dias a cumprir no 1 BPM. Permanece no
Comportamento Militar BOM. Pena acessria Multa de 01 dia.
6.2 - NOTIFICAO - Destina-se a dar conhecimento ao policial da sua punio. Deve constar em uma
folha com os seguintes dados:
1) NOTIFICADO;
2) TEOR DA PUNIO o mesmo teor tem que ser publicado em Boletim;
3) Assinatura do Oficial da P/1 ou da Cia;
4) Ciente do notificado contendo dia e hora;
5) Arquivar junto a seu pronturio.
NOTIFICAO DE PUNIO
SD PM _____________________ RG
Sano Disciplinar Copiar a sano publicada no Boletim
______________________
P/1 ou Oficial da Cia
INCIO DA PUNIO
___/___/___
TRMINO DA PUNIO ___/___/___
Ciente
Em ____/_____/_____ s ______ horas
_______________________
NOTIFICADO
8. CLASSIFICAO DO COMPORTAMENTO
A Classificao do Comportamento Policial Militar (CPM), do militar estadual ser feito em respeito ao
Art. 58, 59 e 60, da seguinte forma:
Exemplo de Classificao do Comportamento Policial Militar no dia 15/08/2000.
DATA
Sano
Sano
Sano
Sano
Sano
Sano
05/94
GG
GG
G
G
L
L
GG= gravssima;
10/96
----GG
L
--G
06/97
--M
-- -- -----
G= grave
05/98
----M
GG
--M
M= mdia;
09/98
------M
--L
5/08/00
------M
G
G
CPM
EXCEP
OTIMO
BOM
BOM
INSUF
MAU
L= leve
10. REABILITAO
A reabilitao um direito do militar estadual, com base unicamente no tempo decorrido entre a
efetivao da punio e o momento de apagar definitivamente a sano disciplinar do cadastro.
A reabilitao ocorrer ex-officio, apenas respeitando o tempo estipulado no Art. 67, ocorrendo
obrigatoriamente a publicao em Boletim, conforme modelo abaixo:
NOTA DE REABILITAO
Conforme expresso nos art. 66 e 67 do RDME, determino que se apague a averbao no cadastro e
demais fichas funcional e de Comportamento dos seguintes militares estaduais:
SD PM _________________ RG ________ a punio disciplinar ____________ publicado no
Boletim n _____ de ___/___/____.
15 . PRESCRIO
O direito de realizar a ao disciplinar prescreve em 02 anos, a contar da data em que ocorreu a
transgresso.
16 . DISPOSIES FINAIS
16.1 - O militar estadual submetido a Processo Administrativo Disciplinar de Rito Ordinrio (Art. 75 1)
afastado do exerccio de suas funes, ficando disposio do Processo, at a publicao da deciso
final, cujo ato publicado em Boletim.
O militar estadual nesta situao permanece durante o expediente administrativo na Unidade onde est
sendo realizado o Processo.
No perodo que o militar estadual permanecer afastado de suas funes ser sustado de seus vencimentos
a Gratificao de Funo Policial Militar tipo II, Gratificao de Comando e Gratificao de motorista.
16.2 - A melhoria do Comportamento Policial Militar e a Reabilitao (antigo cancelamento), relativas s
punies aplicadas e registradas nos assentamentos dos militares estaduais com base no RDPMES Dec.
n 1315-N, que foi revogado pelo Decreto n 254-R de 11/08/00, ter como base a classificao da
transgresso, LEVE , MDIA ou GRAVE e obedecer aos Art. 58 e 67 do novo Regulamento.
16.3 - Todas as punies publicadas no Boletim a partir do dia 14/08/2000, obrigatoriamente, tem que ter
como base o novo Regulamento Disciplinar - Decreto 254-R de 14/08/00. Se j ocorreu a publicao em
Boletim, os Cmt das OME devem tornar sem efeito esta publicao e fazer novo enquadramento com
nova publicao legal.
DETERMINAO
PROCEDIMENTOS SOBRE O ART. 23 DO RDME - MULTA
Art. 1 Determinar o procedimento a ser adotado para toda a Polcia Militar no tocante ao art. 23 e
pargrafo nico do RDME - MULTA.
1. SERVIO - entende-se por servio qualquer atividade que o militar estadual deva se fazer presente
(expediente; escala de servio; instruo; representao ou qualquer determinao legal que deva
executar).
2. FOLGA - Perodo de descanso entre duas jornadas (escalas) de servio; s possui direito a folga
quem efetivamente cumpriu, ou seja, trabalhou na primeira jornada de trabalho.
3. SERVIO DE ESCALA - Na falta ao servio por qualquer motivo, mesmo que justificado o
militar estadual no tem direito a folga. Portanto obrigado a comparecer no 1 (primeiro) dia aps a sua
falta sua OME para cumprir uma jornada de trabalho at sua nova escala.
4. A falta do militar estadual, que concorre a servio de escala, nos dias a que teria folga se tivesse
efetivamente trabalhado, pode gerar punio e multa, mesmo que sua falta no dia da escala seja
justificada.
5. Toda falta no justificada dever ser punida disciplinarmente e obrigatoriamente ocorrer MULTA
como sano acessria.
6. No permitido a realizao de ESCALA EXTRA na semana que o militar estadual faltou a 01 ou
mais servio, mesmo que justificado.
Art. 2 O lanamento do dia-multa de responsabilidade de cada OME. Dever ser realizado aps a
publicao em boletim contendo a punio disciplinar e a sano acessria de multa, devendo-se lanar na
ficha de proventos e desconto no cdigo a ser fornecido pela DP (Diretoria de Pessoal).
Art. 3 Clculo do dia multa Competncia da DP/4.
A remunerao do policial militar para clculo do dia multa se processar com o somatrio dos valores
abaixo, dividido por 30 (trinta):
Soldo;
Assiduidade;
Compensao Orgnica;
Gratificao de Motorista;
Gratificao Casa Militar;
Gratificao Adicional por Tempo de Servio;
Gratificao Funo Policial Militar I;
Gratificao Funo Policial II;
Gratificao de Comando.