Direito Tributario - Andrea Veloso - CEAP
Direito Tributario - Andrea Veloso - CEAP
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mais interessante para a Unio criar uma nova contribuio, que no vai ter que ser
repartida, do que um novo imposto.
Segunda questo envolve a discusso sobre os limites da interferncia do ente
titular da arrecadao com relao atuao do ente competente. O que o ente menor
poderia fazer para limitar a atuao do ente maior com relao a sua competncia
tributria? Exemplo disso foi a questo que chegou ao Supremo sobre a possibilidade de
concesso de benefcios fiscais para impostos objeto de repartio de receitas. Houve um
Estado que concedeu uma moratria para pagamento do ICMS. Era uma moratria
grande, que na verdade servia como um incentivo fiscal. No entanto, sabemos que a
arrecadao do ICMS deve ser repartida com os Municpios. Nesse sentido, a doutrina
majoritria dizia que como o que se reparte a receita, que pressupe ingresso efetivo, o
ente menor s teria direito a receber o valor quando ocorresse o ingresso efetivo. Isso
com base na ideia de que o ente menor beneficirio da arrecadao. Se o ente no
arrecadou nada, ao ente menor no vai ser repassado nada. Era isso que prevalecia na
doutrina e jurisprudncia.
Todavia, o Supremo, no RE 572762 SC mudou de entendimento. O Supremo
entendeu no precedente que o Municpio titular da arrecadao. Ele no tem a
competncia para instituio do tributo, mas titular da repartio de sua receita. Ele tem
direito prprio ao recebimento do repasse. No se trata de mera benesse do ente Estado.
A consequncia prtica disso que o ente competente deve respeitar, ao conceder o
benefcio, a parcela que vai ser repartida. Ele no pode dar benefcio que indiretamente
implique na perda do repasse pelo ente menor; ele no pode fazer cortesia com o chapu
alheio. Sendo assim, ele pode dar o benefcio, porm apenas sobre a parcela que lhe
cabe (por ex., 75% do ICMS). Ele continua tendo que pagar os 25% do municpio,
mesmo que o ingresso s venha a ocorrer anos depois. Isso mexe diretamente com a
competncia do ente maior. Ou seja, o Supremo afastou-se da ideia de que o repasse
somente feito com o efetivo ingresso.
EMENTA:
CONSTITUCIONAL.
RENDAS
TRIBUTRIAS.
ICMS.
PRODEC.
REPARTIO
DE
PROGRAMA
DE
INCONSTITUCIONALIDADE.
RE
DESPROVIDO.
I - A parcela do imposto estadual sobre operaes relativas
circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao, a que se
refere o art. 158, IV, da Carta Magna pertence de pleno direito aos
Municpios.
II - O repasse da quota constitucionalmente devida aos
Municpios no pode sujeitar-se condio prevista em
programa de benefcio fiscal de mbito estadual.
III - Limitao que configura indevida interferncia do Estado
no sistema constitucional de repartio de receitas tributrias.
IV - Recurso extraordinrio desprovido.
O grande problema desse entendimento so os casos em que a receita no vai vir a
ingressar nunca nos cofres do ente maior. No caso de uma iseno, por ex. Neste caso, o
ente maior vai ter que se preocupar antes de conceder a iseno, sob pena de ter prejuzo,
com o repasse que ter que fazer ao ente menor. Dessa forma, interessante que o Estado
observe o percentual do municpio ao conceder a iseno, o fazendo apenas sobre o
percentual de titularidade do prprio Estado.
Depois desse julgamento foi editada a smula vinculante n 30. A smula
estabelecia que era inconstitucional todo incentivo que restringisse o direito do ente
menor ao recebimento de repasse. Todavia, a smula foi suspensa, pois era muito
genrica. O Supremo enfrentou o caso de uma lei que concedia compensao tributria
(que no fundo era dao em pagamento, pois aceitava imvel). Veja a situao: o Estado
aceita um imvel, portanto no vai entrar moeda nunca. Ter que repartir o imvel? Nem
a compensao, nem a dao em pagamento so consideradas tecnicamente um benefcio
fiscal. Como resguardar ento o percentual do ente menor? O Supremo no julgou a
matria e por isso a smula foi suspensa.
Frise-se que o ente menor tem titularidade, mas no tem qualquer parcela de
competncia sobre o imposto cuja arrecadao ser transferida a ele. Com efeito, o ente
menor no pode conceder incentivo sobre o percentual que lhe cabe na arrecadao. Hoje
os municpios podem usar a reclamao contra eventual lei estadual que conceda
benefcio, mas antes era proposta ao ordinria.
Outra questo no que tange a repartio diz respeito ao IR retido na fonte do
funcionrio pblico, seja estadual ou municipal. A Constituio diz que 100% dessa
receita pertence ao prprio ente pagador. Esse dinheiro no vai sequer para a Unio.
Retm-se na fonte e ele j fica direto com o Estado ou com o Municpio. Com efeito,
quem ser o legitimado passivo para a repetio do indbito: o ente competente para o
imposto ou o ente que o retm? Ou ainda no caso das isenes: quem ir julgar o
requerimento de iseno? A Unio (competente) ou o Estado ou Municpio? Neste ponto,
o STJ tem entendimento pacfico no sentido de que o Estado ou Municpio que
possuem legitimidade passiva para este tipo de ao. Eles no tem competncia tributria
para o IR, mas segundo o STJ, a jurisprudncia pacfica desta Corte no sentido de que a
legitimidade passiva ad causam nas demandas propostas por servidores pblicos
estaduais, com vistas ao reconhecimento do direito iseno ou repetio do indbito
relativo ao imposto de renda retido na fonte, dos Estados da Federao, uma vez que,
por fora do que dispe o art. 157, I, da Constituio Federal, pertence aos mesmos o
produto da arrecadao, devendo a Unio ser excluda do polo passivo desse tipo de
demanda. Resp 989.419.
LEGITIMIDADE
PASSIVA
DO
ESTADO
DA
MAURO
TURMA, julgado
CAMPBELL
em
MARQUES,
03/09/2009,
DJe
SEGUNDA
21/09/2009; REsp
ZAVASCKI,
PRIMEIRA
TURMA,
julgado
em
e indireta,
bem
como
de todos
os
REGIMENTAL
NO
RECURSO
ESPECIAL
2011/0313966-3 27/03/2012)
O STJ diz que por ter entrado a receita do IR-fonte para o ente menor, ele que deve
devolver. At a tudo bem. Porm, o STJ disse tambm que compete ao ente menor
decidir sobre pedidos de reconhecimento de isenes. S que iseno tem que ver com
competncia, que neste caso da Unio. A iseno foi concedida pela Unio. Os estados
e municpios no tm capacidade tributria ativa para tratar do IR. A questo chegou ao
Supremo e foi reconhecida a repercusso geral. RE 607.886.
existncia
de
repercusso
geral
da
questo
H apenas um imposto cujo exerccio no pode ser considerado facultativo. Tratase do ICMS. O ICMS faz parte de um sistema que no compatvel com o no exerccio
da competncia, na medida em que visa estabelecer um equilbrio entre os Estados
membros, evitando-se a guerra fiscal. Os doutrinadores de uma forma geral, inclusive o
Roque Carrazza, entendem que o ICMS uma exceo facultatividade, pois a sua no
instituio seria equivalente concesso de um benefcio, gerando desequilbrio entre os
Estados e eventual guerra fiscal. Para instituir benefcio de ICMS necessrio um
Convnio entre os Estados no mbito do Conselho de Poltica Fazendria para evitar a
guerra fiscal. Por sua ndole eminentemente nacional, no dado a qualquer Estadomembro ou ao Distrito federal operar por omisso, deixando de legislar sobre esse
gravame (Paulo de Barros Carvalho, pgina 220) art. 155, 2, XII, g.
Exemplo tpico de exerccio facultativo da competncia o IGF. Exemplo tpico
do exerccio em parte da competncia o IPTU. O art. 156 permite que o IPTU seja
institudo sobre a propriedade de prdios ou de terrenos. Dentro da noo de prdios,
pode-se cobrar de prdios residenciais e comerciais. So essas as hipteses possveis.
Mas nada impede que o municpio institua o IPTU somente em relao aos prdios. Neste
caso, estaria exercendo a competncia em parte. No se trata de iseno, mas de exerccio
em parte. Outro exemplo o ISS. A LC 116/03 que trata do ISS traz uma lista de servios
sobre os quais pode incidir o servio. Segundo a jurisprudncia do Supremo essa lista
taxativa. O municpio pode criar o ISS tanto sobre todos os itens da lista, quanto sobre
apenas alguns. Ele no pode is alm dos itens, mas pode instituir a menor.
Note que a facultatividade s com relao instituio ou no. No caso de
benefcios vai haver a necessidade de justificao, sob pena de ferir a isonomia.
As contribuies se sujeitam facultatividade (art. 149, 1 e 149-A)? A
contribuio dos servidores para o regime previdencirio (art. 149, 1) aparentemente
obrigatria, mas a contribuio para o custeio da iluminao pblica (art. 149-A)
aparentemente facultativa, de acordo com a Constituio.
DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE.
LEI
Lei
Complementar
101/2000.
No-
imposto em cascata. Ou seja, o imposto que incide sobre ele mesmo. Os impostos que
seguem a no cumulatividade tradicionalmente so o ICMS e o IPI. Esses so no
cumulativos por essncia. Mas hoje h contribuies no cumulativas. Mas na verdade se
trata de uma fico, pois no h tecnicamente operao de circulao. o caso da
COFINS, PIS e PASEP. Caso a unio venha a criar imposto novo com base na
competncia residual, deve ser no cumulativo. O terceiro requisito que o novo imposto
tenha fato gerador ou base de calculo diferente de um imposto que j exista. A Unio
nunca criou nenhum imposto com base nessa competncia. At porque se criar ela vai ter
que repartir. Ela ento cria contribuies, que no vo ser repartidas.
O art. 195, 4 trata da competncia residual para criar contribuies
previdencirias e remete ao art. 154, I. Ento, ser que ao criar contribuies a Unio vai
precisar observar os trs requisitos do art. 154, I? O Supremo Tribunal Federal em
julgamento por maioria entendeu que a remisso s se refere ao primeiro requisito do art.
154, I, qual seja a exigncia de lei complementar. Ou seja, pode haver contribuio nova
cumulativa e com base de clculo e fato gerador prprio de outro imposto. Disse o
Supremo que os demais requisitos so prprios de impostos e que o nico compatvel
seria a lei complementar. RE 228.321.
Trata-se de deciso que facilitou muito a Unio a criar contribuies. Exemplo
clssico foi a CPMF. Ela tipicamente uma contribuio de seguridade e foi criada com
base na competncia residual. A CPMF no foi criada por lei complementar, mas por lei
ordinria. E foi muito discutida a constitucionalidade da CPMF por conta disso. O
Supremo entendeu que ela no precisaria observar a lei complementar porque ela foi
criada por emenda. Ento, o Supremo entendeu que a exigncia de lei complementar
para o Congresso, enquanto legislador ordinrio, criar novas contribuies, mas o
congresso, na qualidade de constituinte derivado, no precisa observar a exigncia de lei
complementar.
ltimo temos a competncia comum (art. 23). essa que gera controvrsia, pois os trs
entes podem exerc-las. Por ex., comum aos trs entes a fiscalizao ambiental, a
vigilncia sanitria, dentre outros. Vamos supor ento que estado e municpio se renam
para limpar a baia de Guanabara. Trata-se de obra sobre meio ambiente. Como ser feita
a cobrana da contribuio de melhoria? Poderia haver dupla cobrana? Ou ainda, se os
trs entes resolverem fiscalizar restaurantes. Pode haver tripla tributao?
Uma primeira corrente entende que possvel a tripla cobrana, desde que os trs
estejam efetivamente exercendo a fiscalizao. Essa corrente entende que foi a prpria
Constituio que autorizou essa tripla cobrana ao prever as competncias comuns, tanto
a tributria quanto a administrativa. Defende essa primeira corrente o Bernardo Ribeiro
de Moraes. Todas as Fazendas defendem esta primeira corrente. Uma segunda corrente
entende que deve haver uma nica cobrana para evitar mais de uma incidncia. O
problema decidir qual o ente vai cobrar. O posicionamento que prevalece que se deve
analisar qual o interesse pblico que prevalece. O interesse pblico que prevalecer vai
assegurar a cobrana ao ente. Se nacional, a Unio. Se regional, ao Estado. Se local, ao
Municpio. Nem sempre fcil definir isso. Ento, no dvida, deve prevalecer o
interesse maior. Essa corrente acolhida pelo Supremo. Os precedentes do supremo
dizem respeito fiscalizao de abatedouro de animais. Os Municpios, alm de
defenderem uma cobrana pelos trs entes, defendem ainda que na dvida, deve
prevalecer o interesse local, pois o mais prximo do contribuinte. Aqui no Rio, quando
houve essa controvrsia, prevaleceu no TRF 2 regio que os trs entes poderiam cobrar.
- Bitributao x bis in idem.
Tanto a bitributao quanto o bis in idem so uma dupla incidncia. Mas na
bitributao h dois entes cobrando um mesmo tributo sobre o mesmo fato gerador. Na
origem, a ideia de bitributao era de dupla incidncia de impostos. Hoje a jurisprudncia
menciona bitributao com relao a outras espcies de tributos. Bis in idem quando
um ente da federao cobra dois tributos sobre um mesmo fato gerador. A doutrina
incidncia monofsica do ICMS sero definidas por lei complementar (art. 155, 2, XII,
h). Essa lei complementar ainda no existe, motivo pelo qual ainda no existe o ICMS
monofsico. A alquota aqui tambm poder ser reduzida e restabelecida, mas h uma
peculiaridade. Aqui, a reduo ou restabelecimento devero ser feitos por convnio,
mediante deliberao dos estados e do DF.
A legalidade vem regulada no art. 97 CTN. Com efeito, de se notar que a
Constituio exige lei apenas para majorar ou criar, mas o CTN diz que preciso lei
tambm para a reduo. Nada obstante, o CTN plenamente constitucional nesse ponto.
Isso porque a Constituio garantista e est preocupada apenas com o que protege o
contribuinte. Ademais, pelo princpio do paralelismo das formas j poderamos chegar
concluso de que o tributo s pode ser extinto ou minorado tambm por lei. Ora, se a lei
que cria o tributo, paralelamente, tambm deve ser a lei a extingui-lo.
O 1 do art. 97 fala que se equipara majorao a alterao da base de calculo
que importe torn-lo mais oneroso. Veja que a majorao pode ser feita atravs da
alterao da alquota ou da base de calculo. Trata-se dos elementos quantitativos do
tributo. S que a alterao da base de clculo pode aumentar o tributo e isso nem sempre
perceptvel. Ento o 1 diz que sempre que essa alterao importar em majorao deve
vir atravs de lei. O 2, por sua vez, diz que no constitui majorao do tributo a
atualizao monetria da base de calculo. Correo monetria no pode nunca ser
considerada majorao. A consequncia prtica disso que basta decreto para corrigir
monetariamente a base de clculo. No vai ser preciso lei.
Cabe uma observao: o Supremo entende que cada ente da federao tem
autonomia para fixar o seu ndice de correo monetria. J houve a UFIR, mas ela no
existe mais. Mas nenhum ndice pode ser superior ao da Unio. A unio utiliza a taxa
SELIC, que uma taxa de juros, mas que tem embutida a correo monetria. Ento o
limite a taxa SELIC. Aqui no Rio, o Estado e o Municpio adotaram outros ndices. O
Municpio do Rio, por ex., adotou o IPCA-E. Esse ndice de correo definido por lei.
Mas na hora da aplicao desse ndice de correo base de calculo isso pode ser feito
por mero decreto. Ex. tradicional o do IPTU. A base de calculo do IPTU o valor venal
do imvel. S que em grandes cidades no d pra calcular o valor de mercado de cada
imvel para fins de lanamento do IPTU. Ento os municpios calculam o valor dos
imveis atravs das plantas de valores. A planta de valores nada mais do que uma
estimativa do valor de mercado. semelhante pauta fiscal do ICMS ou a tabela do IPI.
Essa planta de valores sempre calculada pela rea multiplicada por determinados itens,
que variam de acordo com a idade do imvel, destinao, se construdo ou no, etc.
Ento, supondo que o Municpio queira atualizar a sua planta de valores. Ele vai
precisar de lei? Depende. Se a alterao majorar o imposto vai ser preciso lei. No entanto,
se apenas corrigir os valores que j existem vai ser preciso s decreto. Outra observao:
se majorar para um imvel, a planta toda deve ser feita por lei. Essa questo est
sumulada na sumula 160 STJ. Conseguintemente, o princpio da legalidade no inibe as
revises peridicas dos valores venais dos imveis, base de clculo do IPTU, por ato
administrativo singular ou por decreto, desde que este no sirva de instrumento
materialmente legislativo para o abusivo aumento do imposto do municpio, sem
correspondncia com valorizaes reais que tenham ocorrido alm da correo
monetria.
Outro exemplo ocorre no IPVA, que tem sistemtica semelhante. A base de calculo
o valor venal do veculo. O estado tambm no tem como calcular o valor de cada
clculo. Por isso ele publica tabelas. Lei ou decreto? A resposta a mesma. Se majorar
deve vir por lei. Se apenas atualizar pode vir por decreto.
A regra que os tributos s podem ser criados ou majorados por lei ordinria. Da
mesma forma, a concesso de benefcios fiscais tambm deve ser feita por lei ordinria.
S que em alguns casos especficos a Constituio exige lei complementar para a criao
do tributo. Nesses casos, a lei complementar vai ser para tudo: criao, majorao,
extino e concesso de benefcios. O primeiro caso de exigncia de lei complementar,
outro o
entendimento,
isso
estimularia aplicaes
A smula deve ser aplicada na linha da jurisprudncia do supremo. A smula quer dizer
que se aplica a lei vigente no exerccio em que deve ser apresentada a declarao em
detrimento da lei que estava em vigor no ano-base, mas claro que a lei vigente deve ter
sido publicada antes de 31 de dezembro, sob pena de violar a anterioridade. O IR uma
das excees a anterioridades nonagesimal. E uma exceo exatamente por conta disso,
para que possa uma lei ser publicada em dezembro, mesmo que doa 31, e possa ser
aplicada no exerccio subsequente com relao ao ano-base anterior.
O art. 106 tambm est muito em voga, pois estabelece duas hipteses em que a lei
tributria pode retroagir. A primeira hiptese de lei que se aplica a fato pretrito a
hiptese da lei expressamente interpretativa, ou seja, a lei que visa definir o alcance de
uma lei anterior. o que se chama de uma interpretao autntica. O inciso I exige que a
lei seja expressamente interpretativa, ou seja, ela tem que se dizer expressamente
interpretativa. O problema que h leis que se dizem interpretativas, mas no o so
verdadeiramente. Mesmo que ela se diga interpretativa, se ela tiver algum carter
constitutivo ela no vai poder retroagir. Primeiro caso de carter constitutivo da lei o
caso em que ela vem para alterar jurisprudncia de tribunal superior. plenamente
possvel que lei ou emenda corrija jurisprudncia equivocada dos tribunais. o que se
chama correo de jurisprudncia. S que nesse caso no vai ser possvel a retroao. a
posio da doutrina majoritria. Alm desse exemplo, a lei que vier para solucionar
conflitos de jurisprudncia tambm no pode retroagir. Soluo de conflito no o
mesmo que correo de jurisprudncia, mas essa lei tambm no interpretativa.
O inciso II do art. 106 s se aplica a penalidades. O STJ aplica esse inciso a
qualquer tipo de penalidade. Ele no faz diferena quanto ao tipo de multa. Se o CTN no
diferencia, significa que ele aplica o art. 106 a qualquer tipo de penalidade. Ele aplica s
chamadas multas punitivas ou fiscais ou de ofcio, que so aquelas aplicadas pela
infrao da legislao tributria. E tambm se aplica s chamadas multas moratrias.
Trata-se da multa que incide pelo atraso no pagamento do tributo. A multa moratria no
se confunde com os juros de mora. Havendo previso legal, os dois so devidos no atraso,
mas a multa moratria uma sano, o que no o caso dos juros moratrios, que tem
carter remuneratrio do capital. Ento pelo STJ, todo que for dito ser aplicado tanto a
multa punitiva, quanto multa moratria.
A lei vai se aplicar retroativamente sempre que for mais benfica ao infrator, seja
porque deixou de considerar a conduta como infrao, seja porque diminuiu a penalidade.
Trata-se de aplicao no campo tributrio do princpio penal da retroatividade da lei mais
benfica. O CTN trata as penalidades como se fossem penalidades penais. H vrios
exemplos disso ao longo do CTN.
O art. 106, II diz que a lei s retroage se o ato no estiver definitivamente julgado.
A doutrina entende que isso se aplica tanto esfera administrativa quanto esfera
judicial. Na esfera judicial isso ocorre com o trnsito em julgado, no mbito
administrativo com a precluso administrativa. Mas na esfera judicial o que deve transitar
em julgado? O STJ entende que o transito em julgado o da sentena dos embargos
execuo. Por ex., vamos dizer que em 2001 tenha havido a violao de uma lei, o que
acarretou a incidncia de uma multa de 100% do valor do tributo. No paga a multa, o
fisco ajuizou a execuo fiscal. Em 2003 foram opostos embargos, cuja sentena
condenatria foi proferida em 2005. Houve apelao. Em 2005, antes do julgamento da
apelao, edita-se nova lei que deixa de considerar aquela conduta como infrao. Ser
que o Tribunal vai poder aplicar essa nova lei retroativamente para excluir a incidncia da
multa? Sim, e ainda pode ser aplicada de ofcio. Ora, pelo STJ o trnsito em julgado s
ocorre com o trnsito da sentena dos embargos. Por isso, at que isso ocorra vai poder
ser aplicada retroativamente a lei.
Muitas dessas multas so questionadas por serem supostamente confiscatrias.
Algumas de fato so consideradas inconstitucionais por isso, mas a tese de defesa da
fazenda sempre que, na verdade, se no for aplicada multa proporcional infrao,
ningum vai cumprir a norma. claro que em relao s infraes deve-se aplicar a
interpretao literal. Isso est inclusive sumulado na sumula 669. Lembrando ainda que o
prazo para o pagamento pode ser alterado por meio de decreto do executivo, j que a
exigncia de lei s para criao ou majorao de tributo. E se houver lei revogando
iseno? Ela deve ou no observar a anterioridade? Pela posio do Supremo essa lei
revogadora pode ser aplicada imediatamente, pois ela no est criando nem majorando
tributo. A doutrina majoritria, porm, entende que a revogao de uma iseno se
equipara a criao de um novo tributo.
Na poca da CMPF, houve emenda constitucional que prorrogou o prazo de
incidncia dessa contribuio. Ela no majorou, mas prorrogou o prazo. E no houve a
observncia do prazo de 90 dias. O Supremo entendeu que no havia que se observar a
anterioridade, pois no se estava criando nem majorando, mas apenas prorrogando. Foi
uma deciso eminentemente poltica. O fato foi que no houve tempo para observar a
noventena e o Supremo teve que criar essa interpretao.
Caiu no ultimo concurso da magistratura federal uma questo perguntando a
diferena entre a anterioridade nonagesimal e a noventena. Nem todos os autores fazem
essa distino, mas quem faz entende que essa anterioridade nonagesimal essa do art.
150, III, c, que se aplica a todos os tributos. A noventena seria aquela que se aplica
somente s contribuies de seguridade social e que esta no art. 195, 6. Essa noventena
j existia antes da emenda 42. Por isso alguns chamam at a noventena do art. 195 de
anterioridade mitigada. Trata-se de questo meramente terica, pois no h relevncia
prtica nisso. Elas so contadas da mesma forma.
H algumas excees a regra da anterioridade. A primeira exceo vem no art.
150, 1. O dispositivo faz meno a diversos tributos. A primeira exceo quanto aos
impostos extrafiscais: II, IE, IPI, IOF. So tambm excees legalidade, pois podem ter
suas alquotas majoradas por decreto. Outra exceo o emprstimo compulsrio em
caso de calamidade pblica, guerra externa ou sua iminncia (art. 148, I). Outra exceo
o imposto extraordinrio de guerra (art. 154, II). O art. 195, 6 traz outra exceo. O
O que est no art. 104 se aplica s duas anterioridades, apesar dele no fazer
referencia nonagesimal. No h nenhuma regulamentao especfica para a
anterioridade nonagesimal. Uma segunda observao que o art. 104 CTN fala em
vigncia. S que a anterioridade no tem que ver com vigncia, mas com produo de
efeitos, com eficcia. A lei entra em vigor, mas produz os seus efeitos apenas no exerccio
seguinte e noventa dias depois. Uma terceira observao que o art. 104 do CTN apenas
se refere aos impostos sobre o patrimnio ou a renda. S que o CTN de 1960. A atual
Constituio aplica a anterioridade de uma forma genrica a todos os tributos. Com
efeito, devemos desconsiderar a parte final do art. 104. O dispositivo merece uma
releitura luz da constituio. Nesse sentido, o artigo 104 se aplica qualquer tributo,
salvo as excees constitucionais.
H um princpio que muito confundido com a anterioridade tributria. Trata-se
do princpio da anualidade tributria. Mas so princpios distintos. O princpio da
anualidade tributria estabelece que um tributo s pode ser cobrado se houver prvia e
anual autorizao oramentria. Esse princpio vem de uma ideia de que o oramento
funcionaria como um ato condio para a cobrana do tributo. Esse princpio existiu nas
Constituies de 46 e 67. Por isso algumas smulas do Supremo fazem meno ao
princpio da anualidade tributria. A Constituio de 88 s trata da anterioridade. Por isso,
para a maior parte da doutrina o princpio da anualidade tributria no persiste mais no
nosso ordenamento. No entanto, Flvio Bauer Novelli entende que o princpio da
anualidade tributria estaria implcito na Constituio de 88, e decorreria do princpio da
anualidade oramentria. O princpio da anualidade oramentria est expresso no art.
165, 5. Trata-se da necessidade da publicao anual de um oramento. Esse oramento
deve conter dentre outras coisas a previso de receitas e despesas. Consequentemente, o
autor sustenta que se o oramento deve prever as receitas, receitas estas que sero geradas
pelos tributos, deve haver no oramento a previso para a cobrana dos tributos. Trata-se,
porm, de posicionamento bastante minoritrio.
- Princpio da capacidade contributiva (art. 145, 1).
Significa que cada um deve contribuir na proporo de suas rendas e haveres. Essa
capacidade deve ser analisada de uma forma objetiva, e no de uma forma subjetiva, pois
seno seria invivel. o entendimento majoritrio. O interprete deve verificar se o
indivduo tem patrimnio suficiente para suportar a tributao. No se faz uma anlise
subjetiva, ou seja, no se verifica se o contribuinte tem disponibilidade econmica, que
algo diverso. A capacidade contributiva uma analise objetiva, ao passo que
disponibilidade econmica uma analise subjetiva. H quem ganhe 20mil reais por ms,
mas gaste igualmente 20mil reais por ms. Ento esse sujeito tem patrimnio, mas no
tem disponibilidade econmica. Por exemplo, suponhamos que um sujeito extremamente
rico falea, deixando um patrimnio de 1milho em imveis. Esse sujeito tem um
herdeiro muito pobre, praticamente miservel. Quando do falecimento, deve haver
recolhimento do imposto de transmisso causa mortis. Todavia, o herdeiro no pode
alegar que no tem capacidade contributiva para pagar o imvel, pois quando do
falecimento ele herdou os imveis, ento ele tem um patrimnio de 1milho. Ou seja, ele
tem capacidade contributiva, mas no tem capacidade econmica. Ento ele ter que
vender algum dos bens para pagar o imposto.
E quais so os tributos que tem que observar esse princpio? Em primeiro lugar,
cabe observar que o art. 145, 1, CR s faz referencia aos impostos. Ento no h dvida
de que os impostos se submetem capacidade contributiva. Mas e os outros tributos? O
Supremo tem jurisprudncia no sentido de que o princpio se aplica a outras espcies
tributarias, notadamente taxas e contribuies. O Supremo fez uma observao que nas
outras espcies se aplica no na hora da instituio do tributo, mas na hora de conceder
benefcio fiscal. difcil usar a capacidade contributiva na criao de uma taxa. Por isso
muitos autores dizem que s se aplica a capacidade contributiva s taxas e contribuies
no aspecto negativo. Exemplo clssico de capacidade em taxa a iseno da taxa
judiciria aos hipossuficientes, ou a iseno da taxa de lixo para quem mora nas favelas.
Capacidade contributiva um princpio relacionado justia fiscal. E por isso
deve ser aplicado ao maior nmero de tributos possvel. Isso torna a tributao mais justa.
Por isso no deve ser feita uma interpretao literal do art. 145, 1. A verdade que o
Supremo, em relao aos impostos, tem jurisprudncia no sentido de que capacidade
contributiva s seria aplicvel aos chamados impostos pessoais, que so os impostos que
levam em considerao uma condio do contribuinte. Ou seja, o Supremo tem uma
jurisprudncia no sentido de que os impostos reais no se submeteriam capacidade
contributiva. Nos impostos reais, o que importa o objeto da tributao, e no a pessoa
do contribuinte. S que essa interpretao muito criticada. Essa distino entre impostos
pessoais e reais perdeu muita fora ao longo dos anos. O nico imposto
inquestionavelmente pessoal o imposto de renda. Ento na verdade, o que o Supremo
disse que o nico imposto sujeito capacidade contributiva o imposto de renda. S
que essa interpretao muito pobre. No entanto, a interpretao que por enquanto
prevalece no Supremo.
1. Subprincpio da progressividade.
Para a doutrina, o princpio da capacidade contributiva tem alguns subprincpios.
Alguns autores no chamam de subprincpios, mas de princpios autnomos ligados
ideia de justia fiscal. O primeiro deles seria o subprincpio da progressividade. Esse
princpio est na ordem do dia, em razo do ITBI e do ITD. Esse princpio est ligado
justia fiscal. A progressividade impe que quanto maior for a base de clculo, maior ser
a alquota. Os dois elementos quantitativos vo ser aumentados. O imposto de renda o
imposto que obrigatoriamente dever ser progressivo (art. 153, 2, I). Ele deve ser
progressivo. Trata-se de mandamento constitucional. Alm do IR, a constituio prev a
progressividade para o IPTU (art. 156, 1) e para o ITR (art. 153, 4, I). De forma
expressa s h progressividade para esses impostos.
H discusso envolvendo a progressividade no IPTU. Temos aqui um marco
temporal, que a emenda 29/00. Antes da emenda, havia dois artigos que falavam em
progressividade no IPTU: o art. 156, 1, que dizia que o IPTU poderia ser progressivo
na forma da lei, e o art. 182, 4, II, que trata da progressividade no tempo, com
PREDIAL
TERRITORIAL
URBANO
desde 2008. Nesse julgamento o Supremo parece estar mudando o seu entendimento. O
ITD tambm imposto real e tambm no h respaldo constitucional para a
progressividade. Todavia, o Supremo est modificando o seu entendimento com relao
progressividade nos impostos reais. Ele est adotando os argumentos que os municpios
sempre usaram, no sentido de que a capacidade est relacionada justia fiscal e deve ser
adotada para a maioria dos tributos. Diante disso, existe uma tendncia dos municpios de
voltar a discutir a questo do ITBI progressivo.
2. Subprincpio da personalizao.
Temos ainda o subprincpio da personalizao. Segundo o princpio, sempre que
possvel, o imposto dever ter carter pessoal (art. 145, 1, primeira parte). Ou seja,
sempre que isso for possvel, ele deve levar em considerao as caractersticas do
contribuinte. Isso visa tornar o imposto mais justo.
3. Subprincpio da seletividade.
H tambm o subprincpio da seletividade. A seletividade tem que ver com a
essencialidade do produto. Significa que quanto mais essencial for o produto menor deve
ser a alquota. Veja que um princpio que incide basicamente sobre impostos sobre a
circulao de bens, que so o ICMS (art. 155, 2, III) e o IPI (art. 153, 3, I). A
seletividade no IPI obrigatria; no ICMS a seletividade facultativa. Com efeito, a
cesta bsica deve sempre ter a menor alquota.
Aqui no rio h muitas discusses envolvendo o ICMS sobre a energia eltrica. A
alquota da energia eltrica aqui no rio muito alta. S que para muitos a energia eltrica
uma mercadoria essencial, pelo que deveria ter uma alquota mais baixa. A PGE
defende a tese de que, como a seletividade uma faculdade do Estado, cabe lei
estabelecer o que ou no essencial e aplicar a seletividade ao que ela estabelece ser
essencial. E se a lei no diz que a energia essencial, no haveria que se falar em
seletividade. Trata-se de faculdade do Estado. O tema ainda controvertido.
H autores que tambm visualizam a seletividade toda vez que houver diferena
de alquotas em funo de caractersticas do bem tributado. Trata-se de seletividade que
no tem que ver com essencialidade de produto, mas com a ideia de diferenciao de
alquotas. Progressividade implica o aumento da base de calculo e alquota. Na
seletividade s sobre a alquota. Quem defende esse tipo de seletividade o Hugo de
Brito. Um primeiro exemplo disso seria a diferenciao de alquotas em funo do tipo
(uso) de imvel. Para Hugo de Brito isso no progressividade, mas seletividade em
funo do uso do imvel. Outro exemplo o IPVA (art. 155, 6, II). O artigo permite
que as alquotas do IPVA variem em funo do tipo de veculo (gs, lcool, gasolina, etc.)
e em funo da utilizao do veculo (taxi, utilitrio, nibus, passeio, etc.).
4. Subprincpio da proporcionalidade.
O prximo princpio o da proporcionalidade. Trata-se de princpio
constitucional implcito. Significa que a tributao pode variar em funo da variao da
base de clculo. A tributao aumenta em funo da alterao da base de clculo, mas a
alquota permanece a mesma. Paga-se mais por conta da base de clculo. Qual a diferena
entre progressividade, proporcionalidade e seletividade? Na progressividade, aumenta a
alquota em funo do aumento da base de clculo. Os dois elementos quantitativos
aumentam. Na proporcionalidade somente a base aumenta. A alquota a mesma. Na
seletividade, o que muda a alquota, a base a mesma. Em suma, so todas tcnicas de
tributao ligadas capacidade contributiva e justia fiscal.
Vamos supor que a alquota do IPVA seja 4%. claro que quanto maior for a base
de clculo (o valor venal do automvel), mais o contribuinte vai pagar de imposto. Tratase de uma relao de proporcionalidade, pois a alquota incide sobre o valor venal do
imvel. Consequentemente, quanto maior a base de clculo, proporcionalmente maior
ser o imposto a ser pago. Por exemplo, se o carro vale 100mil, o IPVA ser 4mil; se o
carro vale 10mil, o imposto vale 400 reais.
5. Subprincpio do mnimo existencial.
assim, pois se a multa no for mesmo muito elevada, no vai haver qualquer
desestmulo prtica do ilcito. Ento o que importa a proporcionalidade e a
razoabilidade.
- Aula 05. 27 de maio de 2011.
- Princpio da livre circulao de bens e pessoas (art. 150, V).
O art. 150, V probe os entes federados de estabelecer limitaes ao trfego de
pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a
cobrana de pedgio pela utilizao de vias conservadas pelo Poder Pblico. O objetivo
foi vedar que os entes polticos criassem tributos incidentes sobre a passagem de bens e
pessoas em seus territrios. A regra, porm, possui excees. A primeira exceo a
possibilidade de cobrana do ICMS interestadual. Como um gravame incidente sobre
operaes que destinam bens a outros estados e sobre a prestao de determinados
servios, o tributo interestadual acaba por constituir uma limitao ao trfego de bens
pelo territrio nacional. Como a cobrana tem fundamento constitucional, ela
plenamente vlida, no havendo que se discutir a sua legitimidade. A Constituio no
veda a instituio de tributos intermunicipais ou interestaduais, o que ela veda que a
tributao seja to pesada a ponto de limitar a liberdade de trafego, seja de pessoas, seja
de bens.
O direito de ir e de vir um direito constitucional, que deve ser assegurado. Por
isso, a Constituio diz que vedado aos entes estabelecer limitaes ao trfego de
pessoas ou bens por meio de tributos. S que a Constituio excepciona expressamente o
pedgio. Ou seja, ela autoriza a instituio de pedgio pela utilizao de vias conservadas
pelo Poder Pblico, como limitador do trfego. Portanto, no que se refere ao pedgio, a
questo bastante controversa, principalmente com relao a sua natureza jurdica (se
tributria ou no). Qual a natureza jurdica do pedgio? O pedgio tarifa ou taxa? A
discusso antiga, e h trs correntes sobre o tema.
A terceira corrente entende que o pedgio pode ser taxa ou tarifa, a depender da
existncia ou no de uma via alternativa. Se a utilizao for compulsria, ter natureza de
taxa. Se for de utilizao facultativa, ter natureza de tarifa. Essa corrente entusiasma
muita gente, mas a sua aplicao prtica de certa forma invivel. At mesmo porque a
existncia ou no de alternativa pode mudar do dia para a noite. Certo dia pode existir
uma via, que no outro dia pode vir a ser fechada. E como se faz para refletir essa
mudana no pedgio?
Na prtica, o pedgio tratado como tarifa. At porque muito mais fcil
manipular o valor de uma tarifa do que o valor de uma taxa. Mas a questo est longe de
definio. H precedente no Supremo, que ao analisar o selo pedgio entendeu que teria
natureza de taxa, com base na posio topogrfica. So dois julgamentos da Segunda
Turma, com o que no se pode dizer que a questo est pacificada (RE 194.862 e
181.475). Veja que se se entender que taxa, deve ser observada a legalidade, a
anterioridade, etc.
EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTRIO. PEDGIO. Lei
7.712, de 22.12.88. I.- Pedgio: natureza jurdica: taxa: C.F., art.
145, II, art. 150, V. II.- Legitimidade constitucional do pedgio
institudo pela Lei 7.712, de 1988. III.- R.E. no conhecido.
Muita gente impetra mandado de segurana para no pagar pedgio quando no h
via alternativa. O STJ tem varias decises entendendo que no h direito de no ser
cobrado, mesmo que no haja via alternativa, pois o art. 150, V excepciona
expressamente o pedgio. Em suma, o STJ tem entendido pela possibilidade da cobrana,
mesmo diante da inexistncia de via alternativa.
- Princpio da uniformidade geogrfica da tributao (art. 151, I).
Trata-se de decorrncia do princpio da isonomia e de proteo ao pacto
federativo. vedado Unio instituir tributo que no seja uniforme em todo o territrio
nacional ou que implique distino ou preferncia em relao a Estado, ao Distrito
Entretanto, por simetria, tambm possvel afirmar que vedado aos Estados instituir
isenes sobre tributos municipais.
A vedao importante garantia protetora do pacto federativo, pois impede que os
entes maiores, por ato prprio, interfiram na arrecadao dos entes menores, pondo-lhes
em risco a autonomia. Entretanto, h trs excees a essa regra. A primeira exceo vem
no art. 155, 2, XII, e, que diz respeito ao ICMS. Segundo o dispositivo, cabe lei
complementar excluir da incidncia do imposto, nas exportaes para o exterior, servios
e outros produtos alm dos mencionados no inciso X, "a". Diz-se que isso uma iseno
heternoma, pois o Congresso, atravs de lei complementar federal, que estaria
excluindo essa incidncia, e no o prprio Estado. Alguns autores discordam dessa ideia,
pois no propriamente a Unio quem estaria dando o benefcio, mas o Congresso na sua
competncia legislativa nacional, e no federal. S que a doutrina entende que exemplo
de vedao heternoma.
Outra exceo vem no Art. 156, 3, II, que diz respeito ao ISS. Segundo o
dispositivo, cabe a lei complementar excluir da sua incidncia exportaes de servios
para o exterior. A ideia aqui a mesma do ICMS, desonerar as exportaes.
A terceira exceo no expressa, e diz respeito aos tratados ou convenes
internacionais. O Supremo entende que os tratados e convenes internacionais podem
conceder isenes de impostos estaduais ou municipais, e que isso no vedado pela
Constituio. O Supremo entendeu que o tratado internacional assinado pelo Presidente
da Repblica na qualidade de Chefe de Estado, e no de Chefe de Governo. Os
Municpios e Estados brigaram muito por conta desse entendimento, pois eles passaram a
ser obrigados por uma conveno da qual no fizeram parte. Isso feriria as suas
autonomias. Tivemos dois tratados que chegaram ao supremo. O primeiro dele foi o da
Itaipu-binacional. Constava no tratado iseno referente ao ISS e ao ICMS para a
construo civil. Outro exemplo foi o contrato do gasoduto Brasil-Bolvia. No tratado
havia a mesma regra de iseno para o ICMS e o ISS. RE 229.096.
TRATADO
INTERNACIONAL
FIRMADO
PELA
todo e qualquer caso que a Unio pode dar a moratria heternoma, mas apenas em casos
excepcionalssimos. Trata-se da moratria geral e irrestrita. Essa moratria para o caso
em que o pas est numa situao to catastrfica, que preciso dar essa moratria geral.
As obrigaes, sejam tributrias ou no, ficam com os prazos prorrogados.
- Princpio da no discriminao tributria em razo da procedncia ou destino dos bens
(art. 152).
vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios estabelecer diferena
tributria entre bens e servios, de qualquer natureza, em razo de sua procedncia ou
destino. Este princpio aplicvel exclusivamente aos Estados, DF e Municpios.
Relembre-se que a Unio e somente ela pode estipular tratamento tributrio
diferenciado entre os Estados da federao tendo por meta diminuir as desigualdades
socioeconmicas. Providncias semelhantes, portanto, no so lcitas aos Estados e
Municpios, sob pena de grave risco ao pacto federativo.
A grande controvrsia envolvendo este artigo a questo da diferenciao da
alquota do IPVA do carro importado e do carro nacional. O Estado do Rio de Janeiro
cobrava alquota maior para o carro importado, e muita gente ingressou em juzo
questionando essa regra. O Estado argumentava a cobrana com a questo da capacidade
contributiva. Quem tinha capacidade contributiva para comprar um carro importado,
consequentemente deveria pagar mais IPVA. Fora isso, o Estado alegava que com a
alquota maior estar-se-ia protegendo o produto nacional. Diziam ainda que o art. 152 s
se aplicava circulao de bens internamente, no se aplicando aos bens que vm de fora
do pas. Os argumentos, porm, foram rejeitados pelo Supremo. O STF entendeu que essa
tributao diferenciada era inconstitucional, pois violava a vedao de tributao
diferenciada em funo da procedncia. O Supremo entendeu que o IPVA no teria essa
finalidade extrafiscal de proteo ao produto nacional. No que ele no possa ter
finalidade extrafiscal, mas essa especificamente ele no pode ter.
- Imunidades.
A iseno, por sua vez, pode ser encontrada nas leis, ordinrias ou
complementares, a depender da natureza da lei que criou o tributo, convnios ou tratados.
A regra geral que os tributos so criados por lei ordinria. Se o tributo for criado por lei
ordinria, a iseno ser concedida por lei ordinria. Mas se o tributo s puder ser
institudo por lei complementar, a iseno s poder ser concedida por lei complementar.
o caso, por exemplo, do emprstimo compulsrio (art. 148). A lei que conceder a
iseno tem que ter o mesmo status exigido para a lei de criao do tributo. As isenes
podem ser ainda encontradas nos convnios do ICMS. Os Estados no podem conferir
beneficio fiscal para o ICMS sem prvio convnio. Outra fonte de iseno so os
tratados. Lembrando que eles podem at mesmo ser fonte de iseno heternoma,
conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal.
As hipteses de no-incidncia podem vir na Constituio e nas prprias leis
instituidoras dos tributos. um conceito que se chega por excluso da definio do fato
gerador. Tudo que no for hiptese de incidncia ser no-incidncia. Por exemplo, se o
Estado tem competncia para instituir um imposto sobre a transmisso causa mortis e
doao de quaisquer bens e direitos, mas prev como fato gerador do imposto apenas a
transmisso de bens imveis. Nesse caso, a doao de um bem mvel no idnea a
fazer nascer a obrigao tributria, de forma que no ocorre a subsuno do fato norma.
Portanto, no h incidncia.
Ricardo Lobo Torres entende que s haveria imunidade quando for para a proteo
de algum direito fundamental. Por exemplo, ele acha que a imunidade para os livros no
propriamente uma imunidade. Mas a doutrina majoritria entende que imunidade.
Ser iseno quando estivermos diante de razoes de poltica fiscal do ente. No h
qualquer razo de proteo aos direitos fundamentais dar iseno para o bacalhau e no
dar para a sardinha. Trata-se de simples razo de poltica fiscal.
3. Quanto possibilidade de revogao.
acessrias
autnomas
obrigao
principal
de
Emenda
Constitucional
de
Lei
CONSTITUCIONAL.
TRIBUTRIO.
ICMS.
entidade abrangida pela imunidade. II. - Precedentes do STF. III. R.E. no conhecido.
O precedente envolvia entidades de assistncia social. A questo to relevante,
que o Supremo reconheceu repercusso geral no RE 630.790.
REPERCUSSO GERAL. CONSTITUCIONAL. TRIBUTRIO.
IMUNIDADE.
ASSISTNCIA
SOCIAL.
FILANTRPICA EXECUTADA
RELIGIOSOS.
LUZ
CARACTERIZAO
ATIVIDADE
DE
COMO
PRECEITOS
ATIVIDADE
DA
REGRA
DA
PBLICA
LEGALIDADE
GOZADA
POR
PELOS
203
(CONCEITO
DE
ASSISTNCIA
SOCIAL)
DA
da
imunidade
tributria
ao
Imposto
de
direito pblico, ou seja, para as demais pessoas de direito pblico dos entes. Trata-se da
imunidade tributria recproca extensiva. S que essa extenso no ampla: ela s
atinge o patrimnio, a renda e os servios que estejam vinculados com a atividade fim da
entidade. A extenso da imunidade s autarquias e fundaes pblicas no lhes confere
uma garantia de igual amplitude quela conferida aos entes polticos. A diferena
fundamental que para gozar da imunidade as autarquias e fundaes devem manter seu
patrimnio, renda e servios vinculados s suas finalidades essenciais ou s delas
decorrentes, restrio essa que no se aplica aos entes polticos.
Deve-se ento verificar no estatuto da entidade para saber qual a sua atividade
fim. A maioria das questes aqui no Rio envolve a imunidade do INSS e do BACEN. O
problema surge quando o bem da entidade no est sendo utilizado diretamente por ela.
Por exemplo, quando essas entidades esto alugando o imvel para terceiros. Seria esse
imvel abarcado pelas imunidades? Essa mesma discusso serve para as igrejas,
entidades de educao e de assistncia social, partidos polticos, inclusive as suas
fundaes e sindicatos dos trabalhadores. O Supremo entende que a imunidade abrange
esses imveis, desde que a renda obtida com a locao se reverta para as atividades fim
da entidade. Isso est dito na smula 724 do STF.
Smula 724: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune
ao IPTU o imvel pertencente a qualquer das entidades referidas
pelo art. 150, VI, c, da Constituio, desde que o valor dos aluguis
seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.
O que deve ser destacado o seguinte: mas como se comprova que o produto da
renda est sendo revertido para a atividade fim da entidade? Isso deve ser feito atravs de
prova pericial; em toda ao que envolve imunidade de imvel locado deve ser feita
percia. Deve-se analisar o ato constitutivo ou a lei que criou a entidade; analisar os livros
fiscais para verificar quanto ela recebeu, quanto investiu, etc. Mas a quem cabe o nus da
prova? o ente ou a entidade que deve provar a reverso do produto da renda? A questo
repetio do indbito, que prescreve em cinco anos, desde a data da extino do crdito
(art. 168 CTN). Frise-se: imprescritvel apenas a ao declaratria. A declaratria no
tem como consequncia a restituio. Esta deve ser buscada na ao de repetio de
indbito, que tem prazo de prescrio de cinco anos, nos termos do art. 168.
Outra questo importante da imunidade recproca vem no art. 150, 3 da
Constituio. O dispositivo traz trs hipteses em que a imunidade recproca no vai se
aplicar. Esse 3 se aplica imunidade recproca como um todo. Quer dizer, ele vale no
s para as autarquias e fundaes, mas tambm para os entes da federao. Ento, um
ente federativo eventualmente vai ter que pagar imposto sobre seu patrimnio, renda ou
servios. A primeira exceo que o 3 traz o caso em que o ente ou entidade imune
exploram atividade econmica regida pelas normas aplicveis aos empreendimentos de
direito privado. O fundamento dessa hiptese o art. 173, 1 e 2 da Constituio. No
mbito das atividades econmicas vigora o princpio da livre concorrncia; ento para
assegurar essa livre concorrncia, os entes e entidades pblicas no podem gozar de
privilgios que os particulares no tm. sabido que o ente no deve explorar atividade
econmica, mas se por acaso resolver fazer, no deve ter privilgio nenhum.
A segunda exceo do 3 diz respeito cobrana de contraprestao ou tarifa.
Essa segunda hiptese vem sendo interpretada com algumas peculiaridades. O Supremo
hoje s aplica a hiptese s concessionrias de servios pblicos. Estas, exatamente por
serem concessionrias, pessoas jurdicas de direito privado, no gozam de imunidades. E
isso vem sendo dito, pois estas concessionrias, por prestarem servios pblicos, vinham
pleiteando o reconhecimento da imunidade por extenso. S que o Supremo disse que
no existe imunidade por extenso. Como elas cobram tarifas, jamais vo poder gozar de
imunidade.
A terceira hiptese diz que a imunidade no alcana o promitente comprador de
um bem que seja de propriedade de alguma das entidades imunes. Promessa de compra e
venda no transfere propriedade; s que a imunidade no alcana o promitente comprador
as
restries
imunidade
recproca
(Segunda
Turma,
DJ
12/09/2003).
3.
Mostra-se
PATRIMONIAL
DO
PORTO
DE
SANTOS,
caso, a entidade, ainda que imune, no vai ter imunidade com relao ao IPTU, pois no
proprietria. A imunidade s vai alcanar a entidade quando ela for proprietria do
imvel.
Essa questo muito importante. J caiu, por exemplo, em vrios concursos. A
questo que diz respeito ao contribuinte de fato. A imunidade no alcana a entidade
imune quando ela for contribuinte de fato, mas s quando for contribuinte de direito.
Vejamos por exemplo a questo do ICMS, que um imposto indireto. Ento, no ICMS h
a figura do contribuinte de fato. O ICMS embutido no preo da mercadoria e repercute.
Ento, digamos que a UERJ seja proprietria de um imvel. E assim sendo, ela paga
obviamente as suas contas de luz. Sabemos que o ICMS incide sobre energia eltrica,
considerada aqui como uma mercadoria. O ICMS vem destacado na conta de luz. Vamos
supor que a UERJ ingresse com ao declaratria visando seja declarada a sua imunidade
com relao ao ICMS. Teria razo a UERJ nessa ao? Ora, quem o contribuinte de
direito do ICMS? Contribuinte sempre quem vende; sendo assim, contribuinte de
direito a concessionria de eletricidade. A UERJ, por sua vez, contribuinte de fato, na
medida em que suporta o imposto embutido no preo da eletricidade. Mas quem recolhe
o ICMS ao fisco a Light. Ento nesse caso, a UERJ no vai gozar da imunidade,
pois ela no contribuinte de direito. Isso praticamente pacfico na doutrina e h
posicionamento do Supremo nesse sentido. Nesse sentido, AI 629785.
CONSTITUCIONAL E TRIBUTRIO. ICMS. MUNICPIO.
ENERGIA
ELTRICA.
IMUNIDADE
TRIBUTRIA
paranaense que concedera iseno a entidades religiosas quanto ao ICMS incidente sobre
servios pblicos estaduais delegados, ao argumento de que esta iseno no causa risco
de guerra fiscal. Veja que as entidades religiosas no so contribuintes de direito do
ICMS, mas mesmo assim o Supremo entendeu pela constitucionalidade da lei isencional.
ICMS - SERVIOS PBLICOS ESTADUAIS PRPRIOS,
DELEGADOS, TERCEIRIZADOS OU PRIVATIZADOS DE
GUA, LUZ, TELEFONE E GS - IGREJAS E TEMPLOS DE
QUALQUER
CRENA -
CONTAS
- AFASTAMENTO -
a contribuinte que
estivesse
a contribuinte de
no
mercado,
direito,
e
sim
lei
especfica
(Qualquer
subsdio
RESPONSABILIDADE
TRIBUTRIA.
IMPOSTO
CIRCULAO
DE
OU
SUBSTITUIO
SOBRE
OPERAO
MERCADORIAS
DE
ICM/ICMS.
SOCIAL
DA
INDSTRIA
SESI
PELO
MERCADORIA
ADQUIRIDA
PRODUTOR-VENDEDOR
TRIBUTAO
SUJEITA
PELA
CONTRIBUINTE
A
ENTIDADE.
DO
DIFERIMENTO.
TRIBUTO.
Recurso
AGRAVO
EXTRAORDINRIO.
REGIMENTAL
TRIBUTRIO.
NO
RECURSO
CAIXA
DE
RECPROCA.
CONSTITUIO.
CAIXA
ART.
DE
150,
VI,
ASSISTNCIA
DA
DOS
em
benefcio
individual
dos
associados.
Recurso
imunes tambm est abrangido pela imunidade. Ou seja, ele entende que a venda de
objeto sacro imune (RE 186.175).
O Plenrio do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 210.251 EDv/SP, fixou entendimento segundo o qual as entidades de
assistncia social so imunes em relao ao ICMS incidente sobre a
comercializao de bens por elas produzidos, nos termos do art. 150,
VI, "c" da Constituio. Embargos de divergncia conhecidos, mas
improvidos.
Outra discusso envolvendo a imunidade das Igrejas diz respeito aos cemitrios. O
STF, reiterando a sua tendncia de dar interpretao ampliativa regra ora estudada,
decidiu que a imunidade dos templos de qualquer culto aplicvel aos cemitrios que
funcionem como extenses de entidades religiosas, no tenham fins lucrativos e se
dediquem exclusivamente realizao de servios religiosos e funerrios. H dois tipos
de cemitrios: em primeiro lugar, h os cemitrios mantidos pelas Igrejas; e muitos desses
so mantidos em terrenos anexos ao da Igreja. Esses no ensejam dvidas quanto
presena da imunidade. O problema vem com os cemitrios particulares, que no so
vinculados a nenhuma igreja, mas pertencem a particulares que visam ao lucro. O
Supremo no tem reconhecido a imunidade nessas hipteses. Ele entende que quando o
cemitrio age com intuito de lucro, ou seja, como atividade econmica, no deve haver a
imunidade. Re 578562.
EMENTA:
CONSTITUCIONAL.
RECURSO
IMUNIDADE
EXTRAORDINRIO.
TRIBUTRIA.
IPTU.
essenciais da Igreja. Agora, h ainda a questo do ICMS. Veja que o McDonalds tem
personalidade jurdica diferente da Igreja. Ento, o McDonalds vai ter que recolher ou
pode alegar a imunidade? Vai ter que recolher o ICMS. O contribuinte de direito do
ICMS quem vende a mercadoria. Mesmo que o consumidor final seja a Igreja, ela
mero contribuinte de fato. RE 325.822.
EMENTA: Recurso extraordinrio. 2. Imunidade tributria de
templos de qualquer culto. Vedao de instituio de impostos sobre
o patrimnio, renda e servios relacionados com as finalidades
essenciais das entidades. Artigo 150, VI, "b" e 4, da Constituio.
3. Instituio religiosa. IPTU sobre imveis de sua propriedade que
se encontram alugados. 4. A imunidade prevista no art. 150, VI,
"b", CF, deve abranger no somente os prdios destinados ao
culto, mas, tambm, o patrimnio, a renda e os servios
"relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas
mencionadas". 5. O 4 do dispositivo constitucional serve de vetor
interpretativo das alneas "b" e "c" do inciso VI do art. 150 da
Constituio Federal. Equiparao entre as hipteses das alneas
referidas. 6. Recurso extraordinrio provido.
H ainda duas questes interessantes. A primeira delas com relao a
apartamentos suntuosos que no esto alugados, ou seja, no esto sendo aproveitados
economicamente, mas so utilizados pelos lderes religiosos. onde moram os padres,
pastores, etc. Aqui no Rio esses imveis no esto tendo a imunidade reconhecida, pois
no h qualquer reverso. Como so imveis suntuosos e que no esto sendo utilizados
para a atividade fim, no haveria que se falar de imunidade. Os Tribunais esto
entendendo que os padres tm direito a uma residncia, mas no a um apartamento de
2milhes de reais na Vieira Souto.
fixa outros requisitos para o gozo da imunidade por entidades de educao, diferentes dos
requisitos do CTN. O grande problema dessa lei que ela ordinria. Da a discusso:
esses requisitos devem vir por lei complementar ou bastaria lei ordinria? Hoje o que est
sendo discutido ento a constitucionalidade dessa lei 9.532. H trs correntes sobre essa
questo.
Uma primeira corrente entende que h necessidade de lei complementar e que,
portanto, essa lei inconstitucional. O importante aqui o fundamento. Essa corrente se
baseia no art. 146, II, que exige lei complementar para regulamentar as limitaes ao
poder de tributar. Como a imunidade uma limitao, ento os requisitos para o seu gozo
deveriam vir por lei complementar. Ento essa corrente faz uma interpretao sistemtica
da Constituio. Ela combina o art. 150, VI, c com o art. 146, II. Essa a posio
majoritria na doutrina. Uma segunda corrente entende que basta lei ordinria. Essa
uma corrente defendida pelas Fazendas, pois quanto mais requisitos, maior a dificuldade
de gozar a imunidade; e isso melhor para a fazenda. Segundo essa corrente, se a
constituio nada diz, porque a lei ordinria. Quando a constituio quer que a lei seja
complementar, ela diz expressamente.
Uma terceira corrente vai dizer que depende. Ou seja, por vezes haver
necessidade de lei complementar, e por vezes bastar a lei ordinria. E isso vai variar em
funo do tipo do requisito. Se estivermos diante de um requisito subjetivo para o gozo
da imunidade, bastaria lei ordinria. Quer dizer, se a lei fosse apenas para definir que o
uma entidade de educao ou o que uma entidade de assistncia social, bastaria uma lei
ordinria. Essas questes so normas de direito civil e, portanto, poderiam ser tratadas
por lei meramente ordinria. Agora, se estivermos diante de um requisito objetivo haveria
necessidade de lei complementar. Requisito objetivo tem que ver com o alcance da
imunidade. O Supremo julgou a liminar na Adin que foi impetrada em face dessa lei. E
nessa liminar o Supremo adotou a terceira corrente, ou seja, a corrente do depende. E o
Supremo deu a liminar para suspender a vigncia dos art. 12, 1 e alnea f do 2, art. 13,
caput, e 14 da lei. O Supremo ainda no julgou o mrito dessa ADIN, mas j h vrios
que,
quando
susceptveis
de
disciplina
13,
caput,
14
e,
finalmente,
se
afigura
chapada
deve-se entender que h relevncia no fato de o art. 150, VI, c ter imunizado
expressamente as entidades de assistncia social, sem ter mencionado as entidades de
previdncia. A consequencia prtica desse entendimento que, em regra, os fundos de
penso no gozam da imunidade. Eles s vo gozar da imunidade se no cobrarem
contribuio dos seus associados. O que importa para a imunidade se h ou no
contribuio do beneficirio.
Smula 730: A imunidade tributria conferida a instituies de
assistncia social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da
Constituio, somente alcana as entidades fechadas de previdncia
social privada se no houver contribuio dos beneficirios.
Ressalte-se que a Constituio no seu art. 202, 3 veda o aporte de recursos
entidade de previdncia privada pelos entes federativos, suas autarquias, fundaes,
empresas pblicas, sociedades de economia mista e outras entidades pblicas, salvo na
qualidade de patrocinador, situao na qual, em hiptese alguma, sua contribuio normal
poder exceder a do segurado. Assim, as entidades de previdncia privada que tiverem
como patrocinadores os entes pblicos e sua entidades da administrao indireta jamais
sero beneficirias de imunidade tributria das entidades assistenciais, pois se o
patrocinador estatal no pode contribuir com um montante maior do que aquele a cargo
dos beneficirios, tambm no pode por bvio contribuir sozinho.
- Imunidade dos livros, jornais, peridicos e papel destinado impresso (art. 150, VI, d).
Essa imunidade completamente diferente das outras que j vimos. Em primeiro
lugar, fundamenta essa imunidade a necessidade de difuso da cultura, a liberdade de
pensamento e a difuso e liberdade de informao. Essa imunidade uma imunidade
objetiva. Todas as outras estudadas eram subjetivas. Essa no; o que imune o papel, o
livro, o jornal. A imunidade no se estende ao livreiro, ao editor do jornal, ao fabricante
do papel. Com isso em mente, vamos ver o alcance dessa imunidade. Nas operaes
relativas aos livros, jornais, peridicos e papel, estaro imunes o ICMS, o IPI, o II e o IE.
So os quatro impostos sobre a circulao de bens e mercadorias.
Uma grande discusso que interessa a PGM diz respeito ao ISS. Ser que a
imunidade alcana o ISS? Quais so os servios que estariam vinculados a atividade de
publicao de livros ou jornais? Por exemplo, a composio grfica e o servio de
distribuio e entrega. Essa questo interessante, pois o Supremo recentemente mudou
de opinio. O entendimento atual do Supremo no sentido de que o servio de grfica
no tem imunidade com relao ao ISS. Ou seja, vai incidir o imposto sobre servios de
grfica. O Supremo entende que essa a nica imunidade que deve ser interpretada
restritivamente, pois a inteno do constituinte foi proteger o produto acabado, o livro, o
jornal. Os servios mencionados so servios relacionados s fases intermediarias da
produo e fase posterior. Por isso o Supremo entendeu que no estariam abarcadas pela
imunidade. S que isso no pacfico. O entendimento contrrio diz que a imunidade
deveria ser o mais ampla possvel, como uma forma de baratear o produto. S que o
Supremo entendeu que a imunidade do ISS no influenciaria no preo final do livro. RE
631864. RE 530121.
EMENTA:
AGRAVO
EXTRAORDINRIO.
REGIMENTAL
TRIBUTRIO.
EM
ISS.
RECURSO
IMUNIDADE
OU
ENTREGA
DE
LIVROS,
JORNAIS,
IMPOSSIBILIDADE.
INTERPRETAO
DA
CF/88.
"LBUM
DE
FIGURINHAS".
EXTRAORDINRIO.
JORNAIS,
LIVROS
CONSTITUCIONAL.
E
PERIDICOS.
Federal
da
"CONSTITUCIONAL
2
-
Regio
TRIBUTRIO
assim
-
ementado:
IMUNIDADE
DE
ALCANCE
MATERIAL
PUBLICAO
EDUCATIVO
A ELA
EXTRAORDINRIO.
CONSTITUCIONAL
REPBLICA.
ELETRNICO
NO
(CD-ROM).
ABRANGNCIA
JULGADO
DE
LIVRO
RECORRIDO
DIVERGENTE
DA
JURISPRUDNCIA
DO
SUPREMO
DE
SEGURANA.
AGRAVO
RETIDO.
apenas
suporte
fsico
para
disseminao
do
conhecimento.
- Agravo no conhecido e apelao a que se d provimento (fl.
121).
Sustenta a recorrente violao do artigo 150, inciso VI, alnea 'd', da
Constituio Federal, uma vez que O que est amparada, portanto,
pela imunidade tributria, , apenas, a mdia escrita tendo como
suporte o papel, no tendo sido acolhida a mdia falada, vista ou
eletrnica (fl. 131).
(...)
A irresignao merece prosperar, uma vez que a jurisprudncia desta
Corte est consolidada no sentido de que a imunidade disposta no
artigo 150, inciso VI, alnea 'd', da Constituio Federal abrange
somente o papel ou os materiais a ele assemelhados com o fim de
impresso de livros, jornais e peridicos. Colhe-se o seguinte
julgado:
CONSTITUCIONAL. TRIBUTRIO. JORNAL. IMUNIDADE
TRIBUTRIA. C.F., art. 150, VI, d. I. - O Supremo Tribunal Federal
decidiu que apenas os materiais relacionados com papel (papel
fotogrfico, papel telefoto, filmes fotogrficos, sensibilizados, no
impressionados, para imagens monocromticas, papel fotogrfico
p/fotocomposio por laser) que esto abrangidos pela imunidade
tributria do art. 150, VI, d, da C.F. II. - Precedentes do STF: RREE
190.761-SP e 174.476-SP, Ministro F. Rezek p/acrdo; RREE
203.859-SP e 204.234-RS, Ministro M. Corra p/acrdo, Plenrio,
11.12.96. Voto vencido do Min. C. Velloso, que entendia cabvel a
- Conceito.
Para alguns, o conceito de tributo no se confunde com a sua definio legal. Para
esses, o CTN no traz um conceito de tributo, mas uma definio legal, na medida em
que ele define o que entende por tributo, o que no necessariamente se confunde com o
seu conceito. Nada obstante, a distino parece despicienda. Segundo o art. 3 do CTN,
tributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.
A primeira considerao com relao ao fato de o tributo ser sempre uma
prestao pecuniria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. Trata-se de algo
que pode ser convertido em moeda. H uma grande divergncia na doutrina e
jurisprudncia a respeito dessa parte do dispositivo. Discute-se se o CTN estaria ou no
admitindo a dao em pagamento atravs da expresso. Ser que o art. 3 estaria
admitindo a dao em pagamento? Veja que bens mveis, imveis ou servios so coisas
que podem ser convertidas em dinheiro. O CTN prev expressamente a dao em
pagamento com bens imveis (art. 156, XI). Essa hiptese no estava originariamente
prevista no CTN, mas foi introduzida pela lei complementar 104/2001. Ento no h
dvida quanto ao seu cabimento. Mas, mesmo no caso de dao com imveis, h sempre
a necessidade de previso quanto a sua possibilidade na legislao do ente tributante para
que seja possvel esta forma de pagamento. O CTN fixa apenas a norma geral de
cabimento, mas so os entes que devem editar as suas prprias leis. Aqui no Rio de
Janeiro, por exemplo, h lei municipal admitindo a dao em bens imveis (lei 691 de
84). Mas aqui s se admite a dao quando o imvel for de interesse da Secretaria de
Habitao.
S que o CTN s fala expressamente dos bens imveis. Ou seja, continua a
controvrsia com relao aos bens mveis ou servios. Com relao a esses outros bens, a
doutrina majoritria entende que o pagamento poderia ser possvel, desde que lei do ente
confiscatrio ele no pode ser sano. Neste ponto, temos que lembrar a
progressividade extrafiscal do IPTU. Alguns autores dizem que essa progressividade
extrafiscal do IPTU seria uma sano, pois seria uma forma de sancionar o proprietrio
pela subutilizao do bem. Ento estes autores sustentam que a progressividade do IPTU
seria uma exceo regra do art. 3 CTN.
O art. 3 diz ainda que o tributo deve ser institudo por lei. Trata-se de
manifestao do princpio da legalidade tributria.
A ltima parte do art. 3 diz que ele deve ser cobrado por atividade administrativa
plenamente vinculada. Ao dizer isso o artigo est se referindo ao lanamento. O tributo
cobrado mediante o lanamento, que um ato administrativo vinculado. Muitos autores
questionam a noo de plenamente vinculado, como se algo pudesse ser parcialmente
vinculado. Na verdade, o artigo quer dizer que no h discricionariedade do fiscal; ou
seja, de que ele tem que lanar.
- Natureza jurdica especfica do tributo (art. 4 CTN).
O art. 4 do CTN diz que o que importa em princpio para a definio da natureza
jurdica especfica do tributo a anlise do fato gerador. ele que vai definir a espcie
tributria, sendo irrelevante a denominao e caractersticas formais adotadas pela lei ou
a destinao legal do produto. Quer dizer, no porque a lei disse que uma taxa que o
tributo ter natureza de taxa. O que interessa o fato gerador da respectiva obrigao. O
Hugo de Brito usa a expresso tributo oculto para definir essa situao. Ou seja, quando a
lei disfara determinado tributo sob a forma de outra coisa. Todavia, o que o art. 4 diz
que o que a lei diz no tem importncia; ser tributo se assim o for em sua essncia.
O inciso II do art. 4 diz que no tem relevncia para determinao da natureza do
tributo a sua destinao legal. que a destinao do produto do tributo interessa em
princpio ao direito financeiro, e no para o direito tributrio. O problema que esse
inciso II no se aplica a duas espcies tributrias. H duas espcies em que a definio
legal do produto fundamental para a definio da sua natureza. Por isso alguns autores
entendem que esse inciso no teria sido recepcionado pela Constituio. Com efeito, o
inciso no se aplica s contribuies especiais ou parafiscais e aos emprstimos
compulsrios. No emprstimo compulsrio o destino da arrecadao tambm
fundamental para determinar a sua natureza jurdica. Na verdade, o que ocorre que as
contribuies especiais e emprstimos compulsrios no eram considerados tributos sob a
gide da Constituio passada. Ento o art. 4 se aplicava apenas aos impostos, taxas e
contribuies de melhoria. Veja que o art. 4 era plenamente compatvel com a
Constituio da poca. Ento a Constituio de 88 trouxe as contribuies e os
emprstimos compulsrios para o campo tributrio, e com isso o inciso II se tornou
incompatvel.
- Espcies tributrias.
O art. 5 diz que os tributos so os impostos, as taxas e as contribuies de
melhoria. Veja que o CTN adota a classificao tripartite dos tributos. S que a maioria
da doutrina entende que esse artigo no foi recepcionado pela Constituio. Hoje o
entendimento prevalente pela classificao quinquipartite: impostos, taxas,
contribuies de melhoria, contribuies especiais e emprstimos compulsrios. Com o
advento da Constituio de 88, que trouxe para o campo tributrio as contribuies
especiais e os emprstimos compulsrios, o art. 5 teria perdido a sua razo de ser. Essa
a posio majoritria e a posio do Supremo. Todavia, isso no pacfico. H autores
que at hoje defendem a classificao tripartite. O Roque Antonio, por exemplo, defende
a classificao tripartite. Ele entende que o emprstimo compulsrio e as contribuies
especiais seriam modalidades de imposto ou taxa. Ele no nega natureza tributria a eles,
mas diz que sero imposto ou taxa, a depender de terem ou no natureza
contraprestacional. H ainda a classificao quadripartite, segundo a qual os tributos se
dividem em impostos, taxas, contribuies e emprstimo compulsrio. a classificao
adotada pelo Ricardo Lobo Torres.
- Impostos.
Supremo Tribunal Federal entende que possvel a cobrana potencial da taxa pelo
exerccio do poder de polcia. Existindo o rgo fiscalizador, a cobrana possvel. O
STF julgou esse caso com base na taxa de renovao de alvar de funcionamento. Quer
dizer, cobrava-se anualmente a taxa pela possibilidade de o fiscal bater no
estabelecimento; para continuar funcionando o contribuinte tinha que pagar. RE 588.322.
Recurso
Extraordinrio
1.
Repercusso
geral
reconhecida.
2.
Alegao
de
DOMICILIAR
DE
LIXO.
UNIVERSALIDADE.
segurana pblica um servio indivisvel por natureza. O inciso V fala da polcia militar
e do Corpo de Bombeiros. O corpo de bombeiros uma instituio militar, da estar no
mesmo inciso. Ento, se os bombeiros so considerados uma instituio de segurana
pblica, no haveria razo para se cobrar taxa pela prestao de segurana pblica, que
um servio indivisvel.
A segunda corrente entende pela constitucionalidade da taxa de incndio, na
medida em que se referiria a um servio divisvel. Para essa corrente estaria sim presente
a referibilidade. Essa questo ainda est em aberto no Supremo, pois h decises
divergentes. As decises mais recentes do Supremo tm sido pela Constitucionalidade da
taxa. AI 677891. O Supremo reconheceu repercusso geral no RE 561158, mas a questo
ainda no foi julgada.
EMENTA:
CONSTITUCIONAL.
INCNDIO.
TRIBUTRIO.
TAXA DE
CONSTITUCIONALIDADE.
AGRAVO
preveno
contraprestao
de
a
incndios,
servio
porquanto
essencial,
instituda
especfico
como
divisvel.
DE
DIREITO
LIMPEZA
DA BASE
DE
TRIBUTRIO.
TAXA.
PBLICA.
DISTINO.
CLCULO
PRPRIA DE
professora entende que no h distino, e por isso daqui pra frente falaremos somente de
tarifa.
A doutrina utiliza muitos critrios para diferenciar entre as taxas e tarifas. S que
os critrios no so pacficos. Vamos analisar os mais utilizados. O primeiro critrio o
da compulsoriedade. Este entendimento est sumulado na sumula 545 do STF. Mas qual
a compulsoriedade que diferencia entre taxa e tarifa? A compulsoriedade do pagamento
ou da utilizao do servio? Na verdade, o que compulsrio para fins de distino a
utilizao do servio. Porque o pagamento ser compulsrio em ambos os casos. Note-se,
que uma vez prestado o servio, surge a compulsoriedade do pagamento, com relao aos
preos. Na taxa, a utilizao do servio compulsria, pois no h facultatividade. O
contribuinte precisa utilizar do servio, pois h um interesse pblico maior a justificar
essa utilizao. Por exemplo, a taxa de lixo. Ningum pode enjeitar o servio pblico de
coleta de lixo, pois por traz dele est o interesse pblico da sade pblica. Por isso,
ningum pode se esquivar do pagamento da taxa de coleta de lixo.
Por outro lado, na tarifa a utilizao do servio facultativa. Quando a adeso ao
servio no passvel de escolha, estar-se-ia diante de uma taxa. Em havendo escolha,
estar-se-ia diante de preo pblico/tarifa. Tradicionalmente, essa uma das caractersticas
da tarifa, ou seja, o fato de ser facultativa; o sujeito usa do servio se quiser e quando
quiser. Exemplo clssico de tarifa o telefone. O sujeito pode no querer ter telefone. Ter
ou no telefone facultativo. Todavia, o critrio tambm se mostra insuficiente,
principalmente diante da natureza tarifria dos servios de gua e esgoto. Por obvio que
tais servios so de adeso compulsria. Nada obstante, so cobrados mediante tarifa.
Mas nenhum dos critrios sozinho suficiente. O segundo critrio o da
essencialidade do servio. Aqui, a ideia no se o servio importante. A ideia aqui de
o servio ser tpico de Estado ou no. So os servios que deveriam ser prestados em
princpio pelo Estado. As funes tpicas de Estado devem ser remuneradas atravs de
taxas. Funes tpicas de Estado so aquelas que no podem ser delegadas. So funes
as quais o Estado se reserva, por conta da soberania. No caso da taxa, ela sempre
envolver um servio essencial. Ou seja, servio que em princpio deveria ser prestado
pelo estado ou por uma de suas autarquias. o exemplo da prestao jurisdicional, que
somente pode ser efetivada pelo Estado. Ou seja, nesses casos, o legislador deveria
instituir taxa. Nos demais, haveria a liberdade para a instituio de preos. Os servios
remunerados por tarifa tm natureza comercial ou industrial. Esse um critrio muito
adotado pelo STJ para diferenciar entre taxa e tarifa.
Um terceiro critrio tem que ver com a solicitao do servio. Na taxa, o servio
no precisa ser solicitado. O servio prestado automaticamente, independentemente de
qualquer solicitao, exatamente por conta do interesse pblico relevante. No caso da
tarifa deve haver a solicitao do servio, vez que tem natureza contratual. Outro critrio
muito adotado o da utilizao potencial. Ou seja, se possvel ou no cobrar
determinado valor com base em uma potencial utilizao. Isso uma caracterstica da
taxa, que pode ser cobrada em funo de uma utilizao efetiva ou potencial de servio
pblico. Por exemplo, a taxa de incndio, que cobrada pela possibilidade de o bombeiro
ter que apagar fogo na casa do contribuinte. No caso da tarifa, a regra que s haja o
pagamento com base na utilizao efetiva. Mas e a tarifa mnima, que cobrada mesmo
que no haja consumo de energia? Isso tambm uma utilizao potencial, mas
exceo. Mas aqui o fundamento diferente. No caso da energia eltrica, paga-se a tarifa
mnima, em primeiro lugar, pois isso est no contrato; em segundo lugar, por fora do
princpio da solidariedade. Paga-se a tarifa mnima para que o sistema continue a
funcionar.
Alm desses quatro critrios, h outro muito adotado. Trata-se do critrio relativo
natureza jurdica da pessoa que est cobrando. Se o servio fosse prestado pelo
Estado, diretamente, por seus rgos ou entidades autrquicas, a cobrana deveria ser
mediante taxa. Como o Estado em regra no visa ao lucro, o regime deve ser tributrio.
Para esses autores, a taxa seria cobrada por uma pessoa de direito pblico. J a tarifa seria
cobrada por pessoa de direito privado. Hoje em dia esse critrio no mais to relevante,
pois hoje temos tributos que so arrecadados por pessoas de direito privado.
Mas qual a importncia de fazer essa diferenciao? Em primeiro lugar, se
considerarmos algo como taxa, pelo fato de ser um tributo, estar submetida a todas as
limitaes ao poder de tributar. Ento, ter que observar a legalidade, anterioridade,
irretroatividade, etc. Por outro lado, se for tarifa, como ela tem natureza contratual, no
precisar observar esses princpios, mas apenas o que est posto no contrato. A segunda
consequencia que, se estivermos diante de uma taxa no ser possvel deixar de prestar
o servio por falta de pagamento. Isso prprio de qualquer tributo. O Estado no pode
deixar de prestar o servio se no houver o pagamento. A forma correta de cobrar o
tributo a via da execuo fiscal. por isso que se diz que no direito tributrio no se
admitem cobranas indiretas. Se o contribuinte no pagou, a fazenda que o execute. O
corte do servio prestado seria uma forma de cobrana indireta. Por outro lado, no caso
da tarifa permitido o corte do servio. Basta que haja prvia notificao do usurio
antes que seja feita a notificao. Essa exigncia de prvia notificao vem no art. 6, 3,
II da lei 8.987/95.
A terceira consequencia que se estivermos diante de uma taxa, no se aplicar o
CDC.
A relao
tributria
no
considerada
uma
relao
de
consumo.
EMBARGOS
DE
DIVERGNCIA
ser combinados. Isso muito difcil de ser apurado, pois difcil provar que a valorizao
decorreu da obra. Esse requisito no est posto na constituio, mas no CTN e na lei. Por
isso, quando a constituio foi promulgada muito se questionou se a necessidade de
valorizao havia sido mantida. Mas o posicionamento majoritrio que a necessidade de
valorizao ainda se mantm.
Quando o imvel se desvaloriza pela obra, obviamente no h contribuio a ser
cobrada. O Estado no pode cobrar tributo por ter desvalorizado o imvel. Ao contrrio,
se houve desvalorizao considervel do imvel o contribuinte poder at mesmo fazer
jus a uma indenizao. Que obras podem acarretar a cobrana da contribuio de
melhoria? O art. 2 do DL 195 traz um elenco de obras que poderiam ensejar a cobrana.
A maioria da doutrina entende que esse rol taxativo. Ento a cobrana s haveria se a
obra estivesse enquadrada no rol. Por exemplo, um viaduto, uma ponte, etc. Mas a
verdade que na prtica os entes no cobram a contribuio. E isso ocorre porque h uma
srie de dificuldades que inviabilizam a cobrana.
Em primeiro lugar, quem cobra a contribuio? A competncia tributria comum,
pois decorre da competncia administrativa. Ento cobrar a taxa aquele que realizar
efetivamente a obra. E se por acaso o Estado e o Municpio firmarem convnio para
realizar a obra? H autores que defendem que os dois poderiam cobrar e h autores que
defendem que somente um deles pode cobrar, geralmente o ente cujo interesse prevalea.
Ou seja, na dvida, cobraria o ente maior. Pode acontecer de os entes celebrarem
convnio estabelecendo uma repartio das receitas da contribuio.
Poderia a capacidade tributria para a cobrana da taxa ser delegada para um
consrcio formado por pessoas de direito privado? O posicionamento majoritrio que
eles no poderiam cobrar a taxa. O CTN, tanto no art.7 quanto no art. 119, menciona que
s pode ser sujeito ativo pessoa de direito pblico. S se pode delegar capacidade
tributria ativa pessoa de direito pblico. A LEF tambm s permite que pessoas do
direito pblico ajuzem execuo fiscal. Ento, do ponto de vista legal, no h espao
para pessoas de direito privado cobrarem tributo. No entanto, h autores que defendem
que pessoas de direito privado podem ter capacidade tributria ativa. Trata-se de
posicionamento minoritrio. E toda essa discusso motivada pelo caso especfico dos
sindicatos, que pela Constituio podem cobrar contribuio sindical.
Outro problema da contribuio de melhoria a sua base de clculo. A forma de
calcular a contribuio de melhoria est posta no art. 81 do CTN, que traz a previso de
dois limites para a cobrana: um global e outro individual. O limite global o custo da
obra; o limite individual a valorizao do imvel. No que tange ao limite global,
significa que a soma de todas as contribuies no pode ser superior ao custo da obra, sob
pena de haver um enriquecimento sem causa do estado. J o limite individual se justifica
na medida em que ningum pode pagar mais do que recebeu com a valorizao do seu
imvel. Mas como precisar a valorizao especfica de cada imvel? muito difcil fazer
esse clculo e por isso os entes quase no cobram.
A contribuio de melhoria s pode ser cobrada quando a obra j estiver pronta ou
ao menos quando grande parte dela estiver finalizada. At mesmo porque, como precisar
a valorizao antes da finalizao da obra? Ou seja, o estado no pode utilizar a
contribuio de melhoria para financiar a obra.
- Contribuies especiais ou parafiscais (art. 149 e 195 da Constituio).
Para a prova da PGE a melhor nomenclatura contribuies especiais. Hoje no
faz mais sentido falar em contribuies parafiscais. Contribuies parafiscais so aquelas
que vo financiar atividades paralelas ao estado. Tradicionalmente, so recursos
destinados a determinadas entidades que realizam determinadas atividades paralelamente
ao fisco. Essa nomenclatura fazia sentido na Constituio anterior, quando as
contribuies no tinham natureza tributria. Quando a Constituio de 88 trouxe essas
contribuies para o campo tributrio, o recurso passa a ingressar nos cofres da Unio. E
por isso no faz mais sentido falar em contribuies parafiscais. Hoje inequvoco que as
institudas por meio de lei ordinria, e seus contribuintes, base de clculo e fato gerador
no precisam estar estabelecidos em lei complementar. A exigncia do art. 146, III aplicase apenas para os impostos.
O art. 149 subdivide as contribuies especiais em algumas subespcies: (i.)
contribuies sociais; (ii.) contribuies de interveno no domnio econmico; (iii.)
contribuies corporativas (de interesse das categorias profissionais e econmicas).
Temos ainda a contribuio de iluminao pblica no art. 149-A. As contribuies do art.
149 so de competncia da unio. A contribuio do art. 149-A de competncia dos
municpios e DF.
- Contribuies sociais.
As contribuies sociais so aquelas que financiam sade, previdncia e
assistncia social. Essas trs finalidades compem a chamada seguridade social. Essas
contribuies tambm servem para financiar educao, auxlio desemprego, esportes,
arte, cultura. O princpio da solidariedade caracterstica marcante, no que diz respeito
ao custeio da seguridade social. Em relao ao custeio da seguridade social, a
Constituio estabeleceu uma referibilidade ampla ou indireta, eis que alm das
contribuies efetuadas por pessoas relacionadas ao sistema de seguridade, em especial
previdncia, h tambm a previso de contribuies por parte de pessoas que no
guardam qualquer relao com o grupo ou setor beneficiado pela atuao estatal, como
por exemplo, a contribuio devida pelo importador.
As contribuies sociais se subdividem em (i.) contribuies de seguridade social,
(ii.) contribuies sociais gerais e (iii.) outras contribuies de seguridade (RE 138284).
CONSTITUCIONAL.
TRIBUTRIO.
CONTRIBUIES
contribuies
corporativas.
C.F.,
art.
149.
gerais so todas as outras, destinadas a custeio de educao, esportes, etc. O art. 212, 5
da Constituio prev o salrio educao. A contribuio para o sistema S (art. 240 CR)
tambm se enquadra nessa classificao das contribuies sociais gerais (RESP 662.911).
Isso no pacfico na doutrina. Os que entendem que o FGTS tem natureza tributria o
enquadram nas contribuies sociais gerais. As contribuies para a seguridade observam
apenas noventena. As contribuies gerais devem observar as duas anterioridades.
TRIBUTRIO.
CONTRIBUIO
SOCIAL AUTNOMA.
e no
obrigados
ao
pagamento
de
referidas exaes
os
CONSTITUCIONAL.
SEBRAE:
TRIBUTRIO.
CONTRIBUIO
DE
Uma vez perguntaram na PGE se o art. 160 da Constituio deveria ser aplicado
aos royalties do petrleo. O art. 160 fala transferncias decorrentes da repartio de
receitas. Ora, se os royalties no tm natureza tributria, o art. 160 no pode ser aplicado
a eles. Segundo o Supremo, os royalties so receita prpria, e no receita transferida.
- Aula 10. 29 de julho de 2011.
- Contribuies especiais (art. 149). Continuao.
- Contribuies corporativas.
So contribuies corporativas aquelas criadas pela Unio com o objetivo de obter
recursos destinados a financiar atividades de interesses de instituies representativas ou
fiscalizatrias de categorias profissionais ou econmicas (corporaes). Tratam-se das
contribuies de interesse das categorias profissionais e econmicas.
- Contribuies de interesse das categorias profissionais.
Vamos comear pelas contribuies de interesse das categorias profissionais. So
as contribuies-anuidade. Essas contribuies visam prover de recursos os rgos
controladores e fiscalizadores das profisses (Conselhos de Fiscalizao Profissional),
cujas atividades so legalmente reputadas como de interesse pblico. Elas tm por
interesse financiar o controle, a fiscalizao e a regulamentao das profisses. Exemplo
clssico dessa contribuio so as contribuies para os conselhos de fiscalizao
CREA, CREMERJ. O que se paga para esses conselhos na verdade um tributo. Os
conselhos so autarquias (ADIN 1717-6/DF).
A nica discusso envolvendo essas discusses diz respeito OAB. Com relao
aos demais conselhos no h divergncia. Mas a OAB tem caracterstica especfica: a
OAB uma autarquia sui generis, segundo o STJ. Mas o que ela tem de diferente? Ela
tem todo um regramento especfico. Tem o estatuto da OAB, que no existe em relao
aos demais conselhos. Ademais, a OAB o nico conselho para o qual a Constituio
traz regras especficas. Por isso a OAB tem toda uma controvrsia prpria.
tributria, significa que ela pode ser cobrada de todos os empregados, e no s dos
sindicalizados. Em se entendendo que a contribuio no tem natureza tributria, ela pode
ser cobrada apenas dos empregados sindicalizados.
- CONTRIBUIO DE ILUMINAO PBLICA (ART. 149-A).
A ltima contribuio a contribuio de iluminao pblica. Ela foi introduzida
por emenda constitucional, e veio para substituir a antiga Taxa de iluminao pblica, que
o Supremo considerou inconstitucional. O primeiro ponto a ser ressaltado que a
competncia tributria para a instituio da contribuio do municpio e do DF, no
exerccio de suas competncias municipais. a nica contribuio social que pode ser
instituda pelo municpio, alm da previdenciria sobre os vencimentos dos servidores,
que podem ser institudas pelos Estados e Municpios.
A segunda observao que a Constituio se preocupou com a destinao dessa
contribuio. Ela tem por objetivo custear o servio de iluminao pblica. Ela tem essa
destinao especfica. Neste ponto, h uma controvrsia. Alguns municpios, ao criarem a
contribuio, destinaram a receita no s manuteno do servio, mas tambm para a
instalao do servio. Quer dizer, para a implantao do servio, mediante colocao de
postes, fiao, etc. A lei 5.132/09 do Rio de Janeiro faz meno a essa possibilidade. E
qual o problema aqui? O problema que a Constituio utiliza o termo custeio. E do
ponto de vista financeiro, a definio legal de custeio a manuteno de algo j existente.
E mais, h autores que defendem que a instalao do servio de iluminao pblica,
mediante a colocao de postes, uma obra. Da, o tributo a ser cobrado seria a
contribuio de melhoria, e somente se a instalao gerasse valorizao imobiliria. Essa
discusso ainda no tem manifestao dos tribunais. Trata-se de questo ainda meramente
doutrinaria. Os municpios sustentam que o termo custeio utilizado dentro de um
conceito mais amplo; no seria um conceito tcnico. At mesmo por conta do motivo que
ensejou a criao da CIP. Os municpios no tinham recursos para a manuteno desse
O Supremo disse que nada impede que seja criada contribuio para o custeio de
servio indivisvel. Essa vedao s h com relao s taxas. E temos vrios exemplos de
contribuies criadas para custeio de servios indivisveis, como a previdncia,
assistncia, etc. A contribuio especial no necessariamente precisa ter referibilidade
direta com o sujeito passivo; elas no necessariamente so contraprestacionais. Com
relao exigncia de lei complementar de normas gerais, o Supremo destacou que a
constituio s exige lei complementar sobre normas gerais sobre fato gerador, base de
calculo e contribuinte em relao aos impostos. O Supremo interpreta esse artigo de
forma literal. Ento, no preciso lei complementar de normas gerais para contribuio.
O Supremo tambm afastou o argumento de violao da isonomia. Se ele entende
que a contribuio pode custear servios indivisveis, no h violao isonomia. O ente
pode escolher contribuintes, dentro de uma gama. Esse argumento usado pelo Supremo
ainda para afastar outra alegao de inconstitucionalidade. O municpio de So Jos, ao
empregar o consumo mensal de energia eltrica de cada imvel como parmetro para
ratear entre os contribuintes o gasto com a prestao de servio de iluminao pblica,
buscou realizar, na prtica, a almejada justia fiscal que consiste precisamente na
materializao no plano da realidade ftica dos princpios da isonomia e da capacidade
contributiva, porque lcito supor que quem tem o consumo maior tem condies de
pagar mais - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (RE 573675).
Ainda, o Supremo disse que no tem problema que uma contribuio tenha base
de clculo prpria de imposto. Em primeiro lugar, a constituio veda apenas que as taxas
tenham base de clculo prpria de imposto. No h nenhuma vedao constitucional com
relao s contribuies. Na verdade, a prpria constituio traz contribuio que tem
mesma base de clculo que imposto, o caso da contribuio sobre o lucro lquido
CSLL e o imposto de renda de pessoa jurdica - IRPJ. O que os diferencia apenas a
destinao. E diga-se ainda mais: a base de clculo do ICMS e da COSIP no so
exatamente idnticas. No ICMS, uma alquota incide sobre a base de clculo. J na CIP
no h uma alquota; a faixa de consumo apenas um parmetro para indicar o valor a
discusso da CIP no pode ser no mbito dos juizados. Diante disso tudo, o
posicionamento que prevaleceu que, se o contribuinte quiser discutir a tarifa, ele deve
propor a ao no juizado em face da concessionria. Agora, se quiser discutir a CIP, vai
ter que propor na vara de fazenda pblica e em face do municpio. Deve ser feita essa
distino do objeto da ao. A ampla no tem legitimidade passiva para aes sobre
contribuies e nem os juizados tem legitimidade para aes de fazenda pblica.
- EMPRSTIMO COMPULSRIO (ART. 148 CR E ART. 15 CTN).
A Constituio estabelece que o emprstimo compulsrio de competncia da
Unio e s pode ser institudo por lei complementar. um dos casos em que se exige lei
complementar para a instituio de um tributo. A constituio prev duas hipteses de
criao de emprstimo compulsrio. O inciso I do art. 148 permite a criao de
emprstimo compulsrio em caso de guerra e calamidade pblica. A peculiaridade aqui
que esse emprstimo compulsrio uma exceo s duas anterioridades, a geral e a
nonagesimal. O inciso II prev a instituio de emprstimo compulsrio no caso de
investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional. Essa hiptese
tem que observar as duas anterioridades. O dispositivo faz apenas referencia
anterioridade geral. S que mesmo assim ele tem que observar as duas. que a
anterioridade nonagesimal foi introduzida na Constituio por emenda constitucional.
Ento o dispositivo s faz referencia anterioridade geral, pois s esta existia quando da
redao originria da constituio. Deve ser feita uma interpretao sistemtica do artigo.
O art. 15 do CTN prev trs hipteses de criao de emprstimos compulsrios.
S que o inciso III no est na constituio de 88. Diante disso, o posicionamento
pacfico que o inciso III no foi recepcionado pela ordem constitucional de 88.
Essas duas hipteses previstas na Constituio so os pressupostos da cobrana,
mas no so os fatos geradores da cobrana. A guerra, a calamidade ou a necessidade de
investimento no fato gerador de nada, mas apenas pressuposto. O fato gerador ser
definido na lei complementar que criar o emprstimo compulsrio. J tivemos
emprstimos compulsrios que tiveram como fato gerador a compra de veculos, a venda
de combustveis e a venda de energia eltrica. Todos so fatos geradores de impostos que
no so de competncia originria da Unio. Entretanto, o Supremo entendeu que isso era
vlido.
O emprstimo compulsrio se diferencia do imposto por conta da devoluo dos
valores. No caso do emprstimo, como o prprio nome diz, os valores devem ser
restitudos. Alm disso, a receita dos emprstimos compulsrios vinculada aos
pressupostos que ensejaram a sua instituio. Isso vem expresso no art. 148, pargrafo
nico.
A ltima observao sobre emprstimo que o Supremo entendeu que a
restituio deve ser feita atravs da mesma forma que o tributo foi cobrado. E como o
tributo em regra cobrado em dinheiro, ele dever ser restitudo em dinheiro. A Unio
no pode restituir em ttulos da dvida pblica, por exemplo.
- Legislao Tributria (art. 96 CTN).
O artigo 96 traz o conceito do que entende por legislao. Segundo o art. 96, a
expresso "legislao tributria" compreende as leis, os tratados e as convenes
internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte,
sobre tributos e relaes jurdicas a eles pertinentes. Ou seja, legislao tributria no se
confunde com lei. O termo legislao muito mais amplo que a lei. Vamos ver mais a
frente que alguns artigos do CNT falam em lei e outros falam em legislao. E isso enseja
discusso sobre os instrumentos que podem ser utilizados para a regulamentao de
determinadas matrias.
Quando exigida lei complementar? J vimos que a regra a instituio de
tributos por lei ordinria. A instituio por lei complementar apenas excepcional. S
que h alguns casos em que a constituio exige expressamente lei complementar para a
regulao de determinadas matrias. O primeiro artigo fundamental o art. 146 da
constituio. O artigo exige a edio de uma lei complementar de carter nacional sobre
matria tributria.
Em primeiro lugar, cabe lei complementar dispor sobre conflitos de
competncia, em matria tributria, entre a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os
Municpios. preciso lei complementar para solucionar conflito de competncia entre os
entes, por exemplo, entre ISS e ICMS, entre IPTU e ITR. O inciso II diz que cabe lei
complementar regular as limitaes constitucionais ao poder de tributar. O CTN que vai
regulamentar a anterioridade, a irretroatividade, etc. O inciso III diz respeito fixao de
normas gerais em matria tributria. S que essa exigncia to somente para a fixao
de normas gerais. Mas que normas gerais so essas?
O inciso III fala que cabe lei complementar estabelecer normas gerais em
matria de legislao tributria, especialmente sobre: a) definio de tributos e de suas
espcies, bem como, em relao aos impostos discriminados nesta Constituio, a dos
respectivos fatos geradores, bases de clculo e contribuintes; b) obrigao, lanamento,
crdito, prescrio e decadncia tributrios; c) adequado tratamento tributrio ao ato
cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas; d) definio de tratamento
diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte,
inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II,
das contribuies previstas no art. 195, I e 12 e 13, e da contribuio a que se refere o
art. 239.
Hoje, o CTN a lei complementar exigida pelo art. 146. Por isso que o CTN foi
recepcionado com status de lei complementar. S que h uma questo interessante aqui.
O CTN s tem status de lei complementar em relao s matrias que esto no art. 146.
Na origem, o CTN era lei ordinria. Ele tem status de lei complementar apenas porque
ele atende ao art. 146 da Constituio. E isso importante ser ressaltado, pois h algumas
partes do CTN que no dizem respeito a essas matrias do art. 146, mas a processo
tributrio. E ao dizer respeito matria processual, neste ponto o CTN tem natureza
apenas de lei ordinria. Ento, o posicionamento que prevalece que alguns artigos do
CTN tm natureza de lei ordinria. o caso, por exemplo, do art. 203. O artigo trata da
possibilidade de substituio de CDA, dizendo que reabre-se o prazo para embargos e
estabelece a matria que pode ser tratada nos embargos. Matria que pode ser tratada em
embargos contedo de processo.
Cabe destacar o art. 146, III, d e pargrafo nico. Os dispositivos tratam das
microempresas e das empresas de pequeno porte. A lei complementar que regulamenta
essas hipteses no o CTN, mas a lei complementar 123. Essa lei interessa a PGE e
PGM, pois trouxe a possibilidade de concentrar a arrecadao de alguns tributos na
fazenda nacional. Isso pode ser feito com relao ao ISS e do ICMS. O art. 41 da lei
previa que a prpria inscrio em dvida ativa passou para a fazenda nacional. Foram
propostas Adins sob o fundamento de que a regra violava a competncia tributria dos
estados e municpios, na medida em que a constituio asseguraria PGE a defesa
exclusiva dos interesses do estado. Ento, no poderia haver uma lei que retirasse essas
competncias da PGE, sob pena de violao ao art. 132 da constituio. Antes que o
mrito dessa ao fosse julgado, o art. 41 sofreu alterao. Agora o artigo prev excees,
dizendo que a unio pode celebrar convenio para delegar aos estados e municpios a
possibilidade de inscreverem ajuizar as suas execues fiscais. Malgrado ainda no haver
manifestao do Supremo, essa norma manifestamente inconstitucional. A Unio no
tem como delegar para estados e municpios uma competncia que j deles.
O art. 148 tambm exige lei complementar para a instituio de emprstimos
compulsrios, como j visto. O art. 154, I c/c art. 195, 4 exigem lei complementar.
Ambos tratam de competncias residuais da unio. O art. 153, VII tambm exige lei
complementar. Lembrando que h discusso sobre a amplitude dessa lei complementar. O
art. 155, 1, III da Constituio, que trata do ITD, exige lei complementar para definir o
sujeito ativo quando o doador tiver domiclio no exterior ou quando o inventrio se
processar no exterior. A regra de competncia do ITD segue em alguns casos a regra do
domiclio do doador. Ento, como o doador reside no exterior, quem cobraria? Da a
necessidade de lei complementar. Essa lei complementar no existe ainda. Outra hiptese
vem no art. 155, 2, XII. O artigo trata do ICMS. Essa lei complementar a 87 de 1996.
Outra exigncia de lei complementar vem no art. 156, 3, que trata do ISS. Trata-se da
lei complementar 116/03.
O art. 146-A exige lei complementar para fixar critrios especiais de tributao
para prevenir desequilbrios da concorrncia. Essa lei complementar ainda no existe.
A ltima exigncia de lei complementar vem no art. 195, 11, que trata das
contribuies de seguridade. O artigo exige lei complementar para fixar limites para a
concesso de remisso ou anistia com relao s contribuies devidas seguridade. Essa
lei complementar tambm ainda no existe.
- Tratados e convenes (art. 98 CTN).
Os tratados e convenes vm tratados no art. 98 CTN. Segundo o art. 98, os
tratados e as convenes internacionais revogam ou modificam a legislao tributria
interna, e sero observados pela que lhes sobrevenha. A discusso sobre esse artigo
muito antiga. Trata-se do nico ramo do direito que estabelece uma regra como esta,
estabelecendo primazia dos tratados sobre a lei ordinria interna. Esse no o
entendimento do Supremo com relao a tratados sobre outras matrias. O Supremo
entende, com relao aos tratados de direito civil e penal, por exemplo, que o tratado,
uma vez incorporado, passa a ter o mesmo status de uma lei ordinria. H vrios
precedentes do Supremo nesse sentido. Ento, assim sendo, poderia haver uma lei
ordinria posterior ao tratado o revogando. S que no isso que o art. 98 diz; segundo o
artigo, o tratado prevalece sobre lei ordinria.
H autores que dizem que esse artigo 98 s se aplica aos chamados tratados
contratuais. H dois tipos de tratados em matria tributria. Os contratuais, onde h
obrigaes e direitos para todas as partes contratantes. E h os chamados tratados
normativos, que so tratados que fixam normais gerais, principiolgicas; eles no trazem
direitos e obrigaes. A maioria dos tratados tributrios contratual.
O artigo 98 fala que o tratado revoga a lei. Todavia, predomina na doutrina que
no caso de revogao, mas de suspenso da eficcia da lei ordinria. Ento, na hora
em que o tratado denunciado, a lei ordinria volta a produzir seus efeitos. Se fosse
hiptese de revogao, a lei anterior no poderia voltar a produzir seus efeitos. O mesmo
ocorre com lei posterior ao tratado. Enquanto o tratado estiver vigorando a lei editada
posteriormente a sua incorporao no poder produzir seus efeitos; estar com a eficcia
suspensa. Apenas aps a denncia do contrato a lei comear a produzir seus efeitos.
Quando estudamos as isenes heternomas, vimos que o Supremo entende que o
tratado pode prever isenes de impostos municipais e estaduais, mesmo que os Estados e
Municpios no participem da edio do tratado. E isso ocorre porque no a Unio, na
qualidade de pessoa jurdica de direito pblico interno, a conceder a iseno, mas a Unio
na qualidade de pessoa de direito pblico internacional. E segundo o Supremo, isso no
violaria a autonomia dos entes.
- Aula 11. 12 de agosto de 2011.
- Legislao Tributria. Continuao.
- Resolues do Senado.
Na ltima aula falvamos sobre a legislao tributria (art. 96 CTN) e paramos nos
tratados e convenes. Hoje vamos continuar analisando outros diplomas legais. Vamos
comear pelas resolues do Senado. O primeiro artigo da Constituio que menciona as
resolues do Senado o art. 155, 1, II. Esse artigo trata do ITD e diz que as alquotas
mximas sero fixadas por resoluo do Senado. Em alguns casos a Constituio exige
resoluo do Senado para a alquota mxima e mnima; aqui s para a mxima. Essa
resoluo a Resoluo 09 de 1992. A alquota mxima do ITD de 8%. Aqui no Estado
do Rio essa alquota est fixada em 4%. Essa Resoluo 09 est sendo questionada no
Supremo, pois ela, alm de fixar o limite mximo da alquota, permite uma
progressividade em funo da distncia entre o herdeiro e o falecido.
estas matrias so matrias em princpio tratveis por lei ordinria especfica. Para os
outros tributos, essas questes devero vir disciplinadas por lei ordinria. Ento, nesse
caso, o convnio do ICMS ter status de lei ordinria. S que h ainda outros tipos de
convnio. H os convnios que estabelecem normas complementares (art. 100, IV do
CTN). Esse convnio infralegal, ele no tem status e lei ordinria. Esses convnios so
aqueles para fins de cooperao na fiscalizao. Por exemplo, o Estado do Rio de Janeiro
assinou convnio com o municpio do Rio de Janeiro para colaborao recproca na
fiscalizao do ITD e ITBI.
Outro tipo de convnio aquele que estabelece normas gerais em relao a
determinado imposto. Por exemplo, temos o art. 34, 8 do ADCT prevendo esse
convnio de normas gerais para o ICMS. O dispositivo diz que enquanto no vier a lei
complementar do art. 155, 2, os Estados poderiam celebrar convnio fixando as normas
gerias sobre o ICMS. Diante da previso, foi editado o convnio 66 de 1988. Antes da
Constituio de 88, o ICMS era tratado no DL 406/68. Esse decreto tratava do ISS e do
ICMS e tinha status de lei complementar. Veio ento a Constituio de 88 e exigiu lei
complementar para uma serie de outras matrias que no eram tratadas no decreto. Por
isso, o art. 34, 8 do ADCT permitiu a edio de convnio de normas gerais, para tratar
dessas normas que no estavam no decreto enquanto no viesse a lei complementar.
Apenas em 1996 foi editada a lei complementar 87. Ou seja, at 1996, as normas gerais
do ICMS estavam fixadas no DL 406 e no convnio 66/88. Qual o status desse convnio?
Lei complementar. O convnio tem status de lei complementar, pois veio fixar normas
gerais. Esse foi o posicionamento adotado pelo Supremo.
Ento, se perguntarem qual a natureza jurdica do convnio, a resposta depende.
H trs tipos de convnios: os convnios que tem status de lei ordinria, que tratam sobre
isenes e benefcios fiscais; h convnios infralegais, que tratam sobre cooperao entre
os entes na fiscalizao dos tributos; e h convnios sobre normas gerais, que tem
natureza de lei complementar.
H ainda outro exemplo alm desse do convnio 66; trata-se do art. 4 da emenda
constitucional 33 de 2001. Segundo o dispositivo, enquanto no editada a lei
complementar sobre o ICMS monofsico, os estados celebraro convnio para a
regulamentao da matria.
- Normas complementares.
O ltimo diploma normativo que temos que tratar so as normas complementares.
As normas complementares esto no art. 100 do CTN. O inciso I diz que so normas
complementares os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. Trata-se
de ato expedido por autoridade administrativa inferior ao Chefe do Executivo; so as
resolues, provimentos, ordens de servios, portarias. O inciso II fala em decises dos
rgos singulares ou coletivos de jurisdio administrativa a que a lei atribua eficcia
normativa. So os chamados pareceres normativos. Em regra, esses pareceres so
elaborados pelas procuradorias e aprovados pelos Chefes do executivo. Esses pareceres
normativos vinculam a administrao. Segundo o inciso III, tambm so normas
complementares as prticas reiteradas das autoridades administrativas. Trata-se do
costume administrativo. O inciso IV, como j vimos, trata dos convnios.
O importante aqui o pargrafo nico do artigo. Segundo o dispositivo, a
observncia das normas referidas no artigo 100 exclui a imposio de penalidades, a
cobrana de juros de mora e a atualizao do valor monetrio da base de clculo do
tributo. Como as normas do art. 100 so infralegais e o direito tributrio guiado pelo
princpio da legalidade, se vem uma resoluo, por exemplo, dizendo que no incide o
imposto e o contribuinte no o recolhe com base nessa resoluo, a Fazenda no precisa
deixar de lanar por conta disso. A Fazenda sempre poder cobrar, pois a dispensa do
pagamento do tributo s pode vir atravs de lei. No entanto, obviamente o contribuinte s
deixou de recolher, pois estava seguindo uma orientao dada pela prpria Fazenda. Seria
contraditrio se o contribuinte tivesse que pagar multa e juros por no ter pagado um
tributo que a prpria fazenda lhe disse que no era devido. Sendo assim, a consequencia
O CTN, como regra, entende que a penalidade tributria tem natureza penal, pois
aplica princpios do direito penal no que tange s penalidades. H sempre uma aplicao
de princpios do direito penal. Mas isso como regra apenas, pois h excees. H um caso
em que no se aplica o raciocnio do direito penal, que quando h mais de uma infrao
da mesma legislao. Por exemplo, todo ms o contribuinte deixa de emitir a mesma nota
fiscal. Ser que essa infrao pode ser considerada como um crime continuado e aplica-se
a mesma penalidade com uma majorao ou cada infrao considerada autnoma? No.
No direito tributrio prevalece o princpio da unicidade da infrao; ou seja, cada
infrao nica. No h a figura do crime continuado. Aqui, cada infrao est sujeita a
uma penalidade diferente e autnoma.
- Integrao (art. 108).
A integrao ocorre quando h lacuna no texto normativo; por isso o Ricardo Lobo
Torres diz que na integrao se vai alm do sentido possvel da letra da lei. As regras de
integrao vm no art. 108 do CTN. Com efeito, na ausncia de disposio expressa, a
autoridade competente para aplicar a legislao tributria utilizar sucessivamente, na
ordem indicada: a analogia; os princpios gerais de direito tributrio; os princpios gerais
de direito pblico; a eqidade. S que pelo 1, a analogia no pode gerar a incidncia de
tributo no previsto em lei. Quer dizer, no se admite a analogia gravosa. Isso porque, s
pode haver instituio de tributo mediante lei. O mesmo raciocnio ocorre para os
benefcios fiscais. No pode haver benefcio fiscal por analogia, pois deve ser
interpretada restritivamente a iseno.
O inciso IV fala em equidade. Equidade nada mais do que a justia no caso
concreto. Devemos atentar para o 2, segundo o qual o emprego da eqidade no poder
resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Isso porque vigora o princpio da
legalidade.
- Correo de antinomias.
O ltimo conceito a ser tratado neste ponto o de correo de antinomias. Tratase de um conceito do Ricardo Lobo Torres. As correes de antinomias seriam correes
de erros, incorrees ou contradies entre princpios e normas. Mas como corrigir essas
antinomias? Em primeiro lugar, pelas leis de introduo ao cdigo civil. Por exemplo, se
a lei saiu com erro, republica-se. Se h conflito entre normas de mesma hierarquia,
aplica-se a norma especial em detrimento da geral. Alm das regras da LICC, tambm se
pode corrigir antinomias atravs de emendas que visem corrigir ou alterar jurisprudncia
de Tribunais Superiores. Outro critrio para corrigir antinomias a ponderao entre
princpios.
- Obrigao tributria (art.113 e ss).
A obrigao tributria vem tratada nos artigos 113 a 138. A primeira observao a
ser feita que o CTN diferencia entre a obrigao principal e a acessria. A obrigao
principal quando envolver prestao pecuniria. A obrigao acessria envolve uma
obrigao de fazer, no fazer ou tolerar. Essa obrigao acessria existe no interesse da
arrecadao e da fiscalizao. A obrigao acessria tambm chamada de dever
instrumental. As obrigaes principais so a obrigao de pagar o tributo e a penalidade
pecuniria. Ento, penalidade pecuniria para o direito tributrio tambm obrigao
principal. As obrigaes acessrias so, por exemplo, a emisso de nota fiscal, declarao
do imposto de renda, GIA, etc.
Uma vez perguntaram em prova quais so os exemplos de obrigao acessria de
no fazer? H uma obrigao tpica de no fazer: no se pode receber mercadoria
desacompanhada de nota fiscal. No mbito do ICMS, o contribuinte no pode receber a
mercadoria se ela estiver desacompanhada da nota fiscal. Ainda, o contribuinte no pode
rasurar as notas fiscais. Exemplo de obrigao acessria de tolerncia seria a obrigao
de suportar a fiscalizao. O contribuinte deve suportar, tolerar, a fiscalizao.
No direito tributrio no vigora o princpio de que o acessrio segue o principal. O
contribuinte pode no ter que pagar o tributo, mas ele ainda assim ter o dever de cumprir
a obrigao acessria. O primeiro exemplo disso ocorre nas isenes. O fato de estar
isento no significa que no haja necessidade de cumprir as obrigaes acessrias. Por
exemplo, a obrigao de emitir a nota fiscal. Isso est expresso no art. 175, pargrafo
nico do CTN. Outra hiptese quando h causa de suspenso da exigibilidade do
crdito. Mesmo que haja liminar suspendendo a exigibilidade, as obrigaes acessrias
devem ser cumpridas (Art. 151, pargrafo nico do CTN).
Uma ltima observao com relao ao 3 do art. 113. Segundo o dispositivo, a
obrigao acessria, pelo simples fato da sua inobservncia, converte-se em obrigao
principal relativamente penalidade pecuniria. De se ressaltar que isso s se aplica em
relao penalidade. Quando se descumpre uma obrigao acessria, surge a penalidade;
e a penalidade uma obrigao principal, conforme o 1. No que desaparea a
obrigao acessria. Ela continua a existir. Ento, por exemplo, vamos dizer que haja
uma obrigao acessria que imponha ao contribuinte estar inscrito no cadastro de
contribuintes, sob pena de sofrer penalidade. O fato de a fazenda ter aplicado multa, no
significa que o contribuinte deixe de ter que estar no cadastro. Em outros casos, de fato
no h sentido em continuar exigindo a obrigao acessria. Todavia, devemos atentar
que h casos, como estes do exemplo do cadastro, em que ainda haver interesse da
fazenda no cumprimento da obrigao acessria.
- Aula 11. 19 de agosto de 2011.
Qual a distino entre obrigao e crdito? Alguns autores no vem diferena
entre eles, pois a uma obrigao corresponde um crdito. S que o CTN traz essa
distino. A obrigao o primeiro momento da relao tributria; a obrigao ilquida
e inexigvel. Ou seja, o fisco ainda no pode cobrar a obrigao. J o crdito o segundo
momento da relao tributria. O crdito lquido e exigvel. A fazenda j poder cobrar
efetivamente o crdito. Na origem, obrigao e crdito no se diferenciam, pois nascem
com o fato gerador. Na verdade, alguns dizem que a diferena entre eles est no grau de
exigibilidade. A obrigao torna-se um crdito exigvel atravs do lanamento; o
Estado, seria feito o lanamento e cobrana do ITD. Mas e valor que j fora pago a ttulo
de ITBI? No haver direito repetio. O contribuinte ter que pagar os 4% de ITD e
no far jus ao ressarcimento do que pagou a ttulo de ITBI. Quem paga mal paga duas
vezes; alm do mais, ningum pode se beneficiar da sua prpria torpeza.
De acordo com o dispositivo, a autoridade administrativa poder desconsiderar
atos ou negcios jurdicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrncia do fato
gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigao tributria,
observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinria. O pargrafo nico
do art. 116 fala em dissimular a ocorrncia do fato gerador. Mas ser que o conceito de
dissimular o mesmo de simulao? Com relao a essa questo h trs correntes.
Para a primeira corrente, a inovao do art. 116, pargrafo nico incua e
despicienda. Para esta corrente, partindo do pressuposto amplamente majoritrio de que a
eliso conduta lcita, ao se classificar o dispositivo como norma geral antielisiva,
estaramos diante de uma ntida contradio intrnseca, haja vista que estar-se-ia
condenando uma prtica convencionalmente lcita, o que constituiria um absurdo lgicojurdico. Destarte, para esta primeira corrente, o que se objetivaria debelar com a nova
regra seria a velha e conhecida evaso fiscal, para a qual j existiria remdio no
ordenamento, ex vi do art. 149, VII CTN, que consubstancia a possibilidade de
lanamento de ofcio em caso de fraude, dolo ou simulao. Portanto, o art. 116,
pargrafo nico estaria abarcado pelo art. 149. Esta corrente entende que o pargrafo
nico do art. 116 est a se insurgir contra a simulao; ou seja, dissimular sinnimo de
simulao. Essa corrente a que enseja menores discusses, pois isso j era mesmo
admitido antes mesmo da positivao do artigo. o entendimento da Misabel Derzi.
Uma segunda corrente vem no sentido de que o pargrafo trouxe uma novidade: a
chamada teoria da interpretao econmica do fato gerador. Entretanto, essa corrente
entende que essa norma seria inconstitucional, na medida em que viola a legalidade e a
tipicidade tributria. Essa teoria considera que o art. 116, pargrafo nico traz uma
da legalidade, esses autores acham que a tipicidade deveria ser aberta. Eles acham que
deveriam ser dados maiores poderes para a Fazenda interpretar a lei, de forma a evitar
elises ilcitas. Para esses autores, h uma flexibilidade maior na interpretao por parte
da fazenda. o entendimento do Ricardo Lobo Torres e o Lodi.
Para o professor Ricardo Lobo Torres, o dispositivo analisado contm no uma
norma referente dissimulao, mas uma norma antielisiva, a operar no no plano do ato
ou fato, mas no plano da mens legis. Pondera ainda que a dissimulao no se concretiza
com relao ao fato gerador concreto, mas, sim, com relao ao fato gerador que est na
norma. A norma quer impedir que o contribuinte manipule a expresso literal da lei, de
modo a escapar a incidncia tributria. o que se denomina abuso de forma jurdica, uma
vez que o contribuinte, ao praticar um ato lcito, estaria emprestando lei um esprito que
no o dela. Dessa forma, se o contribuinte eventualmente dissimular a verdadeira
compreenso da lei no o fato que realmente ocorreu restar caracterizada uma eliso
fiscal ilcita que pode ser combatida pela Fazenda, por intermdio da norma antielisiva.
H ainda uma discusso a respeito da aplicabilidade do pargrafo nico. A parte
final diz que, para que a autoridade possa desconstituir o ato, devem ser observados os
procedimentos previstos em lei ordinria. Diante dessa previso, vrios autores entendem
que o pargrafo nico no seria autoaplicvel, na medida em que careceria de
regulamentao legal. Ento, mesmo que a norma fosse constitucional, no seria
autoaplicvel, pois ainda no adveio a dita regulamentao. Note que essa lei ordinria
deve ser do ente tributante, e no uma lei nacional. Por outro lado, outra parte da doutrina
entende pela aplicabilidade desde logo do artigo. Para essa corrente, enquanto no for
editada a lei ordinria pedida pelo artigo, aplica-se a lei do processo administrativo fiscal,
pois essa lei asseguraria o contraditrio e a ampla defesa. Essa a opinio do Ricardo
Lobo Torres. Segundo o autor, se as legislaes dos indigitados entes federativos j
dispuserem de regras de procedimento administrativo fiscal que permitam a pronta
aplicao da norma antielisiva, nada, por bvio, poderia impedir a sua incidncia
imediata.
O prximo artigo sobre o fato gerador o art. 117, que trata do chamado negcio
jurdico condicional. o negcio que est sujeito condio, seja suspensiva ou
resolutiva. Aqui a regra praticamente idntica a do Cdigo Civil. Por exemplo, uma
doao sujeita condio suspensiva do casamento. O fato gerador ocorrer apenas
quando houver o casamento, que a condio. Quando se implementa a condio, surge
o fato gerador. Na condio resolutiva, o fato gerador ocorre desde o momento da
celebrao do negcio. Ocorrido o fato gerador, o que ocorrer depois no tem relevncia
para o direito tributrio. Sendo assim, se depois ocorrer a condio resolutiva e o negcio
se desfizer, isso no vai ensejar a resoluo do valor pago.
O STF e STJ entendem que no incide ITBI sobre a promessa de compra e venda,
pois o fato gerador desse imposto s ocorre com a transferncia da propriedade. Sendo
assim, s incidiria o ITBI na hora do registro do contrato definitivo de transferncia.
com o registro que se transfere a propriedade. Isso pacfico no STJ e no STF. S que
aqui no Rio, a lei tributria estabelece o recolhimento do imposto na promessa, quando
for irretratvel e irrevogvel. Ou seja, a legislao est em desacordo com a
jurisprudncia dos tribunais. Por isso muitos contribuintes impetram mandado de
segurana em face da cobrana. S que nem sempre bom deixar para o registro o
pagamento. Se voc comprar o imvel na planta, uma coisa o valor do imvel na
promessa quando ele est na planta, e outra coisa o valor de mercado do imvel quando
da entrega definitiva do imvel.
O art. 118 uma regra que cai muito em prova objetiva. No momento da
ocorrncia do fato gerador, no importa a anlise da validade do ato ou dos seus efeitos.
Imagine que um absolutamente incapaz tenha celebrado uma compra e venda. A compra e
venda e levada a registro e incide o ITBI. S que essa compra e venda nula, pois
celebrada por absolutamente incapaz. Diante disso, haver direito restituio do ITBI
sob o fundamento de que o contrato nulo? No. A anlise da ocorrncia do fato gerador
prescinde da anlise da validade do ato. Para o direito tributrio, importa apenas se houve
ou no a ocorrncia do fato gerador. O que acontece depois no tem relevncia para o
direito tributrio. O mesmo raciocnio ocorre para o negcio simulado. No importa que
o negcio seja nulo, no vai haver restituio.
S h uma hiptese em que alguns vislumbram a possibilidade de restituio, que
quando o contrato no produziu efeitos econmicos. Como a tributao se baseia numa
manifestao de riqueza especfica, se no houve efeitos econmicos, no se justificaria a
cobrana e poderia haver a restituio.
Quanto aos efeitos, h discusso quanto possibilidade de tributar atividades
ilcitas. Trata-se do princpio pecnia non olet. A fazenda pode tributar renda que advm
do trfico. A origem da renda no interessa ao direito tributrio. Se o fato gerador foi
realizado o tributo ser devido. Isso no quer dizer que o fisco possa definir a atividade
ilcita como fato gerador. A atividade definida na lei sempre uma atividade lcita. O que
o princpio diz que no importa a origem. O legislador no pode prever na lei que o fato
gerador o trfico de drogas, pois isso ilcito.
- Elementos do fato gerador.
Vamos analisar os elementos do fato gerador. Vamos comear pelos elementos
quantitativos o fato gerador. So eles: base de clculo e alquota. A base de clculo
uma grandeza sobre a qual vai incidir a alquota. Em geral, essa grandeza um valor em
dinheiro. Mas nem sempre assim; em algumas hipteses a base de calculo diferente do
dinheiro, como pode ser o peso/tonelada, por exemplo. Isso ocorre por vezes no imposto
de importao. Para cada tonelada, paga-se x reais. A alquota em geral um percentual
ad valorem. Mas ela pode ser tambm um valor em dinheiro - especfica. Toda vez que a
base de calculo for um valor em dinheiro, a alquota ser percentual. Se a base de clculo
for outra grandeza, a alquota ser um valor em dinheiro.
Os prximos elementos do fato gerador so os elementos subjetivos. O sujeito
ativo est previsto no art. 119 CTN. Do ponto de vista legal, s pode ser sujeito ativo
pessoa de direito pblico. Mas quem seria o sujeito ativo, a pessoa que tem competncia
ou aquela que tem capacidade tributria ativa? H duas correntes. A primeira corrente
entende que sujeito ativo a pessoa que tem competncia para instituir o tributo. Hoje
essa corrente minoritria. Prevalece que sujeito ativo quem tem capacidade tributria
ativa; quem efetivamente vai arrecadar o tributo. Ento, se houver delegao, tambm
podem ser sujeitos ativos as autarquias e fundaes. Por exemplo, o CREA. Trata-se de
uma autarquia com capacidade tributria ativa. A competncia para instituir a
contribuio de interesse das categorias profissionais a Unio, mas a capacidade para
cobrar do CREA. Sendo assim, eventual ao de restituio deve ser proposta em face
do CREA. O sujeito ativo quem tem legitimidade para ajuizar ao fiscal e para ser ru
em aes tributrias.
O problema maior envolve s pessoas de direito privado. Veja que o artigo s faz
referencia s pessoas de direito pblico. Mas ser que pessoa privada pode ser sujeito
ativo? J vimos que a contribuio confederativa um tributo e cobrada pelo sindicato.
O sindicato sujeito ativo? Outro exemplo, a contribuio para o sistema s, que uma
contribuio social geral. A COSIP, que cobrada junto com a conta de luz; a ampla
sujeito ativo? Em relao a essas pessoas h duas correntes. A primeira corrente entende
que elas no so sujeitos ativos. Esses autores se prendem literalidade do art. 119 e do
art. 7 do CTN. Para essa corrente, essas pessoas seriam meros beneficirios da
arrecadao. Ento, o ente que teria que ajuizar a ao fiscal para depois repassar. Essa
a posio que prevalece.
Todavia, h uma segunda corrente que estabelece que essas pessoas so sujeitos
ativos. Segundo essa corrente, o art. 119 no teria sido recepcionado pela Constituio. A
Constituio no art. 149 teria trazido para o campo tributrio as contribuies especiais.
Ao fazer isso, teria permitido implicitamente que pudessem ser arrecadadas por pessoas
de direito privado. Alguns autores s aplicam essa tese para o sindicato, pois isso estaria
expresso na Constituio. Essa a opinio do Luciano Amaro e do Paulo de Barros
Carvalho.
Em alguns casos a unio celebra convnios com entidades privadas para que elas
ajuzem execues fiscais. o que ocorre com a Caixa econmica Federal, com relao
ao FGTS. O mesmo ocorre com a contribuio sindical e os sindicatos rurais.
O art. 120 tambm trata do sujeito ativo. O artigo trata de sucesso entre sujeitos
ativos. Foi o que ocorreu, por exemplo, quando Bzios se tornou um municpio
autnomo, fruto do desmembramento de Cabo Frio. O novo ente sucede o ente antigo.
Enquanto o novo ente no editar a sua legislao prpria, ele recepcionar a legislao do
ente anterior. Mas e a repetio do indbito? A quem se deve cobrar na hiptese de
sucesso: contra o ente antigo que cobrou ou contra o sucessor? O posicionamento que
vem prevalecendo no sentido de que a sucesso se refere a tudo; ento, quem dever
restituir ser o ente novo.
O sujeito passivo est no art. 121. O artigo trata do sujeito passivo da obrigao
principal e no pargrafo nico indica os dois sujeitos passivos: contribuinte e
responsvel. Contribuinte aquele que realiza o fato gerador. O contribuinte tem vnculo
pessoal e direto com o fato, que normalmente tem natureza econmica. O responsvel
sempre um terceiro, indicado na lei como sujeito passivo. S que o responsvel no pode
ser qualquer pessoa. O CTN exige que o responsvel tenha algum vnculo com o fato
gerador. Essa exigncia de vnculo est no art. 128 CTN. Por exemplo, no imposto de
renda contribuinte aquele que aufere a renda, ou seja, o empregado que recebe o salrio;
j o responsvel o empregador, ou seja, aquele que paga o salrio. No IPTU,
contribuinte o proprietrio, mas nada impede que a lei indique como responsvel o
possuidor que no exera a posse com animus domini, por exemplo, o locatrio.
- Aula 13. 26 de agosto de 2011.
- Sujeito passivo. Continuao.
O art. 122 trata do sujeito passivo da obrigao acessria. O sujeito passivo da
obrigao acessria quem a lei determina que seja, e no necessariamente coincide com
LOCATRIO.
RESPONSABILIDADE
do
cumprimento
da
obrigao
(principal)
pelo
Pelo inciso II, a iseno ou remisso de crdito exonera todos os obrigados, salvo
se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto
aos demais pelo saldo. H dois casos diversos aqui. A iseno ou remisso pode ser
objetiva ou subjetiva. E as conseqncias so distintas. A iseno ou remisso objetiva
aquela concedida em funo do objeto tributado. Por exemplo, a concesso de imveis
situados na favela. Essa iseno no se d em funo da pessoa, mas em funo da coisa.
Ou ainda, iseno para imveis que no ultrapassem 20mil reais. Esse tipo de iseno ou
remisso vai beneficiar a todos os devedores solidrios, pois dada em funo da coisa
em si.
S que h tambm a iseno ou remisso subjetiva, que concedida em funo de
caractersticas do contribuinte. Por exemplo, a concesso de iseno de IPTU para os
maiores de 65 anos. A iseno de imposto de renda para portadores de HIV. Trata-se de
iseno subjetiva, que leva em conta caractersticas pessoais do sujeito passivo. Essa
iseno subjetiva no ser extensiva aos demais devedores solidrios que nela no se
enquadrem. Por exemplo, imagine que haja um condomnio entre um contribuinte de 80
anos, um contribuinte de 30 anos e um de 07. O tributo devido era no montante de 300
reais. Vem uma lei e institui uma iseno para os maiores de 65 anos. Nesse caso, s um
dos devedores se beneficia da iseno; dessa forma, abate-se 100 correspondentes da
parte do isento do montante de tributo sobre o bem. Nesse caso, os 200 reais restantes
continuam podendo ser cobrados dos demais proprietrios em regime de solidariedade.
Nessa situao, no caso de inadimplemento dos devedores no isentos, poderia o
Fisco penhorar o imvel todo? Ou s poderia penhorar 2/3 do imvel? A questo aqui
que se o Fisco s puder penhorar 2/3, o leilo no ser atrativo, pois ningum vai querer
arrematar apenas 2/3 do bem. Ningum via querer ser condmino de quem nem ao menos
conhece. Essa discusso foi muito grande, e o posicionamento que prevaleceu no STJ
no sentido de que o Fisco pode penhorar e levar a leilo a integralidade do imvel, sob
pena de restar frustrada a quitao do dbito. Uma vez que haja a arrematao do imvel,
irregular o advogado que exerce a profisso, mesmo tendo tido a sua carteira cassada.
Esse advogado continua sendo contribuinte de ISS, contribuio previdenciria e IR. A
Fazenda poderia cobrar ICMS do camel? Poderia. Mesmo que o contribuinte no esteja
regularmente exercendo a atividade econmica, a Fazenda em tese pode cobrar o
imposto. Outro exemplo de aplicao desse inciso II o caso do falido, que mesmo
impedido de exercer atividade empresarial a exerce.
Pelo inciso III, a capacidade tributria passiva tambm independe de estar a pessoa
jurdica regularmente constituda, bastando que configure uma unidade econmica ou
profissional. Quer dizer, a pessoa jurdica ter plena capacidade tributria, mesmo que
no esteja regularmente constituda. No se est aqui falando em cobrar do scio, mas da
pessoa jurdica. Exemplo de aplicao desse artigo ocorre nas sociedades em comum (art.
986 a 990 CC).
- Domiclio tributrio (art. 127).
O que um domiclio tributrio? O domiclio tributrio o local onde o sujeito
passivo vai manter as suas relaes com o Fisco. Na prtica, isso significa que no
domiclio tributrio que o contribuinte ser notificado de um lanamento, citado de
eventual execuo fiscal, intimado de todas as decises administrativas, etc. A regra
quanto ao domiclio tributrio a liberdade de escolha. O contribuinte vai poder escolher
o seu domicilio tributrio. Uma vez perguntou-se na magistratura federal qual a diferena
entre o domiclio civil e o tributrio. A diferena exatamente a liberdade de escolha. No
domiclio tributrio prevalece o foro de eleio. No direito civil h regras cogentes
quanto ao domicilio.
H duas excees a essa regra de liberdade de escolha. A primeira exceo ocorre
quando a lei que cria o tributo define o domiclio tributrio. Por exemplo, no caso do ISS,
o domiclio tributrio est tratado no art. 3 da lei complementar 116/03. O referido
dispositivo diz que o domicilio tributrio o do estabelecimento prestador do servio; o
que estiver efetivamente prestando o servio, seja sede seja filial. Por isso que, para o
ISS, cada filial pode ter um domicilio fiscal distinto.
A segunda exceo ocorre quando a escolha dificultar a arrecadao ou a
fiscalizao. Nesses casos, a fazenda poder recusar o domicilio (art. 127, 2 CNT).
Imagine que uma sociedade tenha uma filial no Rio de Janeiro, mas que a sua sede seja
no Amazonas. E a sociedade elege o domicilio tributrio no Amazonas. Isso dificulta
sobremaneira a arrecadao do ICMS, de maneira que o Fisco estadual poder recusar o
domiclio eleito.
O art. 127 caput e incisos ser aplicado apenas nos casos em que no haja eleio
do domicilio fiscal. O artigo s ser aplicado em caso supletivo. Com efeito, na falta de
eleio, pelo contribuinte ou responsvel, de domiclio tributrio, na forma da legislao
aplicvel, considera-se como tal: I - quanto s pessoas naturais, a sua residncia habitual,
ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II - quanto s
pessoas jurdicas de direito privado ou s firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em
relao aos atos ou fatos que derem origem obrigao, o de cada estabelecimento; III quanto s pessoas jurdicas de direito pblico, qualquer de suas reparties no territrio
da entidade tributante.
- Responsabilidade tributria (art. 128 e ss).
O art. 128 traz a definio de responsvel tributrio. De acordo com o dispositivo,
sem prejuzo do disposto neste captulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crdito tributrio a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da
respectiva obrigao, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este
em carter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigao.
A primeira observao pertinente quanto ressalva que a primeira parte faz.
Quer dizer, alm das hipteses de responsabilidade tratadas pelo CTN, possvel que
haja outras hipteses de responsabilidade tributria na lei ordinria do ente tributante. Em
geral, essas responsabilidades so responsabilidades ligadas s especificidades do tributo.
responsabilidade que ocorre num segundo momento. Ou seja, a obrigao vai surgir em
face do contribuinte, e por fato posterior ser redirecionada ao responsvel. A relao se
inicia com o contribuinte; e por uma situao prevista em lei passa para o responsvel. A
responsabilidade por transferncia no se confunde com a substituio, que ocorre desde
o incio, mas se parece muito com a subsidiariedade. Geralmente, quem cita
responsabilidade por transferncia a cita para fazer contraposio com a substituio. A
responsabilidade por transferncia pode ser por sucesso ou por imputao legal. A
responsabilidade tributria por imputao legal tambm chamada de responsabilidade
de terceiros divide-se em responsabilidade solidria e responsabilidade pessoal.
- Substituio tributria.
A substituio tributria no vem tratada expressamente no CTN. O art. 128 at
faz meno a ela quando fala da excluso da responsabilidade do contribuinte, mas o
CTN no tem um captulo especfico tratando dele. A maioria dos casos de substituio
tributria vai ser encontrada nas prprias leis tributrias dos entes. Vamos tratar aqui de
duas hipteses de responsabilidade tributria por substituio: a reteno na fonte do IR e
a substituio no ICMS.
Qual o problema da reteno na fonte? A maior parte da doutrina e jurisprudncia
entende que um tipo de substituio tributria. Por exemplo, o empregador seria um
tipo de substituto tributrio. A importncia disso que na substituio a relao jurdicotributria se forma desde o incio com o substituto. Sendo assim, o Fisco deveria ajuizar
as execues fiscais contra o substituto; assim como ser do substituto a legitimidade
para a repetio do indbito. Em relao ao imposto de renda, o STJ, apesar de entender
que caso de substituio tributria, tem um entendimento contraditrio. Para o STJ,
apesar de o Fisco poder vir contra o empregador, o empregado tambm pode ser
executado se no tiver declarado o valor no imposto de renda. Imagine que o empregador
no retenha na fonte o IR. Pelo entendimento clssico, se no houve reteno, a Fazenda
deveria ajuizar execuo contra o empregador (substituto). S que, para o STJ, se o
contribuinte no houver declarado as rendas sobre as quais deveria ter incidido o imposto
que no foi retido pelo empregador, o empregado tambm poder ser executado.
Entretanto, se ele tiver feito a declarao corretamente, o fisco no poder cobrar dele.
H uma hiptese muito comum em que o empregador retm na fonte, mas no
repassa ao fisco. O empregado teve o valor retido. Ento na hora da declarao ele vai
mostrar a reteno. Nesse caso, de quem a Fazenda vai cobrar? Nesse caso, a fazenda s
poder cobrar do empregador. Isso inclusive crime de apropriao indbita. Esse
entendimento est pacificado ERESP 830.609.
Na contribuio previdenciria h regra que tambm da margem discusso. O
STJ entendeu que na contribuio previdenciria h solidariedade do empregador e do
tomador de servio. A discusso maior da contribuio previdenciria com relao ao
tomador do servio. O STJ entendeu que haveria uma solidariedade entre o tomador de
servio e o prestador de servio (empregador). Isso muito comum em terceirizao e
por isso interessa muito a PGE. Por exemplo, imagine que o Estado contrate uma
empresa terceirizada de limpeza. A empresa de limpeza deveria recolher a contribuio
previdenciria dos seus funcionrios, mas no o faz. A lei previdenciria diz que h
responsabilidade do tomador de servios pelo recolhimento dessa contribuio. S que a
lei no fala se essa responsabilidade solidria. Entretanto, o STJ entendeu que essa
responsabilidade solidria. Ento, o Estado poderia vir a ser cobrado pelas
contribuies no pagas pelo prestador de servio/empregador.
Em relao reteno na fonte h uma corrente minoritria no sentido de que no
se trata de responsabilidade tributria por substituio. Alguns autores entendem que a
reteno na fonte tipo de obrigao acessria, que nada tem que ver com sujeito
passivo. Seria uma obrigao de fazer dada a terceiro que no o contribuinte. Esse o
entendimento, por exemplo, do Sacha Calmon. Mas qual a diferena entre dizer que o
terceiro responsvel e dizer que se trata de obrigao acessria? Sendo obrigao
acessria, o fisco no poder cobrar o tributo do terceiro, mas poderia apenas aplicar
tributa-se a entrada, mas a regra geral a sada. Cada contribuinte responsvel pelo
recolhimento do ICMS que incide sobre a sada a que d causa. A base de clculo o
preo da mercadoria. O produtor recolhe sobre o valor da sua venda; o industrial sobre o
valor da sua; e o comerciante sobre o valor da sua. claro que no ICMS deve ser
observada a no-cumulatividade, de maneira que deve ser abatido eventual crdito que
haja.
No ICMS, o convnio ou a lei estadual podero escolher um dos contribuintes de
direito para funcionar tambm como substituto. O contribuinte cumular as suas funes:
ele ser contribuinte da sua fase e substituir outro contribuinte com relao fase deste.
Existe a substituio tributria para trs (regressiva) e a substituio para frente
(progressiva). Na substituio para trs vai ocorrer um diferimento no pagamento do
tributo. O fato gerador ocorre na fase de trs da cadeia, mas quem recolher o tributo ser
o contribuinte que est na frente na cadeia. Por exemplo, uma indstria de laticnios vai
substituir o produtor de leite no recolhimento do ICMS incidente sobre a operao de
venda realizada por este. O para trs sempre em funo do substituto. Na verdade, o
industrial vai recolher o ICMS incidente em duas fases: ele vai recolher o ICMS incidente
sobre a sua fase, bem como, na qualidade de responsvel, o ICMS incidente sobre a fase
do produtor.
H vantagem na substituio para trs? A substituio tributria uma garantia do
crdito. O convenio ou as leis escolhero um substituto no interesse da arrecadao. Veja
que a indstria em regra tem mais patrimnio que o produtor. Ento se no houver
pagamento, fica mais fcil executar a indstria. Alm disso, a substituio estabelecida
no interesse da fiscalizao. muito mais simples fiscalizar 10 indstrias de laticnios do
que 100 produtores de leite.
Na substituio para frente h um adiantamento no pagamento do ICMS.
Antecipa-se o pagamento do ICMS, antes mesmo da ocorrncia do fato gerador. O
exemplo mais tradicional o da indstria de cigarros ou bebidas como substituto do
ITBI, com ou sem a instituio em lei da substituio. Veja que o ITBI no nocumulativo.
Na substituio para frente, fica assegurada a restituio da quantia paga, caso no
ocorra o fato gerador presumido. A substituio para frente instituda com base em uma
presuno de ocorrncia futura do fato gerador. Com base nisso antecipa-se o pagamento.
A Constituio assegura a preferencial e imediata restituio se o fato gerador no
ocorrer. Por exemplo, no caso da concessionria, quando o carro sofre um sinistro antes
de ser vendido. Nesse caso, possvel pleitear a restituio.
A regra da restituio no ICMS vem no art. 10 da lei complementar 87. O art. 10
d legitimidade ao substitudo para pleitear a restituio do imposto. Ento, no caso da
substituio da concessionria pela indstria automobilstica, quem vai ter legitimidade
a prpria concessionria. No caso da substituio do comerciante de cigarro pela
indstria, o comerciante quem vai ter restituio. que quando o concessionrio ou o
comerciante compram a mercadoria do industrial, j est embutido no preo o valor do
ICMS. Ento, se a legitimidade fosse atribuda ao substituto, estaria havendo um
enriquecimento sem causa deste. Em geral, a restituio ocorre por crdito para fins de
compensao. Segundo o art. 25 da lei, o substitudo que pleiteou a restituio, caso no
tenha com o que compensar, poder ceder esse crdito a terceiros.
Algumas observaes. No caso do comerciante ou concessionrio substitudo,
obviamente, se o fato gerador no ocorrer, no haver consumidor final e dever ser feita
a restituio integral do tributo pago. O problema quando o fato gerador ocorre com
base em valor diferente do valor utilizado como base de clculo para o recolhimento do
tributo. O art. 8 da lei complementar 87 estabelece que a base de clculo do ICMS ser
estabelecida com base em estimativa do valor da venda futura. Vamos supor que a
estimativa seja de 100 reais. S que na prtica o comerciante pode vender por valor
diverso. Vamos supor que ele venda por 120 reais. Ser que a Fazenda poder cobrar a
diferena? Por outro lado, vamos supor que ele tenha vendido por 80? Ser que ele
poder pleitear a diferena?
O STF julgou a Adin 1851 em 2002. Essa Adin envolvia a clusula 2 do Convnio
13/97 do ICMS. Essa clusula vedava a restituio do ICMS na hiptese de venda a
menor. O argumento da Adin era que a Constituio asseguraria a restituio em qualquer
hiptese, em funo do princpio da legalidade. a lei que define a base de clculo do
ICMS como sendo o valor real da mercadoria. Ento, no poderia nunca uma estimativa
prevalecer sobre o valor real da venda. Nada obstante, o Supremo entendeu que a
clusula era constitucional. Entendeu que a Constituio s asseguraria a restituio no
caso de no ocorrncia do fato gerador. Ademais, se a ideia da substituio antecipar o
pagamento para agilizar a arrecadao, a aferio do valor real de venda desnaturaria toda
a razo de ser da substituio. Se fosse para analisar o valor real, que se deixe o prprio
contribuinte recolher ento. Contrrio senso desse raciocnio, caso a venda seja feita por
valor superior estimativa, o Fisco tambm no poder cobrar a diferena.
STF: O fato gerador presumido, por isso mesmo, no provisrio, mas
definitivo, no dando ensejo a restituio ou complementao do imposto pago, seno, no
primeiro caso, na hiptese de sua no realizao final... (ADI 1.851)
Depois disso, foram julgadas as Adin 2777 e Adin 2675. Essas duas Adins
tratavam de situao um pouco diferente. As Adins impugnavam duas leis estaduais que
concediam o direito restituio caso a venda fosse feita por valor menor. Era como se
fosse um benefcio fiscal concedido pelas leis estaduais. Nessas duas Adins, alm de ter
havido a mesma discusso da Adin 1851, havia tambm a discusso sobre a necessidade
de convnio para a concesso de benefcio em ICMS. O julgamento estava empatado em
05 votos a 05. Mas antes do voto de minerva, os Ministros reconheceram a repercusso
geral no RE 593.849, que envolve a mesma matria. O julgamento do recurso ainda no
teve incio. As Adins encontram-se com julgamento suspenso em virtude do julgamento
do RE.
que
asseguram
restituio
do
ICMS
pago
recusar. Dessa forma, deve haver a efetiva garantia do juzo, no bastando a oferta do
bem.
O artigo faz meno execuo garantida. S que s vezes o devedor quer obter a
certido, mas o fisco ainda no ajuizou a execuo fiscal. O contribuinte no tem dinheiro
ou no quer empatar o dinheiro no depsito. Como fazer? O STJ tem admitido o
ajuizamento de cautelar de antecipao da penhora, com a finalidade de viabilizar que o
contribuinte garanta o juzo e consiga obter a certido positiva com efeitos de negativa. O
objetivo dessa garantia exclusivamente a obteno da certido positiva com efeitos de
negativa.
Tambm haver direito CPEN quando estiver suspensa a exigibilidade do crdito
(Art. 151). Configuradas quaisquer das causas de suspenso do art. 151, estar
configurado o direito obteno da certido. De volta ao art. 130, se o adquirente
apresentar junto com o ttulo translatcio a certido negativa ou a certido positiva com
efeitos de negativa, o dbito no poder ser cobrado do adquirente, mas do alienante.
Vejamos uma situao concreta. Joo tinha imvel com dbitos de IPTU de 2005 e
2006. Em 2007, Joo vende o imvel para Maria. Consta do ttulo translatcio que existia
CPEN em funo de um parcelamento, que uma das causas de suspenso (art. 151). No
momento da venda o Joo interrompe o parcelamento. Consequentemente, no est mais
suspensa a exigibilidade e o Fisco ajuza a execuo. Contra quem: Joo ou Maria?
Contra Joo, pois constou do ttulo a prova de quitao. A CPEN tem os mesmos efeitos
da negativa. No h nem mesmo responsabilidade subsidiaria. O principal problema para
o fisco que o bem, principal garantia do dbito, foi transferido para Maria. Ento a
penhora dever recair sobre outros bens de Joo. A cobrana em face de Maria s poderia
ser intentada em caso de ficar comprovada a fraude na alienao. Entretanto, se no
houver fraude a Maria no poder ser cobrada.
Outra coisa que acontece muito: todas as certides tm uma observao dizendo
que nada impede que o fisco descubra a existncia de novos crditos e os lance dentro do
solidariedade fossem. O Ricardo Lobo Torres entende que na sucesso existe uma
subsidiariedade. S que o STJ tem precedentes no sentido de que os artigos tratam na
verdade de uma substituio tributria. O Leandro Paulsen entende que sempre que se
fala em subrogao a hiptese seria de substituio tributria.
Outro artigo relevante sobre a sucesso tributria o art. 131. Pelo art. 131, so
pessoalmente responsveis: I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos
bens adquiridos ou remidos. O inciso faz referencia aquisio de bens, genericamente.
Trata-se de regra geral. Veja que o art. 130 fala s de bens imveis. O art. 131, I norma
mais genrica. A aplicao do art. 131, I muito vista na sucesso envolvendo IPVA.
Quem adquire um veculo passa a ser responsvel por sucesso dos dbitos relativos ao
IPVA.
O inciso I fala tambm em remio. Mas que remio essa? Essa remio no a
remisso do art. 151 do CTN com dois ss, mas remio com . H dois tipos de
remisso. A remisso com dois ss significa perdo, que enseja a extino do crdito. S
que h tambm a remio com . A remio significa o direito de preferncia que o
familiar do executado tem de arrematar o bem. Ento, se o familiar quiser ficar com o
bem e depositar o valor, ele ter preferncia sobre o arrematante. a essa arrematao
que se refere o artigo. No caso de haver a remio, o remitente sucessor. Ou seja, ele
responder pelos dbitos que recaiam sobre o bem.
E no caso de uma alienao particular? Quem comprou o bem sucessor nos
tributos? Sim. A regra do CTN que exclui a responsabilidade do arrematante diz respeito
apenas hasta pblica. A ideia excluir somente a arrematao em hasta pblica. O art.
23 da LEF s prev em execuo fiscal a hasta pblica. A sistemtica que o leilo do
bem penhorado seja feito via hasta pblica. Quando veio a reforma do CPC e trouxe a
possibilidade de alienao particular, comeou uma discusso sobre a aplicabilidade
desse artigo do CPC s execues fiscais. de se ver que o CPC se aplica LEF em caso
de lacuna. Mas nesse caso tecnicamente no h uma lacuna. H uma discusso muito
grande, pois h precedentes do STJ aplicando a teoria do dilogo das fontes lei de
execuo fiscal. A teoria do dilogo das fontes estabelece que, para se dar coerncia ao
sistema, por vezes aplica-se norma geral ao invs de norma especial. As normas devem
ser interpretadas de forma a manter a coerncia do sistema. No pode haver benefcio a
credor privado que no seja dado a credor tributrio, que privilegiado. Diante disso, h
autores que entendem que apesar de no haver lacuna, deveria ser admitida a aplicao
subsidiria do CPC para permitir a alienao privada na execuo fiscal. Isso, porm, no
pacfico.
Em se admitindo o leilo privado em execuo fiscal, a consequencia prtica disso
que quem adquirir o bem executado vai ser sucessor nos tributos incidentes sobre a
coisa. Isso porque a hiptese no vai se subsumir ao pargrafo nico do art. 130, que trata
to somente da alienao em hasta pblica.
- Aula 15. 09 de setembro de 2011.
Pelo art. 131, II e III, so pessoalmente responsveis o sucessor a qualquer ttulo e
o cnjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus at a data da partilha ou
adjudicao, limitada esta responsabilidade ao montante do quinho do legado ou da
meao; e o esplio, pelos tributos devidos pelo de cujus at a data da abertura da
sucesso. A regra dos incisos II e III est invertida. Primeiro sucede o esplio para s
depois sucederem os herdeiros. O importante do inciso III saber que ele trata da nica
responsabilidade por sucesso limitada. A responsabilidade limitada ao montante do
quinho recebido.
Na prtica muito difcil a Fazenda ajuizar uma execuo contra os herdeiros,
pois h regra que diz que o juiz no poder homologar a partilha caso o inventariante no
tenha recolhido todos os tributos. Na prtica todos os tributos acabem sendo recolhidos
antes mesmo da partilha.
O prximo caso de sucesso vem no art. 132. O dispositivo trata de sucesso entre
pessoas jurdicas. O artigo trata da sucesso no caso de fuso, transformao ou
H uma discusso que j caiu na PGE que diz respeito responsabilidade dos
sucessores, especialmente a sucesso do art. 132 e 133. De se notar que todos os artigos
fazem meno a tributos. A questo que se impe a seguinte: a adquirente responde
tambm pelas multas? Sabe-se que h dois tipos de multas: as moratrias e as punitivas,
tambm chamadas fiscais. As multas moratrias so as devidas em decorrncia de atraso
no pagamento do tributo. As multas fiscais ou punitivas so devidas em funo da
infrao legislao tributria. A multa moratria considerada uma penalidade pelo
pagamento a destempo. H quem diga que se trata de uma indenizao ao fisco pela
privao daquela receita. Os juros de mora no tm carter punitivo, mas meramente
remuneratrio. Remunera-se o credor pelo tempo que ele ficou privado do seu capital.
O CTN s diz que sucedem os tributos. Diante disso, o adquirente responde
tambm pelas multas? Se afirmativa a resposta, por quais multas ele responde: moratria,
punitiva, ou ambas? H trs correntes sobre o assunto. A primeira corrente vai dizer que a
sucesso no ocorre com relao a nenhuma multa, mas apenas com relao aos tributos,
pois os artigos s mencionam os tributos. E mais: as multas tm carter punitivo, de
forma que no poderiam passar da pessoa do infrator. Essa a opinio do Luciano
Amaro. Uma segunda corrente vai dizer que s h sucesso da multa moratria, mas no
da multa punitiva, pois esta ltima no poderia passar da pessoa do infrator. J a multa
moratria seria decorrente apenas do atraso e se incorporaria ao tributo em si, de forma
que poderia haver a sua sucesso. Essa era a posio do Supremo, quando ainda julgava
questes infraconstitucionais.
Uma terceira corrente, posio atual do STJ (Resp 923.012), vai dizer que as duas
multas sucedem. Trata-se de posio extremamente favorvel ao fisco. O STJ fundamenta
o entendimento no art. 129 do CTN, que se aplica a toda a seo e que menciona crdito
tributrio e obrigao tributria. E j vimos que a penalidade uma obrigao tributria
principal. O raciocnio do STJ que a expresso tributo no pode ser interpretada
restritivamente, na medida em que a penalidade tambm obrigao tributria principal.
Ademais, o STJ entende que a ideia da sucesso buscar a garantia no patrimnio
RECURSO ESPECIAL
EM
INCONDICIONAIS.
BONIFICAO.
IMPOSSIBILIDADE.
DESCONTOS
LC
N.
87/96.
pelo
sucedido,
as
multas
moratrias
ou
Rel.
Ministro BENEDITO
GONALVES,
GARCIA VIEIRA,
PRIMEIRA
que continua
total
ou
parcialmente
existir
a sada da
mercadoria" .
4. Desta sorte, afigura-se inconteste que o ICMS descaracterizase acaso integrarem sua base de clculo elementos estranhos
operao mercantil realizada,
como,
por
exemplo,
valor
ICMS
MERCADORIAS
BONIFICAO
ESPCIE
INCONDICIONAL
INEXISTNCIA
DADAS
DE
EM
DESCONTO
DE
OPERAO
de Processo
Civil,
restringe-se
to-somente
incidncia
de
IPI
ou
operao
realizada
pela
Segunda
Turma,
julgado
em
25.11.2008,
DJe
1111156/SP,
Rel.
Ministro
HUMBERTOMARTINS,
tabelio pode ser responsvel tributrio se por culpa dele o tributo no houver sido
recolhido. VII - os scios, no caso de liquidao de sociedade de pessoas. Esse inciso s
faz referncia sociedade de pessoas. Hoje a discusso no diz respeito sociedade de
pessoas, mas s SA. Ademais, esse inciso s diz respeito responsabilidade do scio na
liquidao.
Pelo pargrafo nico, o disposto no artigo 134 s se aplica, em matria de
penalidades, s de carter moratrio. Neste artigo as multas punitivas no sucedem.
Trata-se de mais um argumento a corroborar com o entendimento de que na
responsabilidade por sucesso todas as multas so transferidas para o sucessor. Quer
dizer, quando o Cdigo quis especificar quais multas seriam transferidas ele o fez.
Quando no o fez, presume-se que todas se transferem, indistintamente.
Pelo art. 135, so pessoalmente responsveis pelos crditos correspondentes a
obrigaes tributrias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infrao
de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os
mandatrios, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de
pessoas jurdicas de direito privado. A primeira observao a ser feita que esse artigo s
se aplica se houver violao de lei ou excesso de poderes. O segundo ponto que o artigo
diz que os terceiros so pessoalmente responsveis. Diante dessa previso, o
posicionamento majoritrio que se trata de uma substituio tributria. O fisco cobrar
diretamente do terceiro substituto. Mas isso no pacfico. Alguns autores entendem que
se trata de responsabilidade solidria. a opinio, por exemplo, do Ricardo Lobo Torres.
O Ricardo menciona que se trata de uma solidariedade ab initio, ou seja, desde a
ocorrncia do fato gerador.
Pelo inciso I, todas as pessoas enumeradas no art. 134 podem tambm responder
na forma do art. 135. Quer dizer, se o terceiro incorrer em violao da lei ou excesso de
poderes, responder pelo art. 135; se incorrer apenas em culpa, responder
subsidiariamente na forma do art. 134. O inciso II fala dos mandatrios, prepostos e
PREVISTA
NO
ART.
543-C
DO
CPC.
DEFESA.
PROBATRIA.
EXCEO
NECESSIDADE
DE
DE
DILAO
PR-EXECUTIVIDADE.
que no agiu em violao de lei ou aos estatutos o prprio gerente. claro que a
Fazenda no pode inscrever os dois a seu bel prazer. Ela s vai poder inscrever os dois se
houver alguma prova anterior, apurada em prvio procedimento administrativo, de que
houve violao a lei ou estatuto. O ideal que seja dada a oportunidade do contraditrio e
da ampla defesa ao scio-gerente. Todavia, no h previso legal de que seja concedido
esse contraditrio prvio em sede administrativa.
Na segunda hiptese, onde a Fazenda ajuza apenas em face da empresa, mas no
curso do processo descobre uma violao de lei ou excesso de poderes, dever ser feito o
redirecionamento. Entretanto, a diferena que neste caso o nus da prova da fazenda;
ela quem dever provar que houve a violao de lei ou abuso de poder para que possa
ser feito o redirecionamento. Lembrando que a dissoluo irregular da empresa gera uma
presuno de violao de lei e a fazenda poder automaticamente redirecionar a execuo
em face do gerente (smula 435).
No caso de redirecionamento no ser preciso substituir ou emendar a CDA. Toda
vez que houver redirecionamento a CDA no ser substituda. No h nenhum erro na
CDA. O redirecionamento se d em razo de fato superveniente. Redirecionar incluir
no plo passivo o gerente, mas o ttulo continua o mesmo. Na hora em que h o
redirecionamento, o scio-gerente passa a fazer parte do plo passivo da execuo, de
maneira que a defesa cabvel ser os embargos execuo.
A smula 392 do STJ que diz que a fazenda pode substituir a CDA at a prolao
da sentena dos embargos. A LEF permite que a fazenda emende ou substitua a CDA at
a deciso de primeira instncia. S que ela no pode substituir nem emendar se for para
corrigir vcio do lanamento. Ou seja, a emenda ou substituio to somente para a
correo de vcios de forma ou erros materiais. Isso est posto na smula 392 do STJ. A
smula expressamente veda a modificao do sujeito passivo. E isso ocorre, pois a
determinao do sujeito passivo da essncia do lanamento. No se pode substituir a
CDA para corrigir erro que foi do lanamento. Se o erro do lanamento, a fazenda tem
que refaz-lo, desde que ainda haja prazo para isso. S que essa smula no se aplica a
hipteses de sucesso que ocorra no curso da execuo. S se substitui a CDA se ela
contiver erro. Se a sucesso ocorreu no curso, significa que no houve erro da fazenda. O
que acontece que no curso da execuo houve a sucesso, motivada por fato
superveniente ao lanamento. Por isso no caso do redirecionamento simplesmente se
inclui o gerente. A questo gira em torno de saber se o lanamento foi feito em face do
sujeito correto. Se o lanamento foi feito corretamente no h que se falar em
substituio da CDA, ainda que tenha havido sucesso.
No caso de responsabilidade solidria, caso a fazenda s tenha inscrito um dos
devedores solidrios, ela no poder simplesmente incluir o outro devedor solidrio no
plo passivo. O entendimento majoritrio no sentido de que a fazenda pode escolher em
face de qual credor lanar. Mas se ela deixou de lanar, ela no pode voltar a execuo
contra o credor no inscrito em face posterior. Se a Fazenda posteriormente quiser cobrar
do outro credor, dever fazer um novo lanamento. A fazenda no pode simplesmente
redirecionar ou substituir a CDA. E isso ocorre, pois a solidariedade ocorre desde a
origem. Aqui no h fato superveniente.
Na terceira hiptese a fazenda ajuza a execuo em face da empresa apenas,
malgrado tenha inscrito em dvida ativa tambm o scio gerente. Nesse caso, a Fazenda
poder redirecionar a execuo em face do scio. A diferena aqui que, se o nome est
na CDA, o nus da prova do gerente. Ou seja, ele quem ter o nus de desconstituir a
presuno de que houve violao da lei ou dos estatutos.
H outra questo que cai muito em prova. Na execuo fiscal, ao contrario do
CPC, a LEF continua exigindo como condio para os embargos a garantia do juzo (art.
16, 1). Ento, obrigatria a garantia do juzo para embargar, inclusive pelo gerente.
claro que se a empresa j tiver tido um bem embargado e esse bem for suficiente para a
garantia do juzo, ele j vai aproveitar o gerente. Deve haver uma nica garantia
unicidade da garantia. S que s vezes o dbito muito alto e o gerente no tem como dar
CONSTA
DA
CDA.
PRESUNO
DE
CTN trazem as normas gerais sobre responsabilidade tributria. Ento, no poderia uma
lei ordinria do ente ir de encontro ao CTN, pois estaria violando uma norma geral. Isso
no quer dizer que o ente no possa fixar casos de responsabilidade. Ele pode, desde que
respeite as normas gerais.
DIREITO TRIBUTRIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTRIA.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTRIO. ART 146, III,
DA CF. ART. 135, III, DO CTN. SCIOS DE SOCIEDADE
LIMITADA.
ART.
13
INCONSTITUCIONALIDADES
DA
LEI
FORMAL
8.620/93.
MATERIAL.
desconsiderar
as
regras
matrizes
de
contributiva,
mas
de
uma
relao
especfica
de
pode
ser
chamado
responsabilizado
na
hiptese
de
TRIBUTRIO.
PARCELAMENTO
DE
DBITO.
declarados, mas que no tenham sido objeto de pagamento. Cada vez mais os entes esto
instituindo o lanamento dos tributos por homologao. O contribuinte deve declarar a
ocorrncia do fato gerador e pagar o tributo. Seguem essa lgica o IR, contribuies
sociais, o ICMS. Com relao ao ICMS h a chamada GIA guia de informao e
apurao do ICMS. Aqui no municpio do Rio no h uma declarao semelhante para o
ISS, mas h municpios que tem algo semelhante.
O que acontecia muito que o contribuinte declarava, para no constituir infrao
de obrigao acessria, mas no pagava o tributo. E a um ano depois, antes de a fazenda
inscrever em dvida, a pessoa denunciava espontaneamente, requerendo a que fosse
retirada a multa fiscal. E nesse perodo, o dinheiro que deveria ter sido usado para pagar o
tributo estava investido. Quer dizer, era mais rentvel para o contribuinte investir o
dinheiro, e pagar a destempo apenas com a incidncia dos juros. Os juros dos
investimentos eram mais rentveis do que o prejuzo com os juros de mora. Ento, valia
mais a pena pagar tributo atrasado. S que isso gerava um descontrole imenso para a
fazenda. Ento, o STJ passou a entender que nesse caso no haveria denncia espontnea.
O STJ entendeu que a declarao apresentada pelo constituinte uma confisso de
dbito. Ento se j houve confisso de dbito no h denuncia espontnea nenhuma.
(REsp 886.462RS)
TRIBUTRIO. ICMS. EMBARGOS EXECUO FISCAL.
TRIBUTO DECLARADO
PAGO
NO
PELO
CONTRIBUINTE
PRAZO. DENNCIA
ESPONTNEA.
NO
NO
CIVIL.
RECURSO
LANAMENTO
DECLARAO PARCIAL
DE
POR
HOMOLOGAO.
DBITO
TRIBUTRIO
DA DIFERENA
MAIOR
RESPECTIVA
QUITAO. DENNCIA
COM
ESPONTNEA.
integral, retifica-a
(antes
de
qualquer
eREsp 962.379RS,
Rel.
Ministro
Teori Albino
formal
do
crdito,
podendo
este
ser
da
denncia
ou seja,
as
espontnea
exclui
multas
carter
de
as
penalidades
eminentemente
perfeito, s podendo o lanamento ser revisto nas hipteses elencadas no artigo. O art.
145 tem trs incisos. Pelo inciso I, o lanamento pode ser alterado em razo de
impugnao do sujeito passivo. O sujeito passivo pode impugnar tanto administrativa
quanto judicialmente. Trata-se de opo do sujeito passivo. O que no pode haver uma
impugnao concomitante (art. 38, pargrafo nico da LEF). Ingressando com a ao em
juzo, o contribuinte automaticamente abre mo de sua impugnao administrativa.
Automaticamente h a renncia ou desistncia da fase administrativa. Agora, s vai haver
essa renncia ou desistncia se as matrias da impugnao administrativa e judicial forem
as mesmas. Se as causas de pedir forem distintas pode at subsistir a fase administrativa.
A ideia que no faz sentido ter duas fases em andamento, sendo que a judicial
definitiva.
Tendo impugnado administrativamente o lanamento, o contribuinte dar incio ao
processo administrativo tributrio ou fiscal PAF. Todos os entes possuem autonomia
para legislar sobre o seu prprio processo administrativo tributrio. No h normas gerais
federais nessa matria. H completa autonomia dos entes. Na rea federal o processo
administrativo fiscal e regulado pelo dec. 70.235/72. Na rea federal h ainda uma lei que
se aplica subsidiariamente ao PAF, que a lei 9.784/99. Esta lei a regra geral de
processos administrativos na rea federal, s se aplicando seara tributria em caso de
lacuna. Aqui no Estado do Rio o PAT regido pelos art. 205 a 282 do DL 05/75 CTE.
Alm disso, o dec. 2.473/79. Aqui no Estado aplica-se subsidiariamente a lei 5.427/09,
regra geral de processos administrativos. No municpio do rio o PAT regulado pelo dec.
14.602/96. Aqui no municpio no h norma geral de processo administrativo, como h
para o estado e para a unio.
Em regra, o prazo para a impugnao de 30 dias aps o lanamento. Isso vale
para os trs entes. Aqui no municpio do rio h uma exceo para o IPTU e para a taxa de
lixo. Neste caso, o prazo aqui no municpio do rio de 60 dias. Essa impugnao ser
julgada e haver uma deciso de primeira instncia. O rgo julgador da primeira
instancia varia de ente para ente. No estado e na unio o rgo de primeira instancia j
um rgo colegiado. No municpio do rio um rgo singular. Essa deciso pode acolher
a impugnao, com o que o lanamento ser revisto (art. 145, I). A deciso pode ainda
rejeitar a impugnao, quando o lanamento ser mantido.
Acolhida a impugnao, vai caber o chamado recurso de ofcio, que interposto
pela prpria autoridade que acolheu a impugnao. algo semelhante ao reexame
necessrio. O recurso de ofcio tambm uma forma de rever o lanamento (art. 145, II).
As legislaes de um modo geral dispensam alguns tipos de causas da interposio do
recurso. Quando o valor muito baixo as legislaes prevem hipteses de dispensa.
Se for rejeitada a impugnao vai ser cabvel o recurso voluntrio do sujeito
passivo. Tanto o recurso de ofcio quanto o voluntrio so julgados por um rgo de
segunda instncia. Aqui no rio e na unio h uma segunda instncia. S que a existncia
de uma segunda instncia no obrigatria. O duplo grau no um princpio obrigatrio
na esfera administrativa. No Rio de janeiro esse rgo chamado de conselho de
contribuintes. Na unio esse rgo chamado de conselho administrativo de recursos
fiscais. Os conselhos so rgos colegiados e paritrios. Significa que so compostos em
parte por representantes da fazenda e em parte por representantes dos contribuintes. O
conselho um rgo da fazenda. No exatamente um tribunal.
Alguns entes, como a unio e o estado do rio, exigiam nas suas leis depsito como
condio especfica para a interposio do recurso voluntrio. Devia ser feito um
depsito de 30% do valor do tributo devido. Depois veio legislao permitindo o
arrolamento de bens. S que isso era muito questionado, pois o depsito impedia o acesso
de alguns segunda instncia, o que violava a isonomia. Diante dessas crticas, hoje o
Supremo entende que inconstitucional a exigncia de depsito ou arrolamento de bens
como condio para a interposio de recurso administrativo (smula vinculante 21).
- Aula 18. 07 de outubro de 2011.
Hoje vamos continuar o esquema do PAT. Havamos mencionado a deciso da
segunda instncia, que em geral o conselho de contribuintes. H alguns PATs que tem
ainda uma terceira instncia, tambm chamada instncia especial. No caso do Municpio
do Rio, tanto a fazenda quanto o contribuinte podem recorrer para a instncia especial. J
no Estado do Rio, essa instncia especial s assegurada ao representante da Fazenda
(art. 266, II do CTE). Ao contribuinte vedada essa instncia. E esse recurso ser cabvel
quando a deciso for contraria lei ou quando a deciso estiver em contrariedade com a
prova angariada nos autos. Na rea federal, tambm s a Fazenda pode interpor recurso.
O grande problema dessa instncia especial que quem julga o recurso o Secretario ou
Ministro da Fazenda. No Estado, veja que h uma interposio do representante da
Fazenda para o Secretario da Fazenda. Por isso que esse recurso se chama recurso
hierrquico. Ele se baseia na hierarquia.
Questionou-se a constitucionalidade dessa lei, na medida em que violaria a
isonomia, a ampla defesa e o contraditrio. A questo no chegou ao Supremo, mas no
STJ h diversos precedentes no sentido da constitucionalidade desse procedimento. Mas
por qu? Para o STJ, o recurso hierrquico visa exatamente assegurar a isonomia, na
medida em que o contribuinte pode sempre ir ao poder judicirio caso a deciso do
conselho de contribuintes no lhe seja favorvel. E para o STJ, a fazenda no poderia ir a
juzo, pois no poderia propor ao para anular deciso que ela mesmo proferiu.
No processo administrativo tributrio h duas grandes diferenas com relao ao
processo judicial. A primeira delas que o processo administrativo tributrio se rege pelo
princpio da informalidade e da verdade material. Significa dizer que o julgador no fica
to preso s provas que constarem dos autos. Na rea judicial a questo do nus da prova
fundamental. Na rea administrativa essa questo mais malevel. O julgador tem mais
liberdade para produzir e requisitar provas em nome da verdade material. O julgador
pode adiar o julgamento e convert-lo em diligncia para buscar novas provas.
Outra diferena a possibilidade de reformatio in pejus. Na fase administrativa
sempre possvel a reformatio in pejus. O contribuinte, ao impugnar o lanamento, pode
no s ter o seu pedido julgado improcedente como pode ter o lanamento majorado. Na
hora que o sujeito passivo impugna ele abre a possibilidade de a fazenda rever aquele
lanamento. Por exemplo, no caso do IPTU. O sujeito passivo impugna o lanamento por
causa do valor venal. S que a planta de valores feita com base em estimativa. E na
hora em que o sujeito passivo impugna o valor venal, sai-se da estimativa e passa-se a
analisar o valor concreto, pois o fiscal vai ter que ir at o imvel para ver o seu real valor.
Com isso, acontece muito de o fiscal atestar que o imvel j no corresponde mais
metragem da planta. Na planta constava que o imvel tinha 100m, mas o fiscal constata
que h um puxadinho que fez com que o imvel passasse a ter 200m. Diante disso, o
fiscal pode no s julgar improcedente o pedido, como tambm lanar sobre a rea
excedente.
A questo da instncia especial pode cair em prova de vrias maneiras. Pode a
Fazenda ajuizar ao para anular deciso do conselho de contribuintes, que ela entenda
contrria a lei? Veja que a deciso da Secretaria da Fazenda. Poderia a Procuradoria,
que integra outra Secretaria, entender que a deciso ilegal e ajuizar ao? O STJ
entende que no, pois a deciso foi proferida pelo prprio ente, que visto como uma
coisa s. Seria contraditrio se a Fazenda questionasse judicialmente uma deciso que ela
mesma proferiu. S que existe um parecer muito conhecido da PFN, o parecer
1.087/2004, onde a PFN entende que a fazenda pode sim ir a juzo para tentar anular a
deciso, isso em funo do princpio da legalidade. O problema : quem ser ru a ao?
A Secretaria no pode ser r, pois no tem personalidade jurdica prpria. E a ao no
pode ser proposta em face do prprio ente. A PFN entende que o ru nesta ao seria o
prprio sujeito passivo, que foi o beneficiado pela deciso. A doutrina critica muito esse
parecer.
Outra figura controvertida a figura da avocatria. parecido com o recurso
hierrquico, mas com ele no se confunde porque no um recurso. O superior
hierrquico simplesmente avoca um processo e o julga. No Estado do Rio de Janeiro essa
avocatria prevista expressamente no art. 124, III do Dec. 2.473/79. Segundo o
dispositivo, a avocatria ser cabvel na da defesa da ordem pblica, da legalidade e da
justia fiscal. So hipteses bastante abertas. Ento, em tese, pode haver uma avocatria
para beneficiar os contribuintes. As hipteses no se fecham em situaes que beneficiem
apenas a fazenda. A avocatria bastante criticvel, pois alguns entendem que seria um
resqucio da ditadura. S que h vrios precedentes do STJ no sentido de que essa
avocatria seria constitucional, sob o fundamento que se fundamenta na hierarquia.
claro que deve haver lei para isso. Lembrando que o contribuinte pode sempre ir a juzo.
Ento, se ele no concordar com a deciso proferida na avocatria, ele poder sempre ir a
juzo.
Feito esse grande parntesis, voltemos a analisar o princpio da irrevisibilidade do
lanamento (art. 145). Ficou faltando analisar o art. 145, III, que a terceira hiptese de
reviso de lanamento. Trata-se da hiptese de a fazenda rever de ofcio os lanamentos.
A fazenda poder rever de ofcio nos casos previstos no art. 149, que traz as hipteses em
que a fazenda pode lanar e rever o lanamento de ofcio. Para a doutrina, esse artigo 149
traria um elenco taxativo. Ou seja, a fazenda s vai poder rever de ofcio naquelas
hipteses expressas. Por isso que, sempre que a fazenda for rever de ofcio, ela vai ter que
indicar o inciso em que a hiptese se enquadra. Por exemplo, no caso do puxadinho. A
fazenda vai rever o lanamento j feito e complementar com a diferena. Ou seja, ela vai
rever o lanamento atravs de um lanamento complementar. E ela poder rever o
lanamento mesmo que j tenha havido o pagamento do primeiro lanamento feito.
Destaca-se apenas o inciso VIII do art. 149, que muito importante. Com efeito,
poder ser revisto de ofcio o lanamento quando deva ser apreciado fato no conhecido
ou no provado por ocasio do lanamento anterior. A hiptese mais comum quando h
erro de fato. novamente o exemplo do puxadinho. A fazenda faz lanamento pensando
que o imvel tem 100m, mas na verdade ele tem 200m. E de quem o nus da prova da
data em que foi feito o puxadinho? O nus da prova do contribuinte. Constatada a
irregularidade, a fazenda vai lanar os ltimos 05 anos, independentemente da data em
que a obra foi feita. Se o contribuinte discordar, que impugne o lanamento informando a
data exata da realizao da obra. H outras hipteses em envolvem omisso, dolo, fraude,
seja do contribuinte, seja do fiscal.
Duas questes importantes aqui. A fazenda s pode rever lanamento se ainda
restar prazo decadencial para lanar. isso que est no art. 149, pargrafo nico. H uma
discusso sobre a possibilidade de a fazenda cobrar juros moratrios e multa moratria no
caso da reviso. Por exemplo, o contribuinte vinha pagando IPTU com base em 100m.
Certo dia a fazenda descobre que o imvel tinha 200m e lana de ofcio a diferena
retroativamente a 05 anos (prazo decadencial). Poderia a fazenda cobrar os acrscimos
moratrios sobre essa diferena? O posicionamento que tem prevalecido que quando a
culpa da causa da reviso for do contribuinte, os encargos moratrios podem ser
cobrados. Por exemplo, no caso do puxadinho a culpa pelo lanamento das diferenas de
ofcio do prprio contribuinte, que deveria ter informado a fazenda que o imvel era
maior do que constava na planta. No entanto, h hipteses no art. 149 em que a reviso de
ofcio do lanamento no devida culpa do contribuinte, mas do prprio fiscal, que
agiu em fraude. Ento, a fazenda ir rever o lanamento, mas os acrscimos moratrios
no podero ser cobrados do contribuinte.
Outro princpio aplicvel ao lanamento o princpio da inalterabilidade dos
critrios jurdicos (art. 146 CTN). Significa que se a fazenda utilizar algum critrio
jurdico para fazer o lanamento, qualquer modificao nesse critrio, mesmo que por
fora de deciso judicial, essa alterao s produzir efeitos para o futuro. Ou seja, para
fatos geradores ocorridos aps a sua modificao. Mas o que so esses critrios jurdicos?
O que a maioria da doutrina cita so os critrios de interpretao de lei. Por exemplo,
quando a fazenda altera a sua interpretao da lei. Muitos autores interpretam esse artigo
como se estivesse tratando de erro de direito. Outro exemplo de aplicao o erro quanto
ao enquadramento. Isso muito comum no IPI. Dependendo da tabela muda a alquota.
Vamos dizer que a fazenda vinha enquadrando determinado produto na tabela A, mas em
determinado momento entende que deveria ter enquadrado na tabela B. Isso um erro
lanamento por arbitramento nada mais do que uma forma de se fazer o lanamento de
ofcio.
- Lanamento por declarao (art. 147).
O sujeito passivo prestar as informaes necessrias ao fisco para que seja feito o
lanamento. O sujeito passivo deve apenas prestar as informaes, mas quem lana a
fazenda. Quem emite a guia a fazenda, com base nas informaes prestadas pelo
contribuinte. A fazenda no tem como lanar sem essas informaes. So exemplos de
tributos sujeitos a lanamento por declarao o ITBI e o ITCMD. Isso importante para
fins de decadncia. A fazenda no tem como descobrir que algum morreu. S depois que
o sujeito passivo abre o inventrio que a fazenda poder lanar o tributo. Sem essa
informao a fazenda no tem como lanar. Por isso fundamental que o contribuinte
preste essa informao. Com o ITBI a mesma coisa. O adquirente de imvel deve
comparecer fazenda para que esta emita a guia do ITBI. A emisso da guia a
efetivao do lanamento.
Alm do ITBI e do ITD, tambm podem ser lanados por declarao o II e o IE.
Quando viajamos para o exterior e na volta temos que preencher um formulrio
declarando se trazemos ou no bens do exterior, estamos prestando as informaes para
que a fazenda possa lanar o II. Dependendo das informaes prestadas, a fazenda
emitir uma guia.
- Lanamento por arbitramento (art. 148).
No lanamento por arbitramento a fazenda arbitrar o valor de bens, mercadorias
ou servios, pois as informaes prestadas foram omissas ou quando no forem dignas de
f. O lanamento por arbitramento no modalidade originaria de lanamento de nenhum
tributo, mas eventualmente qualquer tributo poder vir a ser lanado por arbitramento.
Discordando do lanamento, o sujeito passivo poder sempre contest-lo administrativa
ou judicialmente. Entretanto, considerando a presuno de veracidade e legitimidade dos
atos administrativos, o nus da prova ser do contribuinte.
CIVIL.
RECURSO
ESPECIAL
DE
PAGAMENTO
ANTECIPADO.
fato gerador. Ou seja, no h mais a tese do cinco mais cinco pr-fisco. Com base nessa
tese o fisco tinha um prazo de 10 anos para lanar. No h mais isso. H apenas um nico
prazo, que o do art. 173, I.
Terceira hiptese. Vamos supor que o contribuinte tenha declarado um dbito de
1.000,00, pagou apenas 500,00, mas a fazenda acha que ele deve 3.000,00. Com relao
aos 1.000,00 declarados, houve a confisso de dbito e o auto-lanamento. Ou seja, estes
R$1.000,00 j esto constitudos. Ento a fazenda j poder desde logo inscrever e ajuizar
os R$500,00 faltantes. O problema vai surgir em relao aos 2.000,00 restantes que a
fazenda entende devidos. Com relao a esse excedente no houve confisso, e a fazenda
ter que fazer o lanamento. Qual vai ser o prazo para a fazenda fazer esse lanamento?
Ora, tendo em vista que houve um pagamento, o prazo ser o do art. 150, 4. Se o
contribuinte pagou, mesmo que a menor, a regra ser a do art. 150, 4.
- Causas de suspenso da exigibilidade do crdito tributrio (art. 151).
O art. 151 traz um elenco taxativo de causas de suspenso da exigibilidade do
crdito. Isso em funo do art. 141, que diz que o crdito somente tem a exigibilidade
suspensa nos casos previstos no CTN. O fato de haver uma causa de suspenso da
exigibilidade no afasta o dever de cumprimento das obrigaes acessrias. Isso est
expresso no art. 151, pargrafo nico. Ento, mesmo que haja a suspenso da
exigibilidade, ainda assim o contribuinte dever emitir nota fiscal, ter que permitir a
fiscalizao, etc. Outra observao: a cobrana do crdito ficar paralisada, onde quer que
ela se encontre. O fisco no poder prosseguir na cobrana. Significa que, se o crdito
ainda no estiver inscrito, o fisco no poder inscrever em dvida ativa; se j tiver
inscrito, no poder ajuizar.
As causas de suspenso da exigibilidade do crdito tributrio suspendem tambm
o prazo prescricional para a sua cobrana, mas no suspendem o prazo decadencial para o
lanamento. Note que a suspenso da exigibilidade do crdito tributrio. E s h
crdito depois de ter havido o lanamento, que o constitui. Ento, mesmo com a
PARA
CONSTITUIO
DO
CRDITO.
EMBARGOS
DE
DIVERGNCIA
ROVIDOS.
1. No caso de tributos sujeitos a lanamento por homologao, o
contribuinte, ao realizar o depsito judicial com vistas suspenso
da exigibilidade do crdito tributrio, promove a constituio deste
nos moldes do que dispe o art. 150 e pargrafos do CTN. Isso,
porque verifica a ocorrncia do fato gerador, calcula o montante
devido e, em vez de efetuar o pagamento, deposita a quantia aferida,
a fim de impugnar a cobrana da exao. Assim, o crdito tributrio
constitudo por meio da declarao do sujeito passivo, no havendo
falar em decadncia do direito do Fisco de lanar, caracterizando-se,
com a inrcia da autoridade fazendria apenas a homologao tcita
da apurao anteriormente realizada. No h, portanto, necessidade
de ato formal de lanamento por parte da autoridade administrativa
quanto aos valores depositados. 2. Precedentes da Primeira Seo:
depsito
integral
em
dinheiro
pode
ser
feito
judicial
ou
NO
PAGAMENTO
AO
ABRIGO
DE
PERODO
ACOBERTADO
POR
LIMINAR.
OFENSA
AO
ART.
535
DO
CPC.
INOCORRNCIA.
1.
provimento
liminar, seja
em sede
de
Mandado
de
do
atraso
ocasionado
pelo
deferimento
da
ao
Fisco
cobrana
do
crdito tributrio
na sua
de
segurana
28.05.08;
REsp.
928.958/MG,
Rel.
Min.
CASTRO
DJU
16.11.04;
para
suspenso
do
para
que tambm a multa de mora retroage. Na rea federal, o art. 63, 2 da lei 9.430/96
estabelece um prazo para pagamento do tributo com juros para que o contribuinte fique
liberado da multa moratria. Essa lei se aplica exatamente nesses casos de revogao de
liminar.
No caso da contra-cautela, cassada a liminar, a fazenda poderia levantar o valor?
No. Ela no poder levantar como se fosse o depsito integral, pois ela no tem o
mesmo objetivo. O levantamento no vai ser automtico.
5. A medida liminar ou antecipao de tutela em sede de ao ordinria (art. 151, V).
A quinta hiptese de suspenso da exigibilidade a medida liminar ou antecipao
de tutela em sede de ao ordinria (art. 151, V). Tudo que foi dito para a liminar no
mandado de segurana vale para esta hiptese.
6. Parcelamento (art. 151, VI).
A ltima causa de suspenso o parcelamento. O parcelamento vem previsto no
art. 155-A, que exige lei especfica do ente tributante para que seja possvel o
parcelamento. Como dito quando do estudo da denncia espontnea, o pedido de
parcelamento no exclui o pagamento dos juros moratrios e da multa. O 3 do art. 155A estabelece que o ente dever editar lei especfica para o parcelamento dos crditos dos
devedores em recuperao judicial. J o 4 diz que caso no haja esta lei especfica,
aplicar-se- a normativa geral sobre o parcelamento, no podendo nesse caso, porm, o
prazo do parcelamento para o devedor em recuperao judicial ser inferior ao prazo
concedido pela lei especfica federal.
Recentemente o STJ decidiu que quando o parcelamento for posterior penhora,
esta deve ser mantida. Quer dizer, apesar de haver a suspenso de exigibilidade pelo
parcelamento, isso no significa que o crdito tributrio deva ficar sem qualquer garantia,
mormente pelo fato de a constrio ser anterior ao parcelamento. Veja-se:
CRDITO.
PARCELAMENTO
POSTERIOR
CONSTRIO.
Em preliminar, a Turma decidiu que a incompetncia relativa para
julgamento de medida cautelar fiscal deve ser arguida por meio de
exceo, no prazo da resposta, sob pena de a matria ficar preclusa.
No caso, a cautelar foi ajuizada na Justia Federal com competncia
territorial sobre a comarca da sede da empresa. Por fora do disposto
no art. 109, 3, da CF e art. 15, I, da Lei n. 5.010/1966, a Justia
estadual tambm seria competente, por delegao, para apreciar a
ao. Em outras palavras, por tratar-se de competncia federal
delegada Justia estadual, os dois juzos teriam competncia para
apreciar a matria. Nesse contexto, se o contribuinte tivesse o
interesse de ser a ao processada no seu domiclio, deveria
apresentar exceo para que a incompetncia territorial fosse
reconhecida. Como a arguio da incompetncia foi feita fora do
prazo da resposta, ficou perpetuada a competncia do juzo federal.
Em outra preliminar, a Turma entendeu que o parcelamento
requerido aps a realizao de constrio patrimonial e
ajuizamento da execuo fiscal no afeta o interesse de agir do
fisco. Assim, se a suspenso da exigibilidade do crdito em razo
do parcelamento for posterior constrio, ou a garantia
permanece na medida cautelar fiscal, ou se transfere para a
execuo fiscal, na qual poder ser pleiteada a sua substituio,
conforme a ordem prevista no art. 655 do CPC. O que no pode
ocorrer o crdito tributrio ficar sem garantia alguma, j que a
constrio foi realizada antes mesmo do pedido de parcelamento
Ou seja, deve haver a autorizao formal do consumidor final (quem suportou de fato o
encargo do tributo), o que muito difcil, praticamente impossvel, na prtica. A
autorizao no precisa ser especfica para cada ao; ela pode ser genrica, mas deve ser
formal. H algumas questes controvertidas sobre esse artigo.
A primeira delas envolve o ISS. A repercusso do ISS no jurdica, mas
meramente econmica. O ISS um imposto cumulativo por natureza. Por conta disso,
muitos autores entendem que o art. 166 no se aplica ao ISS. O STJ depois de muitas idas
e vindas pacificou o seu entendimento no sentido de que, como regra, o ISS um imposto
que admite a sua dicotomizao como tributo direto ou indireto, consoante o caso
concreto. Ento, como regra, se aplica ao ISS o art. 166, devendo haver autorizao
formal do tomador do servio para que o prestador possa buscar a repetio. Mas h
uma exceo. Trata-se do ISS das chamadas sociedades uniprofissionais e profissionais
autnomos. A questo que estas sociedades tm direito a uma tributao fixa (art. 9,
1 e 3 da lei 406/68). E como estes profissionais recolhem de forma fixa e no em
funo do preo, no haveria a possibilidade de embutir e transferir. Ento, eles so os
nicos que no precisam de autorizao para a repetio (RESP 1131476).
TRIBUTRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVRSIA. ART. 543-C, DO CPC. ISS. LOCAO DE
BENS MVEIS. REPETIO DE INDBITO. PROVA DA
NO REPERCUSSO. EXIGIBILIDADE, IN CASU. ART. 166
DO CTN.
1. O ISS espcie tributria que admite a sua dicotomizao
como tributo direto ou indireto, consoante o caso concreto.
2. A pretenso repetitria de valores indevidamente recolhidos a
ttulo de ISS incidente sobre a locao de bens mveis (cilindros,
mquinas e equipamentos utilizados para acondicionamento dos
gases vendidos), hiptese em que o tributo assume natureza
deixou
de
ELIANA
CAMPBELL
MARQUES,
SEGUNDA TURMA,
julgado
em
Rel.
Min.
FRANCISCO
FALCO,
DJU
de
(CONTRIBUINTES
DE
DIREITO).
EXERCCIO
DO
DIREITO SUBJETIVO DO
166,
DO
CTN).
PREQUESTIONAMENTO.
LITISPENDNCIA.
AUSNCIA.
SMULAS 282
O Cdigo
Tributrio
Nacional,
na
seo
atinente
ao
O sujeito
passivo
tem
direito ,
do seu
cobrana
ou
pagamento
espontneo
de
tributo
aplicvel,
ou da natureza
ou
circunstncias
transferncia
financeiro
somente
ser feita
assumido
o referido
encargo,
transferido
terceiro,
do
estar
respectivo
quem
ou,
no
por
este
encargo
prove
caso
haver
de t-lo
expressamente
que
de retomar
hipteses
em
normativamente,
do
que
as
contribuinte
tributrio,
a transferncia
apenas
nas
for
autorizada
parcelas correspondentes
ao tributo
desnecessria qualquer
o indbito, desde
que
recuperado
pelo
exclusivamente
ao
denominado
contribuinte de
com
o encargo financeiro
do tributo
possa ser
de Eurico Marcos
Diniz
de
do contribuinte
(contribuinte
procedera
de
apresentao
que
direito)
tributo
comprovao
repercusso
de
pagou
econmica
autorizao
do
de
indevido
que
no
do tributo ou
"contribuinte
de
indevidamente
So
Paulo,
de
specializao
em
Direito
Tributrio
- Estudos
razo
suficiente
para
que
se
verifique
II
- quanto aos
produtos
nacionais,
o valor
total
do
acessrias,
valor
do frete
e das
cobradas ou debitadas
demais
despesas
pelo contribuinte
ao
comprador ou destinatrio.
2. No podem ser deduzidos do valor da operao os
descontos,
diferenas
ou
abatimentos,
concedidos
Malgrado
as
Turmas
de
Direito
Pblico
venham
instaurada
com a
ocorrncia
do fato imponvel
caso
constatado
repasse,
por
autorizao
legitimidade
consumidores
ingressarem
ad
causam
em juzo
para
com
vistas
os
a
em
circulao
ou
prestam
servio,
que se apresentam
como
como contribuintes
de
direito
do imposto,
na
verdade,
lado
lado,
ausente
qualquer
litgio
em
casos
como
presente,
anotou.
Desprotegido
O consumidor da energia eltrica, por sua vez, observada a
mencionada relao paradisaca concedente/concessionria, fica
relegado e totalmente prejudicado e desprotegido. Esse quadro
revela que a concessionria assume o papel de contribuinte de direito
apenas formalmente, assim como o consumidor tambm assume a
posio de contribuinte de fato em carter meramente formal,
ponderou o relator.
Conforme o ministro, o usurio de energia eltrica no teria outra
opo: Ou paga a tarifa com o ICMS eventualmente ilegal ou ficar
sem o servio, o que implica desligar lmpadas, geladeiras,
televisores, equipamentos indispensveis sade de enfermos,
equipamentos industriais etc., ou lana mo de outras fontes de
energia,excessivamente caras e no produtivas.
Para o ministro Cesar Rocha, impedir que o consumidor final
conteste essa cobrana que o prprio STJ considera ilegal
significaria impedir qualquer discusso judicial sobre casos desse
tipo, j que a concessionria no teria interesse em entrar nesse
litgio contra o estado. Ele destacou que, no direito tributrio, o que
vale a verdadeira natureza das coisas e das suas relaes.
O art.167 trata do que ser restitudo com a repetio do indbito. Quer dizer, ser
restitudo o que foi pago a ttulo de tributo e mais a correo monetria desse valor
(smula 162 STJ) e mais juros de mora de 1% ao ms (art. 161, 1 CTN por analogia),
contados do trnsito em julgado da deciso que condenou a fazenda na restituio
(smula 188 STJ). A ideia que a devoluo deve ser feita na mesma proporo que a
cobrana. Segundo o STJ, no incidem juros compensatrios, por ausncia de previso
legal. Essa a regra geral. A exceo fica por conta de eventual legislao do ente
tributante que preveja devoluo de valores diversos. Na rea federal, o art. 39, 4 da lei
9.250/95 prev de forma diversa. Para a rea federal, a regra a aplicao da taxa SELIC
sobre o pagamento indevido. O STJ entendeu que a SELIC uma taxa de juros que
embute correo monetria. No estado do rio e no municpio do rio no h lei especfica,
de modo que incide a regra geral.
H discusso hoje grande em funo do art. 1-F da lei 9494/97. A primeira
redao dessa lei foi dada pela MP 2.180. Segundo a redao, s incidiriam juros de mora
de 0,5% ao ms nas condenaes da Fazenda em aes referentes a servidores pblicos.
As fazendas pretenderam aplicar esse percentual s aes tributrias. Mas o STJ entendeu
que no, pois a redao do artigo dizia que o percentual era apenas para condenaes
decorrentes de aes de servidores (RESP 11.111). S que essa lei foi modificada pela lei
11.960/09. Essa lei diz que os juros e correo incidiro uma nica vez pelo percentual
aplicvel caderneta de poupana aos crditos de qualquer natureza. Diante disso, as
fazendas vm pretendendo aplicar este artigo tambm aos crditos de natureza tributria.
O grande problema aqui que essa lei ordinria. Quer dizer, haveria ou no reserva de
lei complementar para a questo dos acrscimos moratrios aplicveis repetio de
indbito? Se houver, essa lei no poderia ser aplicada aos crditos tributrios.
- Aula 20. 21 de outubro de 2011.
- Repetio do indbito. Continuao.
O art. 168 traz o prazo para a repetio do indbito. Segundo o artigo, o prazo para
a repetio ser de cinco anos. Os incisos trazem o termo de inicio da contagem desse
prazo. Pelo inciso I, nas hipteses do art. 165, I e II, o prazo de cinco anos conta-se da
data da extino do crdito tributrio. Em geral, a extino do crdito tributrio se d pelo
pagamento. O grande problema diz respeito aos tributos lanados por homologao.
Nestes tributos, antecipa-se o pagamento, mas a homologao expressa ou tcita que
extingue o crdito de forma definitiva. Ou seja, nesses casos, o pagamento extingue o
crdito apenas sob condio.
O STJ tinha jurisprudncia pacificada no sentido de que o prazo de cinco anos
para a repetio se contaria a partir da homologao expressa ou tcita. A grande questo
que a homologao tcita se d com o decurso de cinco anos contados do fato gerador
(art. 150, 4). A partir desta extino do crdito, comeava a ser contado o prazo de
cinco anos para a repetio. Ou seja, cinco anos para homologar e mais cinco anos para
repetir. Tratava-se da tese dos cinco mais cinco pr-contribuinte. Isso conferia ao
contribuinte um prazo de 10 anos para a repetio, o que era muito prejudicial Fazenda.
Essa corrente vigorou durante muitos anos no STJ, at que veio uma alterao legislativa.
A alterao veio pelos art. 3 e 4 da lei complementar 118 de 2005. Essa lei teve
uma vacatio de 06 meses, tendo comeado comeou a produzir os seus efeitos em 09 de
junho de 2005. O art. 3 da lei diz que o prazo para a repetio dos tributos lanados por
homologao se conta do pagamento efetivo, e no mais da homologao, como entendia
o STJ. Em outras palavras, o art. 3 modificou a jurisprudncia do STJ, fixando nova
orientao. No h nenhum problema em uma lei corrigir interpretao jurisprudencial.
Isso constantemente feito. Quando a modificao tiver efeitos para o futuro no h
qualquer problema. O problema que o art. 4 da lei complementar 118 disse que o art. 3
norma interpretativa. E, como sabemos, pelo art. 106, I do CTN, a lei interpretativa
retroage. Ou seja, a lei complementar modificou a jurisprudncia, com efeitos para o
passado. A consequencia prtica disso que a lei complementar passou a ser aplicada
para as aes em curso. Ento, a pessoa que ingressou com a ao no oitavo ano, crendo
que tinha o prazo de dez, j estaria com a sua pretenso prescrita. Obviamente, isso
causou grande discusso, pois violava a segurana jurdica.
Com efeito, muitos autores entenderam que este artigo seria inconstitucional. Em
primeiro lugar, pois isso violaria a segurana jurdica. Outra alegao seria a violao ao
princpio da irretroatividade, na medida em que se estaria atingindo direitos adquiridos e
atos jurdicos perfeitos. Outra alegao de que essa retroao atingiria a boa-f e a
legtima expectativa do contribuinte. Alguns autores entenderam ainda ter havido
violao separao dos poderes.
Essa discusso chegou tanto ao STJ quanto ao STF. O STJ julgou o RESP
1.002.932, em que declarou a inconstitucionalidade do art. 4 (que determinava a
retroao) em sede de controle difuso. O STJ entendeu que a nova lei s produziria
efeitos para os pagamentos efetuados a partir de 09 de junho de 2005, ou seja, aps o
inicio da vigncia da lei. Ou seja, se o pagamento indevido foi posterior data da
vigncia, aplicava-se a lei complementar 118 (cinco anos para repetir contados do
pagamento). Se o pagamento fosse anterior vigncia da lei, no se aplicava a lei
complementar e o prazo seria o da jurisprudncia do STJ (cinco mais cinco). S que o
STJ fixou ainda uma regra de transio. O contribuinte s poderia se utilizar do prazo de
10 anos (cinco mais cinco) se ingressasse com ao at 09 de junho de 2010, que
corresponderia a cinco anos contados da vigncia da lei nova.
A questo chegou ao Supremo. A questo foi julgada no RE 566.621 e no RE
561.901 com repercusso geral. O Supremo entendeu que o art. 4 era inconstitucional,
principalmente por violao segurana jurdica, confiana e legitima expectativa do
contribuinte. S que o Supremo fixou entendimento diferente do STJ. O Supremo
entendeu que esta nova lei complementar se aplicaria s aes ajuizadas aps 09 de junho
de 2005, e no aos pagamentos feitos aps esta data, como tinha entendido o STJ. Ento,
o parmetro escolhido pelo supremo foi o da data do ajuizamento das aes, e no da data
do pagamento. A mudana bastante considervel. Veja que pelo critrio adotado pelo
STJ, se o pagamento fosse feito antes da vigncia da lei, a ao poderia ser proposta at
09 de julho de 2010 ainda pela regra de prazo antiga. Pela posio do Supremo no. Pela
posio do Supremo, independentemente da data do pagamento, o prazo de cinco anos
passa a valer para as aes ajuizadas a partir de 09 de junho de 2005. Isso tem grande
relevncia, pois diversas pessoas estavam ganhando aes no STJ para fazer valer a
sistemtica antiga de prazo e a fazenda est interpondo o extraordinrio. Quando esses
recursos chegarem ao supremo certamente os acrdos o STJ sero reformados. E mais, o
Supremo entendeu que no h nenhuma regra de transio.
Prazo para Repetio ou Compensao de Indbito Tributrio e
Art. 4 da LC 118/2005 - 1
O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinrio interposto
pela Unio contra deciso do TRF da 4 Regio que reputara
inconstitucional o art. 4 da Lei Complementar 118/2005 na parte
em que determinaria a aplicao retroativa do novo prazo para
repetio ou compensao do indbito tributrio [LC 118/2005:
Art. 3o Para efeito de interpretao do inciso I do art. 168 da Lei
no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Cdigo Tributrio Nacional,
a extino do crdito tributrio ocorre, no caso de tributo sujeito a
lanamento por homologao, no momento do pagamento
antecipado de que trata o 1o do art. 150 da referida Lei. Art. 4o
Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias aps sua
publicao, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106,
inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Cdigo
Tributrio Nacional.; CTN: Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato
pretrito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente
interpretativa, excluda a aplicao de penalidade infrao dos
dispositivos interpretados;]. A Min. Ellen Gracie, relatora,
reconhecendo a inconstitucionalidade do art. 4, segunda parte,
118/2005,
no
obstante
expressamente
se
(RE-566621)
(RE-566621)
(RE-566621)
da
controvrsia.
REsp
1.002.932-SP,
DJe
INICIAL.
INDBITO. ITCMD.
PRESCRIO.
REPETIO
DE
declarada
em
acordo
de
separao
judicial.
essa lei no existir a compensao no pode ser feita. Quer dizer, no h um direito
subjetivo do sujeito passivo compensao. Aqui no rio, por exemplo, no h lei
prevendo a compensao do IPTU. Ademais, no d para aplicar lei de compensao por
analogia. Ademais, a lei que vai definir o que poder ser compensado. A lei pode aceitar
a compensao de crdito de ISS com dbito de IPTU, por exemplo, imposto com taxa,
etc. Trata-se de escolha discricionria do ente. Tambm fica a critrio do ente estabelecer
se a compensao automtica ou se depende de requerimento administrativo.
No direito civil s possvel compensar crditos lquidos, certos e vencidos. No
direito tributrio, se a lei assim permitir, possvel a compensao tambm de crditos
vincendos. A regra geral est no art. 170, pargrafo nico do CTN.
Em relao compensao h quatro smulas do STJ importantes. A smula 212
do STJ diz que a compensao no pode ser deferida por medida liminar ou antecipatria.
Quer dizer, a compensao no pode ser deferida por medidas que tenham carter
provisrio. O fundamento disso que a compensao extingue o crdito. Como poderia
uma medida de carter provisrio extinguir o crdito definitivamente? E se futuramente a
sentena cassasse a liminar? Hoje essa vedao est expressa no art. 170-A do CTN.
A smula 213 do STJ diz que o Mandado de segurana ao adequada para a
declarao do direito de compensao. A compensao pleiteia-se geralmente via
mandado de segurana ou ao declaratria. Todavia, no se discute no mandado de
segurana valores. A discusso de valores demanda uma dilao probatria, o que
incompatvel com o rito do mandado de segurana. O mandado de segurana presta-se
to somente para atestar o direito do contribuinte de compensar.
Existe ainda a smula 460 do STJ sobre a mesma questo. Ela diz que incabvel
o mandado de segurana para convalidar compensao tributria efetuada pelo
contribuinte. J foi dito que a prpria lei do ente que vai dizer se a compensao
automtica ou se depende de requerimento. Essa smula se aplica principalmente para
tributos lanados por homologao, em que a compensao feita pelo prprio
credor utilizar a compensao ele estar burlando a ordem de recebimento? Veja que ele
estar recebendo antes dos outros credores. Ele no estar liquidando em dinheiro, mas
como visto a compensao uma alternativa ao pagamento. O Supremo j concedeu
liminares entendendo que isso violaria a ordem de precedncia do art. 100 (ADI 2405 e
ADI 2099).
H outra hiptese diferente, que quando ocorre o parcelamento do precatrio. O
ente tem trs credores. Paga A e B e parcela o pagamento de C. Paga trs parcelas e para
de pagar. S que h uma lei do ente que diz que quando houver interrupo do
parcelamento o crdito restante pode ser usado para compensao de crditos tributrios.
Veja que a hiptese no a mesma da anterior, pois os demais credores j foram pagos. O
Supremo j considerou este tipo de legislao constitucional no mrito (ADI 2851). Essa
possibilidade se baseia no art. 78, 2 do ADCT. O artigo expressamente permite
utilizao dos crditos para a compensao. Ento, o Supremo entendeu que no h nada
de inconstitucional nessas leis, na medida em que tem inclusive fundamento
constitucional.
O Supremo reconheceu repercusso geral no RE 566.349. O art. 78, 2 do ADCT
diz que se no houver pagamento vai haver o poder liberatrio dos tributos. A discusso
saber se trata-se de um direito subjetivo do contribuinte ou se necessrio que haja uma
lei do ente para que seja implementada essa compensao. Quer dizer, a norma
autoaplicvel? O supremo ainda no julgou a questo. Esse RE originrio de acrdo do
STJ onde se fixou o entendimento de que a norma no autoaplicvel. O STJ entende
que preciso combinar o art. 78, 2 com o art. 170 do CTN. O art. 146, III, b exige lei
complementar para tratar de crdito tributrio. E a lei complementar do art. 146, III, b o
CTN, que exige lei do ente para compensar.
A emenda constitucional 62 de 2009, dentre outras coisas, alterou a redao do art.
100 para introduzir um 9. Pelo dispositivo, no momento da expedio dos precatrios e
independentemente de regulamentao, deles dever ser abatido, a ttulo de
crdito prescrito no vai haver direito repetio, pois o valor era devido, s no sendo
exigvel. Por exemplo, vamos dizer que o contribuinte tenha pagado um crdito tributrio
j prescrito. Ele vai ter direito repetio? A resposta para este questionamento depende
da corrente que se adote. Se adotarmos a corrente do Hugo de Brito, o contribuinte teria
direito repetio, pois o crdito j estaria extinto quando do pagamento, de forma que o
pagamento seria indevido. Por outro lado, adotando-se a segunda corrente, este
contribuinte no teria direito de ingressar com pedido de repetio de indbito, pois a
obrigao natural irrepetvel. O STJ j apreciou esta questo e adotou a tese do Hugo
de Brito, assegurando a repetio. Este precedente bastante criticado pela maioria da
doutrina. RESP 646.328.
H uma segunda questo que a seguinte. Vamos supor que um crdito esteja
inscrito em dvida ativa, mas j esteja prescrito. Ou seja, h a inscrio em dvida, mas a
fazenda no pode ajuizar. Nesse caso, o contribuinte tem direito a uma certido negativa?
Em princpio, depende da corrente que se adote. Pela corrente do Hugo de Brito
obviamente o contribuinte teria direito certido, pois o crdito j estaria extinto.
Todavia, pela segunda corrente defensvel que o contribuinte no tenha direito
subjetivo certido, pois persistiria a obrigao natural. Nada obstante, o problema que
manter esse crdito inscrito mesmo depois da prescrio seria o mesmo que realizar uma
cobrana indireta. Alguns autores acham que mesmo que a prescrio s atinja o direito
de ao, necessrio cancelar a inscrio, sob pena de restar configurada uma cobrana
indireta, o que vedado ao fisco. Nada obstante, aqui no Municpio do Rio prevalece o
entendimento de que a Fazenda pode manter a inscrio do crdito, mesmo que ele esteja
prescrito. Na prtica, o fisco dificilmente cancela inscries por conta da prescrio.
Geralmente o contribuinte que tem que ingressar com ao para que seja declarada a
prescrio e extinto o crdito.
- Prazo.
Essa alterao teve uma razo de ser. At 2005 havia um problema srio por conta
do art. 8, 2 da LEF, que sempre estabeleceu que o que interrompe a prescrio o citese. Havia uma clara contradio com o CNT, que dizia que a causa interruptiva era a
citao vlida. O problema que a LEF lei ordinria, e a doutrina entendia que seria
preciso lei complementar para tratar de interrupo da prescrio do crdito tributrio, de
maneira que prevalecia a redao do CTN. A finalidade da lei complementar 118 foi,
portanto, de trazer uniformidade a esta questo. O posicionamento pacfico do STJ foi no
sentido de que, por ser lei processual, a lei complementar 118 se aplicou imediatamente
aos processos em curso. Ento, a execuo pode at ter sido ajuda antes da vigncia da
lei, mas para a lei ser aplicada, o cite-se deve ter sido posterior a 09 de junho de 2005. Se
o cite-se foi anterior a esta data, aplica-se a regra da citao vlida. (RESP 999.901).
Ou seja, deve-se registrar que no necessrio que a ao tenha sido proposta aps
a vigncia da LC 118. Esta pode muito bem ter sido ajuizada antes, desde que o despacho
que ordena a citao do devedor seja posterior entrada em vigor da Lei Complementar
n. 118/2005. Esse entendimento foi sedimentado pelo Superior Tribunal de Justia no
julgamento do REsp n. 999901/RS (j pela sistemtica dos recursos repetitivos,
consoante art. 543-C do CPC), cuja ementa a seguir transcrita, com destaques
acrescentados:
PROCESSUAL
CIVIL.
RECURSO
ESPECIAL
CAMPBELL
MARQUES,
DJ.
25.08.2008;
REsp
da
prescrio.
10.
Recurso
especial
provido,
PRIMEIRA
SEO,
julgado
em
13/05/2009,
DJe
10/06/2009)
Por outro lado, para as execues fiscais em que a citao do devedor tenha sido
determinada, por despacho, anteriormente a 08 de junho de 2005 (inclusive), apenas pode
ser considerada interrompida a prescrio com a citao pessoal do sujeito passivo.
Contudo, considera o Superior Tribunal de Justia que essa interrupo, a teor do art.
219, 1, do CPC, retroage data da propositura da ao (de maneira que, para todos os
efeitos, a propositura da ao e no a citao do devedor que interrompe o prazo
prescricional, salvo se a demora na efetivao da citao for imputada exclusivamente
ao Fisco). Transcreve-se, por oportuno, o teor da ementa do REsp n. 1120295/SP:
PROCESSUAL
CIVIL.
RECURSO
ESPECIAL
HOMOLOGAO.
CRDITO
TRIBUTRIO
CONTRIBUINTE
(IN
CASU,
DECLARAO
DE
TERMO
INICIAL.
VENCIMENTO
DA
no
ficando
prejudicada
pela
demora
imputvel
Pelo inciso II, tambm a prescrio se interrompe pelo protesto judicial. Veja que
apenas o protesto judicial interrompe a prescrio. Hoje as fazendas esto fazendo
processo extrajudicial das CDAs. Pela literalidade do inciso, este protesto extrajudicial,
ainda que legtimo, no interromper a prescrio. Algumas fazendas vm tentando fazer
uma interpretao ampliativa do inciso. Pelo inciso III, tambm a prescrio se
interrompe por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Isso bastante
raro, pois se a fazenda pode inscrever e ajuizar logo, no h razo para simplesmente
constituir em mora o devedor atravs de ato judicial.
Pelo inciso IV, se interrompe a prescrio por qualquer ato inequvoco ainda que
extrajudicial, que importe em reconhecimento do dbito pelo devedor. O caso em que
mais se discute a aplicao deste inciso o caso do pedido de parcelamento. Sempre que
o contribuinte for pedir o parcelamento ele tem que assinar um termo confessando o
dbito e abrindo mo de eventuais recursos administrativos. S que j vimos que o
parcelamento causa de suspenso de exigibilidade (art. 151). Ento, a doutrina
questiona muito isso. O que vai acontecer no pedido de parcelamento: a suspenso ou a
interrupo? Veja que na suspenso o prazo volta a correr pelo restante, ao passo que na
interrupo o prazo devolvido integralmente. H doutrinadores que defendem a
aplicao de ambos os efeitos. Quer dizer, na hora da confisso o prazo se interrompe,
mas na hora em que comea o parcelamento o prazo se suspende. A tese bastante
fazendria. Entretanto, geralmente a jurisprudncia faz meno apenas suspenso.
EXECUO
FISCAL.
PRESCRIO.
CITAO.
representativo
de
controvrsia,
reafirmou
essas matrias so normas gerais e devem vir em lei complementar. A fazenda defendia
ainda que a lei 6.830/80 - LEF teria sido recepcionada com status de lei complementar
em relao a estes artigos que tratam de prescrio. Todavia, o Supremo rechaou este
entendimento, sob o fundamento de que a LEF foi editada quando vigente a Emenda 69
Constituio de 67, que j exigia lei complementar para tratar de normas gerais sobre
matria tributria. Ento, no teria sido caso de recepo com status de lei complementar.
Concluindo, os art. 2, 3 e art. 40 da LEF, no que tange suspenso da prescrio, s se
aplicaro aos crditos no tributrios. (RE 556.664). O mesmo entendimento foi
esposado pelo STJ no Ag 1.037.765. Neste julgamento, o STJ reconheceu a
inconstitucionalidade parcial sem reduo de texto do art. 2, 3 da LEF.
Outra questo importante a seguinte. Os art. 45 e 46 de lei 8.212/91 tratam das
contribuies para a seguridade social. O art. 45 previa um prazo de 10 anos para a
fazenda lanar a contribuio previdenciria. O art. 46 tratava de prescrio e previa mais
10 anos para a fazenda ajuizar. O problema aqui o mesmo da LEF, pois a lei 8.212 lei
ordinria. Ento, o Supremo entendeu que os artigos eram inconstitucionais, por conta da
reserva de lei complementar para prescrio e decadncia em matria tributaria. Essa
questo est pacificada na smula vinculante 08. Esta questo tambm foi tratada no RE
556.664.
- Prescrio de crditos no tributrios.
Qual o prazo que a fazenda tem para propor ao de cobrana de uma multa de
trnsito, por exemplo? Note que o CTN s trata de prescrio de crditos tributrios, mas
nada fala sobre a prescrio de crditos no tributrios. Diante da lacuna normativa, h
duas correntes sobre a questo. A tese fazendria defende que o prazo aplicvel o do
CC. Considerando que no h norma especfica, aplicar-se-ia a norma geral, que o
cdigo civil. Na prtica, significa que o prazo seria de 10 anos atualmente; e na vigncia
do CC16, o prazo seria de 20 anos. J a segunda corrente entende que o prazo de cinco
anos, aplicando-se por analogia e por uma questo de isonomia o Dec. 20.910/32. A ideia
aqui que se o administrado tem cinco anos para ingressar com ao em face da fazenda,
esta tambm deveria ter prazo de cinco anos para ajuizar ao em face do administrado.
Esta segunda corrente adotada pelo STJ (RESP 1.105.442). E para o STJ, o prazo para o
ajuizamento contar-se-ia do vencimento do crdito. H inclusive uma smula quanto
multa ambiental, que a smula 467 do STJ.
- Suspenso do processo por falta de bens penhorveis e reconhecimento da
prescrio de ofcio pelo juiz (art. 40 LEF).
Temos de analisar ainda o art. 40 de LEF. Fora a questo da suspenso do prazo
prescricional, que no se aplica em matria tributria, o artigo 40 traz a regra da
suspenso do processo e do arquivamento. No que tange aos crditos tributrios, o art. 40
s no se aplica no que tange suspenso da prescrio, mas em todo o resto ele
aplicvel. O art. 40, 4 diz que o processo pode ficar arquivado pelo prazo prescricional
(cinco anos). A questo que na seara processual temos a figura da prescrio
intercorrente. Passado o prazo de cinco anos de arquivamento, o prprio juiz pode
reconhecer de ofcio a prescrio intercorrente, desde que ouvida a fazenda. Esse artigo
plenamente aplicvel em matria tributria, pois ele no trata de suspenso de prazo
prescricional, mas apenas de matria processual.
O art. 219, 5 CPC tambm permite que o juiz reconhea de ofcio a prescrio,
mas ele no exige que o credor seja intimado antes disso. Por conta disso, chegou ao STJ
questionamento sobre eventual confronto entre as normas. Poderia o juiz conhecer a
prescrio intercorrente sem intimar a fazenda com base no art. 219, 5 CPC? O STJ
julgou isso no RESP 1.100.156 e a questo hoje est pacificada na smula 409 do STJ. O
STJ entende que a LEF, e a consequente necessidade de intimao da fazenda, s se
aplica no caso de reconhecimento de ofcio da prescrio intercorrente. De outro lado, a
prescrio comum poder ser conhecida independentemente de intimao (art. 219, 5
CPC) nos casos em que a prescrio se consuma antes mesmo da propositura da ao.
Quer dizer, caso a fazenda ajuze a execuo fiscal no 6 ano, o juiz poder desde logo
indeferir a inicial com base na prescrio, independentemente de intimao da fazenda.
O STJ entende que s h prescrio se houver desdia do credor. Aplica-se aqui a
smula 106 do STJ, que diz que a demora do cartrio em proceder citao no pode
prejudicar o credor. O STJ entendeu que esta smula tambm se aplica fazenda. Isso
para a fazenda faz toda a diferena, pois o primeiro argumento que a fazenda utiliza
contra a prescrio alegada pelo contribuinte a culpa do cartrio. RESP 1.102.431.
- Decadncia (art. 173).
A decadncia a perda do direito de a fazenda lanar o tributo. O prazo de cinco
anos, conforme o art. 173. O que muda aqui a forma de contar este prazo. Pelo inciso I,
o prazo conta-se do primeiro dia do exerccio seguinte quele em que o lanamento
poderia ter sido efetuado. O prazo ento sempre 1 de janeiro. Este inciso I se aplica aos
lanamentos de ofcio e aos lanamentos por declarao. Por exemplo, no caso do IPTU e
do IPVA. O fato gerador sempre em 1 de janeiro de cada ano. Por exemplo, 1 de
janeiro de 2011. A fazenda ter prazo decadencial de cinco anos, contados do primeiro dia
do exerccio seguinte quele em que o lanamento poderia ter sido efetuado,
considerando que a fazenda no precisa de nenhuma informao do contribuinte para
lanar. Ento, neste caso, conta-se o prazo decadencial desde 1 de janeiro de 2012.
O problema maior fica por conta dos tributos sujeitos a lanamento por declarao.
No lanamento por declarao, por exemplo, no ITBI e no ITCMD, a Fazenda precisa
das informaes prestadas pelo contribuinte para que possa lanar o tributo. Sem que o
contribuinte fornea aqueles dados, a fazenda no tem como lanar. Por exemplo, o caso
do ITBI.
Caiu na PGM a seguinte questo envolvendo o ITBI. Como sabido, h imunidade
de ITBI para as transferncias de bens imveis que visam integralizao de capital
social, salvo se a atividade preponderante do contribuinte for compra e venda de imveis
(art. 156, 2, I CR). E como se faz para verificar qual a atividade preponderante da
aproveitando aos casos de vcio material. A partir da anulao, a fazenda ter cinco anos
para refazer este lanamento. Para parte da doutrina, a regra premia o cometimento de
ilegalidades na atividade de lanamento, uma vez que estabelece como consequencia para
a administrao que praticou o ato viciado a devoluo do prazo para que constitua o
crdito. Exemplo de vcio de forma a ausncia de notificao, lanamento efetuado por
autoridade incompetente, etc. Aqui os cinco anos contam-se do trnsito em julgado.
Alguns autores entendem que este inciso II seria um exemplo de interrupo de
prazo decadencial no direito tributrio, porque o prazo comeara a fluir, e um evento
(anulao do lanamento) fez com que o mesmo fosse devolvido. a posio de Luciano
Amaro. Uma segunda corrente afirma que no se trata de interrupo do prazo, mas sim
de concesso de um novo prazo, totalmente independente do originrio. A distino no
meramente acadmica, pois traz efeitos prticos. Veja que somente se pode interromper
um prazo que est em curso, no sendo possvel, perante a lgica, interromper a vida de
quem j morreu. Caso se admita que o art. 173, II traz causa de interrupo da
decadncia, deve-se entender que o dispositivo somente pode ser aplicado enquanto o
prazo decadencial de cinco anos ainda no se esvaiu. Todavia, este raciocnio no
encontra guarida no texto legal, uma vez que o cdigo faz o reinicio do prazo depender
apenas da anulao do lanamento por vcio forma, no estabelecendo prazo para que
este regra seja aplicada. Assim, tendo em vista a redao do art. 173, II, parece mais
adequada a concluso de que o mesmo estipula prazo decadencial autnomo para o caso
de anulao do lanamento anteriormente realizado e no de interrupo do prazo
decadencial. a posio do Ricardo Alexandre.
- Aula 22. 11 de setembro de 2011.
- Remisso (art. 172).
A remisso um perdo de dvida, que no se confunde com remio, que era a
possibilidade de arrematao do bem em hasta por parente do executado. A lei prever os
casos em que a autoridade administrativa poder conceder por despacho este perdo, total
ou parcial, da dvida. Esta lei dever observar alguns aspectos, dentre eles situao
econmica do sujeito passivo. Trata-se de manifestao do princpio da capacidade
contributiva. O perdo ser dado em funo da situao econmica do sujeito passivo. A
lei tambm poder se basear em erro ou ignorncia escusveis do sujeito passivo quanto
matria de fato. Trata-se de hiptese muito rara. A remisso pode ser concedida, por
exemplo, tendo em vista a diminuta importncia do crdito tributrio. Por vezes, a lei do
ente no d remisso, mas apenas fixa limites para o ajuizamento da execuo. Todavia, o
crdito vai persistir, de maneira que o ente poder ir juntando crditos para chegar ao
valor mnimo de ajuizamento. A lei pode conceder remisso levando em conta
consideraes de eqidade, em relao com as caractersticas pessoais ou materiais do
caso. A equidade nada mais do que a justia aplicada ao caso concreto em razo de
caractersticas do sujeito passivo. A ltima hiptese de concesso de remisso levandose em conta condies peculiares a determinada regio do territrio da entidade
tributante. Por exemplo, quando uma regio passa por situao catastrfica, como foi o
caso da regio serrana do rio. Diante da situao, o ente pode conceder o perdo dos
crditos tributrios.
A remisso deve sempre por lei. Tratando-se de dispensa de crdito tributrio,
devido ao princpio da indisponibilidade do patrimnio pblico, a remisso somente pode
ser concedida com fundamento em lei especfica (art. 150, 6). De quem a iniciativa
desta lei? H um tempo prevalecia que as leis concessivas de benefcios fiscais seriam de
iniciativa privativa do chefe do executivo. S que esta no mais a posio do supremo.
O Supremo tem vrios acrdos recentes no sentido de que o chefe do executivo s teria
iniciativa privativa para as leis oramentrias, mas no para as tributarias. Hoje o
posicionamento do Supremo que existe uma iniciativa concorrente entre chefe do
executivo e os demais legitimados. O problema deste entendimento do Supremo que
agora os parlamentares podem apresentar projeto de lei prevendo benefcios fiscais e at
mesmo emendar projeto de lei de iniciativa do executivo para incluir benefcios fiscais
que no estavam previstos.
Ou seja, o tributo devido, mas a lei dispensa o seu pagamento. Para esta primeira
corrente ocorre o fato gerador, surge a obrigao tributaria, mas vem a lei e dispensa o
pagamento. Por isso, no vai haver o lanamento. Se no houvesse a lei o tributo seria
lanado e cobrado. Ou seja, exclui-se o pagamento, mas a obrigao persiste. Trata-se do
conceito mais tradicional de iseno. Esta ainda a posio do Supremo.
Para segunda corrente a iseno seria a suspenso a eficcia da norma impositiva.
A norma impositiva a norma que prev a hiptese de incidncia. Para esta corrente, a
iseno um fenmeno de duas normas: norma impositiva e a norma isencional. s
vezes a lei uma s, mas h duas normas. Para esta corrente a norma isencional apenas
suspende a eficcia da norma impositiva. Na hora em que a norma isencional revogada
a norma impositiva j volta a produzir os seus efeitos. A diferena desta corrente para a
primeira que aqui o fato gerador sequer chega a ocorrer. No se trata de excluso do
crdito, mas de no surgimento do crdito. Esta corrente defendida pelo Ricardo Lobo
Torres.
H uma consequencia prtica a depender de qual conceito se adote. A revogao
da iseno deve ou no observar a anterioridade? Pela primeira corrente, que dispensa
apenas o pagamento, no preciso observar a anterioridade, pois o tributo continua
incidindo. Ele nunca deixou de incidir, apenas o crdito que era excludo. Ento, para a
primeira corrente no preciso observar a anterioridade. Esta a posio do Supremo.
ADI 4016.
Medida cautelar em ao direta de inconstitucionalidade. 2. Art. 3
da Lei n 15.747, de 24 de dezembro de 2007, do Estado do Paran,
que estabelece como data inicial de vigncia da lei a data de sua
publicao. 3. Alterao de dispositivos da Lei n 14.260/2003, do
Estado do Paran, a qual dispe sobre o Imposto sobre a Propriedade
de Veculos Automotores - IPVA. 4. Alegada violao ao art. 150,
III, alnea "c", da Constituio Federal. 5. A reduo ou a extino
correspondente tributo ou contribuio, sem prejuzo do disposto no art. 155, 2., XII, g.
O dispositivo trata genericamente de benefcios fiscais. Ou seja, no possvel a
concesso de benefcio fiscal atravs de lei que no seja especfica para isso. Por
exemplo, no pode uma lei que trata de sade pblica criar uma iseno de imposto de
importao. O artigo faz uma ressalva quanto s isenes de ICMS. que o estado no
pode conceder iseno sem prvio convnio. Parte da doutrina entende que o 6 fica
atendido sem mesmo que haja lei. Parte da doutrina entende que bastaria mero decreto
criando a iseno no caso de j haver convnio.
Temos que diferenciar entre as isenes gratuitas e as onerosas. Iseno gratuita
aquela que decorre diretamente da lei. No h necessidade de contraprestao ou de
preenchimento de requisitos. Ela automtica, no dependendo nem ao menos de
requerimento administrativo. Esta iseno gratuita pode ser revogada a qualquer tempo,
exatamente pelo fato de ser gratuita. Da mesma forma que ela pode ser concedida ela
poder ser revogada. Essa revogao no gerar direito adquirido e nem direito
indenizao.
H tambm as isenes onerosas, tambm chamadas contraprestacionais. A lei que
as prev poder fixar requisitos ou contraprestaes para que o contribuinte possa gozla. Consequentemente, essa iseno no ser automtica, dependendo de requerimento
expresso e de comprovao dos requisitos da lei. Esta iseno onerosa est prevista no
art. 179 do CTN. Estas isenes onerosas podem ser concedidas por prazo certo ou por
prazo indeterminado. A diferena que quando ela concedida por prazo certo ela no
poder ser revogada a qualquer tempo por ato unilateral da fazenda (smula 544 STF).
claro que nada impede que seja feita a revogao. Mas se houver a revogao, o
contribuinte isento poder alegar direito adquirido ou requerer indenizao. O direito
adquirido s poder ser gozado pelo perodo de tempo originalmente acertado e desde
que continue preenchendo os requisitos para o benefcio. Exemplo de iseno onerosa por
prazo certo so as isenes para atrair empresas. Por exemplo, isenes de ICMS por 20
anos para atrair empresas.
S que h tambm a iseno onerosa por prazo indeterminado. Esta pode ser
revogada a qualquer tempo, sem que haja direito adquirido ou indenizao. A lgica aqui
a mesma da iseno gratuita. Na verdade, o que confere o direito adquirido a
existncia de prazo. que a existncia de prazo gera uma legtima expectativa ao
contribuinte, que pode ter se planejado e feito investimentos contando com a iseno pelo
prazo originalmente assegurado. Exemplo de iseno onerosa por prazo indeterminado
a iseno de IPTU para imveis tombados como forma de estimular os proprietrios a
mant-lo em boas condies. Como esta iseno por prazo indeterminado ela pode ser
revogada a qualquer tempo, sem qualquer direito a indenizao ou direito adquirido.
A iseno, para a doutrina majoritria, tem natureza constitutiva. H uma
discusso muito grande sobre o termo inicial do gozo da iseno onerosa: se quando do
preenchimento dos requisitos ou se quando do requerimento. H autores que entendem
que a iseno deve retroagir at a data em que foram preenchidos os requisitos. S que h
autores que entendem que isso deve ser combinado com a data do requerimento. Quer
dizer, o mximo de retroao seria data do requerimento. Por exemplo, os requisitos
foram preenchidos em 1995, mas o requerimento foi feito apenas em 2000. Para esta
corrente, a iseno s poderia retroagir at 2000, pois a iseno no automtica, mas
depende do expresso requerimento. este o posicionamento que prevalece, mas h
decises casusticas entendendo que a retroao deveria ser data do preenchimento dos
requisitos.
- GARANTIAS E PRIVILGIOS DO CRDITO TRIBUTRIO (ART. 183 E SS).
De se notar que o Captulo VI do Ttulo III do CTN denominado Das Garantias
e Preferncias, mas as sees tratam de disposies gerais e preferncias. Qual a
diferena entre garantias, privilgios e preferncias? Garantia gnero, do qual
privilgios e preferncias so espcies. Tanto privilgios quanto preferncias so
institutos que visam garantir o adimplemento do crdito tributrio. Mas o que
estabelecer uma garantia para ao crdito? estabelecer ferramenta que tenha como
chega que o legislador ordinrio pode criar outras garantias para o crdito tributrio,
mesmo que no previstas no CTN. Ou seja, se determinada lei estadual vem estabelecer
determinada garantia em favor do fisco estadual, essa lei ser perfeitamente vlida.
O fato de haver garantia em legislao especial no altera a natureza tributria do
crdito. O fato de a legislao cambiria criar garantia para o adimplemento do crdito,
no transforma o crdito tributrio em cambiariforme. A importncia disso que quando
estivermos num concurso de credores, o fisco continua com a sua posio preferencial,
ainda que tenha sido dada uma garantia de outra natureza em seu favor. O crdito
tributrio protegido por uma hipoteca no crdito hipotecrio, mas continua sendo
crdito tributrio. Isso vem no art. 183, pargrafo nico. Assim como o crdito tributrio
no vira crdito fidejussrio pela prestao de fiana, o crdito do fiador, que se subroga
no crdito tributrio, no tem natureza tributria. O fiador no vai ter a posio
preferencial do crdito tributrio, ainda que tenha se subrogado no seu valor por ter
prestado fiana.
Pelo art. 184, sem prejuzo dos privilgios especiais sobre determinados bens, que
sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crdito tributrio a totalidade dos
bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu esplio ou sua
massa falida, inclusive os gravados por nus real ou clusula de inalienabilidade ou
impenhorabilidade, seja qual for a data da constituio do nus ou da clusula,
excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhorveis.
Uma primeira observao. Este artigo aplica-se tambm aos crditos no
tributrios, pois existe uma regra idntica no art. 30 da LEF, que se aplica aos crditos
tributrios e no tributrios. Segunda observao. Este artigo se aplica tanto ao
contribuinte quanto o responsvel, pois o artigo fala em sujeito passivo. E eles respondem
pelo dbito com todo o seu patrimnio. S h um caso em que o responsvel no
responder com todo o seu patrimnio, que o caso dos herdeiros, que respondem no
limite das foras da herana (art. 131, II).
Segundo o dispositivo, ainda que o bem esteja gravado com nus real a fazenda
poder penhorar. O crdito tributrio privilegiado. A fazenda poder penhorar e excutir,
ainda que haja nus real. Ademais, no importa a data da constituio do nus. Ainda que
o nus seja anterior a fazenda poder penhorar. Estamos falando aqui do princpio da
inoponibilidade das convenes particulares ao fisco. O fisco no obrigado a aceitar
convenes particulares que tivessem o efeito de alterar a estrutura da relao tributria.
a lei que define a estrutura da relao tributria e somente ela pode alterar essa relao.
Em regra, o princpio da inoponibilidade visto no estudo do sujeito passivo. No art. 123
do CTN aprendemos que as convenes particulares que venham a alterar as regras sobre
sujeio passiva so inoponveis Fazenda. O art. 184 alarga a prospeco desse
princpio tratado no art. 123. Ento, o fisco pode penhorar imveis que estejam gravados
com clusulas voluntarias de impenhorabilidade, e isso porque as convenes particulares
so inoponveis ao fisco.
Tambm ser possvel penhorar bens com clusula de inalienabilidade e de
impenhorabilidade. Essas clusulas so convenes particulares que, como sabido, no
so oponveis ao fisco. Os nicos bens que a fazenda no poder atingir so os bens
absolutamente impenhorveis. H hipteses de impenhorabilidade no art. 649. Somente o
inciso I do artigo 649 no se aplica fazenda, pois o artigo que trata da
impenhorabilidade convencional. Todos os demais se aplicam fazenda. Outro caso de
impenhorabilidade o bem de famlia da lei 8.009/90. Somente este bem de famlia
impenhorvel. O bem de famlia convencional do CC no oponvel fazenda.
S que a prpria lei 8.009/90 prev excees no seu art. 3. A primeira hiptese
so as dvidas previdencirias dos empregados que trabalham no imvel. O art. 3 prev
ainda que o bem de famlia pode ser penhorado por conta dbitos de tributos que incidem
sobre o prprio imvel. o caso do IPTU e do ITR, taxa de lixo e de incndio,
contribuio de iluminao pblica e contribuio de melhoria. No caso de dbitos
relativos a estes tributos o bem de famlia legal poder ser penhorado e excutido. Outro
caso de impenhorabilidade absoluta so os depsitos do FGTS. O ultimo caso de
ser combinado com o art. 3 da lei 8009/90. A prpria constituio veda a desapropriao
da pequena propriedade rural. Concluso: devemos conjugar a permisso da penhora do
bem de famlia por dvida de ITR, com a proibio do CPC de penhorar a pequena
propriedade rural. Ento, sendo mdia ou grande a propriedade rural, o fisco poder
penhorar, por conta da permisso do art. 3, IV. Entretanto, se a propriedade for pequena
devemos ter mais cuidado.
A Constituio no art. 153, 4, II diz que no incide ITR sobre imvel rural de
pequena gleba. Nesse caso, nem mesmo existir dvida de ITR, pois no incide o imposto
sobre os imveis de pequena gleba, sendo a nica que o proprietrio tem. Nesse caso, a
situao no de impenhorabilidade, mas de inexistncia de dvida. Trata-se de
verdadeira imunidade. A dvida nem chega a existir, pois o ITR no incide. Nesse caso, se
houver penhora, deve ser pedido o cancelamento pela inexistncia de relao jurdicotributria. Se o sujeito tem um nico imvel, mas o imvel no pequena gleba, o imvel
poder ser penhorado, pois a lei 8009 permite essa penhora e o CPC s veda a penhora de
pequenas glebas. Se o sujeito tiver duas pequenas glebas rurais, ele no ter direito
imunidade. Pela lei do ITR, isento do imposto quem tenha dois ou mais imveis, cujas
dimenses somadas no extrapolem o limite de pequena gleba de rural (art. 3, II da lei
9393).
Outro caso de impenhorabilidade so os bens pblicos. Entretanto, apesar da
impenhorabilidade dos bens pblicos, o entendimento que prevalece na doutrina que
nada impede que seja ajuizada execuo fiscal por uma fazenda em face de outra fazenda.
Por exemplo, se no houver iseno, nada impede que o estado ajuze execuo para
cobrar taxa de incndio do municpio; ou que o municpio ajuze ao para cobrar taxa de
lixo da unio. S que os bens dos entes pblicos so impenhorveis. E por conta disso h
uma discusso quanto ao rito aplicvel. Porque o rito da LEF pressupe a penhora, o que
no pode ocorrer no caso dos entes pblicos. Como sabido, a regra das execues contra
a fazenda o rito do art. 730 CPC combinado com o art. 100 da Constituio. Portanto, o
entendimento que prevalece que dever haver um procedimento misto. Quer dizer,
dever ser combinada a regra geral com a parte da LEF que se refere inscrio em
dvida ativa. Quer dizer, a fazenda poder inscrever em dvida ativa, extrair a certido e
ajuizar com base no art. 730 CPC.
- Fraude contra a fazenda pblica (art. 185).
O art. 185 trata do que se chama de fraude contra a fazenda pblica. O artigo no
estava na redao original do CTN, mas sua redao foi dada pela lei complementar 118.
Segundo o artigo, presume-se fraudulenta a alienao ou onerao de bens ou rendas, ou
seu comeo, por sujeito passivo em dbito para com a Fazenda Pblica, por crdito
tributrio regularmente inscrito como dvida ativa. A redao originaria dizia que o
crdito deveria estar em fase de execuo para haver a fraude. Era o mesmo que uma
fraude execuo. Hoje haver fraude simplesmente com a inscrio em divida ativa,
independentemente de j ter havido a execuo.
H dois pressupostos para a fraude. Primeiro que o crdito esteja inscrito em
dvida ativa. E segundo, que a alienao ou onerao tenha levado o devedor
insolvncia. Este pressuposto est no pargrafo nico do artigo, que diz que o disposto no
artigo no se aplica na hiptese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas
suficientes ao total pagamento da dvida inscrita. A nica defesa que o adquirente do
imvel ter o pargrafo nico. Ou seja, que no momento da alienao este pressuposto
da fraude no estava presente. O nus da prova aqui do terceiro adquirente ou do
executado. A presuno aqui relativa da reduo insolvncia.
O caput do artigo diz que se presume fraudulenta a alienao. O STJ recentemente
disse que esta presuno de fraude absoluta. Quer dizer, o terceiro adquirente deste
bem no poder alegar boa-f para impedir que o bem seja penhorado. A ideia aqui que
o adquirente deveria ter se precavido tirado todas as certides antes de comprar o bem. Se
o adquirente no retirou as certides, ele no poder alegar boa-f. RESP 1141990. O STJ
disse ainda que no se aplica a smula 375 do STJ no caso dos crditos tributrios. Esta
smula se refere fraude execuo do CPC e exige o registro da penhora para que a
m-f fosse presumida. Muitos juzes aplicavam esta smula tambm para a execuo
fiscal. O STJ disse ento que a smula no se aplica execuo fiscal de crditos
tributrios, exatamente em razo dos privilgios que tem a fazenda. O STJ separou ainda
a dvida tributria da no tributria, dizendo que para a dvida no tributria aplica-se a
smula e para a dvida tributria se aplica o art. 185, com redao da lei complementar
118.
PROCESSUAL
CIVIL.
RECURSO
ESPECIAL
PELA
LC
N.
118/2005.
SMULA
375/STJ.
specialis
INAPLICABILIDADE.
derrogat
rendas suficientes
ao total pagamento
da dvida
em fase de
execuo ."
3. A Lei Complementar n. 118, de 9 de fevereiro de 2005, alterou o
artigo 185, do CTN, que passou a ostentar o seguinte teor: "Art.
185. Presume-se fraudulenta a alienao ou onerao de bens
ou rendas, ou seu comeo, por sujeito passivo em dbito para
com a Fazenda Pblica, por crdito tributrio regularmente
inscrito como dvida ativa. Pargrafo nico. O disposto neste
artigo no se aplica na hiptese de terem sido reservados, pelo
devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dvida
inscrita. "
4. Consectariamente, a alienao efetivada antes da entrada em vigor
da LC n. 118/2005 (09.06.2005) presumia-se em fraude execuo
se o negcio jurdico sucedesse a citao vlida do devedor;
posteriormente 09.06.2005, consideram-se fraudulentas as
alienaes efetuadas pelo devedor fiscal aps a inscrio do
crdito tributrio na dvida ativa.
5. A diferena de tratamento entre a fraude civil e a
fraude fiscal justifica-se pelo fato de que, na primeira hiptese,
afronta-se interesse privado,
ao
passo
que,
na
segunda,
Turma,
julgado
em
06/10/2009,
DJe 14/10/2009)
s alienaes
ocorridas
aps
9.6.2005);. (REsp
que,
embora no
declare
expressamente
processual
civil);
(b) a
alienao engendrada
at
da
Lei
Complementar
n.
118/2005,
basta
et
de
jure,
conquanto
uma modalidade de se fazer a penhora em dinheiro. Ento o art. 655-A muito mais
moderno que o art. 185-A.
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTRIO - VIOLAO DO ART.
535, II, DO CPC EXAME PREJUDICADO - EXECUO
FISCAL - SISTEMA "BACENJUD" - ART. 655-A DO CPC - LEI
N 11.382/2006 - APLICABILIDADE.
1. Prequestionada, ainda que implicitamente, a tese em torno dos
dispositivos legais tidos por violados, acolhe-se o pedido alternativo
de exame do mrito recursal e julga-se prejudicado o exame da
questo acerca da alegada violao do art. 535, II, do CPC
2. Esta Corte pacificou o entendimento de que a utilizao do
sistema "BACENJUD" medida extrema, que deve ocorrer apenas
excepcionalmente, quando frustradas as diligncias para encontrar
bens do devedor.
3. No obstante, a Lei 11.382/2006, todavia, promoveu profundas
e significativas alteraes no processo de execuo de ttulos
extrajudiciais, de que exemplo a Certido de Dvida Ativa
(CDA), com o objetivo de resgatar a dvida histrica do
legislador com o credor, devolvendo prestao jurisdicional em
tais hipteses a efetividade outrora perdida.
4. Assim, por exemplo, a modificao da redao do art. 655,
colocando o dinheiro, em espcie ou depositado em instituio
financeira, em primeiro lugar na ordem de penhora, e a insero
do art. 655-A, autorizando expressamente a utilizao do sistema
"BACENJUD" ou congnere na busca de informaes sobre
ativos financeiros, bem como a respectiva penhora.
HABILITAO
PROCESSO
DE
POSSIBILIDADE.
DE
CRDITO
AUSNCIA
PROPOSITURA
CIVIL.
DE
FALNCIA.
TRIBUTRIO.
DE OBRIGATORIEDADE
EXECUO
FISCAL.
FALNCIA.
HABILITAO.
CRDITO.
CONTRIBUIO
PARAFISCAL. SENAI.
Trata-se, na origem, de pedido de habilitao de crdito parafiscal
em processo de falncia formulado pelo Servio Nacional de
Aprendizagem Industrial Senai. A Turma aplicou o entendimento
consolidado em relao aos crditos fiscais de que o ente
pblico pode optar entre o ajuizamento da execuo fiscal e a
habilitao de crditos na falncia tambm para os crditos
parafiscais, entre os quais esto includas as contribuies
devidas ao Senai. Por sua vez, escolhida uma via judicial, ocorre
a renncia em relao outra, pois no se admite a dupla
garantia. Logo, como o Senai optou por habilitar seu crdito no
processo falimentar, irrelevante o fato de ele poder, em tese, cobrar
tal crdito por meio de execuo fiscal, uma vez que a opo pela
habilitao implicou renncia ao rito da Lei n. 6.830/1980. Ademais
este Superior Tribunal no considera a possibilidade de propositura
da execuo fiscal como um impeditivo habilitao do crdito no
processo de falncia. Precedente citado: AgRg no Ag 713.217-RS,
DJe 1/12/2009. REsp 874.065-RS, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 17/11/2011.
Temos ainda que analisar duas situaes. A primeira situao quando a execuo
fiscal ajuizada antes da decretao da falncia. Quer dizer, a falncia decretada no
curso da execuo fiscal. E vamos dizer que j tenha havido penhora na execuo. Neste
caso, a execuo prosseguir com o leilo, na prpria vara de fazenda, do bem
penhorado. Depositado o preo, este dever ser remetido vara empresarial para a
submisso ao concurso de credores. Quer dizer, o valor obtido com a arrematao dever
ser posto disposio do juzo empresarial para que se instaure sobre ele o concurso de
credores. Por isso que o art. 187 no pode mais ser considerado uma verdade absoluta.
Quer dizer, ainda que a cobrana judicial de crdito tributrio no se sujeite a concurso,
invariavelmente, no momento da satisfao do crdito mediante o preo da arrematao a
execuo dever se submeter ao juzo universal da falncia. ERESP 536.033
A segunda situao quando a decretao de falncia anterior ao ajuizamento da
execuo fiscal. Quer dizer, quando a fazenda ajuza a execuo j havia a decretao da
falncia. Neste caso, j ser o administrador judicial o citado para a execuo. Neste caso,
como os bens provavelmente j foram arrecadados no processo de falncia, no poder
mais ser feita a penhora na execuo fiscal. Por conta disso, ser feita a penhora no rosto
dos autos da falncia. A penhora no rosto dos autos nada mais do que um ofcio enviado
pelo juzo da execuo ao juzo da falncia solicitando que seja feita a reserva de um
determinado montante para a satisfao do crdito da fazenda. No se faz a penhora de
um bem determinado. Feita a penhora no rosto dos autos, intima-se o administrador para
o oferecimento de embargos execuo fiscal. Na LEF ainda prevalece a regra de que o
juzo precisa estar garantido para o oferecimento dos embargos. Depois da fase dos
embargos a prxima fase seria a da expropriao de bens. S que como no h penhora
sobre um bem determinado no h como fazer a expropriao. Ento, neste momento a
execuo fiscal dever ficar paralisada. No por fora de algum dispositivo legal, mas por
impossibilidade ftica do prosseguimento da cobrana, pois no h como alienar. Neste
momento, ento, a execuo fiscal dever se submeter vara empresarial.
Em outras palavras, nas duas hipteses narradas vai chegar um momento em que a
execuo no vai conseguir prosseguir por uma questo ftica. por isso que para evitar
a prescrio a fazenda deveria ajuizar a prosseguir na execuo at este momento. A
partir deste momento no h mais que se falar em prescrio, pois no h culpa da
fazenda. A prescrio s vai ocorrer se houver desdia do credor. Se o processo est
parado por algum fator que no imputvel fazenda, no h como se alegar prescrio.
Uma vez perguntaram na magistratura federal porque a fazenda deveria ajuizar a
execuo fiscal se to mais fcil simplesmente habilitar o crdito na falncia. Repita-se,
de fato mais fcil, mas se no houver a execuo corre o risco de o crdito prescrever.
as autarquias estaduais recebero antes dos Municpios. Havia muita discusso quanto a
isso por conta do INSS, que uma autarquia federal.
Alguns autores entendiam que este artigo seria inconstitucional, por violar a ideia
de isonomia formal entre os entes. Quer dizer, no deve existir uma hierarquia entre os
entes. A questo chegou ao Supremo, que entendeu pela constitucionalidade dos incisos
(smula 563 STF: O concurso de preferncia a que se refere o pargrafo nico do art.
187, do Cdigo Tributrio Nacional, compatvel com o disposto no art. 9, inciso I, da
Constituio Federal). O supremo entendeu que no haveria violao federao, mas
apenas uma questo de prevalncia do interesse pblico mais abrangente. Quer dizer, o
interesse pblico defendido pela Unio deveria ser privilegiado, pois ser mais abrangente.
O STJ entende que existe uma prevalncia do ente da federao sobre a autarquia,
considerando inciso por inciso. Quer dizer, entre a Unio e uma autarquia federal, a
preferncia da Unio. RESP 922.497. Os incisos II e III fazem meno ao recebimento
pro rata. O inciso I no faz essa meno, pois Unio h apenas uma. A ideia que no
existe pagamento pro rata entre o ente e a autarquia, mas existe pagamento pro rata entre
pessoas de direito pblico da mesma natureza. Por exemplo, entre os estados, se no
houver como pagar a todos, faz-se o pagamento pro rata.
Tambm pacifico o entendimento do STJ no sentido de que s se forma o
concurso de credores se houver pluralidade de penhoras. Quer dizer, todos os entes
devem ter penhorado o mesmo bem para que possam exercer o seu direito de preferncia.
Antigamente acontecia muito de o INSS esperar os entes menores penhorarem e
leiloarem os bens, para s depois atravessar petio reivindicando a preferncia que lhe
cabia. Isso era muito cmodo para o INSS, que ficava inerte apenas esperando o estado
ou o municpio exercerem todos os atos expropriatrios. O STJ ento disse que isso no
possvel. Hoje, para que possa ser exercido o direito de preferncia deve ter sido feita a
penhora do bem. RESP 660.655.
crditos estaduais (art. 18, 2 e 147 da CRFB/1988). A crtica que se faz que o CTN
no fez essa distino com relao aos tributos estaduais e municipais cobrados pela
unio, ou com relao aos tributos municipais cobrados pelo DF. O mesmo ocorre com
relao ao Distrito Federal. Embora os crditos estejam colocados ao lado dos crditos
estaduais, no que diz respeito aos tributos municipais, tais crditos devem concorrer ao
lado dos municipais.
- Quebra de Sigilo bancrio (LC 105/01).
A Lei complementar 105/01 autorizou as autoridades administrativas a quebrarem
o sigilo bancrio sem a necessidade de ordem judicial, bastando que haja processo
administrativo aberto e que as informaes sejam necessrias. A jurisprudncia vem
admitindo a quebra do sigilo, conforme a lei complementar 105. Houve ADI no Supremo
sobre essa lei, mas o Tribunal ainda no julgou e ainda negou a liminar. S que houve um
caso ano passado em que o Supremo repudiou a quebra do sigilo sem que tenha havido a
ordem judicial. Isso denota uma forte probabilidade de a ADI vir a ser julgada procedente
quando do julgamento de seu mrito.
A quebra de sigilo bancrio independentemente de ordem judicial algo que em
tese existe no Brasil desde o advento do CTN, pelo art. 197. S que sempre existiu o
entendimento de que era preciso ordem judicial. Ento s aps a edio da lei
complementar 105/01, que reafirmou o entendimento, que passou a ser amplamente
admitida a quebra independentemente de ordem judicial.
ADMINISTRAO TRIBUTRIA - FISCALIZAO 2. A
jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia est assentada no
sentido de que: "a exegese do art. 144, 1 do Cdigo Tributrio
Nacional, considerada a natureza formal da norma que permite o
cruzamento de dados referentes arrecadao da CPMF para fins de
constituio de crdito relativo a outros tributos, conduz concluso
da possibilidade da aplicao dos artigos 6 da Lei Complementar
- IMPOSTOS EM ESPCIE.
- ISS (art. 156, II e 3 da Constituio).
O ISS imposto de competncia municipal e do distrito federal. A Constituio
exige lei complementar para tratar sobre fato gerador, base de clculo e contribuintes dos
impostos, e as normas gerais sobre o ISS esto previstas na lei complementar 116/03.
Essa lei complementar veio substituir um decreto lei que vigorou por muitos anos, que
o DL 406/68. H inclusive um dispositivo deste DL que vigora at hoje. Esse decreto tem
status de lei complementar e tratava do ISS nos arts. 8 a 12. No municpio do Rio o ISS
est previsto nos artigo 8 a 51 da lei 691/84, o Cdigo Tributrio Municipal CTM.
Qual o fato gerador do ISS? A Constituio estabelece que cabe a municpio criar
o ISS sobre servios de qualquer natureza, no previstos na competncia dos Estados e
estabelecidos na lei complementar. Existem alguns servios que se incluem na
competncia dos Estados e, que, portanto, o municpio no pode tributar. So os servios
de comunicao e transporte interestadual e intermunicipal. O transporte intramunicipal
tributado por ISS.
Segunda observao. Os municpios tm um grande limitador de suas
competncias, pois s podem criar o ISS sobre os servios que esto listados na lei
complementar 116. Esta lei traz um anexo com uma lista de servios que podem ser
tributados. O entendimento do Supremo que esta lista de servios taxativa. Todavia,
ele admite que seja feita uma interpretao extensiva em relao a cada um dos itens da
lista. Por exemplo, os itens da lista trazem muito a expresso congneres. Entretanto, o
Supremo admite a interpretao extensiva mesmo que o inciso no traga este conceito
jurdico indeterminado.
No haveria contradio entre a taxatividade da lista e a interpretao extensiva
dos itens? O Supremo entende que no pode haver no direito tributrio a analogia
gravosa, quer dizer, no pode ser criado tributo por analogia, pois vigora no Brasil a
tipicidade fechada e a legalidade. Ento, se no houver previso expressa na lista no
poderia haver a cobrana do tributo, pois no pode haver tributo sem lei. S que o
Supremo reconhece que as leis complementares demoram muito para serem alteradas.
Veja que a lei complementar de 2003 e at hoje no houve alterao da lista. Mas
obviamente todo dia surge um servio novo. Por conta disso, o Supremo admite a
interpretao extensiva. Seno o municpio ficaria muito engessado. O problema saber
o que analogia e o que interpretao extensiva. O Supremo ento fixou um parmetro.
Se estivermos diante de um novo gnero de servios estaremos diante de analogia. Ou
seja, o municpio no poder cobrar o tributo sobre este novo gnero. De outro lado, se j
houver o gnero na lista e tratar-se apenas de nova espcie de servio, estaremos diante
de interpretao extensiva. Por exemplo, vamos dizer que no estivesse na lista o servio
mdico. Trata-se de um gnero. Neste caso o municpio no poderia cobrar. De outro
lado, vamos dizer que haja o gnero servios mdicos, mas que determinado ramo da
medicina no esteja previsto. Neste caso, a cobrana poder ser feita por interpretao
extensiva. A lista da lei complementar 116 bastante didtica, pois ela traz o gnero no
item principal e as espcies nos subitens. Alguns autores mencionam que no ISS h
taxatividade na horizontal (gnero) e interpretao extensiva na vertical (espcies).
Entretanto, nem sempre muito fcil aplicar este parmetro fixado pelo Supremo.
Por exemplo, o servio de provedores de acesso internet. Em relao aos provedores h
uma controvrsia envolvendo estados e municpios. Os Estados defendem que deva
incidir o ICMS sobre os servios de provedores de internet, pois entendem tratar-se de
um servio de comunicao. H at convnios dizendo que incide o ICMS sobre estes
servios. J os Municpios defendem que incide o ISS, pois o servio de provedores seria
um servio de valor adicionado. Servio de valor adicionado algo que se agrega a um
servio de comunicao pr-existente. Quer dizer, no o servio de comunicao em si,
mas algo que se agrega ao servio de comunicao j existente, por exemplo, a uma linha
telefnica. O ICMS vai incidir sempre sobre a comunicao em si, sobre o impulso. O
servio de valor adicionado o caso, por exemplo, do servio de despertador. Este
servio no a comunicao em si, mas um servio agregado. O STJ tem uma
que diz que a lei tributaria no pode alterar conceitos de direito privado. E qual era o
conceito de servios pelo CC16? Servio pelo CC16 s envolvia obrigao de fazer. O
CC fazia diferena entre servio e locao, que seria uma obrigao de dar. Ento, para o
Supremo, servio sempre teria que envolver uma obrigao de fazer. Consequentemente,
o ISS no poderia incidir sobre a locao, que no um servio, mas uma obrigao de
dar. O Supremo ento entendeu que o item 79 no teria sido recepcionado pela
Constituio de 88. Esta questo est pacificada na smula vinculante 31, que estabelece
que o ISS no incide sobre a locao de bem mvel. Por conta desta jurisprudncia que o
item 3.1 da lista nova foi vetado. O que o Supremo julgou foi a locao pura, que a
mera obrigao de dar. Quer dizer, na locao de DVD, por exemplo, no vai incidir o
ISS. RESP 626.706.
O Supremo ainda no julgou a questo das locaes que envolvem servios, que
no so locaes puras. Por exemplo, a locao de carro com motorista; a locao de
guindaste com o operador. O servio do motorista ou do operador do guindaste so
obrigaes de fazer e constam na lista do ISS. O grande problema que o contrato por
vezes traz um valor global. Ou seja, ele no distingue a parcela cobrada a ttulo da
locao e a parcela cobrada a ttulo da prestao do servio. A regra no a diviso do
contrato para fins de tributao. A regra verificar qual a atividade preponderante. E a
tributa-se toda a atividade pela que prepondera. O problema verificar qual a atividade
preponderante. O aluguel ou o servio? H quem defenda a diviso. A questo ainda no
foi resolvida na jurisprudncia do Supremo. H acrdos em vrios sentidos. O STJ tem
um precedente no sentido de que deveria dividir o contrato para fins de tributao. Quer
dizer, na parte da locao no incide nada e na parte do servio incide o ISS. O problema
disso quando o preo nico e global no contrato, pois a fazenda vai arbitrar ao seu
alvedrio qual o valor entende deva ser tributado. E sem dvidas ao arbitrar a fazenda ir
puxar o valor para a parte que ela pode tributar. Por conta disso, alguns contratos j esto
trazendo separados os valores correspondentes locao e ao servio.
RECURSO
TRIBUTRIO.
ISS.
EXTRAORDINRIO.
ARRENDAMENTO
DIREITO
MERCANTIL.
Existe um tipo de franquia que a franquia dos Correios. Esta questo muito boa
para a prova da PGM. Essa uma franquia diferente. Apesar de o contrato ser intitulado
de franquia empresarial, ele no atende aos requisitos da legislao das franquias, pois
no h o pagamento de royalties. As franquias empresariais tpicas so marcadas pela
necessidade de pagamento de royalties ao franquiador pela utilizao da marca. Isso que
caracteriza a franquia empresarial. No caso dos Correios no assim. So os Correios
que pagam franquiada, e no o inverso, para que ela colete as correspondncias e
encomendas. Os correios pagam um valor baseado na tarifa, para que a franquiada
recolha as correspondncias. Isso tecnicamente no uma franquia empresarial. Por isso
que o STJ no inclui as franquias dos correios neste item 17.8. Os correios se incluem
num item separado da lista, que o item 26.1. Este item 26.1 faz referncia a servios de
coleta, distribuio envolvendo os correios. Mas os Correios no so imunes? Sim, mas
apenas os Correios ECT so imunes. As franquias dos correios so particulares e tem
personalidade jurdica prpria.
E h ainda a discusso sobre quais servios prestados pelos correios so imunes.
Porque h servios que so prestados pelos Correios em regime de concorrncia com
outras empresas. A FEDEX, por exemplo, presta alguns servios iguais aos que prestam
os Correios e ela no imune. Os Correios, quanto ao servio postal propriamente dito,
exercido em regime de monoplio, so imunes. Quanto aos demais servios, que os
Correios prestam em regime de concorrncia, o Supremo ainda est decidindo se h ou
no a imunidade, mas est prevalecendo o entendimento que no h a imunidade.
ECT: ISS e imunidade tributria recproca - 4
O Plenrio retomou julgamento de recurso extraordinrio em que se
discute luz do art. 150, VI, a, e 2 e 3, da CF se a
imunidade tributria recproca alcana, ou no, todas as atividades
exercidas pela recorrente, Empresa Brasileira de Correios e
Telgrafos - ECT. Na espcie, o recurso fora interposto de acrdo
as
restries
imunidade
recproca
os
Correios
realizariam
tambm
direitos
Mas porque efeitos ex nunc? O Fux ponderou que se a liminar tivesse efeitos
retroativos isso causaria um grande problema de repetio de indbito, pois os municpios
estavam cobrando ISS h anos com base na jurisprudncia da smula 156 do STJ.
A questo que caiu na PGM do rio no tratava de embalagens, mas de rtulos.
Mas eles pediam para que se analisasse a questo com base na deciso do Supremo. O
primeiro ponto a se analisar era que a deciso do Supremo foi restritiva, ou seja, s se
aplicava s embalagens. O Supremo ainda no julgou a questo dos rtulos. A prpria
Ellen Gracie disse que para ela a questo das embalagens e dos rtulos no era a mesma.
Ela disse que tem dificuldade em entender os rtulos como insumos. Ento, como o
Supremo ainda no disse nada em relao aos rtulos, deve prevalecer a jurisprudncia
do STJ, de forma que incide o ISS.
- ISS e servios notariais.
Outra discusso muito em voga diz respeito aos servios notariais. Essa hoje
uma das grandes brigas no rio de janeiro. O item 21 da lista expressamente diz que os
servios de registros e cartrios esto sujeitos ao ISS. A ANOREG Associao de
Notrios e Registradores entrou com uma adin alegando que o item inconstitucional, ao
argumento de que os cartrios seriam imunes, na medida em que eles so delegatrios de
servios pblicos, e ao argumento de que o valor que se cobra dos usurios tem natureza
de taxa. E o ISS no poderia incidir sobre taxa. A Adin j foi julgada e o Supremo julgou
o item constitucional por unanimidade. O fundamento da deciso do Supremo que os
cartrios so pessoas de direito privado e, como tais, no gozam de imunidades.
Concessionrios e delegatrios nunca tiveram imunidade reconhecida. Ademais, os
cartrios visam ao lucro e possuem capacidade contributiva, de forma que devem ser
tributados. Outrossim, no h vedao constitucional de que imposto incida sobre a taxa.
No h nenhuma vedao expressa de que imposto tenha base de clculo parecida com a
de uma taxa. O que h o inverso.
jurdica, mas o entendimento vai na mesma linha do lanamento contra a massa falida e
contra o esplio.
E qual a base de clculo? Sobre o que deve ser recolhido o ISS? Porque nem tudo
que o cartrio cobra do usurio fica com ele. H uma parte que repassada ao poder
judicirio e outra parte que repassada para outras entidades. Alguns municpios cobram
ISS sobre todo o valor. Aqui no Rio prevalece que o ISS deve ser cobrado apenas sobre o
que ficar efetivamente com o cartrio, pois este efetivamente o lucro do cartrio.
- ISS e operaes mistas.
Nas operaes mistas, a tributao se define pela atividade preponderante. Se
estiver na lista incide ISS. Se no estiver na lista incide ICMS. Quais os principais
exemplos de operaes mistas? Um primeiro exemplo o servio de construo civil.
Quando se contrata uma construo sob o regime de empreitada h o servio de
construo propriamente dito e h fornecimento de mercadorias (tijolos, concreto, etc). O
segundo exemplo o dos bares e restaurantes. Nos bares e restaurantes h a venda de
bebidas e comidas, mas h tambm prestao de servios (garom, caixa, etc). Outro
exemplo de operaes mistas o servio hospitalar. H o servio hospitalar propriamente
dito, mas h tambm fornecimento de mercadorias (alimentao, higiene, etc). Outro
exemplo o servio de hotelaria. H o servio de hotelaria e o fornecimento de
mercadorias (alimentao, frigobar, etc). Outro exemplo o servio de manipulao de
farmcia. O servio de manipulao servio, mas h tambm os bens manipulados que
se transformam no produto final.
Como vimos, a regra que incida ISS sobre toda a operao, caso a atividade
esteja na lista. E que incida ICMS sobre toda a operao, caso a atividade no esteja na
lista. A lista traz uma presuno da atividade que prepondera. Em regra, no deve ser feita
a ciso dos contratos para fins de tributao. S que h algumas excees. Existem alguns
casos onde vai haver uma ciso na operao mista. Ou seja, vai haver a incidncia do ISS
sobre os servios e vai haver a incidncia do ICMS sobre as mercadorias. Todas estas
excees esto expressas na lista de servios do ISS. A primeira exceo vem no item
7.02 da lista. O item trata da construo civil. Ou seja, um dos exemplos de operao
mista exceo. Vai incidir o ISS sobre o servio de construo civil, exceto o
fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de servio fora do local da
prestao de servio. A questo das betoneiras est pacificada na smula 167 do STJ.
Segundo a smula, o fornecimento de concreto por empreitada para a construo civil
preparado em betoneiras a caminho da obra considerado prestao de servios e est
sujeito somente ao ISS.
A segunda exceo vem no item 7.5. Este item bem semelhante e diz respeito
reforma. A exceo exatamente a mesma.
A prxima exceo vem no item 14.1, que diz respeito lubrificao, limpeza,
conservao de mquinas, equipamentos, elevadores, etc. O servio est sujeito ao ISS,
mas as peas necessrias ao conserto esto sujeitas ao ICMS. Como so dois impostos,
devem ser emitidas duas notas fiscais distintas. A prxima exceo vem no item 14.3, que
diz respeito ao recondicionamento de motores. A exceo a mesma do item anterior. A
ltima exceo vem no item 17.11, que trata da organizao de festas, recepes e Buffet.
Isso est sujeito ao ISS, exceto no que tange ao fornecimento de mercadorias e bebidas,
que est sujeito ao ICMS.
Vamos aplicar essas excees aos exemplos de operaes mistas que vimos. O
servio de bares e restaurantes no est previsto na lista. Portanto, vai incidir somente o
ICMS sobre o valor total da operao (smula 163 STJ). O servio de hospitais est na
lista e no h qualquer exceo. Portanto, vai incidir somente o ISS (smula 274 STJ). O
servio de hotelaria tambm est na lista no item 9.1. A parte final deste item diz que se o
valor da alimentao estiver includo na diria incide somente o ISS. Contrrio senso, se
o valor da alimentao no estiver includo na diria, incidira tambm o ICMS.
A questo da farmcia de manipulao foi objeto de informativo esse ano. O STJ
tem jurisprudncia no sentido de que s incide o ISS, pois o servio est expresso no item
4.7 da lista. S que esta questo foi levada ao Supremo e foi reconhecida a repercusso
geral no RE 605.552. Os estados esto pretendendo tributar os frmacos de manipulao
pelo ICMS. O argumento dos estados que os remdios so mercadorias.
- Aula 25. 16 de dezembro de 2011.
- ISS. Continuao.
- Base de clculo (art. 7 da lei complementar 116).
Segundo este artigo 7, a base de clculo do ISS o preo do servio, entendido
este como o valor bruto da nota fiscal. Essa a regra geral. O prprio artigo 7 prev uma
exceo, onde possvel que seja feito um abatimento desta base de clculo. O 2 diz
que no se inclui na base de calculo o valor dos materiais fornecidos pelo prestador do
servios previstos nos itens 7.02 e 7.05. Estes itens so aqueles da construo civil e da
reforma, que so excees que se sujeitam ao ICMS. Como estes materiais esto sujeitos
ao ICMS, deve ser abatido o seu valor da base de clculo do ISS. Este 2 tinha um inciso
II, que se referia subempreitada. S que este inciso II foi vetado. Entretanto, as
construtoras ainda assim vem pleiteando o direito ao abatimento nas subempreitadas,
mesmo tendo o inciso sido vetado. O fundamento da tese das construtoras que a
subempreiteira recolhe o ISS, pois ela realiza um servio previsto na lista, um servio
relacionado com construo civil. E na hora que a construtora for recolher ela vai pagar
tambm o ISS. Ela alega que se no puder abater o valor da subempreitada vai haver uma
dupla incidncia, pois a subempreiteira j recolhera o ISS referente a sua prestao de
servios. Ento, as empreiteiras sustentam a necessidade do abatimento, sob pena de
bitributao.
O STJ tem uma jurisprudncia vetusta no sentido de no permitir o abatimento.
Em primeiro lugar, pois no h previso legal expressa para isso. Em segundo lugar, pois
no h na verdade uma dupla incidncia, mas dois fatos geradores distintos. que h
duas relaes jurdicas distintas. H uma relao entre a empreiteira e a subempreiteira, e
nesta relao quem paga o ISS a subempreiteira; e h outra relao que a relao entre
pleno vigor, pois o Supremo nunca declarou a sua constitucionalidade, nestas situaes os
demais Municpios tambm cobravam. Isso gerava muita confuso.
Por conta disso, muitos municpios, onde o contribuinte presta efetivamente seus
servios, obrigam que o prestador do servio se cadastre em suas fazendas, ainda que sua
sede ou filial seja em outro municpio. Isso serve para que o Municpio possa perceber se
o estabelecimento prestador real ou fictcio. Se este cadastro no for feito o tomador
passar a ser considerado responsvel tributrio e ter a obrigao de reter o imposto na
fonte, sob pena de poder ser executado. Essa legislao foi questionada, sob a alegao
de que ela violaria o princpio da territorialidade. Os municpios do local da prestao
estariam pretendendo fiscalizar estabelecimentos que no se situam nos seus territrios.
Entretanto, prevaleceu o entendimento de que esta obrigao acessria vlida. Ora, se a
competncia do municpio do local da prestao do servio, obviamente necessrio
que o contribuinte se submeta a todas as obrigaes acessrias previstas na legislao do
municpio competente.
A lei complementar 116 trata deste mesmo tema nos art. 3 e 4. Agora, o art. 3
estabelece que o servio se considera prestado no local do estabelecimento do prestador
do servio. Ele define como local da prestao do servio o do estabelecimento do
prestador. S que este art. 3 tem 22 excees. O art. 4 vem definindo o que o
estabelecimento prestador. O STJ tem aplicado o art. 3. Ele no tem feito mais diferena
entre o estabelecimento prestador e local da prestao de servio. Ento hoje ele tem
aplicado a regra do estabelecimento prestador, dentro desta definio do art. 4 do que
seria o estabelecimento prestador.
- Alquota (art. 156, 3, I da Constituio).
Este artigo no est com a sua redao originria. Ele foi modificado por emenda.
Hoje o artigo diz que cabe lei complementar definir alquotas mximas e mnimas.
Ento, ele um imposto que tem parmetros mximos e mnimos. A alquota mxima
est no art. 8 da lei complementar 116, e de 05%. A lei complementar no estabeleceu
uma alquota mnima. Ento, com relao alquota mnima ainda vigora o art. 88
ADCT, que era para ser uma regra transitria, mas que permanece at hoje. O art. 88 do
ADCT foi introduzido pela emenda constitucional 37/02, que visava por fim guerra
fiscal no ISS. Obviamente que no possvel um confaz, pois so mais de 5mil
municpios. Ento, a soluo da Constituio foi fixar uma alquota mnima de 02%. S
que esta emenda tem outra regra que estabelece que nenhuma iseno ou benefcio pode
ser concedido que indiretamente viole esta alquota de 2%. Ento, no s h a alquota
mnima como no pode haver nenhum benefcio que viole indiretamente esta alquota
mnima. Na prtica, vrios municpios concedem benefcios fiscais, tal qual a reduo da
base de clculo. Eles prevem na lei que o ISS deve ser recolhido, por exemplo, sobre
apenas 50% do valor do servio. Essas leis parecem ser inconstitucionais, pois concedem
benefcio que indiretamente viola a alquota mnima de 2%. Como so leis municipais
muito difcil a questo chegar ao Supremo. A alternativa seria a ADPF, mas o problema
que o prefeito no tem legitimidade. Ento, o prefeito teria que representar a algum
legitimado para que proponha a ao.
- ICMS (ART. 155, II E 2 DA CONSTITUIO).
As normas gerais do ICMS esto da LC 87/96. Aqui no Estado do Rio o ICMS
esta regulamentado pela lei estadual 2.657/96. A finalidade eminentemente fiscal,
embora a Constituio permita que o tributo seja seletivo em funo da essencialidade
das mercadorias e dos servios (art. 155, 2, III), o que autoriza a incidncia mais
elevada sobre as mercadorias e servios menos essenciais, que, em tese, so consumidos
pelas pessoas de maior capacidade contributiva.
Como o tributo cabe aos Estados e ante a possibilidade de guerra fiscal, o ICMS
o tributo que possui o maior nmero de regras no texto da Constituio. Por tal razo, a
Constituio delegou lei complementar o tratamento de diversos pontos polmicos
relativos ao tributo (art. 155, 2, XII); previu a celebrao de convnios entre os entes
federados para a concesso e revogao de incentivos fiscais (art. 155, 2, XII, g) e
- CIRCULAO DE MERCADORIAS.
H grande controvrsia sobre o que seria a circulao e o que seria mercadoria. O
que circulao? As legislaes estaduais geralmente prevem a incidncia do ICMS
sobre qualquer circulao fsica ou econmica de um bem. Ento, se a mercadoria sair de
um lugar para outro, em tese j incidiria o ICMS. S que o STJ e o STF tm
jurisprudncia antiga no sentido de que o ICMS s incide quando h a circulao
jurdica, ou seja, quando a transferncia de propriedade. Segundo o STJ, para que haja
circulao preciso que haja a figura do terceiro adquirente da propriedade. Se no, no
haver tecnicamente a transferncia da propriedade mercadoria e, consequentemente, no
ter havido circulao. Por exemplo, na situao da mercadoria que sai do estoque para ir
para a loja. Pela jurisprudncia no incidir o ICMS, pois no estar havendo
transferncia de propriedade. Isso est sumulado no enunciado 166 do STJ. A chamada
circulao de mercadorias de que fala o artigo 155 da Constituio Federal refere-se
circulao jurdica, que pressupe efetivo ato de mercancia, com a finalidade de obter
lucro, transferindo-se a titularidade.
E o que mercadoria? Mercadoria um bem corpreo destinado ao comrcio, ou
seja, destinado a ser comercializado. Mercadorias so bens mveis sujeitos mercancia,
porque foi introduzido no processo circulatrio econmico. Ressalvada a energia eltrica,
equiparada a mercadoria pelas diversas disposies constitucionais que prevem a
incidncia do ICMS sobre sua circulao, somente so consideradas mercadorias os bens
corpreos. H dois casos em que excepcionalmente o ICMS incide sobre bens
incorpreos. A primeira exceo a energia eltrica, que tributada como mercadoria. A
concessionria de energia eltrica vende luz. A segunda exceo fica por conta do
petrleo e seus derivados (como o gs natural, por exemplo). Visto isso, vamos ver as
principais discusses envolvendo o ICMS.
necessria a habitualidade no exerccio da atividade mercantil, para que se
reconhea a finalidade comercial na operao. Alienante comum: Se determinado
particular resolve alienar seu veculo, com o objetivo de adquirir outro, no haver
incidncia do ICMS, pois no h habitualidade na atividade.
O ICMS pode incidir sobre softwares adquiridos por meio de transferncia
eletrnica de dados? Como dito, mercadorias so bens mveis sujeitos mercancia,
porque foi introduzido no processo circulatrio econmico. Ressalvada a energia eltrica,
equiparada a mercadoria pelas diversas disposies constitucionais que prevem a
incidncia do ICMS sobre sua circulao, somente so consideradas mercadorias os bens
corpreos.
INFORMATIVO N 588
TTULO ICMS: Software e Transferncia Eletrnica 3 PROCESSO ADI - 1945
Em concluso, o Tribunal, por maioria, indeferiu medida cautelar em
ao direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido do
Movimento Democrtico Brasileiro-PMDB contra dispositivos da
Lei 7.098/98, do Estado do Mato Grosso, que trata da consolidao
das normas referentes ao ICMS v. Informativos 146 e 421. Na
linha do voto divergente do Min. Nelson Jobim, entendeu-se que o
ICMS pode incidir sobre softwares adquiridos por meio de
transferncia eletrnica de dados, e reputou-se constitucional,
Tributrio em princpio, o art. 2, 1, VI, e o art. 6, 6, da Lei
7.098/98 (Art. 2. ... 1. O imposto incide tambm: ... VI - sobre
as operaes com programa de computador software , ainda
que realizadas por transferncia eletrnica de dados. ... Art. 6. ...
6 -Integra a base de clculo do ICMS, nas operaes realizadas com
programa de computador software qualquer outra parcela
debitada
ao
destinatrio,
inclusive
suporte
informtico,
EXTRAO
DE
MINERAL.
MUNICPIOS
nacional, podendo ser diferenciadas por produto, podero ser especficas, por unidade de
medida adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operao ou sobre o preo que
o produto ou seu similar alcanaria em uma venda em condies de livre concorrncia;
podero ser reduzidas e restabelecidas, no se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.
(Includo pela Emenda Constitucional n 33, de 2001) (Art. 155, 4, IV, b).
A Constituio estabelecer ainda que as regras necessrias aplicao do disposto
no 4, inclusive as relativas apurao e destinao do imposto, sero estabelecidas
mediante deliberao dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do 2, XII, g.
(Includo pela Emenda Constitucional n 33, de 2001) (Art. 155, 5)
- ICMS-IMPORTAO (ART. 155, 2, IX, A E ART. 2, 1, I DA LC 87).
O segundo fato gerador do ICMS a importao. O grande problema aqui que o
art. 155, 2 no est na sua redao originria. A sua redao foi dada pela emenda
constitucional 33 de 2001. Temos uma discusso antes da emenda a outra depois da
emenda. Na redao originria do artigo, o supremo entendeu que o ICMS no incidiria
na importao feita por pessoas fsicas para uso prprio. A discusso chegou ao supremo
atravs da importao de jatinhos por pessoas fsicas. O entendimento do supremo foi que
a pessoa fsica no comerciante e, portanto, no poderia ser tributada por um imposto
de circulao de mercadorias (smula 660 STF). Aps a emenda constitucional 33 o
ICMS passou a incidir sobre quaisquer importaes, mesmo que o importador no seja
contribuinte do ICMS. Trata-se de clssico exemplo de emenda corretiva de interpretao
do Supremo.
Foi questionada a constitucionalidade desta emenda. O que a emenda fez foi
deixar claro que o fato gerador importao seria distinto do fato gerador circulao de
mercadorias. Alguns autores entendem que da essncia do ICMS que haja circulao de
mercadorias, mesmo na importao. A questo ento est em saber se ou no da
essncia do imposto a circulao posterior da mercadoria. Os fatos geradores se
complementam ou so autnomos e distintos? A discusso grande. O Supremo
Temos que analisar ainda duas questes. A primeira controvrsia surge por conta
de um regime aduaneiro diferenciado. Trata-se da chamada importao por conta ou por
ordem de terceiro. Na hora que o estabelecimento faz a declarao para importar, ele j
explicita que est importando por ordem de terceiro. Ou seja, ele funciona como mero
intermedirio. Por exemplo, o estabelecimento importador fica no rio, mas ele est
importando por conta de uma empresa sita em minas gerais. Ou seja, o bem sai do
Amazonas e vai direto para Minas. Ele nem passa pelo Rio de Janeiro. Qual o Estado
competente neste caso? Minas Gerais. O destinatrio jurdico neste caso Minas Gerais.
A questo controvertida, mas este o entendimento que vem prevalecendo.
A segunda questo controvertida parecida com esta, mas legalmente diferente.
que por vezes o estabelecimento importador no declara que est importando por conta
de terceiro. Ento, do ponto de vista formal, ele o nico importador. S que o bem no
para ele. O destinatrio final efetivo, do ponto de vista ftico, no o importador. O
grande problema que isto no posto juridicamente. Por vezes o bem vai direto para
Minas, mas no do ponto de vista formal. Nestes casos, obviamente que o Rio de Janeiro
vai cobrar. S que s vezes acontece de Minas Gerais descobrir que o produto est indo
para l e que nunca passou pelo Rio, e pretende tributar. Isso na prtica acontece quando
o ICMS do estabelecimento do importador mais baixo que o ICMS cobrado no estado
do destinatrio final efetivo. H discusso sobre at que ponto isso um planejamento
tributrio ou uma eliso ilcita. E o que acontece se os dois Estados pretenderem cobrar?
Neste caso, deve ser feita a consignao em pagamento. A o juiz decide quem o ente
competente e no h o risco da duplicidade. Essa questo ainda est em aberto no
Supremo. H Ministros que entendem que o destinatrio jurdico o Rio de Janeiro (local
do estabelecimento do importador), e h juzes que entendem que o destinatrio jurdico
Minas (para onde vai efetivamente a mercadoria).
ICMS na Importao e Importador da Mercadoria - 1
situado
em
municpio
diverso
de
onde
fora
importador
tendo
mercadoria
sido
que
critrio
constitucional
para
interno,
incide
ISS,
consoante
jurisprudncia
eventuais conflitos com a cobrana do transporte areo. Ela no solucionou como deve
ser feita a cobrana quando o vo tem vrias conexes e escalas. O Supremo entendeu
que faltavam elementos no LC para que os Estados pudessem cobrar. No que a
Constituies vede. O problema do ICMS sobre o transporte internacional de cargas
mais por conta de convenes internacionais.
Essa discusso do transporte areo tambm se aplica ao martimo? No h nenhum
precedente especfico do Supremo sobre isso, mas parece que o raciocnio o mesmo.
Tem uma Adin no Supremo sobre o transporte rodovirio de passageiros. Est-se
pretendendo a inconstitucionalidade de uma lei que cobra o rodovirio, pelo mesmo
fundamento que se considerou inconstitucional o transporte areo de passageiros.
- SERVIO DE COMUNICAO (ART. 2, III DA LC 87).
A Constituio s faz meno a servio de comunicao. E a lei complementar
tambm. Ento comearam a surgir algumas discusses. Dentro dos servios de
comunicao, temos os servios de radiodifuso sonora e de imagens. So os rdios, TVs.
O problema aqui que h os canais fechados (net, Sky, etc) e a TV aberta. Quando voc
est na TV fechada, h uma parte da doutrina que entende que incide o ICMS, pois h a
figura do terceiro e o servio pago. O problema sempre foi a TV aberta, pois no h
como identificar os usurios. Qualquer um pode ter acesso ao sinal. No h como
identificar. E por conta disso, os servios so gratuitos. Ento, houve um julgamento no
supremo (ADI 1467), em que restou entendido que qualquer servio de radiodifuso
estaria sujeito ao ICMS, pois a Constituio no faz distino. Mas como cobrar, se o
servio gratuito e no h usurios identificados? Os Estados geralmente fazem um
arbitramento. Depois dessa deciso do Supremo, a Constituio foi modificada pela EC
42/03, que introduziu uma alnea d, no inciso X, 2 do art. 155, para dizer que o ICMS
no incide sobre o servio de radiodifuso quando o servio for gratuito. Mas isso vale s
para o servio aberto e gratuito. O servio de TV fechada continua sendo cobrado.
Equiparao
De acordo com o ministro Castro Meira, a expresso para todos os
efeitos legais contida no Decreto 640/62 deixa claro que a
equiparao serve a todos os ramos do direito, inclusive o tributrio,
j que a norma no previu qualquer condicionante ou restrio. Para
ele, no h incompatibilidade entre qualificar uma atividade como
servio e equipar-la, para determinados fins, indstria.
O ministro destacou que o inciso II do artigo 155 da Constituio
Federal estabelece que o ICMS no cumulativo na circulao de
mercadorias e na prestao de servios de transporte e comunicao.
A maioria dos ministros tambm entendeu que a energia, seno o
nico, o principal insumo utilizado na prestao dos servios de
telecomunicao, que s possvel em razo da energia eltrica
utilizada. Nos servios de telecomunicao, a energia, alm de
essencial, revela-se como nico insumo, de modo que impedir o
creditamento equivale a tornar o imposto cumulativo, em afronta ao
texto constitucional, afirmou Castro Meira.
Debate intenso
A questo foi profundamente analisada. O recurso foi distribudo
inicialmente ao ministro Luiz Fux, hoje no Supremo Tribunal
Federal. Ele negou provimento ao recurso e houve pedido de vista
antecipada do ministro Hamilton Carvalhido, que est aposentado.
Carvalhido acompanhou o relator. O ministro Herman Benjamin
pediu vista e divergiu. Entendeu que o CTN, a Lei Geral de
Telecomunicaes e o Regulamento do IPI haviam revogado
materialmente o Decreto 640/62.
verdade que este artigo nunca foi considerado inconstitucional. E a Constituio foi
modificada para deixar claro que no h nenhum problema no ICMS incidir sobre outro
imposto. o que est no art. 155, 2, XII, i da Constituio.
O art. 13 tem ainda um pargrafo 1, que diz que ainda integra a base de clculo o
montante do prprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicao para fins
de controle. Trata-se do famoso clculo por dentro. Quer dizer, alm de incidir sobre
outros impostos, o ICMS incide sobre ele mesmo. Por exemplo, imagine que o valor da
mercadoria seja 100 reais. Na nota fiscal tem destacado um ICMS de 10 reais. O total da
nota 110. Veja que o artigo menciona que este destaque na nota simplesmente para
fins de controle. Por qu? Qual a base de clculo do ICMS? Sobre o que o contribuinte
vai recolher? Sobre 110. O destaque dos 10 meramente para indicar que este valor est
embutido no preo final que foi repassado para o consumidor. meramente para fins de
controle. Mas o que o contribuinte vai recolher efetivamente no 10 reais. Isso o que o
consumidor final, contribuinte de fato, suporta. Mas a base de clculo do comerciante
110 reais. O preo de venda da mercadoria 110, pois esse valor que o consumidor vai
pagar (j com o ICMS embutido). Por isso que o contribuinte vai recolher sobre 110. Da
que, em tese, o valor do ICMS no repassado 100% para o consumidor final.
Esse 1, I foi questionado. O Supremo julgou a questo no RE 582461 com
repercusso geral. Neste julgado, o supremo entendeu pela constitucionalidade do artigo.
Ele disse que isso uma tcnica de tributao compatvel com o tipo de imposto, e no
uma dupla incidncia. Uma observao. O ISS calculado por dentro tambm. No ISS
no h regra expressa na LC 116. Geralmente so as leis municipais que prevem isso.
O 1, II, a, diz que o valor do seguro tambm deve integrar a base de clculo do
ICMS. Isso no muito comum, mas algumas lojas costumam oferecer um seguro
desemprego, para o caso de o comprador ficar desempregado e no ter como quitar a
mercadoria. Nestes casos, o valor do seguro deve tambm integrar a base de clculo do
ICMS. A doutrina questiona a constitucionalidade desta alnea. que sobre o seguro j
incide o IOF. O argumento que haveria uma dupla incidncia, pois o ICMS estaria
incidindo sobre uma situao que j tributada pelo IOF. Esta questo ainda no chegou
ao Supremo e por isso os Estados ainda esto cobrando.
Ainda a mesma alnea diz que os juros e demais importncias pagas, recebidas ou
debitadas devem integrar a base de clculo. H duas hipteses distintas envolvendo juros.
A primeira vem na smula 237 STJ, que trata de cartes de crdito e financiamentos
feitos por terceiros, que no a prpria loja. O STJ entende que nestes casos o ICMS no
incide sobre os juros. O fundamento que so dois contratos distintos. H o contrato de
compra e venda (sujeito ao ICMS) e o contrato de financiamento (sujeito ao IOF). A
segunda hiptese vem na smula 395 STJ. Esta smula trata da hiptese em que a prpria
loja venda a prazo. Aqui no h a figura do terceiro. H somente um contrato, mas ao
invs de ser a vista, a compra e venda a prazo. Neste caso, o STJ entende que os juros
compem a base de clculo do ICMS.
A parte final ainda da alnea a diz que tambm integram a base de clculo os
descontos incondicionados. O desconto, quando incondicional, excludo da base de
clculo. Quer dizer, por ser uma liberalidade, o desconto incondicional no integra a base
de clculo. o caso das liquidaes. Qualquer pessoa que entrar na loja vai pagar aquele
mesmo preo. diferente dos descontos pontuais que as lojas do. Por exemplo, se pagar
a vista tem desconto. Nesse sentido, a smula 457 do STJ.
Enunciado da smula 457 do STJ: Os descontos incondicionais nas
operaes mercantis no se incluem na base de clculo do ICMS.
REsp 975373 MG 2007/0185033-9 DECISO:15/05/2008 DJE
DATA:16/06/2008
3. Infere-se do texto constitucional que este, implicitamente,
delimitou a base de clculo possvel do ICMS nas operaes
mercantis, como sendo o valor da operao mercantil efetivamente
realizada ou, como consta do artigo 13, inciso I, da Lei
CRDITO
VENDA SUBSIDIADA DO
problema que estas pautas fiscais so arbitrarias no mais das vezes. Elas no se baseiam
em nenhum ndice conhecido. So valores que a Fazenda arbitra ao seu alvedrio, para fins
tributrios. Alguns autores vo mais alm. Eles querem que o contribuinte recolha
quaisquer valores com base na pauta fiscal. S que o STJ e o STF tem decises no
sentido de que as pautas fiscais seriam ilegais, por serem arbitradas. Ademais, a base de
clculo do ICMS o valor de venda. Quer dizer, o regime de pauta fiscal, que exceo,
no pode ser transformado em regra. Esta questo est na smula 431 do STJ.
Enunciado da smula 431 do STJ: ilegal a cobrana de ICMS com
base no valor da mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal.
Alega a Fazenda Pblica que, na espcie, no se trata de "pauta
fiscal", mas de mera "base de clculo presumida" , nos termos do art.
8, II, 2 e 3 da Lei Complementar n. 87/96, conforme razes que
transcrevo: "Ocorre, entretanto, que o preo ao consumidor o qual
define o interesse arrecadatrio da Fazenda somente por estimativa
pode ser determinado. Isto porque, no instante do recolhimento do
ICMS pelo industrial, ainda no se sabe qual o preo da mercadoria
na venda ao consumidor. precisamente isto que faz o ato
impugnado: define, por estimativa e com apoio em critrios tcnicos,
a base de clculo do ICMS devido por substituio tributria 'para
frente'. Nada h de ilegal em assim proceder. Como visto alhures, se
o fato gerador presumido, a sua base de clculo tambm dever ser
presumida."
1. inadmissvel a fixao da base de clculo de ICMS com
supedneo em pautas de preos ou valores, as chamadas pautas
fiscais, as quais se baseiam em valores fixados prvia e
aleatoriamente para a apurao da base de clculo do tributo,
consoante entendimento pacfico desta Corte. Precedentes: RMS n.
que, para definir-lhe a base de clculo, se valeu de critrio de estimativa que a aproxima o
mais possvel da realidade. A lei complementar, por igual, definiu o aspecto temporal do
fato gerador presumido como sendo a sada da mercadoria do estabelecimento do
contribuinte substituto, no deixando margem para cogitar-se de momento diverso, no
futuro, na conformidade, alis, do previsto no art. 114 do CTN, que tem o fato gerador da
obrigao principal como a situao definida em lei como necessria e suficiente sua
ocorrncia. O fato gerador presumido, por isso mesmo, no provisrio, mas definitivo,
no dando ensejo a restituio ou complementao do imposto pago, seno, no primeiro
caso, na hiptese de sua no-realizao final. Admitir o contrrio valeria por despojar-se
o instituto das vantagens que determinaram a sua concepo e adoo, como a reduo, a
um s tempo, da mquina-fiscal e da evaso fiscal a dimenses mnimas, propiciando,
portanto, maior comodidade, economia, eficincia e celeridade s atividades de tributao
e arrecadao." (ADI 1.851, Rel. Min. Ilmar Galvo, julgamento em 8-5-02, DJ de 22-1102).
O substituto tributrio sujeito passivo do tributo, na qualidade de responsvel
tributrio, de forma que, mesmo no tendo praticado o fato gerador, possui a obrigao de
recolher o montante devido aos cofres pblicos. Desta forma, como no poderia deixar de
ser, aplica-se ao caso o princpio da irretroatividade, no podendo o substituto
responsabilizar-se por retenes e recolhimentos referentes a perodos anteriores ao da
prpria existncia da obrigao;
- Alquotas (art. 155, 2, IV).
As alquotas tm uma peculiaridade. Temos trs tipos de alquotas: a das operaes
interestaduais, a das operaes internas, e a alquota da importao. As alquotas das
operaes interestaduais so fixadas por Resoluo do Senado. A Resoluo que est
atualmente em vigor a Resoluo 22/89. Existe uma alquota para cada regio do pas.
S h um caso onde a alquota ser fixada por convnio, que o caso do ICMS
monofsico (art. 155, 4, IV). Ainda no temos este ICMS monofsico, pois falta ainda
lei complementar. As alquotas internas so fixadas por leis dos Estados, obedecidos os
limites impostos pela Resoluo do Senado (se houver). O Senado pode fixar atravs de
resoluo as alquotas mximas e mnimas. No existe esta resoluo, de modo que h
uma grande liberdade dos Estados na fixao das alquotas. A alquota da importao no
tem previso constitucional. Todavia, o STF entende que a alquota ser a alquota interna
do Estado competente.
Salvo deliberao em contrrio dos Estados (CONFAZ), as alquotas internas no
podero ser inferiores que as alquotas interestaduais (art. 155, 2, VI ), fixadas pelo
Senado (art. 155 2, IV).
O produto da arrecadao deve ser dividido da seguinte forma nas operaes
interestaduais: (i.) se o destinatrio (adquirente da mercadoria) no contribuinte, aplicase a alquota do Estado do alienante (contribuinte) alquota interna. Ex: venda feita por
telefone, internet, etc (art. 155, 2, VII, b). (ii.) se o destinatrio (adquirente da
mercadoria) contribuinte do ICMS (comerciante), mas adquire a mercadoria como
consumidor final (ex: CPU para ativo fixo), deve haver a diviso entre o Estado de
origem e o Estado de destino. O Estado de origem ficar com o montante correspondente
alquota interestadual (menor) e o Estado de destino ficar com o montante
correspondente diferena entre a alquota interestadual (menor) e a alquota interna
(maior) (art. 155, 2, VII a e VIII). (iii.) se o adquirente (destinatrio) comerciante e
adquire a mercadoria para revend-la, o Estado de origem ficar com o montante
correspondente alquota interestadual (MENOR). O adquirente (destinatrio que
adquire a mercadoria para posterior revenda), por fora da no-cumulatividade (art. 155,
2, I) compensar o que for devido na operao futura (ALQUOTA MAIOR) com o
montante cobrado na operao anterior (ALQUOTA MENOR), ou seja, receber um
crdito (referente ao que foi recolhido no Estado de origem) que abater do valor a ser
recolhido na operao posterior no Estado de destino (art. 155, 2, I). comum, porm,
que a legislao exija, desde j, o pagamento da diferena.
TRIBUTRIO.
ICMS.
MUNICPIO.
INOCORRNCIA.
ICMS.
REMISSO.
CONVNIO AUTORIZATIVO.
No se reconhece a nulidade do acrdo se se verifica que o
equvoco no prejudicou o exame da causa. A autorizao veicula
em Convnio para a concesso de remisso no acarreta direito
subjetivo para o contribuinte, se no houve implementao da
medida necessria concesso do benefcio, mesmo que o Convnio
tenha sido objeto de ratificao. Recurso a que se nega provimento.
Ainda, no RMS 37652, o STJ entendeu:
vlido regime diferenciado de crdito presumido para
frigorficos exportadores
plenamente razovel e proporcional a restrio imposta pelo
Decreto estadual 12.056/06, do Estado do Mato Grosso do Sul (MS),
que exclui os grandes frigorferos exportadores do regime
diferenciado do crdito presumido, j que possuem iseno de
de
um
frigorfico
exportador.
do
setor
de
carnes.
caso
de
condio.
acessrias
para
dele
usufrurem.
paga
ICMS
em
relao
tal
operao.
territorial. Ele pode ser cobrado somente em razo do terreno. A acesso fsica tem que
ver com as construes, ou seja, com o predial. Veja que so dois fatos geradores: o
territorial e o predial. Eles tm caractersticas diferentes, pois devem ser levados em
considerao elementos distintos. O predial se subdivide ainda em residencial e
comercial. Isso perfeitamente vlido e tem que ver com a prpria essncia do imposto.
A ltima parte do artigo traz uma das grandes controvrsias envolvendo o IPTU, e
se refere necessidade de o imvel estar situado em rea urbana do Municpio. O CTN
adotou o critrio da localizao para diferenciar entre a incidncia do IPTU ou do ITR. O
art. 29 diz que incide o ITR nos imveis situados fora da rea urbana do Municpio. E
continuando, o 1 do art. 32 define o que se entende por rea urbana. Cabe ao Municpio
definir por lei o que zona urbana. Em muitos casos essa definio vem no plano diretor.
E chega-se a zona rural por excluso. O que no rea urbana ser considerado rea
rural. S que o Municpio no pode definir ao seu alvedrio o que rea urbana. Para que
a lei municipal defina determinada rea como urbana, deve haver na rea pelo menos dois
dos melhoramentos elencados nos incisos do 1 do art. 32. Por exemplo, meio-fio,
calamento, escola, gua e esgoto, etc. Esse pargrafo trata do que a doutrina chama de
zona urbana por natureza.
S que existe ainda outra zona urbana, que vem no 2 do art. 32 CTN. So as
chamadas zonas urbanas por equiparao. Deve haver uma lei definindo as reas
urbanizveis ou de expanso urbana. So reas que j tem loteamentos aprovados pelo
rgo competente. A ideia que o loteamento j existe, mas ainda no h o
melhoramento. Mas como o loteamento j foi aprovado, o melhoramento j est previsto.
Ento, a lei municipal pode definir aquela rea como rea urbanizvel, para j no ano
seguinte poder cobrar o IPTU, em funo do princpio da anterioridade. O tributo no
pode ser cobrado no mesmo ano em que publicada a lei que o cria ou majora. Veja que at
ento incidia o ITR. No momento em que o municpio inclui a rea como urbanizvel,
como se ele estivesse criando o tributo. Por isso, neste caso, deve ser observado o
princpio da anterioridade. Isso muito comum em cidades pequenas. Existem
municpios que no tem nem lei de IPTU. O grande problema destas cidades que elas
no tm melhoramentos. Ento a maior parte zona rural e incide o ITR. Ento, a nica
possibilidade de cobrar o IPTU qualificar as reas como zonas urbanas por
equiparao.
Existe discusso na doutrina sobre quem seria essa autoridade competente para
aprovar o loteamento, nos termos do 2. Porque se a rea ainda no tem melhoramentos,
significa que ela ainda considerada rural. Ento, a princpio, a competncia para aprovar
os loteamentos seria do INCRA. S que o Municpio quer definir aquilo como rea
urbanizvel para fins de cobrana do IPTU. Ento, h autores que entendem que primeiro
deve haver uma autorizao do INCRA, reconhecendo que a utilizao no rural, para
que o Municpio possa posteriormente autorizar o loteamento e cobrar o IPTU. Outros
autores entendem que no. Outros autores entendem que se a utilizao do imvel
urbana, quem deveria autorizar o prprio Municpio. A questo est basicamente em
saber a quem cabe aprovar o loteamento.
Este o critrio adotado pelo CTN localizao. S que o DL 57/66, que trata do
ITR, no seu art. 15 estabelece que o ITR incidir sobre os imveis localizados na zona
rural, bem como sobre os imveis localizados na zona urbana que tenham destinao
rural. E indica como destinao rural a explorao de atividade extrativa vegetal,
agrcola, pecuria ou agroindustrial. Ou seja, o DL combina os critrios de localizao e
destinao. Para ele no basta a localizao. Este DL posterior ao CTN. Por conta disso,
h uma discusso antiga sobre a recepo ou no deste DL pelas leis anteriores, bem
como a respeito do seu status. A maioria da doutrina entende que este Decreto-lei no
est mais em vigor. Vrios autores entendem que ele j foi revogado pelas constituies
anteriores. Nada obstante, o STJ tem jurisprudncia pacfica no sentido de que o DL est
em vigor, tendo sido recepcionado pela Constituio de 67, 69 e 88, com status de lei
complementar. Ento, para o STJ, no basta o critrio da localizao, devendo tambm
ser observada a destinao (RESP 1.112.646).
Por exemplo, aqui no Rio h um haras na regio de vargem grande. O imvel tem
um criadouro de cavalos, l se vendem cavalos e tem um local para a prtica de
equitao. No local h vrios melhoramentos, de modo que a rea considerada urbana.
Todavia, pela jurisprudncia do STJ, o imvel rural. Veja que para que incida o ITR, a
atividade preponderante tem que ser a destinao rural. Quer dizer, se o imvel situado
na rea rural tiver uma hortinha no quintal, ele no ser considerado rural. O fato de o
sujeito ter uma horta em casa no lhe d o direito de pagar ITR. Tem que haver
explorao da atividade rural para que haja incidncia do ITR.
Os Municpios esto tentando levar esta questo ao Supremo, pois a questo
constitucional (recepo ou no recepo). Os Municpios argumentam que o Decreto
no teria sido recepcionado pela constituio de 88, que, segundo eles, teria trazido
implicitamente o critrio da localizao nos art. 182 e 183. Se lermos os artigos, veremos
que a diferena entre o rural e o urbano est na localizao. O art. 182 fala em campo,
enquanto o art. 183 fala em cidade. Isso um critrio de localizao implcito. Essa a
opinio, por exemplo, do Leandro Paulsen. Outro argumento, de ordem prtica, a
questo da modalidade de lanamento. Isso porque o IPTU lanado de ofcio, ao passo
que o ITR lanado por homologao. Como lanar um tributo de ofcio se o critrio for
a destinao? Como a fazenda poder saber qual a destinao dos milhes de imveis que
existem na cidade? Ademais, o fato gerador ocorre em 1 de janeiro. Ento, o municpio
teria que saber qual a destinao do imvel em 1 de janeiro, todos os anos. Ento, mais
um argumento para se entender que o DL 57/66 no est mais em vigor.
O Supremo ainda no analisou a questo luz da constituio de 88. Todavia, ele
j analisou a questo a luz da constituio de 67 e 69, entendendo pela sua recepo com
status de lei complementar.
Ainda sobre este tema, o STJ tem jurisprudncia que interessa PGM, que a
seguinte. O nus da prova da destinao do imvel do sujeito passivo. Quer dizer, na
dvida, utiliza-se o critrio da localizao para fazer o lanamento. A Fazenda lana o
IPTU. Se o contribuinte entende que a destinao do seu imvel rural, dele o nus de
comprovar tal destinao. Ou seja, se o imvel localizado em zona urbana, presume-se
a incidncia do IPTU.
- Base de clculo (art. 33).
A base de clculo o valor venal do imvel. Nas grandes cidades esta base de
clculo estimada pela publicao da planta de valores. Trata-se de mera estimativa do
valor venal para fins de cobrana.
- Contribuinte (art. 34).
So contribuintes o proprietrio, o possuidor e o detentor do domnio til. A
smula 395 STJ diz que cabe a lei municipal estabelecer o contribuinte do IPTU. Ou seja,
o CTN prev apenas as normas gerais, mas cabe a lei municipal dizer quem o
contribuinte efetivamente. No se trata de solidariedade entre eles. A conjuno ou
denota que a lei municipal deve escolher entre um deles. O STJ tambm entende que caso
a lei municipal no defina quem o contribuinte, caber a autoridade lanadora definir
quem o contribuinte no momento do lanamento. o caso do Rio de Janeiro. A lei
municipal se limita a repetir o CTN, ela no faz a escolha. Ento, na hora em que a
fazenda for lanar ela escolher quem o sujeito passivo. A grande maioria dos
lanamentos, porm, feita em face do proprietrio. O exemplo mais comum de
lanamento feito em face de no proprietrio o lanamento em face do possuidor. So
pessoas que moram em imvel que no lhes pertence h 20, 30 anos. Neste caso, os
lanamentos so feitos com base em benfeitorias. H imveis que nem ao menos esto no
RGI.
O proprietrio aquele que consta no RGI como titular do bem. No caso de
copropriedade, existe solidariedade entre os titulares do bem. Tambm no faz diferena
qual o tipo de propriedade. Mesmo que a propriedade seja resolvel, ainda assim o
proprietrio ser contribuinte. O segundo contribuinte o possuidor. Exemplo disso o
promitente comprador. O promitente ainda no proprietrio, mas j tem a posse do bem
gerais, os Estados tero competncia plena para legislar sobre o tema. O segundo
argumento de cunho histrico. O IPVA surgiu no Brasil com a EC 27 Constituio de
67. Naquela poca no havia exigncia de lei complementar de normas gerais para a
definio de impostos. Ento, o Supremo entendeu que no haveria inconstitucionalidade
originria, pois na poca no havia esta exigncia.
- Fato gerador.
Vamos analisar a lei do Estado do Rio. O fato gerador a propriedade de veculo
automotor. o que diz a Constituio. Veculo automotor aquele que se move por
propulso de motor. Portanto, o Estado no pode cobrar de uma carroa, que movida a
cavalo. O problema maior fica por conta de embarcaes e aeronaves. O Estado do Rio
sempre pretendeu cobrar o IPVA deste tipo de veculo. S que o STF entendeu que o
IPVA no pode incidir sobre embarcaes e aeronaves, mas apenas sobre veculos
terrestres. O Supremo faz uma interpretao histria do IPVA. que ele veio substituir a
TRU taxa rodoviria nica. E por isso ele entendeu que o objetivo do IPVA era to
somente tributar os veculos terrestres. Os Estados argumentavam que a Constituio no
faz qualquer tipo de distino. Mas no foi este o entendimento do Supremo. RE 379572.
O IPVA um imposto real. Quem adquire um carro com dbitos de IPVA
responsvel por sucesso (art. 131). O carro a principal garantia, mas no a nica. O
fisco pode penhorar qualquer bem do proprietrio. Aqui no Rio, no h como licenciar ou
vender veculos que tem dbito de IPVA (art. 25 da lei estadual). Alguns autores
entendem que isso inconstitucional, pois seria um tipo de cobrana indireta. Todavia, o
preceito nunca foi considerado inconstitucional, de modo que ainda se encontra em pleno
vigor. A mesma regra se aplica para as multas. O STJ j analisou a questo e disse que se
existe lei neste sentido, plenamente possvel o condicionamento.
Quando ocorre o fato gerador do IPVA? A regra est no art. 1, pargrafo nico da
lei. Para os carros usados, o fato gerador ocorre em 1 de janeiro de cada ano. Para o
carro novo, o fato gerador ocorre no momento da aquisio do veculo. A lei do estado do
rio prev que o pagamento do IPVA do carro novo seja proporcional ao nmero de meses
que faltam para acabar o ano. A terceira regra quando h importao de veculo para
uso prprio. Neste caso, o fato gerador vai acontecer com o desembarao.
- Contribuinte (art. 2 da lei).
O contribuinte o proprietrio do veculo. Veja que no IPVA o possuidor no
contribuinte. A escolha da lei foi apenas pelo proprietrio. O proprietrio obviamente
quem est registrado no DETRAN como titular do veculo. Surge o problema de saber
quem o Estado competente para cobrar o IPVA. A lei do Estado do Rio diz que o IPVA
devido ao Rio, se o proprietrio do veculo for domiciliado ou residente no Estado.
Veja, no basta saber onde o veculo foi licenciado. Pelo CNT, o veculo deve ser
licenciado no local do domiclio. Algumas pessoas licenciam o veculo num local onde
no tem domiclio, simplesmente para pagar IPVA menor. Isso no mnimo uma evaso.
- Alquota (art. 155, 6 CR).
A alquota do IPVA fixada por lei estadual. Segundo o art. 156, 6, o IPVA ter
alquotas mnimas fixadas pelo Senado. Essa resoluo no existe. Ento, hoje os estados
fixam suas alquotas livremente. A alquota poder ainda ser diferenciada em razo do
tipo ou utilizao do veculo.
Aqui no Estado do Rio as alquotas esto fixadas no art. 10. A alquota bsica de
4%. Esta a regra geral. Mas temos tambm alquotas diferenciadas. Por exemplo, o
carro a lcool tem alquota de 2%. Carro a gs tem alquota de 1%. Bicombustvel tem
alquota de 3%. Utilitrios 3%. Motocicleta 2%. Uma ultima observao. Aqui no Rio de
Janeiro temos iseno para taxis. No h nenhuma meno de progresso do IPVA na
Constituio. O IPVA no pode ter por finalidade extrafiscal a proteo do produto
nacional.
- Base de clculo (art. 6 e 7).
tributada por imposto de transmisso (ITBI ou ITD). Pode incidir o ICMS, mas imposto
de transmisso no incide.
O art. 156 da Constituio define o fato gerador do ITBI. Geralmente pensamos na
incidncia do ITBI apenas na transferncia de propriedade de bens imveis, mas a
verdade que a Constituio prev trs fatos geradores autnomos do ITBI. O primeiro
fato gerador, e o mais bvio, este que acabou de ser mencionado, ou seja, a transmisso
onerosa intervivos da propriedade de bem imvel. Mas temos ainda um segundo fato
gerador, que a transmisso onerosa intervivos de um direito real sobre bem imvel,
diferente da propriedade, com exceo dos direitos reais de garantia. Em relao a este
segundo fato gerador a Constituio fixa uma imunidade/no incidncia (a depender do
autor que se adote) com relao aos direitos reais de garantia. O terceiro e ltimo fato
gerador a cesso onerosa de direitos aquisitivos sobre bem imvel. Aqui no se est a
transmitir direitos reais ou a propriedade em si, mas cedendo direito aquisitivo sobre
determinado bem imvel. Vejamos cada um dos fatos geradores autonomamente.
1. Transmisso onerosa intervivos de propriedade de bem imvel.
O exemplo clssico e mais bvio deste fato gerador a compra e venda de bem
imvel. Mas h tambm outros exemplos. O exemplo que podemos dar a permuta.
Geralmente as pessoas esquecem que a permuta tambm transmite propriedade e tambm
onerosa. Quantos fatos geradores ocorrem na permuta de imveis? Dois. Na verdade,
so duas transmisses de propriedade. Dois sujeitos permutam as suas propriedades: A
transmite a sua propriedade para B, que por sua vez transmite a sua para A. Cada
transmisso uma incidncia diversa. como se houvesse duas compras e vendas.
Outro exemplo a arrematao. Quando se arremata bem imvel em leilo est
ocorrendo transferncia onerosa de bem imvel. E tambm incidir o ITBI. De se notar
que na arrematao em leilo pblico h aquela discusso sobre a aquisio ser derivada
ou originria. que sendo originria a aquisio, no poderia haver a incidncia, pois o
imposto de transmisso s incide sobre a aquisio derivada. Mas o fato que as leis
tambm seja. Diversamente, num contrato de permuta com usufruto. Como a permuta
onerosa, presume-se tambm que o usufruto seja oneroso.
Outra observao. Os dois fatos geradores autnomos. Por exemplo, vamos supor
que haja uma doao com reserva de usufruto. Quantos fatos geradores do ITD vo
ocorrer? Dois. Um pela transmisso de propriedade pela doao e outro pela constituio
do usufruto, que o direito real. Aqui a regra a mesma para o ITBI e o ITD. Se a
transmisso fosse onerosa, incidiriam dois ITBI. Para no ficar to onerosa esta operao,
as legislaes estaduais e municipais do uma reduo da base de clculo. Ento, pela
constituio do usufruto, recolhe-se apenas 50% do valor do imvel a ttulo de imposto.
Trata-se de benefcio fiscal dado pela lei de cada ente. No uma regra geral. Aqui no rio
de janeiro, por acaso, tanto o estado quanto o municpio preveem.
3. Cesso onerosa de direitos aquisitivos.
A hiptese mais comum aqui a chamada cesso de direitos hereditrios. Por
exemplo, no inventrio um dos herdeiros cede os direitos hereditrios sobre um imvel
em favor de terceiro. Se essa cesso for onerosa, incidir o ITBI municipal. Outro
exemplo muito comum a cesso de promessa de compra e venda. Trata-se de claro
exemplo de cesso de direitos aquisitivos. Uma observao. O ITBI s incide sobre a
transmisso de imveis por natureza ou acesso fsica. E uma vez perguntaram a seguinte
questo. Um herdeiro cedeu todo o seu quinho terceiro. Mas o quinho no tinha bens
imveis, mas apenas bens mveis. Incidiria o ITBI? Veja que a herana bem imvel por
equiparao. Todavia, veja que o art. 156, II da Constituio s permite a incidncia
sobre bens imveis por natureza ou acesso fsica, mas no sobre bens imveis por
equiparao. Outro exemplo de bem imvel por equiparao so os navios. E tambm
no incide o ITBI sobre a transmisso da propriedade de navios.
- Questes controvertidas do ITBI.
A primeira questo diz respeito ao momento da ocorrncia do fato gerador. A
discusso antiga, e h duas correntes sobre o tema. A primeira corrente entende que o
fato gerador ocorre com a celebrao do negcio. Ou seja, quando se assina o negcio,
quando se lavra a escritura. O fundamento desta primeira corrente de que o registro
um ato posterior que depende da vontade das partes. Veja que as partes podem registrar
ou no. Ento, para esta corrente no faria sentido ter um fato gerador que dependesse
exclusivamente da vontade das partes. Da entender-se que o fato gerador o ato objetivo
da celebrao do negcio, e no o momento do registro. Esta a posio do Ricardo
Lobo Torres e do Hugo de Brito. Uma segunda corrente entende que o fato gerador
ocorre apenas com o registro. O fundamento desta corrente o art. 110 do CTN. que a
Constituio faz meno transmisso de bens imveis e direitos, que um instituto de
direito civil. E o art. 110 diz que quando existe um conceito de direito civil definindo
competncia, a lei tributria no pode alterar este conceito do direito civil. E, como
sabido, pelo direito civil, o registro que transmite a propriedade e constitui os direitos
reais. Ento, por conta disso, seria apenas com o registro que ocorreria a transmisso e a
constituio do direito real e, consequentemente, o fato gerador. Esta a posio adotada
pelo STJ e pelo STF. Veja que esta discusso apenas com relao aos dois primeiros
fatos geradores, e no ao ltimo. No caso do terceiro fato gerador, ele no envolve
nenhum direito real. Trata-se somente de cesso de direitos aquisitivos, o que ocorre com
a lavratura da escritura de cesso.
Nada obstante o entendimento prevalecente, sabido que ningum consegue
registrar uma escritura de compra e venda de imvel antes de recolher o tributo. A
verdade que os municpios condicionam o registro ao pagamento, antecipando o
pagamento do tributo. Ento, recolhe-se o imposto, antes mesmo da ocorrncia do fato
gerador. Os Municpios alegam que a Constituio no art. 150, 7 prev a possibilidade
de se cobrar o tributo antecipadamente. a figura do fato gerador presumido, que nada
mais do que a substituio tributria para frente. O art. 150, 7 no se aplica apenas ao
ICMS. Ele se aplica a todo e qualquer imposto. Mas qual a crtica a esta postura? Veja
que o contribuinte do ITBI de regra o adquirente do imvel, que tambm quem deve
antecipar o recolhimento. Lembre-se que o responsvel deve ser sempre um terceiro, o
que no ocorreria neste caso. A crtica que se faz que o contribuinte neste caso acaba
sendo substituto dele mesmo. Aquele que deve antecipar o recolhimento do tributo o
prprio contribuinte do tributo. O ITBI diferente do ICMS, onde h fases. Ento, alguns
autores criticam esta hiptese, pois acaba sendo criada uma substituio sem a figura do
terceiro, sendo que o art. 128 CTN exigiria a figura deste terceiro.
- Promessa de compra e venda.
A lei do municpio do rio prev a incidncia do ITBI na promessa de compra e
venda irretratvel, irrevogvel, com quitao de preo e celebrado por escritura pblica.
A lei fixa o prazo de 30 dias, contados da quitao da ltima parcela, para recolher o
imposto. A ideia tambm de antecipao do pagamento. O problema que o STJ e o
STF entendem que o fato gerador do ITBI s ocorre com registro do contrato definitivo, e
no s com a promessa em si. Eles entendem que a promessa contrato preliminar. Veja,
a tese municipal no que o fato gerador ocorra com a promessa. A lei do municpio do
rio apenas antecipa o pagamento. Entretanto, alguns municpios realmente dizem que
com a promessa ocorre o fato gerador. Estas leis, sim, encontram-se em desacordo com o
entendimento dos Tribunais. Nada obstante, veja que a promessa registrada considerada
direito real segundo o cdigo civil. um direito real de aquisio. Da ser no mnimo
defensvel a possibilidade de estabelecer a promessa como fato gerador do ITBI.
Todavia, no o entendimento dos tribunais.
- Aquisio originria.
J vimos que o ITBI s incide em aquisio derivada. Portanto, ele no incide em
aquisies originrias. basicamente o caso de desapropriao e da usucapio. No caso
da desapropriao, no preciso nem entrar na questo da imunidade do ente
desapropriante. mesmo caso de no incidncia.
- Aspecto espacial (art. 156, 2, II).
cada uma delas. A renncia pode ser em favor do monte. Essa renuncia tipicamente
unilateral e gratuita. Neste caso, no h a aceitao da herana pelo renunciante, de forma
que no haver recolhimento de nenhum imposto. S que h tambm a renncia
translatcia, onde se renuncia em favor de algum determinado ou determinvel. Neste
caso, aceita-se a herana e se a transmite a terceiro de forma gratuita. Neste caso, so
devidos dois impostos: o causa mortis (pela aceitao) e o doao (pela transmisso
gratuita). Isso est previsto no art. 2 da lei estadual do ITD.
- Base clculo (art. 3).
A base de clculo o valor venal dos bens transmitidos. Ou seja, o valor de
mercado. A verdade que o estado do rio fez um convenio com o municpio, com relao
ao itbi. Na transmisso de bens imveis, o valor de mercado para fins de cobrana do ITD
o mesmo valor do ITBI.
- Alquotas (art.).
As alquotas so definidas por lei estadual. S que as alquotas mximas do ITD
so limitadas por resoluo do Senado (art. 155, 1, IV). Trata-se da resoluo 9/92, que
prev a alquota mxima de 8%. No Estado do rio a alquota do ITD de 4%, tanto para o
causa mortis quanto para o doao.
- Sujeito ativo.
A regra est no art. 155, 1, I, II e III da Constituio. De forma resumida, se a
transmisso for de bem imvel, a regra a do local da situao do bem. Ento, ainda que
o inventrio esteja aberto no rio, se houver imveis no Par e amazonas, para estes
estados que ser recolhido o ITD. No caso de transmisso de bem mvel, o imposto ser
recolhido no local onde estiver se processando o inventrio ou onde tiver domicilio o
doador. Por fim, se o domicilio do doador ou o inventrio se processarem no exterior,
cabe lei complementar definir o estado competente. Essa lei complementar ainda no
existe. Por isso, cada estado legislou de uma forma. No rio de janeiro, (art. 9, II e III da
lei 1427). Os estados legislam sobre isso com base na competncia complementar (art.
24, 3). Quer dizer, na ausncia de lei complementar nacional de normas gerais, os
estados exercem competncia plena.
- Sujeito passivo.
O sujeito passivo pode ser o herdeiro ou o donatrio, conforme seja o causa mortis
ou o doao.
- Questo controvertida.
Acontece muito em inventrio ou separao judicial de algum herdeiro ou um dos
cnjuges receber mais do que a quota parte que lhe cabia. Por exemplo, o cnjuge varo
recebe imvel situado no Rio, que vale 300mil, ao passo que a cnjuge virago recebe
imvel situado no Rio, que vale 500mil. Veja que o patrimnio era de 800mil, de modo
que cada um deveria ter ficado com 400mil. S que a mulher acabou ficando com 100mil
a mais. Qual o imposto devido quando algum recebe a mais? Depende. Pode ser o ITD
ou ITBI, a depender de a transmisso ser onerosa ou gratuita. O TJRJ entende que se
houver pagamento em dinheiro a ttulo de reposio, quer dizer, um pagamento em
dinheiro para equiparar os quinhes, o imposto devido o ITBI, pois a transmisso
onerosa. como se uma parte estivesse comprando a parte do outro. Por exemplo, a
mulher fica com o imvel de 500mil, mas paga em dinheiro os 100mil a mais para o
varo. De outro lado, se no houver pagamento a ttulo de reposio, entende-se que a
transmisso foi gratuita e incide o ITD.
Qual a base de clculo neste caso? a mesma para os dois impostos: o que foi
recebido a maior. Quer dizer, se houver reposio, paga-se o ITBI sobre os 100mil
repostos. Se no houver reposio, paga-se o ITD sobre os 100mil doados. Essa questo
est pacificada no incidente de uniformizao de jurisprudncia 2002.01800003 do TJRJ.
- Aula 29.
- Execuo fiscal. Pontos controvertidos.
como um ttulo executivo extrajudicial. Ela uma cpia do termo de inscrio em dvida
ativa. O art. 2, 5 e 6 elencam os requisitos do termo de inscrio e dizem que estes
requisitos so os mesmos para a CDA. Faltando algum destes requisitos, a CDA nula.
Porm, esta nulidade sanvel. Esta regra vem expressa no art. 2, 8 da LEF. O
dispositivo diz que at a deciso de primeira instncia a certido poder ser emendada ou
substituda, assegurada ao executado a devoluo do prazo para embargos.
Algumas observaes precisam ser feitas. Em primeiro lugar, existe uma smula
392 do STJ, que a CDA pode ser emendada at a sentena de embargos, vedada a
alterao que implique em modificao do sujeito passivo. Apenas os vcios formais
ensejam a possibilidade de substituio. A Fazenda no pode modificar a CDA para
corrigir erros do prprio lanamento, tais como a indicao do sujeito passivo. Por
exemplo, vamos dizer que o lanamento devesse ter sido feito em face de A, mas foi feito
em face de B. Neste caso, a Fazenda no pode simplesmente retificar o sujeito passivo,
como se fosse uma questo meramente formal. A Fazenda aqui dever anular a CDA e
fazer novo lanamento, agora em face do sujeito passivo correto, e desde que ainda haja
prazo decadencial para isso. Se no houver mais prazo, no poder ser feito novo
lanamento.
Essa smula no significa que no possa haver responsabilidade por sucesso. Ela
no interfere em nada na responsabilidade por sucesso. Por exemplo, a fazenda ajuza a
execuo em face de A, que era o proprietrio do imvel poca. No curso da execuo,
B adquire o imvel. E sabemos que o adquirente de imvel responsvel por sucesso.
Veja que neste caso no houve erro da Fazenda. A era realmente o proprietrio quando do
lanamento, mas, por fato superveniente, a titularidade veio a ser modificada. Neste caso,
no vai haver emenda da CDA. Ela no ser substituda. Aqui a execuo simplesmente
ser redirecionada para o novo proprietrio. Trata-se de redirecionamento, e no de
retificao da CDA. O ttulo ficar inalterado. No caso de emenda ou substituio. A
CDA no tem erro nenhum. A questo aqui ser meramente processual. A execuo
dever ser redirecionada em face do novo proprietrio, que dever ser citado para integrar
de qualquer valor, mesmo o que ficam acima do limite ajuizvel. Esta lei estadual se
fundamenta no art. 1 da lei 9.492/97. Trata-se da lei geral do protesto. Este artigo
menciona os documentos que podem ser protestados e ao seu final diz ainda e outros
documentos. Com base nesta expresso genrica que o Estado do Rio de Janeiro vem
protestando as suas CDA.
Esta lei estadual vem sendo questionada quanto a sua constitucionalidade, sob o
argumento de que seria uma modalidade de cobrana indireta. Toda vez que se invoca
este argumento so apontados os art. 5 CR, no inciso que trata do direito de propriedade,
sob a alegao de que ningum pode ser privado de sua propriedade sem o devido
processo legal, e o art. 170 CR, que assegura a livre iniciativa. Esta questo chegou ao
rgo especial do TJRJ atravs da RI 003472853.2009.8.19.000, tendo sido entendido
pela constitucionalidade da norma. Veja que quando o Estado protesta um ttulo ele no
est apreendendo bem nenhum, e nem proibindo ningum de funcionar. Da no haver
propriamente uma violao ao direito de propriedade ou a livre iniciativa. Alm do mais,
o credor particular pode ajuizar e executar. Ento, por que a fazenda s poderia ajuizar a
execuo fiscal? O credor particular estaria tendo mais benefcios que a Fazenda, o que
vai contra a inteno do sistema. Essa questo chegou ao STJ, que reconheceu a
relevncia da questo e identificou o recurso como representativo de controvrsia (RESP
1126515). O recurso ainda no foi julgado. Todavia, o STJ j tem precedente no sentido
de que falta Fazenda interesse de agir no protesto, sob o argumento de que ela pode
ajuizar a execuo fiscal. De toda forma, a questo constitucional, e hora ou outra
chegar ao Supremo.
O prximo artigo relevante o art. 8 da LEF. Ele trata das modalidades de citao
na execuo fiscal. Segundo o artigo, o executado ser citado para, no prazo de cinco
dias, pagar a dvida ou garantir a execuo. A citao, como regra, ser feita pelo correio,
com aviso de recebimento, salvo se a Fazenda requerer de outra forma (inciso I). Uma
observao. Se o AR for assinado por terceiro, a citao ser considerada vlida e a
execuo ir prosseguir. A nica exigncia que haver neste caso que a intimao da
penhora seja pessoal (art. 12, 3 da LEF). As outras modalidades de citao s sero
utilizadas se o AR no for devolvido ou se for devolvido negativo. Se ele no for
devolvido em 15 dias, a citao ser feita por oficial de justia ou edital. Apesar de a
conjuno ser alternativa, o STJ tem smula no sentido de que deve ser obedecida uma
ordem. Primeiro tenta-se a citao por oficial, para somente depois de frustrada a
tentativa ser feita a citao por edital. Se no fosse assim, a fazenda iria sempre querer
citar por edital. A LEF prev ainda a citao por carta precatria (art. 20).
Observaes. No h previso na LEF de citao por carta rogatria. Se por acaso
o executado estiver no exterior, ele dever ser citado por edital. Sempre que houver
citao por edital, dever ser nomeado um curador especial, que acompanhar o feito.
Neste ponto, aplica-se subsidiariamente o art. 9, II CPC. Este curador ter legitimidade
para oferecer embargos execuo (smula 196).
O art. 9 trata das garantias que podem ser oferecidas pelo executado. O inciso I
prev que poder ser feito depsito em dinheiro. Este inciso I deve ser combinado com o
art. 32, que prev as regras de como este depsito deve ser feito. O depsito a nica
causa de suspenso da exigibilidade do crdito e a nica forma de garantia que faz cessar
a responsabilidade do executado pela atualizao monetria e juros de mora. Isso est no
art. 9, 4. O inciso II prev a possibilidade de oferecimento de fiana bancria. Isso no
muito comum, pois a fiana bancria muito cara. A fiana bancria no pode ser
parcial, mas deve abranger o dbito como um todo. O fiador deve abrir mo do benefcio
de ordem. A fiana deve durar enquanto perdurar a execuo fiscal. Por conta de tudo
isso ela muito cara. Pelo inciso III, o executado poder nomear bens penhora,
observada a ordem do art. 11. Pelo inciso IV, podero ainda ser indicados bens oferecidos
por terceiros e aceitos pela Fazenda. Quer dizer, possvel indicar bens de terceiro, mas
neste caso a Fazenda deve ter aceitado.
O art. 11 envolve vrias controvrsias. Ele traz a ordem de bens que podero ser
penhorados. Uma observao. Este um dos casos onde o CPC diverge da LEF em
funo da reforma. O CPC traz tambm uma ordem no art. 655, que teve a sua redao
alterada com a reforma. Ento aqui teremos uma aplicao da teoria do dilogo das
fontes. O inciso I do art. 11 faz meno apenas a dinheiro. J o art. 655, I e 655-A fazem
meno a dinheiro, aplicaes financeiras e penhora on-line. Questionou-se se o art.
655-A seria aplicvel s execues fiscais. Veja que no existe lacuna, mas dois ris
diferenciados. Tecnicamente no h uma lacuna. O STJ julgou a questo no RESP
1184765, tendo entendido que o art. 655-A tambm se aplica Fazenda, ou seja, ela
tambm pode requerer penhora on-line. O fundamento foi exatamente a teoria do dilogo
das fontes.
S que a reforma do CPC produziu seus efeitos apenas a partir de 20 de janeiro
2007. Antes disso, o STJ tinha uma jurisprudncia no sentido de que o sigilo bancrio s
poderia ser quebrado se a Fazenda comprovasse que tinha tentado de todas as formas
encontrar bens do devedor, mas que no tinha logrado xito. Apenas neste caso a quebra
do sigilo bancrio e a penhora on-line poderiam ser feitas. Depois da reforma, no h
mais essa necessidade. A Fazenda pode desde logo pedir a penhora online.
Temos tambm a questo da penhora de faturamento. A penhora de faturamento
est no art. 655, VII, mas no est na LEF. O faturamento significa a receita bruta. Muitas
vezes a Fazenda requer seja penhorado como garantia um percentual do faturamento da
empresa. As Fazendas defendiam que faturamento era o mesmo que dinheiro. Ento, se o
executado oferecia um imvel, ela recusava sob o argumento de que o faturamento vinha
primeiro na ordem do art. 11. S que esta questo chegou ao STJ, que entendeu que
faturamento e dinheiro so coisas distintas. Para o STJ, dinheiro o valor preexistente em
uma conta. J o faturamento um evento futuro e incerto. Por isso, para o STJ, a penhora
de faturamento s deve ocorrer em casos excepcionais. O STJ disse ainda que deve ser
nomeado um administrador no caso de penhora de faturamento.
O art. 11, II diz que tambm podem ser penhorados os ttulos da dvida pblica.
Mas no so quaisquer ttulos que podem ser penhorados, mas apenas aqueles que
suspensivo que se a exige. Ento, como a LEF ainda exige a garantia, a regra anterior
deveria ser mantida para as execues fiscais. Foi uma interpretao sistemtica. O
acrdo diz que o efeito suspensivo estaria implcito nos art. 19 e 24 da LEF. Portanto, a
questo ainda est em aberto no STJ.
A exceo de pr-executividade tambm cabvel em execuo fiscal. a smula
393 trata do tema. Ela diz que questes de ordem pblica, conhecveis de ofcio, podem
ser alegadas em exceo, desde que no seja necessria dilao probatria. A primeira
questo que pode ser alegada a ilegitimidade da parte, prescrio e decadncia, vcio do
ttulo, prova de quitao do tributo cobrado. O STJ j julgou por recurso repetitivo a
questo do scio gerente. Na grande maioria dos casos a discusso sobre violao de lei
ou excesso de poderes demanda dilao probatria, muito embora seja uma questo de
legitimidade. A vantagem da exceo no precisar garantir o juzo. Ela no suspende e
nem interrompe o prazo para os embargos. preciso ter isso em mente ao apresentar
exceo. Nada impede tambm que a exceo seja oferecida aps o prazo para os
embargos, desde que envolva alguma destas questes.