Etica No Marketing
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Etica No Marketing
NO
M ARKETING
R ESUMO
De todas as atividades empresariais, o marketing a de maior visibilidade e, por isso, a mais sujeita
a questionamentos de ordem tica. Historicamente, as prticas de marketing tm sido alvo de
crticas, o que torna pertinente uma reviso da literatura acadmica relativa ao tema e a anlise das
principais contribuies oriundas dos trabalhos publicados. Existem basicamente duas categorias
de questionamentos ticos em relao ao marketing: a primeira, ligada s caractersticas do sistema
capitalista, diz respeito ao presumvel estmulo materialista despertado pelo marketing; a segunda,
de carter mais prtico, enfoca atividades de marketing como precificao, propaganda e vendas. Em
comum entre ambas est a multiplicidade de vises relativas tica que, por se tratar de tema
complexo e subjetivo, est sujeita a diferenas de interpretao, que variam conforme as circunstncias e as percepes, dificultando o consenso. Como resultado, os atores do marketing e do mundo
dos negcios tendem a se mover em certa zona de amoralidade, deixando que o mercado e a
sociedade julguem as suas prticas.
Palavras-chaves: tica no marketing; questionamentos ticos; consumerismo; soberania do vendedor; soberania do consumidor.
A BSTRACT
Marketing is probably the organizational function with more visibility and it is constantly being
put under discussion from the ethics point of view. Marketing practices have been historically
criticized, making the analysis of its ethical aspects an important and necessary topic in the
academic environment. There are basically two categories of questions concerning marketing ethics:
the first one is related to the capitalist system as a whole and discusses the supposed materialist
stimulus developed by marketing; the second one has a more practical emphasis and is focused on
marketing activities such as pricing, advertising and sales. Both of these categories are constituted
of many points of views and there is no consensus about them; ethics is a complex and subjective
concept and tends to be interpreted according to the circumstances and personal perceptions. As a
result, marketing and business players move in an amoral zone, letting to the market and the
society the task to judge them.
Key words: marketing ethics; ethics discussion; consumerism; seller sovereign; customer sovereign.
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INTRODUO
A discusso sobre a tica nos negcios sinteticamente definida como o padro de conduta e de moral vigentes no meio empresarial, permitindo a distino
entre o certo e o errado, o aceitvel e o inaceitvel (Gaski, 1999; Srour, 2000;
Ferrell, Fraedrich e Ferrell, 2001) tem sido recorrente entre acadmicos e prticos de Administrao h pelo menos quatro dcadas. Embora o interesse pelo
tema venha oscilando, obtendo maior ou menor destaque conforme as circunstncias, a anlise dos aspectos ticos nos quais as atividades empresariais esto
envoltas j firmou posio como assunto relevante no meio acadmico e empresarial. Na academia, o Journal of Business Ethics, publicao que j completou
20 anos, o melhor exemplo do interesse dos estudiosos pelo tema. No meio
empresarial, a emergncia de cdigos de tica nas organizaes (Laczniak e
Murphy, 1991; Fraedrich, 1996; Creyer, 1997; Wiley, 1997) e a criao de instituies que visam a estimular prticas mais ticas e socialmente responsveis na
iniciativa privada ilustram, igualmente, o fortalecimento desta tendncia. Possivelmente os recentes acontecimentos no mercado norte-americano, assolado por
diversas fraudes contbeis em algumas de suas principais empresas (Horta, 2002;
Ramiro e Carvalho, 2002), impulsione um novo de ciclo de discusses acerca da
tica nos negcios.
De todas as atividades empresariais, o marketing , possivelmente, a mais sujeita a debates e questionamentos de natureza tica e moral (Nantel e Weeks,
1996; Lund, 2000; Singhapakdi et al., 1999a; Urdan e Zuiga, 2001). Sua interface permanente com o mercado consumidor e o mercado empresarial confere
visibilidade maior s suas prticas, colocando-as sob julgamento pblico permanente (Ferrel e Gresham, 1985; Lehmann, 1997; Smith, 2002). No por acaso
inmeros cdigos de tica procuram fornecer diretrizes a quem atua na rea;
alguns dos mais conhecidos so os da Associao Americana de Marketing
(AMA), instituio que congrega profissionais e acadmicos de marketing de
todo o mundo, e, no Brasil, o do Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentao Publicitria), que congrega anunciantes e profissionais de propaganda. Como
caracterstica principal, esses cdigos apresentam diretrizes de comportamentos
adequados s atividades de marketing, normatizando tais atividades e conscientizando seus profissionais acerca de seu papel social (OBoyle e Dawson Jr., 1992).
Fornecem, portanto, padres ticos a serem perseguidos pelos profissionais, alm
de exibirem um carter educativo e regulatrio (OBoyle e Dawson Jr., 1992).
Mesmo que nunca tenha despontado como o centro das discusses acadmicas,
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A tica no Marketing
a tica no marketing foi por muitas vezes abordada por estudiosos, ao longo da
evoluo da disciplina, como tpico relevante, fosse na tentativa de compreender
a natureza da atividade, fosse na tentativa de oferecer modelos de anlise que
contemplassem a dimenso tica na tomada de deciso gerencial. Remontam s
dcadas de 60 e 70, principalmente, os debates concernentes ao impacto das
aes de marketing na sociedade, bem como a sua aplicao a causas que no
necessariamente teriam o lucro como objetivo final (marketing societal e social,
respectivamente). Em dcadas anteriores, j se havia assistido ao debate
interminvel acerca da validade tica e moral da propaganda, a face mais visvel
das atividades de marketing, conforme Greyser (1997). Embora no se possa
afirmar que hoje este seja um tema de destaque na academia, observa-se que,
com alguma freqncia, abordado em publicaes como o Journal of Marketing
e o European Journal of Marketing, alm de, principalmente, Journal of
Business Ethics, Journal of Macromarketing e Journal of Public Policy &
Marketing. Alimentam essas publicaes acadmicos respeitados que se tm
dedicado a investigar, como linha permanente de pesquisa, os dilemas ticos que
assaltam a disciplina e a prtica de marketing, como bem mostram inmeros
trabalhos de O.C. Ferrell, Shelby Hunt, Larry Chonko, Gene Laczniac e outros.
Este artigo enfoca a tica no marketing sob trs perspectivas. Na primeira, se
oferece um panorama geral acerca das principais discusses do tema dentro da
disciplina, procurando sintetizar seus elementos fundamentais. Na segunda, fazse uma anlise da produo acadmica atinente ao assunto, com nfase especial
nas recomendaes providas pela academia aos profissionais de marketing e
negcios e a abordagem de pesquisas referentes tica do consumidor. O
terceiro e ltimo tpico contm consideraes finais sobre o tema e sugere algumas linhas de investigao para o Brasil.
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A UTORES
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DE
A BORDAGENS ,
I DIAS
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cas ainda hoje reverberam nos meios intelectuais, produzindo anlises que se
filiam s mais diferentes correntes de pensamento e formao intelectual. Mesmo que as definies formais de marketing alarguem sua abrangncia e significado e apontem uma dimenso histrica que remonta s atividades humanas
mais longnquas (Bartels, 1988), moderna e popularmente o marketing visto, na
verdade, como instituio da sociedade de consumo, facilmente associada s
atividades de venda e freqentemente confundida com a propaganda pura e simples (Penteado Filho, 1990; Kotler e Armstrong, 1998). Se h muito a academia
tratou ou tentou, pelo menos, dirimir quaisquer dvidas quanto ao escopo e
natureza das atividades de marketing (ver, por exemplo, Kotler e Levy [1969],
Kotler e Zaltman [1971], Bagozzi [1974, 1975]), o mesmo no se pode dizer das
instituies que, presumivelmente, o aplicam diariamente, isto , as empresas,
principalmente onde ainda vigoram perspectivas antigas quanto aos reais objetivos da atividade(1).
De qualquer forma, certo que o marketing convive, h bastante tempo, com a
crtica, a desconfiana e a dvida quanto validade tica e moral de seus princpios
e prticas. Steiner (1976) apontou tais crticas, buscando razes histricas ao que
chamou de preconceito contra o marketing. Segundo ele, das quatro utilidades
fundamentais que uma mercadoria deve apresentar para satisfazer determinada
necessidade humana forma, tempo, lugar e posse trs pertencem ao escopo
de marketing (tempo, lugar e posse), sendo as atividades profissionais a elas
relacionadas as menos valorizadas desde h muito. Plato e Aristteles, por
exemplo, atacavam lojistas e comerciantes, definindo-os como no-amigveis e
inconfiveis. Outros pensadores de Atenas os definiam como trapaceiros,
dissimulados ou parasitas. As atividades de venda e propaganda tambm
teriam sofrido de preconceito semelhante desde a poca da Bblia, de Confcio
e da literatura grega clssica, conforme Star (1989, p. 148). Mais recentemente,
Veblen e Galbraith (apud Steiner, 1976) teriam sido alguns dos inimigos da
propaganda, definindo seus profissionais como manipuladores. A propaganda,
segundo Steiner (1976), foi apontada tambm como no-produtiva, viso da qual
o fotgrafo Toscani (1996), clebre pelas provocativas campanhas da griffe
Bennetton, compartilhou recentemente. Farmer (1967), quase dez anos antes,
tambm identificava as acusaes principais s quais o marketing estava
submetido: falta de tica e irrelevncia. O ttulo de seu artigo no poderia ser
mais sugestivo: Voc gostaria que sua filha casasse com um homem de marketing?.
semelhana do que foi mencionado na introduo deste artigo, oportuno
remeter-nos s prprias crticas histricas ao capitalismo para explicar tais
discusses. impossvel no associar as prticas de marketing quelas que so
fundamentais para a conduo de um negcio e, estas, quelas que sustentam o
sistema capitalista. Mesmo que a verso oficial dos defensores do sistema aponte
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dres de conduta das empresas nas suas relaes com o consumidor final e
outros agentes econmicos. Fazem parte dessa categoria as atividades relacionadas promoo de produtos e servios, sua precificao, prestao de
informaes aos consumidores e ao atendimento deles, concepo de produtos
e ao seu lanamento, alm de toda uma infinidade de atividades que caracterizam
a rotina dos profissionais de marketing e do prprio consumidor no mercado.
Os Quadros 1 e 2 sintetizam as duas principais categorias de questionamentos
ticos com os quais o marketing se defronta, exemplificando alguns de seus principais dilemas mediante perguntas. A elaborao dos quadros partiu de colocaes apresentadas pelos autores citados, as quais foram acrescidas alguns tpicos originais. Optou-se por privilegiar questes de complexidade e controvrsia
distintas.
Quadro 1: Alguns dos Questionamentos ticos Genricos ao Sistema
de Marketing
O marketing cria desejos e necessidades ou simplesmente os satisfaz? Os desejos
e necessidades do consumidor so moldados aos interesses das empresas?
O marketing contribui para um apego excessivo s posses materiais?
O marketing se prevalece de fraquezas e dificuldades emocionais das
pessoas para comercializar produtos e servios?
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Fonte: elaborado a partir de Kotler (1972), Greyser (1973), Moyer e Hutt (1978), Smith (1995),
Kotler e Armstrong (1998).
A TICA
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M ARKETING :
C ONTRIBUIO
DA
A CADEMIA
Indo alm da abordagem trazida nas pginas anteriores questionamentos ticos aos quais o marketing est sujeito proveitoso examinar de que maneira os
acadmicos tm tratado estes questionamentos e de que forma tm contribudo
para a evoluo do tema na disciplina.
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A tica no Marketing
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absoluto e definitivo tendem a desconsiderar as dificuldades que executivos enfrentam no dia-a-dia; muitas decises, ao serem tomadas, no permitem distinguir claramente o que certo ou o que errado, enquanto outras, embora permitam visualizar de imediato qual o caminho mais correto, colidem diretamente com
interesses pessoais e corporativos. Em ambiente repleto de presses externas e
internas, escolher um caminho no fcil e, por isso, pretender que sejam seguidas recomendaes definitivas de tica pouco contribui para a prtica. O melhor, segundo os autores, adotar uma viso mais moderada, em que se privilegie a conciliao de diversos interesses e necessidades.
Corroborando as ponderaes de Nash (1981) e Stark (1993), outros trabalhos
apontam que a tica tema complexo e subjetivo, sujeito a diferenas de
interpretao, que variam conforme as circunstncias e as percepes pessoais
dos envolvidos (Ferrel e Gresham, 1985; Nantel e Weeks, 1996; Lund, 2000).
Nos negcios, a tentativa de estabelecer exatamente o que sejam comportamentos
ticos tende a obter consenso apenas quando tratada em nvel genrico e
eminentemente abstrato, tornando-se mais contestada medida que avana para
o especfico e para o prtico (Laczniak e Murphy, 1991). No por acaso j se
verificou que profissionais de marketing e dos negcios apresentam vises
diferentes sobre o que constituem comportamentos ticos e antiticos, vises que
variam entre seus pares (Ferrel e Gresham, 1985) e de acordo com as
circunstncias envolvidas (Hoffman, Couch e Lamont, 1999). J se observaram,
igualmente, vises divergentes entre profissionais de marketing e consumidores
(Singhapakdi et al., 1999b) e entre executivos e outros segmentos sociais
(Sturdivant e Cocanougher, 1973). A prpria vertente filosfica apontada como
predominante no marketing, o utilitarismo, em que os fins justificam os meios
(Robin e Reidenbach, 1987; Nantel e Weeks, 1996), vista por muitos como
inapropriada para o momento atual experimentado pelas sociedades democrticas,
merecendo ser substituda por uma vertente deontolgica, em que os meios
utilizados para atingimento dos fins so to importantes quanto estes (Kotler,
1972).
A partir dessas consideraes, pode-se ensaiar algumas explicaes para os
resultados encontrados por Gaski (1999). A especulao que a reviso da literatura mais incentiva a de que possivelmente os acadmicos que se puseram a
analisar os dilemas ticos dos profissionais de marketing recorreram s indicaes mais convencionais justamente por assumirem a dificuldade inerente s
decises gerenciais, ou simplesmente por terem dificuldade em acreditar que,
fora dos regulamentos estabelecidos pela Associao Americana de Marketing
(AMA) ou de quaisquer outros cdigos de regulamentao, exista oportunidade
de se incorrer em determinaes mais incisivas que tenham, realmente, significado prtico. Estimular-se-ia, assim, a viso de que os melhores tribunais para as
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C ONSIDERAES F INAIS
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mente caro dar ao consumidor o que ele quer, aponta Sorell (1994, p. 914). O
que no significa, por outro lado, que o consumerism e outros movimentos de
defesa de direitos do consumidor no constituam instituies fundamentais para
a melhoria das relaes entre os agentes do mundo dos negcios e do consumo.
Em geral, esses movimentos complementam a atuao de rgos reguladores do
governo e das associaes de classe, defendendo direitos consagrados. Deve-se
apenas evitar incorrer no erro de que desequilibrar a balana para um dos lados,
historicamente visto como vtima, lembra Sorell (1994), represente fazer justia
e se tornar imune aos erros e desvios prprios de qualquer processo de interao
social.
Por fim, cabe registrar a pertinncia da realizao de estudos sobre a tica no
marketing no Brasil. Uma consulta s principais publicaes acadmicas da rea
de Administrao no pas, no perodo de 1997 a 2001, apontou apenas um trabalho relacionado a este campo, o j citado estudo de Urdan e Zuiga (2001). Em
um pas de particularidades socioeconmicas to significativas, imerso em processo de pretensa modernizao empresarial, h pelo menos uma dcada, estudos que procurem aprofundar a dimenso tica das prticas de marketing poderiam representar contribuio relevante no conhecimento em Administrao do
pas. Seguem alguns tpicos que mereceriam investigao.
. Quais so os dilemas ticos que mais assaltam os profissionais de marketing
do Brasil? Como os profissionais lidam com eles?
. Quais so os dilemas ticos dos profissionais responsveis pelo marketing de
organizaes sem fins lucrativos ou de cunho social? Em que medida diferem,
ou se assemelham, aos dilemas enfrentados pelos profissionais de companhias
privadas?
. As percepes quanto a prticas ticas no marketing diferem de acordo com
profissionais de diferentes setores? So diferentes das percepes dos consumidores?
. Qual o nvel de informao do consumidor a respeito das prticas das companhias e do seu impacto no indivduo e na sociedade?
. O consumidor mostra-se propenso a boicotar empresas que no apresentem
conduta adequada, ou a privilegiar produtos de companhias de postura reconhecidamente tica?
. As percepes de executivos e consumidores a respeito da tica no marketing
guardam alguma relao com as razes socioculturais do brasileiro?
Mesmo reconhecendo que investigaes como as sugeridas acima guardem
RAC, v. 7, n. 4, Out./Dez. 2003
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NOTAS
Sobre isso, emblemtico o debate travado nas pginas da revista Exame, a principal publicao de
negcios do Brasil, entre o professor de marketing Carlos A. V. Rossi e o executivo Clemente
Nbrega, sobre o que marketing realmente. Ver tambm Webster (1992, 1994, 2002).
2
Exemplo clssico de produto que causa prejuzos ao consumidor no longo prazo o cigarro.
Quanto a produtos que, de alguma forma, prejudicam a toda a sociedade, cita-se recorrentemente o
exemplo dos automveis (devido poluio) e de todos aqueles produtos que tm como principal
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