Baús de Trocas
Baús de Trocas
Baús de Trocas
- Tem sim, voc tem lindos cabelos encaracolados. Eu lhe dou o pote em troca deles.
A
moa
aceitou
deixou
que
velha
os
cortasse.
Perguntou:
Sua infelicidade parecia no ter fim: deixou cair e quebrar o terceiro pote.
Como se estivesse esperando pelo fato, a bruxa logo se fez presente:
- Ainda tenho outro pote. Igualzinho.
- Mas o que eu poderia lhe dar?
- O brilho de seus olhos.
E a moa deixou que a velha tirasse umas pelculas que envolviam seus lindos olhos
azuis e viu quando a mulher as guardou noutra caixinha.
Como das outras vezes a madrinha no percebeu nem que o pote era outro e nem que a
moa enxergava mal.
O tempo foi passando. A madrinha, bem idosa, adoeceu e morreu.
A moa ficou desolada. Chorou muito. Que seria dela?
Passou bastante tempo sem saber o que fazer.
Um dia, ao pegar o pote para buscar gua na fonte ocorreu-lhe no precisar mais realizar
aquela tarefa. Era a madrinha quem exigia a gua da fonte para beber.
Lembrou-se das trocas feitas e da possibilidade de desfaz-las. Levando o pote, tomou o
caminho indicado. A casa da velha l estava, exatamente como dissera, depois da curva
do rio.
- Trouxe-lhe o pote. Quero de volta o que lhe dei.
- Est certo. Mas foram trs potes e s vejo um. Negcio negcio. Eu lhe devolverei
apenas uma das trocas. Escolha.
A moa pensou e concluiu: sentia muita falta da boa viso.
A velha levou-a a um cmodo de sua casa, onde uma grande quantidade de pequenos
bas estavam bem organizados em cima de prateleiras. Todos levavam uma etiqueta
especificando o contedo e o nome do antigo dono.
Nunca ocorrera moa que pudesse existir to esdrxula coleo. Enquanto procurava
sua preciosa caixinha, a velha explicava:
- A esto as permutas feitas nesses ltimos anos. Eu guardo tudo com muito cuidado.
Muitos donos aparecem para resgat-las.
Quando a moa lamentou no dispor de algum bem para reaver tambm seus dentes e
seus cabelos, a velha lhe props:
- Devolverei cada um deles por ano de servio. Preciso de quem me ajude a cuidar
destes
bas.
O homem foi narrando sua vida. Muitos anos se iludira correndo atrs do que pensava
ser a felicidade. Descobrira que nada valia o antigo sossego. A moa, tambm, contoulhe sua histria: triste, desprovida de aventura, mas no menos interessante.
Consideraram que seus caminhos se cruzavam em boa hora. Poderiam ser felizes juntos.
A bruxa, ou fada, ajudou-a a se decidir.
- Se partir nesta carruagem ir ao encontro da felicidade que voc tanto merece.
A profecia se cumpriu, o homem era um fidalgo, tanto no sangue quanto no carter. Eles
se casaram e foram muito felizes.
P