Kant discute o conceito de Esclarecimento e a liberdade de pensamento. Ele argumenta que a maioria das pessoas permanece em uma "menoridade" auto-imposta ao depender de outras para pensar por elas. O Esclarecimento envolve ter coragem de usar sua própria razão. No entanto, algumas restrições à liberdade pública de raciocínio são aceitáveis quando necessárias para manter a ordem social.
Kant discute o conceito de Esclarecimento e a liberdade de pensamento. Ele argumenta que a maioria das pessoas permanece em uma "menoridade" auto-imposta ao depender de outras para pensar por elas. O Esclarecimento envolve ter coragem de usar sua própria razão. No entanto, algumas restrições à liberdade pública de raciocínio são aceitáveis quando necessárias para manter a ordem social.
Kant discute o conceito de Esclarecimento e a liberdade de pensamento. Ele argumenta que a maioria das pessoas permanece em uma "menoridade" auto-imposta ao depender de outras para pensar por elas. O Esclarecimento envolve ter coragem de usar sua própria razão. No entanto, algumas restrições à liberdade pública de raciocínio são aceitáveis quando necessárias para manter a ordem social.
Kant discute o conceito de Esclarecimento e a liberdade de pensamento. Ele argumenta que a maioria das pessoas permanece em uma "menoridade" auto-imposta ao depender de outras para pensar por elas. O Esclarecimento envolve ter coragem de usar sua própria razão. No entanto, algumas restrições à liberdade pública de raciocínio são aceitáveis quando necessárias para manter a ordem social.
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Recomendo o livro, Textos Bsicos de tica: De Plato a Foucault, Danilo Marcondes.
Editora: Jorge Zahar Editor |
www.vozes.com.br | [email protected] Esse texto foi extrado deste livro! Kant (1724-1804) Texto de Filosofia: Kant Resposta pergunta: Que Esclarecimento? tica e esclarecimento.
Nesse texto, publicado em 1784 no peridico Berliniscbe Monatsscbrift, Kant responde a um pastor que havia questionado o conceito de Esclarecimento, ou Iluminismo, por nunca t-lo visto definido claramente. Temos aqui uma discusso sobre este conceito no que diz respeito autonomia do indivduo no exerccio da prpria razo, pois apenas assim ele adquire o que Kant chama de maturidade do sujeito. apenas nestes termos que se pode caracterizar a liberdade.
O Esclarecimento a sada do homem da condio de menoridade auto-imposta. Menoridade a incapacidade de servir-se de seu entendimento sem a orientao de um outro. Esta menoridade auto-imposta quando a causa da mesma reside na carncia no de entendimento, mas de deciso e coragem em fazer uso de seu prprio entendimento sem a orientao alheia. Sapere aude! Tenha coragem em servir-te de teu prprio entendimento! Este o mote do Esclarecimento.
Preguia e covardia so as causas que explicam por que uma grande parte dos seres humanos, mesmo muito aps a natureza t-los declarado livres da orientao alheia (naturaliter maiorennes), ainda permanecem, com gosto e por toda a vida, na condio de menoridade. As mesmas causas explicam por que parece to fcil outros afirmarem-se como seus tutores. to confortvel ser menor! Tenho disposio um livro que entende por mim, um pastor que tem conscincia por mim, um mdico que me prescreve uma dieta etc.: ento no preciso me esforar. No me necessrio pensar, quando posso pagar; outros assumiro a tarefa espinhosa por mim; a maioria da humanidade (a includo todo o belo sexo) v como muito perigoso, alm de bastante difcil, o passo a ser dado rumo maioridade, uma vez que tutores j tomaram para si de bom grado a sua superviso. Aps terem previamente embrutecido e cuidadosamente protegido seu gado, para que estas pacatas criaturas no ousem dar qualquer passo fora dos trilhos nos quais devem andar, os tutores lhes mostram o perigo que as ameaa caso queiram andar por conta prpria. Tal perigo, porm, no assim to grande, pois, aps algumas quedas, aprenderiam finalmente a andar; basta; entretanto, o exemplo de um tombo para intimid-las e aterroriz-las por completo para que no faam novas tentativas.
, porm, difcil para um indivduo livrar-se de uma menoridade quase tornada natural. Ele at j criou afeio por ela, e, por suas prprias mos, efetivamente incapaz de servir-se do prprio entendimento porque nunca lhe foi dada a chance de tentar. Princpios e frmulas, estas ferramentas mecnicas de uso racional, ou, antes, de abuso de seus dotes naturais, so os grilhes de uma menoridade permanente. Mesmo aquele que os arrebente no arriscaria mais que um salto sobre o menor dos fossos, pois no est acostumado a semelhante liberdade de movimentao. Por essa razo, h poucos que conseguem, atravs do aprimoramento do prprio esprito, desprender-se da menoridade e ainda caminhar com segurana.
Contudo, possvel que um pblico se esclarea a respeito de si mesmo. Na verdade, quando lhe dada a liberdade, algo quase inevitvel. Pois a encontrar-se-o alguns capazes de pensar por si, at mesmo entre os tutores institudos para a grande massa, que, aps se libertarem do jugo da menoridade, espalharo em torno de si o esprito de uma apreciao racional do prprio valor e da tarefa de cada ser humano, que consiste em pensar por si
Recomendo o livro, Textos Bsicos de tica: De Plato a Foucault, Danilo Marcondes. Editora: Jorge Zahar Editor | www.vozes.com.br | [email protected] Esse texto foi extrado deste livro! Kant (1724-1804) mesmo. Saliente-se aqui que o pblico, que antes havia sido posto sob este jugo pelos tutores, posteriormente os obriga a tal sujeio quando atiado por alguns desses tutores, eles prprios incapazes de atingir o esclarecimento. Assim, prejudicial plantar preconceitos porque acabam se voltando contra aqueles que o fomentaram. Por esse motivo, s lentamente o pblico consegue chegar ao esclarecimento. Atravs de uma revoluo suceder provavelmente a queda de um despotismo pessoal e de uma opresso ambiciosa e dominadora, mas jamais ser promovida uma verdadeira reforma na maneira de se pensar; em verdade, apenas novos preconceitos, da mesma maneira que os antigos, serviro de guia da grande massa ignara.
Para o esclarecimento, porm, nada exigido alm da liberdade; e mais especificamente a liberdade menos danosa de todas, a saber: utilizar publicamente sua razo em todas as dimenses. Mas agora escuto em todos os cantos: no raciocineis! O oficial diz: no raciocineis, exercitai-vos! O Conselho de Finanas: no raciocineis, pagai! O lder espiritual: no raciocineis, crede! (um nico senhor no mundo pode dizer: raciocinai o quanto quiser, e sobre o que quiser; mas obedecei!) Por todo canto h a restrio da liberdade. E qual restrio serve de obstculo para o esclarecimento? Qual no o impede e at mesmo o sustenta? Respondo: o uso pblico do entendimento deve ser livre em qualquer momento, e s ele pode gerar o esclarecimento entre os seres humanos; o uso privado do mesmo pode frequentemente ser bastante restrito, sem que, todavia, o progresso do esclarecimento seja, por isso, impedido. Compreendo, porm, como uso pblico da razo aquele que feito por algum, como douto, perante o mundo letrado. Por uso privado, entendo aquele que o douto pode fazer em um posto civil ou pblico. Contudo, para algumas ocupaes, que lidam com assuntos de interesse geral, faz-se necessrio um mecanismo por meio do qual alguns membros da comunidade precisam se comportar passivamente, para que, com uma unanimidade artificial, possam ser conduzidos pelo governo em prol de fins pblicos, ou para que ao menos estes fins pblicos sejam preservados. Neste caso, seguramente, no permitido raciocinar; necessrio obedecer. Mas, na medida em que essa pea da engrenagem se veja simultaneamente como membro de uma comunidade, ou mesmo da prpria sociedade civil mundial, que como douto, dirige-se ao pblico, seguindo se prprio entendimento por meio de seus escritos, ele pode raciocinar o quanto quiser, sem que sejam prejudicadas as ocupaes em que est inserido parcialmente como membro passivo. Seria muito prejudicial se um oficial, ao receber uma ordem de seu superior, comeasse a questionar explicitamente a convenincia ou utilidade dessa ordem; ele deve obedecer. uma questo de justia, por outro lado, que no se lhe proba de, como douto, fazer observaes que sero apresentadas ao julgamento pblico a respeito dos equvocos no servio militar. O cidado no pode se recusar a pagar os impostos que lhe cabem; a recusa veemente de cumprir tais tarefas, caso sejam levadas adiante, pode inclusive ser punida como escndalo (posto que poderia gerar ampla desobedincia civil). Pelo mesmo motivo no age contra os deveres do cidado aquele que, como douto, se expressa publicamente a respeito da improcedncia e injustia dessas incumbncias. Da mesma maneira, um sacerdote deve pregar para seus alunos de catecismo e para sua comunidade seguindo o credo da Igreja a que serve, pois foi essa a condio pela qual foi acolhido por ela. Mas, como erudito, ele tem toda a liberdade, na verdade a obrigao, de participar ao pblico seus pensamentos bem-intencionados e cuidadosamente fundamentados sobre o que h de falho naquele credo e fazer propostas para a criao de melhorias na instituio religiosa e clerical. No h nada aqui que possa pesar em sua conscincia. Pois o que ele prega em funo de seu posto como representante da Igreja algo que ele no pode ensinar como bem entende, algo determinado em nome e a partir da prescrio de um outro. Ele dir: nossa igreja ensina isto e aquilo; esses so os fundamentos cabais dos quais ela se serve. De preceitos que ele mesmo no subscreveria com plena convico, depreende regras teis para a sua comunidade, e nisso pode se comprometer, uma vez que no de todo impossvel que ali se esconda a verdade; todavia, no pode haver ali nada que contradiga sua religio interior.
Recomendo o livro, Textos Bsicos de tica: De Plato a Foucault, Danilo Marcondes. Editora: Jorge Zahar Editor | www.vozes.com.br | [email protected] Esse texto foi extrado deste livro! Kant (1724-1804) Pois caso se desse tal contradio ele no poderia prestar seu servio de conscincia limpa; precisaria renunciar. Desta maneira, como professor contratado, a utilizao que faz de sua razo perante sua comunidade meramente um uso privado, uma vez que, por maior que seja sua dimenso, trata-se de um encontro domstico. Frente a esta situao, ele no livre como sacerdote, nem deve s-lo, pois executa instrues de outrem. Por outro lado, como douto que fala ao pblico nomeadamente, o mundo , a includo o sacerdote que faz uso pblico de sua razo, ele goza de liberdade irrestrita para se servir da prpria razo e falar por si mesmo. O fato de os tutores do povo (em assuntos religiosos) deverem retornar condio de menoridade uma tolice que gera a perpetuao das tolices.
Mas no deveria ser permitido para uma associao de sacerdotes, algo como uma unio das Igrejas, ou uma classis honrada (como eles se autodenominam entre os holandeses), obedecer a um certo credo imutvel e desse modo exercer uma incessante tutela sobre cada um de seus membros, e por meio destes sobre o povo, chegando mesmo a eterniz-la? Digo: isto totalmente impossvel. Tal contrato, que manteria vedado todo esclarecimento posterior ao gnero humano, pura e simplesmente nulo e desprovido de valor, mesmo que fosse confirmado pela violncia suprema, por parlamentos ou pelos mais solenes tratados de paz. Uma poca no poderia assumir para si um compromisso e prometer colocar a poca seguinte em uma tal condio que seria impossvel para esta ampliar seus conhecimentos ( presumidamente os circunstanciais), purificar-se de seus erros e, sobretudo, progredir na via do esclarecimento. Isto seria um crime contra a natureza humana, cuja determinao original exatamente esse progresso; e aos psteros perfeitamente justo criticar tais decises, tomadas de modo to criminoso e inapropriado. A pedra de toque de tudo que pode ser decidido sobre um povo reside na pergunta: um povo formularia para si mesmo tal lei? Isso estaria bem enquanto se aguarda por outra melhor, vivel a um prazo curto e determinado se para estabelecer uma ordem. Simultaneamente, todos os cidados, sobretudo os sacerdotes, estariam livres para, enquanto doutos, externarem (por escrito) o que h de falho na organizao vigente que seria mantida at que uma viso sobre o estado das coisas tenha se difundido e se provado vlida a ponto de ser possvel apresentar ao Trono uma proposta, aprovada por votao (mesmo que no unnime), de assumir para si a proteo daquelas comunidades que, de acordo com seu prprio entendimento, tenham se juntado para organizar uma nova instituio religiosa, sem, todavia, proibir a prtica daqueles que preferem ainda se dirigir antiga. No totalmente permitido, todavia, mesmo no tempo de vida de um homem, reunir-se em torno de uma constituio religiosa inquebrantvel e publicamente inquestionvel e, assim, aniquilar um espao de tempo no progresso da humanidade rumo ao aperfeioamento, fazendo-o infrtil e danoso para as geraes futuras. Um ser humano pode, no que respeita sua prpria pessoa, e mesmo assim apenas por algum tempo, adiar o esclarecimento; porm renunciar a ele, seja para si ou, ainda pior, para os seus descendentes, significa violentar e pisar sobre os direitos sagrados da humanidade. Mas o que um povo no consegue decidir para si mesmo, no dever um monarca faz-lo, pois sua legtima autoridade baseia-se no fato de que ele une a vontade geral do povo sua. Quando ele se presta somente a observar que toda melhoria verdadeira ou presumida esteja de acordo com a ordem civil, ento pode deixar seus sditos fazerem aquilo que consideram necessrio para a salvao de suas almas; isto no lhe diz respeito. O que lhe cabe evitar que um impea violentamente o outro de trabalhar em seu estabelecimento e evoluo pessoais. lesivo Sua Majestade imiscuir-se nisso, atribuindo a seu governo o controle dos escritos por meio dos quais seus sditos procuram trazer tona, sem mscaras, suas perspectivas; com isso ele se expe crtica Caesar non est supra grammaticus , mas tambm, e ainda mais, quando ele rebaixa de tal modo seu soberano poder e apia, em seu Estado, o despotismo espiritual de alguns tiranos contra seus demais sditos.
Recomendo o livro, Textos Bsicos de tica: De Plato a Foucault, Danilo Marcondes. Editora: Jorge Zahar Editor | www.vozes.com.br | [email protected] Esse texto foi extrado deste livro! Kant (1724-1804) Se for perguntado: vivemos agora em uma poca esclarecida? A resposta : no, vivemos em uma poca de Esclarecimento. Falta muito para que os homens em geral, nas condies atuais, estejam habilitados para servir-se bem de seu prprio entendimento das questes religiosas sem o auxlio da compreenso alheia. Porm, temos claros indcios de que agora o campo lhes foi aberto para se desenvolverem livremente e que gradualmente tornam-se menores os obstculos ao esclarecimento geral e sada de sua menoridade auto-imposta. Nesta perspectiva, esta a poca do Esclarecimento, ou o sculo de Frederico.
Um prncipe que no acha indigno de sua parte dizer que considera um dever nada prescrever aos homens no que tange aos assuntos religiosos e deixa-os integralmente livres nesse campo, e que, ento, afasta de si o nome arrogante da tolerncia, esclarecido e merece ser louvado pela sociedade atual e pela posteridade, ambas gratas por ter sido ele o primeiro, pelo menos por parte do governo, a tirar o gnero humano da menoridade e deixar cada um livre para usar de seu prprio entendimento em assuntos que dizem respeito conscincia. Sob seu governo, os sacerdotes honrados, sem danos para seus deveres ministeriais, podem, na qualidade de doutos, apresentar livre e publicamente avaliao do mundo juzos e perspectivas, aqui ou ali discordantes do credo aceito. Ser ainda mais livre aquele que no estiver limitado pelo dever ministerial. Este esprito de liberdade se expande mesmo onde tem que lutar violentamente contra obstculos externos postos por um governo que no compreende a si prprio. Este exemplo ilustra que em situaes de liberdade no h com o que se preocupar a respeito da coeso e paz geral para a vida pblica. Os seres humanos trabalham por si prprios para sair do estado de selvageria, se no se trama para intencionalmente mant-lo em tal estado.
Adotei o tema religioso como ponto principal do esclarecimento, da sada do ser humano de sua menoridade auto-imposta, porque, a respeito da cincia e das artes, os poderosos no tm interesse em exercer sua tutela sobre os sditos; e, sobretudo, porque aquela forma de menoridade a mais danosa e depreciativa de todas. Mas o modo de pensar de um chefe de Estado que contempla a primeira vai mais alm, ele percebe que, mesmo levando em considerao a sua legislao, no h qualquer perigo em permitir que seus sditos faam uso pblico de sua prpria razo e apresentem ao mundo publicamente seus pensamentos que proponham uma melhor legislao, acompanhados, inclusive, de uma crtica da que j existe. Disto temos um exemplo brilhante, por ningum precedido, em nosso estimado monarca.
Mas somente aquele que, sendo ele prprio esclarecido, no teme as sombras, e tambm dispe de uma tropa numerosa e altamente disciplinada que preserve a paz pblica, somente este pode dizer o que um Estado livre no ousaria: raciocine o quanto quiser e sobre o que quiser mas obedea! Aqui se mostra um curso estranho e inesperado das coisas humanas; pois, visto de forma abrangente, quase tudo paradoxal. Um maior grau de liberdade civil parece ser vantajoso liberdade do esprito do povo, no entanto lhe impe limites que no podem ser ultrapassados; por outro lado, um grau menor daquela cria este espao em que todas as faculdades podero ser expandidas. Quando, ento, a natureza, por sob essa grossa casca, desenvolve a semente pela qual zelou to cuidadosamente a saber, a tendncia e a vocao para o pensamento livre , isto repercute gradualmente no esprito do povo (que com isso torna-se cada vez mais capaz de exercer sua liberdade para agir) e at mesmo nos fundamentos do governo, para o qual torna-se mais apropriado tratar o ser humano de acordo com sua prpria honra, e no mais como uma simples mquina.
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