Apostila Curso Tarô Terapêutico Arcanos Maiores

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APOSTILA CURSO TARÔ TERAPÊUTICO

ARCANOS MAIORES

O Tarô Como Caminho da Vida


Este sistema de cartas, muito usado em jogos de adivinhações, é na
realidade um formidável sistema simbólico que cria uma série de pontes
entre o conhecido e o desconhecido, entre o interior e o exterior, entre o
concreto e o abstrato, entre energia e matéria, entre diferentes campos
espaciais e temporais.
O Tarô mais antigo descoberto, data da Idade Média, mas diversos
estudiosos acreditam que suas raízes estão no antigo Egito ou mesmo em
épocas mais antigas. Tenho a intuição que foi estruturado em sua forma
atual, algumas centenas de anos antes de Cristo, por mestres de diferentes
tradições, formando junto com a Cabala, a Astrologia e a Alquimia, as bases
para a Yoga do Ocidente e, mantido em segredo para os não iniciados, por
quase um milênio a partir daquela data, com significados semelhantes mas
com imagens evidentemente diferentes. Em seu sistema atual, é constituído
por 78 cartas: 22 arcanos maiores e 56 menores.
O que são arcanos? São chaves para entendermos os mistérios. Mistérios
porque quando trabalhamos com símbolos, não conseguimos de imediato
apreender a totalidade da experiência; mesmo porque se referem muito mais
a processos, do que a fatos, muito mais se reportando a experiências,
sensações, emoções, mentalizações e arquétipos vivenciais, do que
procurando defini-los.
0. O Louco
Uma imagem não convencional, com roupas estranhas, e não olha muito
para onde está pisando. Carrega uma mochila nas costas, e um cachorro ou
um pequeno felino está em suas pernas. Existe um abismo em sua frente.
Um pequeno detalhe, de que fui conscientizado
recentemente, nos faz lembrar que na Idade Média,
muitos viajantes carregavam uma mochila nas
costas, segura por um bastão. Um viajante, mesmo
que temporariamente, não tem lar fixo. Seus
amigos e conhecidos estão distantes. Está em
movimento. O I Ching aconselha prudência para o
viajante.
Outras idéias que vem com o Louco são de
imprevisibilidade, inconstância,
desprendimento e confusão. Importa-se pouco
com a opinião coletiva, mas de outro lado nem
sempre sabe muito bem o que quer ou aonde quer
chegar.
Sobre o abismo, é interessante lembrar que na
iniciação xamânica, existe o nível de experienciar o
abismo, como uma total entrega, soltura de auto-
0. O Louco referências e desprendimento do ego. Quem
[Tarot Balbi] assistiu Indiana Jones, deve se lembrar que um dos
últimos passos o faz confiar nas instruções de seu
pai e dar o passo no abismo.
Quem leu Carlos Castaneda pode se lembrar do salto sobre o abismo como
iniciação final de um longo processo.
Percebo que existem três níveis dentro dos qual o arquétipo pode se
manifestar. O primeiro é o nível de inocência, no qual a pessoa não
percebe nada do que está acontecendo ao seu lado. Quem representava
magistralmente este nível era o Peter Sellers ou Mr. Bean.
Outro nível, no qual a maioria de nós atravessa quando está atuando
neste arcano, é o nível em que estamos confusos, desorientados e
atrapalhados. Simplesmente não sabemos o que fazer e atuamos como
baratas tontas, ora agindo de um jeito, ora de outro. Na maioria das vezes
em que o Louco aparece em uma leitura mostra um aspecto de indecisão,
imprevisibilidade, incertezas ou confusões.
O terceiro nível é o nível amadurecido, iluminado. O taoísmo, na
China, perseguia este ideal. É agir com naturalidade, sem idéias
preconcebidas, mas totalmente integrado com o Todo. Tudo acontece com a
mais total naturalidade e tudo funciona na mais perfeita ordem e
harmonia. Indica também a total despreocupação com as opiniões alheias,
no sentido de defender uma persona e também uma total confiança e
disponibilidade para o jogo da vida. Não teria bons exemplos, pois envolve
grande consciência, mas se Forrest Gump e Muito Além de um Jardim, de
Peter Sellers, fossem mais conscientes seriam bons exemplos. Jogadores,
artistas e músicos com grande vocação seriam outros. E, é claro, Charles
Chaplin.
O Louco combina com o Mago, pois se tivermos a clareza do Mago e a
flexibilidade do Louco, seremos mestres. Clareza de objetivos e flexibilidade
de meios. Isto não significa que as cartas precisam sair em uma mesma
leitura. Significa que conscientes da complementaridade, este conhecimento
pode nos servir como base de orientação e aconselhamento.
Em uma das reuniões, alguém me fez a seguinte pergunta:
“Como poderemos saber, em uma leitura, em que nível a pessoal esta
manifestando um determinado arquétipo?” Muitas vezes pela sensibilidade,
existe toda uma “equipe de produção” nos ajudando em uma leitura, ou você
pode simplesmente abrir um leque de possibilidades.

1. O Mago
Em cada baralho existe uma característica especifica, mas em quase todos
tem uma mão apontada para o alto, outra para baixo, uma para o céu, ou
para a terra, fazendo a conexão. Em quase todos tem uma mesa, que indica
seu território ou pequeno mundo e diversas peças, que são as ferramentas
mágicas, símbolo dos Quatro elementos: vontade, mente, emoção,
concretude, ou: fogo–paus, espadas–ar, copas–água, terra–ouros.
Muitas vezes O Mago tem o símbolo do infinito
acima de sua cabeça ou um chapéu lembrando este
símbolo. O infinito é onde o pessoal de une com o
transpessoal, onde a parte se une com o
Todo. Podemos chamar de revelação.
O Mago tem muita liberdade, não está preso a
formas exteriores pré-estabelecidas, além de seu
propósito, que é totalmente definido e das formas
que usa como seu instrumento de criação. Tem
iniciativa e idéia clara de seus objetivos. Tem como
potencial a facilidade de lidar com todos os
elementos, mas uma facilidade maior de lidar com o
elemento ar: (pensamento) e fogo (vontade).
Confundimos as intuições que decorrem da
sensibilidade e a intuição que ocorre como uma
revelação. A intuição sensível está diretamente
1. O Mago ligada à compaixão, tem uma grande percepção do
[Tarot Balbi] outro, e está relacionada no Tarô com a carta da
Alta Sacerdotisa.
Chamo esta forma sensitividade. A intuição relacionada com o Mago são
aquelas idéias que surgem aparentemente do nada e resolvem tudo,
verdadeiras revelações. Está também ligado com clareza de
propósitos. Dependendo do lugar onde está colocado, dará a idéia de
liberdade, de decisão, de um propósito bem definido, uma idéia nova, um
novo caminho.
Quando trabalha em uma freqüência menos elevada, é manipulador,
aquele que mexe os pauzinhos para que as coisas fiquem do seu jeito. É
quando, por exemplo, procuro fazer de tudo para que uma pessoa faça minha
vontade, independente de sua predisposição, de uma maneira inteligente e
ardilosa. Não estou respeitando sua liberdade.
O bastão voltado para cima mostra sua possível ligação com os céus, os
ideais elevados e possibilidades criativas; conecta a energia cósmica e planta
esta semente.
Muitas vezes é tênue a diferença de passar uma energia com certa ênfase
e manipular, e este limite precisa ser trabalhado na energia do Mago, e para
isto precisamos vencer nossas idéias fixas ou obsessões e aprender a lidar
com os limites dos outros.
2. A Alta Sacerdotisa
É uma carta de muita sensibilidade. A Alta Sacerdotisa normalmente está
sentada, envolta em um azul profundo. O azul é um dos símbolos da
unidade; imaginem o fundo do oceano ou a abóbada celeste em uma noite
estrelada. Carrega um livro, símbolo do conhecimento.
No Tarô Mitológico ela está de pé, Perséfone,
casada com Hades, o rei dos infernos
(representação do subconsciente na mitologia
grega), metade do tempo abaixo da superfície e
metade acima (consciente e subconsciente). As
duas colunas, também presentes em outras cartas,
trabalham as polaridades, as forças cósmicas e
telúricas, mãe terrestre e celestial. Em vários mitos,
a Mãe é simbolizada pela abóbada celeste, em
outros sobre o planeta. Podemos pensar em Gaia,
Maria, Sophia, Isis, Kwan Ying.
O feminino é um aspecto interessante da
divindade; quando se fala em feminino, logo se
pensa na mãe abraçando ou amamentando seu
filho, e na energia do amor. A Alta Sacerdotisa pode
estar grávida, mas não teve ainda seu filho;
2. A Alta Sacerdotisa podemos até dizer que seu amor e compreensão
[Tarot Balbi] amorosa não estão dirigidos a um único ser, mas é
impregnado de um caráter universal e incondicional.
Vocês já refletiram sobre o amor? Fundamentalmente, quando amamos
queremos estar tão próximos do ser amado que sejamos uma unidade;
sentimos que fazemos parte da mesma energia, da mesma essência,
queremos proteger e nutrir. Quando este sentimento é includente é chamado
de compaixão. A compaixão é sempre assimilada à uma grande sensibilidade
e profunda compreensão do outro ser, participando de uma grande
intimidade. Este aspecto do sentimento humano é simbolizado pela Alta
Sacerdotisa.
Existe uma diferença importante entre simpatia e empatia. Na simpatia,
quando uma pessoa não está legal, nossa energia também ficará mais
pesada, e na empatia, mesmo vibrando nossa compreensão amorosa,
conseguimos manter nossa freqüência, sendo mais fácil ajudarmos a quem
amamos. A Alta Sacerdotisa não perde a dimensão espiritual quando entra
em contato com a dor e o sofrimento... imaginem se a Madre Tereza fosse
ficar desesperada com as crianças que entrasse em contato... ela não teria
realizado sua obra. Ela é uma santa justamente porque consegue trabalhar,
manter-se firme e manter a coragem espiritual de emanar amor
incondicionalmente, mesmo em situações extremamente desafiadoras.
Como todos os arcanos, a Alta Sacerdotisa se expressa em diversos níveis;
no nível mais mundano, pode ser uma carta muito passiva, mas pode
mostrar a importância de ouvir, de saber esperar, de dar tempo ao tempo; e
no nível mais profundo, como vimos, pode ser uma carta de compaixão,
desensibilidade e de intuição.
Muitos anjos, que são mensageiros da compaixão, são simbolizados com
asas; isto porque pessoas sensitivas percebem que as energias emanadas por
estes grandes seres saem da nuca ou das omoplatas, dão uma semi-volta em
seus corpos em movimentos ondulatórios, dando-nos uma sensação de
alegria e leveza (mas não em todas as situações, não vamos nos esquecer do
aspecto assertivo de Deus), como um vôo. A associação com asas é muito
boa.Vocês gostariam de saber o que significam as letras B e J das colunas da
direita e da esquerda? Bom, primeiro vamos nos lembrar que as colunas
simbolizam fundamentos que com sua solução de verticalidade, atravessam
diversos planos ou freqüências. Yakin ou Joaquim e Boaz, símbolos maçons
que se referem às colunas do Templo de Salomão, simbolizam o que
poeticamente poderíamos chamar de gênios de cada coluna das forças
cósmicas e telúricas, evolutivas e involutivas, a aliança indissolúvel entre o
céu e a terra. Um outro símbolo destes processos seria a escada de Jacó. A
consciência da Alta Sacerdotisa está no centro deste processo.
3. A Imperatriz
Uma antiga visão de integração de tudo com tudo foi se perdendo
gradualmente, inicialmente com a lógica de Aristóteles e a religião judaico-
cristã, colocando toda a natureza e seres viventes como separados da
humanidade e tendo como missão principal servir ao ser humano,
continuando no espírito inquisitorial e conquistador contra todas as
tendências pagãs e concluindo com o espírito mecanicista que foi
impregnando o pensamento cientifico.
Hoje começa a haver um resgate da consciência
de unidade em diversos campos da experiência
humana. Para citar apenas um, podemos nos
lembrar do pensamento ecológico. Capra nos
lembrou que existem dois tipos de ecologia, um que
se chama de ecologia superficial, que ainda enxerga
o homem comandando a natureza, mas
fundamentalmente fora dela; e a visão ecológica
profunda percebendo o homem como fazendo parte
da natureza. Se conseguirmos imaginar ondas de
ressonâncias inter-relacionadas, poderemos
perceber a relação dos animais selvagens e nossos
instintos; que se nossos rios estiverem poluídos,
nossas emoções estarão atrapalhadas e vice-versa;
se esburacamos nosso planeta de uma maneira
desmedida teremos um grande aumento de
3. A Imperatriz osteoporose, se não cuidarmos de nosso ar, nossos
[Tarot Balbi] pensamentos também estarão escurecidos e assim
por diante.
Nossa Terra e nossos corpos estão interligados. Nossas vontades internas,
nossas emoções mais violentas, nossos pensamentos mal resolvidos são
verdadeiros redemoinhos, furacões, vulcões, terremotos, etc.
A força da Imperatriz pode ser traduzida pela força da
natureza selvagem, no sentido de natural; nossa natureza exuberante e
criativa que aparece quando agimos sem bloqueios e quando estamos em
harmonia com a energia de nosso ambiente.
Uma dama sentada em uma poltrona vermelha, como no baralho do
Waite, em meio a uma vegetação abundante e a um trigal, simbolizando a
colheita e prosperidade. Cetro de poder, simbolizando autoridade sobre o
reino natural. Pode simbolizar abundancia e prosperidade. Exacerbada,
luxuria e volúpia. Temos então colocada a importância do nível de freqüência
no qual se manifesta este bonito arcano, exatamente o que tratará o arcano
com que iremos nos relacionar no Julgamento (20).
4. O Imperador
Uma figura imponente, sentada em uma cadeira com algumas cabeças de
carneiro, um manto vermelho, uma coroa, um cetro de poder.
O Imperador sempre mostra a força de uma autoridade em uma
determinada área de atuação. O fato de estar sentado mostra autoridade
dentro de um território já conquistado. Estabilidade, disciplina, ordem, leis,
regras e regulamentos são outras expressões atribuídas a este arcano.
Pode representar também a força controladora do
sistema de crenças dos grupos a que pertencemos, ou
a mente coletiva.
Vocês já notaram que muitos destes aspectos
citados podem nos gerar uma sensação de
desconforto? Isto porque durante muito tempo a
autoridade tem sido exercida de uma maneira
dominadora, controladora e manipuladora, causando
uma serie incontável de injustiças.
Lembro-me quando certa vez fui ajudar como
voluntário no seminário de um amigo com mais de
100 pessoas, na cozinha. Não sabia nem por onde
começar. Vocês não imaginam a sensação de alegria e
conforto quando uma amiga, também voluntária,
como sua experiência começou a orientar. Naquele
4. O Imperador momento descobri a importância de uma liderança
[Tarot Waite]
que surge naturalmente, decorrente de uma maior
experiência e conhecimento.
Ouvi uma frase significativa outro dia: quando os lideres perdem a
vergonha, os liderados perdem o respeito. Isto é muito verdadeiro. Sabemos
que não podemos esperar sermos respeitados se não aceitamos um principio
de justiça. Sabemos que hoje nossos filhos não farão aquilo que desejamos
que façam, se o motivo não estiver claro, esclarecido e combinado.
Estamos também começando a perceber que não existe autoridade
absoluta em nenhuma área, que possa eliminar nossa capacidade de
discernimento e avaliação, nem eliminar nossa co-responsabilidade. Isto sem
deixar de honrar e respeitar aqueles que têm um carisma natural, ou como
dizem os polinésios, detém o “manas”, nem a autoridade dos manuscritos
sagrados e tradições; nem a autoridade do conhecimento cientifico ou
religioso; mas nunca mais de uma maneira incondicional. A lei dos homens
tem sua importância, mas existe uma lei divina maior que chega diretamente
a nossos corações, sem necessidade de interpretes ou intermediários que
possam nos fazer qualquer pressão, assim como procuramos não invadir a
liberdade dos outros a partir de nosso entendimento, que pode ser verdadeiro
apenas para nós.
As leis e regulamentos, as regras de transito, os faróis, os dirigentes, as
hierarquias, os coordenadores, facilitadores e lideres de diversos níveis são
importantes, mas dentro de situações e limites específicos e acordados; ou
seja, é necessário limite aos limites, e controle aos controles; e a diferença é
a nossa liberdade.Em uma leitura, normalmente indica ordem e estruturação.
5. O Hierofante
O Hierofante era o líder espiritual das civilizações antigas. Por analogia,
pode ser também chamado de Papa ou Alto Sacerdote. É uma carta de cura,
ensinamento e aprendizado espiritual. É a carta da maestria.
O que vem a ser um mestre verdadeiro? Em primeiro lugar, será
completamente imprevisível, pois estará muito mais solto em relação a
quaisquer padrões.
Em segundo lugar, não será necessariamente
uma pessoa em sua condição física, podendo se
manifestar através de diversas pessoas, de
situações sincrônicas, ou dentro de nós, mas
sempre com o propósito de cura e ensinamento.
Nossa cura fundamental se dará quando
percebemos em profundidade que não somos seres
isolados, mas que estamos sempre vibrando com
todo o universo em unidade dentro da diversidade.
A chave de todo processo da maestria se dá no
entendimento firme e consistente da aceleração e
desaceleração dos níveis vibratórios; da capacidade
de se sintonizar e se comunicar com um amplo
espectro de focos de consciência e de conseguir o
equilíbrio interno e externo, mesmo em momentos
5. O Hierofante de grandes pressões e incertezas. Este é um dos
[Tarot Balbi]
motivos de ser chamado em algumas tradições de
coluna do mundo.
Para chegarmos a este nível, precisaremos aprender a lidar com nossas
emoções, libertando-nos de nossos bloqueios psíquicos; que se apresentem
na forma de magoas, rancores, medos, culpas ou obsessões, pois iriam nos
desviar de nosso rumo, não nos deixando em paz para a realização de nosso
trabalho. Na carta do Julgamento apresentei algumas sugestões de como
lidar com estas energias.
Quando atingimos um equilíbrio razoável passamos a interagir com uma
intensidade muito maior com as energias fora de nós. Em frente do
Hierofante aparecem duas pessoas ajoelhadas. Uma dessas pessoas seria um
mago, aquele que traz dos planos sutis as materializações e outra seria o
sacerdote, aquele que consegue elevar as energias do plano denso ao sutil. O
Hierofante como verdadeiro alquimista que é, consegue trabalhar em todos
os níveis. O tarô mitológico o coloca como Quíron, o centauro que a partir da
compreensão profunda da própria dor curava e ensinava os outros.
O Hierofante consegue trabalhar muito bem com as técnicas de
visualizações, com a imaginação e com as energias que estão no limiar da
percepção humana, simbolizadas pelo arcano da Lua. O mestre resgata e
harmoniza nossa bagagem de passado, para a realização da obra. Invoca as
forças de associação e cria os vórtices de manifestação. Sua presença é
sempre instrutiva, embora nem sempre fácil. Catalisa uma nova consciência e
nos liberta de nossas prisões. Solta nossas amarrações e nos protege de
nossos inimigos internos e externos, visíveis e invisíveis. É sempre muito
intenso.
Vocês podem ter percebido que o coloquei às vezes dentro e às vezes fora
de nós. Ele pode ser exatamente assim. Está sempre distante e perto. A
distancia lhe dá a perspectiva de visão ou o espaço terapêutico e sua
proximidade ns oferece uma incrível sensação de conforto. Seu olhar tem a
profundidade dos tempos, a penetração de uma águia e a ternura de uma
criança. É quem promove os batismos da água e do fogo. Resumindo, é
totalmente demais! É quem cura, quem transforma e catalisa, quem promove
as catarses, quem ensina e quem nos auxilia em nosso despertar. É quem
nos traz a aurora.
Em uma leitura comum pode simplesmente mostrar um quadro onde
poderemos aprender, ensinar, curar ou equilibrar uma situação.
6. Os Enamorados
O I-Ching nos aconselha cuidados e atenção com o que nos alimentamos.
Inclusive, nos aconselha a olharmos qual a parte do ser que as pessoas dão
mais atenção se quisermos avaliá-las.
Ao nos alimentarmos, em qualquer nível – física, emocional, mental ou
espiritualmente - um dos primeiros passos, e talvez o mais importante, é o
processo da escolha e, também, da organização. Estou realmente
desejando tal experiência? Estou disponível ou minha energia está presa em
algum lugar?
De qualquer, forma é sempre melhor tomarmos
uma má decisão, porém com inteireza, do que
estarmos divididos ou não escolhermos. Em seu
saboroso livro João de Ferro, Robert B. conta como
Dom Quixote, na dúvida sobre qual caminho seguir,
deixou a escolha a seu cavalo. Porém, como este
estava com preguiça e com fome, voltaram ao
celeiro. Esta metáfora ilustra bem como podemos
ficar parados, ou mesmo regredir, quando não
escolhemos.
Um homem olhando uma mulher, como no
baralho do Waite; ou as mulheres, como no Tarô
mitológico, parecem demonstrar a importância de a
parte racional olhar para a emocional, e esta olha
para o anjo, que inspira e abençoa o processo de
escolha. No caso do Tarô mitológico, o herói parece
6. Os Enamorados ter sido punido pela escolha feita, mas, em
[Tarot Balbi] realidade, qualquer escolha teria um preço, pois
haveria uma parte não atendida.
Afrodite não deixa de ser uma escolha certa quando a beleza é que está
em jogo.
Parece-me que todas as vezes que esta carta aparece em uma leitura
aponta para uma oportunidade de escolha, e dá algumas indicações de como
proceder, no nível em que está sendo feita a pergunta. Muitas vezes
perdemos tempo e energia tentando adivinhar o que o outro pensa a nosso
respeito; se o negocio vai dar certo ou não; se a resposta vai ou não ser
positiva; e nos esquecemos de nos perguntar o que nós pensamos ou
sentimos a respeito, e o quão seriamente estamos integrados e envolvidos no
processo.
O nível de inteireza e comprometimento me parece mais importante do
que o resultado, pois estaremos desta forma desenvolvendo primeiro nosso
poder de discernimento e depois nosso poder de realização; contra nunca
sabermos com certeza; além de nos tornarmos fracos e inseguros quando
não exercemos nosso poder de escolha ou deixamos que outros o façam por
nós. Isto acontece mesmo quando fazemos uma escolha da qual nos
arrependemos, pois garanto que nunca mais esquecemos um mau passo
dado, pelo qual nos responsabilizamos; onde se de um lado passamos por um
grande e profundo aprendizado, de outro estaremos com nossas energias
intactas para as reformulações e redirecionamento dos planos.
A visão popular de encontrar um namorado ou uma namorada, ou de
escolher entre o certo e o errado a meu ver é um pouco limitada e
incompleta, sem necessariamente ser falsa.
Sintetizando: quando estivermos nos aproximando de uma decisão, como
é o caso deste arcano, primeiro deveremos avaliar com nossos sentimentos e
motivação, depois com nossa razão procurar indicações e inspiração; a
seguir, deveremos agir renunciando ou abrindo mão de alguma coisa, que
seria outra alternativa; e, ainda, deveremos acompanhar os resultados com
tranqüilidade e confiança, podendo eventualmente reiniciar o processo de
decisão à medida que formos adquirindo experiência.
7. O Carro
Após o muitas vezes difícil e estressante processo escolha, estaremos
prontos para agir. Existe um tempo para procurarmos orientação e para
refletirmos e existe um tempo para agirmos e trabalharmos. Vemos no Carro
uma figura guerreira, em uma carruagem, com uma cortina de estrelas, um
cetro, puxada por dois cavalos ou esfinges, de cores branca e preta.
Podemos considerar que a cortina de estrelas
representa nossas idéias, o cetro representa uma
ferramenta de concentração e irradiação de força e
energia, a carruagem representa nossas qualidades
e habilidades, a armadura representa o corpo de
conhecimento e os cavalos ou esfinges representam
aquilo que nos motiva ou impulsiona.
É uma carta de conquista de novos
territórios e de expansão de nossa realidade. Este
arcano nos auxilia em nosso processo de co-criação.
Sabemos hoje que nossas formas mentais têm uma
força de construção, desde que nossos bloqueios
estejam trabalhados e que as forças contrárias
sejam neutralizadas ou contornadas.
Não adianta apenas imaginarmos e observarmos
7. O Carro os sinais, precisamos agir quando é chegado o
[Tarot Balbi]
tempo. Somos puxados pelos nossos desejos e
crenças, simbolizados pelos dois animais.
A armadura de nosso conhecimento nos protege. O cetro mostra o poder
que emanamos, seja magnético ou irradiante.
Vamos construir um mundo melhor.
Quando pensamos no numero sete, podemos pensar nas cores de um
arco-íris, a ponte entre o profano e o sagrado; podemos pensar nas sete
notas musicais, sentindo a musica da criação; nos sete chacras,
possibilitando a viagem de nossa consciência pelas diversas dimensões da
experiência. E assim vamos vivendo, nos movimentando e expressando
nossos seres.
8. A Justiça
Uma dama sentada, com uma roupa vermelha, entre duas colunas, com
uma balança de dois pratos em uma das mãos e uma espada na outra. Pode
ser considerada uma carta que busca o equilíbrio e a integração de
polaridades nas relações de todos os níveis.
Sempre que procuramos avaliar ou interagir com
uma pessoa ou uma situação, o fazemos a partir de
um sistema de crenças, de expectativas que
alimentamos e daquilo que valorizamos. Esta
modelagem ou programação pode ser considerada
um dos pratos da balança em nosso arcano.
A balança serve para medir e pesar e as balanças
de dois pratos tinham em um dos lados, pesos que
serviam como modelo e no outro era colocada a
mercadoria avaliada, procurando chegar ao
equilíbrio entre um e outro, procurando o justo, no
sentido de ajustado ou sintonizado. Podemos nos
lembrar também que na procura do equilíbrio às
vezes se aumentava ou diminuía a mercadoria
(atuação assertiva sobre nossas experiências,
através de uma atuação limitadora ou liberizadora,
8. A Justiça conforme o caso) e em outras se modificava o peso
[Tarot Balbi] (redimensionando nossas expectativas, nossos
sistemas de valores ou nossa programação).
No símbolo é a espada que processa estas diversas modificações, que
simboliza nossa mente, nosso discernimento e nossos decretos. As colunas
mostram que este trabalho se processa em diversos planos, como no nível
físico, sexual, emocional e mental.
Tive uma vez uma experiência que me ampliou bastante a idéia deste
arcano: fui conduzir um trabalho, juntamente com outros profissionais, em
uma chácara perto de São Paulo, ao lado de uma pedreira. Chegamos á
noite, no dia anterior do inicio do trabalho. Não conseguia dormir; tinha a
nítida sensação que havia serezinhos agitados e bem pequenos que não
queriam me deixar em paz. De repente, ouvi nitidamente uma voz
dizendo: Cuidado! Ele é um dos justos! O outro respondeu, satirizando-o: Só
se for justo para os animais! Ficou claro para mim que não tinha me
harmonizado com a energia da casa e que me consideravam uma espécie de
invasor; e também que os justos bíblicos eram aqueles seres integrados e
sintonizados, considerados a coluna do mundo.
Os acordos e pactos são importantes para que possa haver boas trocas de
energias, assim como a coragem de romper acordos que deixaram de ser
justos, aceitando o preço do rompimento. Não por acaso, na oração do
Cristo, clamamos ao Pai pela liberação de nossas dividas cármicas, assim
como nos comprometemos a liberar a nossos devedores, desta forma nos
livrando de miríades de laços que nos aprisionam, independentemente do
lado que ocupamos. Sintetizando, a Justiça representa o equilíbrio, a justa
medida em todas as relações e trocas de energias; até onde pode ir à
liberdade e onde deve haver limites; até onde podemos ceder às expectativas
e vontades dos outros em relação a nós e onde devemos ser firmes para que
nosso espaço seja respeitado, da mesma forma que estaremos procurando
respeitar os espaços dos outros. A maestria da força deste arcano é muito
importante para que se estabeleçam as corretas relações humanas e
planetárias, por mais difícil que seja.

9. O Eremita
Um ser idoso, andarilho, com um cajado e uma lanterna. É aquele
quebusca a verdade das coisas lentamente, porém com firmeza e
perseverança. Sabe esperar. Sabe subir a montanha, olhando o mundo com
uma perspectiva mais ampla. Perguntaram a um sábio sobre uma verdade
que se aplicasse a qualquer situação, e ele respondeu com simplicidade: –
Isto também passará.
Muitas vezes nos perguntamos sobre o sentido da vida em um sentido
geral e de nossa experiência de uma maneira particular
Sentido tem a ver com direção, propósito e
significado. Tem a ver com padrão de redes.
Existem algumas posturas filosóficas que conduzem
a determinadas visões: uma diz que tudo que existe
é vontade de Deus e que tudo o que nos resta é
aceitar seus decretos através de seus
representantes; outra nos diz que a história
humana segue algum curso inexorável, baseado em
um processo dialético de atividade humana; outra
linha afirma que tudo é ilusão, e que devemos
procurar o espaço interior; outra nos afirma que é o
homem que forja seu destino e que deve lutar por
ele com tenacidade; outra nos afirma que nada tem
sentido e, por isto, temos que procurar viver o
momento pelo momento, pois a vida é uma só;
outra, ainda, nos diz que devemos, sim, viver o
9. O Eremita momento, não porque não existe um sentido, mas,
[Tarot Balbi]
sim, porque só poderemos contar com o presente
para nossa ação; estas entre muitas outras
correntes.
Podemos visualizar estas linhas em dois grandes grupos: um grupo
enfatiza a importância do esforço humano na criação de seu destino e outro
enfatiza a importância do reconhecimento, aceitação e adaptação de
situações pré-estabelecidas ou de poderes exteriores a ele mesmo. Todas
têm uma parte da verdade.
O Eremita é um grande pesquisador. Com a luz da lanterna de sua
consciência; com o cajado de seu poder sobre o físico, emocional e mental;
caminha incansavelmente por todas as verdades, sem negar a nenhuma, mas
sem aceitar cegamente a nenhuma, pois a luz única está decomposta em
múltiplas cores; e a verdade única refletida em miríades de focos da
consciência.
O Eremita procura por todas as substâncias brutas para encontrar as
verdadeiras jóias, sem nunca se esquecer que existem jóias de diversos
matizes, como também impurezas das mais diversas ordens. A prova dos
nove fora, lembrando-nos que nove é o número do Eremita, procura tirar
todas as roupagens de um número para que ele mostre sua natureza
essencial. Esta é a força do conhecimento.
Por exemplo, nasci em 4 de 9 de 1949, 4 + 9 + 1 + 9 + 4 + 9 = 36; 3+6
= 9, portanto meu número de trabalho é 9 nesta vida.
Quando o rei Arthur adoeceu depois de ter sido traído e renunciado à sua
espada ou vontade de lutar, os cavaleiros saíram em busca do Santo Graal,
que poderia curar o rei e restaurar o reino. De certa maneira, cada cavaleiro
encontrou seu caminho nessa busca. O caminho, a busca e o encontro são
todos importantes, e isto em diversos reinos e mundos, pois muitas são as
moradas do Pai. Com Arthur em Avalon, podemos nos credenciar à espada
junto com a dama do lago. O reino está novamente afligido, invadido, e o
verdadeiro Reino dos Céus deve ser restaurado neste plano. Só que, desta
vez, Arthur irá se fundir com Merlin, seu eu superior.
Quando o Eremita sai em uma leitura, indica que o processo em questão
caminha, porém com lentidão; e que devemos olhar com atenção para
separar o joio do trigo. E, também, que quando aprendemos bastante, temos
o dever de ensinar para que o conhecimento não se deteriore e não se volte
contra nós.
10. A Roda da Fortuna
A Roda da Fortuna mostra, em primeiro lugar, uma roda ou um círculo. É
aquilo que gira e se movimenta, com seus altos e baixos, com suas diversas
experiências relacionadas e um determinado tema de nossa vida. No início de
cada processo muitas vezes não sabemos muito bem para onde estamos nos
dirigindo. Muitas vezes cheios de esperanças e expectativas, mas também
alimentando muitas ilusões. No período representado pela Roda da Fortuna,
já não podemos alegar inocência.
Muitas vezes ficamos presos a determinadas
situações, com padrões de altos e baixos que se
repetem inúmeras vezes. Podemos chamar este
aspecto de círculo vicioso ou rodar em círculos.
Acontecem em inúmeras situações, nos mais
diversos tipos de relações. De outro lado, podemos
observar também que temos círculos de amigos, as
diversas formas de associações e agrupamentos,
que podem ser entendidos como círculos ou, ainda,
completar um processo em nossas vidas, quando
encerramos ou realizamos alguma coisa depois de
uma geralmente longa história. Podemos entender,
ainda, um círculo como uma idéia de perfeição e
equilíbrio, e a alquímica quadratura do círculo
procuravam unir o transcendente com o mundano,
à semelhança do trazer o reino dos céus à Terra dos
10. A Roda da Fortuna templários.
[Tarot Balbi]
Quando aparece este arcano, podemos estar
certos de que estamos em um momento de
conclusão.
Será que encontramos o que esperávamos e, por isso, nos sentimos
realizados e dispostos a continuar neste caminho? Ou será que perseguíamos
uma ilusão, um fogo-fátuo, e tivemos uma verdadeira tomada de consciência
de que é melhor seguir um outro caminho?
No início de qualquer atividade humana, raramente temos uma boa noção
para onde estamos nos dirigindo e com o que teremos que lidar. Isto não
acontece quando somos experientes. Mas mesmo a experiência deve ser
invocada com cautela, para não ficarmos presos ao passado.
Podemos então fechar uma Gestalt, podemos perceber: é isso aí!
Até certo tempo atrás, achava que a Roda da Fortuna estava
invariavelmente ligada ao sucesso e à realização. E, de fato, uma visão clara
não deixa de ser uma forma de realizações, mas o fato é que nem sempre
bate com nossas expectativas iniciais. Um sinal disto, no baralho de Waite, é
que os seres nos cantos parecem meio etéreos, não totalmente formados,
enquanto que no Mundo os mesmos seres já estão plenamente formados. É
interessante também notar que eles estão lendo um livro, como se
estivessem ainda aprendendo.
Neste estado de nosso desenvolvimento já podemos ter a compreensão de
que tudo que percebemos em nosso exterior tem alguma coisa a ver com
nossos estados interiores. Enquanto que, no Mundo, podemos com maior
facilidade exercer nossos poder radiante, fazendo com que o exterior
responda às nossas disposições interiores.
Existe mais uma indicação importante neste arcano: pode ser um bom
momento de decisão ou de uma resposta bem aguardada. Podemos sair do
círculo; podemos completar o que tínhamos começado; uma resposta virá de
uma maneira ou de outra; ou podemos continuar neste caminho, com maior
consciência. Está em nossas mãos.

11. A Força
Se refletirmos um pouco, todos os arcanos expressam algum tipo de força.
O Mago expressa a força da criatividade; a Alta Sacerdotisa a força da
sensibilidade e compaixão; a Imperatriz a da natureza; o Imperador a da
autoridade racional; o Hierofante a espiritual e de cura; o Enamorados das
decisões; o Carro a força de conquista de novos espaços; a Justiça do
equilíbrio nas relações; o Eremita a da busca; a Roda da Fortuna a de
completar um ciclo; do Enforcado da doação, dedicação e sacrifício; a Morte
da transformação; a Temperança da harmonização; o Diabo do desejo
intenso; a Torre da liberação; a Estrela da revelação e inspiração; a Lua da
imaginação e de nosso arquivo emocional; o Sol de nossa auto-expressão; o
Julgamento da aceleração de freqüências, o Mundo de nossa obra e o Louco
de nossa entrega e total desprendimento.
Por que, então, um arcano específico que fala da força? Simplesmente
porque mostra como acessar qualquer força que se faça necessária na
circunstancia considerada.
Alcançamos a Força ao conseguirmos harmonizar
e integrar nossos desejos, nossas emoções e nossa
mente com a energia de nossa alma.
Uma personalidade integrada pode se abrir como
uma flor de lótus à energia divina. O ego pode ser
entendido como um foco aglutinador de nossas
identificações que poderíamos chamar de complexo
de identidade, com a função inicial de simplesmente
sintonizar e ajustar o fluxo de nossas disposições
internas com as condições externas, uma espécie de
termostato psíquico. Evidentemente, ele ultrapassou
de muito os limites da função para que foi criado,
surgindo daí o sentimento de separação, pois sua
função é justamente comparar tudo com tudo,
perceber as diferenças (o que continua fazendo
muito bem), para depois procurar equalizar (o que
11. A Força tem procurado fazer por diversas formas de
[Tarot Balbi]
manipulação), o que se não for feito dentro do
principio do amor e do respeito à toda criação, gera
desarmonia e isolamento.
Houve uma tomada de consciência de que isto precisaria ser equilibrado e
as antigas escolas e centros de formação religiosos e militares procuravam
disciplinar o ego através da quebra da vontade, a qualquer custo. Não foi
uma idéia muito boa. Até hoje podemos perceber estas atitudes na maneira
como ainda muitos educam suas crianças, como a maior parte das pessoas
domam seus cavalos (com saudável exceção das escolas de equitação
modernas, onde pode se perceber que os cavalos são extremamente
sensíveis e cooperam muito mais quando tratados com suavidade e
equilíbrio), e nas diversas formas de manipulação através da disciplina
rigorosa e culpa.
Esta atitude é simbolizada por Hercules que matava o leão da Neméia, ou
São Jorge matando o dragão da Lua. Hoje, felizmente, não mais precisamos
matar o leão ou o dragão. Podemos apenas orientá-los, como a suave dama
com o infinito em sua cabeça que delicadamente repousa suas mãos na boca
do Leão; ou o menino que monta o dragão celeste na “Historia sem Fim”.
Esta é a melhor maneira de desenvolvermos nossa criatividade e força,
amadurecer nosso sentido de pessoalidade, e orientarmos nossas crianças
internas e externas de uma maneira muito mais natural e saudável, sem
traumas e criando condições e dando suporte para o pleno florescimento de
cada ser.
Hoje podemos perceber que a antiga maneira tornava os seres
demasiadamente passivos ou perigosamente rebeldes; perdiam o brilho e se
tornavam neuróticas e o aspecto natural ou selvagem era reprimido e suas
manifestações satanizadas, isto é, excluídas de qualquer possibilidade de
aceitação e integração.
O mal foi projetado nas bestas, nos marginais, nos loucos, nos inimigos de
diversas ordens, criando um grande desserviço à consciência de que
trabalhamos em rede, e o que afeta uma parte, afeta a todas, e o que
negamos em algo ou alguém, negamos também em nos mesmos e a nos
mesmos. Todos e tudo são nossos outros eus, e é chegado o momento de
abraçarmos qualquer realidade, e então, só então, nos movimentarmos
criativamente e prazerosamente de acordo com nosso intento, que é nossa
verdadeira força.
Estamos começando a mudar. Estamos começando a nos relacionar de
uma maneira mais humana com nossos animais e a entendê-los melhor; está
começando a haver uma maior ênfase na criatividade, motivação e vocação;
estamos revendo os conceitos de insanidade, inclusive revalorizando os
estados alterados de consciência, deixando de taxar automaticamente como
patológico muitas de suas manifestações, estamos começando a rever nossa
relação com a Natureza. Estamos apenas no inicio de uma revolução
aquariana de consciência, como já podemos percebê-la.
Agora estamos prontos para o viver e deixar viver, trabalhar nossa auto-
expressão em perfeita sinergia com nossa consciência de grupo.
Astrologicamente isto tem muito a ver com o eixo Leão-Aquário.
12. O Enforcado
Uma pessoa pendurada em uma arvore por um pé, o outro pé cruzado, em
uma posição claramente não confortável, porem com uma expressão
tranqüila. Uma carta de dedicação e sacrifício, e a luz em sua cabeça
mostram que na maioria das vezes por altos ideais.
Existe uma parábola na Bíblia que ao explicar aos
discípulos a noção de próximo, teria o Mestre dado
o exemplo de uma viajante à beira da estrada em
dificuldades. Teriam passado diversas pessoas, de
diversos níveis sociais e culturais, até alguém ter
parado e prestado ajuda. Este é o próximo.
Quando procuramos ajudar alguém, a primeira
pergunta que devemos nos fazer é se esta ajuda
está dentro de nossos limites, pois se não estiver a
nossa cobrança poderá ser alta. Existe uma lei
cósmica que o Universo nos devolve aquilo de
doamos generosamente, mas isto é verdadeiro
apenas sobre a energia que realmente dispomos e
não sobre aquela que está comprometida de alguma
forma. A segunda pergunta que podemos nos fazer
12. O Enforcado é se esta ajuda será suficiente, em primeiro lugar; e
[Tarot Balbi]
em segundo, se não criará uma relação de
dependência.
Muitas vezes nos perguntamos do que adianta procurarmos ajudar os
necessitados, pois não passa de uma gota d’água no oceano. Gosto de me
lembrar do relato daquele senhor que, em uma praia repleta de estrelas do
mar que não tinham acompanhado a maré, havia um menino que as jogava
no mar. Ele comentou: “Mas são muitas! O que adianta este esforço se
muitas ficarão de fora?” Ao que o menino respondeu: “Pelo menos estou
fazendo minha parte.” Conta o relato que a partir daquele momento, os dois
passaram a devolver as estrelas ao mar.
Outra justificativa que freqüentemente fazemos é que está tudo tão difícil
que não temos nenhuma sobra de energia para ajudar alguém. Não é
verdade; sempre temos alguma sobra em algum nível. Pode ser tempo,
conhecimento, atenção amorosa, cura psíquica, alimentos, dinheiro, contatos,
aconselhamento, trabalho voluntário, companhia, e inúmeras outras formas.
Se não conhecermos ninguém que não estiver necessitado do tipo de energia
que podemos oferecer, podemos procurar neste mundo carente alguém que
estará.
Outra duvida que nos ocorre é se a pessoa estará falando a verdade ou
não. Poderemos nos dar ao trabalho de investigar; se a pessoa estiver
pedindo ajuda para comprar remédio, porque não ir até à farmácia e
comprar? Se a pessoa estiver mentindo, simplesmente não nos
acompanhará. Se for um empréstimo, que esteja dentro de nosso limite, e se
ela não cumprir o prometido, simplesmente não abriremos novo crédito. O
mercado financeiro nos cobra taxas extorsivas de intermediação, e será
muito bom se conseguirmos em algum de nossos serviços profissionais, e não
puder acompanhar nossos preços, podemos facilitar ou reduzir o pagamento
para esta pessoa especifica. E como saber que esta pessoa não tem o espírito
de “levar vantagem em tudo” ou está desvalorizando nosso trabalho?
Podemos sentir o que faz parte da força deste arcano e mostrar nossos
limites.
Existe muito a fazer e muitas soluções a serem encontradas. Se muitos
começarem a fazer o máximo dentro de suas possibilidades e meios, sem
esperar pela ação dos outros, e começarem imediatamente, sem os diversos
“se acontecer isto ou aquilo, então aí sim...”, será o suficiente para mudar o
mundo. Devemos começar a resgatar nossa responsabilidade com o planeta e
nosso próximo a partir das condições atuais e não esperar por situações
ideais, que nunca chegarão se ficarmos parados.
Quando este arcano sai em uma leitura, nos mostra uma situação de
sacrifício e sempre devemos nos perguntar se queremos ou podemos entrar
nessa situação. Astrologicamente falando, parece representar o eixo
Virgem/Peixes. A Força ao lado do Enforcado nos mostra que podemos, sim,
nos dedicar aos outros, desde que tenhamos a força suficiente para entrar e
sair da situação de forma que o sacrifício não seja excessivo. Mostra também
que quando estamos fortes estamos prontos para nos doar aos outros. É a
idéia da proximidade.
13. A Morte
Entre o termino de um ciclo e o início de outro, existe um espaço que pode
ser chamado momento de passagem ou de transformação profunda,
simbolizado pelo arcano da Morte.
Em nossos processos normais, sempre temos alguma coisa a fazer,
resolver, ou mesmo nos preocuparmos.
Nos momentos de transformações, como da
ocasião de uma perda importante, de um
fechamento de qualquer ciclo como o termino da
faculdade e antes de encontrar um emprego; no
período de adaptação logo após um casamento ou
uma separação; no momento de ser despedido; no
conhecimento de uma doença grave nossa ou de
alguém extremamente próximo; situações em que
nos sentimos totalmente desamparados, impotentes
e fora de controle das coisas, muitas vezes não
existe nada a fazer.
O desafio é justamente entregarmos-nos e
confiarmos no vazio da transformação, onde
poderemos atravessar uma verdadeira revolução de
consciência e sairmos regenerados e engrandecidos,
13. A Morte prontos como bebes para a nova fase, ou, ao
[Tarot Balbi]
contrario, com uma grande perda de energia
psíquica quando nos fixamos em nosso medo e dor.
Nossa cultura trabalha mal a sensação de vazio, o medo e as incertezas; e
assim normalmente temos muita dificuldade em atravessar estes períodos,
sentindo-nos solitários, infelizes e perdendo uma enorme energia psíquica. O
ciclo completo é vida, morte e renascimento. Saímos de uma experiência,
passamos por uma profunda transformação e entramos em um outro ciclo de
experiências.
Existem diversos símbolos na Natureza que representam esta transição,
como por exemplo, as seivas (energia vital) das plantas descem para as
raízes (fundamentos) no inverno, tirando a energia das folhas e galhos,
sendo um bom período para a poda dos galhos que estão mais fragilizados,
que são muitas vezes aqueles que mais produziram no ultimo ciclo. Na
primavera as energias voltam à expressão com toda força. Quando um ser
humano se identifica ou fixa-se em demasia com o que perde, assemelha-se
a cortar um galho com seiva, quando há perda real e não apenas aparente de
energia.
Temos nestes momentos que aprender a nos recolhermos à nossa essência,
passarmos por uma profunda reflexão simbolizada pelo vazio ou fogo da
transformação, e à semelhança de Phoenix, o pássaro mítico, renascermos de
nossas cinzas.
Outro símbolo é a lagarta que se transforma em borboleta. Durante o
tempo de lagarta ela provoca muito mais destruição do que construção.
Durante sua fase de borboleta, com sua função de polinização, ela repõe com
folga o que destruiu, alem de irradiar beleza e harmonia com suas cores e
ensinar a confiança radical na existência, entregando-se ao sabor do vento.
A lagosta muda de tempos em tempos de casca, quando de recolhe em uma
toca, e apesar de vulnerável é quando se prepara para uma nova fase de
crescimento.
Como fomos acostumados a controlar todas as situações, nos sentimos muito
aflitos quando entramos em uma fase de incertezas. Porém é exatamente
nestes momentos que podemos dar enormes saltos de consciência. Se
estivermos centrados, procurando o silencio interior e em comunhão com
nossa alma, saímos destas experiências, transformados, como um novo ser.
Recebemos a benção do Graal, como no mito dos cavaleiros da Távola
Redonda.
Todos os xamãs nos ritos de passagens encontram a experiência da quase
morte, que é a entrega à Força Maior. Na experiência do Graal, o ultimo
passo é sobre o abismo, a noite escura da alma, aonde eventualmente
chegamos a desenvolver a confiança radical. São muitos os que desistem
neste momento, e precisam começar tudo de novo. Na Cabala, a misteriosa
esfera de Daath pode ser considerada o teto do inferno e o chão do paraíso.
Existe ordem até no aparente caos. Não precisaria ser tão doloroso, o que
torna este processo tão doloroso são nossos apegos. No Tibet existe toda
uma tradição de como lidar com estes momentos, chamado de Bardo, e
passam toda uma vida preparando-se para isto.
Na prática quando temos uma sensação de vazio, perda, medo ou pânico,
o caminho é não tentar controlar, resolver ou mesmo entender esta situação,
pois nenhuma de nossas funções emocionais e mentais consegue operar
neste nível de freqüências, mas abrirmos-nos para a Presença divina,
Shekina, através da entrega total.
Por enquanto vocês podem receber estas idéias como sugestões ou
hipóteses de trabalho, mas garanto que muitos já têm esta experiência
assimilada. Quando uma pessoa consegue operar neste nível, sua presença
torna-se fortemente magnética e curadora.
Quando no Tarô sai a Morte, dificilmente é uma grande morte, mas talvez
uma das centenas ou mesmo milhares de transformações e mudanças que
acontecem em nossas vidas, todas potencialmente importantes e
reveladoras. Nosso planeta está também atravessando um destes períodos e
por isso todos são afetados fortemente por esta experiência.A Roda da
Fortuna junto com a Morte nos ensina que encerrado um ciclo podemos nos
entregar ao período do vazio da transformação, ao fogo criador, conservando
apenas a Presença, sabendo que a Vida, ressurgindo das cinzas, mas uma
vez virá em todo seu esplendor.
14. A Temperança
No Tarô existem três arcanos que estão diretamente relacionados com o
equilíbrio: o Hierofante, a Justiça e a Temperança.
No Hierofante, o equilíbrio vem através da maestria sobre os cinco
elementos, com a conseqüente integração do físico, emocional, mental e
energia motivacional pelo espiritual, permitindo, dessa maneira, a cura e
expressão em diversos níveis.
No arcano da Justiça, o equilíbrio se dá através
do muitas vezes difícil ajuste nas relações,
trabalhando-se desta forma as crenças,
expectativas, limites, resistências e experiências. É
um processo dinâmico e intenso.
Na Temperança, o equilíbrio chega junto com a
paz e harmonia. Traz, sempre que aparece em
uma leitura, a indicação de que haverá uma ordem,
que tudo estará bem, que podemos nos tranqüilizar
ou, simplesmente, nos sugerindo umas férias ou um
repouso. Poderemos nos abrir ao poder curativo do
Universo.
Em tempos muito antigos, que fugiram à
memória do homem atual, existia uma ordem
natural em que o alto vibrava em ressonância com o
14. A Temperança baixo, onde a experiência da criação se fundia com
[Tarot Balbi]
a do Criador, em que a Vontade do Pai atuava na
Terra como nos Céus.
Esse equilíbrio, porém, foi rompido no aspecto lunar da experiência
humana, ameaçando o aspecto solar.
Como verdadeiramente havia o perigo de contaminação, a Terra foi
colocada em uma espécie de quarentena, abaixando sua vibração através,
primeiro, de uma barreira de freqüência e, finalmente, através de uma
desconexão de uma rede de energia planetária e humana, chamada de rede
axial nos humanos. Esta etapa final foi catalisada por um grupo de mestres
ancestrais de uma civilização que deu origem aos maias, há cerca de 12.000
anos, deslocando também o eixo da Terra.
Agora, este mesmo grupo está presente para reativar as linhas, e esta
reconexão é um processo que se dá em diversas dimensões, em direta
sintonia com a atenção do Criador e afeta a tudo e a todos. Estamos nos
dirigindo do isolamento para a união. Isto estará sendo possível porque
descobrimos o antídoto para toda a negatividade, que é oferecer um abraço
amoroso, inclusive para o negativo ou o que nos causa dificuldades. Assim,
nossa luz não se entristece. Somos seres de feixes luminosos, inicialmente
flexíveis e interativos, por uns bons tempos rígidos e secos, e partir desta
nova compreensão nos dirigindo novamente a um estado de fluidez e
harmonia.
Hoje sabemos que poderemos atravessar situações extremas sem perder a
esperança quando conseguimos manter uma visão do processo. Esta visão
vem da confiança e certeza de que em algum tempo, em algum lugar, tudo
estará certo. A Temperança nos mostra como nos sintonizar com esta energia
agora e encontrarmos a confiança e a paz, a verdadeira paz. Alguns guias
nos falam que este é o verdadeiro encontro de nossos seres passados com
nossos seres futuros no foco do agora, em termos de freqüências e energias,
simbolizado pelo fluído que percorre as taças seguras pelo anjo.
No símbolo, no baralho de Waite, poderemos perceber um disco solar na
cabeça do anjo, revelando sua conexão com o eu superior; um triângulo no
peito, um símbolo de integração que um de meus guias, muito ligado a um
dos aspectos da Mãe, me sugere que também pode significar paz, amor e
harmonia; o lago e a terra, o racional e o emocional; flores amarelas,
simbolizando o plexo solar; a montanha da aceleração das freqüências e, são
claro, os cálices, trazendo o encontro do passado com o futuro através do
presente, formando um símbolo que lembra o signo de Aquário.
O Eremita junto com a Temperança nos mostram que só tem sentido o
esforço da busca em harmonia com a arte do encontro. Existem muitos
buscadores abnegados que nunca se permitem perceber que o verdadeiro lar
é exatamente o lugar e o momento em que estão, a base orgânica de sua
presença.
15. O Diabo
Quantos não estiveram envolvidos em situações de desejo intenso,
ficando cegos para qualquer fragmento de razão? Quantas vezes não ficamos
tão preocupados e ansiosos que ficávamos atormentados por imagens
terríveis? Quantas vezes já sufocamos ou fomos sufocados? Quantos já
sofremos pelas dores do amor? Mas, Deus e de nossos momentos de quase
genialidade criativa, de nossos momentos absolutamente mágicos, dos
encantos de nossos animais internos, de nossa força selvagem, de nossos
maiores aventuras, de nossa total falta de limite?
Cavalgar o dragão voador é nossa maior aventura e nosso maior risco.
Todos os arcanos têm uma raiz divina e o Diabo
não foge à regra. Só que durante muito tempo,
tempo demais, sua força foi mal usada. Quer por ter
sido mal usada como poder manipulador e
obsessivo, escravizando grande parte da
humanidade, quer por ter sido banido e
anatemizado, tornando-se muito mais perigoso. Não
acensionaremos sem integrarmos nossa sombra,
pois ela tem a chave de nosso poder. Podemos nos
lembrar que sua face mais escura está nos olhos
dos que julgam.
Não é uma energia a ser negada, mas não
devemos nos descuidar. É aconselhável lidarmos
com cuidado, como de resto todas as forças
verdadeiras.
Podemos pensar que a expressão crística “vade
retro, Satã”, “para trás, Satanás”, signifique de fato
15. O Diabo um decreto para que se coloque atrás dos passos
[Tarot Balbi] crísticos e não que desapareça. É muito mais uma
questão de essência e forma, centro e periferia do
que de banimento.
No mito de Prometeu, assimilado a Lúcifer, por Blavatsky, este foi
acorrentado à rocha, um dos símbolos da materialidade regido por Saturno e
por Satã, seu aspecto-sombra; não tanto por ter trazido o fogo dos deuses
aos homens mas, antes, por ter faltado com a medida ou equilíbrio. Podemos
nos lembrar que, de dia, ele tinha seu fígado comido por uma ave de rapina,
mas, à noite, se curava, podendo sugerir que em dimensões superiores sua
energia mantinha sua conexão divina; e em uma das vertentes do mito foi
libertado por Quíron, em heróico e amoroso ato de sacrifício, quando ocupou
seu lugar. Se a energia do amor ocupa nossos corações, eventualmente a
energia da serpente pode ascender, depois de ter sido condenada, por tanto
tempo, a se arrastar pelo chão.
Quando aparece em uma leitura, sugere uma energia muito intensa que
precisa ser cuidada e equilibrada com muita atenção para que não seja
destrutiva.
A Justiça e o Diabo nos mostram que se, de um lado precisamos de
equilíbrio e harmonia para lidar com nossos fogos internos, de outro muito
equilíbrio sem energia não nos leva a lugar algum. Podemos ter uma imagem
de um cavalo muito fogoso que, se de um lado não podemos prender
completamente as rédeas para não empinar, de outro não podemos soltar
totalmente as rédeas para que não dispare, pois cairíamos de uma forma ou
de outra. O cavalo irá sempre nos testar, mas quem está conduzindo quem?

16. A Torre
Uma torre sendo atingida por um raio que lhe arranca o topo coroado;
duas pessoas, o senhor e o servo caindo. Destruição de nossos projetos que
já cumpriram suas funções ou não atingiram força cinética de sustentação;
decepções e queda de nossas fantasias sem base real; liberação de nossos
bloqueios e abertura de nossas defesas, mudança de paradigmas.
Muitos procuram se proteger isolando-se em uma torre de marfim. Ou
procuram se apoiar excessivamente em um relacionamento ou projeto de
vida, ou procuram isolar-se para evitar contatos pelo medo do sofrimento e
incertezas.
Nossa alma parece uma criança, não gosta de
coisas paradas ou estagnadas. Se nos falta a
habilidade ou disposição para continuamente
oferecermos ou até mesmo reconhecermos novos
projetos que possibilitem uma expressão de nossos
seres interiores, nossa alma pode se desinteressar
pela brincadeira, retirando sua chama, ou, muito
melhor, provocar uma mudança dramática no jogo,
criando com este choque pelo menos uma
oportunidade razoável para nosso despertar.
Quer estejamos conscientes ou não, temos um
compromisso com o Criador, de focalizarmos nossas
melhores energias na concretização de nossos
sonhos que estejam alinhados com a energia do
Centro. O resultado até importa menos do que
16. A Torre nossa energia projetada, pois em algum tempo, em
[Tarot Balbi]
algum lugar, ela irá aterrissar, se for firme, intensa
e radiante.
Mas, para tanto, precisaremos encontrar coragem e desprendimento para
nos soltarmos de nossos bloqueios e amarras, liberando-nos muitas vezes de
situações viciosas. Normalmente é bastante difícil aceitarmos as perdas, as
mudanças e decepções; mas é sempre importante para que possamos estar
preparados para novos passos sem a escravidão do passado. O raio é uma
energia dinamizante e libertadora do passado; é uma energia que vem dos
céus. Tenhamos este reconhecimento, por mais destruidor que pareça. Ao
lado de seu aspecto destruidor, traz a semente do novo.O Carro junto com a
Torre sugere a libertação e destruição de antigos padrões e manifestação
do novo.
17. A Estrela
Dos pontos que recebemos maior quantidade de impressões, os mais
próximos e diretos são o Sol e a Lua. Mas quem já não ficou maravilhado
com a beleza de uma noite estrelada, com a sensação de imensidão, de
profundidade e de unidade? Nesses momentos, parece claro que o Universo
canta e, se estivermos bem abertos, poderemos receber uma mensagem.
Imagine que...
...de toda esta imensidão, em perfeita harmonia
exista um ponto, talvez apenas uma estrela, que
seja um foco de conexão maior.
...que este ponto seja o foco orgânico de
manifestação de nosso Espírito...
...que haja um grupo, talvez um pequeno grupo
de estrelas, eventualmente apenas oito, que seja o
foco de nossas almas companheiras, visíveis e
invisíveis...
...que a todo o momento recebemos orientações,
intuições, direcionamentos, padrões de freqüências,
sendo apenas necessário que possamos nos abrir e
permitir este contato.
Este arcano mostra uma mulher despida, com
um pé no lago e o outro em terra firme, com dois
17. A Estrela jarros derramando um líquido; um jarro sobre a
[Tarot Balbi] água, que derrama uma quantidade maior e outro
que derrama uma quantidade menor sobre a terra.
Podendo imaginar que a água representa nossas emoções e a terra nosso
lado racional, poderemos ver que a intuição alimenta com maior abundância
nossos sentimentos, emoções e imaginação, desde que estejam tranqüilas
como um lago; mas também derrama energia no lado racional. As estrelas
mostram as conexões cósmicas.
Uma pergunta que me fazem sempre é como poderemos perceber se é
uma intuição real ou uma ilusão a impressão que nos chega. Bem, a resposta
final será quando conseguirmos perceber a assinatura de freqüência daquela
idéia, que é uma sensação muito sutil de leveza, confiança e certeza internas.
Enquanto isso poderemos confiar em nossos sentimentos temperados por
nossa razão, procurando passar por um processo de aceleração, como
indicado na carta do Julgamento.
Quando aparece a Estrela em uma leitura, ela nos mostra que poderemos
confiar naquele caminho, naquela idéia ou no que aquela pessoa está
sugerindo ou representando. É, também, uma carta de esperança. Indica,
também, trocas de energias inter-dimensionais.
Os Enamorados, complementando a Estrela, nos aconselha a ouvirmos a
voz de nosso interior e de nossa criatividade, acreditarmos nela, efetuarmos
a decisão e a colocarmos em prática.
18. A Lua
Temos neste arcano, a representação de um lago; de um caminho que
relaciona o lago com a montanha; dois cachorros ou lobos; duas torres; um
caranguejo e a própria Lua, gotejando o que pode ser sangue.
O lago, em termos psíquicos, pode representar o território de nossas
emoções; o caminho conectado com a montanha, nosso consciente; as torres
nossos projetos; os lobos ou cachorros, nossos censores e o caranguejo uma
espécie de mouse ou foco de atenção.
Ficava com peninha de o caranguejo ter que
subir a estrada, quando me lembrei que ele anda
para trás, lidando com assuntos passados na
medida em que entra no lago das emoções.
Se pensarmos que cada vez que temos uma
frustração não integrada, sonhos não realizados ou
mal resolvidos, paixões e emoções intensas não
harmonizadas e isto provavelmente por varias
vidas, poderemos ver como nosso ser está
fragmentado e o trabalho que teremos para juntar
nossos cacos. Felizmente, todos estes focos criam
padrões intermitentes de manifestação, trazendo
situações da mesma freqüência para que possam
ser curados, o que nem sempre fazemos. Uma das
funções da Lua é ser guardião de toda nossa
bagagem psíquica e ciclicamente trazê-la à nossa
18. A Lua consciência. Enquanto não fizermos isto, estaremos
[Tarot Balbi] perdendo energia e vitalidade, simbolizadas pelas
gotas de sangue.
A Lua funciona também como filtro de impressões. Se imaginarmos que
tudo que os outros emanam a nosso respeito, bom ou mau, chega ao nosso
campo áurico, poderemos imaginar o quanto nossa percepção consciente
estaria sobrecarregada, se tivesse acesso direto a todas estas impressões.
Mas estas impressões não se perdem, ficam armazenadas no limiar de nossa
consciência, até que nos posicionemos em relação a elas, com a atenção
equilibradora do Hierofante, o que nem sempre fazemos; tendo como
conseqüência a energia psíquica não trabalhada caindo de vibração, criando
uma espécie de poluição. De outro lado, também não gostaríamos que os
outros soubessem tudo o que pensamos e sentimos a seu respeito, e a
função da Lua atua como filtro também nesse sentido. Não deixa de ser uma
forma de proteção.
Ela modula aquilo que queremos passar ao nível da receptividade de quem
está recebendo. Nem sempre é saudável passarmos todas nossas impressões
sobre os outros ou toda a informação que temos disponíveis e precisamos
sintonizá-la com quem a recebe.
Representa também a função da imaginação e visualizações e estamos
cada vez mais conscientes como esta função é importante na criação de
nossa realidade e nas comunicações intra-psíquicas.
O limiar entre mundo mágico e concreto, muito percorrido em todas as
formas de magia, é simbolizado pela Lua.
Ainda dentro deste rico arcano poderíamos falar de canalizações. Sem
entrar em grandes detalhes, que não é o objetivo aqui, estou convencido que
sempre existe uma relação entre a energia que está sendo contatada e a
psique de quem está servindo de canal.
É importante percebermos isto para evitar uma atitude excessivamente
crédula, que poderia ser perigosa, ou excessivamente cética, e poderia
eventualmente nos fazer perder uma boa oportunidade. Sugiro nos
ocuparmos mais com a qualidade da informação. Para isso, poderemos
confiar em nosso discernimento e sensibilidade do que nos preocuparmos
com autoridade do comunicador; inclusive porque, particularmente, se for
uma força de manipulação, ela procurará se encaixar em nossas melhores
expectativas quanto às suas credenciais. Sugiro recebermos todas as
informações com respeito e prudência, conscientes de que nada substitui a
sinalização de nossa voz interior.
A Lua com o Hierofante falam sobre a integração do princípio do equilíbrio
em meio de situações dinâmicas ou de incertezas e o poder de visualização
ou imaginação ativa nos processos de resolução de nossa realidade, atuando
ativa ou passivamente.
19. O Sol
Centro, magnetismo, radiância, calor, franqueza, lealdade, poder natural.
Na carta do Taro, em quase todos os baralhos, além da representação do
astro-rei, temos ou dois gêmeos ou uma criança em cima de um cavalo
branco, um girassol e uma pequena mureta.
Em relação aos gêmeos, existem varias
mitologias que tratam deste tema. O gêmeo moral e
o imortal, o terrestre e o celeste, o lunar e o solar.
Juntos tornam-se poderosos, separados estão
fracos. A criança interior, nossa auto-imagem semi-
consciente muitas vezes ferida e magoada, precisa
ser curada e integrada à nossa criança solar, a
verdadeira expressão de nossos “eu profundo” em
nossa realidade, criando a possibilidade de sermos o
centro de nosso mundo, naturalmente.
O cavalo branco é outra expressão de nosso
subconsciente em processo de integração com
nossa essência. O rei Leão, o rei Artur e outros
temas falam sobre o despertar do rei que há em nós
para que todo o reino possa ser beneficiado.
19. O Sol A volta de Cristo redime a crucificação e anuncia
[Tarot Balbi]
a exteriorização do Reino dos Céus. Os justos serão
abençoados.
A pequena mureta demarca seu território, como defesa, mas
principalmente para evitar o orgulho, a “hibris”. Se for verdade que sou o
centro de meu mundo, ou pelo menos posso me tornar o centro de meu
mundo, isto é verdade também para cada foco de consciência divina, o que
também se estende para outros reinos da natureza, como parece indicar a
presença do girassol. Sua força, além de estar associada com a
demonstração de nossos seres verdadeiros, está relacionada com diversas
atividades atribuídas à luz como, clarificar, esclarecer, revelar, lançar uma
nova luz sobre o tema, está claro, nossos olhos são a luz de nossa alma; e
com a visão, pois só podemos enxergar bem, tanto no mundo físico quanto o
não físico, quando as coisas se tornam claras.
Todas as mesquinharias, sensações e emoções confusas e distorcidas,
maledicências, ações sorrateiras e diversos subterfúgios, se dissolvem em
sua presença, o que faz uma pessoa franca e direta ter muitos inimigos, nem
sempre declarados.
O Sol com o Imperador, mostra aquela liderança natural, não forçada, que
brota de uma real capacidade e muitas vezes revelam uma grande nobreza
de alma.
20. O Julgamento
A imagem mostra algumas pessoas saindo de túmulos, com um anjo
tocando uma trombeta que carrega o símbolo de uma cruz templária,
anunciando uma vida de novas oportunidades e possibilidades.
Algumas pessoas atribuem a esta carta o sentido de julgamento no sentido
tradicional católico, o de que estaremos sendo julgados pelos nossos
pecados.
Quando percebemos nossas vidas e nossos
corpos como separados, estamos presos e fechados
em nossas armaduras psíquicas, estamos presos em
nossos infernos auto-criados.
Minha compreensão está distante desta linha e
mais alinhada com a dos antigos gnósticos...
Primeiro, podemos nos lembrar daquela expressão
antiga de que nossos corpos podem ser túmulos ou
templos de luz divina, dependendo de como vibrem.
Podemos também nos lembrar que os sons podem
ser poderosos aceleradores e harmonizadores de
nossas vibrações, e o anjo mostra esta dimensão do
sagrado.
Finalmente, uma informação que ainda não está
muito difundida, os templários rejeitavam a ênfase
na crucificação e enfatizavam a ressurreição, que é
20. O Julgamento justamente a fusão com nosso corpo de luz.
[Tarot Balbi] Sintetizando, este arcano fala da aceleração e
transmutação de níveis de energias.
O som é o poder do Verbo, da criação, da transmutação e de liberação.
Ouçam... o som das cigarras! Este é o som das estrelas, que ativa a glândula
pineal, que ajuda nossa abertura para a consciência cósmica. Com este som
você pode aumentar sua freqüência, e se você se sente incomodado, pode
ser um sinal de que está resistindo a mudar.
Em uma leitura normal, este arcano pode estar simplesmente dizendo que
aquele assunto tratado provavelmente vai melhorar. Muitas vezes, na vida
em geral ou mesmo em um grupo de trabalho psíquico, há uma queda de
freqüências. É claro que cada pessoa tem um campo energético, uma aura,
um conjunto psíquico que interage com diversos níveis de expressões,
podendo formar um campo de grupo. Este campo, assim como os campos
individuais, está sujeito a constantes interferências, às vezes harmônicas e às
vezes desarmônicas, de acordo com as ressonâncias empáticas ou aberturas
dos participantes.
As energias dos planos sutis na maior parte das vezes não atuam
diretamente em nosso plano, mas através de nossas aberturas e forças.
Quais são nossas brechas mais freqüentes, através das quais outros seres se
alimentam de nossas energias? Nossas culpas, nossos medos e nossas
fixações. Quando caem nossas freqüências, podemos reacelerá-las
meditando, orando, respirando profundamente em nossas emoções, nos
movimentado ou agindo.
Primeiro, observamos e aceitamos o que está ocorrendo e, depois atuamos
de uma ou mais das maneiras citadas, ou outras, como cantar, pintar ou
dançar. De qualquer maneira, a aceitação de nosso vazio e não sua negação
é necessariamente o ponto de partida. Uma dica: nossos medos devem ser
enfrentados com ação e não com pensamentos; nossas culpas transmutando-
as em sentido de responsabilidade através de uma compreensão profunda de
como temos sido manipulados e de uma maior suavidade para conosco e
nossas obsessões através de um trabalho de nos sentirmos centrados, de
estarmos bem conosco e da criação de certo silencio interior. Quietude e
movimento, simbolicamente a montanha e o vento, com uma cachoeira, é
claro.
O Julgamento junto com a Imperatriz mostra como manter nossas forças
naturais em um nível elevado, perfeitamente em sincronia com as forças
planetárias e humanas, permitindo-nos acesso a uma fonte inesgotável de
alegria, leveza e poder magnético.
21. O Mundo
Existem hoje muitas discussões sobre a era de Aquário, se ela vai chegar
ou se já estamos nela, e sobre qual o seu significado. O fascinante é que
estes questionamentos se aproximam muito das perguntas sobre o Reino no
tempo Cristo.
Em Nag Hammadi, no Alto Egito foram descobertos textos gnósticos muito
antigos. Eles foram abertos há alguns poucos anos para estudos, além
daqueles que a fundação Jung já tinha em sua guarda.
Vou fazer algumas citações do excelente livro de
Elaine Pagels “Os Evangelhos Gnósticos”, que falam
sobre o Reino: “... Antes, o reino está dentro de
vocês e esta fora de vocês”. Em outro momento,
seus discípulos lhe perguntaram “Quando virá... o
novo mundo?” “Não virá porque se espera por ele;
nem por se dizer, ei-lo aqui ou ei-lo ali. Antes, o
Reino do pai espalha-se por toda Terra e os homens
não o vêm”.
Jesus viu crianças sendo amamentadas e, disse a
seus discípulos: “Essas crianças sendo
amamentadas são como aquelas que entram no
Reino”. Eles lhe perguntaram: “Nós, como crianças,
entraremos no Reino?”. Jesus lhes respondeu:
“Quando tornarem o dois um e o exterior como o
1. O Mundo interior, e o que está em cima como o que está em
[Tarot Balbi]
baixo, e quando tornarem o masculino e o feminino
uma coisa só... então haverão de entrar no Reino”.
Podemos perceber então, um estado de consciência transformada,
trabalhando experiências muito atuais como a integração de polaridades
(masculino e feminino uma coisa só), a possível integração de mente e
coração (o dois um), as inspirações, revelação e analogias de freqüências, ou
seja, a experiência da multidimencionalidade (o que está em cima como o
que está em baixo) e a relação muito maior do que supúnhamos entre o
exterior e o interior, entre o objetivo e o subjetivo, o que percebemos e
realizamos fora e sua conexão com o que está dentro e vice-versa. Todo este
estado de consciência está associado na percepção de muitos com a era de
Aquário.
É claro que a carta do Mundo se refere a este estado. Temos uma mulher
ou um ser andrógino no centro apenas com um véu ou uma grinalda, que não
deixa de ser uma serpente estilizada e quatro seres no canto representando
os quatro elementos. É a dança da criação.
Quando atingimos este estado, nada mais acontece por acaso ou por
acidente. Está tudo relacionado. Seremos aqueles que Gurdjieff chamou de
homens de destino. Através de sincronicidade, sensibilizações e
exteriorizações de nossas disposições internas estaremos conectados com a
rede de consciência universal, perceberemos um universos pulsante e vivo
em vários níveis, literalmente cheio de cores, sons e propósito. Será tudo
muito intenso.
Em um nível mais mundano, quando tiramos esta carta pode significar
simplesmente que iremos realizar exteriormente aquilo que esta passando
em nosso interior.
As cartas do Mundo e da Alta Sacerdotisa se complementam, pois existem
pessoas muito poderosas que conseguem realizar muitas coisas; a voz, a
caneta e outras formas de expressão têm uma força fantástica. Em certa
medida, realizaram a carta do Mundo. Porém estas pessoas podem não ter a
compaixão, de forma que suas ações beneficiem ao planeta e às pessoas,
sendo, portanto necessário serem temperados com a força da Alta
Sacerdotisa. O contrário é também verdadeiro: existem pessoas muito
sensíveis e compassivas, mas não tem o poder de realização. A força do
Mundo é necessária.

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