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ERTHAL, Tereza Cristina S. A ABORDAGEM EXISTENCIAL-HUMANISTA NA

PSICOTERAPIA (p.83-90) In: Jornal Brasileiro de Psiquiatria, vol. 35, n 2
Editora Cientfica Nacional Ltda. Mar/abr, 1986.
*as pginas em vermelho correspondem as do original
A ABORDAGEM EXISTENCIAL- HUMANISTA NA PSICOTERAPIA
Resumo
Este artigo apresenta as bases e os aspectos mais relevantes da psicoterapia
existencial-humanista. So destacados os conceitos de existncia e liberdade da
filosofia existencial e a base fenomenolgica desta. A nfase do humanismo na
valorizao da condio humana descrita atravs do exame das noes de
tendncia atualizante e individualizao. A comparao entre as duas vertentes
identifica diversos pontos de convergncia e divergncia que so em parte
superados na aplicao s questes da prtica psicoteraputica. Esta se qualifica
como uma orientao voltada para a pessoa enquanto totalidade concreta, para a
relao autntica entre terapeuta e cliente, para o estmulo ao auto-conhecimento
como instrumento de crescimento individual. A psicoterapia existencial-humanista
surge, pois, como uma importante alternativa teraputica capaz de se apresentar
como uma opo atraente s psicoterapias psicanalticas e behavioristas.
Unitermos: psicoterapia existencial-humanista.
Discorrer sobre a abordagem existencial humanista em psicoterapia no uma
tarefa fcil, pois o experienciar, o viver a experincia no aqui-e-agora, o seu
principal objetivo. Transformar isso em linguagem no o mesmo que rev-la em
sua forma mais autntica. Algum que pretenda descrev-la, est de fora como
observador, e no como participante ativo.
O objetivo do presente artigo, entretanto, a descrio do que vem a ser o
processo psicoterpico nessa orientao, esperando ampliar o espectro de
alternativas para uma forma mais aberta de tratamento, apoiado na relao pessoapessoa.
O modo de atuar teraputico necessariamente reflete a filosofia sobre a qual a
psicoterapia se apia. O modo como o ser humano visto dirige todo o trabalho
teraputico. Dessa forma, apresentada, inicialmente, uma descrio sumarizada
da psicologia humanista e da filosofia existencial que juntas formam o ponto de vista
Existencial-Humanista. Posteriormente, so apresentados os pressupostos tericos
da referida abordagem e, finalmente, a terapia em si, enfatizando o papel do
terapeuta e a resposta do cliente a esse tipo de atuao.
Abordagem existencial
O vocabulrio da psicologia existencial j est impregnado na linguagem cotidiana;
termos como crise existencial, ansiedade existencial, medo do no-ser etc., so
algumas expresses usadas livremente por pessoas e que mostram a ampla difuso

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que essa abordagem tem tido. No sendo uma real escola psicolgica, uma
atitude que tem influenciado quase todas as formas de terapia que surgiram em
oposio psicanlise ortodoxa. Aliando-se chamada 3 fora em psicologia, a
psicologia humanista passou a ser considerada psicologia Existencial-Humanista.
Estando intimamente relacionada com a filosofia existencial, necessrio recorrer a
ela e a alguns dos seus conceitos considerados bsicos para alcanar uma
compreenso mais precisa de seus contornos.
Por existencialismo entende-se o conjunto de doutrinas segundo as quais a filosofia
tem como objetivo a anlise e a descrio da existncia concreta, considerada como
ato e como uma liberdade que se constitui afirmando-se e que tem unicamente
como gnese ou fundamento esta afirmao de si (JOLIVET 9). No se trata de uma
nica doutrina, uma vez que cada filsofo existencial defende uma idia que lhe
prpria. Entretanto, existe algo de comum entre eles, que a preocupao em
compreender e explicar a existncia humana. O existencialismo moderno surgiu na
Frana e na Alemanha h mais de 40 anos. Parece no haver dvida em que o
pensamento filosfico existencial procede das meditaes de Kierkegaard, mas
HEIDEGGER7, SARTRE18, JASPERS8, Nietzsche & Buber so tambm nomes
importantes na expresso da convico de que a realidade ltima somente pode ser
encontrada na existncia individual e concreta. (p.83)
O existencialismo caracteriza-se, principalmente, pela afirmao de que a
existncia precede a essncia, muito enfatizada por SARTRE 18. At o sculo XIX, o
pensamento predominante era intelectualista, j que a ambio era descobrir um
meio de tornar a existncia analiticamente inteligvel. O pensamento racional deveria
chegar existncia de forma transparente. A essncia ficava, pois, em primeiro
plano. E o que so essncia e existncia? A essncia de uma coisa o que resta
despojando-se-lhe de todo o contingente. a coisa em si sem precisar que a
qualifique. A existncia, por outro lado, algo concreto definida por suas
caractersticas peculiares. Dependendo da primazia de uma sobre a outra, a
doutrina recebe o nome existencialismo ou essencialismo.
E o que existncia preceder a essncia? Com isso, SARTRE 18 diz que cabe ao
homem criar a essncia, dentro de sua prpria existncia. O homem aquilo que ele
escolhe ser e no uma procedncia de uma essncia comum a todos os homens. O
que importa, primeiramente, que ele existe, surge no mundo e s depois se define.
A idia que o homem poder ter de si prprio depender dessa existncia. Mais
precisamente, a srie de atos expressos durante sua existncia que define o ser e
sua essncia. Portanto, ao ser que cabe dar sentido a sua existncia, atravs de
seu projeto de vida. Essa uma caracterstica predominantemente humana, porque
s o homem livre, afirma SARTRE 18. Segundo ele, o homem existe e as coisas ou
objetos so. O homem precisa escolher a cada momento o que ser no momento
seguinte.
Embora os existencialistas em geral concordem com essa afirmao, alguns
divergem quanto a sua interpretao. HEIDEGGER, por exemplo, diz que existncia
e essncia so na verdade uma mesma coisa. O ser constri a sua essncia de tal
forma que a essncia no seno a prpria existncia. Assim, existncia

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simultaneamente existncia e essncia. Esta reside na sua existncia e as suas
caractersticas so modos possveis do existente e no potncias que precisam ser
atualizadas.
Outro aspecto relevante para caracterizar a abordagem existencial o seu suporte
na fenomenologia de Husserl, que vem a ser urna forma de descrever objetos tal
como so vistos, sem nenhuma idia prvia a respeito deles. Os objetos se
manifestam na conscincia de forma precisa, irredutvel e imediata. Chamou de
fenmeno esse dado imediato. A fenomenologia busca chegar essncia das
coisas, preocupando-se em descrever a experincia tal como acontece. O objetivo
atingir a realidade tal como . O mundo objetivo colocado entre parnteses pondo
na conscincia apenas aquilo que no pode ser negado. Conscincia e fenmeno
so inseparveis, ou seja, no possvel se conhecer um objeto separado do sujeito
que o conhece.
O pensamento existencial foi usado na psiquiatria e psicoterapia por V. FRANKL 5, L
BINSWANGER2, K. JASPERS8 e outros. J, entre os psiclogos, o primeiro
realmente a caracterizar esse pensamento foi W. James. Acreditando na vontade, no
imediatismo da experincia e verdade enquanto forma de comprometimento com
ao, pensamento j expresso por Kierkegaard, compartilhava do pensamento
existencial.
J ROLLO MAY13 introduziu a abordagem existencial na moderna psicologia norteamericana, cujos psiclogos buscavam compreender o homem a partir da descrio
de sua essncia. Um exemplo de abordagens baseadas nesse raciocnio aquele
cuja anlise reduz o homem a condicionamentos, instintos etc. Embora no se
possa negar a essncia, no atravs dela, de princpios e verdades imutveis
colocadas acima de qualquer existncia, que se possa chegar ao ser. Na verdade, o
homem transcende um determinado mecanismo e o adota de uma forma muito
peculiar. Se seu significado aparece em funo da pessoa, este ser existente que
escolhe a sua prpria existncia atravs da relao que mantm com a verdade e
realidade interpretadas por ele. A. MASLOW 10, R. MAY13, C. ROGERS16 so alguns
dos psiclogos que compartem desse mesmo ponto de vista.
Abordagem humanista
O Renascimento foi assim desenvolvido em decorrncia do fato de ser possvel
observar, naquele perodo, o ressurgimento dos valores ticos e estticos da
Antiguidade Clssica. Aps o intenso misticismo do perodo medieval, em que a forte
valorizao da entidade divina e dos termos religiosos a ela relacionados relegavam
o homem a um segundo plano, a Renascena reconduziu o prprio homem ao
centro de suas preocupaes. A simples comparao das relaes de proporo da
figura humana em uma catedral gtica na era medieval e dela em uma pintura ou
escultura de Michelngelo oferece a perfeita dimenso da nova estrutura que o
homem passa a ter no perodo renascentista. Este Humanismo, como ficou
conhecido, ao reconhecer o homem como um ser especialmente valioso incorporou
novas crenas e atitudes a seu prprio respeito que se mantm at hoje. Valores
como liberdade, dignidade, razo e respeito foram exaltados e so o espelho do
movimento humanista atual.

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Tambm na Psicologia, o Humanismo aparece como uma reao contra o
determinismo do behaviorismo e da psicanlise ortodoxa. A Psicologia Humanista
tenta explic-la (a psicologia) no como , mas como dever ser. Procura levar a
psicologia de volta a sua fonte, a psique, onde tudo comeou e onde tudo,
finalmente, culmina. Mas h mais do que isso. A psicologia humanista no apenas
o estudo do ser humano; um compromisso com o devir humano. (MATSON 12)
No possui um corpo terico prprio e rene, por isso, uma srie de linhas de
pensamento, representadas pelas contribuies de A. MASLOW 10, G. Allport, R.
MAY13, C. ROGERS15-17, C. Fromm, C. Bhler e outros, que tm como denominador
comum, em primeiro lugar, o respeito pela pessoa. No humanismo, a pessoa vista
como um ser individual longe de ser vista (p.84) como um feixe de foras ou um
conjunto de instintos. encarada apenas como pessoa. A psicologia humanista lida
com a totalidade de cada um no processo de vir-a-ser. Mas alm do seu carter de
unicidade, tambm observado que existe a relao com o outro. Assim, o ser
humano definido como um padro nico das potencialidades individuais que so
compartilhadas com outros. O principal valor humanista , portanto, o enfoque na
relao humana.
Sustenta ele a crena em um potencial no ser que ultrapassa a sua existncia.
Trata-se de um impulso para o crescimento, para o processo de individuao que o
homem responsvel pela sua atualizao. No se trata, no entanto, da primazia da
essncia sobre a existncia, como parece. A essncia criada pelo homem a partir
de suas opes existenciais. MASLOW 10-11 resumiu muito conscientemente a
questo:
Todo o ser humano traz dentro de si impulsos contraditrios. Um grupo garante a
segurana e a defesa contra o medo, tendendo a regredir ao passado, fixando-se numa
etapa anterior; medo de desprender-se da comunho primitiva com o seio e tero maternos,
medo do desconhecido, medo de arriscar-se, medo de independncia, liberdade e
separao. Um outro grupo de impulsos impele a individualizao do self, do funcionamento
completo de todas as suas capacidades, da confiana face ao mundo externo, ao mesmo
tempo que possibilita que ele aceite seu self inconsciente, real, mais profundo.

Se existe competio entre a tendncia atualizante e outras foras, cabe ao

indivduo; e apenas a ele, fazer a sua opo. Pode, por exemplo, optar por aumentar
ou mesmo diminuir seu potencial. a sua existncia que determinar essa essncia
bsica.
O crescimento , portanto, uma srie de escolhas livres que o indivduo faz entre
segurana e desenvolvimento. Salvo alguma deficincia, e de acordo com o seu
potencial, ele optar, na maior parte das vezes, pelo crescimento. Embora a escolha
seja feita pelo prprio indivduo, o meio tem um papel muito importante, j que antes
ele precisou ter as suas necessidades bsicas de segurana satisfeitas para que
ento pudesse se desenvolver saudavelmente. O meio pode atuar gratificando ou
no as necessidades bsicas de segurana e ajudar ao indivduo a perceber a
opo para o crescimento de forma mais atraente. Aps ter experimentado
diferentes tipos de gratificao, pode ele arriscar em experincias mais ousadas.
A busca de valores considerada uma necessidade inerente ao ser. essa busca

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que promove o desenvolvimento de suas potencialidades, isto , a realizao de
suas capacidades. A meta humana fundamental a auto-realizao ou individuao,
no a reduo de tenso, tal como proposto pela teoria da homeostase.
Diferenas e semelhanas entre as duas abordagens
A psicologia existencial e a psicologia humanista tm sido muito confundidas. bem
verdade que ambas possuem caractersticas comuns, mas tambm existem pontos
bastante contraditrios.
Uma das diferenas evidentes repousa na negatividade e pessimismo do
existencialismo contrrio ao otimismo do humanismo. Para exemplificar esse ponto,
basta a ateno aos conceitos de liberdade e responsabilidade. Para o
existencialismo, o homem responsvel pelo homem. Ao ser responsvel por ele
mesmo, tambm responsvel pelos outros homens. Como afirma SARTRE 15 ... o
primeiro esforo do existencialismo o de pr todo o homem no domnio do que ele
e de lhe atribuir total responsabilidade de sua existncia. E, quando dizemos que o
homem responsvel por si prprio, no queremos dizer que o homem
responsvel pela sua restrita individualidade, mas que responsvel por todos os
homens. Essa parece ser uma exigncia muito forte. Diz tambm que o homem
condenado a sua liberdade, isto , v-se forado a fazer escolhas diante do
desconhecimento da sua prpria existncia. Ao contrrio dessa dura pena, no
humanismo, o individuo tem um impulso para a auto-realizao que o liberta desse
drama, ou seja, o liberta para criar a si mesmo. A capacidade de escolha sentida
como um privilgio e no como um fardo.
Entende-se, no entanto, que o auge do existencialismo ocorreu em plena II Guerra,
na Europa. Diante dos acontecimentos duros e angustiantes que o homem passava,
ficava difcil formular urna filosofia que se apoiasse na crena do potencial humano.
A Amrica, mais otimista a respeito da vida, faz surgir aquela forma especial de
existencialismo que o humanismo.
SARTRE18 diz no haver doutrina mais otimista que o existencialismo, pois o destino
do homem est nas suas prprias mos. Sendo assim, o existencialismo
humanismo, pois preocupa-se com o ser humano e ao mesmo tempo
individualismo, pois cabe ao ser fazer aquilo que quer de si.
Outro ponto divergente, ao meu ver um dos mais marcantes, reside no conceito de
potencialidade humana. Embora as duas posies acreditem na direo do homem
at a realizao em diferentes nveis, o humanista a concebe em termos de
potencialidade radicada biologicamente. O organismo humano possui uma natureza
intrnseca de necessidade e tendncias direcionais para o desenvolvimento da
personalidade. Possui o desejo e a capacidade de auto-determinao. A posio
existencial nega a biologia, pois sua preocupao maior com ontologia. Existe uma
possibilidade para ser, como afirma HEIDEGGER 7, no uma atualizao de algo que
j existe. Enquanto os existencialistas afirmam que cabe ao homem criar suas
possibilidades, os humanistas falam que seu papel de descobrir as potencialidades
que lhe so inerentes. Entretanto, essa criao no arbitrria, pois o indivduo s
pode fazer (p.85) de si mesmo aquilo que est dentro dos seus prprios limites. No

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posso fazer de mim uma mulher, como afirma MASLOW 10-11 salvo de uma forma
muito ineficaz e insatisfatria. Num certo sentido, a verdadeira tarefa consiste em
descobrirmos o que somos e aquela frase vlida para todas essas outras
modificaes entende? descobrir as nossas tendncias, as nossas prprias
inclinaes, os nossos talentos, e ocasionar, depois, a sua realizao completa. De
acordo com MURPHY14, o homem, ao decidir, traz aquilo que est em sua natureza
fazer. O poder de escolha no indeterminado completamente. O homem livre
apenas para ser aquilo que pode ser. No pode transcender-se fazendo coisas que
no so prprias de sua natureza.
ROGERS15 tambm diz que o indivduo escolhe os elementos do seu eu, cria-se a si
mesmo, mas que, num certo sentido, seu poder de escolha limitado pelas foras
nele atuantes. a capacidade de conscientizao de si mesmo que favorece a
escolha futura (semelhante a teses existencialistas). Somente atravs de uma
conscincia cada vez mais propensa, o indivduo pode levar ao mximo seus
potenciais, escolher seu caminho e participar ativamente do seu crescimento.
Assim, os tericos de auto-realizao (humanistas) falam de descoberta do eu os
existencialistas, de criao do eu.
Semelhanas tambm so encontradas. Nas duas doutrinas, o homem visto como
fonte e centro de valores. Ele est em permanente fluxo como uma forma de superar
a si mesmo. Concordam, tambm, que existe uma direo para o crescimento e
para se relacionar com outros indivduos. A capacidade de escolha, crescimento e
responsabilidade pelas aes e envolvimento com as mesmas so princpios
comuns s duas orientaes.
A abordagem existencial-humanista expressa um posicionamento filosfico sobre o
qual repousam os pressupostos e atitudes do processo teraputico. Como
orientao psicolgica, combina aspectos do existencialismo com o humanismo,
reconhecendo a contribuio de ambos. ... inclui o reconhecimento do caos,
absurdo, contingncia, desespero e desamparo do ser humano num mundo em que
s ele responsvel pelo seu devir, como quer o existencialismo. Tambm inclui o
postulado humanista de que o homem dispe de um gigantesco potencial para
transformar-se e de um irreprimvel impulso para experimentar sua plena realizao,
ao testar os limites desse potencial contra os obstculos inerentes na existncia
(GREENING6).
O que se segue uma apresentao da abordagem existencial-humanista com seus
pressupostos e de como estes aparecem na psicoterapia apoiada nessa linha de
pensamento.
A abordagem existencial-humanista em psicologia
A abordagem existencial-humanista apia-se na premissa de que os seres humanos
no podem fugir a sua liberdade e de que essa liberdade no uma escolha feita ao
acaso, como se observa na doutrina do livre-arbtrio. No se trata simplesmente de
fazer ou no fazer. Trata-se de uma escolha responsvel.

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Essa liberdade, entretanto, no absoluta. O homem livre, mas sua escolha
limitada pelo seu mundo individual. Existem as condies psico-qumico-biolgicas,
as leis de sua cultura, as limitaes e regras de sua sociedade e convenes, que o
homem acata por se submeter, j que um ser a (Dasein). Essa origem dos
conflitos que o indivduo enfrenta em seu meio social. No entanto, ele no
subjugado por essas foras. Em busca de sua prpria verdade, o homem as
ultrapassa. Parafraseando HEIDEGGER7, a sua verdade , em ltima instncia, a
sua prpria liberdade. O indivduo livre, mas dentro dos limites de suas
possibilidades.
Os fatores determinantes no so negados absolutamente. O que se torna
importante dizer que ao reconhecer as possveis foras a que o homem est
exposto, este se orienta de uma forma prpria frente aos dados e se compromete
com alguma escolha. Torna-se consciente das mltiplas foras que o caracterizam
como ser-no-mundo, mas no espera passivamente por seu destino. Cabe a ele dar
ou no valor a essas foras. Sabendo-se que no uma vtima, pode influir na forma
como levar a sua sorte. Como exemplo disso pode-se dizer que ser baixo
independe do indivduo, e s dele, depende a sua atitude com relao a essa
determinao. Ele livre para assumir sua condio. Portanto, a existncia do
homem consiste na sua prpria liberdade, que s liberdade enquanto inserida no
mundo.
A autoconscincia, expresso prpria do indivduo como ser-no-mundo, o que lhe
confere identidade. O autoconhecimento revela que ele finito e tem um tempo
limite para existir; que tem potencialidades e que s existindo pode atualiz-las; que
tem que realizar escolhas; que um ser sozinho e que ao mesmo tempo se
relaciona com outros. Quanto mais o indivduo tiver conscincia dessas condies,
mais ele livre, pois atravs da autoconscincia que ele aumenta sua liberdade de
escolha.
A filosofia existencial expressa um mundo onde a norma de vida o risco. Arriscarse a todo instante realizando escolhas (ou no realizando escolhas). No se pode
ter certeza do seu resultado. A conscincia da liberdade e da responsabilidade, em
si mesma, geradora de angstia. Expressando suas possibilidades condutais, o
indivduo vai moldando o mundo a si mesmo, ao mesmo tempo que vai se moldando
ao mundo. Com medo de perder as relaes significativas com o seu meio, sente
angstia. A angstia existencial essa responsabilidade inata ameaa existncia
e segurana. A forma de reduzir a ansiedade resultante diminuindo suas opes,
ou seja, evitando significativamente sua interao com acontecimentos. Na luta
contra o que pode vir a destruir o seu ser, o indivduo acaba deixando de ser
completamente. Ao reduzir sua possibilidade de escolha, nega sua liberdade, nega
sua possibilidade de ser. Advm da a culpa que nada mais do que o fracasso no
projeto, isto , naquilo que se capaz de vir a ser. (p.86)
Em funo do vazio em seu interior, do indivduo no concretizar seu projeto, de no
ter um sentido pessoal de existncia, ele submerge no anonimato. O medo de ficar
s o leva ao conformismo ou ao totalitarismo. Mas no terminando com a solido
que o indivduo preenche seu vazio. a conscientizao de que ela existe que a
torna menos esmagadora. sozinho que o sujeito ter que eleger e realizar seu

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projeto de vida. Cabe a ele, e somente a ele, se responsabilizar pela sua escolha.
Somente atravs do contato consigo mesmo, na sua plena solido, que o indivduo
torna-se capaz de viver com o outro.
O indivduo busca valores para tornar sua vida mais consistente. Busca um
significado que preencha sua vida o qual, uma vez estruturado, transcende a prpria
existncia. O sentido da vida nada mais que o produto de buscas de um propsito
particular. H uma constante reestruturao dos valores (parte de sua liberdade).
Um dos problemas maiores o abandono dos valores antigos em busca de um
sistema de valores mais condizentes com o modo pessoal de vida. confirmado na
capacidade de se descobrir que o indivduo vai chegando a reconstruir sua vida.
Um valor difcil de ser reformulado, mas bastante enfocado nessa abordagem, o
conceito de morte. ele que torna presente a idia de limitao do tempo para a
atualizao das potencialidades. No h quem no fique ansioso tambm diante da
possibilidade de no ser; diante da possibilidade de terminarem as chances de
realizao de seus projetos de vida. Quando o fim se avizinha, ou mesmo quando se
pensa na sua possibilidade, as pessoas costumam dizer que no acreditam que
viveram em vo e que querem deixar no mundo algo de valor. A simples idia da
morte faz com que as pessoas parem para avaliar sua existncia total, os seus
sucessos e fracassos em termos de suas metas significativas. Os existencialistas
questionam muito esse conceito, embora cada filsofo tenha dele uma viso
particular. A morte, diz FEIFEL4, algo que acontece a cada um de ns. Mesmo
antes de sua chegada, ela uma presena ausente. Alguns afirmam que o temor da
morte uma reao universal e que ningum est livre do mesmo. Quando paramos
para considerar o assunto, a noo da singularidade e da individualidade de cada
um de ns adquire significado completo somente ao conceber que devemos morrer.
E neste mesmo encontro com a morte que cada um de ns descobre sua nsia
pela imortalidade. O existencialismo tem enfocado a morte no como um fim de
vida puro e simples, mas como uma parte dela mesma. Somente atravs da
integrao dos dois conceitos se pode chegar a uma existncia autntica. A morte
o que torna os atos humanos vlidos, pois a limitao da vida que faz o ser ter
urgncia para se atualizar. Vivendo intensamente a vida, o medo da morte no
sentido to obcecadamente. o medo de no viver o aqui-e-agora que leva o
indivduo a se preocupar com o l-e-ento. Com medo de enfrentar a morte, a
possibilidade do no-ser, o indivduo refugia-se na existncia inautntica. uma
forma de fugir angstia diante do nada. Mas atravs dessa angstia sentida e
no adiada que o indivduo se questiona e procura sua realizao na sua
autenticidade. Esse um ponto definido por HEIDEGGER 7. SARTRE18 nos diz que
no a morte que confere significado vida, e sim retira o seu significado. Acredita
que o ser humano tem que se preocupar, sim, em existir, em viver. Ao morrer, o
temor desaparece, pois o medo ocorre na conscincia. Ao invs da preocupao
com a nadificao dos projetos do homem, imprescindvel torn-los viveis pela
execuo dos mesmos. A execuo do seu projeto est ligada direo existencial
que existe no homem.
O homem possui uma forte tendncia para o crescimento. Dirige-se para aquilo que
capaz de fazer. Mais do que segurana, busca sentido na luta para ser, para se
realizar em nvel mais elevado, apesar das limitaes impostas. Trata-se de um

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impulso para se experimentar em toda a sua plenitude; para vir a ser tudo o que se
capaz de fazer, o organismo humano possui desejo e capacidade para se
determinar. Se por um lado existe o anseio para a aquisio de uma
autoconscincia, uma autopreservao baseada na busca de uma identidade
pessoal, por outro existe o desejo de novas estimulaes, fato que favorece a
mudana. O ser e o meio so componentes essenciais indissociveis nesse
processo. Existe uma reciprocidade entre eles, no entanto, o ser tem uma maior
soberania. Todo indivduo centrado em si mesmo (autopreservao) e um ataque a
isso gera uma ameaa que leva angstia. Sair de seu contexto para penetrar ou
partilhar com o outro envolve riscos. Um exemplo disso o medo de perder a
prpria identidade ou o medo de perder o outro, tambm geradores de angstia.
A psicoterapia existencial-humanista
Urna terapia nessa abordagem visa, principalmente, compreender o cliente atravs
do seu prprio ngulo, analisando a estrutura de sua existncia humana. Longe de
ser um mtodo de terapia, mais uma atitude para com o ser humano no sentido de
faze-lo atingir uma existncia autntica, no sentido de proporcionar um entendimento
quanto as suas experincias que so encaradas como sua prpria verdade, nas
palavras de SEGUIN19:
impossvel pensar, teoricamente, em um mtodo de psicoterapia existencial. Ao faz-lo,
seria negar os postulados mesmos nos quais deveria apoiar-se. Podemos ajudar a um
homem somente aproximando-nos dele como existente, quer dizer, como ser livre e nico.
Toda a tentativa de submet-lo a um manejo psicoterpico seria coisific-lo, faz-lo objeto,
destruir, assim, sua categoria de existente e negar qualquer possibilidade de ajuda real.
Cada relao terapeuta-cliente um encontro existencial nico e irrepetvel e, portanto,
impensvel como sujeito a um mtodo ou sistema qualquer. A nica forma como um homem
pode assistir psicoterapeuticamente a outros favorecendo o desenvolvimento (p.87) total
de suas possibilidades, a realizao de seu projeto atravs de sua categoria de existente e
nada mais.

Toda e qualquer tcnica , portanto, secundria compreenso do cliente como

pessoa. Tcnicas de outras terapias podem ser utilizadas para favorecer a relao,
mas preciso ter cautela para no cair num ecletismo silvestre.
Mas a relao teraputica s ocorre mediante um encontro autntico a
psicoterapia est destinada a facilitar o crescimento pessoal e utiliza como meio
para esse fim o relacionamento interpessoal. Neste, o terapeuta compreende o
mundo vivencial do cliente fazendo com que ele tambm o compreenda. O terapeuta
visto como companheiro existencial, pois junto com seu parceiro troca idias,
questiona valores e metas pessoais.
TILLICH20 encara a terapia como comunidade de cura, pois acreditando que, se a
maior caracterstica dos neurticos o estabelecimento de relaes inautnticas,
atravs desse encontro que o indivduo chega a examinar essa dificuldade. um
participante ativo na busca de compreenso do ser.
Assim, o principal objetivo da psicoterapia existencial-humanista proporcionar uma

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maximizao de autoconscincia para favorecer um aumento do potencial de
escolha; proporcionar uma ajuda efetiva ao cliente no sentido de se descobrir e a
seus potenciais; ajud-lo a aceitar os riscos de suas prprias decises
responsveis, enfim, de aceitar a liberdade de ser capaz de utilizar suas prprias
capacidades para existir.
Como ocorre o processo teraputico? Acredita-se que, inicialmente, haja uma
liberao das formas inautnticas do viver. O indivduo entra em contato com suas
incoerncias, sua falta de sentido na vida, suas ansiedades existenciais. Um
segundo momento caracteriza-se pela descoberta de novas formas autnticas de
existir: h um questionamento de valores e uma conseqente busca daqueles mais
condizentes com seu atual modo de vida. As novas formas de ser somadas quelas
formas antigas, porm autnticas, fazem surgir um novo estilo de vida, chegando,
assim, a uma terceira fase. O reconhecimento de culpa e do conflito autnticos faz
com que o cliente desvende melhor a sua personalidade. Evidentemente que no
solucionando todos os problemas que o cliente se reencontra, mas reconhecendo
que tem capacidade para, medida que eles surgem, ir resolvendo seus aspectos
contraditrios. Aprende a se respeitar com todas as suas limitaes.
Como a experincia o ponto mais importante desse trabalho, a nfase s pode ser
sobre o momento presente. No h negao do passado ou do futuro, mas estes
somente so valorizados na medida em que esto atuando no presente. Quando se
est em contato permanente com a experincia presente, insights ocorrem,
independente de ser esse ou no o objetivo teraputico. A ida ao passado muitas
vezes significa a fuga do momento presente; a evitao da responsabilidade dos
seus atos. Estar no aqui-e-agora encontrar um significado individual para sua
prpria vida. Mas a abertura experincia uma ameaa, pois quando o indivduo
se experiencia, ele detecta incongruncias entre papis sociais e a realidade
experiencial. Um clima de liberdade fundamental no sentido de ajudar o cliente a
perceber o que melhor para ele.
O papel do terapeuta
a qualidade da relao teraputica que determina a abertura experincia do
cliente. O clima em que esse encontro ocorre caracterizado, segundo ROGERS &
KINGET17, pelas atitudes de aceitao incondicional, compreenso emptica e
respeito pelo cliente enquanto pessoa. Afirmam, ainda, que o terapeuta precisa ser
sensvel s relaes humanas para poder compreender o cliente tanto no que diz
respeito as suas limitaes emocionais quanto as suas potencialidades. Como
pessoa tem que ser autocongruente e transparente, pois caso contrrio no poder
compreender o outro e as suas incongruncias; precisa compreender e aceitar seu
self tanto quanto o de outras pessoas.
Havendo flexibilidade em sua atuao, consegue apreender o momento do seu
cliente e a forma como conduzir a entrevista.
Na tarefa de ajudar algum na descoberta, ou criao de seus valores (mais
condizentes com o seu atual modo de vida), ser que no existe influncia dos
valores do terapeuta? O terapeuta pode deixar seus valores do lado de fora da

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relao? Evidente que no. H uma partilha do mundo de significados do cliente, o
que no quer dizer que seus valores fiquem de fora. Trabalhar seus prprios valores
no significa verbalizar sobre eles. Na verdade, ele assume a si mesmo ao
reconhec-los. Admite que os tem, mas diferencia valores que fazem parte do seu
mundo interno mundo que comunica ao cliente daqueles que expressam
julgamento e avaliao. Por exemplo, se o terapeuta tem como um valor que o
homicdio uma violncia que no deve ser cometida, possvel que sinta o cliente
que tenha matado algum como mau. Est sendo autntico consigo mesmo no
sentido de estar expressando o que sente, se responsabilizando por isso, mas no
est sendo existencial por no estar aberto experincia daquele encontro.
O terapeuta uma pessoa mas tambm um eu em desenvolvimento, que se
define na relao. Seu papel a prpria coragem de ser uma pessoa. No
preciso sair desse papel para viver o papel do cliente, pois ele precisa ensinar ao
outro que ele tem um lugar prprio, e que tambm diferente daquele ocupado pelo
terapeuta.
Acreditando na liberdade individual, na dignidade e no direito do homem sendo a
razo principal da existncia, expressa valores que demonstram abertura,
flexibilidade (no escravo de dogmas ou regras sociais), liberdade e autorealizao (no impe isso), conscientizao de valores e da tica profissional, das
suas crenas do que desejvel (p.88) ou no e da crena que deposita no ser
humano para crescer e se desenvolver.
Ao contrrio do que se pensa, a ateno do terapeuta no est no cliente enquanto
objeto teraputico, mas nas percepes e sentimentos que o cliente provoca nele
atravs de suas expresses verbais e no-verbais, aspecto que BINSWANGER 2
chama de presena. Estando atento ao mundo fenomenal do cliente, comunica
suas reaes pessoais ao que o cliente est mostrando. uma percepo atenta e
no seletiva, ou seja, incondicional, j que a condio de aceitao faz com que o
cliente seja visto apenas por um lado e no como pessoa total. Isso tambm leva a
uma concluso importante, que a de que a valorizao incondicional do outro nada
mais que a prpria valorizao de si mesmo. Como se pode perceber totalmente
algum se se age de forma defensiva para consigo mesmo? Alm do mais, a
valorizao de si prprio que torna o terapeuta capaz de valorizar o outro. Ora, se o
terapeuta, como pessoa, aceita suas angstias existenciais, sua individualidade, sua
solido, sua morte etc., aceita viver. No envolvimento h uma diviso de
responsabilidade pelo que acontece, pois h um carter de reciprocidade na relao.
Inevitavelmente o terapeuta existencial serve de modelo para o cliente, o que
aumenta ainda mais a sua responsabilidade como terapeuta. Sendo modelo do
cliente e ao mesmo tempo parceiro na sua mudana, engendra urna aceitao de
seus conflitos em relao as suas angstias. No h procura de imagens de si no
outro. Cada um nico, embora, realizando trocas.
Ser modelo no significa modelar intencionalmente o comportamento do cliente, mas
passar atitudes que levam a uma auto-revelao de si mesmo. O ser autntico
promove autenticidade. O cliente desenvolve sua prpria viso e seus prprios
valores e cabe a ele as decises e escolha final. O terapeuta apenas estimula a
mudana no sentido de ver o cliente fiel a sua prpria necessidade de mudana.

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Existe, quando o cliente procura a terapia, uma necessidade de estar coerente com
seu estilo de vida, de procurar valores condizentes consigo prprio, de efetuar seus
projetos de forma plausvel. O terapeuta est com o cliente nessa tarefa e enfrenta
com ele as suas angstias. Confiando na capacidade latente do cliente de se
compreender a si mesmo e de resolver seus problemas, no pode procurar traar
um rumo para ele.
Muitos pensam que o terapeuta tem que ser neutro na relao psicoterpica e
compreendem isso como um no envolvimento com o cliente. Ao contrrio,
necessrio um engajamento para poder co-participar na mudana. Ao meu ver, s
existe uma forma de entender e de ser til ao cliente: fazendo-se parte de sua forma
de viver. compreendendo seus valores e a sua forma de express-los que o
terapeuta se coloca no mundo do cliente. A neutralidade reside na no imposio de
valores, no na sua negao. Ajudando o cliente a se compreender, no o forando
mudana, aceita a atribuio de valores s suas angstias e a toda ameaa que
lhe tem impedido de mudar. No momento em que aceita e reconhece a sua angustia,
o cliente pra de fugir dela. A pura percepo transformada em conscincia, ou
seja, percepo de que algo o ameaa no mundo transformar em conscientizao
de que ele a pessoa ameaada, que ser que est no mundo ameaador.
Centrado que est em mesmo, qualquer ataque a essa centralidade o faz ser
ameaado. Responde com comportamentos neurticos, que so modos de tentar
preservar a sua existncia. Precisa, no entanto, sair de sua centralidade para
participar com outros indivduos. O medo de perder a identidade dificulta a interao.
na relao com o terapeuta que aprende que possui um centro, mas que pode
transcender dele para trocar com os outros sem se perder. H, portanto, uma
expanso do e nisso a auto-revelao do terapeuta ajuda muito. Na terapia
existencial-humanista, o terapeuta pode fazer revelaes si mesmo, desde que
sejam relevantes e apropriadas, sobre experincias anlogas s do cliente. No se
trata de dizer seus problemas, mas uma forma de experimentar o encontro mais
autenticamente.
Enfim, a contnua crena na responsabilidade do cliente e na sua capacidade de
saber que opo o levar mais prximo da sua realidade, conduz o terapeuta a
desafiar o cliente a perceber as formas de evitao de tornada de deciso e fazer
unia avaliao a respeito disso.
Experincia do Cliente
Representando uma relao autntica entre duas pessoas em que cada uma se
esfora, o melhor possvel, para ser ela mesma em sua interao com a outra, o
encontro teraputico no manipula a relao com o fim de adaptar a diferentes
indivduos. Na verdade, cada cliente faz um uso pessoal da relao, fato que
confirma sua individualidade, seu papel no-passivo como pessoa.
Ao contrrio de outras abordagens, tem uma atitude muito ativa no processo
teraputico, pois precisa a todo momento escolher sobre quais medos, angstias e
culpas ir trabalhar. Quando busca ajuda, significa que est em desacordo interno,
que est desorientado quanto aos seus valores, quanto ao seu sentido de vida. A
deciso de comear o tratamento j um primeiro projeto a ser realizado. Pode

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aumentar ou no o autoconhecimento, opo essa esclarecida quando percebo o
preo a pagar em ambos lados da questo. Com isso, descobre as formas pelas
quais no tem aceitado plenamente sua liberdade, evitando os riscos do seu uso.
Frustrado por estar paralisado em seus prprios costumes, precisa criar novos
valores que fundamentam sua busca de sentido. Com a terapia, vai aprendendo a
suportar mais os riscos do experienciar decorrente da confiana que adquire de si
mesmo. Aos poucos vai desenvolvendo uma compreenso do que tem sido e de
suas potencialidades e limitaes, podendo, assim, decidir quanto ao seu futuro.
Aceita mais a responsabilidade sobre si mesmo e aprende a verificar que pode atuar
sobre seu destino. No precisa ser o que forado a ser, mas o que escolhe ser,
dentro de suas possibilidades. atravs de realizaes concretas que efetivamente
haver uma transformao. (p.89) sobre isso que versa o experienciar teraputico.
Vai, gradativamente se experienciando, no aqui-e-agora, expandindo sua
conscincia ao que est fazendo e ao como est fazendo. A longo prazo, desenvolve
modelos de conduta efetivos de ser-no-mundo.
Em suma, o cliente vive e passa a viver mais intensamente seus sentimentos ao
mesmo tempo que os exprime; vive suas experincias e confia nelas como ponto de
referncia bsico para suas decises; adquire novas concepes pessoais sobre o
mundo, podendo mud-las medida que se torna necessrio; passa a ser mais
flexvel; o eu passa a ser visto como um processo e no como um objeto; perde a
conscincia do eu para estar mais consciente de si prprio.
A chamada cura , ento, a prpria autenticidade; a aceitao plena da condio
humana; a expanso prpria da existncia autntica.

Summary
THE EXISTENCIAL-HUMANISTIC PSYCOTHERAPY
This article presents the basis and the most relevant aspects of existencialhumanistic psychotherapy. The concepts of existence and freedom within the
existencial philosophy are stressed as well as its phenomenological basis. The
emphasis of humanism on valuing the human condition is described through the
examination of notions like actualizing tendency and individualization. Within a
comparison between the two traditions one identifies converging and diverging
aspects which are partly overcome in its application to questions of the
psychotherapeutic practice. This qualifies itself as an orientation focusing on the
person as a concrete entity, on the autinentic relationslnip between therapist and
client, and on the stimulus to knowledge of oneself as an instrument of individual
growth. The existencial-humanistic psycotherapy appears as an important
therapeutic altenative able to present itself as an attractive option to psychoanalytic
and behavioral psychotherapies.

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