Alta Costura X Prêt-à-Porter

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PROJETO E VAREJO

(NP1)
CLAUDIA REVOREDO
(11100082)
Rosanna Naccarato
Turma: B132D
Rio de Janeiro
Maro, 2014
ALTA COSTURA
X
PRET--PORTER
Todos os anos, nos meses de janeiro e julho, temos os desfiles de Alta Costura como grande palco
da moda para os vestidos dos sonhos , criaes avant garde. roupas com corte e caimento perfeitos,
tecidos que so a encarnao do luxo, noticiadas pelas principais mdias ( blogs, sites, televiso, re-
vistas etc.) como o grande frisson da temporada. Isso porque as colees de Alta Costura so pice
da qualidade, criatividade e tcnica que um roupa pode ter, ou seja um fbrica de sonhos.
A histria da Alta Costura comea com o ingls Charles Frederick Worth, que creditado como fun-
dador da Alta Costura, consolidando o papel do estilista como criador de tendncias. Worth elevou
a atividade de confeco do vesturio para o patamar de empreendimento artstico. A habilidade
tcnica superior, o tino para negcios e um cultivado ar de exclusividade garantiram-lhe um status
at ento indito na moda.
Depois de trabalhar para os melhores mercadores de tecidos da Inglaterra e da Frana, Worth havia
alcanado uma profunda compreenso do comrcio de moda. E em 1858 abriu seu prprio negcio
na rue de la Paix em Paris.
Em contraste com os outros costureiros, Worth trocou o status de arteso pelo de artista, cujos seus
distintos clientes eram forados a acatar suas criaes. Suas incomparveis habilidades tcnicas,
justificariam a adoo da nomenclatura haute couture, ou Alta Costura. Worth chegou a enfrentar
uma resistncia inicial, mas teve sua reputao conciliada quando a imperatriz Eugnia, mulher de
Napoleo III, admirada com um de seus trabalhos, encomendou-lhe alguns vestidos. O sucesso foi
tamanho que, em 1864, o costureiro j era o principal responsvel pelo vesturio da imperatriz para
ocasies formais e de noite. Considerando-se que em bailes imperiais nenhum vestido poderia ser
repetido, e com tantas damas querendo imitar Eugnia, Worth poderia receber uma demanda de mil
diferentes vestidos para um s evento.
Em 1868, ele fundou uma Associao de Casas de Costura dedicada a regulamentar e proteger o
trabalho dos costureiros parisienses. A iniciativa foi consolidada por seu filho Gaston e evoluiu para
tornar-se La Chambre Syndicale de la Couture Parisienne ( Cmara Sindical da Costura Parisiense),
que at hoje comanda a indstria da Alta Costura da capital francesa que continua geografica-
mente concentrada em torno da rue de la Paix, endereo original do ateli de Worth.
O objetivo da La Chambre Syndicale de la Couture Parisienne garantir a qualidade, regulamentar e
manter altos padres , manter os segredos industriais e evitar os modelos criados fossem copiados. No-
vas regulamentaes foram implementadas em 1945 para preservar as caractersticas da Alta Costura.
As regulamentaes foram novamente atualizadas em 1992. Estas so apenas algumas das diretivas em
vigor hoje:
Os modelos devem ser feitos sob encomenda para clientes particulares, com uma ou mais provas.
A maison deve manter um ateli em Paris, com no mnimo 20 funcionrios em turno integral.
Cada pea inteiramente feita a mo (pois essa a nica maneira de garantir que o avesso ser
to bonito e bem-acabado quanto o direito)
Cada pea praticamente exclusiva: Um mesmo vestido ter no mximo duas clientes, sempre de
continentes diferentes.
A cada temporada primavera-vero e outono-inverno ( ou seja, duas vezes ao ano) - maison
deve apresentar uma coleo imprensa parisiense em um desfile composto por, no mnimo, 50 pas-
sagens incluindo moda para o dia e para noite.
Deve ser confeccionada em Paris
Em geral, a roupa nasce de um croqui, que ser interpretado pela funcionria chama-
da premire de latelier num prottipo feito de tecido comum. Ao contrrio das roupas
prtporter, no h moldes de papel para orientar o corte. A roupa cortada e alinha-
vada diretamente num manequim de madeira, preparado a partir das medidas precisas
da cliente. A primeira prova feita com o prottipo. S ento o tecido definitivo ser
cortado e montado pelas costureiras, chamadas de petites mains, mozinhas. Seg-
uem-se mais duas provas at a roupa ser entregue. Nas maisons, em geral, existem
dois atelis, o flou, onde so feitos os trajes de noite, sobretudo vestidos, e o tailleur,
para blusas e saias. Sos mos diferentes: a costureira de um ateli no capaz de
fazer bem uma pea do outro, e vice-versa, explica Catherine Rivire, diretora de al-
ta-costura da Dior. Um tailleur demora 45 dias para ficar pronto. Se a cliente estiver
sempre disponvel para as provas, ressalta Catherine, que atende pessoalmente as
200 clientes habituais da Dior alta-costura. Ela e suas assistentes viajam constante-
mente com vestidos e prottipos de prova na bagagem. Metade de nossas clientes
do Oriente, diz.
(Revista Veja, Maio/2005)
Os membros da Chambre Syndicale devem obedecer as rgidas normas sob pena de
sofrerem punio, ou pior, serem expulsos. Qualquer maison de moda que aspire a
afiliar-se ao Chambre Syndicale precisa implementar essas medidas antes de sua
inscrio. Somente aps os membros do executivo terem aprovado a inscrio
que a maison recebe status e direito de classificar seu trabalho como
haute couture.
Com o decorrer do tempo, o nmero de maisons de Alta Costura caiu nos ltimos
60 anos de 106, em 1946, para 18 em 2000. Em 2009 havia apenas 11 maisons
de Alta Costura em Paris,. Embora as marcas como Giorgio Armani, Valentino,
Elie Saab criem colees de alta-costura, eles so considerados apenas como
couturiers afiliados Syndicale, os assim chamados correspondentes, e existe
um terceiro escalo conhecido como membros convidados, e entre eles esto
designers como Boudicca e Alexis Mabile.
Apesar da importncia da Alta Costura ser discutvel, graas as mudanas
socioeconmicas com o passar dos anos , o mercado de Alta Costura ainda
continua em vigor nas grandes maisons. Pois ela tornou-se uma mquina
bem-sucedida de branding e promoo para as linhas de prt--porter,
acessrios e cosmticos associadas s marcas.
A atividade alta-costura como venda de vestidos carssimos para bailes que no
existem mais obsoleta, mas como geradora de desejos e promotora do consumo
ela imbatvel. No sbado seguinte ao desfile de alta-costura do inverno passado,
apenas a butique da Christian Dior na Avenida Montaigne, em Paris, recebeu a visita
de 5 000 pessoas. A maioria sai com alguma coisa nas mos no mnimo um batonz-
inho, afirma o consultor de moda francs JeanJacques
(Revista Veja, Maio/2005)
Em geral, o consumo de Alta Costura nos dias de hoje no foca somente nas 450(em mdia) clien-
tes superexclusivas que podem se dar ao luxo de consumir vestidos que esto na faixa R$60.000
R$350,000. Existe por trs uma estratgia de marketing bem sucedida que leva o pblico de massa
dessas grifes a louvarem suas criaes Prt Porter.
O termo Prt- -Porter , significa pronto para vestir, suas origens podem ser discutveis mas no h
como negar a considervel influncia dos fabricantes de uniformes da Primeira Guerra Mundial, que
criaram novos mtodos de produo em massa para atender os milhes do soldados enviados para as
trincheiras. Isso deu a indstria ideias valiosas sobre a padronizao de tamanhos e levou inveno
de mquinas como prensas industriais, ferramentas eletrnicas de corte e mquinas de costura mais
sofisticadas. Tudo isso ajudou a acelerar o processo de produo.
O declnio da Alta Costura e a influncia cada vez maior do casualwear e do streetwear, alm das mu-
danas socioculturais e econmicas como as revolues sociais dos nos 60 e 70, ajudaram o prt-a-
porter a se tornar fora dominante da moda atual.
Sinnimo de democratizao dos itens de moda, o prt-a-porter possui vesturio com uma infinidade
de estilos e preos e coloca o consumidor como autor de suas prprias tendncias. No a toa que o
streetwear uma das inspiraes mais usadas pelas grandes marcas de Prt-a-Porter.
No Brasil, como no mundo inteiro, a fantasia gerada pelo empreendimento bem sucedido da Alta
Costura e Prt--Porter pelas maisons influncia no consumo de produtos em que o consumidor na-
cional possa pagar, seja num perfume de R$250,00 ou numa bolsa de R$6,000, a fantasia gerada pelo
branding dessas marcas seduz e impacta o consumidor brasileiro da mesma forma.
REFERNCIAS
MACKENZIE, Mairi. Alta-Costura. In: MACKENZIE, Mairi. Ismos - para entender a moda. Rio de
Janeiro: Editora Globo, 2011. p. 44-47
MATHARU, Gurmit. O que design de moda?. Rio de Janeiro: Bookman, 2009.
HAHN, Katharina. Tudo sobre moda. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.
VARELLA, Flvia. Vitrine global da fantasia. Paris: Revista Veja, 2005.

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