Este documento apresenta um livro sobre morcegos do Brasil editado por Nelio R. dos Reis, Adriano L. Peracchi, Wagner A. Pedro e Isaac P. de Lima. O livro conta com colaborações de outros 18 autores e fornece informações atualizadas sobre a taxonomia e ecologia dos morcegos brasileiros.
Este documento apresenta um livro sobre morcegos do Brasil editado por Nelio R. dos Reis, Adriano L. Peracchi, Wagner A. Pedro e Isaac P. de Lima. O livro conta com colaborações de outros 18 autores e fornece informações atualizadas sobre a taxonomia e ecologia dos morcegos brasileiros.
Este documento apresenta um livro sobre morcegos do Brasil editado por Nelio R. dos Reis, Adriano L. Peracchi, Wagner A. Pedro e Isaac P. de Lima. O livro conta com colaborações de outros 18 autores e fornece informações atualizadas sobre a taxonomia e ecologia dos morcegos brasileiros.
Este documento apresenta um livro sobre morcegos do Brasil editado por Nelio R. dos Reis, Adriano L. Peracchi, Wagner A. Pedro e Isaac P. de Lima. O livro conta com colaborações de outros 18 autores e fornece informações atualizadas sobre a taxonomia e ecologia dos morcegos brasileiros.
Baixe no formato PDF, TXT ou leia online no Scribd
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 256
Morcegos do Brasil
Nelio R. dos Reis
Adriano L. Peracchi Wagner A. Pedro Isaac P. de Lima (Editores) EDITORES Nelio Roberto dos Reis Doutor em Cincias pelo INPA - 1981. Titular da rea de ecologia da Universidade Estadual de Londrina. rea - Ecologia de Mamferos. Adriano Lcio Peracchi Doutor em Cincias pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 1976. Livre Docente da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 1976. rea - Zoologia de Mamferos. Wagner Andr Pedro Doutor em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de So Carlos 1998. Livre Docente em Cincias do Ambiente da Unesp Araatuba. rea - Diversidade e Histria Natural de Vertebrados. Isaac Passos de Lima Mestre em Cincias Biolgicas pela Universidade Estadual de Londrina 2003. Doutorando em Zoologia Animal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. rea - Zoologia e Ecologia de Mamferos. Nelio R. dos Reis Adriano L. Peracchi Wagner A. Pedro Isaac P. de Lima (Editores) Morcegos do Brasil Londrina 2007 M833 Morcegos do Brasil / Nelio Roberto dos Reis ...[et al.]. - Londrina: Nelio R. dos Reis, 2007. 253p. :il. Vrios Colaboradores. Inclui bibliografia e ndice. ISBN 978-85-906395-1-0 1. Morcego - Classificao. 2. Mamfero - Classificao. 3. Taxonomia animal - Brasil. 4. Zoologia - Brasil. I. Reis, Nelio Roberto. CDU 599.4 Dados internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP) Depsito legal na Biblioteca Nacional Impresso no Brasil/ printed in Brazil Capa e Ilustraes: Oscar Akio Shibatta Design grfico e Diagramao: Isaac Passos de Lima Catalogao na publicao elaborada pela Diviso de Processos Tcnicos da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina. Apresentao Em decorrncia de sua viso adaptada apenas luz do dia, os humanos primitivos desenvolveram um temor e um respeito atvicos pelas trevas noturnas, extensivos aos seres que so ativos nelas. Assim, se desenvolveram mitos e fantasias sobre a coruja, o sapo, as grandes mariposas (tambm conhecidas como bruxas) e o morcego, entre outros tipos de animais. Tais fantasias atravessaram os tempos e, na Europa, por exemplo, deram origem a lendas sobre seres meio humanos meio demnios como as bruxas, o lobisomem e o vampiro. Tratados no singular, como se fossem espcies nicas, esses animais passaram a ser temidos porque, alm de serem feios, seriam nocivos: a coruja por seu mau agouro, o sapo por ter verrugas e espirrar leite venenoso nos olhos das pessoas, as mariposas por seu p capaz de cegar e os morcegos por serem todos capazes de sugar o sangue dos humanos. J no sculo XVII, o naturalista Guilherme Piso, tratando da flora e fauna brasileiras, relatava que a mordida do andir (morcego) era da mesma natureza que a peonha do co raivoso. Felizmente, por seus hbitos crpticos e por serem ativos em perodo do dia diferente daquele da maioria dos humanos, esses animais, que no so formas nicas (s de morcegos voam no Brasil ao menos 167 espcies distintas), esto relativamente protegidos de sua extino. Os quirpteros, se por um lado algumas entre suas espcies frutvoras so capazes de provocar danos em pomares e as hematfagas de disseminar o vrus da raiva, por outro, e a balana pende significativamente a seu favor, so importantssimos no controle dos insetos, que as formas insetvoras consomem s toneladas em cada noite, na polinizao de inmeras espcies de plantas florestais, que desapareceriam sem o concurso das formas nectarvoras, e na disseminao de sementes pelas frutvoras, tanto pelo abandono das sementes maiores aps devorarem a polpa, como pela eliminao das menores junto com as suas fezes. S o papel de conservadores das nossas florestas justificaria o empenho que muitos pesquisadores atualmente demonstram no sentido de melhor conhec-los, tanto no aspecto taxonmico, como em sua distribuio, ecologia e hbitos reprodutivos. Com a inteno de se atualizar os dados taxonmicos e informaes sobre os quirpteros brasileiros, para atender aos diversos pesquisadores sobre morcegos, tanto os mais antigos como aqueles que esto se iniciando, Nlio Roberto dos Reis, Adriano Lucio Peracchi, Wagner Andr Pedro e Isaac Passos de Lima reuniram-se para editar este livro, contando com a colaborao de mais outros 18 autores, todos especialistas no assunto e igualmente pesquisadores em instituies de ensino superior e de pesquisa brasileiras. Trata-se, portanto, de obra indispensvel para todos aqueles que desejarem se atualizar ou aumentar seus conhecimentos sobre esse interessante grupo de animais to importantes para a preservao do meio ambiente. Eugenio Izecksohn Professor Emrito da UFRRJ Dedicatria Este livro oferecido aos professores Valdir Antnio Taddei (In memoriam) e Adriano Lcio Peracchi pelas grandes contribuies para o conhecimento da Ordem Chiroptera no Brasil, pela manuteno de respeitadas Colees Zoolgicas e pela formao de um grande nmero de profissionais nesta rea. A eles o nosso mais profundo respeito. Nelio Roberto dos Reis Wagner Andr Pedro Isaac Passos de Lima S podemos preservar o que amamos, s podemos amar o que entendemos, s podemos entender o que nos foi ensinado. (Autor desconhecido) Agradecimentos Aos revisores Carlos Eduardo de Alvarenga Julio (Dr.) Bilogo, Professor Adjunto - Zoologia/Invertebrados - Departamento de Biologia Animal e Vegetal - Universidade Estadual de Londrina (UEL). Cibele Rodrigues Bonvicino (Dra.) Biloga, Instituto Nacional do Cncer, Coordenadoria de Pesquisa, Diviso de gentica (INCA). Edson Aparecido Proni (Dr.) Bilogo, Professor associado do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Enrico Bernard (Ph.D.) Bilogo, York University, Toronto, Canad/Gerente de Projetos para a Amaznia - Conservao Internacional. Erica Marisa Sampaio-Czubayko (Ph.D.) Biloga, Pesquisadora Associada doNational Museum of Natural History - Mammals Division/Estados Unidos e Department of Experimental Ecology - University of Ulm/Alemanha. Fabiana Rocha Mendes (M.Sc.) Biloga, Doutoranda em Cincias Biolgicas, Zoologia - Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP - Rio Claro - SP). Joo Alves de Oliveira (Ph.D.) Bilogo, Professor adjunto do Departamento de Vertebrados, Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Marcelo Passamani (Dr.) Bilogo, Prof. Setor de Ecologia, Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Marco Aurlio Ribeiro de Mello (Dr.) Bilogo, Departamento de Botnica da Universidade Federal de So Carlos (UFSCAR). Margareth Lumy Sekiama (Dra.) Biloga, Ambincia - Klabin Florestal Paran. Oilton Jos Dias Macieira (Dr.) Eclogo, Professor associado do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Renato Silveira Brnils (M.Sc.) Bilogo, Doutorando em Zoologia, Departamento de Vertebrados, Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Sandra Bos Mikich (Dra.) Biloga, Pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria - Unidade Embrapa Florestas. Srgio Luiz Althoff (M.Sc.) Bilogo, Professor Pesquisador do Departamento de Cincias Naturais da Fundao Universidade Regional de Blumenau (FURB). Valria Tavares (Dra.) Biloga, Department of Mammalogy, American Museum of Natural History (AMNH). Wilson Uieda (PhD.) Bilogo, Professor do Departamento de Zoologia no Instituto de Biocincias da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP) - Campus de Rubio Junior. Agradecimentos especiais Caixa Econmica Federal; Pr-Reitoria de Pesquisa (PROPe), da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP); Fundao Carlos Chagas Filho de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Estas entidades deram total apoio financeiro na impresso desta obra. Universidade Estadual de Londrina (UEL) na pessoa do Magnfico reitor Dr. Wilmar Sachetin Maral; Ao Programa de Ps-graduao em Cincias Biolgicas (UEL). Por darem apoio logstico e de infra-estrutura para a execuo deste livro. Ao CNPq, a CAPES e a FAPERJ pelo apoio e concesso de bolsas aos pesquisadores envolvidos neste projeto. Aos profissionais que cederam as fotos para a composio deste livro. Lista dos Autores Adriano Lcio Peracchi (Dr.), Agrnomo, Professor Livre Docente do Instituto de Biologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Cibele Maria Vianna Zanon (M.Sc.), Biloga, Doutoranda em Ecologia de Ambientes Aquticos da Universidade Estadual de Maring (UEM). Daniela Dias (Dr a .), Biloga, Laboratrio de Mastozoologia - Instituto de Biologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Eliana Morielle-Versute (Dra.), Biloga, Professora do Departamento de Zoologia e Botnica da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP). Fabio Nascimento Oliveira Fogaa (M.Sc.), Bilogo, Professor Assistente do Curso de Tecnologia em Meio Ambiente, Universidade Estadual de Maring (UEM), Campus Umuarama. Gisele Aparecida da Silva Doratti dos Santos (M.Sc.), Biloga, Laboratrio de Mastozoologia - Centro de Cincias Biolgicas da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Gledson Vigiano Bianconi (M.Sc.), Bilogo, Doutorando em Cincias Biolgicas, Zoologia, da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP Rio Claro-SP). Henrique Ortncio Filho (M.Sc.), Bilogo, Doutorando em Ecologia de Ambientes Aquticos Continentais da Universidade Estadual de Maring (UEM), Professor Adjunto do Curso de Cincias Biolgicas da Universidade Paranaense (UNIPAR), Campus Cianorte. Isaac Passos de Lima (M.Sc.), Bilogo, Doutorando do Curso de Biologia Animal do Instituto de Biologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Janaina Gazarini Biloga, Mestranda do Programa de Ps-Graduao em Cincias Biolgicas da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ludmilla Moura de Souza Aguiar (Dr.), Biloga, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA) - Centro de Pesquisa Agropecuria dos Cerrados. Marcelo Oscar Bordignon (Dr.), Bilogo, Professor Adjunto III do Departamento de Cincias do Ambiente da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Marcelo Rodrigues Nogueira (Dr.), Bilogo, Pesquisador Associado do Laboratrio de Cincias Ambientais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Marlon Zorta (Dr.), Bilogo, Professor do departamento de Biologia da Universidade Federal de Gois (UFG). Marta Elena Fabian (Dr), Biloga, Professora Adjunta do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nelio Roberto dos Reis (Dr.), Biomdico, Professor Titular do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Oscar Akio Shibatta (Dr.), Bilogo, Professor Associado do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Priscila Mara de Moraes Veduatto (M.Sc.), Biloga, Universidade Estadual de Londrina (UEL). Renata Issa Rickli (Mestranda), Biloga, Programa de Ps-Graduao em Cincias Biolgicas da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Renato Gregorin (Dr.), Bilogo, Professor do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Ricardo Moratelli Mendona da Rocha (M.Sc.), Bilogo, Programa Institucional Biodiversidade e Sade, FIOCRUZ; Doutorando do Programa de Ps-graduao em Cincias Biolgicas (Zoologia), Museu Nacional, (UFRJ). Wagner Andr Pedro (Dr.), Bilogo, Professor Livre Docente, Laboratrio de Chiroptera, Departamento de Apoio, Produo e Sade Animal da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP - Araatuba - SP). Sumrio Sumrio Captulo 01 - Sobre os Morcegos Brasileiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Nelio R. Reis; Oscar A. Shibatta; Adriano L. Peracchi; Wagner A. Pedro e Isaac P. Lima Classificao e diversidade de morcegos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Origem e evoluo dos Chiroptera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Caractersticas gerais dos Microchiroptera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Conservao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Caracteres morfolgicos dos morcegos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Captulo 02 - Famlia Emballorunidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Adriano L. Peracchi e Marcelo R. Nogueira Gnero Centronycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Cormura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Cyttarops . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Diclidurus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Peropteryx . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Rhynchonycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Saccopteryx . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Famlia Phyllostomidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Captulo 03 - Subfamlia Desmodontinae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Ludmilla M. S. Aguiar Gnero Desmodus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Diaemus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Diphylla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Captulo 04 - Subfamlia Glossophaginae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Marcelo R. Nogueira; Daniela Dias e Adriano L. Peracchi Tribo Glossophagini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Gnero Anoura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Choeroniscus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Glossophaga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Lichonycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Scleronycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Tribo Lonchophyllini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Gnero Lionycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Lonchophylla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Xeronycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Marcelo R. Nogueira; Adriano L. Peracchi e Ricardo Moratelli Gnero Chrotopterus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Glyphonycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Lampronycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Lonchorhina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Morcegos do Brasil Gnero Lophostoma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Macrophyllum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 Micronycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Mimon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Neonycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Phylloderma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 Phyllostomus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 Tonatia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Trachops . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Trinycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Vampyrum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 Captulo 06 - Subfamlia Carolliinae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 Henrique O. Filho; Isaac P. Lima e Fbio N. O. Fogaa Gnero Carollia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 Rhinophylla. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Marlon Zorta Gnero Ametrida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 Artibeus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 Chiroderma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 Enchisthenes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 Mesophylla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 Platyrrhinus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Pygoderma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 Sphaeronycteris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 Sturnira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Uroderma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 Vampyressa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 Vampyrodes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127 Captulo 08 - Famlia Mormoopidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 Cibele M. V. Zanon e Nelio R. Reis Gnero Pteronotus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 Captulo 09 Famlia Noctilionidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 Nelio R. Reis; Priscila M. M. Veduatto e Marcelo O. Bordignon Gnero Noctilio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 Captulo 10 - Famlia Furipteridae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 Nelio R. Reis e Janaina Gazarini Gnero Furipterus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 Captulo 11 Famlia Thyropteridae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 Isaac P. Lima e Renato Gregorin Gnero Thyroptera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 Captulo 12 - Famlia Natalidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 Nelio R. Reis; Gisele A. S. D. Santos e Renata I. Rickli Gnero Natalus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 Sumrio Captulo 13 - Famlia Molossidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 Marta E. Fabian e Renato Gregorin Gnero Cynomops . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 Eumops . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Molossops . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156 Molossus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 Nyctinomops . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 Promops . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163 Tadarida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164 Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167 Gledson V. Bianconi e Wagner A. Pedro Subfamlia Vespertilioninae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168 Tribo Eptesicini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168 Gnero Eptesicus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168 Tribo Lasiurini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 Gnero Lasiurus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 Tribo Nycticeiini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 Gnero Rhogeessa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 Tribo Vespertilionini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 Gnero Histiotus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 Subfamlia Myotinae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 Gnero Myotis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica na taxonomia de morcegos brasileiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197 Ricardo Moratelli e Eliana Morielle-Versute Tcnicas para obteno de cromossomos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 Tcnicas de colorao e bandeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202 Procedimento para obteno de cromossomos em condies de campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203 Sntese dos dados citogenticos sobre espcies de morcegos da fauna brasileira . . . . . . . . . . . . . 204 Aplicaes dos estudos citogenticos em morcegos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211 Emballonuridae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211 Phyllostominae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212 Glossophaginae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212 Stenodermatinae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213 Desmodontinae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215 Carolliinae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215 Mormoopidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216 Noctilionidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216 Furipteridae, Thyropteridae e Natalidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216 Vespertilionidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216 Molossidae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217 Anexo I protocolos para preparo de reagentes e solues. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218 Anexo II frmula para clculo de fora centrfuga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218 Lista das espcies de morcegos do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219 Referncias Bibliogrficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225 ndice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251 Morcegos do Brasil 17 Reis, N.R.dos; Shibatta, O.A.; Peracchi, A.L. Pedro, W.A. & Lima, I.P. de Captulo 01 - Sobre os Morcegos Brasileiros Captulo 01 Sobre os Morcegos Brasileiros Nelio Roberto dos Reis Professor Titular do Departamento de Biologia Animal e Vegetal Universidade Estadual de Londrina (UEL) Oscar Akio Shibatta Professor Associado do Departamento de Biologia Animal e Vegetal Universidade Estadual de Londrina (UEL) Adriano Lcio Peracchi Professor Livre Docente do Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Wagner Andr Pedro Professor Livre Docente do Laboratrio de Chiroptera, Departamento de Apoio, Produo e Sade Animal Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP Araatuba-SP) Isaac Passos de Lima Doutorando do Curso de Biologia Animal do Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) No Brasil, poucas pessoas sabem que os morcegos recebem os nomes andir, guandira ou guandiruu na lngua tupi. O desconhecimento sobre esses animais no se restringe a esses no- mes, mas diversidade de espcies, complexidade biolgica e importncia ecolgica. A palavra morcego remete a maioria das pessoas figura de um rato alado, noturno e suga- dor de sangue. O prprio nome, morcego, deri- vado do latim muris (rato) e coecus (cego). Em grego verpertilio e em latin nycteris, que so nomes rela- cionados ao hbito de vida noturno. Segundo BIEDERMANN (1993), a simbologia associada a esses animais variada, e as narrativas dos primei- ros colonizadores, da existncia de morcegos-vam- piros sugadores de sangue na Amrica do Sul, con- triburam para que os morcegos inofensivos tam- bm fossem vistos na Europa como seres assusta- dores. Morcegos hematfagos j faziam parte das narrativas dos autores quinhentistas Hans Staden, Jean de Lry e Gabriel Soares de Souza, que foram os primeiros a tecerem comentrios sobre os mor- cegos do Brasil (CASSIMIRO & MORATO, 2005). Entretanto, esses animais apresentam diferentes hbitos alimentares e a grande maioria til ao homem. Na cultura maia da Amrica Central, ao norte de Yucatn, havia um Deus-morcego cha- mado Acanceh. Na China, alm de ser um smbo- lo da felicidade, cinco morcegos juntos significam os bens terrenos (idade avanada, riqueza, sade, amor virtuoso e morte natural). Na antiguidade, o morcego era o smbolo da vigilncia, e seu olho protegeria da sonolncia (BIEDERMANN, 1993). Lendas parte, a simplificao imposta pela cren- dice popular no faz jus a esses formidveis ani- mais, que apresentaremos a seguir. Classificao e diversidade de morcegos Morcegos pertencem ordem Chiroptera, palavra derivada do grego cheir (mo) e pteron (asa). Quirpteros so um dos grupos de mamferos mais diversificados do mundo, com dezoito famlias, 18 Morcegos do Brasil 202 gneros e 1120 espcies (SIMMONS, 2005). Isso representa aproximadamente 22% das esp- cies conhecidas de mamferos, que hoje totalizam 5416 espcies (WILSON & REEDER, 2005). Tradicionalmente os Chiroptera so divi- didos em duas subordens, os Megachiroptera e os Microchiroptera. Duas hipteses correntes de re- lacionamento filogentico podem ser destacadas. A primeira, que demonstra o polifiletismo da or- dem, baseada em caracteres do sistema visual (PETTIGREW, 1986), relaciona os Megachiroptera aos Primates. A segunda, baseada em dados morfolgicos (SIMMONS, 1994; VAN DEN BUSSCHE et al., 1998) e reforada recente- mente pelas informaes genticas (MURPHY et al., 2001), demonstra o monofiletismo do grupo. Os Megachiroptera no ocorrem no Bra- sil e esto representados por apenas uma famlia, Pteropodidae, com 150 espcies distribudas pelo Velho Mundo, na regio tropical da frica, ndia, sudeste da sia e Austrlia (FENTON, 1992). Devido similaridade de suas faces com as das raposas, so conhecidos popularmente como ra- posas-voadoras. Apresentam tamanho mdio a grande, com Pteropus vampyrus, atingindo aproxi- madamente 1,5 kg e 1,7 m de envergadura. Utili- zam a viso para navegao e, por isso, tm olhos grandes. Alm disso, tm as orelhas pequenas e sem o tragus (apndice membranoso na abertura auricular) e no tm ornamentaes faciais e na- sais, pois no apresentam ecolocalizao (apenas uma espcie dessa famlia apresenta esse sistema). A cauda e o uropatgio esto ausentes, as vrtebras cervicais no so modificadas e a cabea fica virada para a regio ventral quando esto empoleirados. No hibernam e nem entram em torpor. As diferentes es- pcies podem apresentar variadas estratgias reprodutivas, desde estacionalmente monoestra at poliestria assazonal (TADDEI, 1976). Os Microchiroptera so compostos por 17 famlias e 930 espcies no mundo (SIMMONS, 2005), no ocorrendo apenas nas regies polares. No Brasil so conhecidas nove famlias, 64 gne- ros e 167 espcies (REIS et al., 2006; TAVARES et al., no prelo; presente trabalho). Neste pas a se- gunda ordem em riqueza de espcies, sendo supe- rada somente pela ordem Rodentia, com 235 es- pcies. As famlias brasileiras, com seus respecti- vos nmeros de espcies so: Emballonuridae (15); Phyllostomidae (90); Mormoopidae (4); Noctilionidae (2); Furipteridae (1); Thyropteridae (4); Natalidae (1); Molossidae (26) e Vespetilionidae (24) (PERACCHI et al., 2006). Eles habitam todo o territrio nacional, ocorren- do na Amaznia, no Cerrado, na Mata Atlntica, no mido Pantanal, no rido nordeste, nos pampas gachos e at nas reas urbanas. Mais adiante se- ro apresentadas caractersticas gerais dessa subordem. Origem e evoluo dos Chiroptera A ancestralidade dos morcegos continua obscura. A dificuldade de vincular os morcegos a qualquer outro grupo de mamferos sugere uma origem muito antiga. difcil encontrar fsseis com informaes sobre o perodo inicial da evolu- o dos morcegos por causa do esqueleto delica- do, pequeno e leve, que no se preserva bem. Alm disso, nas florestas as condies no so favor- veis fossilizao. O registro fssil mais antigo, que remete a alguma caracterstica quirptera, provm de al- guns dentes descobertos na Frana, do perodo Paleoceno, que apresentam caracteres tanto de morcegos quanto de insetvoros (Eulipotyphla, o grupo dos musaranhos), permitindo relacionar filogeneticamente esses dois grupos. Isso foi con- firmado recentemente, em estudo com dados moleculares (MURPHY et al., 2001), em que os Eulipotyphla se mantiveram como o grupo irmo do clado onde se encontram os morcegos. Mesmo assim, no possvel determinar se esses animais primordiais j apresentavam estruturas alares, ape- 19 Reis, N.R.dos; Shibatta, O.A.; Peracchi, A.L. Pedro, W.A. & Lima, I.P. de Captulo 01 - Sobre os Morcegos Brasileiros nas pelo exame dos dentes fsseis. O fssil completo mais antigo de um ver- dadeiro morcego foi encontrado em rochas Eocnicas (60 milhes de anos) da formao Green River do Wyoming, Estados Unidos. Entretanto, esse fssil, denominado Icaronycteris index, no apre- senta nenhuma caracterstica intermediria, sen- do claramente um Microchiroptera de hbitos insetvoros. A morfologia craniana dessa espcie tambm indica habilidade para a ecolocalizao. Outro fssil encontrado na Alemanha, o Palaeochiropterys tupaiodon, de 50 milhes de anos atrs, tambm era um morcego semelhante aos atuais (FENTON, 1992, SIMMONS & GEISLER, 1998). Outra datao da antiguidade do grupo foi realizada com a descoberta de ovos fossilizados de mariposas noctudeas, que tm a habilidade de detectar sons de morcegos. Eles tm aproximada- mente 75 milhes de anos, sugerindo que os mor- cegos floresceram muito cedo, h cerca de 80 a 100 milhes de anos. Assim, eles permaneceram sem mudanas expressivas na sua arquitetura corprea, mesmo depois de ter compartilhado o mundo com os dinossauros e de ter presenciado os eventos que os extinguiram no final do Cretceo (FULLARD, 1987; GALL & TIFFNEY, 1983; BAILEY, 1991). Especula-se que os morcegos evoluram com o incio da diversificao das plantas com flo- res, que trouxe como conseqncia a abundncia de insetos. Desta forma, os mamferos da ordem Insetivora tambm se estabeleceram e exerceram uma forte presso de predao contra os ances- trais dos morcegos, pois havia Insetivora que predavam pequenos mamferos. Por essa razo, presume-se que esses ancestrais dos morcegos fos- sem noturnos, evoluindo de um mamfero peque- no e arborcola. Aps milhes de anos saltando atrs de insetos, de rvore para rvore, o processo de seleo natural direcionou para o desenvolvi- mento de membranas, o que possibilitou aos an- cestrais dos morcegos planarem de modo similar quele dos modernos colugos (ordem Dermoptera) e esquilos voadores (ordem Rodentia). Deste ponto eles literalmente se lanaram para o vo, tornan- do-se esses caadores areos altamente bem suce- didos que so conhecidos atualmente. Assim, me- nos energia gasta com o vo planado de rvore para rvore do que caminhando ou correndo. Alm disso, evita-se contatos com predadores terrestres (ALTRINGHAM, 1996). Caractersticas gerais dos Microchiroptera Os Microchiroptera geralmente apresen- tam tamanho mdio, mas podem ocorrer espcies diminutas como Furipterus horrens com peso mdio de 3 gramas e 15 cm de envergadura (NOWAK, 1994). Outras espcies podem ser relativamente maiores, como o filostomdeo Vampyrum spectrum, conhecido como andir-au, que pode chegar a 190 g, 15 cm de corpo e 70 cm de envergadura (EMMONS & FEER, 1990). Morcegos em geral apresentam alta longevidade se comparados a mamferos de mesmo porte: enquanto um rato de 40 g vive at dois anos, um morcego vampiro pode viver at 20 anos na natureza (BERNARD, 2005). Como animais noturnos, tm poucos co- nes na retina, uma estrutura relacionada com a percepo de cores. No entanto, no so cegos e, embora todas as famlias brasileiras usem a ecolocalizao para se orientar, alguns frugvoros maiores tambm se localizam pela viso. Por utili- zar primariamente o sistema de ecolocalizao, os olhos so pequenos, as orelhas so grandes, o tragus bem desenvolvido e as ornamentaes nasais e faciais muitas vezes esto presentes. Na maior fa- mlia brasileira, Phyllostomidae, a folha nasal pro- eminente toma parte importante no direcionamento dos ultrassons que saem pelas narinas (NEUWEILER, 2000). Durante o processo de ecolocalizao, eles transmitem sons de alta fre- qncia pela boca ou pelo nariz, que so refleti- 20 Morcegos do Brasil dos por superfcies do ambiente, indicando a dire- o e a distncia relativa dos objetos (FENTON, 1992). assim que os insetvoros se desviam dos obstculos noturnos e caam pequenos insetos em pleno vo, e piscvoros pescam, atravs da deteco das ondas formadas pelos pequenos pei- xes de superfcie. A ecolocalizao tambm im- portante para os morcegos que vivem em florestas fechadas, onde os obstculos so muitos. Morce- gos tambm usam o som para outras finalidades como comunicao e alarmes, acasalamento e agresso, e alguns sons emitidos pelos morcegos no so audveis para a espcie humana. Apesar de alguns mamferos conseguirem planar a longas distncias, tais como o Galeopithecus da ordem Eulipotyphla, Petaurus da ordem Didelphimorphia e Pteromys da ordem Rodentia, os morcegos so o nico grupo capaz de realizar o vo verdadeiro (FENTON, 1992). No transcor- rer da evoluo, finas e elsticas membranas se de- senvolveram entre seus dedos, alongando-se at a parte distal das suas pernas, dando-lhes capacida- de de manobras e tornando-os grandes voadores. Ainda para favorecer esta habilidade, os seus os- sos so longos, finos, tubulares e leves (KUNZ & RACEY, 1998). As falanges da mo so extrema- mente longas e sustentam as membranas ou patgios, as vrtebras cervicais so torcidas, pos- sibilitando cabea permanecer levantada, as vr- tebras traco-lombares da coluna curvaram-se para ampliar a caixa torcica, o esterno apresenta uma crista para insero de fortes msculos peitorais, as costelas ligaram-se parcialmente para tornar o trax mais resistente, a clavcula grossa e bem fixada, a bacia sofreu torso e o joelho voltado para trs. Como suas asas possuem grande super- fcie, a desidratao mais rpida do que em ou- tros animais de mesmo peso, e a necessidade de gua maior em morcegos do que em outros ma- mferos do mesmo peso (NEUWEILER, 2000). Os morcegos tambm desenvolveram a capacidade de se dependurar para o repouso, de cabea para baixo, agarrando-se a superfcies de cavernas, troncos e galhos com suas unhas afiadas e curvas como um cabo de guarda-chuva. As vr- tebras cervicais, da mesma forma que permitem cabea permanecer levantada durante o vo, a mantm levantada durante o repouso, de modo que o ambiente no parea invertido. Para esses animais noturnos, uma colora- o viva seria de pouca utilidade e, por isso, h apenas variaes entre o preto e o pardo, com al- gumas espcies ruivas ou amareladas. Mesmo as- sim, podem ocorrer pelagens brancas como nas espcies de Diclidurus, embora isso no parea ser um componente importante, de modo que haja aumento de sua predao. Apesar de existirem vrios animais que possam predar morcegos, tais como corujas, gavi- es, falces, guaxinim, gatos, cobras, sapos e ara- nhas grandes, apenas uma guia africana real- mente especializada em morcegos. O mais surpre- endente que alguns morcegos se alimentam de outros, embora no sejam canibais, pois capturam espcies diferentes da sua (FENTON, 1992). Eles no esto livres dos parasitos, sendo observadas populaes numerosas de pequenas moscas, carrapatos e caros, alm de inmeros parasitos internos em exemplares coletados em campo. O estudo dos parasitos ainda um campo pouco explorado pelos quiropterologistas. Os morcegos constituem um dos grupos de mamferos mais diversificados quanto aos h- bitos alimentares, o que no surpreendente se considerada a diversidade de espcies. Praticamente todos os grupos trficos podem ser observados entre os morcegos, excetuando-se os saprfagos. Os carnvoros so predadores de peque- nos vertebrados, tais como pssaros, anfbios, rp- teis e at pequenos mamferos. Tambm comem grandes insetos. Dentre os morcegos brasileiros, os carnvoros esto entre aqueles de maior tama- nho. Existem morcegos predominantemente 21 Reis, N.R.dos; Shibatta, O.A.; Peracchi, A.L. Pedro, W.A. & Lima, I.P. de Captulo 01 - Sobre os Morcegos Brasileiros frugvoros, mas que tambm podem incluir inse- tos na sua dieta. No Brasil pertencem exclusiva- mente famlia Phyllostomidae (aqueles que apre- sentam a folha nasal), que ocasionalmente so con- siderados como prejudiciais s rvores frutferas, por atacarem os frutos dos pomares depois que todas as matas foram destrudas na regio. Entre- tanto, segundo GREENHALL (1956, 1966), os danos causados pelos morcegos indstria deri- vada dos frutos so poucos ou de nenhuma im- portncia. Sobre a sua importncia biolgica, os frugvoros desempenham importante papel na dis- perso de sementes. Alguns botnicos afirmam que os quirpteros so os dispersores mais importan- tes entre todos os mamferos (HUBER,1910; PIJL, 1957). Ainda HUMPHREY & BONACCORSO (1979) sugerem que 25% das espcies de rvores da floresta de algumas regies tropicais so dis- persas por eles. Os melhores dispersores de semen- tes, nas Amricas, so os filostomdeos (JONES & CARTER, 1976), o que os coloca entre os prin- cipais responsveis pela regenerao das florestas neotropicais (BREDT et al., 1996). Esse potenci- al de disperso est associado com seu hbito de forrageio, sua mobilidade e com as grandes distn- cias que percorrem em busca de alimentos (GALINDO-GONZLEZ, 1998). Os hematfagos alimentam-se exclusiva- mente de sangue de mamferos ou de aves e, para isso, utilizam incisivos especializados para fazer pequeno corte nos animais. Lanam um anticoagulante com a saliva e sorvem o sangue que flui para fora. Depois, j saciados, separam a parte lquida do sangue com os rins especializados e uri- nam, eliminando o excesso de peso, para retornar aos seus abrigos. Existem apenas trs gneros e trs espcies de morcegos hematfagos e todos so neotropicais (BRASS, 1994). A raiva comum nos morcegos-vampiro, mas segundo CONSTANTINE (1970) a transmis- so dessa doena ao homem raramente ocorre. Na Amaznia foi realizado um estudo sobre morce- gos-vampiro na epidemiologia da raiva humana, e concluiu-se que no possvel incrimin-los como tendo um papel significativo (MOK & LACEY, 1980). Por outro lado, a raiva relacionada com o gado mais importante, pois foram constatadas, em 1972, a contaminao de 2 milhes de cabe- as em todos os pases das Amricas Central e do Sul, exceto no Chile e Uruguai (CONSTANTINE, 1970). O controle da raiva paraltica dos ruminan- tes deve ser feito com vacina anti-rbica (vrios tipos so produzidos no Brasil), e com a diminui- o da populao de seus transmissores, que, no caso, seriam os morcegos hematfagos. Dado o pouco conhecimento sobre o assunto, costuma-se incriminar todas as espcies de morcegos. Por esse motivo, muitas vezes morcegos benficos como os insetvoros ou os frugvoros so injustamente acusados e exterminados s centenas. Felizmente, com a descoberta de venenos especficos, torna- se possvel a diminuio dos morcegos hematfagos, sem perigo s outras espcies. Os insetvoros, tais como os Vespertilionidae, obtm a maioria dos insetos dos quais se alimentam em vo. Normalmente, os Embalonuridae e os Vespertilionidae capturam esses insetos voando em nvel mais baixo do que a copa das rvores, e os Molossidae, voando acima dessas copas. Existem relatos de morcegos que sobem a aproximadamente trs mil metros de al- tura para alcanar concentraes de mariposas. Os morcegos so importantssimos como controladores de insetos. Estima-se que algumas espcies possam comer quantidades corresponden- tes a uma vez e meia o seu peso em uma nica noite (GOODWIN & GREENHALL, 1961). Al- guns Phyllostomidae comuns no Brasil tambm podem capturar at 500 insetos por hora (GRIFFIN et al., 1960). Muitos dos insetos capturados pelos morcegos so daninhos lavoura ou podem trans- mitir doenas como a dengue. Alm disso, captu- 22 Morcegos do Brasil ram colepteros e ispteros que atacam a estrutu- ra de casas construdas com madeira (YALDEN & MORRIS, 1975). JONES (1971) mostrou que 22 espcies de morcegos tiveram reduzidas as suas populaes nos Estados Unidos. Entre os fatores que mais contriburam para essa diminuio, estava o uso indiscriminado dos inseticidas, que contaminaram e diminuram suas fontes de alimentos, alm de ter contaminado o prprio animal, que mais vul- nervel a esse tipo de envenenamento do que ou- tros. Como exemplo, cita-se o DDT, cuja dose letal de 40 mg.kg -1 para morcegos e de 800 mg.kg -1 para os ratos (COCKRUM, 1969; 1970; CLARK-JR et al., 1975; DAVIS, 1970a). Alm disso, por estarem no fim da cadeia alimentar, os insetvoros ficam su- jeitos a maiores acmulos de inseticidas e envene- namento subletal que provoca a sua esterilidade. Um exemplo para demonstrar o impacto do ho- mem sobre os morcegos pode ser o de uma col- nia no Mxico, que em 1963 continha 25 milhes de morcegos e que foi dizimada para apenas 30 mil indivduos em 1969 (COCKRUM, 1969). Os onvoros so adaptados para vrios hbitos alimentares. Se alimentam de insetos, p- len, nctar e frutas e, s vezes, pequenos invertebrados. Os piscvoros so habilidosos na pesca, com grandes e fortes ps em forma de garra. Vi- vem perto de cursos da gua e pescam atravs de ecolocalizao. Os polinvoros e nectarvoros so morce- gos da famlia Phyllostomidae (que possuem den- tes diminutos) retiram carboidratos do nctar e protenas do plen das plantas, mas que tambm podem ingerir insetos. So tpicos pelo seu foci- nho alongado e lngua exageradamente comprida. Tm plos faciais e corporais especializados para transportar o plen. Algumas plantas populares como o pequizeiro, o jambeiro, o abacateiro, a goi- abeira, a mangueira e a bananeira tm suas flores polinizadas por morcegos. Alguns so importan- tes como polinizadores, tanto que VOGEL (1969) estimou que os morcegos desempenham papel importante na polinizao de pelo menos 500 es- pcies de plantas neotropicais, de 96 diferentes gneros, em matas de capoeiras, sendo que muitas destas plantas so economicamente importantes para a humanidade como fonte alimentar ou orna- mentais. A dentio varia com o modo de alimen- tao adotado, tendo cspides mais agudas nos molares das espcies insetvoras do que nas frugvoras. Os caninos so grandes e os incisivos so sempre rudimentares com exceo dos hematfagos, onde so desenvolvidos. Os dentes permanentes vo de 20 nos hematfagos (Desmodus) at 38 nos insetvoros (Myotis, Thyroptera e Natalus) e esses dentes so diferenciados, sendo os incisivos cortantes nos hematfagos, os mola- res achatados para esmagar frutos nos frugvoros e pontiagudos nos insetvoros, para quebrar a quitina dos insetos (GLASS in SLAUGHTER & WALTON, 1970). Os filhotes tm dentio de leite em forma de ganchos, com uma ou duas pontas, e com eles se prendem teta da me, que os carre- gam durante o vo. As fmeas tm frequentemen- te duas e excepcionamente quatro mamas funcio- nais do lado do trax. Em mdia, os morcegos como os huma- nos, tm um filhote por ano, mas podem ter dois ou trs e, raramente, quatro. Noctilionidae e Phyllostomidae geralmente so poliestros enquanto que Vespertilionidae e Mollossidae so monoestros. A gestao dura de 44 dias a 11 meses e o nasci- mento dos filhotes se d em poca de maior oferta de alimentos (REIS & PERACCHI, 1981). Geral- mente cuidam dos seus filhotes durante trs me- ses aproximadamente. Observaes preliminares na Amaznia indicaram que os insetvoros deixam seus filhotes nos lugares de repouso, enquanto os frugvoros procuram carreg-los em vo enquan- to for possvel (REIS, 1981). Os Molossidae so coloniais e h reconhecimento individual de cha- 23 Reis, N.R.dos; Shibatta, O.A.; Peracchi, A.L. Pedro, W.A. & Lima, I.P. de Captulo 01 - Sobre os Morcegos Brasileiros mados para reunir mes e filhotes nos locais de abrigo e repouso. Em reas preservadas, de um modo geral, seus abrigos so as cavernas, tocas de pedras, e cos de rvores, mas tambm rvores com tron- cos com colorao similar sua, ou no meio das folhas (principalmente de palmeiras), folhas no abertas de Musaceae (famlia das bananeiras), r- vores cadas, razes na beira de rios e cupinzeiros (GREENHALL & PARADISO, 1968; REIS, 1981). No Brasil, nas reas urbanas, j foram en- contrados morcegos em pontes, forros de prdios e de casas de alvenaria, tubulao fluvial, pedreira abandonada, junta de dilatao de prdios, toldo de construes, interior de churrasqueiras em quintais e at em aparelhos de ar condicionado (REIS et al., 2002b). Segundo GREENHALL & PARADISO (1968), para quebrar o jejum de 10 horas, o pero- do de atividades geralmente mais intenso nas duas primeiras horas ao escurecer e nas duas ho- ras antes do amanhecer. Em climas frios, os mor- cegos hibernam ou migram, podendo se deslocar por mais de 1700 km (ALTRINGHAM, 1996). No Brasil, embora se desloquem bastante, no se co- nhecem casos de hibernao ou migrao a longas distncias. Mas quando dormem durante o dia, muitas espcies ficam em estado de semi-torpor e com reduo da temperatura do corpo. Utilidade dos morcegos ao homem Os morcegos so extremamente teis ao homem, servindo como material de pesquisa na medicina, em estudos epidemiolgicos, farmacolgicos, de mecanismos de resistncia a doenas e no desenvolvimento de vacinas (YALDEN & MORRIS, 1975). As suas asas, que so constitudas dos tecidos animais mais trans- parentes, permitem estudos sobre a circulao sangnea, efeito de inalao de fumaa e tempo de eliminao de drogas. O mecanismo da hipotermia que utilizam durante a hibernao, se estivesse melhor enten- dido pelo homem, poderia facilitar grandes cirur- gias, pois o organismo, nessas condies, menos susceptvel a danos e requer menos oxignio. Servem tambm como recurso alimentar para alguns povos na frica e at para algumas tribos no Brasil (SETZ & SAZIMA, 1987; SETZ, 1991). O guano, depositado pelos morcegos, tem sido utilizado como fertilizante em vrias regies do mundo e pode ser comprado em casas de flores e supermercados na sia h dezenas de anos. O guano pode ser o nico alimento orgnico para certas espcies caverncolas. Freqentemente so tidos como prejudi- ciais pelas doenas que podem veicular e transmi- tir ao homem, tais como certas viroses e micoses. A relao com o fungo patognico Histoplasma capsulatum conhecida h mais de quatro dcadas. O crescimento saproftico do H. capsulatum, agen- te da histoplasmose em solos contaminados por fezes de morcegos, foi descoberto por EMMONS (1958). Esta micose pulmonar pode ser evitada mantendo-se distncia dos lugares de repouso deste animal, sem ventilao. No somente as fezes de morcegos podem servir de meio para crescimento de H. capsulatum, mas tambm as de outros ani- mais, inclusive de galinhas. Maiores detalhes so- bre as micoses transmitidas por morcegos so for- necidos em REIS & MOK (1979). Conservao No Brasil, h legislao que garante a pro- teo dos morcegos, conforme o Artigo 1 da Lei n o 5197, de 3 de janeiro de 1967 (Dirio Oficial de 5 de janeiro de 1967), que diz textualmente: Os animais de qualquer espcie, em qualquer fase de seu desenvolvimento, 24 Morcegos do Brasil e que vivem naturalmente fora de cati- veiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais so de proprieda- de do Estado, sendo proibida sua uti- lizao, perseguio, destruio, caa ou apanha. Mesmo assim, pouco se tem feito para a sua conservao. Atualmente cinco espcies de duas fa- mlias esto includas na Instruo Normativa n 3, de 27 de maio de 2003, do Ministrio do Meio Ambiente e constam como ameaadas de extino: Famlia Phyllostomidae - Lonchophylla bokermanni Sazima et al., 1978; Lonchophylla dekeyseri Taddei, Vizotto & Sazima, 1983; Platyrrhinus recifinus (Thomas, 1901) e Famlia Vespertilionidae - Lasiurus ebenus Fazzolari-Corra, 1994 e Myotis ruber (E. Geoffroy, 1806) (MMA, 2003), mas esse nmero pode estar subestimado. As repreenses com pesa- das multas so mais freqentes para aqueles que cau- sam danos a qualquer outro animal, menos aos mor- cegos, que esto sendo mortos impunemente. Popu- laes de algumas espcies tm decrescido visivel- mente no Brasil. A proteo legal dos morcegos j foi implementada na Austrlia, Bulgria, Tchecoslovquia, Dinamarca, Alemanha Ociden- tal e Oriental, Finlndia, Hungria, Itlia, Mxico, Polnia, Rssia, Iugoslvia e Estados Unidos. Nes- tes pases, o interesse pela conservao dos mor- cegos foi reconhecido por alguns autores como MANVILLE (1962), DAVIS (1970a) e COCKRUM (1969; 1970). Uma sociedade esclarecida deveria exe- cutar um programa de conservao da fauna sem preconceitos, que no inclusse somente os ani- mais do agrado pblico. Os morcegos esto amea- ados por inseticidas, pelos desmatamentos, e at motivados pelas lendas e supersties a seu res- peito, o que lastimvel, porque eles so alguns dos vertebrados mais interessantes do mundo. 25 Reis, N.R.dos; Shibatta, O.A.; Peracchi, A.L. Pedro, W.A. & Lima, I.P. de Captulo 01 - Sobre os Morcegos Brasileiros Representao esquemtica de um morcego (Ilustrao: Oscar A. Shibatta). Apndice Caracteres morfolgicos dos morcegos Como so mamferos muito especializados, algumas estruturas so exclusivas e tm uma nomenclatura particular, que familiar apenas aos especialistas. Por isso, para que o leitor em geral ou especialistas de outras reas da biologia possam identificar essas estruturas nos textos a seguir, um desenho esquemtico ilustrando-as apresentado abaixo. 26 Morcegos do Brasil 27 Peracchi, A.L. & Nogueira, M. R. Captulo 02 - Famlia Emballonuridae Captulo 02 Famlia Emballorunidae Adriano Lcio Peracchi Professor Livre Docente do Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Marcelo Rodrigues Nogueira Pesquisador Associado do Laboratrio de Cincias Ambientais Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Essa famlia encontrada tanto no Velho como no Novo Mundo e compreende 13 gneros e 51 espcies, sendo que no Brasil ocorrem 7 g- neros e 15 espcies. So morcegos pequenos, com olhos relativamente grandes, focinho alongado e orelhas largamente triangulares, ligeiramente pon- tudas ou arredondadas no pice, geralmente pro- vidas de dobras paralelas na face interna das pinas e trago simples e curto. A membrana interfemural bem desenvolvida e quando estendida to lon- ga ou mais longa que as pernas; a cauda mais curta que a membrana, perfurando-a na face supe- rior e ficando com a extremidade livre. O segundo dedo das asas desprovido de falanges. As asas so tambm muito peculiares, pois quando em re- pouso apresentam a primeira das duas falanges do dedo mdio dobrada sobre o metacarpo. Vrias espcies apresentam bolsas no propatgio ou na membrana interfemural. Essas estruturas so mais desenvolvidas nos machos e durante algum tem- po pensou-se que tivessem funo secretora. An- lises histolgicas, entretanto, tm refutado essa hiptese (SCULLY et al., 2000), e o mais provvel que tais bolsas atuem apenas como depsito de substncias produzidas em glndulas genitais e gulares. A mistura dessas substncias apresenta forte odor e pode ser empregada tanto na defesa de territrio quanto durante a crte (VOIGT & Von HELVERSEN, 1999). Os molares desses morcegos so bem desenvolvidos e apresentam cspides em forma de W, apropriadas para tri- turar os pequenos insetos que capturam em pleno vo e dos quais se alimentam (KALKO, 1995). Formam um grupo essencialmente tropical, haven- do um claro decrscimo na diversidade de espci- es conforme aumenta a latitude (STEVENS, 2004). Algumas espcies parecem ter no sudeste do Brasil o limite meridional de sua distribuio geogrfica (PERACCHI & NOGUEIRA, no pre- lo). 28 Morcegos do Brasil Gnero Centronycteris Gray, 1838 Esse gnero compreende 2 espcies, C. maximiliani (J. Fischer, 1829) e C. centralis Thomas, 1912, das quais somente a primeira ocorre no Brasil. Centronycteris maximiliani (J. Fischer, 1829) Com localidade tipo na Fazenda da Coroaba, rio Juc, Esprito Santo, Brasil, essa es- pcie ocorre tambm no nordeste do Peru, sul da Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Em territrio brasileiro j foi observada tambm no AM, PA e PE. (1) S e g u n d o SIMMONS & HANDLEY- JR (1998) no h diferenas externas perceptveis entre as duas espcies do gnero, que diferem pelo tamanho e ex- tenso das fossas basiesfenides. Esses autores informam que em C. maximiliani cabea e corpo medem de 41 a 64 mm, a cau- da de 20 a 26 mm e o ante- brao de 41,5 a 44,7 mm. O peso varia de 4,5 a 7 g, as f- meas sendo ligeiramente mai- ores que os machos. Nesses morcegos no h presena de bolsas e a pelagem felpuda, pardo- avermelhada nas partes superiores, sendo mais plida nas inferiores. Essa espcie insetvora, como confirma- do por REIS & PERACCHI (1987). Uma fmea lactante de C. maximiliani foi capturada em fevereiro no Brasil central, constitu- indo-se no nico registro reprodutivo da espcie. Tem sido encontrada em florestas midas primrias de terras baixas, com altitudes de at 300 m, mas ocorre tambm em reas de vegetao se- cundria. Recentemente, BARNETT et al. (2006) reportaram a ocorrncia de C. maximiliani em re- as de campina e campinarana no Parque Nacional do Ja, Estado do Par, com base na identificao de chamados de ecolocalizao. Quanto ao uso de abrigos, um exemplar de C. maximiliani foi encon- trado pendurado sob folha de melastomatcea na Guiana Francesa. Gnero Cormura Peters, 1867 Cormura brevirostris (Wagner, 1843) Essa espcie a nica do gnero e tm como localidade-tipo Marabitanas, Rio Negro, Amazonas. Sua distribuio vai da Nicargua ao Peru e Brasil, onde j foi observada no AM, MA, MT, PA e RO. Esse embalonu-rdeo apresenta cabea e corpo medindo de 50 a 65 mm (EMMONS & FEER, 1 A distribuio geogrfica geral apresentada aqui para cada espcie se baseia em SIMMONS (2005), ao passo que a distribuio em territrio brasileiro teve como base os dados compilados por TAVARES et al. (no prelo). Centronycteris maximiliani (Foto: E. Bernard) 29 Peracchi, A.L. & Nogueira, M. R. Captulo 02 - Famlia Emballonuridae 1990), cauda de 9 a 17 mm e antebrao de 41 a 50 mm. O peso varia de 6,8 a 11 g (SIMMONS & VOSS, 1998), as fmeas sendo ligeiramente mai- ores que os machos. A pelagem sedosa, de colo- rao marrom-escura ou marrom-avermelhada no dorso, mais clara na face ventral (BERNARD, 2003). A bolsa longa e se situa no meio da mem- brana antebraquial. A base da membrana interfemural quase nua, e as asas esto ligadas aos ps, na base dos dedos. Alimenta-se de pequenos insetos captura- dos em vo no sub-bosque das florestas. H registro do uso de ortpteros (RIVAS-PAVA et al., 1996). Fmeas grvidas foram encontradas no Panam em abril e maio (FLEMING et al., 1972). Ocorre em mata primria e em clareiras (REIS & PERACCHI, 1987; SIMMONS & VOSS, 1998), e se refugia em ocos de rvores e cavida- des rasas na base de rvores viventes, bem como sob o tronco de rvores cadas e sob pontes de concreto (BERNARD, 2003). SIMMONS & VOSS (1998) encontraram na Guiana Francesa um pequeno grupo dessa espcie abrigado sob folha no modificada de Phenakospermum guyannensis (Strelitziaceae), mas salientaram que esse no seria um compor- tamento habitual da espcie. Nos refgios formam grupos peque- nos de 2 a 5 indivdu- os, mais freqentemente 3 exemplares. Gnero Cyttarops Thomas, 1913 Cyttarops alecto Thomas, 1913 nica espcie do gnero, C. alecto tem como localidade-tipo Mocajatuba, Par, Brasil. encontrada tambm na Nicargua, Costa Rica e Guiana, estando re- presentada por menos de 20 exemplares, todos capturados em reas com at 300 m de altitude (STARRETT, 1972). Nessa espcie cabea e corpo medem de 47 a 55 mm, cauda de 20 a 25 mm e antebrao de 45 a 47 mm. O peso varia de 6 a 7 g (REID, 1997). So morcegos que apresentam olhos grandes e ore- lhas curtas e arredondadas. O trago uma carac- terstica importante dessa espcie, pois a metade inferior da margem externa se apresenta como um lbulo grande, muito desenvolvido, nico entre os quirpteros (NOVAK, 1994). A pelagem longa e sedosa, de colorao cinza-enegrecida; as mem- branas so negras. No h bolsas nas asas nem na membrana interfemural. Espcie insetvora, como evidenciado por STARRETT (1972) que encontrou fragmentos de insetos no trato digestivo de oito indivduos cap- turados na Costa Rica. Duas fmeas e um macho capturados na Cormura brevirostris (Foto: A. L. Peracchi) 30 Morcegos do Brasil Costa Rica, no incio de agosto, no apresentavam qualquer evidncia de atividade reprodutiva. Ain- da na Costa Rica, trs sub-adultos foram captura- dos no incio de agosto (STARRETT, 1972). Ocorre em mata primria (BROSSET et al., 1996) e abriga-se sob as folhas de palmeiras, geralmente situadas em reas relativamente aber- tas. Nesses refgios forma grupos de 1 a 10 indi- vduos (STARRETT, 1972). Gnero Diclidurus Wied-Neuwied, 1820 Esse gnero inclui quatro espcies: D. albus Wied-Neuwied, 1820, D. scutatus Peters, 1869, D. ingens Hernndez-Camacho, 1955 e D. isabellus (Thomas, 1920). As trs primeiras pertencem ao subgnero Diclidurus, enquanto a ltima a Depanycteris, que durante muito tempo foi considerado um gnero distinto de Diclidurus e que alguns autores insistem em considerar como gnero vlido. Diclidurus albus Wied-Neuwied, 1820 Essa espcie tem como localidade-tipo Canavieiras, rio Pardo, Bahia, e ocorre do Mxico ao sudeste do Brasil. Em territrio brasileiro j foi observada no AM, AP, BA, ES, PA e RO. Morcego de porte mediano, com cabea e corpo medindo de 68 a 82 mm, cauda de 18 a 22 mm, antebrao de 63 e 69 mm e peso de 17 a 24 g (REID, 1997). Como denota o epteto especfico, nessa espcie a pelagem branca. Outras duas espcies do gnero, D. scutatus e D. ingens, tambm apresentam pelagem branca, mas D. albus maior que a primeira e menor que a segunda. Assim como as demais espcies do gnero, D. albus apresenta ore- lhas amareladas, curtas e arredondadas, olhos gran- des e uma bolsa localizada no centro da membrana interfemural. Essa bolsa, uma verdadeira cpsula crnea, mais desenvolvida nos machos e se torna maior na poca da reproduo. A sua funo des- conhecida e acredita-se que desempenhe papel idn- tico ao das bolsas que ocorrem nas asas de outro embalonurdeos, atraindo as fmeas nos perodos reprodutivos. A cauda curta e estende-se at o ter- o basal da membrana interfemural, perfurando-a no centro da bolsa glandular. Espcie insetvora. O estmago de oito exemplares capturados no Mxico apresentou frag- mentos de lepidpteros (CEBALLOS & MEDE- LLN, 1988). No Brasil, dpteros e lepidpteros foram reportados por PERACCHI & ALBUQUERQUE (1987). Ainda no Mxico, D. albus parece se re- produzir de janeiro a junho, com a cpula prova- velmente ocorrendo em janeiro ou fevereiro, quan- do machos e fmeas so encontrados juntos nos abrigos. Fmeas com embries bem desenvolvi- dos foram capturadas em maio, sendo encontrado somente um embrio por fmea (CEBALLOS & MEDELLN, 1988). Ocorre em florestas midas e secas, reas peridomiciliares e em ruas de cidades (HANDLEY-JR, 1976). Nesses locais tem sido co- letada com auxlio de arma de tiro, no em redes. Abriga-se entre folhas de palmeiras de palmeiras altas (GOODWIN & GREENHALL, 1961) e tambm em forro de residncias (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1987). Diclidurus ingens Hernndez-Camacho, 1955 Essa espcie tem como localidade-tipo Puerto Laguizano, rio Putumayo, Caqueta, Colm- bia, e ocorre tambm na Venezuela, Guiana e norte do Brasil, onde j foi observada no Estado do Par. Morcego relativamente grande, com an- tebrao entre 70 a 73 mm. A pelagem branca, como em D. albus e D. scutatus, mas a separao pode ser feita pelo tamanho, maior nessa espcie. As demais caractersticas descritas anteriormente 31 Peracchi, A.L. & Nogueira, M. R. Captulo 02 - Famlia Emballonuridae para D. albus tambm valem para essa espcie. Esse morcego insetvoro e tem sido cap- turada em florestas midas, nas proximidades de bancos de riachos, em reas peridomiciliares e em ruas de cidades (HANDLEY-JR, 1976). Nesses locais tem sido coletada apenas com o auxlio de arma de tiro. Diclidurus isabellus (Thomas, 1920) Essa espcie tem Manacapuru, Amazo- nas, como localidade-tipo, e ocorre apenas no no- roeste do Brasil e na Venezuela. Em D. isabellus a cabea e as espduas so pardo-claras, o dorso pardo-escuro e as partes in- feriores branco-amareladas. Alm disso, nessa es- pcie o polegar no reduzido e apresenta garra bem desenvolvida (ele muito reduzido e tem garra vestigial nas demais espcies). As demais caracte- rsticas descritas anteriormente para D. albus tam- bm valem para essa espcie. Morcego estritamente insetvoro, que tem sido encontrado em floresta midas, sobre riachos ou nas proximidades de suas mar- gens (HANDLEY-JR, 1976). Tem sido coletado apenas com o aux- lio de arma de tiro. Diclidurus scutatus Peters, 1869 Essa espcie tem Belm, Par, como localidade-tipo, e ocor- re na Amaznia, Venezuela, Peru, Guiana, Suriname e sudeste do Brasil. No territrio brasileiro j foi observada no Amap, Amazonas, Par e, recentemente, So Paulo (SODR & UIEDA, 2006). Morcego relativamente pequeno, com an- tebrao entre 51 e 59 mm. A pelagem branca, como em D. albus e D. ingens, mas D. scutatus pode ser reconhecida por seu menor tamanho. As de- mais caractersticas descritas anteriormente para D. albus tambm valem para essa espcie. Morcego insetvoro, coletada em reas de mata primria e secundria (BROSSET et al., 1996; SIMMONS & VOSS, 1998), nas proximidades de ban- cos de rios, em reas peridomiciliares e em ruas de cidades (HANDLEY-JR, 1976; SODR & UIEDA, 2006). Nesses locais, D. scutatus tem sido coletada principalmente com o auxlio de arma de tiro. Gnero Peropteryx Peters, 1867 Esse gnero compreende quatro espci- es: P. kappleri Peters, 1867; P. leucoptera Peters, 1867; P. macrotis (Wagner, 1843) e P. trinitatis Miller, 1899. Dessas, somente as trs primeiras ocorrem no Brasil. P. kappleri, P. macrotis e P. trinitatis per- tencem ao subgnero Peropteryx e P. leucoptera ao subgnero Peronymus, que at pouco atrs era con- siderado gnero distinto. Diclidurus ingens (Foto: E. Bernard) 32 Morcegos do Brasil Peropteryx kappleri Peters, 1867 Essa espcie tem como localidade-tipo o Suriname, e ocorre do Mxico s Guianas, Peru, norte da Bolvia e leste do Brasil. J foi assinalada nos seguintes Estados brasileiros: AL, AM, BA, ES, MA, MG, PA, PE, RJ e SP. Apresenta tamanho relativamente grande, com antebrao variando de 45 a 50 mm nos ma- chos e 46 a 52 mm nas fmeas. As orelhas so enegrecidas e separadas, o dorso usualmente cas- tanho-escuro, e as partes inferiores ligeiramente mais claras. As asas so enegrecidas. Pelos longos, geralmente com 8 mm de comprimento na altura do pescoo e 10 mm mais para trs. Assim como as demais espcies do gnero, diferencia-se de ou- tros embalonurdeos por apresentar bolsa curta, junto ao bordo anterior do propatgio. Espcie exclusivamente insetvora (BRADBURY & VEHRENCAMP, 1976). Na Colmbia, observaes sobre P. kappleri mostraram que os nascimentos ocorrem em janeiro, maro, abril, maio, outubro e novem- bro, com um pico acentuado em abril e um menor, entre outubro e novembro, acompanhando os picos de precipitao pluviomtrica (GIRAL et al., 1991). Ocorre em florestas midas primrias e secundrias, florestas secas e reas cultivadas (HANDLEY-JR, 1976; SIMMONS & VOSS, 1998). Na Colmbia, sete minas de carvo aban- donadas continham colnias formadas por 5 a 47 indivduos, que ocupavam as partes mais escuras desses refgios. Abriga-se ainda em cavernas, fres- tas entre rochas, ocos de rvores e cmaras escu- ras formadas entre sapopemas de troncos cados (HANDLEY-JR, 1976; SIMMONS & VOSS, 1998). Peropteryx leucoptera Peters, 1867 Essa espcie tem como localidade-tipo o Suriname, ocorrendo tambm nas demais Guianas, Peru, Colmbia, Venezuela e norte e nordeste do Brasil, onde conhecida do Amazonas, Par e Pernambuco. P. leucoptera apresenta tamanho pequeno, com antebrao variando de 41 a 43 mm nos ma- chos e 42 a 45 mm nas fmeas. O peso varia de 5,5 a 7,8 g. Orelhas ligadas por membrana baixa. Dorso castanho-enegrecido, ventre mais claro. Dactilopatgio usualmente branco. Espcie insetvora, havendo registro do con- sumo de colepteros (REIS & PERACCHI, 1987). Duas fmeas grvidas e uma lactante fo- ram registradas em maio no norte do Brasil (BERNARD, 1999). Ocorre em reas de floresta primria (SIMMONS & VOSS, 1998) e secundria (BROSSET et al., 1996), e na amaznia brasileira foi encontrada em fragmento florestal em cercado por vegetao de savana (BERNARD, 1999). Abriga-se em ocos de rvores cadas e tambm em cmaras escuras formadas entre sapopemas de troncos cados (SIMMONS & VOSS, 1998; BERNARD, 1999). Nesses refgios, P. leucoptera tem sido encontrada em grupos que variam de 2 a 12 indivduos (SIMMONS & VOSS, 1998; BERNARD, 1999). Peropteryx macrotis (Wagner, 1843) Essa espcie tem como localidade-tipo Mato Grosso, e tambm encontrada do Mxico ao Peru, Bolvia, Paraguai e sul e sudeste do Bra- sil. J foi registrada nos seguintes Estados brasi- leiros: AL, AM, AP, BA, DF, ES, GO, MA, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RN e SP. P. macrotis apresenta tamanho relativamen- te pequeno, com antebrao medindo de 43 a 45 mm nos machos e 45 a 48 mm nas fmeas. O peso varia de 4 a 7 g. As orelhas so castanho- 33 Peracchi, A.L. & Nogueira, M. R. Captulo 02 - Famlia Emballonuridae acinzentadas e separadas. O dorso geralmente castanho-avermelhado e partes inferiores levemen- te mais claras. As asas so enegrecidas e os plos moderadamente longos, com 6 mm de comprimen- to no pescoo e com 8 a 9 mm mais para trs. Espcie insetvora, havendo registro do consumo de colepteros e dpteros (BRADBURY & VEHRENCAMP, 1976). Fmeas grvidas de P. macrotis foram ob- servadas na caatinga em janeiro, setembro e outu- bro, sugerindo que essa espcie apresenta poliestria sazonal; fmeas lactantes foram encontradas em janeiro (WILLIG, 1985a). Na Amrica Central, fmeas grvidas foram observadas em maro e abril (JONES et al., 1973; RICK, 1968). P. macrotis ocorre em florestas midas pri- mrias e secundrias, savanas, florestas secas e reas cultivadas (HANDLEY-JR, 1976; SIMMONS & VOSS, 1998). Abriga-se em cavernas, fendas ra- sas, minas e construes, freqentemente prxi- mo gua. Forma grupos de 10 a 20 exemplares, mas s vezes congregam quase 80 indivduos e vrios grupos podem ocupar uma grande caverna. Gnero Rhynchonycteris Peters, 1867 Rhynchonycteris naso (Wied- Neuwied, 1820) nica espcie do gnero, R. naso tem como localidade-tipo o rio Mucuri, prximo ao Morro dArara, Bahia, e encontrada do Mxico ao Peru, Bolvia, Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Trinidad e sudeste do Brasil. Em territrio brasileiro j foi observada no AC, AL, AM, AP, BA, ES, GO, MG, MT, PA, PI, PE, RJ, RO e RR. Nessa espcie, cabea e cor- po medem de 37 a 46 mm, a cauda de 11 a 14 mm e o antebrao de 35 a 40 mm. O peso varia de 35 a 46 g. Pode ser reconhecida pelo foci- nho alongado, com extremidade pontuda, prolon- gando-se alm do lbio inferior; presena de tufos de plos esbranquiados no antebrao e ausncia de bolsas antebraquiais ou no uropatgio. A colo- rao da pelagem grisalho-acinzentada no dorso, com o ventre cinza mais claro. No dorso ocorrem 2 listras longitudinais esbranquiadas, sinuosas e pouco distintas. Esses morcegos so encontrados em re- fgios bem iluminados, prximos ou sobre cursos dgua: pontes, entrada de cavernas, troncos de rvores e pedras. Formam colnias de 3 a 15 indi- vduos, segundo BRADBURY & VEHRENCAMP (1976). Contudo, NOGUEIRA & POL (1998) ob- servaram essa espcie no norte de Minas Gerais formando colnias de at 80 exemplares. Os vos de forrageio comeam ao entardecer e se desen- volvem sobre as colees dgua, quando so cap- turados pequenos insetos, incluindo mosquitos, tricpteros, quironomdeos e besouros PLUMPTON & JONES, 1992; DALQUEST, 1957). No norte de Minas Gerais, NOGUEIRA Peropteryx macrotis (Foto: Marlon Zorta) 34 Morcegos do Brasil & POL (1998) observaram que R. naso apresenta poliestria bimodal, com nascimentos ocorrendo no incio e no final do perodo chuvoso. Essa sazonalidade reprodutiva foi tambm constatada por BRADBURY & VEHRENCAMP (1976) na Costa Rica, onde os filhotes no foram observados durante a estao seca. Contudo, em certas reas de sua dis- tribuio essa espcie pode se reproduzir ao longo de todo o ano (PLUMPTON & JONES, 1992). Gnero Saccopteryx Illiger, 1811 O gnero Saccopteryx compreende 5 esp- cies: S. antioquensis Muoz & Cuartas, 2001; S. bilineata (Temminck, 1838); S. canescens Thomas, 1901; S. gymnura Thomas, 1901 e S. leptura (Schreber, 1774). Dessas, somente a primeira no ocorre no territrio brasileiro. Saccopteryx bilineata (Temminck, 1838) Essa espcie tem o Suriname como loca- lidade-tipo, e encontrada do Mxico Bolvia, Guianas, Trinidad e Tobago e sudeste do Brasil. Em territrio brasileiro j foi observada no AC, AM, AP, BA, CE, GO, MA, MG, MT, PA, RJ, RR e RO. a maior das quatro espcies do gnero, com ante- brao medindo de 45 a 48 mm nos machos e 48 a 51 mm nas fmeas. O peso varia de 6,7 a 9,9 g nos machos e 7,8 a 13,2 g nas fmeas (SIMMONS & VOSS, 1998). Apresenta a pelagem dorsal e as membra- nas enegrecidas, e a face ven- tral cinza-escuro. H duas lis- tras dorsais esbranquiadas bem ntidas. Assim como as demais espcies do gnero, S. bilineata apresenta bolsa situ- ada no propatgio, junto ao antebrao e prximo ao cotovelo. Essa bolsa bem desenvolvida nos machos e rudimentar nas fmeas. A dieta composta exclusivamente por insetos, tais como colepteros e dpteros (BRADBURY & VEHRENCAMP, 1976; RIVAS- PAVA et al., 1996). De acordo com dados obtidos na Costa Rica e em Trinidad por BRADBURY & VEHRENCAMP (1976), S. bilineata forma gru- pos compostos por um macho adulto e um harm que pode conter at oito fmeas. Numa mesma rvore vrios grupos podem ser encontrados, for- mando uma colnia de 40 a 50 indivduos. Cada macho defende ativamente uma rea de 1 a 3 metros quadrados de refgio e apresenta um com- plexo comportamento de crte para atrair as f- meas de seu harm. Em ambas as funes esses machos podem executar uma srie de procedimen- tos, incluindo vocalizaes, bocejos e vo paira- do, no qual dispersam o odor da mistura de subs- tncias que so depositadas em suas bolsas antebraquiais (VOIGT & Von HELVERSEN, 1999; BEHR & Von HELVERSEN, 2004). Ma- chos solitrios em uma colnia procuram formar Rhynchonycteris naso (Foto: A. L. Peracchi) 35 Peracchi, A.L. & Nogueira, M. R. Captulo 02 - Famlia Emballonuridae seu prprio harm (VOIGT & STREICH, 2003) Tem sido capturada em reas de floresta pri- mria e secundria (REIS & PERACCHI, 1987; BROSSET et al., 1996). Abriga-se em rvores ocas, cavernas, blocos de pedra e construes, incluindo runas (POLANCO et al., 1992, RICK, 1968), Freqentemente so tambm encontrados pousados, durante o dia, em troncos de rvores na floresta. Saccopteryx canescens Thomas, 1901 Essa espcie tem bidos, Par, como lo- calidade-tipo, e ocorre na Colmbia, Venezuela, Peru, Bolvia, Guianas e norte do Brasil, onde j foi observada no AM, AP, MA, PA e RO. S. canescens de tamanho semelhante espcie anterior, da qual pode se distinguir por apresentar pelagem dorsal castanho-agrisalhada de cinza ou amarelo e listras dorsais esbranquiadas e distintas. O antebrao varia de 35,8 a 40,8 mm (SIMMONS & VOSS, 1998). Esse morcego insetvoro ocorre em flo- restas midas e secas, reas abertas, tais como pas- tos e pomares (HANDLEY-JR, 1976), e em ambi- ente urbano (BROSSET et al., 1996). TEJEDOR (2003) encontrou colnia com cinco in- divduos abrigados sob teto externo em construo situada em rea bem ilumina- da de uma reserva biolgica no Peru. A composio dessa colnia (com um ni- co macho adulto e mais de uma fmea adulta) sugere poliginia para esse txon (TEJEDOR, 2003). Saccopteryx gymnura Thomas, 1901 A localidade-tipo dessa espcie Santarm, Par, Brasil. Ela ocorre tam- bm na Guiana Francesa, Guiana e tal- vez na Venezuela. S. gymnura bem menor que as espcies anteriores, com o antebrao variando de 33,5 a 35,3 mm. O dorso apresenta pelagem castanho- escura e as listras so ausentes ou muito esmaecidas. A membrana das asas ligada ao metatarso, enquanto nas demais espcies ela unida tbia. Essa espcie insetvora e tem sido cap- turada em pequenas clareiras e sob estradas, sem- pre em associao direta ou nas proximidades de florestas primrias (SIMMONS & VOSS, 1998). Saccopteryx leptura (Schreber, 1774) Essa espcie tem o Suriname como locali- dade-tipo, e encontrada do Mxico ao Peru, norte da Bolvia, Guianas, Ilha Margarita (Venezuela), Trinidad e Tobago e sudeste do Brasil. Em territrio brasileiro conhecida dos Estados do AC, AM, AP, CE, ES, GO, MA, MT, PA, PE, RJ, RO e RR. S. leptura semelhante espcie anterior, porm menor, com a face dorsal castanho-escura, e a ventral castanho-acinzentada. As membranas tambm so de cor castanha. As listras dorsais so Saccopteryx leptura (Foto: M.R. Nogueira) 36 Morcegos do Brasil menos pronunciadas. O antebrao varia de 36 a 40 mm nos machos e de 39 a 42 mm nas fmeas. O peso varia de 3,8 a 4,6 g nos machos e 4,2 a 6,4 g nas fmeas (SIMMONS & VOSS, 1998). Morcego exclusivamente insetvoro. Um exemplar de S. leptura capturado no Estado do Rio de Janeiro, ao entardecer, durante vo de forrageio, continha nas bochechas cinco fmeas aladas de formigas do gnero Pheidole. As fezes de trs ou- tros exemplares colecionados em rea florestada na cidade do Rio de Janeiro tambm apresentaram frag- mentos de himenpteros (NOGUEIRA et al., 2002). Em Trinidad a estao reprodutiva de S. leptura sincronizada, com cada fmea produzin- do um filhote antes da estao chuvosa (NOWAK, 1994). Parece tratar-se de forma mongama, com o grupamento mais freqentemente encontrado sen- do composto por um macho adulto e uma fmea (BRADBURY & VEHRENCAMP, 1976). Tem sido capturada em reas de floresta primria e secundria, pastos, pomares e reas ur- banas (HANDLEY-JR, 1976; REIS & PERACCHI, 1987; BROSSET et al., 1996). Prefere abrigar-se no tronco exposto de grandes rvores, se bem que na cidade do Rio de Janeiro um grupo de 3 indivduos foi encontrado abrigado, durante o dia, numa cons- truo situada aproximadamente 30 m da floresta (NOGUEIRA et al., 2002). Agradecimentos Somos gratos ao revisor annimo pela leitura crtica e correes no manuscrito, aos colegas que gentilmente cederam imagens para ilustrar esse captulo, FAPERJ (ALP e MRN) e ao CNPq (ALP) pelo apoio financeiro. 37 Peracchi, A.L. & Nogueira, M. R. Captulo 02 - Famlia Emballonuridae Famlia Phyllostomidae * Os morcegos desta famlia apresentam como caracterstica marcante a presena de uma folha nasal membranosa em forma de lana ou folha, na extremidade do focinho. Porm na subfamlia Desmodontinae a folha nasal reduzida (VIEIRA, 1942; VIZOTTO & TADDEI, 1973; NOWAK, 1994; MEDELLN et al.,1997). * Pelo fato desta famlia ser muito numerosa e muito importante para o Brasil, resolveu-se aqui fazer de cada Subfamlia um captulo. 38 Morcegos do Brasil 39 Aguiar, L. M. S. Captulo 03 - Subfamlia Desmodontinae Captulo 03 Subfamlia Desmodontinae Os morcegos hematfagos pertencem ordem Chiroptera, famlia Phyllostomidae, subfamlia Desmodontinae. Esta subfamlia inclui trs gneros Desmodus, Diaemus e Diphylla e trs espcies hematfagas, monotpicas e simptricas: Desmodus rotundus, Diaemus youngi e Diphylla ecaudata. Somente D. rotundus se alimenta do sangue de mamferos e conhecido como morcego vampiro comum. Diphylla ecaudata, o vampiro-de-pernas- peludas, e o raro Diaemus youngi, se alimentam na natureza do sangue de aves (BRASS, 1994). Os desmodontinae possuem como carac- tersticas diagnsticas que os distinguem das ou- tras famlias de morcegos Neotropicais, apndice nasal rudimentar, de estrutura discide em forma de ferradura ou como protuberncia. No possu- em cauda e o uropatgio reduzido. As pernas, antebraos e polegares so longos, sendo esses l- timos espessados e usados como ps para andar, saltar ou escalar de forma quadrpede. Almofa- das podem ou no ocorrer (ALTENBACH, 1979; GREENHALL et al., 1983). Os incisivos superiores so longos e cor- tantes, o que permite abrir uma ferida de forma indolor. H reduo do tamanho dos dentes mola- res e pr-molares; presena de substncia anticoagulante na saliva (FERNANDEZ et al., 1998); lbio inferior sulcado e destitudo de papilas, lngua sulcada que permite ao sangue fluir por capilaridade para o interior da boca; estmago e rins especializados na absoro e processamento do plasma sanguneo e presena de sensores tr- micos localizados no apndice nasal, que permi- tem detectar reas mais intensamente vascularizadas na pele da presa (GREENHALL et al., 1983; BERNARD, 2005). Como os outros morcegos, os hematfagos tambm emitem sinais de ecolocalizao para a orientao espacial. A audio dos vampiros, po- rm, mais bem adaptada para baixas freqnci- as, entre 100 Hz e 10 kHz (SCHMIDT et al., 1991). Ludmilla Moura de Souza Aguiar Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA) Centro de Pesquisa Agropecuria dos Cerrados. 40 Morcegos do Brasil Gnero Desmodus Wied-Neuwied, 1826 Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810) Desmodus rotundus tem ampla dis- tribuio no Novo Mundo, ocorrendo desde o norte do Mxico at o norte da Argentina (MAcNAB, 1973; GREENHALL et al., 1983; KOOPMAN, 1988). Economicamente, esta espcie pode trazer grandes preju- zos para a pecuria da Amrica Latina, por causa de seu papel na transmisso da raiva dos herbvoros (GREENHALL et al., 1983; ACHA & MLAGA-ALBA, 1988). A espcie ocorre em reas florestadas as- sim como regies desrticas, abrigando-se em ocos de rvore, cavernas, bueiros, minas abandonadas e mesmo construes civis (BREDT et al. , 1998). Em climas frios sua distribuio limitada pela habilidade em transportar quantidades sufici- entes de alimento para manter a temperatura do corpo (KUNZ, 1982). Existem registros na litera- tura mostrando que no Brasil a espcie ocorre de norte a sul (PERACCHI et al., 2006). Desmodus rotundus a espcie mais comum e abundante de morcego vampiro. Em funo de seu hbito alimentar e de sua importncia econ- mica devido transmisso de raiva a espcie uma das mais bem conhecidas e estudadas do mundo (BERNARD, 2005). Esses morcegos tm cerca de 35 cm de envergadura (distncia entre as pontas das asas abertas), pesam entre 25 e 40 gramas e podem ser considerados de mdio porte (GREENHALL et al., 1983), quando comparados s outras espcies. A pelagem bastante macia, em geral de colorao cinza brilhante, mas pode apresentar tambm tons avermelhados, dourados ou mesmo alaranjados (BERNARD, 2005). uma espcie estritamente hematfaga (GARDNER, 1977a) e seu hbito alimentar exige grande capacidade integrativa do crebro, sendo que o neocrtex e o cerebelo so mais desenvolvi- dos que em outras espcies de morcegos (BERNARD, 2005). Preferem o sangue de mam- feros de grande porte e a introduo de animais domsticos como cavalos, bovinos, e sunos tm aumentado o nmero de indivduos nos ltimos 300 anos (ALTRINGHAM, 1996). Habitualmen- te as colnias so pequenas (GREENHALL et al., 1983) e contm de 10 a 50 indivduos; contudo, agrupamentos com 100 ou mais morcegos podem ocorrer principalmente em regies onde o contro- le de suas populaes no feito com regularida- de (UIEDA et al., 1996). Colnias maiores (cerca de 300 indivduos) foram mencionadas por SAZIMA (1978) e TADDEI et al. (1991) para o Esta- do de So Paulo e por BREDT et al. (1999), para a regio do Distrito Federal. So fortes as relaes entre fmeas, e os indivduos caam e forrageiam em grupo (WILKINSON 1985; 1986). Seu padro de atividade parece ser mais intenso no intervalo entre 19 e 23 horas (FERREIRA SALES et al., 1975). Estudos tm revelado a existncia de dimorfismo sexual e ocorrncia de maior nmero de fmeas (ALENCAR et al., 1994; NUEZ & VIANNA, 1997; GOMES & UIEDA, 2004). Desmodus rotundus considerada uma espcie polistrica, sem um perodo definido de reprodu- o (TADDEI et al., 1991; ALENCAR et al., Desmodus rotundus (Foto: Isaac P. Lima). 41 Aguiar, L. M. S. Captulo 03 - Subfamlia Desmodontinae 1994). Contudo, o nascimen- to da maioria dos filhotes pa- rece se concentrar na estao mais quente e chuvosa (GO- MES & UIEDA, 2004). A gestao dura sete meses, com o nascimento de um filhote por vez, ocasionalmente podendo ocorrer gmeos. No segundo ms de vida o filhote j recebe alimento regurgitado pela me e a acompanha at os quatro meses, tornando-se indepen- dente aos cinco meses (LORD, 1992; TURNER, 1975). Desmodus rotundus freqentemente encontrado em reas com presena de animais de criao. No se encontra na lista das espcies ameaadas para o territrio nacional, de acordo com dados do MMA (2003), e nem da lista da IUCN (2006). Gnero Diaemus Miller, 1906 Diaemus youngi (Jentink, 1893) A distribuio dessa espcie ampla, com ocorrncias do nordeste do Mxico, passando pela Amrica Central e chegando a Amrica do sul, da bacia Amaznica at o norte da Argentina. Ao contrrio de D. rotundus, que uma espcie bas- tante abundante e comum, D. youngi independen- temente de sua ampla distribuio, localmente rara e h uma deficincia de dados populacionais, biolgicos e ecolgicos (AGUIAR et al., 2006; GREENHALL & SCHUTT, 1996). Na literatura so encontrados registros de D. youngi para 13 dos 26 estados brasileiros (AGUIAR et al., 2006). Diaemus youngi um morcego de porte mdio, com peso variando entre 30 e 38 g e ante- brao 50-55 mm. A cor da pelagem varia do mar- rom claro ao escuro (GREENHALL & SCHUTT, 1996). Assemelha-se a D. rotundus mas pode ser distinguida facilmente das outras espcies de vam- piros devido a ausncia de calcar e cauda. O dedo polegar de D. youngi tem uma nica almofada, en- quanto D. rotundus tem duas. Em D. youngi, ambos os sexos possuem glndulas localizadas bilateral- mente dentro da boca, que s so vistas quando o morcego est incomodado, e emitem odor ofensi- vo (GREENHALL & SCHUTT, 1996). As pon- tas das asas e orelhas so brancas, assim como a membrana entre o segundo e terceiro dedos. uma espcie que habita cavernas e ocos de rvores, em colnias com at 30 indivduos (GREENHALL & SCHUTT, 1996) e apresenta comportamento de domnio-hierarquia com displays e padres de comportamento no relata- dos para outras espcies de morcegos (SCHUTT et al., 1999). A reproduo desta espcie no bem conhecida (GREENHALL & SCHUTT, 1996). AGUIAR et al. (2006) encontraram machos reprodutivos na estao chuvosa, mas no tive- ram capturas no perodo de seca no Cerrado do Brasil Central. , mas o molar posterior superior vestigial e geral- mente perdido em adultos (GREENHALL & Diaemus youngi (Foto: A.L. Peracchi). 42 Morcegos do Brasil Diphylla ecaudata (Foto: Marlon Zorta). SCHUTT, 1996). Alimenta-se de sangue fresco e parece ter preferncia por sangue de aves, embora em cativeiro, alimente-se de sangue bovino (UIEDA 1993, GREENHALL & SCHUTT, 1996). Diferenas no comportamento alimentar relacionadas a seleo de presas arbreas e terres- tres reduz a competio onde D. rotundus e D. youngi coexistem (SCHUTT et al., 1999). Devido a sua semelhana com D. rotundus, a espcie negativamente afetada por atividades de controle de vampiros. O vrus rbico j foi iso- lado no Brasil em indivduos de D. youngi, mas re- latos de raiva humana e raiva causada por morce- gos so relacionadas a atividade de Desmodus rotundus (GONALVES et al., 2002). Diaemus youngi no se encontra na lista das espcies ameaadas para o territrio nacional, de acordo com dados do MMA (2003), e tambm no consta da lista da IUCN (2006). No entanto, considera- da ameaada nos estados do Paran (MARGARIDO & BRAGA, 2004) e Rio de Janei- ro (BERGALLO et al., 2000). Gnero Diphylla Spix, 1823 Diphylla ecaudata Spix, 1823 A distribuio dessa espcie mais restrita que a dos outros vampiros. Existe um registro para o sul dos Estados Uni- dos, e registros de ocorrncias do Mxico, passando pela Amrica Central e chegan- do a Amrica do sul, at o Brasil (PERACCHI et al., 2006). PERACCHI et al. (2006) citam a ocorrncia de D. ecaudata para 13 dos 26 estados brasileiros. Diphylla ecaudata a menor esp- cie de vampiro e parece ocupar o segundo lugar em abundncia (freqncia) de cap- turas, atrs de D. rotundus e a frente de D. youngi. Pode ser diferenciada dessas esp- cies por possuir olhos grandes, orelhas pequenas e arredondadas e folha nasal pou- co desenvolvida. Os membros posteriores so mais curtos, sem calosidades, e o uropatgio estreito (GREENHALL et al., 1984). A pelagem densa cobrindo antebrao, pernas e membrana interfemural. A colorao da pelagem varia de mar- rom claro a escuro na regio dorsal e sempre mais clara na regio ventral. As principais medidas so 75-93 mm de cabea-corpo, 50-56 mm de antebrao e 24-43 gramas de peso (GREENHALL et al., 1984). uma espcie que habita cavernas e ca- vidades, raramente ocos de rvores, em colnias com at 30 indivduos (GREENHALL et al., 1984). So morcegos tmidos, de movimentos r- pidos, e que se deslocam rapidamente quando in- comodados. Ao contrrio de D. rotundus, quando perturbados em seu hbitat, esses morcegos se deslocam para outro lugar e no se escondem em fendas (GREENHALL et al., 1984). Mesmo em colnias com muitos indivduos, mantm o hbito solitrio, no se agregando a grandes grupos. Os incisivos inferiores so maiores que 43 Aguiar, L. M. S. Captulo 03 - Subfamlia Desmodontinae nos outros vampiros, mostrando os quatro lbu- los internos e sete lbulos externos. Alimenta-se de sangue fresco e tem preferncia por sangue de aves (UIEDA, 1993; GREENHALL & SCHUTT, 1996). Da mesma forma que ocorre com D. youngi, diferenas no comportamento alimentar quanto seleo de presas arbreas e terrestres reduz a com- petio onde D. rotundus e D. ecaudata coexistem (SCHUTT et al., 1999). O vrus rbico j foi isolado no Brasil em indivduos de D. ecaudata, mas relatos de raiva hu- mana e raiva causada por morcegos so relaciona- dos atividade de Desmodus rotundus (GONAL- VES et al., 2002). Portanto, essa espcie no deve sofrer controle dos rgos oficiais, pois se alimen- ta quase que exclusivamente de sangue de aves que repousam em rvores, no tendo importncia epidemiolgica. Para evitar que as aves morram de anemia sugerem-se galinheiros fechados. Diphylla ecaudata no se encontra na lista das espcies ameaadas para o territrio nacional, de acordo com dados do MMA (2003), e nem na lista da IUCN (2006). Mas considerada ameaada no estado do Paran onde as maiores ameaas so o turismo em cavernas, o desequilbrio ecolgico, o desmatamento e a destruio dos hbitats (MARGARIDO & BRAGA, 2004). 44 Morcegos do Brasil 45 Nogueira, M. R.; Dias, D. & Peracchi, A.L. Captulo 04 - Subfamlia Glossophaginae Captulo 04 Subfamlia Glossophaginae A subfamlia Glossophaginae Bonaparte, 1845 inclui duas tribos endmicas do Novo Mun- do (Glossophagini e Lonchophyllini, sensu WETTERER et al., 2000) e est representada no Brasil por oito gneros e 14 espcies. So morce- gos que evoluram para uma dieta essencialmente baseada em nctar, e que tm seus aspectos morfolgicos mais marcantes associados a essa especializao (FREEMAN, 1995; SOLMSEN, 1998; TSCHAPKA & DRESSLER, 2002). Apresentam porte relativamente pequeno (usualmente <20 g), rostro alongado e orelhas e folha nasal pequenas. A cauda reduzida ou mes- mo ausente, e a membrana interfemural varia em extenso, mas no chega a ultrapassar o nvel dos ps. A dentio mostra-se bastante reduzida em alguns grupos, com destaque para as modificaes nos incisivos, que podem estar deslocados lateral- mente ou mesmo ausentes (no caso dos inferio- res), deixando mais espao para a passagem da ln- gua durante a tomada de nctar. O lbio inferior apresenta profundo sulco mediano e a lngua lon- ga e altamente extensvel, podendo alcanar com- primento equivalente ao do corpo do prprio mor- cego (WINTER & VON HELVERSEN, 2003), ou at mesmo uma vez e meia esse comprimento, como no espetacular caso de Anoura fistulata, es- pcie endmica do Equador (MUCHHALA, 2006). A presena de papilas filiformes na regio anterior da lngua, e que auxiliam na apreenso do nctar, outra conspcua caracterstica dos nectarvoros do Novo Mundo(GIMENEZ et al., 1996). Embora glossofagneos no constituam um grupo particularmente especioso em faunas locais (usualmente 4 a 5 espcies tm sido encon- tradas em simpatria; SIMMONS & VOSS, 1998; SAMPAIO et al., 2003; FARIA, 2006), esses mor- cegos desempenham um papel essencial nos ecossistemas em que atuam, participando na polinizao de centenas de espcies de plantas, algumas das quais provavelmente totalmente de- pendentes deles para sua reproduo (SAZIMA et al., 1999; TSCHAPKA et al., 1999; MUCHHALA, Marcelo Rodrigues Nogueira Pesquisador Associado do Laboratrio de Cincias Ambientais Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Daniela Dias Laboratrio de Mastozoologia - Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Adriano Lcio Peracchi Professor Livre Docente do Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 46 Morcegos do Brasil Anoura caudifer (Foto: Marco A. R. Mello - www.casadosmorcegos.org). 2006). Durante as visitas s flores, glossofagneos freqentemente empregam o vo pairado, mais uma das convergncias observadas em relao aos bei- ja-flores. Fazem uso intensivo da ecolocalizao durante o forrageio, mas a viso e a olfao tam- bm tm papel importante (VON HELVERSEN et al., 2000). Pesquisas envolvendo os sistemas de orientao desses morcegos tm resultado em in- teressantes descobertas, como a utilizao dos chamados guias acsticos (certas flores apresen- tam morfologia aparentemente adaptada para am- plificar sinais sonoros; VON HELVERSEN & VON HELVERSEN, 1999) e a sensibilidade ao ultravioleta (WINTER et al., 2003). Embora al- guns glossofagneos sejam bastante generalistas e apresentem ampla distribuio geogrfica, uma elevada proporo das espcies que compem esse grupo encontra-se classificada em algum grau de ameaa (ca. de 1/3, de acordo com HUTSON et al., 2001). Segundo ARITA & SANTOS-DEL- PRADO (1999), nectarvoros especializados so, provavelmente, mais susceptveis extino do que qualquer outro grupo de morcegos neotropicais. Essas formas usualmente apresentam baixos nveis populacionais, distribuio geogrfi- ca restrita e maior susceptibilida- de destruio de hbitat. No Brasil, duas das cinco espcies atualmente consideradas ameaadas so glossofagneos (MACHADO et al., 2005). Tribo Glossophagini Bonaparte, 1845 Gnero Anoura Gray, 1838 Oito espcies so atual- mente reconhecidas nesse gnero: A. aequatoris (Lnnberg, 1921); A. cadenai Mantilla-Meluk & Baker, 2006; A. caudifer (E. Geoffroy, 1818); A. cultrata Handley, 1960; A. fistulata Muchhala, Mena & Albuja, 2005; A. geoffroyi Gray, 1838; A. latidens Handley, 1984 e A. luismanueli Molinari, 1994. Dentre essas, apenas duas esto assinaladas para o Brasil. Anoura caudifer (E. Geoffroy, 1818) Essa espcie tem como localidade-tipo o Rio de Janeiro, Brasil, e conhecida ainda da Co- lmbia, Venezuela, Guianas, Equador, Peru, Bo- lvia e noroeste da Argentina (SIMMONS, 2005). Em territrio brasileiro j foi registrada no AC, AM, AP, BA, DF, ES, MG, MS, MT, PA, PR, RJ, RS, SC e SP (TAVARES et al., no prelo). A grafia do epteto especfico tem sido alvo de controvrsias, tendo HANDLEY-JR (1984) argumentado que em decorrncia do gnero se tratar de um substantivo feminino, o nome da espcie (que segundo ele se- ria um adjetivo modificador) deveria acompanh- lo, resultando da o binmio Anoura caudifera. SIMMONS (2005), entretanto, chamou ateno para o artigo 31.2.2 do Cdigo da Comisso Inter- nacional sobre Nomenclatura Zoolgica, que es- tabelece que quando o autor do nome da espcie no indica se ele um adjetivo ou um substantivo, 47 Nogueira, M. R.; Dias, D. & Peracchi, A.L. Captulo 04 - Subfamlia Glossophaginae e ele pode ser considerado como ambos (e.g., as formas terminadas em -fer), ele deve ser tratado como um nome em aposio, havendo reteno da grafia original. Trata-se de morcego relativamente peque- no, com comprimento cabea-corpo entre 47 e 70 mm, cauda entre 3 e 6 mm, antebrao entre 34 e 39 mm e peso entre 8,5 a 13 g (TADDEI, 1975a; KOOPMAN, 1994; MOLINARI, 1994; SOLMSEN, 1998, SIMMONS & WETTERER, 2002; MUCHHALA et al., 2005). O focinho lon- go e h acentuado prognatismo. A pelagem varia de marrom a marrom-acinzentada, sendo mais cla- ra no ventre. Na regio dorsal, os plos so bicoloridos, com a base mais clara. O uropatgio estreito, semicircular, e dotado de franja pouco desenvolvida em sua margem posterior. A cauda usualmente est presente, mas pode faltar em al- guns espcimes (WILLIAMS & GENOWAYS, 1980a; SIMMONS & VOSS, 1998). Como nas demais espcies do gnero, no h incisivos inferi- ores e os superiores so reduzidos e deslocados lateralmente. A. caudifer se alimenta do nctar de uma grande variedade de plantas, incluindo leguminosas (SAZIMA, 1976), passiflorceas (SAZIMA & SAZIMA, 1987), lobeliceas (SAZIMA et al., 1994), bombacceas (FISCHER et al., 1992), bromeliceas (SAZIMA et al., 1995), marcgraviceas (SAZIMA & SAZIMA, 1980), mirtceas (TEIXEIRA & PERACCHI, 1996), fabceas, litrceas, malvceas e rubiceas (SAZIMA et al., 1999). Sua dieta inclui ainda p- len, frutos e insetos (SAZIMA, 1976; TEIXEIRA & PERACCHI, 1996; ZORTA, 2003). Os dados disponveis para o Brasil suge- rem um padro polistrico sazonal para essa esp- cie, com nascimentos ocorrendo durante a poca chuvosa (TADDEI 1976; ZORTA, 2003). MARINHO-FILHO & SAZIMA (1998) assinalaram a ocorrncia de A. caudifer em todos os biomas brasileiros, mas parece no haver regis- tros formais para a caatinga (OLIVEIRA et al., 2003). Essa espcie tem sido comumente reporta- da em inventrios locais, ocorrendo em reas de floresta primria e secundria (REIS & PERACCHI, 1987; BROSSET et al., 1996), bana- nais associados a florestas (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971; ESBRARD et al., 1996a), pastos (COIMBRA-JR et al., 1982) e arear rurais e urbanas (BREDT & UIEDA, 1996). Abri- ga-se em cavernas (ESBRARD et al., 2005), furnas e locas de pedra (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971), cavidades em rvores cadas (REIS & PERACCHI, 1987), e uma varie- dade de construes humanas, como residncias abandonadas (ESBRARD et al., 1996a) e bueiros sob rodovias (MARQUES, 1985b). Trata-se de uma das espcies mais comuns em inventrios re- alizados em reas crsticas (TRAJANO, 1984; ESBRARD et al., 2005). Encontra-se em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Anoura geoffroyi Gray, 1838 Assim como a espcie anterior, A. geoffroyi foi descrita com base em material colecionado no Rio de Janeiro, Brasil. Sua distribuio geogrfica, entretanto, mais ampla, estendendo-se desde o Mxico at o Peru, Bolvia e Brasil (SIMMONS, 2005), onde tem registro para BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP (TAVARES et al., no prelo). Trata-se de morcego de porte mdio para um glossofagneo, com cabea e corpo entre 53 e 73 mm, antebrao entre 39 e 47 mm e peso entre 13 e 18 g (KOOPMAN, 1994; REID, 1997). O focinho relativamente longo e a pelagem mar- rom-acinzentada, mais escura no dorso, onde che- ga a ser enegrecida (HANDLEY-JR, 1984). Dorsalmente, os plos so bicoloridos, com a base mais clara. A cauda est sempre ausente e o 48 Morcegos do Brasil uropatgio bastante reduzido (citado como au- sente por alguns autores; e.g., BARQUEZ et al., 1999) e recoberto por densa pelagem. Incisivos superiores e inferiores como na espcie anterior. Embora seja uma espcie predominante- mente nectarvora, A. geoffroyi pode fazer uso in- tensivo de insetos (e.g., besouros, WILLIG et al., 1993). GOODWIN (1946) reportou que essa es- pcie tambm visita flores sem secreo de nc- tar, tendo presumido que o objetivo seria a apre- enso de insetos atrados pelo odor dessas flores. Consome ainda frutos e plen (GOODWIN & GREENHALL, 1961; ZORTA, 2003), e a lista de plantas visitadas para a obteno de nctar in- clui bombacceas (FISCHER et al., 1992), cariocarceas (GRIBEL & HAY, 1993), bromeliceas (SAZIMA et al., 1995) e passiflorceas (SAZIMA et al., 1999). O padro reprodutivo de A. geoffroyi foi estudado no cerrado brasileiro por BAUMGARTEN & VIEIRA (1994) e ZORTA (2003), tendo ambos os estudos verificado a ocor- rncia de monoestria sazonal. O perodo reprodutivo, entretanto, mostrou-se varivel, com picos de lactao ocorrendo tanto na estao seca (BAUMGARTEN & VIEIRA, 1994), quanto na chuvosa (ZORTA, 2003). Parece haver segre- gao sexual no uso dos abrigos durante certas partes do ano (WILSON, 1979; BAUMGARTEN & VIEIRA, 1994; BREDT et al., 1999). A. geoffroyi ocorre em todos os biomas bra- sileiros (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998), e tem sido capturada em reas de mata primria (BROSSET et al., 1996) e secundria (ESBRARD, 2003), pomares e reas peridomiciliares (HANDLEY-JR, 1976; PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1986; ESBRARD et al., 1996a), e em meio rural (BREDT & UIEDA, 1996) e urbano (BROSSET et al., 1996). Abriga-se em bueiros, tneis e ocos de rvores (REID, 1997; BREDT et al., 1999; LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002), mas parece ter forte associao com cavidades naturais (GOODWIN & GREENHALL, 1961; ARITA, 1993), onde pode formar colnias de at centenas de indivduos (TRAJANO, 1984; BREDT et al., 1999). Encontra-se em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Choeroniscus Thomas, 1928 Em ateno s consideraes de SIMMONS & VOSS (1998), C. intermedius trata- da aqui como sinnimo jnior de C. minor. Trs espcies so, ento, reconhecidas: C. godmani (Thomas, 1903), C. minor (Peters, 1868) e C. periosus Handley, 1966. Dessas, apenas a segunda tem registro para o Brasil. Choeroniscus minor (Peters, 1868) Essa espcie tem o Suriname como loca- lidade-tipo e j foi encontrada nas Guianas, Venezuela, Trinidad, Brasil, Colmbia, Equador, Peru e Bolvia (SIMMONS, 2005). No Brasil h registro para o AC, AM, BA, ES, GO, MG, MT, PA, PE, RO e RR (ESBRARD et al., 2005; TAVARES et al., no prelo). Trata-se de morcego relativamente peque- no, com marcado dimorfismo sexual de tamanho. Nos machos, o comprimento total (cabea, corpo e cauda) pode variar entre 61 e 68 mm, cauda de 6 a 9 mm e antebrao de 28,6 a 35,7 mm (GENOWAYS et al., 1973; AGUIAR et al., 1995; SIMMONS & VOSS, 1998). Nas fmeas essas mesmas caractersticas medem, respectivamente, de 56 a 71 mm, 4 a 11 mm e 26,5 a 38,4 mm (GENOWAYS et al., 1973; SIMMONS & VOSS, 1998). Quanto ao peso, machos podem variar en- tre 7 e 8,8 g e fmeas entre 8 e 12 g (SIMMONS & VOSS, 1998). Machos coletados no sudeste do Brasil so consistentemente menores que os pro- cedentes da Amaznia (AGUIAR et al., 1995). O 49 Nogueira, M. R.; Dias, D. & Peracchi, A.L. Captulo 04 - Subfamlia Glossophaginae focinho longo e estreito e a pelagem marrom- escura. Os plos dorsais so bicoloridos, com a base mais clara (SANBORN, 1943; SOLMSEN, 1998). A asa se insere ao nvel dos ps, entre o tornozelo e a base dos dedos. A cauda curta e a membrana interfemural bem desenvolvida, alcan- ando, em sua poro mediana, o nvel dos torno- zelos (HUSSON, 1962; SOLMSEN, 1998). Es- pcie similar a S. ega, da qual pode ser separada por sua colorao mais clara e pelo tamanho rela- tivo das falanges do polegar: distal e proximal apro- ximadamente iguais em C. minor vs. parte distal (no inclusa na membrana) mais longa que a proximal em S. ega (EMMONS & FEER, 1990). Assim como em Anoura, os incisivos in- feriores esto ausentes e os superiores so dimi- nutos e esto deslocados lateralmente. Essa espcie se alimenta de nctar, p- len, insetos e, possivelmente, frutos macios e su- culentos (GOODWIN & GREENHALL, 1961; GARDNER, 1977a; AGUIAR et al., 1995). Dados obtidos em rea de Mata Atlntica sugerem concen- trao da atividade de forrageio nas primeiras horas da noite (AGUIAR & MARINHO-FILHO, 2004). Quanto re- produo, h registro de uma fmea lactante carregando filhote em dezembro na Colm- bia (TAMSITT et al., 1965), e de duas fme- as grvidas em junho no Peru, com nasci- mentos provavelmen- te tendo ocorrido du- rante a estao seca (GRAHAM, 1987). C. minor tem ampla distribuio na Amaznia (VOSS & EMMONS, 1996) e na Mata Atlntica (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993; AGUIAR et al., 1995; SOUSA et al., 2004), e recentemente foi reporta- da para o Cerrado (ESBRARD et al., 2005). Tem sido capturada em reas de mata primria e secun- dria (REIS & PERACCHI, 1987; AGUIAR et al., 1995), savana amaznica (BERNARD & FENTON, 2002), plantao de cacau sob vege- tao nativa (FARIA, 2006), pomar em rea aber- ta associada a floresta (HANDLEY-JR, 1976) e em meio urbano (BROSSET et al., 1996). No Cer- rado, foi capturada em rea de mata ciliar (ESBRARD et al., 2005). Abriga-se em cavernas (ESBRARD et al., 2005), bueiros (TAMSITT et al ., 1965) e sob troncos de rvores cadas (GOODWIN & GREENHALL, 1961; SIMMONS & VOSS, 1998). Adicionalmente, um espcime foi encontrado sob banco erodido no leito de um riacho seco (SIMMONS & VOSS, 1998). Pode haver formao de pequenos grupos (ca. cin- co indivduos) e tambm a ocorrncia de indiv- duos se abrigando solitariamente (SIMMONS & VOSS, 1998). Encontra-se em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Choeroniscus minor (Foto: Fbio Falco). 50 Morcegos do Brasil Gnero Glossophaga E. Geoffroy, 1818 Cinco espcies so atualmente reconhe- cidas nesse gnero: G. commissarisi Gardner, 1962; G. leachii Gray, 1844; G. longirostris Miller, 1898; G. morenoi Martnez and Villa-R., 1938; G. soricina (Pallas, 1766). Dentre essas, trs ocorrem no Brasil. Glossophaga commissarisi Gardner, 1962 Essa espcie tem como localidade-tipo Chiapas, Mxico. Apresenta distribuio disjunta, com trs subespcies descritas. G. c. hespera ocorre no oeste do Mxico, a forma nominal (G. c. commissarisi) ocorre do leste do Mxico at o Pana- m, e G. c. bakeri distribui-se do sudeste da Co- lmbia at o leste do Equador, leste do Peru e noroeste do Brasil (WEBSTER, 1993). G. commissarisi a menor espcie do gne- ro, com comprimento cabea-corpo medindo de 42 a 61 mm, cauda de 4 a 11 mm, antebrao de 31 a 37,4 mm e peso variando entre 6 e 12 g (REID, 1997; EISENBERG & REDFORD, 1999). O focinho relativamente curto e no h prognatismo evidente, como tambm ocorre em Lionycteris. A colorao da pelagem varia de marrom- avermelhada a marrom-escura, sendo mais clara no ventre; os plos dorsais so bicoloridos, com a base esbranquiada; a asa se insere ao nvel do tornozelo; o uropatgio bem desenvolvido e a cauda curta (WEBSTER, 1993; REID, 1997). Os incisivos superiores so pouco ou no procumbentes, sendo o par interno menor ou igual ao externo, e os inferiores so diminutos, subcirculares em vista oclusal e separados entre si por espaos regulares (WEBSTER, 1993; REID, 1997; LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). A dieta de G. commissarisi inclui nctar, plen, frutos e insetos (HOWELL & BURCH, 1974; TSCHAPKA, 2004). Na Costa Rica, essa espcie explora primariamente nctar e plen du- rante a estao seca, e frutos durante o perodo chuvoso. Nctar e plen foram obtidos de plantas das famlias Bombacaceae, Leguminosae, Bromeliaceae e Cecropiaceae, enquanto os frutos vieram de espcies de Clusiaceae, Piperaceae, Cecropiaceae e Solanaceae (TSCHAPKA, 2004). Na Costa Rica, G. commissarisi apresentou padro reprodutivo polistrico sazonal bimodal (LaVAL & FITCH, 1977; TSCHAPKA, 2005), com o primeiro pico reprodutivo coincidindo com perodo de maior utilizao de frutos e o segundo ocorrendo durante perodo de intensa nectarivoria (TSCHAPKA, 2005). No Brasil, G. commissarisi foi registrada somente na Amaznia (WEBSTER, 1993). Ao longo de sua distribuio, tem sido encontrada em uma ampla variedade de habitats em regies tro- picais e subtropicais, incluindo savanas, florestas xeromrficas, florestas de conferas, florestas mi- das perenes e decduas, perto de reas cultivadas e em cidades onde haja recursos alimentares dis- ponveis (WEBSTER, 1993). Utilizam como abrigo cavernas, fendas em rochas e ocos de rvores (WEBSTER, 1993). Encontra-se em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Glossophaga longirostris Miller, 1898 Essa espcie tem como localidade-tipo Sierra Nevada de Santa Marta, Magdalena, Colm- bia. Ocorre ainda na Venezuela, norte do Brazil, Guiana, Trinidad e Tobago, Granada, Sant Vincent, Curaao, Bonaire e Aruba (Antilhas) (SIMMONS, 2005). No Brasil, G. longirostris foi registrada so- mente no Estado de Roraima (WEBSTER, 1993). Trata-se da maior espcie do gnero, com comprimento cabea-corpo variando entre 61,5 e 68,8 mm, antebrao entre 35,3 e 41,9 mm e peso entre 9,8 e 16 g (EISENBERG & REDFORD, 1999). Quanto morfologia externa, bastante si- 51 Nogueira, M. R.; Dias, D. & Peracchi, A.L. Captulo 04 - Subfamlia Glossophaginae milar espcie anterior, da qual pode ser separada pelo uso de caracteres cranianos e dentrios (WEBSTER, 1993; WEBSTER et al., 1998). Os incisivos superiores so altamente procumbentes, sendo o par externo similar em tamanho ao par interno, e os inferiores so relativamente grandes, subtriangulares em vista oclusal e usualmente es- to em contato (WEBSTER et al., 1998). Essa espcie alimenta-se de frutos, plen, nctar e insetos (GARDNER, 1977a; WEBSTER et al., 1998). Diversos estudos apontam forte rela- o mutualstica entre G. longirostris e cactos colunares, sobre os quais esse morcego deve atuar como principal polinizador e dispersor de semen- tes (SOSA & SORIANO, 1996; NASSAR et al., 1997; SORIANO et al., 2000; NARANJO et al., 2003; NASSAR et al., 2003). Nctar e plen de Agavceas tambm so itens importantes em am- bientes ridos (NASSAR et al., 2003). Dados coligidos ao longo de toda a distri- buio da espcie indicam um padro reprodutivo polistrico bimodal para G. longirostris, com os pe- rodos de gestao se estendendo de dezembro a abril e de junho a outubro (WEBSTER et al., 1998). Assim como a espcie anterior, s foi registrada em ter- ritrio brasileiro no bioma ama- znico (WEBSTER, 1993). J ao longo de toda sua distribuio, tem sido encontrada em vrios tipos de hbitat, tropicais e subtropicais, incluindo florestas perenes, decduas e ridas, alm de savanas (WEBSTER, 1993; WEBSTER et al., 1998). Abriga- se em cavernas, tneis, fendas em rochas, ocos de rvores, casas e outras construes (WEBSTER, 1993; WEBSTER et al., 1998). Encontra-se classifi- cada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Glossophaga soricina (Pallas, 1766) Essa espcie tem como localidade-tipo o Suriname e possui ampla distribuio por toda a regio neotropical, estendendo-se desde o Mxico at as Guianas, sudeste do Brasil, norte da Argen- tina (SIMMONS, 2005). No Brasil j foi registra- da no AC, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP (TAVARES et al., no prelo). Possui tamanho intermedirio, com cabe- a-corpo entre 45 e 61 mm, cauda entre 5 e 10 mm, antebrao entre 31,8 e 39,8 mm e peso entre 7 e 17 g (TADDEI, 1975a; REID, 1997; EISENBERG & REDFORD, 1999). H variao geogrfica, com as populaes da maior parte da Amrica do Sul apresentando-se, de forma geral, com dimenses menores que as das populaes da Amrica Central e de localidades a oeste dos Andes (WEBSTER, 1993). Na morfologia exter- na se mostra similar s congenricas citadas ante- riormente, recaindo a diagnose em elementos cranianos e dentrios. Os incisivos superiores so Anoura caudifer (Foto: Marco A. R. Mello - www.casadosmorcegos.org). 52 Morcegos do Brasil notadamente procumbentes, como em G. longirostris, mas o par interno usualmente maior que o externo (ALVAREZ et al., 1991). Os incisi- vos inferiores so relativamente grandes e no es- to separados por lacunas, como se observa em G. commissarisi (ALVAREZ et al., 1991; LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). Alimentam-se do nctar de uma grande variedade de plantas, incluindo, no Brasil, repre- sentantes das famlias Tiliaceae (SAZIMA et al., 1982), Passifloraceae (BUZATO & FRANCO, 1992), Leguminosae (SILVA et al., 1996a; SAZIMA et al., 1999), Bombacaceae (SILVA & PERACCHI, 1995), Myrtaceae (SILVA et al., 1996b), Lythraceae (SILVA & PERACCHI, 1999; PERINI et al., 2003), Gentianaceae (MACHADO et al., 1998), Gesneriaceae (SANMARTIN-GAJARDO & SAZIMA, 2005) e Bignoniaceae (MACHADO & VOGEL, 2004). Merece destaque a participao de G. soricina na polinizao de Dyssochroma viridiflorum, Solanaceae epfita endmica de Mata Atlntica (SAZIMA et al., 2003), e de Pitcairnia albiflos, bromelicea rara e endmica de afloramentos rochosos no Estado do Rio de Janei- ro (WENDT et al., 2001). Frutos de Solanaceae, Melastomataceae e Elaeocarpaceae, alm de inse- tos, tambm fazem parte de sua dieta (WILLIG et al., 1993; BREDT et al., 2002). G. soricina apresenta padro reprodutivo polistrico bimodal na maioria das reas onde ocor- re (FLEMING et al., 1972; TADDEI, 1976; WILLIG, 1985b; BREDT et al., 1999). Trata-se de um dos nectarvoros mais freqentemente encontrados em inventrios locais, ocorrendo em todos os biomas brasileiros (MARI- NHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Tem sido cap- turado nos mais diversos tipos de hbitat, incluin- do florestas primrias (REIS & PERACCHI, 1987, SAMPAIO et al., 2003; PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993) e secundrias (ESBRARD, 2003), pomares (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971) e pequenos fragmentos florestais (FARIA, 2006). Tambm comum em meio rural (BREDT & UIEDA, 1996) e em reas urbanas, incluindo grandes cidades onde, no raro, adentra residncias (BREDT et al., 2002; PERINI et al., 2003). Parte do sucesso de G. soricina em ocupar diferentes ambientes pode ser atribuda sua versatilidade no uso de abrigos. Morcegos dessa espcie tm sido encontrados em cavernas, ocos de rvores, fendas em rochas, tneis, minas, casas abandonadas, interior de cisternas, ductos de ven- tilao, poo de elevador, sob pontes, telhas e for- ros, e em vos de dilatao e em (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971; WEBSTER, 1993; BREDT et al., 1999; ESBRARD et al., 1999; PERINI et al., 2003). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Lichonycteris Thomas, 1895 Lichonycteris obscura Thomas, 1895 a nica espcie atualmente reconheci- da no gnero (SIMMONS, 2005), embora falte ain- da uma reviso detalhada envolvendo a sinonimizao desse txon com L. degener (SIMMONS & VOSS, 1998). L. obscura tem Mangua, Nicar- gua, como localidade-tipo e ocorre da Guatemala Bolvia e sudeste do Brasil (SIMMONS, 2005). Em territrio brasileiro j foi encontrada no AM, BA, ES e PA (TAVARES et al., no prelo). Trata-se de morcego relativamente peque- no, com cabea e corpo entre 46 e 55 mm, cauda entre 6 e 10 mm, antebrao entre 30 e 36 mm e peso entre 6 e 10 g (KOOPMAN, 1994; REID, 1997; ZORTA et al., 1998). Conforme enfatizado por OCHOA et al. (1993) e SIMMONS & VOSS (1998), dois padres de colorao tm sido atribudos a L. obscura: formas com pelagem marrom-escura, que estariam de acordo com a des- crio original de L. obscura, e formas com pelagem 53 Nogueira, M. R.; Dias, D. & Peracchi, A.L. Captulo 04 - Subfamlia Glossophaginae marrom-clara, que se enquadrariam melhor na des- crio de L. degener. Uma importante caracterstica dessa espcie o padro tricolorido de bandeamento dos plos dorsais, que tm a base e o pice mais escuros e parte mediana esbranquiada (SANBORN, 1943; REID, 1997). Nenhum outro glossofagneo que ocorre no Brasil apresenta tal padro. Outra importante caracters- tica insero da asa, que se d prxima base dos dedos do p (HUSSON, 1962; REID, 1997). O focinho levemente alongado, o uropatgio bem desenvolvido (se estende at o nvel do tor- nozelo) e desprovido de plos, e a cauda avana at, aproximadamente, a metade dessa membrana (HUSSON, 1962; REID, 1997). L. obscura encon- tra-se dentre as espcies que perderam os incisi- vos inferiores ao longo de sua evoluo, mas de maneira diferente das demais, no apresenta os incisivos superiores lateralmente deslocados (CARSTENS et al., 2002). Sua dieta inclui nctar e plen, e possi- velmente insetos (GARDNER, 1977a). Na Costa Rica, L. obscura j foi observada visitando flores de bombacceas, cecropiceas, bromeliceas, marcgraviceas, Markea neurantha (Solanaceae), Mucuna holtonii (Fabaceae), Calyptrog yne ghiesbreghtiana (Palmae) e bananeiras cultivadas (Musa sp.) (TSCHAPKA, 2004). Dados compilados por WILSON (1979) evidenciaram reproduo durante o perodo seco na Amrica Central. Uma fmea grvida foi cole- tada em agosto na Bahia, nordeste do Brasil (TADDEI & PEDRO, 1993), e outra em outu- bro, no Equador (REID et al., 2000). No Brasil, L. obscura j foi registrada na Amaznia (BERNARD & FENTON, 2002) e na Mata Atlntica (TADDEI & PEDRO, 1993). Tem sido capturada em reas de floresta primria (REIS & PERACCHI, 1987) e secundria (FARIA, 2006), florestas sob influncia de corte seletivo de madeira (OCHOA et al., 1993), reas de savana amaznica (BERNARD & FENTON, 2002), plantaes (REID, 1997) e pomares (HANDLEY- JR, 1966). Refgios so desconhecidos. Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Scleronycteris Thomas, 1912 Scleronycteris ega Thomas, 1912 Espcie registrada apenas na Amaznia brasileira (Estados do Par e Amazonas) e ao sul da Venezuela (SIMMONS, 2005; BERNARD & FENTON, 2002). Tem como localidade-tipo Ega, Amazonas, Brasil. O comprimento cabea-corpo tem cerca de 57 mm, a cauda 6 mm e o antebrao pode vari- ar entre 33,7 e 35 mm (EMMONS & FEER, 1990; OCHOA et al., 1993; KOOPMAN, 1994). A pelagem dorsal marrom-enegrecida, composta por plos bicoloridos de base mais clara. A pelagem ventral um pouco mais plida que a dorsal e os plos tm colorao uniforme (EMMONS & FEER, 1990). A cauda curta e a membrana interfemural longa e de colorao marrom-escu- ra, mesma cor da membrana alar (EMMONS & FEER, 1990). Espcie similar a C. minor, da qual pode ser separada por sua colorao mais escura e pelo tamanho relativo das falanges do polegar: distal e proximal aproximadamente iguais em C. minor vs. parte distal (no inclusa na membrana) mais longa que a proximal em S. ega (EMMONS & FEER, 1990). Presume-se que a dieta de S. ega seja com- posta por nctar, plen, insetos e frutos (GARDNER, 1977a), mas nenhum dado encon- tra-se disponvel. Reproduo e uso de abrigos tam- bm so aspectos desconhecidos dessa espcie. Trata-se de morcego raro, conhecido at pouco tempo com base em apenas cinco indivdu- 54 Morcegos do Brasil os (EMMONS & FEER, 1990; OCHOA et al., 1993). Esses registros foram obtidos em reas de floresta primria (OCHOA et al., 1993) e em rea peridomiciliar prxima a riacho em floresta mida (HANDLEY-JR, 1976). Mais recentemente, BERNARD & FENTON (2002) reportaram qua- tro espcimes procedentes da regio de Alter do Cho, Par, um deles obtido em rea de savana, e trs em pequenos fragmentos florestais naturais. Encontra-se classificada como vulnervel extino (IUCN, 2006). Tribo Lonchophyllini Griffiths, 1982 Gnero Lionycteris Thomas, 1913 Lionycteris spurrelli Thomas, 1913 a nica espcie do gnero, tendo sido des- crita com base em material de Choc, Colmbia. Sua distribuio geogrfica inclui o leste do Panam, Colmbia, Venezuela, Guianas, Amaznia perua- na e Brasil (SIMMONS, 2005). Em territrio bra- sileiro foi registrada no AM, AP, BA, ES, GO, MG, MS e PA (BORDIGNON,2006a; WOODMAN & TIMM, 2006; TAVARES et al., no prelo). um morcego de porte pequeno, com cabea-corpo entre 40 e 60 mm, cauda entre 5 e 10 mm, antebrao entre 32 e 37,5 mm e peso en- tre 6 e 11 g (TADDEI et al., 1978; EMMONS & FEER, 1990; REID, 1997; TRAJANO & GIMENEZ, 1998; WOODMAN & TIMM, 2006). O focinho apenas levemente alongado e, como se observa em Glossophaga spp., no h prognatismo conspcuo. H trs vibrissas inter-ra- mais, o que diagnstico da tribo (WETTERER et al., 2000). A colorao geral marrom- avermelhada ou marrom-escura, mais clara no ven- tre. Os plos dorsais so unicoloridos (CARSTENS et al., 2002) ou podem apresentar a base mais es- cura (TADDEI et al., 1978). A membrana interfemural bem desenvolvida, com a cauda atin- gindo a metade de seu comprimento e sobressain- do na face dorsal. A asa se insere no tero distal da tbia, o que prontamente diferencia essa esp- cie de todos os demais glossofagneos, nos quais a insero se d ao nvel do tornozelo ou do p (TADDEI et al., 1978; REID, 1997). Os incisivos superiores internos so maiores que os externos, espatulados e projetados para frente (procumbentes), enquanto os inferiores so todos similares em tamanho e trilobulados. O segundo pr-molar superior apresenta lobo interno reduzi- do e raiz da face lingual situada aproximadamente no meio do dente (TADDEI et al., 1978) Na Colmbia, essa espcie utilizou insetos (Lepidoptera), nctar e plen como alimento (RIVAS- PAVA et al., 1996). Tambm deve consumir frutos. Dados disponveis sobre a reproduo de L. spur relli so escassos. TUTTLE (1970) e GRAHAM (1987) obtiveram fmeas grvidas em agosto no Peru, e WILLIAMS & GENOWAYS (1980a) capturaram uma fmea grvida em setem- bro. BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE (1990) registraram uma fmea lactante em novem- bro, na Guiana Francesa. No Brasil, L. spurrelli ocorre na regio amaznica (TADDEI et al., 1978), na Caatinga (GREGORIN & MENDES, 1999), no Cerrado (BORDIGNON, 2006a) e em rea de transio entre esses dois ltimos biomas (TRAJANO & GIMENEZ, 1998). Tem sido amostrada em reas de floresta primria e secundria (BROSSET et al., 1996), savanas, pomares e reas peridomiciliares (HANDLEY-JR, 1976). Pode empregar fendas como abrigo (HANDLEY-JR, 1976), mas tem sido mais freqentemente encontrada em cavidades (HANDLEY-JR, 1976; TRAJANO & GIMENEZ, 1998; GREGORIN & MENDES, 1999), onde as colnias usualmente so formadas por cerca de 20 indivduos, mas podem alcanar mais de 1000 (BROSSET & CHARLES- DOMINIQUE, 1990). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). 55 Nogueira, M. R.; Dias, D. & Peracchi, A.L. Captulo 04 - Subfamlia Glossophaginae Gnero Lonchophylla Thomas, 1903 Doze espcies podem ser reconhecidas atualmente: L. bokermanni Sazima, Vizotto & Taddei, 1978; L. cadenai Woodman & Timm, 2006; L. chocoana Dvalos, 2005; L. concava Goldman, 1914; L. dekeyseri Taddei, Vizotto & Sazima, 1983; L. handleyi Hill, 1980; L. hesperia Allen, 1908; L. mordax Thomas, 1903; L. orcesi Albuja & Gardner, 2005; L. pattoni Woodman & Timm, 2006; L. ro- busta Miller, 1912 e L. thomasi Allen, 1904. Des- sas, quatro tm registro para o Brasil. Lonchophylla bokermanni Sazima, Vizotto & Taddei, 1978 Espcie endmica do sudeste do Brasil, tendo como localidade-tipo a Serra do Cip, Jaboticatubas, Estado de Minas Gerais. Nessa re- gio, L. bokermanni ocorre ainda no Estado do Rio de Janeiro (TADDEI et al., 1988; DIAS et al., 2002). Trata-se de uma das maiores formas do gnero, sendo a maior das espcies que tm regis- tro no Brasil. O comprimento cabea-corpo varia de 53 a 65 mm e o antebrao entre 35,5 e 41,3 mm (SAZIMA et al., 1978; TADDEI et al., 1988; DIAS et al., 2002). Exemplares procedentes do Rio de Janeiro so consistentemente menores que os de Minas Gerais em relao a medidas externas, mas no nas cranianas (TADDEI et al., 1988; DIAS et al., 2002). O focinho conspicuamente alongado; a pelagem dorsal varia de pardo-amare- lada a castanho-escura acinzentada e a ventral de cinza-amarelada a pardo-acinzentada escura (SAZIMA et al., 1978). Os plos dorsais so bicoloridos, mais claros na base, e o antebrao apresenta densa pilosidade em sua poro proximal ( n em L. dekeyseri, L. mordax e Xeronycteris). A membrana interfemural bem desenvolvida e a cauda atinge cerca de um tero de seu comprimen- to, sobressaindo na face dorsal (SAZIMA et al., 1978). Os incisivos so como descrito para Lionycteris e o segundo premolar superior apresen- ta lobo interno tambm reduzido, mas a raiz da face lingual est deslocada para trs (SAZIMA et al., 1978). SAZIMA et al. (1978) encontraram plen de Bauhinia rufa e fragmentos de Formicidae (Hymenoptera) no trato gastrintestinal de trs in- divduos, o que corrobora uma esperada dieta base de nctar, plen e insetos. Essa espcie res- ponsvel pela polinizao de Encholirium glaziovii, bromlia terrestre de grande porte e que cresce em reas abertas e rochosas na cadeia do Espinhao (SAZIMA et al., 1989). Nada se sabe sobre a re- produo dessa espcie. A espcie conhecida de poucas locali- dades em regio de Cerrado de Minas Gerais (a localidade tpica) e na Mata Atlntica do Rio de Janeiro, usualmente associada a hbitats preserva- dos (SAZIMA et al., 1978; TADDEI et al., 1988; MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998; DIAS et al., 2002). Exemplares de L. bokermanni foram en- contrados se abrigando no interior de celas em um Lonchophylla bokermanni (Foto: M.R. Nogueira). 56 Morcegos do Brasil presdio abandonado (TADDEI et al., 1988). Em condies naturais, deve em- pregar cavernas como outras espcies do gnero. Encontra-se classificada como vulnervel extino (IUCN, 2006), constituindo uma das cinco espcies de morcegos brasileiros consideradas ameaadas (MACHADO et al., 2005). Contribui para isso, principalmente, o fato de sua distribuio conhecida estar res- trita ao sudeste brasileiro, onde ocorre em biomas sob severa presso antrpica. Lonchophylla dekeyseri Taddei, Vizotto & Sazima, 1983 Espcie registrada apenas para o Brasil e, mais recentemente, para a Bolvia (WOODMAN & TIMM, 2006). Sua localidade-tipo o Distrito Federal. No Brasil ocorre ainda em GO, MG, MT e PI (TAVARES et al., no prelo). L. dekeyseri apresenta dimenses externas mdias dentro do gnero, com cabea-corpo vari- ando entre 48 e 63 mm, cauda entre 6 e 8 mm, antebrao entre 34 e 37,7 mm e peso de 9 g (TADDEI et al., 1983; WOODMAN & TIMM, 2006). Trata-se de forma bastante similar a L. mordax em aparncia geral, apresentando colorido pardo-avermelhado no dorso e pardo-claro no ven- tre. O focinho longo e o antebrao desprovido de plos, como em L. mordax, L. thomasi e Xeronycteris, mas no em L. bokermanni. Para uma distino segura entre L. dekeyseri e L. mordax pa- rece imprescindvel a anlise de caracteres cranianos e dentrios, conforme discutido por TADDEI et al. (1983). De forma geral, o crnio de L. dekeyseri relativamente menor e apresenta rostro mais curto. Em sua chave para identifica- o das espcies de Lonchophylla, TADDEI et al. (1983) destacaram que o comprimento total do crnio em L. dekeyseri , geralmente, menor que 22,6 mm (> 22,6 em L. mordax), o comprimento total do crnio dividido pelo comprimento do an- tebrao menor que 0,65 (> 0,65 em L. mordax) e o comprimento da srie de dentes superiores , geralmente, menor que 0,21 (> 0,21 em L. mordax). WOODMAN & TIMM (2006), em cha- ve mais recente, tambm empregaram a razo en- tre o comprimento do crnio e do antebrao para separar essas espcies, mas adicionaram a largura atravs dos molares superiores em seu clculo [(comp. crnio x lar. molares) / comp. do antebra- o]. Nesse caso, os valores obtidos ficaram em < 3,20 para L. dekeyseri e > 3,15 para L. mordax. Es- ses autores mencionaram ainda a presena de um sulco na face anterior do canino superior de L. dekeyseri, o qual estaria ausente em L. mordax, que tem esse mesmo dente com poro anterior con- vexa. Os incisivos de L. dekeyseri so como descri- to anteriormente para Lionycteris e o segundo pr- molar superior apresenta lobo interno bem desen- volvido e raiz da face lingual situada, aproximada- mente, no meio do dente (TADDEI et al., 1983). A dieta de L. dekeyseri inclui nctar, p- len, frutos e insetos (COELHO & MARINHO- FILHO, 2002). No Distrito Federal, recursos flo- Lonchophylla dekeyseri (Foto: L.S.M. Aguiar). 57 Nogueira, M. R.; Dias, D. & Peracchi, A.L. Captulo 04 - Subfamlia Glossophaginae rais de espcies das famlias Leguminosae, Bombacaceae, Lythraceae e Tiliaceae foram con- sumidos principalmente durante a estao seca. Nessa mesma regio houve consumo de frutos de Piperaceae e Cecropiaceae (COELHO & MARI- NHO-FILHO, 2002). Quanto reproduo, COELHO (1998) sugeriu monoestria sazonal, com fmeas dando luz um filhote na estao seca, quando h maior disponibilidade de recursos. BREDT et al. (1999) reportaram fmeas grvidas em maro, abril, maio e junho. Foi registrada apenas no Cerrado brasilei- ro, onde tem sido capturada em florestas secas as- sociadas a afloramentos calcrios (COELHO & MARINHO-FILHO, 2002), veredas e matas ciliares (GONALVES & GREGORIN, 2004; ESBRARD et. al., 2005). No Distrito Federal, BREDT & UIEDA (1996) registraram essa esp- cie em rea rural. Os dados disponveis indicam uma forte associao entre a ocorrncia de L. dekeyseri e a disponibilidade de cavernas, as quais usa como abrigo (BREDT et al., 1999; COELHO & MARINHO-FILHO, 2002). Coletas junto a esses abrigos tm resultado na captura de numerosos indi- vduos (177 foram reportados por ESBRARD et. al., 2005), tendo BREDT et al. (1999) sugerido que suas colnias no devem ser pequenas, podendo al- canar algumas dezenas de indivduos. Encontra-se classificada como vulnervel extino (IUCN, 2006), constituindo uma das cinco espcies de morcegos brasileiros considera- dos ameaados (MACHADO et al., 2005). Contri- bui para isso o elevado nvel de degradao ambiental ameaa ao qual o bioma Cerrado est sub- metido (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Lonchophylla mordax Thomas, 1903 Essa espcie tem Lamaro, Bahia, Brazil, como localidade-tipo, e apresenta um padro disjunto de distribuio geogrfica. Aceitando-se as recentes proposies de ALBUJA & GARDNER (2005) no que diz respeito validade taxonmica de L. concava (anteriormente considerada subespcie de L. mordax; HANDLEY-JR, 1966), duas reas de ocorrncia esto documentadas para L. mordax: leste da Bolvia e leste do Brasil. J foi assinalada nos seguintes Estados brasileiros: BA, CE, ES, MS,PA, PB, PE, PI, RJ e SP (BORDIGNON, 2006a; TAVARES et al., no prelo). L. mordax apresenta dimenses mdias dentro do gnero, com cabea-corpo entre 45 e 60 mm, cauda entre 8 e 14 mm, antebrao entre 33,5 e 37,8 mm e peso entre 7,5 e 11 g (ALBUJA & GARDNER, 2005; WOODMAN & TIMM, 2006). O focinho alongado e a pelagem pardo- avermelhada no dorso e pardo bem clara no ven- tre (VIEIRA, 1942). O antebrao desprovido de plos, como em L. dekeyseri, L. thomasi e Xeronycteris, mas no em L. bokermanni. Espcie bastante similar L. dekeyseri, tanto no aspecto externo quanto na dentio. A diferenciao pare- ce envolver apenas caractersticas do crnio e den- tio, que conforme descrito por TADDEI et al. (1983) maior, mais robusto e com rostro mais longo em L. mordax (ver comentrios em L. dekeyseri). Trata-se de espcie predominantemente nectarvora, podendo consumir tambm insetos e frutos (HOWELL & BURCH, 1974; GARDNER, 1977a). WILLIG (1985a) coletou fmeas grvidas em julho, agosto, setembro e novembro e fmeas lactantes em janeiro, fevereiro, abril, maio, junho, agosto e setembro. No Brasil, h registros para a Amaznia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlntica (HANDLEY- JR, 1967; WILLIG, 1983; PEDRO & PASSOS, 1995; BORDIGNON, 2006a). Ocorre em flores- tas primrias e secundrias (HANDLEY-JR, 1967; PEDRO & PASSOS, 1995; DIAS et. al., 2002), 58 Morcegos do Brasil pequenos e grandes fragmentos florestais e plan- taes de cacau sob vegetao nativa (FARIA, 2006). No bioma Caatinga, parece ser comum nos serrotes, mas esteve praticamente ausente em enclaves de cerrado e cerrado (WILLIG, 1983). Nesse mesmo bioma, foi amostrada em enclaves de mata atlntica (brejos de altitude) (SOUSA et al., 2004). Abriga-se em cavernas (GREGORIN & MENDES, 1999) Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Lonchophylla thomasi J. A. Allen, 1904 Essa espcie tem como localidade-tipo Bolvar, Venezuela, e distribui-se pelo Leste do Panam, Colmbia, Venezuela, Guianas, Amaz- nia brasileira, Equador, Peru e Bolvia (SIMMONS, 2005). No Brasil essa espcie j foi assinalada no AC, AM, AP, PA e RR (WOODMAN & TIMM, 2006; TAVARES et al., no prelo). L. thomasi a menor forma do gnero en- contrada no Brasil, com cabea-corpo variando entre 42 e 61 mm, cauda entre 4 e 12 mm, ante- brao entre 29 e 34,4 mm e peso entre 4 e 9 g (TADDEI et al., 1978; REID, 1997, WOODMAN & TIMM, 2006). O focinho relativamente mais curto que nas demais espcie do gnero (SAZIMA et al., 1978), e a colorao da pelagem marrom- escura na regio dorsal e marrom mais claro no ventre (REID, 1997). Os plos dorsais so bicoloridos, com base mais clara, e o antebrao desprovido de plos, como se observa em L. dekeyseri, L. mordax e Xeronycteris, mas no em L. bokermanni. Os incisivos so como descrito anteri- ormente para Lionycteris, exceto pelo fato de que nos inferiores o par interno maior que o externo (REID, 1997). O segundo pr-molar superior apre- senta condies similares s vistas em L. dekeyseri e L. mordax, com lobo interno relativamente bem desenvolvido e raiz da face lingual no deslocada para parte posterior do dente, como visto em L. bokermanni (SAZIMA et al., 1978). L. thomasi se alimenta de nctar, plen, frutos e insetos. REIS & PERACCHI (1987) en- contraram plen de Caryocar villosum no trato in- testinal de um espcime, e sementes de Vismia sp. e fragmentos de colepteros em outro. Tambm h registro de visita s flores de bananeira (Musa sp.) (GARDNER, 1977a; ASCORRA et al., 1996). Quanto reproduo, MARQUES (1985b) obteve fmeas lactantes entre dezembro e janeiro, e BERNARD (2002) registrou uma f- mea lactante em outubro. No Brasil, ocorre apenas no bioma ama- znico (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). J foi amostrada em reas de mata primria e ca- poeira (REIS & PERACCHI, 1987), reas culti- vadas (NOGUEIRA et al., 1999) e em savana amaznica (BERNARD & FENTON, 2002). Embora tolerante a ambientes perturbados, L. thomasi prefere florestas tropicais multi- estratificadas e reas midas (HANDLEY-JR, 1976; SIMMONS & VOSS, 1998). Abriga-se em pequenas cavernas, rvores ocas e sob troncos de rvores cadas (HANDLEY-JR, 1976; REID, 1997; SIMMONS & VOSS, 1998). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Xeronycteris Gregorin & Ditchfield, 2005 Xeronycteris vieirai Gregorin & Ditchfield, 2005 Espcie descrita com base em quatro es- pcimes, todos procedentes da regio nordeste do Brasil. O espcime designado como holtipo foi obtido na Fazenda Esprito Santo, municpio de Soledade, Estado da Paraba. Os demais proce- dem dos Estados da Bahia e Pernambuco (GREGORIN & DITCHFIELD, 2005). X. vieirai 59 Nogueira, M. R.; Dias, D. & Peracchi, A.L. Captulo 04 - Subfamlia Glossophaginae ocorre tambm no extremo norte da regio sudes- te do Brasil, no Estado de Minas Gerais (NO- GUEIRA et al., em prep.). Trata-se de glosssofagneo de porte m- dio, com antebrao variando entre 35,42 e 38,12 mm (GREGORIN & DITCHFIELD, 2005). O focinho longo e a pelagem marrom, mais clara no ventre. O antebrao desprovido de plos, no que essa espcie se assemelha a L. dekeyseri, L. mordax e L. thomasi, mas se diferencia de L. bokermanni. A cauda relativamente curta e com a extremidade sobressaindo dorsalmente no uropatgio, que se mostra bem desenvolvido. A reduo na dentio molariforme, observada em vrios glossofagneos, parece atingir um extremo em X. vieirai. J os incisivos so, de forma geral, similares ao de Lonchophylla e Lionycteris, mas h a presena de grandes lacunas separando o par in- terno do externo (em ambas as arcadas) dos cani- nos, e os incisivos superiores internos so ainda mais procumbentes do que nos demais gneros. Por sua morfologia peculiar, incluindo molariformes notadamente reduzidos, pode-se supor que X. vieirai seja espcie altamente especi- alizada no consumo de nctar. No h dados dis- ponveis sobre sua reproduo. At onde se sabe, X. vieirai espcie endmica da Caatinga, podendo ainda se provar presente tambm em reas de cerrado. Em Minas Gerais foi coletada em rea crstica associada a vegetao de caatinga arbrea (NOGUEIRA et al., em prep.). X. vieirai ainda no teve seu estado de conser vao formalmente analisado, mas GREGORIN & DITCHFIELD (2005) enfatizaram que por se tratar de espcie aparente- mente restrita a bioma sob severa presso antrpica e com evidente especializao de dieta, esse mor- cego deve constituir um dos mamferos mais ame- aados do Brasil. Agradecimentos Somos gratos ao revisor annimo pela leitura crtica e correes no manuscrito, aos colegas que gentilmente cederam fotografias para ilustrar o presente captulo, e FAPERJ (MRN e ALP) e ao CNPq (DD e ALP) pelo apoio financeiro. 60 Morcegos do Brasil 61 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae Captulo 05 Subfamlia Phyllostominae A subfamlia Phyllostominae Gray, 1825 (sensu WETTERER et al., 2000) constitui um di- versificado clado de morcegos essencialmente neotropicais, com apenas uma das 47 espcies atu- almente reconhecidas alcanando o sudoeste dos EUA (SIMMONS, 2005). Dos 16 gneros descri- tos, 15 ocorrem no Brasil, onde h registro para 33 espcies. A ampla variao de tamanho corpo- ral observada dentre os filostomneos est bem re- presentada na fauna brasileira, que inclui tanto as menores formas conhecidas, com menos de 10 g, quanto Vampyrum spectrum, maior morcego das Amricas e que pode pesar mais de 200 g. A mai- oria dos filostomneos apresenta orelhas bastante desenvolvidas, que auxiliam na ecolocalizao e na percepo dos sinais sonoros de suas presas, alm de asas largas e curtas, que permitem um vo mais lento e manobrvel em meio vegetao (REID, 1997). O apndice nasal excepcional- mente desenvolvido em alguns gneros, o que tam- bm deve refletir a importncia da ecolocalizao nesse grupo (ZHUANG & MLLER, 2006). Com respeito ao desenvolvimento do rostro, filostomneos se situam em posio intermediria dentro dos filostomdeos, no alcanando o pro- longamento observado nos Glossophaginae mais especializados, nem to pouco a tendncia braquicefalia encontrada nos Stenodermatinae. A membrana interfemural bem desenvolvida, mas a cauda geralmente no ultrapassa a metade de sua extenso, podendo at mesmo estar ausente. Em alguns casos, entretanto, essa estrutura bastante desenvolvida, alcanando a ponta da membrana interfemural. H um nico gnero, Macrotus, no qual a cauda avana alm da membrana, mas no h registro de sua ocorrncia na Amrica do Sul (REID, 1997). Embora haja registro do consumo de ma- terial vegetal, e algumas espcies o faam at de maneira regular, a grande maioria dos filostomneos predominantemente animalvora. Nas espcies de menor porte as presas consumidas so essenci- almente insetos, ao passo que no outro extremo h predominncia da carnivoria. Essas duas cate- Marcelo Rodrigues Nogueira Pesquisador Associado do Laboratrio de Cincias Ambientais Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Adriano Lcio Peracchi Professor Livre Docente do Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Ricardo Moratelli Programa Institucional de Biodiversidade e Sade, FIOCRUZ; Programa de Ps-graduao em Cincias Biolgicas (Zoologia), Museu Nacional, UFRJ 62 Morcegos do Brasil gorias trficas, entretanto, no aparecem de ma- neira descontnua dentro da subfamlia, havendo condio intermediria nas espcies de mdio porte (GIANNINI & KALKO, 2005). As presas podem ser capturadas em pleno vo ou no substrato, sen- do essa ltima condio predominante (KALKO et al., 1996; WEINBEER & KALKO, 2004). No existem estudos aprofundados sobre a influncia dos filostomneos na dinmica populacional de suas presas, mas especula-se que as espcies car- nvoras no cheguem a desempenhar papel de des- taque nas comunidades em que atuam (ALTRINGHAM, 1996). J as espcies predomi- nantemente insetvoras provavelmente tm tido sua importncia ecolgica subestimada, pelo me- nos em relao ao impacto sobre as populaes de insetos herbvoros (KALKA & KALKO, 2006). Filostomneos podem ter sua abundncia relativa e diversidade negativamente influenciadas pela ao antrpica, sendo considerados bons indica- dores de qualidade de hbitat (WILSON et al., 1996). A lista de espcies da fauna brasileira ameaada de extino no inclui nenhum filostomneo (MACHADO et al., 2005), mas em um contexto internacional sete espcies so con- sideradas ameaadas (IUCN, 2006), quatro delas com ocorrncia no Brasil. As relaes filogenticas entre os gneros aqui includos em Phyllostominae, e mesmo entre esses e outros filostomdeos, ainda so controver- sas, com diferentes conjuntos de dados levando a diferentes filogenias e propostas de classificao (e.g., BAKER et al., 1989, 2000, 2003; WETTERER et al., 2000; WETTERER, tese no publicada). Em funo disso, optamos aqui pela reteno do arranjo proposto por WETTERER et al. (2000), recentemente empregado por SIMMONS (2005) e que preserva a formao tra- dicionalmente adotada pela maioria dos pesquisa- dores (e.g., KOOPMAN 1994). Tambm em fun- o das incertezas acerca das relaes entre os filostomneos (sensu WETTERER et al., 2000), seguimos SIMMONS (2005) em evitar o reconhe- cimento de tribos nesse grupo. Gnero Chrotopterus Peters, 1865 Chrotopterus auritus (Peters, 1856) Essa espcie pode ser encontrada do M- xico (sua localidade-tipo) at as Guianas, Peru, Bolvia, sul do Brasil e norte da Argentina (SIMMONS, 2005). No Brasil j foi observada no AC, AM, AP, BA, DF, ES, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP (BORDIGNON, 2006a; MARTINS et al., 2006; TAVARES et al., no pre- lo). Com base na colorao da asa e pilosidade das membranas, THOMAS (1905) reconheceu trs subespcies (C. a. auritus, C. a. australis e C. a. guianae), no que foi seguido por diversos autores (e.g., JONES & CARTER, 1976). Contudo, HANDLEY-JR (1966) e KOOPMAN (1994) no adotaram essa separao e SIMMONS & VOSS (1998), examinando a variao apresentada por trs fmeas e dois machos da Guiana Francesa, con- cluram pela inconsistncia dessa classificao subespecfica. Trata-se de um dos maiores morcegos do Novo Mundo, s suplantado em tamanho por Vampyrum spectrum. O comprimento cabea-corpo varia entre 93 e 114 mm, a cauda entre 6 e 17 mm, o antebrao entre 77 e 87 mm e o peso entre 61 e 94 g (TADDEI, 1975b; EMMONS & FEER, 1990; REID, 1997; NOWAK, 1994). Contudo, PERACCHI & ALBUQUERQUE (1993) relata- ram a captura em Linhares, ES, de uma fmea gr- vida que pesou 118,6 g e mediu 89,2 mm de ante- brao. Morcegos dessa espcie so facilmente re- conhecidos pelo tamanho grande, orelhas desen- volvidas, ovais e separadas, cela da folha nasal em forma de taa e pelagem felpuda, cinza no dorso e mais clara no ventre. Com respeito dentio an- terior, podem ser separados de Vampyrum pelo 63 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae nmero de incisivos inferiores: apenas um par, contra dois nesse ltimo gnero. A dieta de C. auritus inclui pequenos ver- tebrados, insetos e, menos freqentemente, fru- tos (GIANNINI & KALKO, 2005). Dentre os vertebrados, a lista de presas inclui roedores, pe- quenas aves, lagartos, anfbios, pequenos marsu- piais e morcegos (MEDELLN, 1988). Dentre os insetos, esto assinalados colepteros Cerambycidae e Scarabaeidae, e lepidpteros Sphingidae (MEDELLN, 1988). BONATO et al. (2004), examinando o contedo gastrointestinal de 40 exemplares depositados em colees brasilei- ras, verificaram que pequenos mamferos consti- tuem as presas mais consumidas, tanto na estao mida como na estao seca, e que os insetos fo- ram mais freqentemente capturados na estao mida, sugerindo oportunismo. Os registros de predao de morcegos por C. auritus so escassos e geralmente envolvem observaes no interior de refgios. Enquadram-se nesse caso os registros de ACOSTA Y LARA (1951), BORDIGNON (2005a) e ARITA & VARGAS (1995), referentes, respectivamente, a Glossophaga soricina, Carollia perspicillata (Phyllostomidae) e Peropteryx macrotis (Emballonuridae). Contudo, NO- GUEIRA et al. (no prelo) capturaram um exemplar de C. auritus que carrega- va, em rea de floresta secundria, uma fmea de C. perspicillata parcialmente comida. BONATO et al (2004) menci- onaram ainda o consumo de Myotis (Vespertilionidae), atravs do exame do contedo gastrointestinal. Em estudo realizado no sudes- te do Brasil, TADDEI (1976) encon- trou fmeas de C. auritus em atividade reprodutiva somente na segunda me- tade do ano, sugerindo monoestria (MEDELLN, 1989). TRAJANO (1984), entretanto, verificou, tambm no sudeste do Brasil, a ocorrncia de estro ps-parto nessa espcie (uma fmea simultaneamente grvida e lactante foi capturada em dezembro), o que evi- dencia padro polistrico, provavelmente bimodal. Ainda no sudeste do Brasil, uma fmea grvida foi colecionada em setembro por PERACCHI & ALBUQUERQUE (1993), e em regio de Cerra- do, no Distrito Federal, BREDT et al. (1999) en- contraram uma fmea grvida em outubro. Dados obtidos em cativeiro confirmaram a ocorrncia de poliestria nessa espcie e evidenciaram maturida- de sexual das fmeas aos 16 meses de idade (ESBRARD et al., 2007). Nesse mesmo estudo foi verificado ainda que h um perodo de gesta- o igual ou superior a sete meses, e que o neonato pode nascer com mais de 30% do peso materno. Chrotopterus auritus ocorre em todos os biomas brasileiros (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Tem sido encontrada principal- mente em reas florestadas, caracterizadas por vegetao primria (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993; PEDRO et al., 2001) ou mesmo secundria (BAPTISTA & MELLO, 2001; NOGUEIRA et al., no prelo). Pode ocorrer tam- bm em reas abertas, como destacaram Chrotopterus auritus (Foto: Marco A. R. Mello - www.casadosmorcegos.org). 64 Morcegos do Brasil HANDLEY-JR (1976) e EMMONS & FEER (1990). Abriga-se em cavernas, tneis, minas, pr- dios abandonados, e em rvores e cupinzeiros ocos (MEDELLN, 1989). Forma pequenos grupos, aparentemente constituindo famlias compostas pelo macho, pela fmea e um jovem (REID, 1997). Em cavernas costuma abrigar-se prximo entra- da (BREDT et al., 1999). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Glyphonycteris Thomas, 1896 Tradicionalmente tratado como subgnero de Micronycteris (e.g., SANBORN, 1949; KOOPMAN, 1994; SIMMONS, 1996), Glyphonycteris hoje aceito como gnero vlido (SIMMONS & VOSS, 1998; WETTERER et al., 2000; BAKER et al., 2003). Suas posio dentro da filogenia dos filostomdeos, entretanto, ainda controversa, com bastante divergncia entre an- lises baseadas em dados puramente moleculares (BAKER et al., 2003) e anlises baseadas em da- dos predominantemente morfolgicos (WETTERER et al., 2000) ou agregando signifi- cativa informao de ambas as fontes (WETTERER, tese no publicada). Embora a in- cluso de Glyphonycteris em uma nova subfamlia (Glyphonycterinae), juntamente com o txon-ir- mo Trinycteris, venha recebendo suporte de dife- rentes conjuntos de dados (BAKER et al., 2003; WETTERER, tese no publicada), optamos aqui pela reteno do arranjo tradicional (sensu WETTERER et al., 2000), pelo menos at que todas essas informaes estejam publicadas. To- das as trs espcies atualmente reconhecidas como vlidas em Glyphonycteris ocorrem no Brasil. Glyphonycteris behnii (Peters, 1865) Em sua reviso do gnero Micronycteris (sensu lato), SIMMONS (1996) examinou vrios espcimes assinalados em colees como G. behnii e concluiu que todos correspondem a G. sylvestris ou mesmo a Trinycteris nicefori. A hiptese de sinonmia entre G. behnni e G. sylvestris foi ento aventada por essa autora, pendendo ainda uma anlise do holtipo para que essa dvida seja diri- mida. Alm do holtipo, coletado em Cuiab, Mato Grosso, Brasil, poucos espcimes encontram-se assinalados como G. behnii, todos tambm proce- dentes do Brasil. PERACCHI & ALBUQUERQUE (1985) reportaram um exem- plar obtido na Serra da Canastra, Estado de Minas Gerais, e TAVARES et al. (no prelo) citam, com base em comunicao pessoal de M. Zorta, esp- cimes colecionados no Estado de Gois. Pelo me- nos at que seu estado taxonmico seja revisto, G. behnii pode ser considerada espcie endmica do Brasil. Morcego relativamente pequeno e de apa- rncia geral bastante similar G. silvestris, da qual pode ser diferenciada, segundo KOOPMAN (1994), por seu tamanho mais avantajado (ante- brao variando entre 45 e 47 mm vs. 37 a 44 mm em G. sylvestris) e por apresentar entalhe menos pronunciado nos incisivos superiores. SIMMONS (1996), entretanto, examinou dois espcimes assi- nalados como G. behnii no British Museum e con- cluiu que o tamanho do antebrao de ambos havia sido superestimado, representando, na verdade, algo em torno de 41 mm. Ainda sobre esses esp- cimes, SIMMONS (1996) afirmou que o grau de entalhamento observado nos incisivos superiores encontra-se dentro da variao observada em G. sylvestris. Como tais espcimes aparentemente sus- tentavam a amplitude de antebrao reportada por KOOPMAN (1994), resta apenas, sustentando a diferena de tamanho, a medida do holtipo (47 mm), depositado no Zoologisches Museum der Humboldt Universitait zu Berlin, Berlin (SIMMONS, 1996). 65 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae Nada se sabe sobre os hbitos alimenta- res dessa espcie, mas pela similaridade morfolgica com G. sylvestris tambm deve consu- mir principalmente insetos e complementar a die- ta com material vegetal (e.g., frutos). Reproduo e abrigos tambm so desconhecidos. No Brasil, G. behnii ocorre no Cerrado (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1985) e pos- sivelmente na Amaznia e no Pantanal, j que ambos os biomas esto associados ao municpio de Cuiab, localidade-tipo dessa espcie. Encontra-se classificada como vulnervel extino (IUCN, 2006). Glyphonycteris daviesi (Hill, 1964) Espcie originalmente descrita no gnero Barticonycteris (HILL, 1964) e em seguida alocada em Micronycteris (sensu lato), tanto no subgnero Barticonycteris (KOOPMAN, 1994), como no en- to subgnero Glyphonycteris (SIMMONS, 1996). Sua permanncia em Glyphonycteris, atualmente g- nero vlido, suportada tanto por dados morfolgicos quanto moleculares (SIMMONS, 1996; BAKER et al., 2003). Glyphonycteris daviesi foi descrita com base em material procedente da Guiana, Provncia de Essequibo, estrada Potaro, 39 km de Bartica, e ocorre de Honduras at o sul do Peru, Bolvia e leste do Brasil, alm de Trinidad (GREGORIN & ROSSI, 2005; SIMMONS, 2005). No Brasil j foi registra- da no AM, BA, PA e RO (TAVARES et al . , no prelo). Trata-se de mor- cego de porte mdio, com comprimento cabea-cor- po entre 63 e 84 mm, cau- da entre 5 e 11 mm, ante- brao entre 52 e 58,4 mm e peso entre 17,4 e 34 g (PINE et al., 1996; REID, 1997; KOOPMAN, 1994; SIMMONS & VOSS, 1998; GREGORIN & ROSSI, 2005). A pelagem marrom-acinzentada, escura no dorso e levemen- te mais clara no ventre. As orelhas so grandes e pontiagudas, e o queixo dotado de conspcua pilosidade (REID, 1997), responsvel pelo nome vulgar dado a essa espcie: graybeared bat. O calcneo mais curto que o p e o metacarpo do quarto dedo menor que o do terceiro, que, por sua vez, menor que o do quinto (SIMMONS, 1996; REID, 1997). A caracterstica mais consp- cua de G. daviesi, entretanto, est em seus incisi- vos superiores: apenas um par est presente. Adi- cionalmente, esses dentes so to desenvolvidos quanto os caninos, sendo parecidos com esses l- timos tambm em forma (LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). Nos demais Phyllostominae h sempre dois pares de incisivos superiores (KOOPMAN, 1994). Espcimes pro- cedentes do Brasil analisados por GREGORIN & ROSSI (2005) apresentaram despigmentao na ponta das asas, caracter que tambm pode se mos- trar til na identificao desse morcego. A dieta de G. daviesi inclui insetos (MCCARTHY & OCHOA, 1991; PINE et al., 1996) e possivelmente pequenos vertebrados, j que restos do que seria uma pequena r foram en- contrados no estmago de um indivduo (PINE et al., 1996). Glyphonycteris daviesi em perfil e frontal (Fotos: E. Bernard). 66 Morcegos do Brasil Registros sobre a reproduo dessa esp- cie esto restritos ocorrncia de fmeas lactantes em agosto e maro, no Brasil e Panam, respecti- vamente, e de uma grvida em agosto no Peru (PINE et al., 1996). Glyphonycteris daviesi ocorre nos biomas Amaznia e Mata Atlntica (GREGORIN & ROSSI, 2005). Tem sido capturada em reas de floresta primria ou em ambientes alterados (e.g., plantaes de cacau e clareiras), mas sempre nas imediaes de tais florestas (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990; PINE et al., 1996; GREGORIN & ROSSI, 2005). O nico registro de abrigo disponvel parece ser o de TUTTLE (1970), que encontrou uma colnia em oco de rvore. Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Glyphonycteris sylvestris Thomas, 1896 Essa espcie tem como localidade-tipo Hda. Miravalles, Guanacaste, Costa Rica, e ocor- re do Mxico ao Peru e sul do Brasil, incluindo tambm Trinidad (SIMMONS, 2005). No Brasil, G. sylvestris tem registro para o AM, AP, MG, PA, PR, RJ, RR e SP (TAVARES et al., no prelo). Morcego de porte pequeno, com compri- mento cabea-corpo entre 55 e 70 mm, cauda en- tre 8 e 15 mm, antebrao entre 37 e 44 mm e peso entre 9 e 11 g (KOOPMAN, 1994; REID, 1997; SIMMONS & VOSS, 1998). A colorao da pelagem similar observada na espcie anterior, mas na regio dorsal os plos so claramente tricoloridos, o que constitui uma das principais caractersticas dessa espcie. Plos dorsais tricoloridos, com a faixa mediana esbranquiada e as extremas escuras, so tambm observados em morcegos do gnero Carollia, com os quais G. sylvestris pode ser confundida. Alm disso, em am- bos os txons as orelhas so pontiagudas e apenas moderadamente desenvolvidas, e pode haver am- pla sobreposio no tamanho do antebrao, como ocorre com Carollia perspicillata e C. brevicauda (KOOPMAN, 1994). Para uma imediata distin- o, entretanto, basta que se verifique o entalhe do lbio inferior desses morcegos, margeado por almofadas lisas e dispostas em V em G. sylvestris, e margeado por fileiras de pequenas papilas arre- dondadas e que circundam uma papila maior, cen- tral, em Carollia (REID, 1997; LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). Como nas demais es- pcie do gnero, os plos sobre a margem interna superior das orelhas so relativamente curtos (cer- ca de 4 mm), no h banda de pele interauricular, a margem inferior da ferradura da folha nasal funde-se gradualmente ao lbio superior, o calcneo marcadamente mais curto que o p, e o quarto metacarpo o mais curto e o quinto o mais longo (SIMMONS & VOSS, 1998). A dieta de G. sylvestris , aparentemente, constituda de insetos e frutos (GOODWIN & GREENHALL, 1961). Sobre a reproduo, os registros dispon- veis ao longo da distribuio dessa espcie apon- tam atividade durante o perodo chuvoso do ano (WILSON, 1979). Dentre os biomas brasileiros, h registro para a Amaznia (HANDLEY-JR, 1967) e para a Mata Atlntica (TRAJANO, 1982). MARINHO- FILHO & SAZIMA (1998) reportaram ainda sua ocorrncia na Caatinga, mas no encontramos re- gistro formal na literatura primria. Essa espcie tem sido encontrada em reas de floresta primria e secundria madura, usualmente em reduzido nmero de espcimes (SEKIAMA et al., 2001; BERNARD & FENTON, 2002; DIAS et al., 2003). Abriga-se em cavernas (TRAJANO, 1982) e ocos de rvores (HANDLEY-JR, 1976), onde pode formar colnias de at 75 indivduos (GOODWIN & GREENHALL, 1961). 67 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Lampronycteris Sanborn, 1949 Lampronycteris brachyotis (Dobson, 1879) Espcie descrita com base em material da Guiana Francesa, Cayenne, e com rea de distri- buio que vai do Mxico at a Bolvia e sudeste do Brasil, incluindo tambm Trinidad (ACOSTA & AGUANTA, 2005; SIMMONS, 2005). No Bra- sil ocorre no AM, BA, ES, PA, PI, SP e TO (TAVARES et al., no prelo). O gnero Lampronycteris vinha sendo tratado como subgnero de Micronycteris (e.g., KOOPMAN, 1994; SIMMONS, 1996), mas foi elevado ao nvel genrico por SIMMONS & VOSS (1998) com base em dados posteriormente publicados por WETTERER et al. (2000). Morcego de porte mdio, com comprimen- to cabea-corpo entre 48 e 62 mm, cauda entre 7 e 13 mm, antebrao entre 38 e 43,6 mm e peso entre 12 e 14 g (MEDELLN et al., 1985; KOOPMAN, 1994; TADDEI & PEDRO, 1996; REID, 1997). A caracterstica mais distintiva des- se txon a colorao alaranjada dos plos que recobrem a regio da garganta. Essa colorao pode se estender por toda a re- gio ventral, embora com tons de laranja no to in- tensos e tendendo ao ama- relado (MEDELLN et al., 1985). A pelagem dorsal mais escura, variando de marrom-alaranjado a mar- rom. Adicionalmente, as orelhas so relativamente pequenas (como denota o nome especfico), pontiagu- das e no conectadas por banda de pele, como obser- vado em Micronycteris. O calcneo tem comprimen- to similar ao do p (REID, 1997), e os metacarpos diminuem gradualmente de tamanho, sendo o quinto o mais curto (TADDEI & PEDRO, 1996). Os inci- sivos internos superiores tm forma de cinzel (ME- DELLN et al., 1985). Insetos, frutos, nctar e plen compem a dieta de L. brachyotis (BONACCORSO, 1979; MEDELLN et al., 1985; GIANNINI & KALKO, 2005). A importncia relativa desses itens, entre- tanto, parece depender de fatores locais, o que tem levado incluso dessa espcie tanto na guilda dos insetvoros catadores (WEINBEER & KALKO, 2004) como na dos onvoros catadores (KALKO et al., 1996). Dados recentemente obtidos suge- rem que L. brachyotis costuma forragear principal- mente junto copa das rvores, onde cata insetos na folhagem (WEINBEER & KALKO, 2004). Tambm foi verificado que essa espcie pode cap- turar insetos em pleno vo, acima do dossel, um comportamento que parece ser nico dentre os Phyllostominae insetvoros (WEINBEER & KALKO, 2004). Essas observaes confirmaram expectativas baseadas na morfologia de L. brachyotis, que apresenta orelhas menores e asas mais longas e estreitas que as dos demais insetvoros Lampronycteris brachyotis (Foto: E. Bernard). 68 Morcegos do Brasil catadores (WEINBEER & KALKO, 2004). Evidncias sobre a reproduo dessa es- pcie sugerem a ocorrncia de padro polistrico bimodal (BONACCORSO, 1979; MEDELLN et al., 1983) e possvel formao de harns (MEDE- LLN et al., 1985). Lampronycteris brachyotis j foi registrada na Amaznia, Cerrado e Mata Atlntica (MARINHO- FILHO & SAZIMA, 1998; TAVARES et al., no prelo). Tem sido encontrada em reas com cober- tura florestal bem preservada, parecendo ser sen- svel a alteraes de hbitat (MEDELLN et al., 1983). Abriga-se em ocos de rvores, cavernas, mi- nas e cavidades em runas (MEDELLN et al., 1985; TADDEI & PEDRO, 1996). Embora grupos pe- quenos (at 10 indivduos) paream ser mais comuns (e.g., GOODWIN & GREENHALL, 1961), mais de 300 indivduos foram encontrados em uma caverna no Mxico (MEDELLN et al., 1983). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Lonchorhina Tomes, 1863 Cinco espcies so atualmente reconhe- cidas nesse gnero: L. aurita Tomes, 1863; L. fernandezi Ochoa & Ibaez, 1982; L. inusitata Handley-JR & Ochoa, 1997; L. marinkellei Hernndez-Camacho & Cadena, 1978 e L. orinocensis Linares & Ojasti, 1971. Todas essas es- pcies ocorrem ao norte da Amrica do Sul, onde parece ser o centro de diversificao do gnero (HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). No Brasil, apenas duas espcies esto documentadas. Lonchorhina aurita Tomes, 1863 Essa espcie tem Trinidad como localida- de-tpica, e encontrada do Mxico Bolvia e sudeste do Brasil (SIMMONS, 2005). Em territ- rio brasileiro h registro para o AM, BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, PA, PI, RJ, RR e SP (BORDIGNON, 2006a; TAVARES et al., no pre- lo). Lonchorhina aurita tem porte mdio para os morcegos do gnero, com comprimento total (cabea, corpo e cauda) entre 106 e 120 mm, cauda entre 49 e 56 mm, antebrao entre 47 e 52 mm e peso entre 10 e 16 g (HANDLEY-JR & OCHOA, 1997; REID 1997). A colorao da pelagem varia de marrom-es- cura a marrom-avermelhada, sendo mais clara no ventre (pei- to e abdmen), onde os plos apresentam a extremidade distal plida (HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). Essa espcie facilmente reconhecida por sua folha nasal extremamente desen- volvida. As espcies de Mimon tambm apresentam essa estru- Lonchorhina aurita (Foto: Fbio Falco). 69 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae tura desenvolvida, mas sem rivalizar em altura com as orelhas, como observado em Lonchorhina. O tra- go tambm particularmente desenvolvido e a cauda longa, se estendendo at a extremidade do uropatgio (LASSIER & WILSON, 1989). A metade proximal do antebrao recoberta de p- los. Em relao s demais espcies do gnero, L. aurita pode ser mais facilmente confundida com L. inusitata (ver descrio abaixo), principalmente quando os espcimes em questo se situam em faixa de tamanho compatvel com o que se conhe- ce para essa ltima espcie. Nesses casos, para uma identificao segura torna-se importante o exame das caractersticas crnio-dentrias descritas por HANDLEY-JR & OCHOA (1997). As demais es- pcies, de distribuio marginal ao territrio bra- sileiro, no devem constituir problema, j que L. marinkellei bem maior (antebrao entre 61,8 e 62,3), e L. fernandezi e L. orinocensis so menores (antebrao menor que 44,7 mm) e tm o antebra- o nu (HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). Alimenta-se primariamente de insetos, como lepidpteros, colepteros, ortpteros e dpteros (HOWELL & BURCH, 1974; RIVAS- PAVA et al., 1996; ESBRARD et al., 1997), mas pode tambm consumir aranhas (ESBRARD et al., 1997) e frutos (FLEMING et al., 1972; ESBRARD et al., 1997). Os dados reprodutivos disponveis suge- rem nascimentos ocorrendo no incio da estao chuvosa (WILSON, 1979). Lonchorhina aurita ocorre em todos os biomas brasileiros (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Tem sido encontrada principal- mente em reas florestadas (HANDLEY-JR, 1976; PORTFORS et al., 2000), embora tambm possa estar presente em reas agrcolas e pastagens (HANDLEY-JR, 1976). No Cerrado foi captura- da em mata ciliar (ESBRARD et al., 2005). A ausncia dessa espcie e de outras do mesmo g- nero em diversos inventrios realizados na Ama- znia tem sido relacionada escassez de caver- nas, seu principal abrigo, em grande parte dessa regio (VOSS & EMMONS, 1996; HANDLEY- JR & OCHOA, 1997). Redes armadas sobre ria- chos, alm, obviamente, daquelas prximas a caver- nas, parecem particularmente efetivas na amostragem dessa espcie (HANDLEY-JR, 1976; ESBRARD et al., 1997). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Lonchorhina inusitata Handley & Ochoa, 1997 Essa espcie tem como localidade-tipo Boca Mavaca, Amazonas, Venezuela, e j foi en- contrada tambm na Guiana, Suriname, Guiana Francesa e oeste do Brasil, onde est assinalada para Rondnia (HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). Lonchorhina inusitata tem porte relativa- mente grande dentro do gnero, apresentando com- primento total (cabea, corpo e cauda) entre 119 e 132 mm, cauda entre 56 e 67 mm, antebrao entre 52,4 e 56,8 mm e peso entre 14 e 16,5 g (HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). O dorso marrom-escuro e ventre mais claro, usualmente unicolorido ou com a extremidade distal dos plos apenas levemente esbranquiadas, no que esse txon parece se diferenciar de L. aurita (HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). Outras ca- ractersticas externas observadas em L. inusitata, e que auxiliam na distino em relao a L. aurita, so: folha nasal mais longa, mais larga e mais den- samente pilosa; orelhas tambm mais densamente pilosas; excrescncias faciais maiores e mais pilosas; cela da folha nasal com bordas mais pro- fundamente lobadas; e lbio superior com orna- mento mdio mais complexo (HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). Como espcimes menores de L. inusitata podem ser confundidos com os maiores de L. aurita, o exame de caractersticas crnio- dentrias pode se mostrar essencial para uma iden- 70 Morcegos do Brasil tificao segura (ver HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). Com respeito s demais formas do gnero, os mesmos comentrios feitos em relao a L. aurita so vlidos para L. inusitata. Os registros disponveis sugerem dieta base de artrpodes, incluindo mosquitos, lepidpteros e aranhas (BROSSET & CHARLES- DOMINIQUE, 1990; citado como L. marinkellei). Sobre a reproduo, uma fmea grvida foi coletada em maio, uma lactante em novembro e uma ps-lactante em outubro (HANDLEY-JR & OCHOA, 1997). No Brasil, essa espcie parece ocorrer ape- nas na regio amaznica. Tem sido capturada em reas de floresta primria e secundria madura, geralmente prximo ou sobre colees de gua, como crregos e rios (HANDLEY-JR & OCHOA, 1997; SIMMONS et al., 2000). Abriga-se em ca- vernas, onde pode formar colnias de cerca de 300 indivduos (BROSSET & CHARLES- DOMINIQUE, 1990; citado como L. marinkellei). Encontra-se classificada como deficiente em dados (IUCN, 2006). Gnero Lophostoma dOrbigny, 1836 As espcies desse gnero estavam, at re- centemente, includas em Tonatia Gray, 1827. En- tretanto, LEE-JR et al. (2002) demonstraram que esse conjunto de espcies no correspondia a um agrupamento monofiltico. Assim, os autores man- tiveram no gnero Tonatia as espcies T. saurophila e T. bidens, enquanto as formas restantes foram arranjadas no primeiro nome genrico disponvel (Lophostoma). Atualmente so reconhecidas sete espcies: L. aequatorialis Baker, Fonseca, Parish, Phillips & Hoffmann, 2004; L. brasiliense Peters, 1866; L. carrikeri (Allen, 1910); L. evotis Davis & Carter, 1978; L. schulzi (Genoways & Williams, 1980); L. silvicolum dOrbigny, 1836 e L. yasuni Fonseca & Pinto, 2004. Dessas, quatro ocorrem no Brasil. Lophostoma brasiliense Peters, 1866 Essa espcie ocorre do Mxico ao Peru, Bolvia, Trinidad e Brasil (SIMMONS, 2005), e tem a Bahia, Brasil, como localidade-tipo. Em ter- ritrio brasileiro ocorre no AM, AP, BA, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, RR e TO (NUNES et al., 2005; BORDIGNON, 2006a; MARTINS et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). De acordo com PERACCHI & ALBUQUERQUE (1986), o es- pcime referido por VILA-PIRES & GOUVA (1977) para o Rio de Janeiro como Tonatia brasiliense, trata-se de um Tonatia bidens. Inclui T. minuta Goodwin, 1942, T. nicaraguae Goodwin, 1942 e T. venezuelae Robinson & Lyon, 1901 (SIMMONS, 2005). So morcegos de porte pequeno, com com- primento cabea-corpo entre 42 e 61 mm, cauda entre 5 e 14 mm, antebrao entre 32 e 40 e peso entre 7 e 13 g (KOOPMAN, 1994; REID, 1997; SIMMONS & VOSS, 1998; GONALVES & GREGORIN, 2004). A pelagem dorsal cinza ou marrom-acinzentada, com a base dos plos esbranquiada. O ventre mais claro e a face nua (REID, 1997). Por seu tamanho reduzido, essa espcie pode ser facilmente separada das demais formas do gnero, todas com antebrao acima de 40 mm (FONSECA & PINTO, 2004). Pode ser confundida, entretanto, com algumas espcies do gnero Micronycteris que apresentam ventre escuro. Para essa separao, deve-se considerar que em Lophostoma h apenas um par de incisivos inferio- res (2 pares em Micronycteris), o entalhe na ponta do queixo circundado por uma fileira de peque- nas papilas drmicas dispostas em U (h duas almofadas lisas e dispostas em V em Micronycteris) e o patgio se insere prximo base dos dedos (no tornozelo em Micronycteris) (GENOWAYS & 71 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae WILLIAMS, 1984; REID, 1997; SIMMONS & VOSS, 1998). Adicionalmente, ao ser manuseado L. brasiliense costuma dobrar suas orelhas para trs, o que no ocorre em Micronycteris (SIMMONS & VOSS, 1998). Espcie predominantemente insetvora, com registro de consumo de colepteros, ortpteros, lepidpteros e dpteros (RIVAS-PAVA et al., 1996, citado como Tonatia minuta). Prova- velmente complementa a dieta com frutos (GARDNER, 1977a). WILSON (1979), se referindo a Tonatia minuta, sugere padro reprodutivo bimodal para essa espcie. Na Caatinga, WILLIG (1985) encon- trou fmeas grvidas em agosto, setembro, outu- bro e dezembro, e lactantes em maro. Lophostoma brasiliense est assinalada para todos os biomas brasileiros, exceo do Panta- nal (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Tem sido capturada em reas de floresta primria (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993; BERNARD & FENTON, 2002) e secundria (GENOWAYS & WILLIAMS, 1984), fragmentos florestais (FARIA, 2006), pastos e pomares (HANDLEY-JR, 1976). No Cerrado ocorre em ve- redas (GONALVES & GREGORIN, 2004), e na Caatinga em serrotes (WILLIG, 1983) e brejos de altitude (SOUZA et al., 2004). Abriga-se em ocos de rvores (HANDLEY-JR, 1967) e casas (HICE et al., 2004), mas tem sido encontrada prin- cipalmente em cupinzeiros arbreos (GOODWIN & GREENHALL, 1961, referida como Tonatia mi- nuta; PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993). Um casal e um macho jovem foram encontrados em cupinzeiro ativo de Nasutitermes sp., situado aproxi- madamente 1,5 m de altura (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Lophostoma carrikeri (J. A. Allen, 1910) Ocorre na Colmbia, Venezuela, Guianas, Brasil, Bolvia e Peru, e tem como localidade-tipo o rio Mocho, Bolvar, Venezuela. (SIMMONS, 2005). No Brasil existe registro para o AM, PA, PI e RR (GRIBEL & TADDEI, 1989; BERNARD & FENTON, 2002; SAMPAIO et al., 2003). Espcie de porte mdio em relao s de- mais formas do gnero, possuindo comprimento total (cabea, corpo e cauda) entre 66 e 99 mm, cauda entre 9 e 15 mm e antebrao entre 43 e 50 mm (MCCARTHY et al., 1983; MCCARTHY et al., 1992; GRIBEL & TADDEI, 1989; EISENBERG & REDFORD, 1999). O dorso possui colorao geral marrom-escura, contrastan- do fortemente com a regio ventral (exceto pelo queixo e laterais do abdmen), onde os plos so brancos (MCCARTHY et al., 1983; GENOWAYS & WILLIAMS, 1984). Essa colorao ventral se- para L. carrikeri da maioria das espcies do gnero (MCCARTHY et al., 1992; FONSECA & PINTO, 2004), mas cuidado deve ser tomado em relao a L. schulzi, que tem tamanho similar (antebrao entre 42 e 45 mm) e usualmente reportada como tendo ventre apenas levemente distinto do dorso (e.g., GENOWAYS & WILLIAMS, 1984). SIMMONS & VOSS (1998) verificaram que o ventre de espcimes mais velhos de L. schulzi pode apresentar colorao prxima de L. carrikeri, o que limita o uso desse caracter na separao des- sas espcies. Uma pronta distino, entretanto, pode ser obtida pela anlise da presena de granulaes drmicas na superfcie dorsal dos membros anteriores e posteriores, orelhas e folha nasal, caracterstica nica de L. schulzi (GENOWAYS & WILLIAMS, 1980). Lophostoma yasuni tambm apresenta o ventre branco, mas pos- sui orelhas e patgio mais escuros, no apresenta a estreita margem branca observada nas orelhas de L. carrikeri, e conhecida apenas da localida- 72 Morcegos do Brasil de-tipo, no Equador (FONSECA & PINTO, 2004). O nico registro disponvel sobre a dieta dessa espcie confirma a insetivoria (OCHOA et al., 1988). Provavelmente inclui tambm frutos em sua dieta (GARDNER, 1977a). Com base na ocorrncia de fmeas lactantes em maio e outubro, MCCARTHY et al. (1992) sugeriram um padro de reproduo bimodal para essa espcie. No Brasil, L. carrikeri ocorre apenas no bioma amaznico. Trata-se de morcego raro, usual- mente encontrado em reas de floresta mida no perturbada (GENOWAYS & WILLIAMS, 1984; MCCARTHY & HANDLEY-JR, 1987; GRIBEL & TADDEI, 1989; SAMPAIO et al., 2003). H regis- tro, entretanto, para rea de savana amaznica (BERNARD & FENTON, 2002) e para pomar (HANDLEY-JR, 1976). Da mesma forma que ou- tras espcies do gnero, L. carrikeri utiliza cupinzeiros arbreos como abrigo (MCCARTHY et al., 1992). Encontra-se classificada como vulnervel extino (IUCN, 2006). Lophostoma schulzi (Genoways & Williams, 1980) Esse raro morcego conhecido apenas das Guianas e norte do Brasil, e tem como localidade- tipo Brokopondo, 3 Km ao sudoeste de Koppelvliegveld, Suriname (SIMMONS, 2005). Amazonas, Amap e Par so os nicos Estados brasileiros onde L. schulzi j foi amostrada (MAR- QUES & OREN, 1987; GRIBEL & TADDEI, 1989; SAMPAIO et al., 2003; MARTINS et al., 2006). Apresenta porte mdio em relao s de- mais espcies do gnero, com comprimento total variando entre 76 e 80 mm, cauda entre 7 e 15 mm, antebrao entre 42 e 45 mm e peso entre 17,6 e 19,9 g (GENOWAYS & WILLIAMS, 1980; MCCARTHY et al., 1988; GRIBEL & TADDEI, 1989; SIMMONS & VOSS, 1998). A pelagem dorsal cinza-escura (GRIBEL & TADDEI, 1989) e pode apresentar contraste acentuado com a re- gio ventral, que varia de acinzentada a quase bran- ca. Essa variao na colorao da regio ventral foi evidenciada por SIMMONS & VOSS (1998), que sugeriram possvel relao com a idade dos indivduos (os mais velhos teriam ventre mais p- lido). O trago possui uma projeo bastante proe- minente em sua borda interna, e existem peque- nas granulaes na superfcie dorsal dos membros anteriores e posteriores, orelhas e folha nasal (GENOWAYS & WILLIAMS, 1980; MCCARTHY et al., 1992). Essa ltima caracters- tica permite diferenciar L. schulzi de todas as de- mais espcies do gnero, sendo nica mesmo quan- do se considera toda a famlia Phyllostomidae (GENOWAYS & WILLIAMS, 1980). SIMMONS & VOSS (1998) confirmaram observaes anteri- ores de MCCARTHY et al. (1988) sobre a proemi- nncia do clitris em T. schulzi, facilmente con- fundido com um pnis. O nico registro disponvel sobre a dieta dessa espcie, fornecido por BERNARD (2002), reporta o consumo de insetos. Uma fmea grvida, com feto medindo 28 mm em posio natural, foi coletada em agosto na Guiana Francesa (MCCARTHY et al., 1988). No Brasil, L. schulzi conhecida apenas do bioma amaznico. Tem sido coletada princi- palmente em reas de floresta mida primria (GENOWAYS & WILLIAMS, 1984; MCCARTHY et al., 1988; SIMMONS & VOSS, 1998; SAMPAIO et al., 2003), mas tambm em floresta secundria (GRIBEL & TADDEI, 1989) e capoeira (MARQUES & OREN, 1987). No h dados sobre o uso de abrigos. Encontra-se classificada como vulnervel extino (IUCN, 2006). 73 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae Lophostoma silvicolum dOrbigny, 1836 Essa espcie ocorre de Honduras at a Bolvia, nordeste da Argentina, Brasil e Guianas, e tem como localidade-tipo Yungas, entre os rios Secure e Isiboro, na Bolvia (SIMMONS, 2005). No Brasil j foi registrada no AC, AL, AM, AP, BA, MS, PA, PB, PE, RJ, RO e RR (BORDIGNON, 2006a; MARTINS et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). Na compilao de TAVARES et al. (no prelo) h ainda registro para o Estado do Mato Grosso, mas na referncia prim- ria - PULCHRIO-LEITE et al. (1998) - apenas o Estado do Mato Grosso do Sul citado. Lophostoma silvicolum uma espcie de grande porte dentro do gnero, com comprimento cabea-corpo variando entre 46 e 89 mm, cauda entre 10 e 22 mm, antebrao entre 49 e 60 mm e massa entre 25 e 39 g (WILLIG, 1983; KOOPMAN, 1994; REID, 1997). H dimorfismo sexual secundrio, sendo os machos maiores e mais pesados que as fmeas (WILLIG, 1983; DECHMANN et al., 2005). A pelagem varia do cinza ao marrom-avermelhado ou enegrecido, sen- do mais clara no ventre. Na regio da garganta e na base das orelhas, entretanto, os plos so mui- to plidos ou mesmo brancos (MEDELLN & ARITA, 1989; REID, 1997; LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). Adicionalmente, os plos ventrais e dorsais apresentam extremidade distal plida. Essa espcie pode ser diferenciada das demais que ocorrem no territrio brasileiro por seu maior tamanho (L. brasiliense, L. schulzi e L. carrikeri possuem antebrao variando entre 32 e 50 mm). Os menores espcimes de L. silvicolum podem se sobrepor em tamanho aos maiores de L. carrikeri, mas nessa ltima espcie a pelagem ven- tral branca (ver descrio acima). Lophostoma silvicolum se caracteriza ainda por apresentar ore- lhas grandes e arredondadas, maiores que as ob- ser vadas em L. car rikeri (EISENBERG & REDFORD, 1999). Alguns autores referem-se presena de uma banda interauricular em L. silvicolum (e.g., GENOWAYS & WILLIAMS, 1984; KOOPMAN, 1994; REID, 1997), mas as proje- es drmicas que nessa espcie ligam as orelhas ao topo da cabea, embora bem desenvolvidas, no chegam a formar propriamente uma banda, tal como se observa em Micronycteris (WETTERER et al., 2000). Nas espcies do gnero Tonatia, ambas com antebrao maior que 50 mm, as orelhas so menores (< 30 mm) e no apresentam tais proje- es. Alm disso, o antebrao piloso em sua metade proximal (nu em L. silvicolum; REID, 1997) A dieta de L. silvicolum constituda prin- cipalmente por insetos, embora frutos tambm sejam consumidos (BERNARD, 2002; GIANNINI & KALKO, 2004). REIS & PERACCHI (1987) reportaram a presena de car- ne e ossos no estmago de um espcime, o que indica a ocorrncia de carnivoria. Dados obtidos no Panam sugerem um padro reprodutivo polistrico bimodal (com ocor- rncia de estro ps-parto) e um sistema de cpula Lophostoma silvicolum (Foto: M.R. Nogueira). 74 Morcegos do Brasil baseado na poliginia por defesa de recurso (DECHMANN et al., 2005). Lophostoma silvicolum ocorre em todos os biomas brasileiros (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Tem sido capturada em reas de floresta primria, capoeiras (REIS & PERACCHI, 1987), pastos, pomares e reas peridomiciliares (HANDLEY-JR, 1976). Trata-se de uma das pou- cas espcies de morcegos capazes de construir seus prprios abrigos, o que feito apenas pelos ma- chos em ninhos arbreos ativos de trmitas como Nasutitermes corniger (DECHMANN et al., 2004, 2005). A temperatura nessas cavidades bastante estvel e quase 3% mais quente que em ninhos abandonados ou ocos de rvores (DECHMANN et al., 2004), o que parece ser favorvel para fme- as em reproduo (DECHMANN et al., 2005). O acesso a essas fmeas, e o conseqente sucesso reprodutivo dos machos, deve compensar o ele- vado gasto energtico envolvido na escavao dos ninhos (DECHMANN et al., 2005). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Macrophyllum Gray, 1838 Macrophyllum macrophyllum (Schinz, 1821) Essa espcie tem como localidade-tipo o rio Mucuri, Bahia, e ocorre do Mxico ao Peru, Bolvia, sudeste do Brasil, Paraguai e nordeste da Argentina (SIMMONS, 2005). No Brasil j foi observada no AC, AM, AP, BA, ES, GO, MG, PR, RJ e SP (TAVARES et al., no prelo). Espcie de porte peque- no, com comprimento cabea-cor- po variando entre 40 e 53 mm, cauda entre 37 e 53 mm, antebra- o entre 32,9 e 40 mm e peso en- tre 7 e 11 g (TADDEI, 1975b; EMMONS & FEER, 1990; REID, 1997). A co- lorao pardo ferrugnea no dorso, ligeiramente mais clara no ventre. As orelhas so bem desen- volvidas, separadas e pontudas, ligeiramente mais longas que a cabea, e a folha nasal relativamen- te grande e com quilha mediana conspcua. Macrophyllum macrophyllum facilmente reconheci- da pela membrana interfemural bem desenvolvida (inclui totalmente a comprida cauda) e dotada, na face ventral, de fileiras longitudinais de dentculos dermais. Os ps so notavelmente longos e apre- sentam unhas bem desenvolvidas. Segundo REID (1997), dentre os morcegos do Novo Mundo, essa combinao envolvendo longos ps, unhas e mem- brana interfemural, acompanhada de uma ligao alta das asas nas pernas, encontrada apenas em M. macrophyllum e no morcego-pescador, Noctilio leporinus (Noctilionidae). Assim como essa ltima espcie, M. macrophyllum tambm caa sobre a gua (ver comentrios abaixo), e deve capturar insetos arrastando os ps na lmina dgua, ao invs de captur-los com a boca (REID, 1997). Diferentemente da maioria dos filostomneos, M. macrophyllum parece ser estrita- mente insetvora (WETTERER et al., 2000; Macrophyllum macrophyllum (Foto: A.L. Peracchi). 75 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae GIANNINI & KALKO, 2005), havendo registro do consumo de colepteros, quironomdeos, hempteros aquticos e aranhas (HOWELL & BURCH, 1974). MEYER et al. (2005), trabalhan- do em Barro Colorado, Panam, constataram que essa espcie forrageia exclusivamente sobre a gua, geralmente a menos de 50 cm da lmina dgua. Em outras famlias de morcegos tambm h esp- cies que capturam insetos na lmina dgua (e.g., Rhynchonycteris naso - Emballonuridae; Myotis albescens - Vespertilionidae), mas dentre os filostomdeos esse comportamento parece ter evo- ludo apenas em M. macrophyllum (MEYER et al., 2005). A rea de vida em Barro Colorado variou de 7 a 151 ha (mdia de 24 ha), mas os indivduos concentraram sua atividade de forrageio em reas de menos de 10 ha. Dessa forma, apesar do peque- no tamanho, esses morcegos so ativos em reas no- tavelmente grandes (MEYER et al., 2005). De acordo com LaVAL & RODR- GUEZ-H. (2002), na Amrica Central os regis- tros de gravidez em M. macrophyllum vo de 13 de outubro a 23 de maio, sugerindo extenso perodo reprodutivo. No Peru, h evidncia de reprodu- o durante a estao mais seca do ano (GRAHAM, 1987). MEYER et al. (2005) sugeriram para esse morcego organizao social envolvendo a forma- o de harns. Macrophyllum macrophyllum ocorre em todos os biomas brasileiros (MARINHO-FILHO E SAZIMA, 1998). Tem sido encontrada em reas de floresta primria e secundria (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990; SIMMONS & VOSS, 1998), capoeiras (REIS & PERACCHI, 1987) e pastos (HANDLEY-JR, 1976). Devido a sua estratgia de forrageio, geralmente encontra- da prximo gua (HARRISON, 1975). Abriga- se em cavernas (LINARES, 1966; FARIA et al., 2006), ocos de rvores cadas (PATTERSON, 1992), tneis (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971) e outros tipos de construo humana, como prdios abandonados (HARRISON, 1975) e, mais freqentemente, bueiros de estrada para passagem de igaraps (MARQUES, 1985a; REIS & PERACCHI, 1987; SIMMONS & VOSS, 1998). Pode formar colnias com, aproximadamente, 50 indivduos (PERACCHI et al., 1984) Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Micronycteris Gray, 1866 Em arranjo proposto por SANBORN (1949), o gnero Micronycteris passou a incluir seis subgneros (Micronycteris, Xenoctenes, Trinycteris, Neonycteris, Lampronycteris e Glyphonycteris). Recen- temente, entretanto, foi verificado que sob esse arranjo o gnero Micronycteris no monofiltico (WETTERER et al., 2000). exceo de Xenoctenes, que permanece includo em Micronycteris (SIMMONS, 1996), todos os demais subgneros foram, ento, elevados ao nvel de gnero (SIMMONS & VOSS, 1998; WETTERER et al., 2000). Nesse novo esquema, o gnero Micronycteris (sensu stricto) inclui 10 espcies: M. brosseti Simmons & Voss, 1998; M. giovanniae Baker & Fonseca, no prelo; M. hirsuta (Peters, 1869); M. homezi Pirlot, 1967; M. matses Simmons, Voss & Fleck, 2002; M. megalotis (Gray, 1842); M. microtis Miller, 1898; M. minuta (Gervais, 1856); M. schmidtorum Sanborn, 1935; e M. sanborni Simmons, 1996. Dessas, oito ocorrem no Brasil. Micronycteris brosseti Simmons & Voss, 1998 Descrita com base em material coletado em Paracou, Guiana Francesa, essa espcie tem registro ainda para o leste do Peru, Guiana e su- deste do Brasil (SIMMONS, 2005). O nico regis- tro disponvel para o territrio brasileiro proce- dente do Estado de So Paulo, com as seguintes informaes adicionais disponibilizadas por SIMMONS & VOSS (1998): Rio Juqui, Barra. Esse espcime est depositado no Field Museum, 76 Morcegos do Brasil em Chicago, USA (FMNH 92997). Morcego de pequeno porte dentro do g- nero, com comprimento total (cabea, corpo e cau- da) entre 51 e 61 mm, cauda entre 10 e 14 mm, antebrao entre 31,5 e 34 mm e peso entre 4,3 e 5 g (SIMMONS & VOSS, 1998; LIM et al., 1999). A pelagem dorsal marrom-escura, e a ventral mais clara, variando entre o cinza-plido e o amarelo- plido. Pela colorao clara do ventre, M. brosseti alia-se a M. homezi, M. minuta, M. sanborni e M. schmidtorum (grupo de ventre claro; sensu SIMMONS & VOSS, 1998). As orelhas so gran- des, arredondadas e conectadas por uma banda de pele. Nenhum outro gnero de filostomdeo brasi- leiro apresenta essa banda, mas deve ser notado que em Lophostoma h projees drmicas associ- adas s orelhas que chegam a alcanar o topo da cabea e que so referidas por alguns autores como uma banda. A morfologia da banda de pele tem valor diagnstico em Micronycteris. Em M. brosseti ela baixa e apresenta um entalhe raso em sua regio mediana, como tambm se observa em M. microtis, M. megalotis e M. matses (dado no dispon- vel para M. giovanniae). J em M. homezi, M. minuta e M. sanborni, essa banda alta e o entalhe pro- fundo (SIMMONS, 1996; SIMMONS & VOSS, 1998; SIMMONS et al., 2002). Em M. schmidtorum a altura da banda intermediria e o entalhe mo- deradamente profundo (TAVARES & TADDEI, 2003; ESCOBEDO-CABRERA et al., 2006). O tamanho do calcneo outro caracter importante em Micronycteris: ele maior que o p em M. brosseti, mesma condio vista em M. schmidtorum (pelo menos em parte dos indivduos), M. microtis e M. megalotis (SIMMONS, 1996; SIMMONS & VOSS, 1998; SIMMONS et al., 2002). Por outro lado, em M. minuta e M. homezi o calcneo menor que o p, e em M. sanborni essas estruturas tm aproxi- madamente o mesmo tamanho, o que tambm tem sido relatado para M. schmidtorum por alguns auto- res (ver comentrios sobre essa espcie). Micronycteris brosseti se caracteriza ainda por apre- sentar plos curtos ( 3 mm) no tero superior da borda interna das orelhas, o que ocorre tambm em M. minuta e M. microtis, mas pode ser usado para separar essa espcie de M. homezi e M. megalotis (5 a 8 mm). Micronycteris schmidtorum tam- bm includa nesse ltimo grupo (SIMMONS & VOSS, 1998), mas dados apresentados por ESCOBEDO-CABRERA et al. (2006) revelaram maior variao nesse caracter, como j havia sido reportado para outras espcies por LIM et al. (1999) e LIM & ENGSTROM (2001). Embora possa haver superposio de tamanho, M. brosseti usu- almente menor que todas as demais espcies com as quais j foi registrada em simpatria, a exceo de M. microtis (SIMMONS & VOSS, 1998). Nessa lti- ma espcie, entretanto, a pelagem ventral marrom. No h informaes disponveis sobre di- eta dessa espcie, mas deve ser predominantemen- te insetvora, como as demais espcies do gnero, podendo fazer uso de frutos ocasionalmente. Tam- bm no h dados sobre reproduo. Dentre os biomas brasileiros, M. brosseti est registrada apenas para Mata Atlntica, embo- ra sua presena na Amaznia seja esperada em funo dos registros marginais nas Guianas (SIMMONS & VOSS, 1998; LIM et al., 1999). Todos os espcimes para os quais dados esto dis- ponveis foram obtidos em reas de floresta pri- mria (SIMMONS & VOSS, 1998; LIM et al., 1999). Uma colnia formada por oito indivduos, dos quais quatro eram machos adultos e trs eram fmeas, foi encontrada em oco de rvore com aber- tura de 20 cm de dimetro e situada a 1 m do cho (SIMMONS & VOSS, 1998). Encontra-se classificada como deficiente em dados (IUCN, 2006). Micronycteris hirsuta (Peters, 1869) Descrita de Pozo Azul, Guanacaste, Cos- 77 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae ta Rica, essa espcie ocorre de Honduras at o Equador, Peru, sudeste do Brasil, Guiana Francesa e Trinidad (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1985, 1993; SIMMONS, 2005). No Bra- sil tm registro para o AC, AM, BA, ES, PA, RJ e RR (TAVARES et al., no pre- lo). Essa a maior espcie do g- nero, com comprimento cabea-corpo variando entre 54 e 66 mm, cauda en- tre 9 e 19 mm, antebrao entre 40 e 46 mm e peso entre 10 e 18,4 g (REID, 1997; SIMMON et al., 2002; LaVAL & RODRGUEZ- H., 2002). Apresenta o dorso variando de marrom- claro a marrom-escuro ou marrom-acinzentado, e o ventre marrom-acinzentado (REID, 1997; LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). Inclui-se no grupo de ventre escuro (sensu SIMMONS & VOSS, 1998), que compreende ainda M. megalotis, M. microtis e duas outras espcies no registradas no Brasil (M. giovanniae e M. matses). A pelagem se- dosa e longa, e um conspcuo topete pode ser ob- servado em machos adultos (REID, 1997). Ne- nhuma outra espcie do gnero parece alcanar 40 mm de antebrao, como observado em M. hirsuta (SIMMON et al., 2002). Outra caracterstica ni- ca dessa espcie est na forma de seus incisivos inferiores, que so, aproximadamente, trs vezes mais altos do que largos (SIMMONS et al., 2002). As orelhas so longas e arredondadas como nas demais espcies do gnero, e a banda de pele que as une baixa e com entalhe raso (REID, 1997) ou mesmo reportada como ausente (GENOWAYS & WILLIAMS, 1986). A dieta de M. hirsuta inclui insetos de va- riadas ordens, tais como Coleoptera, Homoptera, Odonata, Diptera, Lepidoptera e Orthoptera (ESBRARD, 2004; GIANNINI & KALKO, 2005), alm de frutos e pequenos vertebrados, que aparecem em menor proporo (WILSON, 1971a; HUMPHREY et al., 1983; GIANNINI & KALKO, 1994). WILSON (1971a) mencionou o possvel uso de folhas, mas as evidncias obtidas no pare- cem consistentes (NOGUEIRA & PERACCHI, no prelo). Dois espcimes mantidos cativos se ali- mentaram de insetos vivos e mortos, bem como de camundongos jovens abatidos (ESBRARD, 2004). M. hirsuta parece apresentar padro bimodal de reproduo (WILSON, 1979), com partos possivelmente associados ao perodo das chuvas (LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). Em territrio brasileiro, M. hirsuta foi re- gistrada apenas na Amaznia e na Mata Atlntica (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Ocorre em reas de mata primria (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993; BERNARD & FENTON, 2002) e secundria (GENOWAYS & WILLIAMS, 1986; BROSSET et al., 1996), interi- or pequenos fragmentos florestais (FARIA, 2006), pomares (ESBRARD, 2004) e reas peridomiciliares (HANDLEY-JR, 1976). Abriga- se em ocos de rvores (SIMMONS & VOSS, 1998; ESBRARD, 2004), pontes e outras construes humanas (GOODWIN & GREENHALL, 1961; WILSON, 1971a). Parece formar apenas colnias pequenas, com no mais do que cinco indivduos (GOODWIN & GREENHALL, 1961; Micronycteris hirsuta (Foto: M.R. Nogueira). 78 Morcegos do Brasil SIMMONS & VOSS, 1998; ESBRARD, 2004). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Micronycteris homezi Pirlot, 1967 Essa espcie tem como localidade-tipo Fazenda El Cerro, rio Palmar, Bacia de Maracai- bo, Zulia, Venezuela, e ocorre ainda na Guiana, Guiana Francesa e Brasil (SIMMONS, 2005). Em territrio brasileiro h registro apenas para o Par (BERNARD, 2001a). Micronycteris homezi foi origi- nalmente descrita como uma subespcie de Micronycteris megalotis, mas claramente integra o gru- po das espcies de ventre claro, conforme argu- mentado por SIMMONS (1996). Com base em um espcime coletado na Guiana Francesa e que, den- tre outras caractersticas, apresenta uma consp- cua fossa cutnea no topo da cabea (reportada por PIRLOT para M. m. homezi), SIMMON & VOSS (1998) propuseram a elevao de M. homezi ao nvel especfico. Embora haja dificuldade de separar essa espcie de M. minuta com base na morfologia (LIM & ENGSTRON, 2001; OCHOA & SANCHEZ, 2005), dados moleculares parecem suportar a validade de ambos os txons (FONSE- CA et al., no prelo). Espcie de porte relativamente pequeno dentro do gnero. As medidas a seguir so do es- pcime reportado por SIMMON & VOSS (1998): comprimento total (cabea, corpo e cauda) 59 mm, cauda 11 mm, antebrao 36,5 mm e peso 6,8 g. Cinco espcimes capturados na Guiana apresen- taram o comprimento do antebrao variando en- tre 34 e 37 mm (LIM & ENGSTRON, 2001). O dorso marrom-escuro (plos com bases brancas) e o ventre cinza-plido ou amarelado-plido (SIMMON & VOSS, 1998). Espcie similar a M. minuta em quase todos os aspectos. Dos caracteres listados por SIMMON & VOSS (1998) para a se- parao dessas espcies, apenas a altura dos plos na borda interna superior das orelhas parece til (NOGUEIRA & PERACCHI, dados no publica- dos). Em M. homezi esses plos so longos (7 a 8 mm), ao passo que em M. minuta so reportados por SIMMON & VOSS (1998) como muito mais curtos ( 3 mm). LIM & ENGSTRON (2001), en- tretanto, reportam variao nesse caracter e con- seqente dificuldade na separao entre M. homezi e M. minuta. As orelhas em M. homezi so grandes, arredondadas e conectadas por banda de pele alta e dotada de entalhe profundo. O calcneo, por sua vez, mais curto que o p. Alm de M. homezi e M. minuta, essa combinao de caractersticas (en- volvendo a forma da banda e tamanho do calcneo) vista apenas em M. sanborni. Dessa ltima esp- cie, entretanto, M. homezi pode ser prontamente diferenciada por sua colorao ventral, que no alcana o branco-puro visto em M. sanborni at a regio do queixo, e pelo tamanho do polegar, con- sistentemente maior em M. homezi (8,1 vs. 7,0 a 7,3 mm) (SIMMON & VOSS, 1998; SIMMON, 1996). A presena de uma fossa cutnea no topo da cabea, citada por SIMMONS & VOSS (1998) como o mais distintivo caracter de M. homezi, tem se mostrado de limitado uso, j que no exclusiva des- sa espcie e est relacionada ao sexo (aparece apenas em machos adultos) (OCHOA & SANCHEZ, 2005). No h dados sobre a dieta dessa espcie, mas deve ser predominantemente insetvora e oca- sionalmente frugvora, como as demais espcies do gnero que apresentam porte similar. Aspectos reprodutivos tambm so desconhecidos. Todos os exemplares reportados na literatura at o pre- sente momento so machos (SIMMONS & VOSS, 1998; BERNARD, 2001a; LIM & ENGSTRON, 2001). Conhecida no Brasil apenas para o bioma amaznico (BERNARD, 2001a). O nico espci- me coletado por SIMMONS & VOSS (1998) foi 79 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae obtido em rede elevada (entre 18 e 21 m) em rea de floresta primria. Os espcimes reportados por LIM & ENGSTRON (2001) parecem ter sido tam- bm coletados em floresta primria, ao passo que o exemplar reportado por BERNARD (2001a) foi obtido em rea de vegetao mais aberta, de savana amaznica. Essa espcie ainda no teve seu estado de conservao avaliado pela IUCN. No Brasil est classificada como deficiente em dados (MACHA- DO et al., 2005). Micronycteris megalotis (Gray, 1842) Tal como referido aqui, esse txon no inclui M. microtis, M. mexicana nem M. homezi (SIMMONS, 1996; 2005). Exclumos, portanto, os dados de M. megalotis da Amrica Central, onde apenas M. microtis parece ocorrer (SIMMONS, 1996, 2005). Deve-se considerar ainda, que parte das informaes aqui apresentadas tem como base estudos realizados na Amrica do Sul e publica- dos antes da reviso de SIMMONS (1996), o que leva a crer que podem dizer respeito M. microtis. A localidade-tipo de M. megalotis Perequ, So Paulo, Brasil, e sua distribuio vai da Colmbia at o Peru, Bolvia e sul do Brasil, in- cluindo tambm Venezuela, Guianas, Trinidad e Tobago, e as ilhas Margarida, Granada e So Vicente (SIMMONS, 2005). No Brasil h registro para o AC, AM, AP, CE, DF, ES, MA, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RR, SC e SP (TAVARES et al., no prelo). Morcego de porte relativamente pequeno dentro do gnero, com comprimento total (cabe- a, corpo e cauda) variando entre 55 e 66 mm, cauda entre 10 e 16 mm, antebrao entre 31,9 e 36 mm e peso entre 5 e 6,3 g (TADDEI, 1975b; SIMMONS et al., 2002). M. megalotis membro do grupo dos Micronycteris de ventre escuro (ver co- mentrio em M. hirsuta), apresentando pelagem marrom tanto no dorso quanto no ventre. Como nas demais espcies do gnero, os plos dorsais so bicoloridos, com a base branca. Micronycteris megalotis similar M. microtis em quase todos os aspectos, e a diferenciao atravs da morfologia parece depender da altura dos plos na borda in- terna superior das orelhas, caracter tambm em- pregado para separar M. minuta de M. homezi. SIMMONS et al. (2002) reportaram medidas que permitem uma distino relativamente clara des- sas espcies (5 a 8 mm em M. megalotis vs. 3 mm em M. microtis), mas tambm nesse grupo tais limi- tes tm se mostrado sujeitos a variao. ESCOBEDO-CABRERA et al. (2006), por exem- plo, apresentaram mdia de 4,03 mm (3,2 a 5,3 mm) para uma sria de M. microtis proveniente do Mxico, e LIM & ENGSTROM (2001) propuse- ram um valor limtrofe (4 mm), tendo-se acima disso M. megalotis e abaixo M. microtis. Essa apa- rente ausncia de descontinuidade pode tornar di- fcil a diferenciao morfolgica dessas espcies (LIM et al., 1999). Micronycteris megalotis apresenta, ainda, calcneo maior que o p e orelhas longas e arredondadas, conectadas por banda de pele baixa e dotada de entalhe raso. Micronycteris matses, assi- nalada apenas no Peru, tambm apresenta essas caractersticas e tem ventre escuro, mas maior que M. megalotis (antebrao entre 37,7 e 39,4 mm) e apresenta plos curtos na borda da orelha (SIMMONS et al., 2002). Pode haver confuso entre M. megalotis e Lophostoma brasiliense, mas nes- sa ltima o entalhe no queixo margeado por fi- leiras de pequenas papilas drmicas, ao passo que em M. megalotis h duas almofadas dispostas em V (REID, 1997). A fossa cutnea ceflica, cita- da por SIMMONS & VOSS (1998) para M. homezi, tambm pode estar presente em machos adul- tos de M. megalotis, nos quais assume uma forma mais triangular (OCHOA & SANCHEZ, 2005). A dieta de M. megalotis inclui principal- mente insetos, com aparente predominncia de colepteros e lepidpteros (LASSO & JARRN- 80 Morcegos do Brasil V., 2005). Diversas outras ordens de insetos (RIVAS-PAVA et al., 1996; LASSO & JARRN-V., 2005), alm de frutos (REIS & PERACCHI, 1987; RIVAS-PAVA et al., 1996), tambm podem ser ex- ploradas por essa espcie. Dados obtidos por LASSO & JARRN-V. (2005) demonstraram que a dieta de M. megalotis pode variar de um hbitat para outro (e.g., rea de pasto com fragmentos de floresta secundria vs. floresta primria). Em rea de Mata Atlntica no sudeste do Brasil, FENTON et al. (1999) verificaram preferncia por colepteros sobre lepidpteros. WILSON (1979) sugeriu que dois ciclos reprodutivos, ambos associados s chuvas, devem caracterizar M. megalotis. No Peru, entretanto, par- tos foram registrados tanto na estao seca quan- to na chuvosa (GRAHAM, 1987). Em rea de ca- atinga, WILLIG (1985) encontrou trs fmeas gr- vidas em agosto. No Brasil, M. megalotis tem registro ape- nas para os biomas Amaznia e Mata Atlntica (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Ocorre em reas de mata primria (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993; REIS et al., 2000; SAMPAIO et al., 2003) e secundria (BROSSET et al., 1996), fragmentos florestais (BERNARD & FENTON, 2002), pastos, pomares (HANDLEY- JR, 1976), reas rurais (BREDT & UIEDA, 1996) e em meio urbano (BROSSET et al., 1996). Abriga-se em cavernas (BREDT et al., 1999; ESBRARD et al., 2005), locas de pedra (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971), ocos de rvores (SIMMONS & VOSS, 1998; LASSO & JARRN- V., 2005), cupinzeiros (PATTERSON, 1992), bueiros e outras construes humanas (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1986; ESBRARD et al., 1996a). Tem sido encontrada em pequenas colni- as, com no mais do que dez indivduos (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990; SIMMONS & VOSS, 1998). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Micronycteris microtis Miller, 1898 Essa espcie tem como localidade-tipo Graytown, San Juan del Norte, Nicargua, e ocor- re do Mxico at a Bolvia e sudeste do Brasil, in- cluindo a Venezuela e as Guianas (SIMMONS, 2005). No Brasil j foi registrada no AM, AP, BA, PA, RJ e SP (MARTINS et al., 2006; PERACCHI & NOGUEIRA, no prelo; TAVARES et al., no prelo). Morcego de porte relativamente pequeno dentro do gnero, com comprimento total (cabe- a, corpo e cauda) variando entre 54 e 65 mm, cauda entre 10 e 17 mm, antebrao entre 32,5 e 36,6 mm e peso entre 5 e 9,3 g (SIMMONS et al., 2002). Micronycteris microtis faz parte do grupo dos Micronycteris de ventre escuro (ver comentrios em M. hirsuta), e similar a M. megalotis na maioria nos aspectos (SIMMONS, 1996; SIMMONS & VOSS, 1998; LIM & ENGSTRON, 2001; SIMMONS et al., 2002). Ver comentrios sobre essa ltima es- pcie, da qual M. microtis diferencia-se, aparente- mente, apenas pela altura dos plos na borda in- terna superior das orelhas (LIM et al.,1999). A fos- sa cutnea ceflica, citada por SIMMONS & VOSS (1998) para M. homezi, tambm pode estar presente em machos adultos de M. microtis (OCHOA & SANCHEZ, 2005). Assim como em M. megalotis, entretanto, em M. microtis ela tambm assume forma mais triangular (NOGUEIRA & PERACCHI, dados no publicados). Sua dieta consiste principalmente de in- setos, incluindo colepteros, ortpteros, lepidpteros (adultos e lagartas), odonatas, dpteros e hompteros (LaVAL & LaVAL, 1980; GIANNINI & KALKO, 2005; KALKA & KALKO, 2006). Micronycteris microtis pode consu- mir at 84% do seu peso em artrpodes por dia, e provavelmente desempenha um importante papel no controle populacional de insetos herbvoros (KALKA & KALKO, 2006). Alm dos insetos, 81 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae outros artrpodes (e.g., aranhas) e frutos tambm so consumidos, embora em menor proporo (HOWELL & BURCH, 1974; HUMPHREY et al., 1983; KALKA & KALKO, 2006). J foi verifica- do que esse morcego evita consumir certas partes do abdmen de insetos herbvoros, o que pode estar relacionado reduzida quantidade de nutrientes nessas partes ou mesmo presena de compostos secundrios txicos nas plantas consumidas por esses herbvoros (KALKA & KALKO, 2006). Registros compilados por WILSON (1979) para a Amrica Central mostram a ocor- rncia de fmeas grvidas de M. microtis (citada como M. megalotis) no incio do perodo chuvoso. No foram encontrados registros de atividade reprodutiva para a Amrica do Sul. H registro dessa espcie apenas para Amaznia (SAMPAIO et al., 2003) e Mata Atln- tica (PEDRO et al., 2001). Tem sido capturada em reas de floresta primria (PEDRO et al., 2001; SAMPAIO et al., 2003) e secundria (SIMMONS & VOSS, 1998), bordas de pequenos fragmentos florestais (FARIA, 2006), pastos e arredores de domiclios (HANDLEY-JR, 1976). Abriga-se em ocos de rvores, buracos no cho (feitos por ta- tus), troncos cados (BROSSET & CHARLES- DOMINIQUE, 1990; SIMMONS et al., 2002), sob rochas (HANDLEY-JR, 1976) e em bueiros (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990; SIMMONS & VOSS, 1998) e casas (LaVAL & LaVAL, 1980). Colnias dessa espcie variam de poucos indivduos at algumas dezenas (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990). Essa espcie ainda no teve seu estado de conservao formalmente avaliado. Micronycteris minuta (Gervais, 1856) Espcie descrita de Capela Nova, Bahia, Brasil e com ampla distribuio, ocorrendo de Honduras at o sul do Brasil, incluindo Trinidad (SIMMONS, 2005). H registros em territrio bra- sileiro para o AC, AM, AP, BA, CE, DF, ES, MG, MS, MT, PA, PE e RJ (TAVARES et al., no prelo). Espcie de porte relativamente pequeno dentro do gnero, com comprimento total (cabe- a, corpo e cauda) entre 52 e 73 mm, cauda entre 9 e 14 mm, antebrao entre 31,3 e 36,8 mm e peso 6,5 g e 8,5 g (SIMMONS, 1996; LPEZ- GONZLEZ, 1998). O dorso marrom, com os plos de base branca, e o ventre claro (grupo dos Micronycteris de ventre claro; ver comentrios em M. brosseti), variando entre branco, cinza-plido e amarelo-plido (REID, 1997; SIMMONS & VOSS, 1998). Espcie similar a M. homezi em qua- se todos os aspectos. Ver comentrios sobre essa ltima espcie, da qual M. minuta diferencia-se, apa- rentemente, apenas pela altura dos plos na borda interna superior das orelhas. Em respeito dife- renciao entre M. minuta e M. sanbor ni, os caracteres diagnsticos so os mesmos citados nos comentrios sobre M. homezi, mas vale destacar a amplitude de variao conhecida para o tamanho do polegar em M. minuta, que est entre 7,7 e 9,1 mm (menor que 7,5 em M. sanborni). A fossa cutnea ceflica, citada por SIMMONS & VOSS (1998) para M. homezi, tambm pode estar presen- te em machos adultos de M. minuta (OCHOA & SANCHEZ, 2005). A dieta dessa espcie composta predo- minantemente por insetos, incluindo colepteros, hempteros e lepidpteros (WHITAKER & FINDLEY, 1980; TEIXEIRA & PERACCHI, 1996). Frutos, entretanto, tambm podem ser con- sumidos (FLEMING et al., 1972). Dados compilados por WILSON (1979) se ajustam a um esperado padro reprodutivo as- sociado ao perodo chuvoso. O mesmo pode ser dito sobre os dados obtidos por TEIXEIRA & PERACCHI (1996) no sudeste do Brasil, onde foram capturadas quatro fmeas grvidas em se- tembro e uma lactante em fevereiro. 82 Morcegos do Brasil Micronycteris minuta est assinalada para todos os biomas brasileiros (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Tem sido capturada em reas de floresta primria (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993; BERNARD & FENTON, 2002; SAMPAIO et al., 2003) e secun- dria (BROSSET et al., 1996; ESBRARD, 2003), fragmentos florestais (BERNARD & FENTON, 2002), pastos, pomares, arredores de domiclios (HANDLEY-JR, 1976) e reas rurais (BREDT & UIEDA, 1996). Abriga-se em cavernas (ESBRARD et al., 2005) e ocos de rvores (HANDLEY-JR, 1976). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Micronycteris sanborni Simmons, 1996 Espcie descrita com base em material coletado no Stio Luanda, Itaitera, Cear, Brasil (SIMMONS, 1996). Alm de ocorrer no nordeste do Brasil e em parte do sudeste (NOGUEIRA et al., em prep.), M. sanborni est presente tambm em rea de cerrado na Bolvia (BROOKS et al., 2002). No Brasil, h registro para o Cear, Minas Gerais e Pernambuco. Espcie pequena dentro gnero, com com- primento total (cabea, corpo e cauda) entre 55,5 e 65 mm, cauda entre 12 e 14 mm, antebrao en- tre 32 e 34 mm e peso 5,5 e 8 g (SIMMONS, 1996). Espcie do grupo dos Micronycteris de ventre claro (ver comentrios em M. brosseti), mas distinta de todas as demais pela seguinte combinao de caracteres: colorao ventral verdadeiramente branca e se estendendo pela garganta e queixo, polegares pequenos (< 7,5 mm vs. > 7,5 nas de- mais espcies) e calcneo aproximadamente do mesmo tamanho do p. As orelhas so grandes e arredondadas e apresentam banda de pele alta, dotada de entalhe profundo. A fossa cutnea ceflica, citada por SIMMONS & VOSS (1998) para M. homezi, tambm pode estar presente em machos adultos de M. sanborni (NOGUEIRA & PERACCHI, dados no publicados). Nada se sabe sobre a dieta dessa espcie na natureza. Em cativeiro, aceitou prontamente pequenos ortpteros e lepidpteros (NOGUEIRA & PERACCHI, dados no publicados). Alm de insetos, que devem constituir sua principal fonte de alimento, possvel que consuma tambm frutos. Os poucos dados disponveis esto de acordo com uma esperada atividade reprodutiva associada ao perodo chuvoso (SIMMONS, 1996). Micronycteris sanborni a nica espcie do gnero ainda no registrada em reas de clima mido, estando, aparentemente, restrita diagonal de reas secas que corta a Amrica do Sul. No Brasil, permanece registrada apenas para o bioma Caatinga, embora ocorra, dentro desse, no chama- do cerrado edfico (SIMMONS, 1996). A maioria dos espcimes da srie-tipo foi, ao que tudo indi- ca, obtida em serrotes e lajeiros, hbitats com con- dies mais msicas dentro da caatinga. Em con- cordncia, o holtipo, procedente do cerrado edfico, foi obtido em encosta da Chapada do Araripe, onde h mais umidade e vegetao msica (SIMMONS, 1996). A possibilidade de M. sanborni explorar seletivamente hbitats mais msicos foi aventada por SIMMONS (1996) e est de acordo com dados obtidos no sudeste do Brasil, onde essa espcie foi encontrada apenas em afloramento de calcrio (NOGUEIRA et al., em prep.). Na Bol- via, a rea de cerrado amostrada por BROOKS et al. (2002) tambm continha afloramentos rocho- sos. Provavelmente abriga-se em cavernas, como outras espcies relacionadas. Encontra-se classificada como deficiente em dados (IUCN, 2006). Micronycteris schmidtorum Sanborn, 1935 Espcie descrita de Bobos, Izabal, 83 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae Guatemala, e com distribuio que vai do Mxico at as Guianas, incluindo tambm o nordeste do Peru e o Brasil (SIMMONS, 2005). No Brasil j foi regis- trada no AM, AP, BA, CE, MG, PA, PE e TO (NUNES et al., 2005; TAVARES et al., no prelo). Espcie relativamente pequena dentro do gnero, com comprimento total (cabea, corpo e cauda) variando entre 53,3 e 67 mm, cauda entre 10 e 17 mm, antebrao entre 33 e 37,8 mm e peso entre 5 e 7,5 g (SIMMONS, 1996; TAVARES & TADDEI, 2003; ESCOBEDO-CABRERA et al., 2006). O dorso marrom, com os plos de base branca, e o ventre claro (grupo dos Micronycteris de ventre claro; ver comentrios em M. brosseti), variando do branco (REID, 1997) ao cinza-pli- do, amarelo-plido (SIMMONS & VOSS, 1998; TAVARES & TADDEI, 2003; ESCOBEDO- CABRERA et al., 2006) ou mesmo marrom-pli- do (ESCOBEDO-CABRERA et al., 2006). As orelhas so grandes, arredondadas e ligadas por banda de pele com altura intermediria e entalhe moderadamente profundo (ver comentrios em M. brosseti). Essas caractersticas da banda so nicas dentro do gnero. Micronycteris schmidtorum se ca- racteriza ainda por apresentar o calcneo menor ou aproximadamente igual ao p, e plos na mar- gem superior interna das orelhas geralmente entre 5 e 8 mm (SIMMONS & VOSS, 1998; TAVARES & TADDEI, 2003; ESCOBEDO-CABRERA et al., 2006). Na srie reportada por ESCOBEDO- CABRERA et al. (2006), entretanto, esse ltimo caracter variou entre 3,49 a 6,1 mm, com notvel sobreposio em relao a M. microtis da mesma regio (3,2 a 5,3 mm). Nessa mesma srie, alguns espcimes apresentaram ainda colorao mais es- cura que o usual (marrom plido, ESCOBEDO- CABRERA et al., 2006), o que evidencia a neces- sidade de uma eventual comparao tambm com membros do grupo de ventre escuro. O tamanho relativo dos premolares inferiores pode ser usado nessa comparao, pois em M. schmidtorum o segun- do pr-molar inferior conspicuamente menor que o primeiro e o terceiro, ao passo que em M. microtis e M. megalotis os trs dentes tm tamanho similar (SIMMONS, 1996; ESCOBEDO-CABRERA et al., 2006). A dieta dessa espcie composta por in- setos (BERNARD, 2002; ESCOBEDO- CABRERA et al., 2006), incluindo lepidpteros (HOWELL & BURCH, 1974), e possivelmente frutos (GARDNER, 1977a). No foram encontrados registros de ativi- dade reprodutiva. Micronycteris schmidtorum tem registro para apenas dois biomas brasileiros: a Amaznia e Mata Atlntica (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). J foi amostrada em reas de mata primria (TAVARES & TADDEI, 2003; BERNARD & FENTON, 2002; NUNES et al., 2005), interior de pequenos fragmentos florestais (FARIA, 2006), pas- tos e pomares (HANDLEY-JR, 1976). Abriga-se em ocos de rvores (HANDLEY-JR, 1967; FENTON et al., 2001) e j foi encontrada formando colnia com oito indivduos no interior de cmodo dentro de uma pirmide (ESCOBEDO-CABRERA et al., 2006). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Mimon Gray, 1847 Esse gnero inclui quatro espcies: M. bennettii (Gray, 1838); M. cozumelae Goldman, 1914; M. crenulatum (E. Geoffroy, 1810); e M. koepckeae Gardner & Patton, 1972. Dessas, duas ocorrem no Brasil. Mimon bennettii (Gray, 1838) Considerada aqui distinta de M. cozumelae (SIMMONS & VOSS, 1998), essa espcie tem Ipanema, So Paulo, Brasil, como localidade-tipo, 84 Morcegos do Brasil e ocorre nas Guianas e no Brasil (SIMMONS, 2005). Em territrio brasileiro conhecida do AP, BA, DF, ES, GO, MG, MS, PI, PR, RJ, SC e SP (MARTINS et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). Morcego de tamanho mdio para um filostomdeo. Poucos dados de medidas esto dis- ponveis na literatura. O comprimento do ante- brao pode variar entre 51,4 e 58,5 mm (VIEIRA, 1942; HUSSON, 1962; GENOWAYS et al., 1981; MOLINA et al., 1995; SIMMONS & VOSS, 1998) e a cauda entre 10 e 25 (VIEIRA, 1942; HUSSON, 1962; SIMMONS & VOSS, 1998). Mimon bennettii tem pelagem longa e densa, de colorao geral cas- tanho-clara. Apresenta orelhas grandes e ligeira- mente pontiagudas (arredondadas em Micronycteris, Lophostoma e Tonatia; REID, 1997), folha nasal mui- to longa, estreita e lisa nos bordos (crenulada em M. crenulatum), e uropatgio mais longo que as pa- tas. A distino entre M. bennettii e M. cozumelae, que ocorre na Amrica Central e avana at a Colmbia (no assinalada para o Brasil), requer exame cuidadoso. De acordo com SIMMONS & VOSS (1998), os seguintes caracteres externos e relativos dentio anterior permitem essa distin- o: colorao do dorso (mais avermelhado em M. bennettii), colorao da ponta das asas (escuras em M. bennettii vs. brancas em M. cozumelae), forma dos incisivos superiores internos (mais cnicos em M. bennettii vs. mais espatulados em M. cozumelae) e forma dos incisivos inferiores (mais estreitos em M. bennettii). Os poucos registros disponveis apontam para o consumo de insetos (REIS et al., 1999), com aparente preferncia por colepteros em detrimen- to de lepidpteros (FENTON et al., 1999). Como M. cozumelae e M. crenulatum, deve utilizar tambm frutos e pequenos vertebrados. Uma fmea grvida foi capturada em rea de Mata Atlntica, no sudeste do Brasil, em junho (DIAS et al., 2002), e duas foram observadas em rea de cerrado, no Brasil central, em agosto (BREDT et al., 1999). Mimon bennettii est assinalada para todos os biomas brasileiros, exceo do Pantanal (MA- RINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Tem sido capturada em reas de floresta primria (BROSSET et al., 1996; SIMMONS & VOSS, 1998) e secundria (BROSSET et al., 1996; ESBRARD, 2003), pomares (ESBRARD et al., 1996a) e reas rurais (BREDT & UIEDA, 1996). Abriga-se em cavernas (BREDT et al., 1999; ESBRARD et al., 2005; MIRANDA & BERNARDI, 2006) ou frestas entre grandes blo- cos de rocha (GENOWAYS et al., 1981), mas tam- bm j foi encontrada em tnel de terra em rea de mata (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1986) e em cmara Maia subterrnea (FENTON et al., 2001). Grupos com at 20 indivduos tm sido encontrados (BROSSET & CHARLES- DOMINIQUE, 1990), embora formaes com Mimom bennettii (Foto: Marco A. R. Mello - www.casadosmorcegos.org). 85 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae menos de dez indivduos paream mais freqen- tes (TRAJANO, 1984; BREDT et al., 1999; MIRANDA & BERNARDI, 2006). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Mimon crenulatum (E. Geoffroy, 1803). Essa espcie tem Belm, Par, Brasil, como localidade-tipo, e ocorre do Mxico s Guianas, Trinidad, Bolvia, Equador, leste do Peru e leste do Brasil (SIMMONS, 2005). Em territrio brasilei- ro encontrada no AM, AP, BA, ES, MG, PA, PE, RJ, RO e RR (TAVARES et al., no prelo). Espcie de porte mdio para um filostomdeo, com comprimento cabea-corpo va- riando entre 55 e 69 mm, cauda entre 15 e 29 mm, antebrao entre 46 e 55 mm e peso entre 9,8 e 18 g (PEDRO et al., 1994; REID, 1997; SIMMONS & VOSS, 1998). Mimon crenulatum apresenta o dor- so castanho-enegrecido, com uma listra plida lon- gitudinal. O ventre marrom-amarelado, sendo a base dos plos escura (HUSSON, 1962; REID, 1997). As orelhas so grandes e pontiagudas (ar- redondadas em Lophostoma, Micronycteris e Tonatia; REID, 1997), o trago estreito e tambm pontia- gudo, e o uropatgio mais longo que as patas. A caracterstica mais distintiva de M. crenulatum, en- tretanto, est em sua folha nasal, muito longa e com bordas densamente pilosas e crenuladas (ra- zo do nome especfico). A dieta desse morcego inclui insetos, tais como colepteros, lepidpteros, dpteros, hempteros e ortpteros (WHITAKER & FINDLEY, 1980; HUMPHREY et al., 1983; RIVAS-PAVA et al., 1996), e, em menor quantida- de, nctar, plen (PEDRO et al., 1994), pequenos vertebrados (e.g., lagartos; HUMPHREY et al., 1983) e possivelmente frutos. No Peru, partos foram registrados apenas durante a estao chuvosa (GRAHAM, 1987), o que tambm tem sido observado no sudeste do Brasil (PEDRO et al., 1994; MELLO & POL, 2006). Na Venezuela e no Mxico, entretanto, h registro de reproduo no perodo seco (WILSON, 1979). Mimon crenulatum est assinalada para to- dos os biomas brasileiros (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998; CAMARGO & FISCHER, 2005). Tem sido capturada em reas de floresta primria (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993; RODRGUEZ-H. & MONTERO, 2001) e secun- dria, (BROSSET et al., 1996; RODRGUEZ-H. & MONTERO, 2001; MELLO & POL, 2006), fragmentos florestais, savanas (BERNARD & FENTON, 2002), pastos e pomares (HANDLEY- JR, 1976). Abriga-se em ocos de rvores (HANDLEY-JR, 1976; BERNARD & FENTON, 2003) e construes humanas (GOODWIN & GREENHALL, 1961). Quinze indivduos foram retirados de um oco de rvore, o que sugere a ocor- rncia de colnias no muito pequenas (GOODWIN & GREENHALL, 1961). Mimon crenulatum parece restringir suas atividades de forrageio a reas nos arredores de seu abrigo diur- no, raramente se distanciando por mais de 500 m (BERNARD & FENTON, 2003). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Neonycteris Sanborn, 1949 Neonycteris pusilla (Sanborn, 1949) Essa espcie tem como localidade-tipo o rio Vaupes, em Tahuapunta, Amazonas, Brasil, e conhecida apenas do leste da Colmbia e norte do Brasil (SIMMONS, 2005). Nessa ltima regio encontra-se registrada no Amazonas e no Par (TAVARES et al., no prelo). Assim como Glyphonycteris, Lampronycteris, Micronycteris (sensu stricto) e Trinycteris, Neonycteris vinha sendo consi- derado subgnero de Micronycteris (sensu lato), at que SIMMONS & VOSS (1998) propuseram sua elevao ao nvel genrico, tomando como base 86 Morcegos do Brasil dados posteriormente publicados por WETTERER et al. (2000). Trata-se de morcego de porte relativamen- te pequeno, com antebrao variando entre 33 e 35 mm (SANBORN, 1949; KOOPMAN, 1994). De acordo com dados apresentados por SIMMONS (1996), N. pusilla apresenta as seguintes caracte- rsticas externas: plos ventrais escuros; plos so- bre a margem interna superior das orelhas relati- vamente curtos (menor ou igual a 4 mm); orelhas pontudas; banda interauricular ausente; borda in- ferior da cela da folha nasal bem demarcada, se destacando do lbio superior; quarto metacarpo mais curto, terceiro mais longo; segunda falange dos dedos III e IV da asa mais longa do que a pri- meira falange desses mesmos dedos; e calcneo marcadamente mais curto que o p. Na dentio anterior, SIMMONS (1996) reporta que os cani- nos superiores so muito menores do que o dobro da altura dos incisivos superiores internos, os in- cisivos superiores externos esto localizados em posio oclusa entre o incisivo interno e o canino, e os incisivos inferiores so trilobados. Nada se sabe sobre a histria natural de N. pusilla, que conhecida apenas da srie-tipo e de material cujos dados ainda no foram publica- dos (TAVARES et al., no prelo). A julgar por as- pectos morfolgicos e pela proximidade filogentica com Glyphonycteris (SIMMONS, 1996), deve tambm capturar insetos pousados, exploran- do material vegetal de forma complementar. Encontra-se classificada como vulnervel extino (IUCN, 2006). Gnero Phylloderma Peters, 1865 Com base em dados genticos, BAKER et al. (1988) propuseram a sinonimizao de Phylloderma com Phyllostomus. De acordo com WETTERER et al. (2000), entretanto, esse arran- jo implicaria em significativa alterao da diagnose de Phyllostomus (ver diferenas morfolgicas abai- xo) e nada acrescentaria compreenso da monofilia desse grupo. Em filogenias mais recen- tes dos filostomdeos, BAKER et al. (2000, 2003) mantiveram a validade de ambos os gneros. Phylloderma stenops Peters, 1865 Essa espcie tem Caiena, Guiana France- sa, como localidade-tipo, e encontrada do sul do Mxico ao sudeste do Brasil, Bolvia e Peru (SIMMONS, 2005). Em territrio brasileiro j foi observada no AM, AP, BA, DF, MG, MS, MT, PA, PI, PE, RJ, RO e SP (MARTINS et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). Morcego de porte grande, com compri- mento cabea-corpo variando entre 82 e 115 mm, cauda entre 12 e 24,6 mm, antebrao entre 65 e 83 mm, e peso entre 41 e 65 g (BARQUEZ & OJEDA, 1979; GUERRA, 1980; KOOPMAN, 1994; EMMONS & FEER, 1990; REID, 1997). O dorso varia de pardo a castanho-avermelhado e a face ventral acinzentada. Trata-se de morcego bastante semelhante s espcies de Phyllostomus, das quais pode ser distinguido por apresentar a folha nasal fundida ao lbio superior, abaixo das narinas (REID, 1997), a pele da face clara (vs. es- cura em Phyllostomus; LIM & ENGSTRON, 2001) e os incisivos superiores mdios bilobados (NOWAK, 1994). Com respeito ao tamanho, Phylloderma stenops menor que Phyllostomus hastatus (antebrao 80 a 97 mm) e maior que Phyllostomus latifolius (56 a 60 mm) e Phyllostomus discolor (56 a 69 mm). Phylloderma stenops apresenta ampla faixa de sobreposio com Phyllostomus elongatus no ta- manho do antebrao, mas essas espcies podem ser prontamente separadas no s pelas caracte- rsticas j mencionadas, como tambm pela forma e tamanho da folha nasal, que mais curta e larga em P. stenops (HUSSON, 1962). H uma evidente despigmentao nas pontas das asas em P. stenops 87 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae (EISENBERG & REDFORD, 1999), e REID (1997) chega a descrev-las como brancas. Phyllostomus elongatus tambm pode apresentar as pontas das asas muito claras, conforme descrito por VIEIRA (1942). A maioria dos autores classifica P. stenops como espcie onvora (e.g., LaVAL & FITCH, 1977; SIMMONS, & VOSS, 1998). Trabalhando na Costa Rica, LaVAL (1977) relatou que uma f- mea defecou sementes grandes de uma Anoncea, enquanto, em cativeiro, ingeriu banana, avidamen- te, e bebeu gua aucarada. KALKO et al. (1996) reportaram especializao em frutos de Cucurbitaceae, e BROSSET & CHARLES- DOMINIQUE (1990) encontraram escamas de um pequeno rptil nas fezes um espcime. Na Colmbia, RIVAS-PAVA et al. (1996) incluram P. stenops em duas categorias trficas: a dos frugvoros sedentrios (utilizaram frutos de produo cont- nua ao longo do ano) e dos insetvoros catadores (consumiram colepteros). No Brasil, h registro do consumo de larvas e pupas retiradas de um ni- nho de vespas (JEANNE, 1970), alm de colepteros e frutos de espcies de Passiflora (BERNARD, 2002). A fmea capturada por LaVAL (1977), no ms de fevereiro, estava grvida e continha um nico embrio grande. MARINHO-FILHO & SAZIMA (1998) assinalaram esse morcego para trs dos cinco prin- cipais biomas brasileiros (Amaznia, Mata Atln- tica e Cerrado), e h ainda registro para o Pantanal (PULCHRIO-LEITE et al., 1998). Segundo HANDLEY-JR (1976), uma espcie fortemente associada a florestas tropicais, mas bastante to- lerante a clareiras abertas pelo homem. Tem sido capturada em formaes primrias e secundrias (SIMMONS, & VOSS, 1998; ESBRARD & FARIA, 2006), pomares, pastos e reas peridomiciliares (HANDLEY-JR, 1976). Redes distendidas sobre ou prximas a cursos dgua pa- recem efetivas para captura dessa espcie (HANDLEY-JR, 1976; ESBRARD & FARIA, 2006). um morcego pouco comum ao longo de sua distribuio, estando usualmente representa- do em inventrios locais por um reduzido nmero de indi- vduos (SIMMONS, & VOSS, 1998; MEDELLN et al. , 2000; ESBRARD & FARIA, 2006). Emprega cavernas e bueiros como refgio e prova- velmente se abriga solitrio ou em pequenas colnias (TRAJANO & GIMENEZ, 1998; BREDT et al., 1999; HICE et al., 2004; ESBRARD et al., 2005). Encontra-se classifi- cada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Phylloderma stenops (Foto: Marco A. R. Mello - www.casadosmorcegos.org). 88 Morcegos do Brasil Gnero Phyllostomus Lacpde, 1799 O gnero Phyllostomus engloba quatro es- pcies, todas com representantes no Brasil. Phyllostomus discolor Wagner, 1843 Essa espcie tem Cuiab, Mato Grosso, Brasil, como localidade-tipo, e est distribuda do Mxico s Guianas, Brasil, Bolvia, Paraguai, nor- te da Argentina e Peru, Trinidad e ilha Margarida (Venezuela) (SIMMONS, 2005). No Brasil, est registrada no AC, AM, AP, BA, CE, DF, ES, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RR e SP (MARTINS et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). Espcie de tamanho mdio dentro do g- nero, com comprimento cabea-corpo variando entre 66 e 97 mm, cauda entre 12 e 21 mm, ante- brao entre 55 e 69 mm e peso entre 26 e 51 g (TADDEI, 1975b; KOOPMAN, 1994; REID, 1997; SIMMONS & VOSS, 1998). A pelagem macia e densa, com regio dorsal de aspecto geral marrom-escuro, onde a base do plo branca, a banda intermediria (mais larga) marrom-escura e o pice acinzentado. O ventre conspicuamen- te mais claro que o dorso, podendo variar do cre- me-esbranquiado at o laranja-avermelhado ou acinzentado. Pode haver sobreposio de tamanho com P. elongatus e P. latifolius, mas nessas ltimas espcies o calcneo mais comprido que o p (VIEIRA, 1942; HUSSON, 1962; KOOPMAN, 1994) e no h o contraste de cor observado na pelagem de P. discolor (EISENBERG & REDFORD, 1999). Adicionalmente, as orelhas de P. discolor so mais curtas que a cabea e a folha nasal mais larga do que comprida, o que ob- servado tambm em P. hastatus, mas no em P. elongatus (VIEIRA, 1942). Assim como as demais espcies do gne- ro, P. discolor tem sido classificada como espcie onvora (e.g., SIMMONS, & VOSS, 1998; LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). Ao longo de sua dis- tribuio, entretanto, pode haver predominncia de determinados itens em sua dieta, e conseqen- te incluso em diferentes conjuntos funcionais trficos (guildas). No Panam, por exemplo, KALKO et al. (1996) a incluram na guilda dos nectarvoros (ca. 80% plen/nctar na dieta), ao passo que em rea de cerrado edfico no Brasil, WILLIG et al. (1993) a classificaram como insetvora (100% de insetos na die- ta). H ainda o consumo de frutos (GARDNER, 1977a; RIVAS-PAVA et al., 1996) e pelo menos um registro envolvendo carnivoria na natureza (UIEDA & HAYASHY, 1996). Den- tre os insetos consumidos esto ortpteros, colepteros, lepidpteros e formicdeos (WILLIG et al., 1993; RIVAS-PAVA et al., 1996). H dados de visitao s flores de cerca de 30 espcies de plantas (GIANNINI & KALKO, 2005), incluindo diversas bombacceas, das quais pode ser Phyllostomus discolor (Foto: Fbio Falco). 89 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae um importante polinizador (GRIBEL et al., 1999). Forrageia em grupo (SAZIMA & SAZIMA, 1977), o que pode levar a captura de vrios indivduos em uma mesma rede em curto espao de tempo. Dados compilados por WILSON (1979) sugerem variao geogrfica no padro reprodutivo de P. discolor. Na Am- rica Central, por exemplo, h evidncias de monoestria sazonal (ESTRADA & COATES-ESTRADA, 2001) e de poliestria sazonal (FLEMING et al., 1972). No sudeste do Brasil essa espcie parece ter um longo perodo de reprodu- o, que acontece durante os meses mais chuvosos do ano (TADDEI, 1976). Seu sistema de cpula envolve a formao de harns anuais, com instabilidade na composio do grupo (as f- meas se movem entre grupos) (MCCRACKEN & WILKINSON, 2000). Phyllostomus discolor est presente em to- dos os biomas brasileiros (MARINHO FILHO & SAZIMA, 1998). Tem sido capturada em reas de floresta primria (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993; BERNARD & FENTON, 2002; SAMPAIO et al., 2003) e secun- dria (ESBRARD, 2003), alm de ambientes bas- tante alterados, como plantaes de banana (MA- RES et al., 1981) e reas urbanizadas (SAZIMA & SAZIMA, 1977; UIEDA & HAYASHY, 1996). Abriga-se em cavernas (HANDLEY-JR, 1976), ocos de rvores (GOODWIN & GREENHALL, 1961; KALKO et al., 1996) e construes huma- nas (UIEDA & HAYASHY, 1996), formando gru- pos de at 25 indivduos (GOODWIN & GREENHALL, 1961). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Phyllostomus elongatus (E. Geoffroy, 1810) Tem o Rio Branco, Mato Grosso, Brasil, como localidade-tipo, e ocorre na Bolvia, leste do Peru e Equador, e da Colmbia s Guianas e Brasil. Em territrio brasileiro j foi encontrada no AC, AL, AM, AP, BA, MT, PA, PE, RJ, RO e RR (TAVARES et al., no prelo). Espcie pouco maior que a anterior, com comprimento total (cabea, corpo e cauda) vari- ando entre 99 e 115 mm, cauda entre 14 e 27 mm, antebrao entre 61 e 71 mm e peso entre 30 e 57 g (VIEIRA, 1942; KOOPMAN, 1994; SIMMONS & VOSS, 1998). O dorso pode variar de marrom avermelhado at cinza enegrecido, enquanto o ventre apresenta pelagem levemente mais clara (HUSSON, 1962). PATTERSON (1992) menci- ona polimorfismo na colorao da pelagem em po- pulaes brasileiras, com possvel correlao com variao em caracteres cranianos e dentrios. As orelhas so um pouco mais longas que a cabea (mais curtas em P. discolor e P. hastatus) e de extre- midade arredondada. A folha nasal bem desen- volvida e tem extremidade aguada (mais larga em P. discolor e P. hastatus). O calcneo distintamen- te mais longo que o p (mais curto em P. discolor e P. hastatus) e as asas apresentam a ponta branca (VIEIRA, 1942; HUSSON, 1962; KOOPMAN, 1994). Pode ser separada de P. latifolius, com quem parece ter mais afinidade (HUSSON, 1962), com Phyllostomus elongatus (Foto: M.R. Nogueira). 90 Morcegos do Brasil base no tamanho do antebrao (at 60 mm nessa espcie) e em medidas do crnio (KOOPMAN, 1994; SANTOS et al., 2003). A dieta de P. elongatus inclui nctar (TUTTLE, 1970), insetos (e.g., colepteros; BERNARD, 2002; REIS & PERACCHI, 1987), frutos (e.g., Rollinia mucosa; REIS & PERACCHI, 1987) e provavelmente pequenos vertebrados (GARDNER, 1977a). MARQUES (1985b) reportou a captura de fmeas simultaneamente grvidas e lactantes no incio do perodo chuvoso no norte do Brasil, indicando padro polistrico e ocorrncia de estro ps-parto. MARINHO-FILHO & SAZIMA (1998) assinalaram a ocorrncia P. elongatus em todos os biomas brasileiros, inclusive na caatinga, para onde essa espcie tambm se encontra assinalada por OLIVEIRA et al. (2003). Contudo, nenhum dos registros encontrados para o nordeste do Brasil proveniente de reas de caatinga (VIEIRA, 1953; SOUZA et al., 2004; FARIA et al., 2006), embora a espcie ocorra nos chamados brejos de altitu- des, que so enclaves de mata atlntica dentro do bioma Caatinga (SOUZA et al., 2004). Phyllostomus elongatus tem sido capturada em reas de floresta primria e secundria (REIS & PERACCHI, 1987; BERNARD & FENTON, 2002; SIMMONS & VOSS, 1998), interior de pequenos fragmentos flo- restais (FARIA, 2006), pomares (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990), pastos e reas peridomiciliares (HANDLEY-JR, 1976). Abriga- se em ocos de rvores, bueiros (SIMMONS & VOSS, 1998; HANDLEY-JR, 1976) e sob pontes de concreto (REIS & PERACCHI, 1987). Em ocos de rvores pode formar colnias de 7 a 15 indivduos (TUTTLE, 1970). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) Na descrio original a localidade-tipo Amrique, sendo posteriormente restringida ao Suriname por ALLEN (1904). J foi registrada na Guatemala e em Belize, bem como do norte de Honduras at o Peru, Brasil, Paraguai, Bolvia e norte da Argentina (SANTOS et al., 2003). No Brasil existe registro para o AC, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PI, PR, RJ, RO, RR e SP (BORDIGNON, 2006a; TAVARES et al., no prelo). Essa a maior espcie do gnero e est entre os maiores morcegos das Amricas, possu- indo comprimento cabea-corpo entre 94 e 124 mm, cauda entre 10 e 29 mm, antebrao entre 77,5 e 94 mm e peso entre 64 e 112 g (TADDEI, 1975B; KOOPMAN, 1994; REID, 1997; SIMMONS & VOSS, 1998). A pelagem curta e aveludada e, geralmente, dorso e ventre possuem colorao bas- tante similar, variando entre o marrom-escuro e o marrom-avermelhado (SANTOS et al., 2003), po- dendo chegar ao alaranjado (BREDT et al., 1999). Nenhuma outra espcie do gnero alcana P. hastatus em tamanho. Pode haver superposio de medidas com Phylloderma stenops, mas nessa ltima a cela da folha nasal no livre como em P. hastatus, e a pele da face rosa, e no escura (REID, 1997). Phyllostomus hastatus geralmente classifi- cada como onvora (e.g., SIMMONS, & VOSS, 1998; LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). Assim como P. discolor, entretanto, dependendo da regio essa espcie pode integrar diferentes guildas. Em rea de cerrado edfico no nordeste do Brasil, por exemplo, ela foi classificada como insetvora, ten- do consumido ortpteros, ispteros, hempteros, colepteros, lepidpteros e himenpteros (WILLIG et al., 1993). J no Peru, WILSON et al. (1996) classificaram-na como frugvora, registrando predominncia do consumo de frutos, principalmen- te Cecropia. A lista de frutos empregados por P. hastatus 91 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae bastante extensa (GARDNER, 1977a; SANTOS et al., 2003; GIANNINI & KALKO, 2005), e essa espcie parece ser a principal dispersora de Gurania spinulosa (KALKO & CONDON, 1998) e Lecythis spp. (GREENHALL, 1965; PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971). Phyllostomus hastatus tam- bm consome pequenos vertebrados (GOODWIN & GREENHALL, 1961; OPREA et al., 2006) e faz uso freqente de nctar, podendo atuar como impor- tante polinizadora (GRIBEL et al., 1999). O padro reprodutivo de P. hastatus pare- ce variar geograficamente (WILSON, 1979). No Brasil h evidncias tanto de monoestria sazonal (WILLIG, 1985), quanto de poliestria (MAR- QUES, 1985b). As fmeas atingem a maturidade sexual por volta de 16 meses de idade, e durante a amamentao agrupam seus filhotes em colnias- maternidade (MCCRACKEN & BRADBURY, 1981). Seu sistema de cpula envolve a formao de harns anuais, como em P. discolor, mas nesse caso a composio do grupo de fmeas estvel (elas no se movem entre grupos) (MCCRACKEN & WILKINSON, 2000). Phyllostomus hastatus ocorre em todos os biomas brasileiros (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Est presente em ambientes que vo desde formaes florestais primrias (REIS & PERACCHI, 1987; PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993; SAMPAIO et al., 2003) at reas urbanizadas (PERACCHI et al., 1984). Abriga-se em cavernas (BREDT et al., 1999; ESBRARD et al., 2005), ocos de r vores (PATTERSON, 1992), folhas grandes e secas da palmeiras (ASCORRA et al., 1996), cupinzeiros (REIS & PERACCHI, 1987) e construes huma- nas (PERACCHI et al., 1984). Em uma mesma caverna podem ser encontrados vrios harns, cada um deles com um macho e entre 10 e 100 fmeas, e grupos de 20 a 50 machos solteiros (BRADBURY, 1977; MCCRACKEN & BRADBURY, 1981). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Phyllostomus latifolius (Thomas, 1901) Espcie encontrada apenas no sudeste da Colmbia, Guianas e norte do Brasil, com locali- dade-tipo em Monte Kanuku, Prov. Essequibo, Guiana (SIMMONS, 2005). No Brasil conheci- da apenas do Amazonas e do Par (TAVARES et al., no prelo). Trata-se da menor forma do gnero, com comprimento total (cabea, corpo e cauda) entre 91 e 95 mm, cauda entre 13 e 17 mm, antebrao entre 56 e 60 mm e peso entre 24 e 31 g (WILLIAMS & GENOWAYS, 1980a; KOOPMAN, 1994; EISENBERG & REDFORD, 1999). No aspecto geral, essa esp- cie bastante similar a P. elongatus, o que j levou suspeita de que fossem coespecficas (JONES & CARTER, 1976). No Suriname, entretanto, es- sas espcies ocorrem em sintopia e, de acordo com WILLIAMS & GENOWAYS (1980a), podem ser separadas facilmente com base no tamanho do antebrao (menor em P. latifolius) e em medidas cranianas. Examinando espcimes brasileiros, SAMPAIO et al. (2003) chegaram mesma con- cluso. LIM & ENGSTRON (2001) acrescenta- ram ainda que a pelagem ventral de P. latifolius marrom, como em P. elongatus, mas no unifor- me como nessa ltima, apresentando a extremida- de dos plos plida (aparncia de que foi coberto por geada). No parece haver registros disponveis sobre a dieta desse morcego, mas provavelmente se alimenta de insetos, frutos, nctar e pequenos vertebrados, como as demais espcies do gnero (GARDNER, 1977a). Duas fmeas coletadas no Suriname en- tre 27 de setembro e 4 de outubro estavam lactantes 92 Morcegos do Brasil (WILLIAMS & GENOWAYS, 1980a). No Brasil, P. latifolius parece ocorrer ape- nas no bioma amaznico (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Tem sido encontrada em reas de floresta primria (BROSSET et al., 1996; SIMMONS et al., 2000) e secundria (WILLIAMS & GENOWAYS, 1980a), e emprega cavernas como abrigo (MARINKELLE & CADENA, 1972; SAMPAIO et al., 2003). BROSSET & CHARLES- DOMINIQUE (1990) encontraram um grupo de cerca de 50 morcegos dessa espcie abrigado em uma caverna em meio a cerca de 300 Lonchorhina inusitata (citado como L. marinkellei). A associa- o de P. latifolius com esse tipo de abrigo parece ser mais forte que nas demais espcies do gnero (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Tonatia Gray, 1827 Nesse gnero eram includas as espcies que atualmente integram o gnero Lophostoma. A partir da separao, proposta por LEE-JR et al. (2002) em respeito s afinidades filogenticas dos txons envolvidos, Tonatia passou a ser for- mado por apenas duas espcies, ambas com re- gistro para o Brasil. Tonatia bidens (Spix, 1823) Tem como localidade-tipo o rio So Francisco, Bahia, Brasil, e distribui-se do nor- deste do Brasil ao norte da Argentina e Paraguai (SIMMONS, 2005). Em territrio brasileiro h registro para BA, CE, ES, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, SC e SP (WILLIAMS et al., 1995; TAVARES et al., no prelo). Espcie de porte mdio, com com- primento do antebrao variando entre 48,8 e 59,3 mm (WILLIAMS et al., 1995; BARQUEZ et al., 1993; ESBRARD & BERGALLO, 2004), cauda entre 12 e 21 mm (es- pcimes da Argentina; BARQUEZ et al., 1993) e peso entre 18 e 38 g (espcimes do sudeste do Brasil; ESBRARD & BERGALLO, 2004). A pelagem marrom-acinzentada, mais clara no ventre (WILLIAMS et al., 1995; BARQUEZ et al., 1993). As orelhas so grandes e arredondadas, mas no to grandes (< 30 mm) quanto em L. silvicolum. Adicio- nalmente, o antebrao apresenta densa pilosidade na metade proximal, ao passo que nu em L. silvicolum (REID, 1997; WILLIAMS et al., 1995). Diferencia- se externamente de T. saurophila pela ausncia de lis- tra no topo da cabea, entre as orelhas (WILLIAMS et al., 1995). Sua dieta inclui uma ampla variedade de insetos, tais como lepidpteros, ortpteros, colepteros, hempteros, odonatas e tisanpteros (ESBRARD & BERGALLO, 2004), pequenos vertebrados, como anfbios, rpteis, aves entre 4 e 24 g, morcegos (MARTUSCELLI, 1995; BARQUEZ et al., 1999; ESBRARD & BERGALLO, 2004) e possivelmente frutos. Forrageia durante toda a noite, embora haja con- centrao da atividade nas primeiras horas aps o Tonatia bidens (Foto: M.A. Nogueira). 93 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae pr do sol (ESBRARD & BERGALLO, 2004). No sudeste do Brasil, foram registrados nascimentos ocorrendo de novembro a janeiro, bem como fmeas em final de lactao at maio (ESBRARD & BERGALLO, 2004). Essa espcie est presente nos biomas Mata Atlntica, Cerrado, Pantanal e Caatinga (WILLIAMS et al., 1995; TRAJANO & GIMENEZ, 1998). Ocorre em reas de floresta primria e secundria (SEKIAMA et al., 2001; ESBRARD & BERGALLO, 2004), bem como em reas de vegetao mais aberta (e.g., restinga) e plantaes de banana, desde que associados a flo- restas (ESBRARD & BERGALLO, 2004). Abri- ga-se em grutas, ocos de rvores, minas dgua, manilhas e residncias (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1986; MARTUSCELLI, 1995; ESBRARD & BERGALLO, 2004). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Tonatia saurophila Koopman & Williams, 1951 Sua localidade-tipo Balaclava, St. Elizabeth Parish, Jamaica, e distribui-se do Mxi- co at o Peru, Bolvia, Venezuela, Guianas, Trinidad e Brasil (SIMMONS, 2005). Duas subespcies, alm da forma nominal, restrita Jamaica, foram reconhecidas por WILLIAMS et al. (1995): T. s. bakeri e T. s. maresi. No Brasil, apenas a ltima tem registro, ocorrendo no AC, AM, AP, BA, PA, PE e RR (MARTINS et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). O registro para o Mato Grosso do Sul, assinalado por TAVARES et al. (no prelo) com base em WILLIAMS et al. (1995) no procede, pois a localidade listada por esses lti- mos autores refere-se a T. bidens. Morcego de porte mdio para um filostomneo. Na subespcie registrada no Brasil, o comprimento total (cabea, corpo e cauda) va- ria entre 84 e 103 mm, a cauda entre 15 e 23 mm, o antebrao entre 51,8 e 59 mm e o peso entre 21,4 e 33 g (WILLIAMS et al., 1995; SIMMONS & VOSS, 1998). A colorao geral marrom acinzentada, mais clara no ventre, onde a extremi- dade dos plos pode ser plida (WILLIAMS et al., 1995; LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). Dife- rencia-se externamente de T. bidens pela presena de uma listra no topo da cabea, entre as orelhas (WILLIAMS et al., 1995). Essa caracterstica, em adio s mencionadas nos comentrios sobre T. bidens, ajuda tambm na diferenciao entre T. saurophila e L. silvicolum. Esse morcego consome uma ampla varie- dade de insetos, tais como ortpteros, colepteros, lepidpteros, hompteros e dpteros (HUMPHREY et al., 1983; REIS & PERACCHI, 1987; RIVAS-PAVA et al., 1996), e, em menor pro- poro, frutos (e.g., Vismia e Ficus; BERNARD, 2002; GIANNINI & KALKO, 2004) e pequenos vertebrados (HUMPHREY et al., 1983). Na Amaznia brasileira, REIS & PERACCHI (1987) encontraram fmeas grvidas em outubro e novembro, e uma lactante em janei- ro. J na Costa Rica, h registro de fmeas grvi- das em janeiro, fevereiro, maio e julho, com ocor- rncia de dois perodos reprodutivos por ano (LaVAL & RODRIGUEZ-H, 2002). No Brasil, ocorre nos biomas Amaznia, Caatinga e Mata Atlntica (WILLIAMS et al., 1995; FARIA et al., 2006). Tem sido capturada em reas de floresta primria (REIS & PERACCHI, 1987; SAMPAIO et al., 2003) e secundria (BROSSET et al., 1996; SIMMONS & VOSS, 1998), savanas (BERNARD & FENTON, 2002), pastos, poma- res e reas peridomiciliares (HANDLEY-JR, 1976). Pode atravessar grandes distncias entre o abrigo e o local de forrageio, empregando rea que pode alcanar 330 ha (BERNARD & FENTON, 2003). Abriga-se em ocos de rvores, onde forma peque- nos grupos (BERNARD & FENTON, 2003). 94 Morcegos do Brasil Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Trachops Gray, 1847 Trachops cirrhosus (Spix, 1823) Essa espcie tem o Par como localida- de-tipo e encontrada do Mxico s Guianas, su- deste do Brasil, Bolvia, Equador e Trinidad (SIMMONS, 2005). No Brasil j foi registrada no AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, MG, PA, PB, PE, PI, RJ, RO, RR e SP (MARTINS et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). Morcego de porte mdio, com comprimen- to cabea-corpo variando entre 65 e 88 mm, cau- da entre 10 e 29 mm, antebrao entre 57 e 66 mm, e peso entre 24 e 44,6 g (REID, 1997; SIMMONS & VOSS, 1998). A pelagem longa e felpuda, par- do-ferrugnea no dorso, mais clara nas partes infe- riores. Espcie facilmente identificada pela presen- a de numerosas protuberncias cilndricas, em for- ma de verrugas, nos lbios e no mento. A folha nasal apresenta bordas serrilhadas e as orelhas so grandes e arredondadas, mais longas que a cabea (NOWAK, 1994). A cauda curta e projeta-se no dorso da membrana interfemural, que bem de- senvolvida. Trachops cirrhosus amplamente conheci- da por seu hbito de predar pequenos anfbios (TUTTLE & RYAN, 1981), mas tambm conso- me pequenos lagartos (GOODWIN & GREENHALL, 1961), aves (RODRIGUES et al., 2004) e mamferos, tais como ratos (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1982), marsupiais (FERRER et al., 2000) e morcegos (ARIAS et al., 1999; BONATO & FACURE, 2000). Alm dis- so, esse morcego pode predar uma ampla varieda- de de insetos, incluindo colepteros, ortpteros, hompteros e dpteros (HUMPHREY et al., 1983; REIS & PERACCHI, 1987; RIVAS-PAVA et al., 1996), e complementar sua dieta com frutos (RIVAS-PAVA et al., 1996). Trachops cirrhosus iden- tifica os anfbios de que se alimenta pelas vocalizaes que eles emitem, sendo capaz dife- renciar espcies venenosas de palatveis, e esp- cies pequenas das que so muito grandes para se- rem predadas (TUTTLE & RYAN, 1981). Foi verificado ainda, que esse morcego capaz de adquirir rapidamente novas as- sociaes acsticas via aprendizado soci- al, o que pode ser de grande importncia frente a alteraes na comunidade de pre- sas (PAGE & RYAN, 2006). TRAJANO (1984) encontrou uma fmea simultaneamente grvida e lactante em agosto, no sudeste do Brasil, tendo sugerido padro polistrico para essa espcie. No norte do Brasil, fmeas lactantes tambm foram coletadas em agosto, evidenciando atividade durante o perodo chuvoso (REIS & PERACCHI, 1987). Na Amrica Central, entretanto, h dados apontando reproduo no perodo seco (WILSON, 1979). Trachops cirrhosus (Foto: Marco A. R. Mello - www.casadosmorcegos.org). 95 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae Trachops cirrhosus ocorre em todos os biomas brasileiros (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Pode ser encontrada em reas de floresta primria (REIS & PERACCHI, 1987; PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993) e secun- dria (BROSSET et al., 1996; RODRIGUES et al., 2004), interior de pequenos fragmentos florestais (FARIA, 2006), savanas, pastos, pomares e reas peridomiciliares (HANDLEY-JR, 1976). Em re- as de vegetao de caatinga, foi capturada apenas junto a afloramentos rochosos, que oferecem con- dies mais msicas (WILLIG, 1983). Parece mais freqente nas proximidades de rios, brejos e lago- as, o que pode ter relao com seu hbito de predar anfbios (EMMONS & FEER, 1990; LaVAL & RODRGUEZ-H, 2002). Assim como Tonatia saurophila, T. cirrhosus pode atravessar longas dis- tncias entre o abrigo e o local de forrageio, ocu- pando grandes reas (e.g., 456 ha; BERNARD & FENTON, 2003). Abriga-se em rvores ocas (BERNARD & FENTON, 2003), cavernas (ESBRARD et al., 2005), bueiros (MARQUES, 1985a; SIMMONS & VOSS, 1998), tneis (ARIAS et al., 1999) e construes abandonadas (RODRIGUES et al., 2004). Tem sido encontrada com maior freqncia em agrupamentos compostos por poucos indivduos (GOODWIN & GREENHALL, 1961; TRAJANO, 1984; SIMMONS & VOSS, 1998), embora haja re- gistro envolvendo colnias com at 50 mor- cegos (CRAMER et al., 2001). Segundo REID (1997), colnias-maternidade relativamente grandes so s vezes encontradas em caver- nas profundas. Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Trinycteris Sanborn, 1949 Trinycteris nicefori (Sanborn, 1949) Espcie descrita com base em ma- terial procedente da Colmbia, norte de Santander, Cucuta. Ocorre de Belize at a Bolvia e sudeste do Brasil, alm de Trinidad (SIMMONS, 2005). Em territrio brasileiro j foi registrada no AC, AM, AP, BA, ES, MT, PA, RR e TO (NUNES et al., 2005; MARTINS et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). Como apenas recentemente Trinycteris foi reconhecido como gnero vlido (SIMMONS & VOSS, 1998; WETTERER et al., 2000), em muitos trabalhos T. nicefori e reportada sob o binmio Micronycteris nicefori. Morcego pequeno, com cabea-corpo va- riando entre 51 e 58 mm, cauda entre 8 e 15 mm, antebrao entre 35 e 41 mm e peso entre 7 e 11 g (KOOPMAN, 1994; REID, 1997; SIMMONS & VOSS, 1998; LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). Trinycteris nicefori pode apresentar notvel variao cromtica, com duas fases bem distintas: uma cin- za e outra vermelha (SANBORN, 1949; SIMMONS & VOSS, 1998). Alem disso, apresen- ta as seguintes caractersticas: presena de uma lis- tra dorsal acinzentada, pouco conspcua; plos dorsais tricoloridos (embora o bandeamento no seja to evidente quanto em G. sylvestris; REID, 1997), com base e pice mais escuros; plos ven- trais escuros; plos sobre a margem interna supe- rior das orelhas relativamente curtos (menor ou Trinycteris nicefori (Foto: M.R. Nogueira). 96 Morcegos do Brasil igual a 4 mm); orelhas pontiagudas e com concavidade na borda posterior; banda interauricular ausente; margem ventral da ferradura da folha nasal fundindo-se gradualmente ao lbio superior; queixo com um par de almofadas dermais arranjadas em V, e sem a papila central; quarto metacarpo mais curto, terceiro mais longo (em Glyphonycteris o quinto mais longo); e calcneo marcadamente mais curto que o p (SIMMONS & VOSS, 1998). A alimentao de T. nicefori se baseia em artrpodes (predominantemente) e material vege- tal, incluindo frutos de Piper (REIS & PERACCHI, 1987; GIANNINI & KALKO, 2004). Uma fmea lactante foi encontrada em julho na Nicargua (BAKER & JONES, 1975). Trinycteris nicefori tem registro para a Mata Atlntica e para a Amaznia (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1985), ocorrendo tambm em rea de transio entre esse ltimo bioma e o Cer- rado (NUNES et al., 2005). Essa espcie tem sido encontrada em florestas midas primrias e secun- drias (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1993; SIMMONS & VOSS, 1998; NOGUEIRA et al., 1999), florestas decduas (HANDLEY-JR, 1976; NUNES et al., 2005), reas com plantao de ca- cau sob vegetao nativa (cabrucas; FARIA et al., 2006) e, mais raramente, em capoeiras (REIS & PERACCHI, 1987) e pomares (HANDLEY-JR, 1976). Forma grupos pequenos e usa ocos de r- vores, minas e construes humanas como abrigo (HANDLEY-JR, 1976; REID, 1997; LaVAL & RODRGUEZ-H., 2002). Encontra-se classificada em baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Vampyrum Rafinesque, 1815 Vampyrum spectrum (Linnaeus, 1758) Essa espcie tem o Suriname como loca- lidade-tipo e encontrada do Mxico ao Equador, Peru, Bolvia, Brasil, Guianas e Trinidad (SIMMONS, 2005). Em territrio brasileiro j foi registrada no AC, AM, AP, MT, PI, RR e TO (NUNES et al., 2005; MARTINS et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). Trata-se da maior espcie j encontrada no Novo Mundo, com envergadura variando, apro- ximadamente, de 70 a 90 cm, embora alguns indi- vduos possam alcanar cerca de 1 m (NOWAK, 1994). O comprimento cabea-corpo varia entre Vampyrum spectrum (Foto: E. Bernard). 97 Nogueira, M. R.; Peracchi, A.L. & Moratelli, R. Captulo 05 - Subfamlia Phyllostominae 125 e 158 mm, o antebrao entre 88 e 110 mm, e o peso entre 135 e 235 g (EMMONS & FEER, 1990; NOWAK, 1994; REID, 1997). A cor da pelagem varia do castanho-escuro ao pardo- ferrugneo no dorso, sendo mais clara ventralmen- te. No dorso, h ainda uma listra plida longitudi- nal (REID, 1997). Essa espcie facilmente reco- nhecida pelo grande tamanho, e por apresentar orelhas grandes, longas e arredondadas, focinho robusto, longo e estreito, e ausncia de cauda. A cela da folha nasal em forma de taa outra im- portante caracterstica dessa espcie, s compar- tilhada com C. auritus (REID, 1997). Registros apontam que V. spectrum preda pssaros, roedores, morcegos e insetos (MCCARTHY, 1987, NAVARRO & WILSON, 1982). BONATO et al. (2004), examinando o con- tedo gastrointestinal de 10 exemplares deposita- dos em diversas colees, verificaram que peque- nos mamferos e aves foram ingeridos com a mes- ma freqncia, entrando os insetos numa frao menor. GARDNER (1977a) sugeriu que frutos tambm fariam parte da dieta desse morcego, o que foi evidenciado por NAVARRO (1979). Se- gundo NAVARRO & WILSON (1982), aves cap- turadas por essa espcie pesam de 20 a 150 g, al- gumas vezes sendo to grandes quanto o preda- dor. Como esses quirpteros freqentemente car- regam a presa capturada para o refgio, supe-se que os mesmos provem os filhotes. Por se tratar de espcie pouco coleciona- da, so escassos os dados sobre reproduo. GREENHALL (1968) registrou a pario de um filhote em junho e DITMARS (1936) em julho. Uma fmea lactante foi capturada em Trinidad no ms de maio (GOODWIN & GREENHALL, 1961). De acordo com LaVAL & RODRGUEZ-H. (2002), os nascimentos devem ocorrer no final da estao seca ou incio da chuvosa. Vampyrum spectrum uma das poucas espcies de morcegos reconhecidas como mongamas (so 17 ao total; MCCRACKEN & WILKINSON, 2000), e a ni- ca na qual so formados casais duradouros e gru- pos familiares que permanecem juntos por longo tempo (MCCRACKEN & WILKINSON, 2000). H evidncia de que crias de at trs geraes su- cessivas podem permanecer com os pais (MCCRACKEN & WILKINSON, 2000). No Brasil, V. spectrum ocorre no bioma amaznico e no Pantanal (MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Tem sido capturada em reas de floresta primria (REIS & PERACCHI, 1987; SAMPAIO et al., 2003; NUNES et al., 2005), cul- tivos sombreados, corredores de vegetao resi- dual (ESTRADA & COATES-ESTRADA, 2001), savanas (BERNARD & FENTON, 2002) e reas peridomiciliares (HANDLEY-JR, 1976). Estudo com radiotelemetria mostrou uso de rea relativa- mente pequena (3,2 ha) e forrageio sobre mata decdua, floresta secundria e pastos (VEHRENCAMP et al., 1977). Abriga-se em r- vores ocas (e.g., Ceiba pentandra) e forma pequenos grupos de um a cinco indivduos. Agradecimentos Somos gratos aos colegas que gentilmen- te cederam fotografias para ilustrar o presente ca- ptulo, e FAPERJ (ALP e MRN), ao CNPq (ALP) e CAPES (RM) pelo apoio financeiro. 98 Morcegos do Brasil 99 Ortncio Filho, H.; Lima, I.P. de & Fogaa, F.N.O. Captulo 06 - Subfamlia Caroiliinae Captulo 06 Subfamlia Carolliinae A subfamlia Carolliinae composta por animais robustos, de cauda variando de 3 a 14 mm de comprimento e medidas de cabea e corpo de 48 a 65 mm de comprimento (NOWAK, 1994). Esses morcegos so desprovidos do arco zigomtico, os molares superiores so estreitos e no possuem o padro em W como nos outros grupos, e apre- sentam focinho reduzido (BARQUEZ et al., 1999). Carolliinae formada por dois gneros e nove es- pcies descritas (SIMMONS, 2005). No Brasil, so encontrados representantes dos dois gneros, totalizando sete espcies. Gnero Carollia Gray, 1838 De acordo com MCLELLAN (1984), en- tre os mamferos mais freqentes da Amrica tro- pical esto os morcegos deste gnero e, segundo SIMMONS (2005), quatro espcies foram identificadas no Brasil. MCLELLAN (1984) relata que os morce- gos do gnero Carollia so dotados de incisivos superiores robustos e de tamanho considervel. GOODWIN & GREENHALL (1961), ressaltam que os caninos inferiores so fortes e de formato simples e os pr-molares caracterizam-se por se- rem estreitos e de bordas cortantes. NOWAK (1994) destaca que os morcegos do gnero Carollia apresentam comprimento corpreo de 48 a 65 mm, comprimento de antebrao variando entre 34 e 45 mm, comprimento de cauda de 3 a 14 mm, peso entre 10 e 20 g e colorao variando de marrom- escura a ferruginosa, embora j tenham sido encon- trados na Amrica Central exemplares de cor alaranjada-plida. De acordo com THOMAS (2006a), so dotados de verruga central no queixo rodeada por uma fileira de pequenas verrugas em forma de U. Os componentes da dieta englobam vri- as espcies de frutos e insetos (GARDNER, 1977a). O gnero, em geral, apresenta um padro de poliestria bimodal (WILSON, 1977). Esses morcegos ocorrem em reas flores- tais, utilizando como abrigos: cavernas, minas, fen- das de rochas, ocos de rvores, tubulaes, alm Henrique Ortncio Filho Doutorando em Ecologia de Ambientes Aquticos Continentais - Universidade Estadual de Maring (UEM) Professor Adjunto do Curso de Cincias Biolgicas - Universidade Paranaense (UNIPAR), Campus Cianorte Isaac Passos de Lima Doutorando do Curso de Biologia Animal - Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Fabio Nascimento Oliveira Fogaa Professor Assistente do Curso de Tecnologia em Meio Ambiente Universidade Estadual de Maring (UEM), Campus Umuarama 100 Morcegos do Brasil de edificaes urbanas e podem abrigar-se solita- riamente, formar grupos de poucos indivduos ou, ainda, colnias que podem totalizar milhares de espcimes (NOWAK, 1994). Carollia benkeithi Solari & Baker, 2006 Espcie recentemente descrita por SOLARI & BAKER (2006), com holtipo colecionado na Provncia de Leoncio Prado, a 2 Km de Tingo Maria no Peru, sua distribuio geogrfica est registrada para o Peru, Bolvia e Sul do rio Ama- zonas, no Brasil (SOLARI & BAKER, 2006). Carollia benkeithi possui pelagem dorsal que varia de marrom acinzentado ao castanho, no possuindo forma definida no bandeamento de cor. O antebrao curto com mdia de 35,7 mm e nu, havendo um tufo de plos na base do polegar. As pernas so curtas e aparentemente desprovidas de plos, o uropatgio estreito e com um pequeno entalhe arredondado na poro distal. O compri- mento cabea e corpo possui mdia de 60,85 mm e o comprimento mdio da cauda de 9,26 mm. O crnio relativamente largo e com uma cristal sagital baixa em alguns indivduos. A constrio interorbital bem definida, dando uma aparncia inflada re- gio orbital anterior (SOLARI & BAKER, 2006). Carollia benkeithi facilmente distinguida das outras espcies do mesmo gnero devido ao seu pequeno tamanho, pelagem e traos crnio-dental (PACHECO et al., 2004; SOLARI & BAKER, 2006). A espcie apresenta grande semelhana com C. castanea, haja vista que ambas as espcies pos- suem variaes na pelagem, podendo ser marrom claro ou castanho (SOLARI & BAKER, 2006). De acordo com SOLARI & BAKER (2006) C. benkeithi encontrada em florestas tro- picais de baixa altitude (abaixo de 1000 metros). Alm de apresentar dados ecolgicos e reprodutivos muito similares aos de C. castanea. Esta espcie ainda no possui estado de conservao de acordo com a IUCN (2006). Carollia brevicauda (Schinz, 1821) Segundo SIMMONS (2005), h registro da espcie nas seguintes localidades: Bolvia, Bra- sil, Colmbia, Equador, Guiana, Guiana France- sa, Panam, Peru, Suriname, Trinidade e Venezuela. Localidade tipo: Rio Jucu, Fazenda de Coroaba, no estado do Esprito Santo, Brasil. Se- gundo PERACCHI et al. (2006), a espcie encon- tra-se distribuda nos seguintes estados brasileiros: AC, AM, BA, ES, MG, MT, PA e RO. Apresentam pelagem longa, densa e sua- ve, notando-se uma maior concentrao de plos no antebrao e na regio da nuca, sendo que nesta ltima h uma faixa basal escura e larga contras- tando fortemente com a banda esbranquiada distal a ela (CLOUTIER & THOMAS, 1992). De acordo com THOMAS (2006a), a regio dorsal de colorao marrom acinzentada e o ventre mais claro. C. brevicauda possui orelhas pontiagudas, a cauda curta e cerca de um tero da membrana da cauda nua. O antebrao apresenta comprimento variando de 27 a 42 mm. Indivduos desta espcie so frequentemente confundidos com C. perspicillata, que maior. No entanto, nota-se sobreposio no tamanho dos animais. Exempla- res de grande porte de C. brevicuada podem apre- sentar medidas semelhantes a pequenos espcimes de C. perspicillata (SAMPAIO, com. pess.). O cr- nio, quando posicionado no sentido crnio-caudal, possibilita facilmente a visualizao de i2. Alm disso, nota-se uma fileira superior de dentes ar- queada lingualmente ou com uma distinta chanfradura ou degrau no contorno labial, dando um contorno em forma de U ao maxilar inferior (CLOUTIER & THOMAS, 1992). 101 Ortncio Filho, H.; Lima, I.P. de & Fogaa, F.N.O. Captulo 06 - Subfamlia Caroiliinae De acordo com GARDNER (1977a), ali- mentam-se de frutos e insetos. Segundo LaVAL & FITCH (1977), a esp- cie caracterizada como estacionalmente poliestra e, de acordo com WILSON (1977), fmeas prenhes foram observadas de dezembro a agosto no Mxico e Amrica Central e, em outubro, no Peru. Habitam florestas perenes e semidecduas de baixada, sendo tolerantes a reas reflorestadas e reas degradadas. So animais menos freqentes em florestas maduras (THOMAS, 2006a). O estado de conservao da espcie considerado de baixo risco (IUCN, 2006). Carollia castanea H. Allen, 1890 Esta espcie tem recordes de captura em: Bolvia, Brasil, Honduras, Peru e Venezuela, com localidade tipo Angostura, Costa Rica (SIMMONS, 2005). No Brasil, PERACCHI et al. (2006) descrevem a ocorrncia de C. castanea para os seguintes estados brasileiros: AC, AM, MT, PA e RO. Conforme THOMAS (2006b), esses mor- cegos apresentam tamanho reduzido, a regio dorsal tipicamente marrom avermelhada ou acas- tanhada, com tons de verde-oliva, e ventre plido. Possuem plos com comprimento entre 5 e 6 mm fracamente tricolor. A folha nasal caracteriza-se por ser livre lateralmente e no fundida ao foci- nho. As orelhas apresentam aspecto pontiagudo, a cauda curta e cerca de um tero da membrana da cauda nua. O comprimento do antebrao, carac- terizado pela ausncia de plos, varia entre 34 e 38 mm. Os i2 so facilmente visveis se o crnio encontrar-se posicionado no sentido crnio-cau- dal. As maxilas superiores possuem contorno labi- al da fileira de dentes com chanfradura distinta ou degrau; p2 apresenta duas vezes a altura do molar e superfcie de ocluso de molar com perfil reto. So morcegos frugvoros com marcante preferncia por frutos do gnero Piper, que podem ser coletados tanto no interior quanto em regies de bordas e clareiras de mata (THIES & KALKO, 2004), sendo considerados juntamente com C. perspicillata, os principais dispersores de sementes do gnero na maior parte da regio neotropical (GOODWIN & GREENHALL, 1961). A espcie apresenta poliestria estacional (FLEMING et al., 1972). De acordo com WILSON (1977), h registros de fmeas prenhes para a Amrica Central entre os meses de janeiro e maio e entre julho e agosto, enquanto para a Amrica do Sul, animais encontrados em tais condies foram capturados de janeiro a abril e de setembro a novembro. Habitam reas de florestas perenes e semidecduas de baixada, tolerando reas refloresta- das e reas degradadas. Formam pequenas colnias em cavernas, rvores com aberturas, fendas, tneis, sob a vegetao e em construes (REID, 1997). A espcie apresenta um estado de conser- vao considerado de baixo risco (IUCN, 2006). Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) De acordo com SIMMONS (2005), esta espcie est distribuda nos seguintes pases: Bol- via, Brasil, Guianas, Mxico, Paraguai, Peru, Tobago e Trinidad, provavelmente Jamaica, nas Antilhas. A localidade tipo no Suriname, locali- dade no especfica. No Brasil a espcie tem uma distribuio ampla, com registro para os Estados: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP (PERACCHI et al., 2006). Em relao s outras espcies de morce- gos neotropicais, possui tamanho mdio, com an- tebrao variando de 38,0 a 44,0 mm, envergadura (extenso de uma ponta a outra da asa) aproxima- da de 25 cm, massa mdia de 18,5 g (CLOUTIER & THOMAS, 1992) e comprimento total (cabe- a-corpo e cauda) entre 66 e 95 mm (VIZOTTO 102 Morcegos do Brasil & TADDEI, 1973; CLOUTIER & THOMAS, 1992). Possui arco zigomtico incompleto, uma cauda curta (11 a 14 mm) e totalmente contida na membrana interfemural (LIM & ENGSTROM, 1998). Apresenta calcneo do tamanho dos ps, orelhas curtas e menores que a cabea. A folha nasal bastante curta e triangular. O lbio inferior possui formato de V com uma verruga centro- marginal, ornada por vrias papilas pequenas. Apresenta colorao variando de marrom quase negro a um marrom ferruginoso ou cinza (CLOUTIER & THOMAS, 1992), embora haja registro de espcimes de cor laranja-plido na Amrica Central (NOWAK, 1994). A mandbula, vista no sentido crnio-caudal, apresenta o segun- do incisivo quase completamente obscurecido pelo cngulo do canino, na maxila, a fileira de dentes reta, em forma de V, e no em forma de U como nas espcies anteriores. Alm disso, a mandbula inferior geralmente apresenta forma de V (CLOUTIER & THOMAS, 1992). Na alimentao de C. perspicillata desta- ca-se a forte preferncia por plantas da famlia Piperaceae (PERACCHI et al., 2006), especialmen- te do gnero Piper, que ocorrem, na maioria das vezes, em reas abertas, como clareiras, bordas de mata e capoeiras (LIMA, 2003; LIMA & REIS, 2004; MELLO et al., 2004; THIES & KALKO, 2004). Em menor quantidade outros gneros ve- getais como Cecropia, Eugenia, Ficus, Passiflora, Solanum e Vismia (FLEMING, 1985; 1986; CHARLES-DOMINIQUE, 1991; MARINHO- FILHO, 1991; NOWAK, 1994; BIZERRIL & RAW, 1998; GALINDO-GONZLEZ, 1998) alm de insetos e nctar (SAZIMA, 1976) fazem parte da sua dieta. C. perspicillata apresenta poliestria estacional e a maturidade sexual atingida pelas fmeas com cerca de um ano, enquanto que nos machos pode levar de um a dois anos (FLEMING et al., 1972; FLEMING, 1988). PORTER (1978, 1979) ressalta a ocorrncia de diviso por sexo em colnias da espcie ou, ainda, a formao de harns. As fmeas atingem a maturidade sexual com um ano de idade, j, entre machos, o tempo pode variar de um a dois anos. H registros de f- meas adultas formando pequenos grupos em abri- gos, os quais so defendidos pelos machos, condio que pode perdurar por mais de quatro anos (FLEMING, 1988). No Brasil, LIMA (2003) observou quatro re- cm-nascidos agarrados ao corpo da me em uma col- nia no Paran entre outubro e dezembro. Esse mesmo per- odo de nascimentos foi obser- vado por TRAJANO & GIMENEZ (1998), em Minas Gerais, por BREDT et al. (1999), no Distrito Federal e por MELLO & FERNANDEZ (2000) no Carollia perspicillata (Foto: Henrique Ortncio-Filho) 103 Ortncio Filho, H.; Lima, I.P. de & Fogaa, F.N.O. Captulo 06 - Subfamlia Caroiliinae Rio de Janeiro. TRAJANO & GIMENEZ (1998) sugerem que C. perspicillata possui pico reprodutivo no perodo de transio entre a estao seca e a chuvosa. Colnias de C. perspicillata podem ser en- contradas em cavernas, bueiros, galerias pluviais e edificaes abandonadas (TRAJANO & GIMENEZ, 1998; BREDT et al., 1999; LIMA, 2003). O estado de conservao da espcie de baixo risco (IUCN, 2006). Carollia subrufa (Hahn, 1905) Carollia subrufa esto distribudos do M- xico at a Nicargua, sendo sua localidade-tipo: Santa Efigenia, 12 km a noroeste de Tapanatepec, em Oaxaca, Mxico (SIMMONS, 2005). HANDLEY-JR (1967) registrou a ocorrncia des- ta espcie no Brasil para o estado do PA. Contu- do, TAVARES et al. (no prelo) relatam a necessi- dade de uma reanlise do material coletado por HANDLEY-JR (1967), uma vez que este o ni- co registro encontrado na literatura deste txon para o Brasil. A espcie apresenta pelagem curta, esparsa e grossa, o antebrao pode ser nu ou apresentar poucos plos, alm dos plos na nuca, terem a ban- da basal estreita geralmente indistinta (CLOUTIER & THOMAS, 1992); os plos da regio central das costas possuem pouco contraste entre as bandas basal e central (MEDELLN et al., 1997). Como todos os representantes do gnero, alimentam-se preferencialmente de piperceas, alm de outros frutos (PERACCHI et al., 2006). Fmeas prenhes foram capturadas na Amrica Central nos meses de dezembro a maio e de julho a outubro (WILSON, 1977) e so encon- trados em reas mais secas da floresta decidual (HANDLEY-JR, 1976; PINE, 1972), habitando o interior de cavernas, minas, tubulaes, ocos de rvores, fendas de rochas, bem como edificaes urbanas (NOWAK, 1994). A espcie enquadra-se no estado de con- servao de baixo risco (IUCN, 2006). Gnero Rhinophylla Peters, 1865 So os menores membros da subfamlia Carolliinae, com trs espcies reconhecidas atual- mente: Rhinophylla alethina Handley, 1966; Rhinophylla fischerae Carter, 1966 e Rhinophylla pumilio Peters, 1865. At o momento foram registradas ocorrncias das duas ltimas no Brasil (PERACCHI et al., 2006). Rhinophylla fischerae Carter, 1966 H registros desta espcie para o Brasil, Colmbia, Equador, Peru e Venezuela. A localida- de tipo encontra-se no Peru (SIMMONS, 2005). No Brasil, a espcie foi registrada nos Estados do AC, AM, PA e RO (PERACCHI et al., 2006). Rhinophylla fischerae possui medida do an- tebrao variando de 29,0 a 34,0 mm (BURTON & ENGSTRON, 2001), folha nasal bem desen- volvida (comprimento duas vezes maior que a lar- gura) e lanceolada, membrana interfemural esten- dendo-se at o meio da tbia, com plos conspcu- os nas bordas (RINEHART & KUNZ, 2006), calcneo medindo aproximadamente 5 mm, sem cauda, plos dorsais de colorao marrom claro, com a base esbranquiada, plos ventrais de co- lorao marrom acinzentada, com a base esbranquiada e peso corporal variando de 5 a 11g (BURTON & ENGSTRON, 2001). a nica es- pcie do gnero com um diastema entre o incisivo lateral superior e o canino superior (RINEHART & KUNZ, 2006). GARDNER (1977a) sugere que a dieta 104 Morcegos do Brasil da espcie seja composta principalmente por fru- tos e, ocasionalmente, insetos. GRAHAM (1987) capturou fmeas pre- nhes de R. fischerae entre junho e julho na Amaz- nia peruana. BERNARD et al. (2001) e BERNARD & FENTON (2002) obtiveram uma boa taxa de cap- tura da espcie na Amaznia Central, relatando uma maior freqncia de captura em fragmentos florestais e uma freqncia menor em reas de savana e de floresta contnua primria. O estado de conservao atual para R. fischerae de baixo risco, mas a espcie est prxima (nt) de ser considerada vulnervel (IUCN, 2006). Rhinophylla pumilio Peters, 1865 H registros da espcie para os seguintes pases: Brasil, Colmbia, Equador, Guianas, Peru, Suriname e Venezuela (SIMMONS, 2005). A lo- calidade tipo da espcie encontra-se no Estado da Bahia, Brasil (SIMMONS, 2005). No Brasil, R. pumilio foi capturada nos seguintes estados: AC, AM, PA, BA, ES, MT, RO e RR (PERACCHI et al., 2006). A descrio de R. pumilio foi baseada em HUSSON (1978) e SIMMONS & VOSS (1998), sendo: comprimento cabea-corpo de 41,0 a 54,0 mm, medida do antebrao variando de 33,0 a 36,0 mm, folha nasal bem de- senvolvida (comprimento duas vezes mai- or que a largura) e lanceolada, membrana interfemural estendendo-se at o meio da tbia, sem plos conspcuos, calcneo me- dindo aproximadamente 5 mm, sem cau- da, plos dorsais de colorao marrom, com a base esbranquiada, plos ventrais de co- lorao marrom acinzentada, com a base esbranquiada, colorao negra das asas contrastando fortemente com os metacarpos e falanges esbranquiadas. Os exemplares examinados por SIMMONS & VOSS (1998) apresentaram peso corporal variando de 7,0 a 13,5g. Rhinophylla pumilio foi classificado por di- versos autores como frugvoro (REIS & PERACCHI, 1987; WILSON et al., 1996; BURTON & ENGSTROM, 2001; BERNARD, 2002; FARIA, 2006). WILSON et al. (1996), BERNARD (2002) e FARIA (2006) relataram que esta esp- cie bastante comum em formaes florestais al- teradas, sendo que WILSON et al. (1996) propu- seram a utilizao de R. pumilio, junto com os ou- tros taxa da subfamlia Carolliinae, como bioindicadores de reas degradadas. Segundo BERNARD (2002) e FARIA (2006), esta elevada densidade em reas de floresta secundria pode estar associada maior disponibilidade de alimen- to, visto que R. pumilio ingere preferencialmente frutos de espcies vegetais pioneiras, tais como Vismia spp. (Clusiaceae), Piper spp. (Piperaceae), Solanum spp. (Solanaceae), Miconia spp. (Melastomataceae) e Cecropia spp (Cecropiaceae). A dieta parece influenciar a distribuio vertical da espcie, visto que a vegetao pioneira normalmente possui porte arbustivo. Analisando a ocupao espacial, BURTON & ENGSTROM Rhinophylla sp. (Foto: Luciano F.A. Montag) 105 Ortncio Filho, H.; Lima, I.P. de & Fogaa, F.N.O. Captulo 06 - Subfamlia Caroiliinae (2001) e BERNARD (2002) verificaram que R. pumilio possui o hbito de voar a baixas altitudes, explorando o ambiente principalmente no nvel do sub-bosque, tendo includo a espcie na guilda dos frugvoros de sub-bosque (understorey frugivore). Rhinophylla pumilio possui o hbito de abri- gar-se em tendas formadas pela dobradura de fo- lhas de rvores (CHARLES-DOMINIQUE, 1993; ZORTA, 1995; SIMMONS & VOSS, 1998). CHARLES-DOMINIQUE (1993) e SIMMONS & VOSS (1998), trabalhando na Guiana Francesa, encontraram R. pumilio em folhas de Atalea sp., Astrocaryon sp., Philodedron sp., Rhodospatha sp., Sterculia sp. e Phenakospermum sp. J ZORTA (1995), trabalhando no Estado do Esprito Santo, encontrou R. pumilio abrigando-se em folhas de Musa sp. e Heliconia sp. O nmero de morcegos utilizando os abrigos variou de um a cinco, tendo sido observadas diversas composies da colnia em relao ao sexo e idade dos indivduos (ZORTA, 1995; SIMMONS & VOSS, 1998). Os autores supra citados no puderam concluir se R. pumilio era a espcie responsvel pela modificao das folhas, ou se utilizava as tendas formadas por outras espcies de morcegos. Na Amaznia foram encontradas fmeas grvidas nos meses de maro e julho (REIS & PERACCHI, 1987) e janeiro e agosto (BERNARD, 2002). Fmeas lactantes foram cap- turadas no ms de agosto (REIS & PERACCHI, 1987) e nos meses de outubro, novembro, feverei- ro e abril (BERNARD, 2002). Segundo BERNARD (2002), este fato um indicativo de poliestria bimodal da espcie, com os perodos de maior atividade reprodutiva ocorrendo no meio da estao chuvosa (bimestre janeiro/fevereiro) e no final da estao seca (bimestre julho/agosto). O estado de conservao para R. pumilio de baixo risco (IUCN, 2006). Agradecimentos Agradecemos ao Dr. Nlio Roberto dos Reis pela oportunidade de conduzirmos este cap- tulo, PhD. rica Marisa Sampaio-Czubayko e ao Bilogo Marcos Magalhes pelas crticas e suges- tes que melhoraram a clareza do manuscrito, FAPERJ pelo apoio financeiro na concesso de bolsa de estudo (processo E-26/152.621/2005) durante o desenvolvimento deste trabalho (IPL), ao Luciano F. A. Montag pela cesso da foto deste cap- tulo e ao Dr. Miguel Fecchio pela reviso do texto. 106 Morcegos do Brasil 107 Zorta, M. Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae Os estenodermatneos formam um grupo monofiltico (WETTERER et al., 2000) e com- pem a subfamlia mais numerosa com 67 espci- es das 161 descritas para a famlia Phyllostomidae (SIMMONS, 2005). Mais uma espcie deve ser acrescida subfamlia em virtude do restabelecimento de Artibeus planirostris como txon vlido. SIMMONS (2005) reconhece duas tribos dentro da subfamlia: a Sturnirini que inclui os morcegos do gnero Sturnira e a Stenodermatini englobando as demais espcies. Dos 17 gneros conhecidos dentro da subfamlia, 12 ocorrem no Brasil, totalizando 33 espcies que so comentadas abaixo. Os estenodermatneos apresentam tama- nho pequeno a grande com a amplitude do ante- brao que vai de 25 mm em Ametrida at 75 mm em grandes Artibeus. Apresentam geralmente lis- tas claras faciais. Em algumas espcies as listas faciais podem ser desde bastante evidentes a fra- camente perceptvel. Nos morcegos do gnero Sturnira, Centurio, Ametrida, Pygoderma, Sphaeronycteris Captulo 07 Subfamlia Stenodermatinae e em Artibeus concolor estas listas so ausentes. Al- gumas espcies apresentam ainda uma lista medi- ana mais clara percorrendo o dorso. Apresentam folha nasal de tamanho mediano; no apresentam cauda; o uropatgio no ultrapassa o comprimen- to das pernas ou mesmo podendo estar ausente em algumas espcies. Os morcegos desta subfamlia so predo- minantemente frugvoros com algumas espcies completando sua dieta com outros itens, como re- cursos florais, insetos e folhas. A preferncia por frutos, aliado ao seu comportamento de subtrai- los da planta me, levando-os a um abrigo para consumi-los, tornam estes animais excelentes dispersores de sementes de vrias espcies de plan- tas na regio Neotropical, efetuando um papel crucial na recuperao de florestas aps perturbao. Algumas espcies desta subfamlia apre- sentam um comportamento peculiar que envolve a modificao de folhas de vrias espcies (geral- mente folhas largas e grandes) em tendas que uti- lizam como abrigo. No entanto, a maioria das es- Marlon Zorta Professor do departamento de Biologia Universidade Federal de Gois 108 Morcegos do Brasil Ametrida centurio (Foto: Bernal Rodrguez Herrera) pcies utiliza outros tipos de abrigos como a vegetao das copas das rvores, grutas, ocos de rvores e edificaes para se abrigarem. O padro reprodutivo deste grupo pode variar entre as diferentes estratgias des- critas, mas h uma predominncia de um pa- dro de poliestria bimodal, embora haja dados consistentes apenas para poucas espcies. Gnero Ametrida Gray, 1847 Gnero com apenas uma espcie, A. centurio. Frequentemente relacionado a Sphaeronycteris, Centurio, Pygoderma, e a outros quatro gneros que no tem representantes registrados no Brasil Ariteus, Ardops, Phyllops e Stenoderma (LIM, 1993). Ametrida centurio Gray, 1847 Ocorre da Amrica Central, no Panam, at a Amaznia Brasileira, Andes venezuelanos, Guianas, Trinidad e Tobago e Antilhas Holande- sas (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990; SIMMONS, 2005; LEE-JR & DOMINGUEZ, 2000). Sua localidade-tipo Belm, no Par, Brasil. No Brasil est restrita Bacia Ama- znica, nos estados do Amap, Par e Amazonas e ainda na poro norte de Mato Grosso (PINE et al., 1970; BERNARD & SAMPAIO, no prelo). um morcego de pequeno porte com pro- nunciado dimorfismo sexual, sendo as fmeas bem maiores que os machos (antebrao e peso dos machos: 26 mm e 8,0 g; fmeas: 32 mm e 12,6 g) (EISENBERG & REDFORD, 1999). Apresenta um focinho curto e uma boca grande; olhos gran- des e pronunciados, com uma ris amarelada (REID, 1997). Nos machos ocorre ainda uma protuberncia sob os olhos, ressaltando o dimorfismo sexual (LEE-JR & DOMINGUEZ, 2000). As orelhas so pequenas e triangulares. O uropatgio curto e peludo apresentando franja (EMMONS & FEER, 1997). Seus plos so tricolores apresentando uma colorao geral mar- rom-plida. Apresenta mancha branca nos ombros em ambos os sexos. Espcie frugvora e de hbitos alimenta- res praticamente desconhecidos. BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE (1990) coletaram esta espcie em redes prximas a inflorescncia de uma Mimosaceae, o que sugere fazer parte da sua die- ta. O nico registro sobre a reproduo de A. centurio foi apresentado por CARTER et al., (1981), que observaram fmeas grvidas nos me- ses de julho e agosto em Trinidad. Espcie pouco capturada em inventrios. Segundo HANDLEY-JR (1976), A. centurio est associada a reas de florestas midas. Encontrada tambm em vegetao secundria e floresta decdua (REID, 1997). No Brasil, a espcie foi tambm capturada em capoeira (REIS & PERACCHI, 1987). Um estudo recente realizado na Amaznia por BERNARD & FENTON (2002) indicou uma pronunciada preferncia des- 109 Zorta, M. Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae ta espcie por reas de cerrado. Segundo a Unio Internacional para Con- servao da Natureza, Ametrida centurio apresenta baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Artibeus Leach, 1821 Trs subgneros so reconhecidos que in- clui espcies de pequeno porte (Dermanura e Koopmania) a mdio e grande porte (Artibeus). Nove das 18 espcies do gnero ocorrem no Brasil, sen- do quatro de Dermanura, quatro de Artibeus e uma espcie do subgnero monotpico Koopmania. Uma certa confuso vem acompanhando a identidade de Artibeus planirostris que, mais recentemente, vem sendo tratada como um txon vlido (ver LIM et al., 2004; HOLLIS, 2005). Desta forma, pelo me- nos boa parte dos registros no Brasil, assinalados como A. jamaicensis, deve ser creditada a A. planirostris. Artibeus anderseni Osgood, 1916 Espcie endmica Amrica do Sul en- contrada na Bolvia, Equador, Peru e oeste brasi- leiro (SIMMONS, 2005). Sua localidade-tipo Rondnia, Porto Velho, Brasil. No Brasil, h regis- tro da espcie para as regies norte (melhor docu- mentado) e o centro-oeste (Mato Grosso) (ver TAVARES et al., no prelo). Espcie pequena de Artibeus citada s ve- zes como subespcie de A. cinereus. No entanto, A. anderseni uma espcie menor e as caractersti- cas craniais separam bem as duas espcies (GON- ALVES & GREGORIN, 2004). Apresenta ta- manho similar a A. gnomus (HANDLEY-JR, 1987), podendo, no entanto, ser separada desta por uma notvel concavidade na regio posterior do rostro (GONALVES & GREGORIN, 2004). Uma fmea lactante, coletada em outu- bro na Estao Ecolgica da Serra das Araras, no Mato Grosso, mediu 38,45 mm de antebrao (GONALVES & GREGORIN, 2004). ANDERSON et al., (1982) forneceram dados do tamanho de antebrao de quatro fmeas com vari- ao de 39 a 40,2 mm. Dados bioecolgicos da espcie so raros. Apresenta hbito alimentar frugvoro. Utiliza fo- lhas modificadas em tendas como abrigo (KUNZ et al., 1994). No Brasil, sua presena foi registrada em reas de floresta, cerrado e vereda (BERNARD & FENTON, 2002; GONALVES & GREGORIN, 2004). Espcie no ameaada e com baixo risco de extino (IUCN, 2006). Artibeus cinereus (Gervais, 1856) Espcie endmica Amrica do Sul, com distribuio na poro norte do continente que inclui as Guianas, Venezuela, Brasil, Peru e Trinidad e Tobago (SIMMONS, 2005). Dentre os Artibeus de pequeno porte, a espcie mais comumente encontrada em vrios hbitats brasi- leiros. No Brasil, s no foi registrada na regio sul. Sua localidade-tipo Belm, Estado do Par, Brasil. De pequeno porte com o tamanho do an- tebrao variando de 37 a 42 mm e peso mdio em torno de 12 g paras as fmeas e 11 g para os ma- chos (SIMMONS & VOSS, 1998). Apresenta uma colorao homognea marrom-clara (ventre e dor- so). As orelhas so arredondadas com uma colora- o que vai do creme-plido ao amarronzado, com as margens mais claras. Possui conspcuas listas faciais na cabea. Alimenta-se de uma variedade de peque- nos frutos, atuando como dispersora de sementes como os mata-paus e outras figueiras (Ficus spp.). Registros provindos da Colmbia indicam um padro de poliestria bimodal como estratgia reprodutiva (WILSON, 1979). Esta espcie for- 110 Morcegos do Brasil 1 Registrado caso de atavismo na espcie com ocorrncia de dentes extranumerrios (ver RUI & DREHMER, 2004). ma pequenos grupos que utilizam a vegetao como abrigo, incluindo modificao de folhas em tendas (SIMMONS & VOSS, 1998). Habita reas de mata primria, fragmentos florestais, matas riprias e cerrado. Espcie com baixo risco de extino (IUCN, 2006), categorizada como vulnervel na lista das espcies ameaadas de extino no Esta- do do Rio de Janeiro (BERGALLO et al., 2000). Artibeus concolor Peters, 1865 Espcie endmica Amrica do Sul com distribuio no Peru, Guianas, Venezuela, Colm- bia e Brasil (SIMMONS, 2005). No Brasil, sua ocorrncia mais frequentemente registrada na regio norte, com alguns registros ainda no Piau e Cear (TAVARES et al., no prelo). Recentemente, esta espcie foi registrada para a regio centro-oes- te no Estado de Gois (ZORTA & TOMAZ, no prelo). Localidade-tipo: Paramaribo, Suriname. Possui uma colorao pardo-enegrecida com listas faciais indistintas. Fmeas parecem ser maiores que os machos (EISENBERG & REDFORD, 1999). Espcie de identificao re- lativamente fcil, com dimenses intermedirias entre os pequenos Artibeus (Dermanura) e os gran- des Artibeus (Artibeus). Menor que A. obscurus, o qual mais se assemelha em colorao. Dentre ou- tras caractersticas, destaca-se: patgio preto com regies despigmentadas entre o segundo e terceiro dedo; orelhas escuras; trago branco; pele da regio nasal, labial e ocular escura; molares 3/3; Plos do dorso longo (8-10 mm); uropatgio sem plos na parte ventral (ACOSTA & OWEN, 1993). O antebrao pode variar de 43 a 52 mm. Peso mdio de 15,7 para os machos e 19,3 para fmeas da Guiana Francesa (SIMMONS & VOSS, 1998). Espcie de hbito alimentar frugvoro que pode complementar sua dieta com folhas (BERNARD, 1997). No nordeste brasileiro foram relatadas f- meas grvidas em agosto e setembro e concomitantemente fmeas grvidas e lactantes em maro e julho (WILLIG, 1985a), indicando uma poliestria bimodal para a espcie. Encontrada em floresta primria e em cla- reiras na vegetao e em reas de cerrado relativa- mente alterado (SIMMONS & VOSS, 1998; ZORTA & TOMAZ, no prelo). Espcie relacionada como quase ameaada na lista da IUCN (2006). Artibeus fimbriatus Gray, 1838 Espcie endmica Amrica do Sul, com ocorrncia em apenas trs pases, Brasil, Paraguai e Argentina (BARQUEZ et al., 1999; SIMMONS, 2005). No Brasil, s no h registro da espcie para a regio norte (TAVARES et al., no prelo). Sua lo- calidade-tipo Morretes na Serra do Mar do Esta- do do Paran, Brasil. Apresenta grande porte com as dimenses externas intermedirias a A. planirostris e A. lituratus. O tamanho do antebrao varia de 59,4 a 71 mm (TADDEI et al., 1998) com o peso mdio de 54 g (EISENBERG & REDFORD, 1999). Sua co- lorao acinzentada com as extremidades dos p- los mais claras na parte ventral. As listas claras faciais so pouco evidentes, caracterstica esta que ajuda a diferenci-la de A. lituratus no campo. Possui folha nasal com a borda inferior soldada medianamente ao lbio, com as extremidades laterais livres e as bordas geralmente onduladas (RUI et al., 1999). ( 1) Alimenta-se primariamente de frutos, em- bora insetos e recursos florais possam compor sua alimentao. No Brasil, um estudo da dieta da esp- cie revelou o consumo mais freqente de frutos de 111 Zorta, M. Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae Cecropiaceae, Moraceae, alm de Solanaceae, Piperaceae e Curcubitaceae (PASSOS et al., 2003). Dados da floresta atlntica indicam um padro de poliestria bimodal para a espcie, com dois nascimentos por perodo reprodutivo (FAZZOLARI-CORREA, 1995). Ocorre em reas de florestas, especialmen- te da Mata Atlntica, ocorrendo raramente em re- as urbanas. Posicionada na categoria de baixo risco de extino, mas quase ameaada (IUCN, 2006). Artibeus glaucus Thomas, 1893 Distribui-se desde o sul do Mxico at o Peru, Bolvia, Guianas, Granada e Brasil (BERNARD & FENTON, 2002; SIMMONS, 2005). No Brasil, h poucos registros da espcie, sendo observada uma distribuio disjunta com uma mancha na regio Amaznica (Par e Roraima - BERNARD & SAMPAIO, no prelo) e outra no sul do Brasil (Santa Catarina e Rio Grande do Sul - MARINHO-FILHO, 1996). Localidade-tipo: Chauchamayo, Junn, Peru. uma das menores espcies do gnero com antebrao aproximadamente entre 37 a 42 mm (SWANEPOEL & GENOWAYS, 1979; HANDLEY-JR, 1987). H uma grande sobreposio de tamanho com A. cinereus. Dados bioecolgicos da espcie pratica- mente ausentes. Assim como os demais membros do subgnero Dermanura, deve se alimentar de fru- tos e se abrigar em folhagem na mata. Um espci- me da Venezuela estava lactante em agosto (WIL- SON, 1979). Segundo IUCN (2006) a espcie no est ameaada de extino. Artibeus gnomus Handley, 1987 Endmica Amrica do Sul esta espcie foi registrada no Equador, Peru, Bolvia, Venezuela, Brasil e Guianas (BERNARD & FENTON, 2002; SIMMONS, 2005). No Brasil, s no foi registrada na regio sul (TAVARES et al., no prelo). Sua distribuio mais austral o Estado do Esprito Santo (AGUIAR et al., 1995). Localidade-tipo: El Manaco, Bolvar, Venezuela. Esta espcie, descrita relativamente re- cente, foi considerada um sinnimo de A. glaucus por KOOPMAN (1993). Porm, apresenta carac- tersticas realmente distintas que lhe garante a va- lidade taxonmica. Este morcego possui uma pelagem dorsal castanho-clara, com o ventre mais claro; as listas faciais no so muito evidentes; no campo desta- ca-se pela colorao amarela das orelhas, do trago e da base da folha nasal. a menor espcie de Artibeus do Brasil com antebrao variando de 34,0- 38,3 mm (AGUIAR et al., 1995). Espcie de hbito frugvoro com dieta pouco conhecida. No Brasil, esta espcie se ali- menta de frutos de figueiras (AGUIAR et al., 1995). Artibeus gnomus abriga-se em folhas modificadas (tendas) de vrias espcies (TIMM, 1987; CHARLES-DOMINIQUE, 1993). No foram encontrados dados reprodutivos sobre este morcego. Ocorre em ambientes florestais (mata pri- mria, secundria e reas em recuperao) e ainda em cerrado (BROSSET & CHARLES- DOMINIQUE, 1990; SIMMON & VOSS, 1998; BERNARD & FENTON, 2002). Espcie sem avaliao do status de con- servao (IUCN, 2006). Artibeus lituratus (Olfers, 1818) Esta espcie largamente distribuda na regio Neotropical ocorrendo do Mxico at o norte da Argentina, Bolvia, Trinidad e Tobago, 112 Morcegos do Brasil Villa Viosa), Brasil. Endmica Amrica do Sul, com ocorrncia na Venezuela, Colmbia, Guianas, Equador, Bolvia, Peru e Brasil (SIMMONS, 2005). No Brasil encontrada em pelo menos 18 estados de todas as macro-regies (TAVARES et al., no prelo). Possui colorao uniforme enegrecida e listas faciais imperceptveis ou mesmo ausentes. Plo do dorso escuro e maior que 8 mm. A folha nasal alta e larga; antebrao peludo; asa mais escura entre o segundo e o terceiro dedo; poucas e pequenas verrugas ornamentais no queixo (HAYNES & LEE-JR, 2004). Dados biomtricos da espcie so escassos. SIMMONS & VOSS (1998) fornecem medidas de 25 fmeas e nove machos da Guiana Francesa. O antebrao variou de 55,4 a 65,0 mm em ambos os sexos e o peso dos machos variou de 30,5 a 39,2 g. (3) Possui hbitos frugvoros, embora pouco se conhea de sua dieta. Igualmente pouco conhe- cida so suas estratgias reprodutivas. DAVIS & DIXON (1976) relata atividade reprodutiva de outubro a novembro em exemplares do Peru. F- meas grvidas foram observadas nos primeiros meses do ano no Equador com nascimentos ocor- rendo em abril (ALBUJA, 1999). Esta espcie parece estar bem associada a ambientes de floresta primria e a ambientes midos (HANDLEY-JR, 1976; SIMMONS & VOSS 1998), embora possa ser observada tam- bm em reas urbanas de pequenos vilarejos cos- teiros no sudeste brasileiro (observao pessoal). MARES et al., (1981) assinala a espcie para a Caatinga. Abriga-se sob folhagem e em salincias de cascas de troncos no totalmente desprendidas das rvores (SIMMONS & VOSS 1998). Espcie com baixo risco de extino, mas considerada quase ameaada (IUCN, 2006). 2 H registros de ocorrncia de dentes extranumerrios, incluindo um terceiro molar, o que torna este carter frgil na identificao da espcie (ver RUI & DREHMER, 2004). 3 Pode ocorrer polimorfismo com ausncia do terceiro molar (SIMMONS & VOSS 1998). Pequenas Antilhas, Ilhas Trs Marias e em todas as regies do Brasil (SIMMONS, 2005; TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: Assuno, Paraguai. uma das espcies mais conhecidas no Brasil devido a sua alta abundncia em quase toda rea de distribuio, com presena destacada em ambientes urbanos. Apresenta grande porte com antebrao podendo passar de 75 cm (VIZOTTO & TADDEI, 1973) e peso acima de 75 g (obs. pes.). Apresenta uma colorao predominan-te- mente marrom-chocolate, embora possa ocorrer variao regional com indivduos mais acinzentados. As listas brancas faciais so conspcuas. (2) Apresenta uma dieta variada, embora a frugivoria predomine como hbito principal, con- sumindo frutos de vrias espcies (GARDNER, 1977a). Alimenta-se ainda de insetos como besou- ros, recursos florais e ainda folhas (ZORTA & MENDES, 1993; ZORTA & CHIARELLO, 1994). Formam agrupamentos polignicos. Se- gundo WILSON (1979), o perodo reprodutivo de A. lituratus varia geograficamente e, no Brasil, pode apresentar um padro de poliestria bimodal com um pico de fevereiro a maro e outro de outubro a novembro (BREDT et al., 1996). Abriga-se nas copas das rvores, sob fo- lhas de palmeiras e outras plantas. Encontrada em ambientes conservados, embora seja uma das es- pcies mais bem adaptadas a ambientes alterados e urbanos (ZORTA & CHIARELLO, 1994; BREDT & UIEDA, 1996). Espcie no considerada ameaada de extino (IUCN, 2006). Artibeus obscurus (Schinz, 1821) Espcie descrita da Bahia (Rio Peruhype, 113 Zorta, M. Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae Artibeus planirostris Spix, 1823 A validade do nome A. planirostris moti- vo atual de controvrsia (ver TAVARES et al., no prelo). Neste trabalho seguimos recomendaes de LIM et al., (2004a) que considera A. planirostris um txon vlido. Sua distribuio abarca desde a por- o ao sul do Rio Orinoco (Venezuela) e leste dos Andes at o norte da Argentina. Localidade-tipo; Cidade da Baia, (hoje Salvador), Bahia. um Artibeus de tamanho mdio. HOLLIS (2005) fornece uma amplitude de 62 a 73 mm para o antebrao e BARQUEZ et al., (1993) um peso de 40 a 69 g. Espcimes do Cerrado brasileiro po- dem apresentar antebrao menor que 62 mm (ob- servao pessoal). Possui colorao acinzentada e listas faciais quase imperceptveis. As orelhas so pequenas de pontas arredondadas; o trago curto. Apresenta folha nasal bem desenvolvida com por- o mdio-basal livre; uropatgio com poucos p- los e sem cauda (HOLLIS, 2005). Apresenta hbito predominantemente frugvoro, embora consuma menos frequentemen- te recursos florais (plen/nctar) e insetos. Estudos com A. j amaicensis (= A. planirostris) no Brasil indicam um padro poliestrico para a espcie (TADDEI, 1976; WILLIG, 1985b). Habita reas florestadas, fragmentos de mata e ambientes xeromrficos como o cerrado e a caatinga (HOLLIS, 2005). Esta espcie muito abundante no Cerrado e na Amaznia (ZORTA, 2002; BERNARD & FENTON, 2002). Espcie relativamente comum e no ameaada de extino (IUCN, 2006). Gnero Chiroderma Peters, 1860 Gnero com cinco espcies conhecidas, das quais, trs espcies ocorrem no Brasil. Apre- senta como caracterstica peculiar a ausncia dos ossos nasais. Chiroderma doriae Thomas, 1891 Espcie endmica Amrica do Sul com ocorrncia no Brasil e Paraguai. Des- crita de Minas Gerais, sua distribui- o abrange as regies sul, sudeste, centro-oeste e nordeste no Brasil (TAVARES et al., no prelo). Conheci- da preliminarmente da Mata Atlnti- ca, esta espcie tem sido registrada tambm no Pantanal de Mato Grosso (BORDIGNON, 2005b), no Mato Grosso do Sul (GREGORIN, 1998a) e em ambientes mais secos do Cerra- do de Minas Gerais (PEDRO & TADDEI, 1997). Apresenta quatro listas faciais bem distintas com plos totalmente brancos. Uma lista branca se estende da base da cabea a toda regio dorsal do corpo. Colorao geral pardo- acinzentada com plos tricolores. Os Artibeus planirostris (Foto: Marlon Zorta) 114 Morcegos do Brasil olhos so proeminentes e o uropatgio bem de- senvolvido. O tamanho do antebrao varia de 49,5 a 55,5 mm (EISENBERG & REDFORD, 1999). Espcie frugvora com especializao morfolgica para o consumo de frutos de figuei- ras, incluindo polpa e contedo das sementes (NO- GUEIRA & PERACCHI, 2002; 2003). Apesar de no haver dados reprodutivos consistentes e de longo prazo em populaes de C. doriae, sugerido um padro sazonal poliestrico bimodal para a espcie (TADDEI, 1980; PERACCHI et al., 2006). Est relacionada a ambientes florestais de mata primria e secundria a ambientes xeromrficos, ocorrendo tambm em reas urbanas (ESBRARD et al., 1996b; PEDRO & TADDEI, 1997). Espcie considerada ameaada de extino pela IUCN (2006), categorizada como vulnervel. Considerada ainda como vulner- vel nas listas regionais dos estados do Rio de Ja- neiro, So Paulo e Paran (ZORTA & AGUIAR, no prelo), considerada ainda quase ameaada em Minas Gerais (lista atualizada em elaborao). Chiroderma trinitatum Goodwin, 1958 Ocorre do Panam at a Amaznia brasi- leira, Bolvia, Peru e Trinidad e Tobago. No Bra- sil, est restrita a regio norte dos estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso e Par (BERNARD & SAMPAIO, no prelo). Localidade-tipo: Cumaca, Trinidad, Trinidad e Tobago. a menor espcie do gnero com ante- brao medindo entre 38 e 43 mm e o peso de 13 a 15 gramas (EMMONS & FEER, 1997). Apresen- ta as listas claras faciais e a dorsal conspcuas como em C. doriae. Apresenta uma colorao geral parda. Muito pouco se conhece da histria natu- ral desta espcie. Como os demais membros do gnero, apresenta uma dieta baseada em frutos. No existem dados adequados sobre a reproduo desta espcie. WIL- SON (1979) relata fmeas grvidas no final da estao seca e no incio da esta- o chuvosa. Est associada a ambientes florestais principalmente de mata prim- ria e clareiras na vegetao (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990; SIMMONS & VOSS 1998), ocorrendo tambm nos cerrados amaznicos (BERNARD & FENTON, 2002). Esp- cie muito rara no Brasil. Apenas um ni- co indivduo foi capturado numa amos- tra de quase quatro mil indivduos, na re- gio de Alter do Cho, no Par (BERNARD & FENTON, 2002). Espcie considerada no ameaada de extino (IUCN, 2006). Chiroderma trinitatum (Foto: Ben Rinehart) 115 Zorta, M. Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae Chiroderma villosum Peters, 1860 Espcie distribuda do sul do Mxico ao sul do Brasil no Paran, com ocorrncia tambm na Venezuela, Colmbia, Suriname, Bolvia, Peru, Guiana Francesa, Trinidad e Tobago. No Brasil, ocorrem em pelo menos 18 estados de todas as macro-regies (TAVARES et al., no prelo). A loca- lidade-tipo deste txon est designada apenas como Brasil. Pelagem dorsal longa com colorao parda que no contrasta com os plos do ventre. As listas faciais so indistintas ou ausentes. Apresenta tama- nho intermedirio entre C. doriae e C. trinitatum com amplitude do antebrao de 44 a 49 mm (SWANEPOEL & GENOWAYS, 1979; SIMMONS & VOSS, 1998). Espcimes da Guiana Francesa apresentaram peso entre 20 e 27 gramas, com fmeas mais pesadas que os machos (SIMMONS & VOSS, 1998). Espcie frugvora, e assim como C. doriae, apresenta uma estratgia diferenciada de predao de sementes de Ficus (NOGUEIRA & PERACCHI, 2003). Os dados reprodutivos da espcie no so conclusivos quanto ao tipo de padro, porm TADDEI (1980) sugere uma poliestria para a espcie. Ocorrem em vrios hbitats estando as- sociada a ambientes midos de florestas e reas de Cerrado como o cerrado stricto sensu, veredas e cerrado amaznico (HANDLEY-JR, 1976; SIMMONS & VOSS, 1996; BERNARD & FENTON, 2002; GONALVES & GREGORIN, 2004). Espcie no ameaada segundo a IUCN (2006), mas considerada presumivelmente ameaada de extino no Estado de So Paulo e categorizada em Dados Deficientes no Estado do Paran (ZORTA & AGUIAR, no prelo). Gnero Enchisthenes K. Andersen, 1906 Gnero monotpico com ape- nas uma espcie (E. hartii). Classifi- cada previamente dentro do gnero Artibeus, quando de sua descrio, foi removida e colocada num novo gne- ro (Enchisthenes) por ANDERSEN (1906); Mais recentemente, anlises genticas e morfomtricas tem esta- belecido Enchisthenes como txon v- lido (ver ARROYO-CABRALES & OWEN, 1997). Enchisthenes hartii (Thomas, 1892) Ocorre do sul dos Estados Unidos, passando por toda a Amrica Central e norte da Amrica do Sul at Chiroderma villosum (Foto: Ben Rinehart) 116 Morcegos do Brasil o Brasil, Bolvia e Trinidad e Tobago (ARROYO- CABRALES & OWEN 1997; SIMMONS, 2005). No Brasil, esta espcie foi registrada apenas no estado de Rondnia (TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: Port of Spain, Trinidad, Trinidad e Tobago. Apresenta colorao geral escura; cabea e orelhas enegrecidas com listas faciais curtas de tom marrom-plido; folha nasal estreita e bem cur- ta; uropatgio bem curto medindo no mximo 4 mm na poro mediana. De porte mdio com as dimenses de antebrao e peso em torno de 39 mm e 17 g, respectivamente (EISENBERG & REDFORD, 1999). Os machos e as fmeas so do mesmo tamanho. Espcie de hbito frugvoro com prefe- rncia por frutos de Ficus. Como boa parte das espcies de quirpteros, no h dados de longo prazo sobre a reproduo desta espcie. ARROYO-CABRALES & OWEN (1997) sugerem uma reproduo conti- nuada ao longo do ano. Esta espcie mais comum na parte nor- te de sua rea de distribuio. Na Amrica do Sul esta espcie foi encontrada associada a reas mi- das de floresta densa e tambm em matas secas deciduais. Este morcego tem sido capturado frequentemente em reas abertas e sobre cursos dgua (ARROYO-CABRALES & OWEN 1997). Espcie no considerada ameaada de extino (IUCN, 2006). Gnero Mesophylla Thomas, 1901 Gnero com apenas uma es- pcie (M. macconnelli). Vrias discus- ses vm sendo travadas acerca do posicionamento taxonmico da esp- cie, com sugestes de incluso do txon especfico dentro dos gneros Ectophylla e Vampyressa (ver KUNZ & PENA, 1992 para uma discusso mais detalhada). Mesophylla macconnelli Thomas, 1901 Este gnero monotpico e sua distribui- o inclui a Amrica Central da Nicargua at Trinidad e Tobago, Peru, Bolvia e Amaznia Bra- sileira (SIMMONS, 2005). No Brasil, os registros da espcie esto concentrados na regio norte (TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: Mon- tes Kanuku, Distrito de Essequibo, Guiana. Recentemente a espcie foi encontrada no Cerrado do Brasil Central (ZORTA & TOMAZ, no prelo). Dentre suas caractersticas morfolgicas destaca-se a cor amarelo-brilhante das orelhas e da folha nasal. Apresenta colorao geral acinzentada no ventre e mais escura e parda no dorso. Possui plos esparsos e maiores na base do antebrao e no patgio prximo ao corpo (KUNZ & PENA, 1992). Morcego de pequeno porte com peso de 7 a 9 g e antebrao de 29 a 33 mm (EMMONS & FEER 1997). Apresenta uma dieta composta por fru- Mesophylla macconnelli (Foto: Bernal Rodrguez Herrera) 117 Zorta, M. Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae tos, embora pouco se conhea sobre os itens ali- mentares que consome. Dados fornecidos por KUNZ & PENA (1992) indicam um padro poliestrico para a espcie. Embora largamente distribudo, este mor- cego localmente incomum em toda sua rea de distribuio. A maior parte dos registros associa esta espcie ambiente midos de florestas sem- pre-verdes, embora tenha sido registrada tambm em ambientes mais secos como os lhanos venezuelanos e os cerrados da Amaznia e da re- gio centro-oeste do Brasil (KUNZ & PENA, 1992; BERNARD & FENTON, 2002; ZORTA & TOMAZ, no prelo). Espcie no ameaada de extino (IUCN, 2006). Gnero Platyrrhinus Saussure, 1860 Das quatorze espcies reconhecidas (VELAZCO, 2005), cinco ocorrem em territrio brasileiro. Platyrrhinus foi substitudo por Vampyrops por Peters por acreditar que o nome estava preo- cupado por Platyrrhinus Schellenberg, 1798 (um r apenas), denominando um besouro. No entanto, o nome genrico Platyrrhinus foi revalidado por GARDNER & FERRELL (1990) dada sua priori- dade. Platyrrhinus brachycephalus (Rouk & Carter, 1972) Espcie endmica Amrica do Sul. Ocorrncia registrada nos pases da poro norte: Colmbia, Venezuela, Guianas, Equador e Peru, alm de Bolvia e Brasil. Registrada em trs esta- dos brasileiros da regio norte (Acre, Amazonas e Par) (BERNARD & SAMPAIO, no prelo). Loca- lidade-tipo: Huanaco, Peru. Apresenta folha nasal desenvolvida e no possui cauda. H uma grande variao individual na colorao que vai do marrom ao cinza na parte dorsal, com o ventre um pouco mais claro (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990). Lista clara dorsal conspcua amarronzada; listas claras faciais presentes e perceptveis; antebrao em torno de 40 mm e peso 16 g (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990; EISENBERG & REDFORD, 1999). Espcie predominantemente frugvora. Seus hbitos alimentares so pouco conhecidos. Dados reprodutivos so escassos. Fmeas grvi- das foram observadas em fevereiro na Venezuela e em agosto no Peru. Sua ocorrncia tem sido re- gistrada em zonas costeiras da Guiana Francesa (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990) e em reas de floresta, fragmentos de mata e cerra- do na Amaznia (BERNARD & FENTON, 2002). Espcie considerada no ameaada de extino (IUCN, 2006). Platyrrhinus helleri (Peters, 1866) Este morcego distribui-se do Mxico (Oaxaca e Veracruz) at o Peru, Bolvia, Brasil,Guianas (FERREL & WILSON, 1991) e Trinidad (SIMMONS, 2005). No Brasil, s no h registro da espcie na regio sul (TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: Mxico. Platyrrhinus helleri e P. brachycephalus so os menores morcegos do gnero. A mdia do ante- brao de P. helleri entorno de 38 mm e o peso entre 13 e 16 g (EMMONS & FEER, 1997; EISENBERG & REDFORD, 1999). Apresenta colorao geral de pardo a bege; as listas faciais so conspcuas de cor branca ou creme; apresenta uma franja de plos na borda do uropatgio; orelhas arredondadas e folha nasal desenvolvida com proeminncia mediana em for- ma de lana (FERREL & WILSON, 1991). Encontrada com maior freqncia em al- 118 Morcegos do Brasil titude inferior a 1000 metros (FERREL & WILSON, 1991). Esta espcie considerada um frugvoro de copa es- pecialista em figos silvestres (BONACCORSO, 1979), embora pos- sa incluir outros frutos e tambm inse- tos em sua dieta (FERREL & WIL- SON, 1991). Segundo FLEMING et al., (1972), P. helleri possui poliestria bimodal como padro reprodutivo. Apresenta uma maior abun- dncia em reas de mata primria e ripria, embora ocorra tambm no cer- rado (BROSSET & CHARLES- DOMINIQUE, 1990; SIMMONS & VOSS, 1998; BERNARD & FENTON, 2002). Espcie considerada no ameaada de extino (IUCN, 2006). Platyrrhinus infuscus (Peters, 1880) Espcie endmica Amrica do Sul de distribuio restrita a poucos pases da poro norte (Colmbia, Equador, Peru e Bolvia), incluindo parte da bacia Amaznica no noroeste do Brasil (SIMMONS, 2005). BERNARD & SAMPAIO (no prelo) relatam registros desta espcie para os esta- dos do Acre e Amazonas no Brasil. Localidade- tipo: Hac. Ninabamba, Hualgayac, Cajamarca, Peru. Apresenta pelagem plido-amarelada com o ventre mais claro; franja de plos da membrana interfemural pouco distinta; listas faciais e dorsal pouco perceptveis (FERREL & WILSON, 1991). Maior espcie do gnero registrada para o Brasil, com a mdia do antebrao em torno de 55 mm (SWANEPOEL & GENOWAYS, 1979). Pouco se sabe sobre a histria natural da espcie. Apresenta hbito alimentar frugvoro. Uma fmea grvida e trs lactantes foram observadas em maro na Colmbia (WILSON, 1979). Consta como em baixo risco de extino, mas quase ameaada na lista da IUCN (2006). Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) Espcie endmica Amrica do Sul e de ampla distribuio no continente, com registros para Colmbia, Peru, Equador, Guiana Francesa, Suriname, Bolvia, Brasil, Uruguai Argentina e Paraguai (WILLIG & HOLLANDER, 1987; SIMMONS, 2005). No Brasil, ocorre em todos os biomas, sendo rara apenas na Amaznia. Nos ou- tros biomas a espcie do gnero mais comumente registrada nos levantamentos faunsticos. Locali- dade-tipo: Assuno, Paraguai. Como caracterstica morfolgica externa, apresenta as listas faciais e a dorsal conspicuamente brancas; pelagem de colorao geral cinza escuro Platyrrhinus infuscus (Foto: Ben Rinehart) 119 Zorta, M. Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae a marrom-chocolate; orelhas arredondadas do mesmo tamanho da cabea; folha nasal desenvol- vida e lanceolada. As medidas de antebrao de espcimes brasileiros variam de 43 a 50 mm (VIZOTTO & TADDEI, 1973). Machos e fme- as do Cerrado, no Cear, apresentaram peso m- dio de 23 e 26,5 g, respectivamente (WILLIG, 1983). Embora predominantemente frugvora, esta espcie se alimenta tambm de insetos, nc- tar, plen e folhas (WILLIG & HOLLANDER, 1987; ZORTA, 1993). Dados de reproduo in- dicam uma reproduo prolongada com sugesto de um padro poliestrico bimodal (TADDEI, 1980; WILLIG, 1985b). Abriga-se em grutas e tambm sob a fo- lhagem densa da floresta, incluindo folhas de pal- meiras e outras plantas (WILLIG & HOLLANDER, 1987). Pode ser encontrada des- de ambientes midos, como as matas riprias e flo- resta atlntica, como em ambientes mais xeromrficos como a Caatinga e o Cerrado. Espcie considerada no ameaada de extino (IUCN, 2006). Platyrrhinus recifinus (Thomas, 1901) Espcie endmica ao Bra- sil, tendo como localidade-tipo a cidade de Recife, Pernambuco, Brasil. Registrada para todos esta- dos da regio sudeste, alm da Paraba, Pernambuco, Alagoas e Bahia, na regio nordeste (TAVARES et al., no prelo). Uma extenso da distribuio da espcie est em curso, incluindo registro nos estados do Cear e Santa Catarina (VICENTE et al., submetido). Ocor- re nos biomas Mata Atlntica e Cerrado. Apresenta as listas faciais conspcuas com o par superior bem largo estendendo-se da base dor- so-lateral da folha nasal at as orelhas. O par inferior menos evidente. Lista dorsal branca estendendo-se das orelhas at a base do uropatgio. Folha nasal maior que P. helleri com margens crenuladas na base. Colo- rao geral do dorso marrom-escura a cinza; ventre mais claro que o dorso. Apresenta tamanho interme- dirio entre P. helleri e P. lineatus, com medidas mais prximas a P. lineatus. Nesta espcie a amplitude do antebrao vai de 36,3 a 40,5 mm, com um indicativo de variao clinal (espcies mais a sul apresentando medidas maiores) (VICENTE et al., submetido). Pouco se sabe sobre a histria natural da espcie, mas deve se tratar de um frugvoro com hbitos prximos aos demais morcegos do gnero. Espcie ameaada de extino posicionada na categoria vulnervel (IUCN, 2006). Consta na lista das espcies ameaadas de extino no Brasil (MACHADO et al., 2005) e nas listas regionais dos estados do Rio de Janeiro e So Paulo (ZORTA & AGUIAR, no prelo). Consi- derada quase ameaada no estado de Minas Ge- Platyrrhinus lineatus (Foto: Marlon Zorta) 120 Morcegos do Brasil rais (lista atualizada em elaborao). Gnero Pygoderma Peters, 1863 Gnero monoespecfico representado pela espcie P. bilabiatum. Frequentemente relaciona- do a Ardops, Ariteus, Phyllops e Stenoderma (WETTERER et al., 2000). Pygoderma bilabiatum (Wagner, 1843) Espcie endmica Amrica do Sul com ocorrncia no Brasil, Bolvia, Paraguai e Argenti- na (SIMMONS, 2005). Sua localidade-tipo Ipanema, So Paulo, Brasil. No Brasil, mais fre- quentemente observada na poro sul, ocorrendo em todos os estados das regies sul e sudeste e presente ainda nos estados de Pernambuco, Alagoas, Paraba e Bahia. Os dados de morfologia externa forneci- dos por WEBSTER & OWEN (1984) e EMMONS & FEER (1997) assinalam as seguin- tes caractersticas para a espcie: olhos grandes com focinho curto e largo; trago amarelo e serrilhado inserido numa orelha arredondada de tamanho mdio; uropatgio bastante piloso na parte dorsal com franja na borda; apresenta dimorfismo sexual com as glndulas faciais e as glndulas sob o quei- xo, na regio da garganta, bem desenvolvidas nos machos; plos dorsais longos tricolores com ban- das escuras no topo e na base; ombros com man- chas brancas na juno das asas. As fmeas so maiores que os machos com o antebrao dos ma- chos medindo, em mdia, 37 mm e o das fmeas 40 mm (WEBSTER & OWEN, 1984). O peso varia de 15 a 22 g (EMMONS & FEER, 1997). Espcie de hbitos alimentares e reprodutivos pouco conhecidos. Alimenta-se de frutos de vrias espcies como Maclura tinctoria, Ficus enormis e Solanum granuloso-leprosum (FARIA, 1997), tendo sido captura ainda prxima a plantas de Miconia brasiliensis e Lucuma caimito (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971). Fmeas grvidas foram observadas em fevereiro em So Paulo (FAZZOLARI-CORRA, 1995) e em agosto no Rio de Janeiro (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971). FARIA (1997) ob- servou no sudeste brasileiro que h, pelo menos, um pico de nascimento no fim da estao seca (no- vembro). Dados sobre reproduo no permitem de- finir o padro reprodutivo da espcie, mas parece haver mais de um pico reprodutivo por ano. Espcie considerada qua- se ameaada de extino, segundo a IUCN (2006). Gnero Sphaeronycteris Peters, 1882 Gnero representado por apenas uma espcie (S. toxophyllum). Filogeneticamente associado a Ametrida e Centurio (WETTERER et al., 2000). Pygoderma bilabiatum (Foto: Isaac P. Lima) 121 Zorta, M. Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae Sphaeronycteris toxophyllum Peters, 1882 Espcie endmica Amrica do Sul com ocorrncia na Colmbia, Equador, Venezuela, Peru, Bolvia e Amaznia brasileira (ALBUJA & MENA-V, 1991; SIMMONS, 2005). No Brasil s h registros para os estados do Acre e Amazonas (PERACCHI, 1986). Localidade tipo: Mrida, Venezuela (PERACCHI, 1986). Morcego de aspecto extico com grande dimorfismo sexual em medidas e formas. O ma- cho apresenta como caracterstica peculiar uma projeo carnosa horizontal na regio da testa e entre os olhos, assemelhando-se a uma viseira. Na fmea esta estrutura rudimentar. A colorao do ventre mais clara que a do dorso, que nos ma- chos vai de castanha a cinza; os plos dorsais so tricolores com base e pice mais escuros; o rostro curto e largo apresentando uma boca grande e olhos salientes; folha nasal em forma de U in- vertido; apresenta o queixo nu com dobra de pele extensiva (EMMONS & FEER, 1997). As fme- as so maiores que os machos. Antebrao de 37 a 42 mm e peso de 14 a 18 g (EMMONS & FEER, 1997; EISENBERG & REDFORD, 1999). Espcie frugvora associada a reas de flo- resta, incluindo matas riprias e hbitats mais se- cos (EISENBERG & REDFORD, 1999). Encon- trada tambm em reas antropizadas como plan- taes, pastos e pomares (EMMONS & FEER, 1997). Outros dados sobre a historia natural de S. toxophyllum so praticamente inexistentes. Uma fmea grvida foi observada em outubro na Bol- via (ANDERSON & WEBSTER, 1983). Espcie com baixo risco de extino (IUCN, 2006). Gnero Sturnira Gray, 1842 Gnero alocado anteriormente na subfamlia Sturnirinae. No entanto, estudos recen- tes no deram suporte a esta separao (LIM 1993; WETTERER et al., 2000), e o txon foi ento re- conhecido como uma tribo (Sturnirini) dentro de Stenodermatinae. Dois subgneros reconhecidos Sturnira e Corvira. SIMMONS (2005) lista quatorze espcies que foi aumentada por SNCHEZ-HERNNDEZ et al., (2005) com a descrio de S. sorianoi. Quatro espcies so registradas para o Brasil. Sturnira bidens Thomas, 1915 Ocorre desde as regies montanhosas dos Andes da Venezuela, Colmbia, Equador, Peru entrando pela Bacia Amaznica. No Brasil, h apenas um nico registro da espcie para o Esta- do do Par (MARQUES & OREN, 1987). Locali- dade-tipo: Baeza, Napo, Equador. a menor das quatro espcies de Sturnira que ocorrem em territrio brasileiro (An: 39-43mm). Pode ser facilmente diferenciada de suas congneres brasileiras pela presena de apenas um par de incisi- vos inferiores. Apresenta colorao totalmente amarronzada a acinzentada com ventre mais claro que o dorso. Os plos do dorso so maiores que o da regio ventral (8 mm e 6 mm, respectivamente). Sua dieta aparentemente restrita a fru- tos. Apresenta dois eventos reprodutivos por ano (poliestria bimodal) (MOLINARI & SORIANO, 1987). Ocorre principalmente em reas florestais mais preservadas, podendo tambm ser encontra- da em vegetao secundria visitando plantas fru- tferas em estgio de sucesso (MOLINARI & SORIANO, 1987). Espcie classificada como quase ameaada de extino (IUCN, 2006). Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810) Esta espcie ocorre nas Pequenas Antilhas 122 Morcegos do Brasil e do Mxico at a regio nordeste da Argentina, Uru- guai e Paraguai que encerra sua localidade-tipo (SIMMONS, 2005). No Brasil, distribui-se por todo o territrio (EISENBERG & REDFORD, 1999). Apresenta variao na colorao dos p- los que vai do pardo at o alaranjado. Alguns ma- chos apresentam marcadamente plos com tom laranja-vivo na altura do ombro. uma espcie de tamanho mdio (antebrao: 42,0 mm; Peso: 21 g). Apresenta uma membrana interfemural muito re- duzida e com muitos plos entre os membros pos- teriores. Os olhos so grandes. Apresenta verru- gas organizadas em meia lua no lbio inferior. Espcie relativamente abundante e de hbito predominantemente frugvoro. Apresenta certa preferncia por frutos de solanceas (Solanum spp.), embora consuma outros frutos, especialmen- te os de espcies pioneiras como os jaborandis (Piper spp.). A despeito de ausncia de adaptao a nectarivoria, S. lilium pode atuar como polinizador de algumas esp- cies de plantas (VIEIRA & CARVA- LHO-OKANO, 1996). Segundo WILSON (1979), apresenta uma poliestria bimodal com duas estaes reprodutivas no ano, embora parea que esta no seja a nica estratgia, podendo haver variao regional (ZORTA, 2002). Parece bem adaptada a modi- ficaes do hbitat, sendo encontrada em ambientes alterados em toda sua rea de distribuio, incluindo fragmentos de florestas, campos e reas desmatadas em estgio sucessional (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990; REIS et al., 2002; EVELYN & STILES, 2003). Seus abrigos incluem grutas, edificaes humanas, folhagem e ocos de rvores (GANNON et al., 1989; EVELYN & STILES, 2003). Espcie considerada no ameaada e com baixo risco de extino (IUCN, 2006). Sturnira magna de la Torre, 1966 Espcie endmica Amrica do Sul com ocorrncia no Brasil, Colmbia, Equador, Peru e Bolvia (SIMMONS, 2005). O nico registro des- ta espcie para o Brasil foi relatado por NOGUEI- RA et al., (1999) no Parque Nacional da Serra do Divisor no Acre. Possivelmente ocorre em outros em estados limtrofes, na bacia amaznica. Loca- lidade-tipo: Santa Ceclia, Rio Maniti, Iquitos, Loreto, Peru. a maior espcie do gnero que ocorre no Brasil, com antebrao entre 55 a 60 mm e peso podendo alcanar 50 g. A colorao da espcie pode variar, sendo descrito animais com plos amarelados a acinzentados. Apresenta o dorso do Sturnira lilium (Foto: Ben Rinehart) 123 Zorta, M. Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae antebrao, da tbia, do propatgio e do uropatgio bastante peludo. O calcneo curto e os ps so longos (19-21 mm); no apresenta cauda e o uropatgio bastante reduzido (TAMSITT & HUSER, 1985). Os hbitos alimentares da espcie so desconhecidos, mas certamente trata-se de um morcego predominantemente frugvoro, como as outras espcies do gnero. Pouco se sabe sobre a estratgia reprodutiva de S. magna. Duas fmeas lactantes e uma fmea em estgio inicial de gravi- dez foram observadas em julho no Acre, indican- do a ocorrncia de dois eventos reprodutivos por ano (NOGUEIRA et al., 1999). Esta espcie encontrada em regio de mata primria, borda de mata e ainda pomares (TAMSITT & HUSER, 1985). Espcie considerada quase ameaada de extino (IUCN, 2006). Sturnira tildae de la Torre, 1959 Este morcego aparentemente endmico Amrica do Sul, ocorrendo no Brasil, Guianas, Venezuela, Trinidad e Tobago, Colmbia, Equa- dor, Bolvia e Peru (SIMMONS, 2005). No Bra- sil, esta espcie deve ocorrer na maior parte dos estados, embora tenha sido registrada em apenas dez deles (TAVARES et al., no prelo). Provavel- mente um maior nmero de inventrios ir revelar novas localidades para a espcie. Localidade-tipo: Trinidad e Tobago. Apresenta as orelhas pouco maiores que a cabea. O antebrao ligeiramente maior que S. lilium (44-48 mm), embora, no campo, a separa- o das duas espcies gere confuso (SIMMONS & VOSS, 1998). A morfologia das cspides lin- guais do primeiro e segundo molar inferior parece ser uma boa caracterstica distintiva entre as duas espcies, sendo que as cspides de S. lilium se apre- sentam elevadas e com notvel entalhe, quando comparada com as cspides baixas com entalhe mais raso de S. tildae (SIMMONS & VOSS, 1998). Esta espcie possui hbito frugvoro. No Brasil, uma fmea grvida foi observada em julho (WILSON, 1979). Est associada subosque de reas florestais, podendo ser encontrada tambm em hbitats alterados como clareiras (BROSSET & CHARLES-DOMINIQUE, 1990; SIMMONS & VOSS, 1998). Os dados reprodutivos so escassos. Classificada como espcie no ameaada na lista da IUCN (2006). No Paran foi categorizada em dados deficientes (MIKICH et al., 2004), se- gundo os critrios para as listas regionais da IUCN. Gnero Uroderma Peters, 1866 Duas espcies conhecidas e ambas com ocorrncia no Brasil. Relacionada como grupo-ir- mo do clado de Platyr rhinus e Vampyrodes (WETTERER et al., 2000). Uroderma bilobatum Peters, 1866 Espcie largamente distribuda, ocorren- do do Mxico (Veracruz e Oaxaca) at o Peru, Bolvia, Guianas, Trinidad e Tobago e Brasil (SIMMONS, 2005). Registrada em todas as cinco macro-regies brasileiras e com localidade-tipo em So Paulo, Brasil (TAVARES et al., no prelo). Apre- senta colorao geral cinza a marrom-escuro com as lista brancas faciais bem pronunciadas; a mar- gem da orelha amarelada; possui uma estreita lista na metade anterior do dorso que se inicia na regio interescapular; olhos grandes; poucos plos no uropatgio (BAKER & CLARK, 1987; SIMMONS & VOSS, 1998). Baseado em medi- das de espcimes da Guiana Francesa, o tamanho mdio do antebrao ficou prximo de 43 mm e o peso variou de 14,5 a 22 g, com as fmeas mais 124 Morcegos do Brasil pesadas que os machos (SIMMONS & VOSS, 1998). Espcie predominantemente frugvora que completa sua dieta com insetos e recursos flo- rais (GARDNER, 1977a). Dados de reproduo sugerem um padro de poliestria bimodal com a fmea dando a luz a dois filhotes por ano (WILSON, 1979). Uroderma bilobatum possui o comportamen- to de modificar folhas formando tendas para se abrigar. Estas tendas asseguram proteo contra luz solar, chuvas e predadores (KUNZ et al., 1994). A maior parte dos registros de U. bilobatum foi fei- ta em altitude inferior a 600 m (BAKER & CLARK, 1987) em reas de floresta primria, mata ciliar, clareiras e tambm no Cerrado (SIMMONS & VOSS, 1998; BERNARD & FENTON, 2002; GONALVES & GREGORIN, 2004). Espcie no ameaada de extino (IUCN, 2006). Categorizada como dados deficientes no Estado do Paran (MIKICH et al., 2004). Uroderma magnirostrum Davis, 1968 Ocorre do Mxico at Amrica do Sul na Venezuela, Colmbia, Guiana, Peru, Bolvia, Equador e Brasil (LIM et al., 2004b; SIMMONS, 2005). No Brasil, encontrada mais frequente- mente na regi o norte, al m de Cear, Pernambuco, Mato Grosso, Minas Gerais, Esp- rito Santo e Rio de Janeiro. Na regio sudeste s h registros para o Estado de So Paulo e no sul ocorrem em todos os estados (TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: 10 km a Leste de San Lorenzo, Valle, Honduras. Espcie de tamanho semelhante a U. bilobatum. H alta sobreposio no tamanho do an- tebrao com a mdia igual para as duas espcies (43 mm); o peso mdio de U. magnirostrum em torno de 16 e 18 g para machos e fmeas, respectivamente (EISENBERG & REDFORD, 1999). Possui aspecto geral amarronzado, com a regio ventral da cabea, pescoo e ombros mais clara que o dorso; as listas faciais so me- nos perceptveis que em U. bilobatum; as orelhas apresentam colorao uniforme (EMMONS & FEER, 1997; EISENBERG & REDFORD, 1999). Hbitos alimentares semelhantes a U. bilobatum consumindo frutos, recursos florais e in- setos. Os dados de reproduo so fornecidos por poucos registros pontuais em toda sua rea de distribuio. Suspeita-se de um padro poliestrico bimodal (WILSON, 1979). Segundo EMMONS & FEER (1997), esta espcie est associada a florestas secas. No Brasil foi encontrada em ambientes xeromrficos na Ca- atinga e no Cerrado e msicos na Mata Atlntica e Mata Amaznica (WILLIG, 1983; BERNARD & FENTON, 2002; NOGUEIRA et al., 2003). As- sim como seu congnere, U. magnirostrum foi ob- servada se abrigando em tendas de folhas modifi- Uroderma bilobatum (Foto: Bernal Rodrguez Herrera) 125 Zorta, M. Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae cadas de palmeiras (KUNZ et al., 1994). Espcie no ameaada de extino (IUCN, 2006). Gnero Vampyressa Thomas, 1900 Seis espcies conhecidas, das quais qua- tro com distribuio em territrio Brasileiro, in- cluindo V. thyone elevada recentemente a catego- ria especfica por LIM et al., (2003). Segundo WETTERER et al., (2000) Vampyressa pode no constituir um grupo monofiltico. Vampyressa bidens (Dobson, 1878) Endmica ao continente sul americano, esta espcie ocorre nos seguintes pases: norte da Bolvia, leste do Peru e do Equador, Colmbia, Venezuela, Guianas e Brasil (LEE-JR et al., 2001). No Brasil, a espcie est restrita a bacia amazni- ca nos estados do Amap, Par, Amazonas, Acre e Rondnia (TAVARES et al., no prelo). Localida- de-tipo: Santa Cruz, Loreto, Peru. Esta espcie facilmente distinguida das demais do gnero por possuir apenas um par de incisivos inferiores. Possui uma pelagem dorsal marrom com os plos do pescoo e ombros mais plidos que o restante do corpo. Apresenta quatro listas faciais brancas proeminentes e uma mdio- dorsal que, s vezes, pouco perceptvel nos indi- vduos de colorao mais clara. Apresenta calcneo grande com ca. 50% do comprimento do p; folha nasal desenvolvida; a base da orelha, trago e folha nasal tem cor amarelo brilhante (EMMONS & FEER 1997; LEE-JR et al., 2001). As mdias do tamanho do antebrao e do peso esto em torno de 36 mm e 12 g, respectivamente (EISENBERG & REDFORD, 1999). Espcie predominantemente frugvora observada prximo a figueiras e ing no Peru (DAVIS & DIXON, 1976). Dados reprodutivos da espcie so escas- sos e no permitem a definio do padro. Fmeas grvidas foram observadas de setembro a dezem- bro no Peru e na Bolvia (ver LEE-JR et al., 2001). Esta espcie encontrada em florestas sempre-verdes, reas midas, florestas decduas, clareiras e matas em regenerao (LEE-JR et al., 2001). Observada tambm no cerrado amaznico (BERNARD & FENTON, 2002). Espcie considerada quase ameaada de extino (IUCN, 2006). Vampyressa brocki Peterson, 1968 Apresenta distribuio restrita Amrica do Sul, nas Guianas, Amaznia Brasileira, Colm- bia e Peru (SIMMONS, 2005). No Brasil, h regis- tro da espcie apenas para regio norte nos esta- dos do Amazonas, Par e Rondnia (BERNARD & SAMPAIO, no prelo; TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: Kuitaro river, Rupununi, Guiana. Espcie de pequeno tamanho com o an- tebrao em torno de 33 mm e o peso de 8 e 10 g para machos e fmeas, respectivamente. Apresen- ta a colorao do dorso marrom-claro com o ven- tre cinza; lista dorsal fracamente visvel; as listas faciais so conspcuas (SIMMONS & VOSS, 1998). Alimenta-se de frutos, embora pouco se saiba quais as espcies que utiliza. Igualmente so escassos os dados de reproduo que impedem a visualizao do padro reprodutivo da espcie (WILSON, 1979). Espcie capturada em flores- tas primrias, matas riprias e em clareiras (SIMMONS & VOSS, 1998). Espcie considerada quase ameaada de extino (IUCN, 2006). 126 Morcegos do Brasil Vampyressa pusilla (Wagner, 1843) Espcie endmica Amrica do Sul com ocorrncia no Brasil, Paraguai e Argentina (SIMMONS, 2005). Sua localidade-tipo Sepetiba, Rio de Janeiro, Brasil. Est presente em todos es- tados da regio sul e sudeste, citada ainda para os estados da Bahia, Alagoas e para o Distrito Fede- ral (TAVARES et al., no prelo). Recentemente as subespcies V. pusilla pusilla e V. pusilla thyone foram elevadas ao nvel especfico por LIM et al., (2003). Muitas das ca- ractersticas listadas na literatura para V. pusilla devem se tratar de V. thyone o que dificulta a ca- racterizao dos dados morfolgicos de cada es- pcie. Por exemplo, as medidas fornecidas por EISENBERG & REDFORD (1999), citadas para V. pusilla, provavelmente devem pertencer a V. thyone. Vampyressa pusilla apresenta colorao mar- rom-plida com listas faciais visveis; lista mdio- dorsal ausente. De pequeno tamanho, assemelha- se a V. brocki. Suas orelhas so pequenas e arre- dondadas com margem mais clara; uropatgio curto com uma franja formada pelos plos da parte dorsal; antebrao e pernas com mais plos que V. thyone; folha nasal uniformemente marrom. O ta- manho do antebrao varia de 33 a 36 mm (LIM et al., 2003). Uma fmea inativa pesou 7 g e uma grvida 12 g no Estado de So Paulo (FAZZOLARI-CORRA, 1995). Alimenta-se de frutos, provavelmente com preferncia por figos silvestres (PEDRO et al., 1997; ZORTA & BRITO, 2000). Os dados reprodutivos so escassos. Uma fmea grvida foi observada em dezembro em So Paulo e uma em junho no Paraguai (MYERS et al., 1983; FAZZOLARI-CORRA, 1995). Esta espcie abriga-se em tendas e foi ob- servada por ZORTA & BRITO (2000) utilizando folhas de Heliconia (Heliconiaceae) e Simira (Rubiaceae). Espcie naturalmente incomum e fortemente associada habitats midos de floresta e ainda ma- tas de sombreio de cacau (cabrucas) (ZORTA & BRITO, 2000; PEDRO et al., 2001; FARIA et al., 2006). Espcie no ameaada de extino (IUCN, 2006). Vampyressa thyone Thomas, 1909 Ocorre da Amrica Central no Mxico (Oaxaca e Veracruz) at a Bol- via, Venezuela, Guiana e Guiana Fran- cesa (SIMMONS, 2005). Recentemente, informaes de sua incluso no Brasil, nos estados do Amazonas, Acre e Rondnia, foram fornecidos por BERNARD & SAMPAIO (no prelo). Localidade-tipo: Chimbo, Bolvia, Equador. Vampyressa thyone (Foto: Ben Rinehart) 127 Zorta, M. Captulo 07 - Subfamlia Stenodermatinae De tamanho menor que V. pusilla, com antebrao medindo entre 30 e 34 mm. Antebrao e pernas relativamente menos pilosas que V. pusilla. Alm disso, apresenta plos dorsais mais curtos que no ultrapassam a borda do uropatgio. Apresenta folha nasal e orelhas com borda amare- lada (LIM et al., 2003). As listas claras faciais es- to presentes e a mdio-dorsal ausente. Espcie de hbito alimentar frugvoro. Observada na Costa Rica alimentando-se de fru- tos de Acnistus (Solanaceae) (HOWELL & BURCH, 1974) e, predominantemente, de frutos de figo no Panam (BONACCORSO, 1979). Espcie associada principalmente a flo- restas sempre-verdes, ocorrendo em matas riprias e outras reas midas; presente em menor intensi- dade em reas mais secas (LEWIS & WILSON, 1987). Os dados disponveis no permitem uma boa definio do padro reprodutivo da espcie, embora WILSON (1979) tenha sugerido poliestria bimodal. Fmeas grvidas tm sido observadas em vrios meses do ano (LEWIS & WIL- SON, 1987). Seu status de conservao no foi avaliado ainda, devido sua recente separao de V. pusilla. Gnero Vampyrodes Thomas, 1900. Gnero monoespecfico re- presentado por V. caraccioli. Apresen- ta-se como grupo irmo de Platyrrhinus em vrias filogenias propostas (ver WETTERER et al., 2000) Vampyrodes caraccioli (Thomas, 1889) Ocorre do Mxico ao Peru, Bolvia, Guianas, Trinidad e Tobago e Brasil (SIMMONS, 2005). Os registros desta espcie no Brasil se res- tringem a regio norte nos estados do Acre e do Par (BERNARD & SAMPAIO, no prelo) e a Mata Atlntica da regio nordeste no Estado da Bahia (FARIA et al., 2006). Localidade-tipo: Trinidad, em Trinidad e Tobago. Possui colorao marrom-clara avermelhada a acinzentada no dorso e um pouco mais clara no ventre. Apresenta quatro listas faciais brancas; a lista suborbital vai do canto da boca at a base da orelha e a superorbital da folha nasal a acima da poro da orelha; possui uma lista medi- ana dorsal evidente de cor branca que vai do topo da cabea at a base do uropatgio; apresenta fo- lha nasal bem desenvolvida. um estenodermatneo de grande porte com antebrao variando de 46,8 a 57,3 e peso de 27 a 30 g (WILLIS et al., 1990; EISENBERG & REDFORD, 1999). Alimenta-se de frutos de vrias espcies com preferncia por figos silvestres (WILLIS et al., Vampyrodes caraccioli (Foto: Ben Rinehart) 128 Morcegos do Brasil 1990). Abriga-se na vegetao em grupos pouco numerosos de dois a quatro indivduos, mudando de abrigo constantemente (EISENBERG & REDFORD, 1999). Fmeas grvidas j foram observadas em quase todos os meses do ano ao longo de toda sua vasta amplitude de distribuio (WILLIS et al., 1990). Estes dados no refletem um padro poliestrico asazonal para a espcie, devendo-se tratar apenas de diferentes estratgias adaptadas s peculiaridades ambientais locais. Esta espcie encontrada mais facilmente em elevaes inferiores a 600 m e em hbitats de florestas midas (WILLIS et al., 1990; EISENBERG & REDFORD, 1999). Espcie no ameaada de extino (IUCN, 2006). Agradecimentos Agradeo aos colegas Bernal R. Herrera, Ben Rinehart e Isaac P. de Lima pela cesso das fotos que ilustraram este captulo. Dedico este trabalho aos amigos Binael S. San- tos e Valdir A. Taddei, que nos deixaram muito cedo. 129 Reis, N.R. dos & Zanon, C.M.V. Captulo 08 - Famlia Mormoopidae A famlia Mormoopidae composta pelos gneros Mormoops e Pteronotus. Duas espcies do pri- meiro e seis do segundo so encontradas apenas na regio neotropical (FINDLEY, 1993), distribuindo- se do sul do Mxico ao nordeste do Brasil (EISENBERG & REDFORD, 1999). S o gnero Pteronotus ocorre em territrio brasileiro. Os morcegos dessa famlia eram classifica- dos em uma subfamlia de Phyllostomidae, denomi- nada de Chilonycterinae, mas, recentemente, pesqui- sas envolvendo estrutura de cromossomos, aspectos morfolgicos e caractersticas bioqumicas promove- ram a elevao do grupo categoria de famlia (SIMMONS & CONWAY, 2001; VAN DEN BUSSCHE et al., 2002). Os mormopdeos no possuem folha nasal, tm olhos pequenos (VAUGHAN et al., 2000) e lbi- os expandidos e ornados com abas e dobras, que for- mam um funil quando a boca est aberta (NOWAK, 1994); alm disso, apresentam plos espessos em tor- no do lbio superior, o que d uma aparncia de bi- gode (FENTON, 1992). Captulo 08 Famlia Mormoopidae Gnero Pteronotus Gray, 1838 O gnero Pteronotus, segundo SIMMONS (2005), compreende sete espcies: P. davyi Gray, 1838; P. gymnonotus Natterer 1843; P. macleayii (Gray, 1839); P. parnellii (Gray, 1843); P. personatus (Wagner, 1843); P. pristinus Silva-Taboada, 1974 e P. quadridens (Gundlach, 1840). O grupo diferencia-se dos outros mormopdeos porque a membrana da sua asa est unida ao corpo na linha da coluna vertebral, o que d a impresso de que no existem plos na regio dorsal (EISENBERG & REDFORD, 1999). No Brasil, so encontradas P. davyi, P. gymnonotus, P. parnellii e P. personatus. Pteronotus davyi (Gray, 1838) observada do Mxico s Pequenas Anti- lhas, Trinidad e Tobago, Peru e Venezuela. SIMMONS (2005), com base em WILLIG & MA- RES (1989), consideram errneo o registro da esp- cie para o Brasil, mas TAVARES et al. (no prelo) sus- Cibele Maria Vianna Zanon Doutoranda em Ecologia de Ambientes Aquticos - Universidade Estadual de Maring (UEM) Nelio Roberto dos Reis Professor Titular do Departamento de Biologia Animal e Vegetal Universidade Estadual de Londrina (UEL) 130 Morcegos do Brasil Pteronotus gymnonotus (Foto: J. S. Mikalauskas & P. A. da Rocha) tentam a sua ocorrncia no pas, onde teria sido en- contrada nos estados do Amap, Mato Grosso e Par. Localidade tipo: Trinidad e Tobago. a menor espcie da famlia Mormoopidae. Os machos apresentam comprimento mdio de ca- bea e corpo de 56,4 mm e as fmeas, de 57,9 mm; machos e fmeas tm peso mdio de 9,3 g e 9,6 g, respectivamente. Seu nmero cromossmico 2n = 38. A pelagem da regio dorsal marrom escura e a da ventral um pouco mais clara. Insetvora, sua dieta consiste, principalmen- te, de Coleoptera e Lepidoptera. Ocupa uma varie- dade de habitats, de florestas midas a ambientes secos e abertos (HANDLEY-JR, 1976; NOWAK, 1991). Segundo ADAMS (1989), P. davyi exibe pa- dro reprodutivo monoestro sazonal, e provavelmen- te acasala em janeiro ou fevereiro, com nascimentos em maio e a lactao estendendo-se at o final de julho. Prefere abrigar-se em cavernas midas, jun- tamente com outras espcies, como P. parnellii e v- rias de filostomdeos (NOWAK, 1991). Pteronotus gymnonotus (Natterer, 1843) Ocorre do Mxico ao Peru, Bolvia, Guianas e Brasil, onde foi observada nos estados do Amazo- nas, Gois, Mato Grosso, Par, Piau, Roraima e no Distrito Federal (SIMMONS, 2005; TAVARES et al., no prelo). Localidade tipo: Cuiab (Mato Grosso). maior que P. davyi. Os machos apresen- tam comprimento mdio de cabea e corpo de 64,3 mm e as fmeas, de 64 mm; machos e fmeas tm peso mdio de 12,6 g e 13,6 g, respectivamente. Seu nmero cromossmico 2n = 38. A colorao da pelagem assemelha-se de P. davyi. P. gymnonotus menos freqente do que as outras espcies da famlia Mormoopidae, mas pode ser encontrada em abundncia, principalmente em reas abertas e secas (HANDLEY-JR, 1976; REID, 1997). Na Venezuela, foi encontrada nesse tipo de ambiente juntamente com P. davyi (NOWAK, 1991; EISENBERG & REDFORD, 1999). Refugia-se, de preferncia, junto com outros mormopdeos, em ca- vernas, e as colnias podem chegar a mais de 1.000 indivduos (VIZOTTO et al., 1980). Os dados sobre a sua dieta so escassos, mas alguns autores sugerem que consome princi- palmente besouros, moscas e mariposas (HOWEL & BURSH, 1974; WHITAKER-JR, & FINDLEY, 1980). 131 Reis, N.R. dos & Zanon, C.M.V. Captulo 08 - Famlia Mormoopidae Pteronotus parnellii (Gray, 1843) Encontrada do Mxico Venezuela, Cuba, Jamaica, Porto Rico, Hispaniola, So Vicente, Trinidad e Tobago, Ilha La Gonave (Haiti), Guianas, Peru, Bolvia e Brasil, onde ocorre nos estados do Amazonas, Cear, Gois, Mato Gros- so, Mato Grosso do Sul, Par, Piau, Rondnia, Roraima e no Distrito Federal (TAVARES et al., no prelo).Localidade tipo: Jamaica. uma das maiores espcies do gnero. Os machos apresentam comprimento mdio de cabea e corpo de 71,7 mm e as fmeas, de 70,4 mm; machos e fmeas tm peso mdio de 20,4 g e 19,6 g, respectivamente. Seu nmero cromossmico 2n = 38. A colorao do dorso varia do preto ao marrom claro, dependendo da idade (HERD, 1983; EISENBERG & REDFORD, 1999); o indivduo, quando jovem, geralmente apresenta a pelagem escura, tornando- se clara com o avano da idade e, posteriormente, brilhante (FENTON, 1992). Insetvora, sua dieta consiste, principal- mente, de Coleoptera e Lepidoptera, e forrageia em reas de vegetao espessa e sub-bosque. Acasala no ms de janeiro, quando ambos os se- xos so encontrados juntos, e o nascimento do fi- lhote acontece em maio, quando h alimento em abundncia (EISENBERG & REDFORD, 1999). A poca do acasalamento a mesma para outras regies, como Costa Rica (LA VAL & FITCH, 1977) e Mxico (WATKINS et al., 1972). Vive, geralmente, em reas midas, mas tolera no s as florestas perenes como as deciduais (HANDLEY-JR, 1976). Habita cavernas, nas quais geralmente ocupa grandes cmaras em que a umidade alta, e pode coexistir com outras esp- cies de mor mopdeos e com filostomdeos (EISENBERG & REDFORD, 1999). H evidn- cias de que voa continuamente, desde o momento em que deixa o refgio at o seu retorno (FENTON, 1992). Pteronotus personatus (Wagner, 1843) Ocorre do Mxico Colmbia, Peru, Bo- lvia, Suriname, Trinidad e Tobago, e Brasil, onde j foi observada nos estados do Amazonas, Amap, Mato Grosso, Par, Paraba e Roraima (TAVARES et al., no prelo). Localidade tipo: So Vicente (Mato Gros- so). Apresenta semelhana com P. parnellii na morfologia, entretanto menor. Os machos apre- sentam comprimento mdio de cabea e corpo de 53,5 mm e as fmeas so maiores, com 58 mm; machos e fmeas tm peso mdio de 8 g e 7 g, respectivamente. Seu nmero cromossmico 2n = 38. Sua colorao preta. Assim como as demais espcies j cita- das, insetvora, e geralmente apanha os insetos prximo gua. Tolera diferentes tipos de habitat, desde florestas tropicais at desertos ridos (NOWAK, 1994); gregria, vive refugiada em cavernas e pode constituir colnias muito grandes, inclusive jun- tando-se com outras espcies. Apresenta padro reprodutivo igual ao das espcies anteriormente descritas. De acordo com IUCN (2006), P. parnellii, P. davyi, P. gymnonotus e P. personatus possuem esta- do de conservao de baixo risco; entretanto, se no cessar o desmatamento desenfreado no terri- trio brasileiro, provavelmente tambm estaro ameaadas. 132 Morcegos do Brasil 133 Reis, N.R. dos; Veduato, P. M. M. & Bordignon, M. O. Captulo 09 - Famlia Noctilionidae Esta famlia inclui um nico gnero Noctilio e duas espcies simptricas N. albiventris e N. leporinus. Possuem como caractersticas diagnsticas que os distinguem das outras famli- as de morcegos Neotropicais, lbio superior leporino, trs falanges no terceiro dedo, garras dos ps e calcneo desenvolvidos. Alm disso, a cau- da consideravelmente mais curta do que a mem- brana interfemural, que bem desenvolvida (HOOD & PITOCCHELLI, 1983; HOOD & JONES-JR, 1984; NOWAK, 1994; EISENBERG & REDFORD, 1999). Gnero Noctilio Linaeus, 1766 Noctilio albiventris Desmarest, 1818 A distribuio geogrfica de Noctilio albiventris bem ampla, iniciando-se pelo sul do Mxico, costa do Pacfico em Honduras, Guatemala e Nicargua na Amrica Central, e estendendo-se at o sul da Amrica do Sul, desde as Guianas, Captulo 09 Famlia Noctilionidae Nelio Roberto dos Reis Professor Titular do Departamento de Biologia Animal e Vegetal Universidade Estadual de Londrina (UEL) Priscila Mara de Moraes Veduatto Universidade Estadual de Londrina (UEL) Marcelo Oscar Bordignon Professor Adjunto III do Departamento de Cincias do Ambiente Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) pelo Paraguai, Peru, Bolvia, norte da Argentina e costa leste do Brasil (HOOD & PITOCCHELLI, 1983; NOWAK, 1994; EISENBERG & REDFORD, 1999; SIMMONS, 2005). No Brasil, a espcie distribui-se tanto em reas litorneas quanto continentais, ocorrendo nos Estados do AC, AM, AP, BA, CE, MG, MS, MT, PA, PI, PR, RR e SP. Localidade tipo: Rio So Francisco, Bahia. A espcie possui a pelagem bem curta, com a colorao bem varivel. O dorso mais escuro, variando em escala de marrom acinzentado, claro, ou dourado, a cabea e os ombros so avermelhados e o ventre mais claro, variando do cinza ao laranja. A colorao sexualmente dimrfica, sendo machos mais avermelhados e fmeas mais escuras ou pardas (HOOD & PITOCCHELLI, 1983; NOWAK, 1994; EISENBERG & REDFORD, 1999). O compri- mento da cabea e corpo de Noctilio albiventris va- ria entre 57-92 mm, o comprimento do antebrao entre 54-70 mm (NOWAK, 1994) e o peso entre 18-44 g (HOOD & PITOCCHELLI, 1983; 134 Morcegos do Brasil NOWAK, 1994). Esta espcie possui o focinho pontudo e ausncia de folha nasal; os lbios chei- os, sendo o superior um lbio leporino e o infe- rior possui dobras de pele no queixo, assemelhan- do-se a um bulldog. As orelhas so grandes, del- gadas, pontudas e separadas. A cauda longa e sua ponta livre. O calcneo grande, mas no tanto quanto em N. leporinus, que, assim como seus membros posteriores, adaptado para pescar. Pos- sui um odor almiscarado, caracterstico da Famlia (HOOD & PITOCCHELLI, 1983; NOWAK, 1994; HOOD & JONES-JR, 1984). Noctilio albiventris insetvoro (GARDNER, 1977a) e usa ecolocalizao para encontrar os insetos na superfcie ou prximo da gua. Os animais forrageiam em pequenos bandos e seu padro de atividade inclui dois picos, um aps o pr-do-sol e outro aps a meia-noite (HOOD & PITOCCHELLI, 1983; NOWAK, 1994; NOGUEIRA & POL, 1998; EISENBERG & REDFORD, 1999). Quanto reproduo, a espcie possui ci- clo poliestro bimodal, tendo sido encontradas f- meas lactantes em Minas Gerais no perodo de abril e outubro e nascimentos no incio e no final do perodo chuvoso (NOGUEIRA & POL, 1998), sendo um filhote por gestao (HOOD & PITOCCHELLI, 1983; EISENBERG & REDFORD, 1999). Os jovens comeam a voar aps 35 a 40 dias de vida e se tornam independen- tes da me aps o desmame, entre 75 a 90 dias (EISENBERG & REDFORD, 1999). Parece estar associado primariamente a florestas tropicais midas e habitts prximos a cursos dgua, abrigando-se em ocos de rvores, folhagens e construes (HOOD & PITOCCHELLI, 1983; NOWAK, 1994; EISENBERG & REDFORD, 1999). Noctilio albiventris no se encontra na lista das espcies ameaadas, para o territrio nacio- nal, de acordo com dados do MMA (2003) e da IUCN (2003,2006). Noctilio leporinus (Linaeus, 1758) Noctilio leporinus distribui-se desde o leste e oeste do Mxico, na Amrica do Norte, e se es- tende ao sul, para a Amrica do Sul, desde as Guianas e o Peru, at o norte da Argentina e Su- deste do Brasil, e compreendendo, ainda, as Bahamas e a maioria das ilhas do Caribe na Am- rica Central (HOOD & JONES-Jr, 1984; NOWAK, 1994; EISENBERG & REDFORD, 1999; SIMMONS, 2005). No Brasil, assim como Noctilio albiventris, distribui-se tanto em reas lito- rneas quanto continentais, ocorrendo nos Esta- dos do AM, AP, BA, CE, ES, GO, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Localidade tipo: Suriname. Esta espcie possui a pelagem curta, com a colorao variando do laranja claro ao escuro, ou laranja acinzentado e marrom-avermelhado ou ferrugneo, com uma faixa mediana e dorsal mais clara. O ventre mais claro do que o dorso, vari- ando do amarelo claro ao cinza ou laranja claro (HOOD & JONES-Jr, 1984; NOWAK, 1994; EISENBERG & REDFORD, 1999). De acordo com BORDIGNON & FRANA (2004), os ma- chos possuem uma variao mais ampla na colo- rao da pelagem do que as fmeas e, indepen- dente do sexo, h um escurecimento nos matizes de cor, nos indivduos adultos em relao aos jovens. O comprimento da cabea e corpo em Noctilio leporinus varia entre 98-132 mm, o compri- mento do antebrao entre 70-92 mm (NOWAK, 1994) e possui peso sempre acima de 50 g (HOOD & JONES-JR, 1984; NOWAK, 1994). , portan- to, maior que N. albiventris e suas caractersticas externas tambm se assemelham s desta espcie, com exceo de seus membros posteriores, que so maiores e mais robustos, e de suas garras e ps, que so bem mais desenvolvidos e fortes, adapta- 135 Reis, N.R. dos; Veduato, P. M. M. & Bordignon, M. O. Captulo 09 - Famlia Noctilionidae dos para a pesca (HOOD & PITOCCHELLI, 1983; HOOD & JONES-JR, 1984; NOWAK, 1994). De acordo com FISH et al. (1991) as modi- ficaes nos membros posteriores de N. leporinus surgiram a partir de adaptaes dos morcegos insetvoros primitivos. Em um estudo utilizando anlises de DNA mitocondrial, LEWIS-ORITT et al. (2001) chegaram concluso de que a piscivoria em N. leporinus recente (entre 280 e 700 mil anos atrs), tendo ocorrido a partir de um processo de especiao de um ancestral insetvoro, hbito este que se mantm em N. albiventris. Noctilio leporinus piscvoro (GARDNER, 1977a) e utiliza as longas garras de seus ps para capturar os peixes na superfcie da gua, com au- xlio da ecolocalizao, atravs da agitao que os cardumes causam na gua pelos seus movimen- tos. Seu padro de atividade semelhante ao de N. albiventris, com dois picos, um aps o pr-do- sol e outro aps a meia-noite, forrageando indivi- dualmente ou em grupos de 5 a 15 indivduos (HOOD & JONES-JR, 1984; FISH et al., 1991; NOWAK, 1994; EISENBERG & REDFORD, 1999; BORDIGNON, 2006b). BORDIGNON (2006b), estudando sua dieta, encontrou oito es- pcies de peixes, alm de insetos, crustceos e aracndeos, que complementam sua alimentao, conforme a disponibilidade de recursos durante as estaes. Neste mesmo estudo, foi observado que os hbitos alimentares dos machos e das f- meas so diferenciados, sendo que estas podem incluir mais insetos em sua dieta, do que os machos. Em outro estudo, BORDIGNON (2006c) observou que o deslocamento dos cardumes de pequenos peixes de superfcie, tais como o peixe-rei (Atherinella brasiliensis), a sardinha (Harengula clupeola) e a manjuba (Cetengraulis edentulus) influenciam a ativida- de de forrageamento, na medida em que pro- curam deslocar-se pelo ambiente, conforme o ciclo da mar. Assim como observado em N. albiventris, esta espcie tambm tem ciclo poliestro. A gestao ocorre no perodo en- tre vero e outono e inverno e primavera e os nascimentos nos meses de abril a junho e de outubro a dezembro, com um filhote por gestao (HOOD & JONES-Jr, 1984). So encontrados, sobretudo, em habitts de plancies tropicais, preferencial- mente associados a cursos dgua. Abrigam- se em colnias de dezenas e at centenas de indivduos, geralmente em ocos de rvores, cavernas e fissuras de rochas (HOOD & Noctilio leporinus (Foto: A.L. Peracchi). 136 Morcegos do Brasil JONES-JR, 1984; NOWAK, 1994; EISENBERG & REDFORD, 1999). Noctilio leporinus no se encontra na lista das espcies ameaadas, para o territrio nacio- nal, de acordo com dados do MMA (2003) e da IUCN (2003,2006). 137 Reis, N.R.dos; Gazarini, J. Captulo 10 - Famlia Furipteridae considerada uma famlia pequena, com- posta por dois gneros monoespecficos, sendo que no Brasil h registro apenas para o gnero Furipterus (NOWAK, 1994). Esta famlia encontra-se distri- buda do sul da Costa Rica at o sul do Brasil e norte do Chile e em Trindad, sendo endmica da regio Neotropical (SLAUGHTER & WALTON, 1970; EMMONS & FEER, 1990; NOWAK, 1994; VAUGHAN et. al. 2000). Estes morcegos so tam- bm conhecidos como smoky bats (SLAUGHTER & WALTON, 1970) por apresentarem uma pelagem acinzentada. So pequenos e de aparn- cia delicada, assemelhando-se, em muitas carac- tersticas, aos Natalidae e Thyropteridae. Os furipterdeos apresentam polegar reduzido e no possuem apndice nasal. So morcegos estrita- mente insetvoros, encontrados em cavernas e construes (VAUGHAN et. al. 2000). Captulo 10 Famlia Furipteridae Gnero Furipterus Bonaparte, 1837 Furipterus horrens Cuvier, 1828 Esta espcie ocorre do Sul da Costa Rica ao Peru, Guianas, Trinidad e Brasil. Sua localidade tipo o Rio Mana, na Guiana Francesa. No Brasil, foi observada nos estados do PA, AM, PI, CE, PE, BA, DF, MG, RJ, SP e SC. (TAVARES et al., no prelo) O comprimento do corpo dos indivduos varia de 59 a 76 mm, o comprimento da cauda de 24 a 36 mm, o comprimento de antebrao de 30 a 40 mm, pesando em mdia 3 g (NOWAK, 1994). Sua colorao marrom acinzentada ou cinza es- curo (VAUGHAN et al., 2000; EMMONS & FEER, 1990; NOWAK, 1994; CABRERA & YEPES, 1960; VIEIRA, 1942). Apresentam o fo- cinho truncado, com a extremidade em forma de disco e ausncia de folha nasal. As orelhas so ar- redondadas e largas, semelhantes a um funil, apre- sentando o tragus curto e de base estreita, com for- mato triangular (CABRERA & YEPES, 1960, NOWAK, 1994; VIEIRA, 1942). Plos compri- Nelio Roberto dos Reis Professor Titular do Departamento de Biologia Animal e Vegetal Universidade Estadual de Londrina (UEL) Janaina Gazarini Mestranda do Programa de Ps-Graduao em Cincias Biolgicas Universidade Estadual de Londrina (UEL) 138 Morcegos do Brasil dos e espessos recobrem toda a ca- bea at a ponta do focinho, quase ocultando a boca (VIEIRA, 1942). Possuem lbios no sulcados, com oito protuberncias semelhantes a verrugas no lbio inferior. As asas so relativamente longas, ligadas ao tarso e o patgio inteiramente recoberto por plos. O polegar reduzido est incluso na membrana antebraquial, ficando livre apenas uma pequena e fraca unha (VAUGHAN et al., 2000, EMMONS & FEER, 1990; NOWAK, 1994; CABRERA & YEPES, 1960; VIEIRA, 1942), sendo a primeira falange do dedo mdio muito curta. O calcneo longo e cartilaginoso, to comprido quanto a tbia, os ps so pequenos, com longas unhas recurvas, sendo o terceiro e quarto dedos ligados entre si. Apresentam o uropatgio largo e comprido de co- lorao marrom escura, envolvendo a cauda em quase toda sua extenso, excedendo os ps (CABRERA & YEPES, 1960). As fmeas podem ser significativamente maior que os machos e apre- sentam mamas abdominais com funo lactfera (UIEDA et al., 1980). Abrigam-se em cavernas, ocos de rvore e dentro ou sob rvores cadas em vrios estgios de decomposio, dando preferncia s reas prximas a riachos e reas midas no interior da floresta. Alimentam-se exclusivamente de insetos areos (WILSON, 1973; UIEDA et al., 1980; SIMMONS & VOSS, 1998) e, segundo NOWAK (1994), as anlises de amostras fecais sugerem que indivduos dessa espcie capturem principalmente lepidpteros. UIEDA et al. (1980), ao estudarem duas colnias no nordeste brasileiro, registraram 150 indivduos em uma delas e 250 na outra, com grupos isolados de 4 a 30 indivduos dentro de uma caverna. Seu estado de conservao de bai- xo risco (IUCN, 2006). Furipterus horrens (Foto: Andr Pol) 139 Lima, I.P. de & Gregorin, R. Captulo 11 - Famlia Thyropteridae Captulo 11 Famlia Thyropteridae A famlia Thyropteridae monotpica e endmica da Regio Neotropical sendo represen- tada pelo gnero Thyroptera (HUTSON et al., 2001). Os morcegos desta famlia so pequenos e delicados, apresentam discos adesivos na base dos polegares e nos ps (NOWAK, 1994; RISKIN & FENTON, 2001; BARNETT, 2003). A capaci- dade de aderir em folhas no exclusividade des- sa famlia, pois algumas espcies de morcegos afri- canos tais como Myotis bocagei, Glishropus nanus e Myzopoda aurita tambm utilizam as folhas enrola- das da bananeira como abrigo. A espcie M. aurita, endmica de Madagascar, tambm possui discos adesivos, mas com origem histolgica e anatmica diferentes (pulsos e tornozelos), sugerindo uma origem evolucionria independente (NOWAK, 1994). Porm, nestas espcies, os discos adesivos no so to especializados quanto nos tiropterdeos (BARNETT, 2003). Nos tiropterdeos a suco dos discos no gerada passivamente; neles existem glndulas de suor modificadas que produzem uma secreo pe- gajosa e tambm pela presena de um tendo que liga uma estrutura cartilaginosa do disco a mscu- los externos, o que ajuda a manter a forma apro- priada do disco. Estes morcegos tambm lambem seus discos para auxiliar na adeso. A combinao de suco e adeso molhada diminui gastos energticos e torna a adeso mais eficiente, possi- bilitando que um nico disco suporte o peso intei- ro do morcego (BARNETT, 2003). Assim como em Furipteridae, ocorre o sindactilismo, que a fuso entre os dedos, no caso aqui, entre o tercei- ro e o quarto dedo dos ps (NOWAK, 1994). No curso da evoluo, a especializao em utilizar abrigos com superfcies lisas fez com que os tiropterdeos perdessem a habilidade de utilizar poleiros com superfcies speras como a maioria dos morcegos, alm de ficarem aderidos nos abri- gos com a cabea voltada para cima (RISKIN & FENTON, 2001; BARNETT, 2003). Isaac Passos de Lima Doutorando do Curso de Biologia Animal do Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Renato Gregorin Professor do Departamento de Biologia Universidade Federal de Lavras (UFLA) 140 Morcegos do Brasil Gnero Thyroptera Spix, 1823 As quatro espcies atualmente reconhe- cidas so: Thyroptera devivoi Gregorin et al., 2006; Thyroptera discifera (Lichtenstein & Peters, 1855); Thyroptera lavali Pine 1993 e Thyroptera tricolor Spix, 1823 (TAVARES et al., no prelo; PERACCHI et al., 2006), todas ocorrendo no Brasil (GREGORIN et al., 2006). Thyroptera devivoi Gregorin et al., 2006 Thyroptera devivoi - descrita recentemente por GREGORIN et al. (2006) possui distribuio para a poro nordeste do Brasil e sudeste das Guianas. No Brasil h apenas dois registros, sen- do eles nos Estados do Tocantins e Piau. A loca- lidade-tipo da espcie Uruu-Una, Piau, Brasil. O pouco que se conhece desta espcie, at o momento, est baseado no estudo de quatro espcimes examinados por GREGORIN et al. (2006). Thyroptera devivoi apresenta comprimento cabea-corpo entre 38,4 e 46,0 mm; comprimento da cauda entre 24,6 e 29,0 mm; antebrao de 35,0 a 38,0 mm. Um calcneo longo com comprimento entre 7,9 a 11,0 mm. A pelagem dorsal castanho escuro, podendo alguns plos apresentar duas ban- das onde a sua tera parte basal enegrecida. Os plos ventrais apresentam duas bandas, com a metade basal castanho claro e a superior esbranquiada, dando uma aparncia grisalha pelagem. O contraste entre a pelagem dorsal e ventral evidente, mas menos acentuado que em T. tricolor. Entre os ombros os plos so curtos e densos, j no cotovelo e na tera parte basal do antebrao so esparsamente providos de plos. O patgio marrom escuro acinzentado. O plagiopatgio e o uropatgio possuem linhas trans- versas pontilhadas, os pontos so semelhantes a pequenas verrugas. As membranas possuem, em quase toda a sua extenso, plos curtos e esbranquiados esparsos, exceto na poro ventro- medial da membrana interfemoral que possui uma franja de longos plos marrom avermelhados. O disco adesivo do polegar de T. devivoi ovalado (se- melhante ao de T. lavali) e suas dimenses mdias so de 4,1-3,4 mm (GREGORIN et al., 2006). De acordo com WILSON (1973), os tiropterdeos so exclusivamente insetvoros. No Brasil, embora os espcimes de T. devivoi tenham sido registrados somente para o bioma Cerrado, eles foram capturados em reas msicas, sendo na Estao Ecolgica de Uruu- Una numa vegetao de mata ripria e na Estao Ecolgica Serra Geral do Tocantins (Jalapo), na vereda (GREGORIN et al., 2006). Thyroptera discifera (Lichtenstein & Peters, 1855) Thyroptera discifera encontrado na Nica- rgua, Panam e Colmbia at as Guianas, Ama- znia brasileira, Peru e Bolvia. A localidade-tipo Puerto Cabello, Carabobo, Venezuela. No Brasil h registro para os Estados do Amazonas, Bahia, Mato Grosso e Par (BEZERRA et al., 2005; PERACCHI et al., 2006;TAVARES et al., no pre- lo). Recentemente, BEZERRA et al. (2005) regis- traram T. discifera para o cerrado da Usina Hidrel- trica de Manso, Mato Grosso, e GREGORIN et al. (2006) observaram que alguns exemplares identi- ficados como T. tricolor eram na verdade T. discifera, o que caracterizou uma ampliao na distribuio at Salvador, Estado da Bahia, sendo tambm o primeiro registro de T. discifera para a Floresta Atlntica no Brasil. A colorao do plo dorsal varia de casta- nho escuro a avermelhada, enquanto que o ventre apresenta pelagem castanho-acinzentado ou ama- relada. Assim, o contrastre entre as pores dorsal e ventral incipiente. As orelhas possuem um for- mato afunilado, no so ligadas pela base e os p- 141 Lima, I.P. de & Gregorin, R. Captulo 11 - Famlia Thyropteridae los so amarelados. A metade basal do uropatgio pilosa. Thyroptera discifera a menor espcie den- tro do gnero, com comprimento cabea-corpo entre 37 a 47 mm, o comprimento da cauda varia de 24 a 33 mm, sendo que as duas ltimas vrte- bras estendem-se alm da borda do uropatgio cerca de 4 mm (WILSON, 1978; BARNETT, 2003). O comprimento do antebrao varia de 31,0 a 38,3 mm e o comprimento cndilo-basal no cr- nio de 13,8 a 14,2 (BEZERRA et al., 2005). O polegar livre e relativamente curto, com a base mais larga, onde apresenta o disco adesivo. Esses discos so circulares e possuem cerca de 3,5 mm de dimetro nos polegares. Os ps so pequenos e os discos adesivos menores que os encontrados nos polegares. O primeiro dedo do p possui liga- o com a membrana da asa, sendo que o terceiro e quarto dedos so praticamente sindctilos. Cada dedo possui duas falanges. Geralmente, o calcneo possui uma projeo cartilaginosa simples na bor- da distal do uropatgio, o que no acontece, por exemplo, com Thyroptera tricolor, que possui duas pro- jees cartilaginosas (WILSON, 1978; PINE, 1993).
Estes morcegos so especializados em capturar insetos em pleno vo na vegetao densa (EISENBERG, 1989; EMMONS & FEER, 1997). Contudo, HERRERA et al. (1999) captu- raram espcimes de T. discifera a 30 cm do solo e o contedo estomacal dos espcimes continha per- nas de aranhas e tarsos de caros Oribatida. HERRERA et al. (1999) capturaram, pr- ximo a Manaus, Estado do Amazonas, uma fmea lactante em setembro. Os recm nascidos possu- em garras e discos adesivos pouco desenvolvidos, alm de serem incapazes de voar. Eles permane- cem agarrados me at poderem voar, utilizando para isto, as pequenas garras dos polegares e os dentes, segurando no pescoo e nas tetas, respec- tivamente (WILSON, 1978; BARNETT, 2003). Thyroptera discifera vive em grupos com jo- vens e adultos de ambos os sexos. Os abrigos uti- lizados, geralmente, so constitudos por folhas jovens, ainda enroladas, de bananeiras e Heliconia. Quando estas folhas se desenrolam eles a abando- nam e procuram um novo abrigo (KENNEDY, 2002). O estado de conservao para T. discifera de baixo risco (HUTSON et al., 2001; IUCN, 2006). Thyroptera lavali Pine 1993 Thyroptera lavali - uma espcie rara com apenas 10 espcimes colecionados em apenas cin- co localidades, todas dentro do permetro da Flo- resta Amaznica no Peru, Equador, Venezuela e Brasil (PINE, 1993; SOLARI et al., 2004). No Brasil, T. lavali foi registrado apenas para Alter do Cho, Estado do Par (BERNARD & FENTON, 2002; SOLARI et al., 2004; TAVARES et al., no prelo). A colorao da pelagem dorsal chocola- te e a ventral levemente mais clara variando ao amarelado, semelhante a T. discifera. Neste caso, o contraste entre a pelagem dorsal e ventral incipiente. A cauda projeta-se bastante alm do uropatgio: entre 4,8-7,2 mm (PINE, 1993; SOLARI et al., 2004). O comprimento do ante- brao varia de 38,0 a 40,7 mm e comprimento to- tal do crnio de 15,7 a 16,1 mm (PINE, 1993). Possui uma projeo cartilaginosa evidente no calcneo. O disco adesivo nos polegares so mai- ores (5 x 4 mm) e ovalados (SOLARI et al., 2004; GREGORIN et al., 2006). Possuem caractersti- cas semelhantes a T. tricolor como plos pretos lon- gos prximos a margem central do uropatgio e o terceiro incisivo inferior maior que o primeiro e o segundo (SOLARI et al., 2004). Podem ser encontrados em florestas pri- mrias, prximos a riachos, utilizando como abri- go folhas de palmeiras (SOLARI et al., 2004). 142 Morcegos do Brasil Thyroptera tricolor e detalhe do disco adesivo (Foto: A.L. Peracchi). Folha jovem de babaneira enrolada, o principal tipo de abrigo utilizado por Thyroptera (Foto: Isaac P. Lima). Os poucos registros sobre os dados reprodutivos relatam capturas de uma fmea gr- vida em outubro, duas fmeas lactantes em janei- ro e fevereiro, para a regio nordeste do Equador (REID et al., 2000). Entretanto no Peru, uma f- mea foi capturada carregando um recm nascido em setembro. Esta variao pode estar relaciona- da a uma sazonalidade latitudinal em que os nas- cimentos ocorram no incio da estao chuvosa (SOLARI et al., 2004). Thyroptera lavali possui estado de conser- vao vulnervel (HUTSON et al., 2001; IUCN, 2006). Thyroptera tricolor Spix, 1823 Thyroptera tricolor - encontrado desde Veracruz no Mxico at as Guianas, leste do Bra- sil, Bolvia, Peru e Trinidad. A localidade-tipo Rio Amazonas, Brasil. No Brasil, h registro para os Estados do Acre, Amazonas, Amap, Bahia, Es- prito Santo, Par, Rio de Janeiro e So Paulo (TAVARES et al., no prelo; PERACCHI et al., 2006). A pelagem dorsal varia de castanho escu- ro a castanho-avermelhado, enquanto que o ven- tre apresenta colorao branca (nas populaes setentrionais) ou levemente amarelada (nas popu- laes do sudeste do Brasil), com os flancos assu- mindo uma colorao intermediria. Este padro resulta em um contraste acentuado na colorao entre o dorso e o ventre. As orelhas possuem um formato afunilado, no so ligadas pela base e os plos so pretos. O trago curvado para dentro com um pequeno lbulo prximo base. A mem- brana do uropatgio recoberta por plos esparsos at os ps e uma franja de plos recobre a borda livre do uropatgio. O comprimento do antebrao varia entre 33,5 a 37,5 mm e apresenta peso m- dio de 3,5 g. Possui uma pequena cauda livre onde as ltimas vrtebras estendem-se alm da borda do uropatgio por cerca de 5 a 8 mm (WILSON & FINDLEY, 1977; RISKIN & FENTON, 2001; BARNETT, 2003). Os ps so pequenos, medin- do cerca de 5 mm, cada dedo composto por duas falanges. O calcneo possui duas projees cartilaginosas na borda distal do uropatgio (WIL- SON & FINDLEY, 1977). Thyroptera tricolor apresenta agilidade em um vo lento e tremulado em baixa altura, o que indica uma dieta de insetos capturados prximos 143 Lima, I.P. de & Gregorin, R. Captulo 11 - Famlia Thyropteridae ao cho. Pequenos besouros e moscas constituem a dieta principal desses morcegos, que podem em uma nica noite consumir cerca de 25% do seu peso em insetos (1 g) (BARNETT, 2003). Aparentemente, T. tricolor d a luz no incio da estao chuvosa (FINDLEY & WILSON, 1974). Os abrigos utilizados esto prximos a fontes de gua e fora da incidncia direta do sol. Utilizam folhas jovens de Heliconia (Heliconiacea) ou Calathea (Marantaceae), ainda enroladas na ver- tical que tenham cerca de 50 a 100 mm de dime- tro. Thyroptera tricolor permanece com a cabea vol- tada para cima (BARNETT, 2003; VONHOF, et al., 2004). As colnias contem de um a nove indi- vduos (FINDLEY & WILSON, 1974). Quando esta folha se desenrola eles a abandonam e procu- ram um novo abrigo (KENNEDY, 2002). Thyroptera tricolor apresenta estado de conservao de baixo risco (HUTSON et al., 2001; IUCN, 2006). Agradecimentos: Dr Margareth L. Sekiama pela reviso do manuscrito; Prof. Anglica Torres pela reviso gramatical; FAPERJ pela concesso de bolsa de estudo (processo E-26/152.621/2005) durante o de- senvolvimento deste trabalho (IPL) e FAPESP (pro- cesso 98/05075-7, Programa Biota), a Ernest Mayr Grant e Field Museum Grants (RG). 144 Morcegos do Brasil 145 Reis, N.R.dos; Santos, G. A. S. D. dos & Rickli, R. I. Captulo 12 - Famlia Natalidae Depois de muito tempo sendo considera- da monogenrica (YALDEN & MORRIS, 1975; NOWAK, 1994; KOOPMAN, 1993), a famlia Natalidae hoje dividida nos gneros Natalus, com seis espcies, Chilonatalus, com duas espcies, e Nyctiellus, monoespecfico (MORGAN & CZAPLEWSKI, 2003; SIMMONS, 2005; TEJEDOR, 2005). Essa famlia restrita regio neotropical, distribuindo-se pelo Mxico, Amrica Central (incluindo as Antilhas) e Amrica do Sul. Os morcegos da famlia Natalidae so pequenos, com cauda e membros longos, orelhas em forma de funil com um trago, sem folha nasal, grande uropatgio envolvendo toda a cauda e pelagem longa e macia (GOODWIN & GREENHALL, 1961; FINDLEY, 1993; VAUGHAN et al., 2000). Apresentam como apomorfia o rgo nataldeo, uma estrutura glan- dular localizada no dorso do focinho de machos adultos (SIMMONS, 1998). Entre os representantes dessa famlia, ape- nas a espcie Natalus stramineus Gray, 1838 en- Captulo 12 Famlia Natalidae contrada no Brasil, com a ocorrncia, possivelmen- te, de duas subespcies: N. stramineus natalensis Goodwin, 1959, com indivduos menores, que habitam o nordeste, e N. stramineus espiritosantensis (Ruschi, 1951), com indivduos maiores, que se distribuem pelas regies norte, leste e central (TADDEI & UIEDA, 2001; SIMMONS, 2005). Gnero Natalus Gray, 1838 Natalus stramineus Gray, 1838 Natalus stramineus a espcie mais ampla- mente distribuda da famlia, ocorrendo nas Pe- quenas Antilhas e da Baixa Califrnia e Sonora (norte do Mxico) at o sudeste do Brasil, alm do leste da Bolvia e do Paraguai (KOOPMAN, 1993; TADDEI & UIEDA, 2001; DVALOS, 2005). No Brasil, ocorre nos estados da PB, RR, PE, CE, BA, GO, DF, ES, MG, RJ, MS e SP (TAVARES et al., no prelo), sendo Iporanga (SP) o seu registro mais ao sul. um morcego pequeno, com comprimen- Nelio Roberto dos Reis Professor Titular do Departamento de Biologia Animal e Vegetal Universidade Estadual de Londrina (UEL) Gisele Aparecida da Silva Doratti dos Santos Laboratrio de Mastozoologia Universidade Estadual de Londrina (UEL) Renata Issa Rickli Mestranda do Programa de Ps-Graduao em Cincias Biolgicas Universidade Estadual de Londrina (UEL) 146 Morcegos do Brasil to total entre 85 e 115 mm, comprimento do ante- brao entre 36,7 e 40,5 mm e peso mdio de 4-10 g (NOWAK, 1994; TADDEI & UIEDA, 2001; PERACCHI et al., 2006). Apresenta asas, pernas e cauda longas e delgadas. As orelhas so largas, se- paradas, com forma de funil, extremidades pontu- das, tendo a margem interna convexa, a margem externa com concavidade no centro e com papilas glandulares na superfcie; trago curto, de base lar- ga e extremidade aguada, mais ou menos de for- ma triangular. Olhos pequenos, fronte cncava muito elevada sobre o focinho, que se apresenta alongado, sem folha nasal, com narinas ovais, bem juntas, abrindo-se para baixo, perto da margem do lbio. Lbio inferior largo com sulco no centro, marginado por papilas nuas de cada lado. Polegar curto, ligado asa por uma membrana, provido de unha bem desenvolvida. As membranas das asas so ligadas base do calcneo curto, e a cauda totalmente contida no uropatgio. Os plos so longos, macios, e cobrem tambm a face, forman- do sobre o lbio superior um tufo semelhante a um bigode; a colorao varia do castanho amare- lado ao avermelhado, com a regio ventral mais clara (VIEIRA, 1942; NOWAK, 1994; CERVANTES et al., 2004; PERACCHI et al., 2006). insetvoro, capturando apenas presas muito pequenas, um hbito talvez correlacionado com a alta freqncia (maior que 85 kHz) de sua emisso ultra-snica (YALDEN & MORRIS, 1975; REID, 1997). Apresenta maior atividade entre 30 min e duas horas aps o pr-do-sol (REID, 1997). Seu vo de forrageio vagaroso, delicado e possui a capacidade de fazer grandes manobras e a de pairar (VAUGHAN et al., 2000; JENNINGS et al., 2004). Embora os vos sejam geralmente baixos, raramente capturado em redes de neblina, mes- mo quando as redes so posicionadas prximas a entrada dos abrigos (REID, 1997). As fmeas possuem um ciclo de procria- o anual com apenas um filhote a cada gestao (CARTER, 1970). Fmeas grvidas geralmente so encontradas nos meses de janeiro, abril, maio e ju- nho. Durante o perodo de nascimento dos filho- tes ocorre segregao dos sexos, com formao de colnias separadas durante a maternidade (NOWAK, 1994; REID, 1997). H evidncias de que existe um perodo de retardo no desenvolvimen- to embrionrio (RACEY, 1982). Natalus stramineus apresen- ta baixa tolerncia dessecao e encontrada principalmente em ca- vernas, tneis e minas, preferenci- almente nos locais mais profundos, quentes e midos desses abrigos; por esse motivo, sua distribuio se encontra limitada pela disponibili- dade de sistemas caverncolas (NOWAK, 1994; ARITA & VARGAS, 1995; TADDEI & UIEDA, 2001; MORGAN & CZAPLEWSKI, 2003). comumente registrada em florestas secas e semidecduas e em matas se- cundrias, ocasionalmente em flo- Natalus stramineus (Foto: Wilson Uieda). 147 Reis, N.R.dos; Santos, G. A. S. D. dos & Rickli, R. I. Captulo 12 - Famlia Natalidae restas perenes (REID, 1997). No Mxico central, alguns espcimes foram coletados em cavernas durante o dia e a noite, e, em minas, apenas du- rante o dia (VILA-FLORES & MEDELLN, 2004). Freqentemente ocorre em grandes grupos (mais de 300 indivduos), mas algumas vezes com menos de 12 indivduos e associada com uma va- riedade de outras espcies de morcegos. No Brasil foi encontrada associada com 21 espcies: Peropter yx kappleri, Peropter yx macrotis (Emballonuridae), Pteronotus gymnonotus, Pteronotus parnellii (Mormoopidae), Anoura caudifer, Anoura geoffroyi, Artibeus jamaicensis, Carollia perspicillata, Chrotopterus auritus, Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata, Glossophaga soricina, Lonchophylla mordax, Lonchorhina aurita, Lionycteris spurrelli, Macrophyllum macrophyllum, Micronycteris megalotis, Micronycteris mi- nuta, Phylloderma stenops, Platyrrhinus lineatus, Tonatia bidens (Phyllostomidae) (NOWAK, 1994; ARITA & VARGAS, 1995; TADDEI & UIEDA, 2001). Seu estado de conservao de baixo ris- co (IUCN, 2006), provavelmente devido sua ampla distribuio geogrfica e ao hbito de abri- gar-se em cavernas, hbitats pouco afetados pelo processo de expanso das reas urbanas e dos sis- temas agropecurios. Agradecimentos Agradecemos aos revisores Dr. Wilson Uieda e M.Sc. Srgio Luiz Althoff, e a Ivani Cocus pelas valiosas sugestes e crticas ao manuscrito. 148 Morcegos do Brasil 149 Fabian. M. E. & Gregorin, R. Captulo 13 - Famlia Molossidae Captulo 13 Famlia Molossidae Marta Elena Fabian Professora Adjunta do Departamento de Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Renato Gregorin Professor do Departamento de Biologia Universidade Federal de Lavras (UFLA) Os morcegos desta famlia caracterizam- se por apresentar cauda espessa e livre, isto , a cauda ultrapassa a borda distal do uropatgio (membrana interfemural) e projeta-se livremente em pelo menos um tero de seu comprimento to- tal. Apresentam asas longas e estreitas, cuja en- vergadura varia entre 240 mm e 450 mm. Esta caracterstica morfolgica corresponde a adapta- o ao vo rpido e manobrvel. Apresentam plo curto, com aspecto aveludado, com colorao que varia de diversas tonalidades de castanho ao enegrecido. O focinho largo e de aspecto trunca- do. Os lbios podem apresentar pregas ou sulcos diminutos em algumas espcies. As orelhas so lar- gas, mas variveis em tamanho e forma. (VAUGHAN, 1972; FREEMAN, 1981). Em molossdeos, geralmente, h dimorfismo sexual em relao ao tamanho do cor- po, como os machos maiores que as fmeas. So morcegos exclusivamente insetvoros. Gnero Cynomops Thomas, 1920 Este gnero constitudo de cinco esp- cies, das quais quatro ocorrem no Brasil. Cynomops foi considerado subgnero de Molossops e reconhe- cido como gnero por BARQUEZ (1999), GREGORIN (2000) e PETERS et al. (2002). Como caractersticas diagnsticas pode-se citar a face lisa, sem dobramentos cutneos; rinrio liso, sem verrugas ou plos contornando a regio; ore- lhas triangulares e separadas entre si; incisivos 1/ 2; pr-molares1/2; Incisivos superiores cnicos, robustos e se tocando at a metade de seu compri- mento e separados na regio apical; crnio robusto, achatado, com regio rostral larga devido a presena de uma crista infraorbital bem desenvolvida (GREGORIN, 2000). Cynomops abrasus (Temminckii, 1827) Cynomops abrasus ocorre desde o norte da Amrica do Sul (Colmbia, Guianas) at a Argen- 150 Morcegos do Brasil tina e centro-leste do Brasil (UIEDA & TADDEI, 1980; KOOPMAN, 1994). No Brasil h registro para os estados do AM, DF, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PI, PR, RJ e SP (TAVARES et al., no prelo). A localidade-tipo Brasil. Colorao da pelagem dorsal castanho escuro e ventral levemente mais clara; orelhas es- pessas, triangulares e separadas por um espao entre 2,0 e 4,5 mm; face lisa, sem protuberncias ou fincos verticais; narinas sem verrugas margi- nais pontiagudas. Segunda falange do dedo IV cerca de 1/3 ou metade da primeira. Crnio achatado e largo, com cristas infra-orbitais bem desenvolvi- das. Incisivos superiores cnicos e divergentes no pice; ltimo molar superior sem a terceira comissura (em forma de V, quando visto oclusalmente). Antebrao 40 - 51,2 mm; Compri- mento total do crnio 19,3 - 23,9 mm. H grande variao regional quanto s dimenses corpreas, com os espcimes do norte da distribuio maio- res. Sua dieta consiste de insetos (Coleoptera) (REIS & PERACCHI, 1987). A espcie provavelmente monoestra (TADDEI, 1980). Cynomops abrasus se abriga em ocos de postes e folhas de palmeiras (TADDEI et al., 1976; UIEDA & TADDEI, 1980; REIS & PERACCHI, 1987). Cynomops abrasus apresenta estado de con- servao de baixo risco de acordo com a IUCN (2006). Cynomops greenhalli Goodwin, 1958 Ocorre do Panam at o norte da Amri- ca do Sul (incluindo Trinidad), e norte (Par) e nordeste brasileiro (MARES et al., 1981; BERNARD, 2001b). A localidade-tipo Port of Spain, Trinidad, Trinidad & Tobago. Colorao da pelagem dorsal castanho- avermelhado escuro e ventral castanho mais cla- ro. Morfologia externa e crnio-dentria, de forma geral, semelhante a C. abrasus, exceto pela caixa craniana mais abaulada e arredondada, e o rostro mais estreito que as demais espcies do gnero; crista sagital baixa. Comprimento do antebrao de 33,5 - 38,2 mm, e comprimento total do crnio de 16,8 - 18,5 mm (JONES & GENOWAYS, 1967). Geralmente um par de incisivos inferiores, mas pode ocorrer variao (GOODWIN, 1958). Sua dieta consiste de insetos. Em Trinidad, espcimes de C. greenhalli foram coletados em oco de rvore. Destes, quatro fmeas grvidas foram coletadas em junho (estao chuvosa) (GOODWIN & GREENHALL, 1961). Na Caatinga nordestina, espcimes foram capturados somente em reas florestadas de Mata Atlntica (MARES et al., 1981). Cynomops greenhalli apresenta estado de conservao de baixo risco de acordo com a IUCN (2006). Cynomops paranus (Thomas 1901) Cynomops paranus ocorre ao norte da Am- rica do Sul, na bacia amaznica e no Brasil cen- tral. No Brasil h registro para os estados do AM, MT e PA (TAVARES et al., no prelo). BARQUEZ et al. (1999) registraram a es- pcie para o nordeste da Argentina. Devido ao re- cente reconhecimento do txon ao nvel especfi- co (SIMMONS & VOSS, 1998), muitos dos esp- cimes amaznicos identificados como C. planirostris podem ser C. paranus. A localidade-tipo Par, Brasil. Espcie semelhante a C. planirostris, exceto pelas dimenses levemente maiores e pela colora- o da pelagem mais escura e homognea em co- lorao. A pelagem dorsal em C. paranus casta- 151 Fabian. M. E. & Gregorin, R. Captulo 13 - Famlia Molossidae nho-acinzentado escuro e brilhante; pelagem ven- tral quase que da mesma cor que a dorsal, geral- mente mais acinzentada (SIMMONS & VOSS, 1998; R. Gregorin, obs. pes.) e com a regio peito- ral esbranquiada incipiente. Comprimento do antebrao 29,9 - 36,3 mm e comprimento total do crnio de 15,5 - 18,1 mm (SIMMONS & VOSS, 1998). Os machos so maiores que as fmeas. Sua dieta consiste de insetos. Cynomops paranus apresenta estado de con- servao de baixo risco de acordo com TIRIRA (2006). Cynomops planirostris (Peters 1866) Distribui-se do Panam a Argentina (KOOPMAN, 1994). No Brasil, C. planirostris ocorre desde a regio Norte at o Estado do Paran (MARES et al., 1981; BERNARD & FENTON, 2002; MIRETZKI, 2003). No Brasil h registro para os estados do AM, BA, ES, MG, MS, MT, PA, PE, PR e SP (TAVARES et al., no prelo). A localidade-tipo Caiene, Guiana Fran- cesa. Morfologia externa como descrita para C. abrasus. Colorao da pelagem dorsal castanho- avermelhado claro e opaco; pelagem ventral varian- do de levemente mais clara que a dorsal ou com uma rea esbranquiada no peito e barriga. Crnio como em C. abrasus, porm menor. Comprimento do ante- brao 29,0 - 35,0 mm e comprimento total do crnio de 14,1 - 17,5 mm (SIMMONS & VOSS, 1998). Os machos so maiores que as fmeas (VIZOTTO & TADDEI, 1976). Sua dieta consiste de insetos. Fmeas grvidas foram registradas, no Estado de So Paulo, em maio a outubro, mas tam- bm registros espordicos de fmeas com estgio avanado de prenhez em janeiro e lactantes em fevereiro (VIZOTTO & TADDEI, 1976). Cynomops planirostris forma pequenas co- lnias de cerca de oito indivduos e se abriga em oco de rvore e frestas de postes e moures de cerca, cuja abertura fica entre 1,5 e 5 m do solo (VIZOTTO & TADDEI, 1976). ESBRARD et al. (2005) registraram a espcie para cavernas em Gois. Cynomops planirostris apresenta estado de conservao de baixo risco de acordo com a IUCN (2006). Gnero Eumops Miller, 1906 Este gnero constitudo de 10 espcies, das quais oito ocorrem no Brasil (SIMMONS, 2005). Como caractersticas diagnsticas pode-se citar a face lisa, sem dobramentos cutneos, exceto E. bonariensis e E. hansae que tm diminutos sul- cos nos lbios superiores; rinrio contornado por pequenas verrugas arredondadas e plos ou somen- te por plos no caso de E. hansae; orelhas amplas, arredondadas e unidas em um ponto comum so- bre a cabea e com quilha membranosa desenvol- vida; borda dos lbios superiores com plos direcionados para baixo formando uma espcie de escova; incisivos 1/2; pr-molares 2/2; incisivos superiores cnicos, robustos e se tocando at a metade de seu comprimento e separados na regio apical; crnio geralmente robusto, levemente acha- tado, com regio rostral variando desde afilada a muito larga; fossa basiesfenide variando desde ovalada e rasa at levemente quadrangular e muito profunda (GREGORIN, 2000). Eumops auripendulus (Shaw, 1800) Eumops auripendulus se distribui do sul do Mxico at o norte da Argentina. No Brasil, E. auripendulus tem distribuio disjunta: uma popu- lao ocorre na Floresta Amaznica e Pantanal (E. a. auripendulus) e outra se estende por uma faixa ao longo de toda a costa leste, desde a regio Nor- 152 Morcegos do Brasil deste at a Sul (E. a. major) (EGER, 1977). H registro para a espcie nos estados do AC, AM, BA, CE, ES, MG, MS, PA, PE, PR, RJ, RO, RS e SP (TAVARES et al., no prelo). A localidade-tipo Guiana Francesa. Espcie de mdio porte, pelagem aveludada e escura, geralmente enegrecida e rara- mente castanha; pelagem central levemente mais clara; orelhas espessas, arredondadas, e unidas entre si em um ponto comum sobre a cabea; h uma dobra membranosa bem desenvolvida na ore- lha; face lisa; narinas envolvidas por uma fileira de verrugas grandes e pontiagudas; trago pontia- gudo; glndula gular desenvolvida nos machos, principalmente na estao reprodutiva. Segunda falange do quarto dedo cerca de metade ou 2/3 do comprimento da primeira. Crnio abaulado em vista lateral, com crista sagital evidente e crista infra-orbital reduzida; rostro curto e relativamen- te largo; fossas basiesfenides ovaladas medianamente profundas. Incisivos superiores cnicos e divergentes no pice; ltimo molar superi- or com a terceira comissura rudimentar. Peso entre 23,0 e 35,0 g. Comprimento total do crnio entre 25,0 e 30 mm e do antebrao 59,6 a 67,7 mm nas populaes do leste, e 23,1 - 24,5 mm e 54,9 a 60,0 mm nas populaes ama- znicas. Os machos so maiores que as fmeas. Sua dieta consiste de insetos. O perodo reprodutivo da espcie no vero, com fmeas grvidas e amamentando em em novembro na Argentina (BARQUEZ et al., 1999) e no Rio de Janeiro (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971). Na Guiana Francesa, espcimes de E. auripendulus foram capturados em redes armadas entre 17 e 23 m do solo (SIMMONS & VOSS, 1998). Espcie comum em forros de construes (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971). Eumops auripendulus apresenta estado de con- servao de baixo risco de acordo com a IUCN (2006). Eumops bonariensis (Peters, 1874) Eumops bonariensis ocorre desde o Mxico at a Argentina, porm em populaes aparente- mente disjuntas e referidas por subespcies. No Brasil, E. bonariensis ocorre na bacia Amaznica, Brasil central e na regio Sudeste (E. b. delticus), e na regio Sul (E. b. bonariensis) (EGER, 1977; R. Gregorin, obs. pes.). Com registro desta espcie para os estados do AM, BA, PA, PR, RS e SP (TAVARES et al., no prelo). A localidade-tipo Buenos Aires, Argen- tina. Eumops bonariensis a menor espcie do gnero (E. b. nanus). A pelagem dorsal varivel, desde castanho claro at acinzentada; ventre gri- salho. As orelhas so amplas, unidas entre si em um ponto comum, porm, com verrugas pontia- gudas na sua borda superior. A face apresenta vin- cos rasos e distribudos de forma irregular; narinas como para as outras espcies. Trago levemente pontiagudo. Crnio alongado , levemente ondula- do em perfil; fossas basiesfenides amplas, leve- mente ovaladas, profundas e separadas entre si por uma lmina ssea larga. Dentio, em geral, como para as outras espcies; exceto a comissura do ter- ceiro molar superior longa (em forma de N inver- tido, oclusalmente), como em E. patagonicus e E. hansae. Comprimento do antebrao 46,0 a 49,5 mm e comprimento total do crnio entre 18,7 a 19,7 mm. A espcie se alimenta de insetos. Na Argentina, E. bonariensis parece se re- produzir no final do outono e incio do vero, pois espcimes foram capturados lactantes em dezem- bro (BARQUEZ et al., 1999). Espcimes de E. bonariensis foram encon- trados em reas florestadas, perturbadas e em re- as urbanas (embaixo de pontes, em construes e bananeiras). Eumops bonariensis apresenta estado de con- servao de baixo risco segundo a IUCN (2006). 153 Fabian. M. E. & Gregorin, R. Captulo 13 - Famlia Molossidae Eumops glaucinus (Wagner, 1843) Eumops glaucinus apresenta populaes disjuntas na Flrida (Estados Unidos), Cuba e na Amrica Latina continental, desde o Mxico cen- tral at o sul do Brasil (Estado do Paran) e Paraguai (EGER, 1977). A localidade-tipo Cuiab, Mato Grosso, Brasil. Eumops glaucinus uma espcie de porte mdio para o gnero, semelhante a E. auripendulus e E. maurus. A morfologia externa semelhante s outras espcies do gnero. A pelagem castanho claro a acinzentada no dorso e mais plido ven- tralmente. O trago quadrado. A face lisa. Basicrnio e rostro largos, fossas basiesfenides bem definidas e medianamente profundas. Primeiro pr-molar superior diminuto e alinhado com a s- rie de dentes; comissura do terceiro molar superi- or ausente ou muito reduzida (em forma de V, oclusalmente). As dimenses para espcimes do Brasil so: comprimento do antebrao 56,0 a 65,0 mm e comprimento total do crnio 23,0 a 26,0 mm. Eumops glaucinus preda insetos no ar (Coleoptera, Diptera, Orthoptera e Hemiptera). Eumops glaucinus poliestro e usualmente produz apenas um filhote por gestao. Dados de populaes do Hemisfrio Norte indicam que no h uma estao reprodutiva bem definida e a es- pcie aparentemente se reproduz ao longo de todo o ano (SILVA TABOADA, 1965; BEST et al., 1997). No Chaco, MYERS & WETZEL (1983) re- gistraram uma nica fmea grvida em setembro. Eumops glaucinus aparentemente uma es- pcie florestal, mas pode se abrigar em frestas em rochas, ocos de rvores e construes. A espcie forma colnias pequenas (entre 9 - 32 indivduos) (BEST et al., 1997). Eumops glaucinus apresenta estado de conservao de baixo risco segundo a IUCN (2006). Eumops hansae Sanborn, 1932 Eumops hansae se distribui de forma disjunta, como uma populao ocorrendo desde o Mxico at o norte da Amrica do Sul e bacia Amaznica e outra populao com registros espo- rdicos desde Santa Catarina at Minas Gerais (SANBORN, 1932; EGER, 1977; GREGORIN 2001; STUTZ et al., 2004). Para as populaes amaznicas, HANDLEY (1955) se referiu a E. amazonicus, mas atualmente este considerado um sinnimo jnior de E. hansae (EGER, 1977). H registro para os estados do AM, MG, PR, SC e SP (TAVARES et al., no prelo). A localidade-tipo Colnia Hansa (atual Corup), Santa Catarina, Brasil. Espcie de pequeno porte e externamen- te semelhante a E. bonariensis, exceto pela presen- a de verrugas arredondadas na face ntero-supe- rior das orelhas de alguns indivduos e estas uni- das por uma faixa membranosa sobre a cabea. Orelhas grandes tambm com verrugas pontiagu- das na borda superior como em E. bonariensis. L- bios superiores levemente fincados e face com vin- cos membranosos. Colorao da pelagem dorsal castanho-escuro e ventre mais claro. Crnio alonga- do; fossas basiesfenides grandes, quadrangulares e muito profundas, como em E. perotis. Incisivos su- periores cnicos e com pices bem separados en- tre si; terceira comissura do ltimo molar superior to ou mais longa que a segunda (N invertido, em vista oclusal). Comprimento do antebrao: 37 - 41,6 mm; comprimento total do crnio: 18 - 21,5 mm. Peso entre 13 a 17,3 g (BEST et al., 2001a). Eumops hansae insetvora e fragmentos da ordem Orthoptera foram encontrados em seu estmago (ANDERSON, 1997). 154 Morcegos do Brasil Aparentemente uma espcie florestal (BEST et al., 2001a), mas foi capturada em reas abertas na Bolvia (IBNEZ & OCHOA, 1989). Na Venezuela, HANDLEY (1976) capturou es- pcimes de E. hansae em floresta mida sobre uma poa de gua em clareira e em oco de rvore. A espcie voa no dossel e foi capturada em redes armadas entre 10-13m de altura cruzando uma tri- lha (SIMMONS & VOSS, 1998). Eumops hansae apresenta estado de con- servao de baixo risco (IUCN, 2006). Eumops maurus (Thomas 1901) Eumops maurus se distribui ao norte da Amrica do Sul, com registros espordicos para a Guiana, Venezuela e Equador (EGER, 1977; REID et al., 2000). No Brasil, a espcie foi recen- temente registrada no Cerrado dos Estados do Tocantins e Gois (M. Guimares, com. pes.). A localidade-tipo Montanhas Kanuku, Guiana. Eumops de mdio porte com a morfologia externa semelhante a E. auripendulus. A colorao da pelagem dorsal e ventral marrom chocolate bri- lhante, praticamente sem contraste; ventralmen- te, h uma faixa branca de plos com cerca de 5 mm de largura ao longo dos flancos, diagnstica da espcie. Crnio levemente abaulado em vista lateral, semelhante a E. bonariensis. Fossas basiesfenides moderadamente profundas e ova- ladas como em E. auripendulus. Um ou dois pr- molares superiores. ltimo molar superior sem a terceira comissura (em forma de V, visto oclusalmente). Comprimento do antebrao vari- ando de 51,9 - 53,0 mm, e comprimento total do crnio 20,7 - 21,7 mm (BEST et al., 2001b). A espcie se alimenta de insetos. Na Venezuela e Brasil, Eumops maurus foi capturado em reas abertas (Lhanos e Cerrado, res- pectivamente) ricas em palmeiras e florestas riprias (SANCHZ H. et al., 1992). No Cerrado, os espci- mes foram capturados em folhas de palmeiras. Eumops maurus apresenta estado de con- servao como vulnervel de acordo com a IUCN (2006). Eumops patagonicus Thomas, 1924 A espcie ocorre no sul da Amrica do Sul: norte da Argentina, Paraguai, Bolvia e no Brasil, a leste do Estado do Rio Grande do Sul (EGER, 1977; BARQUEZ et al., 1999; R. Gregorin. obs. pes.). Este txon, foi por longo pe- rodo de tempo referido como E. bonariensis beckeri Sanborn, 1932. A localidade-tipo Buenos Aires, Argenti- na. Espcie semelhante a E. bonariensis, po- rm de tamanho intermedirio entre as populaes mais setentrionais (E. b. nanus) e menos que as meridionais (E. b. bonariensis). Colorao da pelagem castanho-acinzentado no dorso e ventre agrisalhado; orelhas como em E. bonariensis, po- rm mais estreitas; face levemente fincada, com sulcos rasos e dispostos irregularmente. Crnio curto e basicrnio globoso; fossas basiesfenides usualmente separadas por uma lmina ssea es- treita; dentio como em E. bonariensis. Compri- mento do antebrao entre 40,0 - 47,0 mm e com- primento total do crnio 16, 0 a 18,6 mm (BARQUEZ et al., 1999; GREGORIN & TADDEI, 2002). A espcie se alimenta de insetos. Fmeas grvidas foram capturadas na pri- mavera (setembro e outubro) na Argentina (BARQUEZ et al., 1999), mas uma macho escrotado foi capturado em abril (outono). Eumops patagonicus abundante em sua rea de ocorrncia e se abriga em construes e 155 Fabian. M. E. & Gregorin, R. Captulo 13 - Famlia Molossidae ocos de rvores. Eumops patagonicus no apresenta estado de conservao (IUCN, 2006). Eumops perotis (Schinz, 1821) Eumops perotis apresenta ampla distribui- o desde o sudoeste dos Estados Unidos at o sul da Amrica do Sul, na Argentina e Paraguai. No Brasil, E. perotis se distribui desde a regio sul por uma extensa faixa nas pores leste e central do pas, contornando a bacia amaznica (EGER, 1977; BEST et al., 1996). A populao da Amri- ca Central e do Norte (E. p. californicus) isolada daquela que se distribui desde o Panam at o sul da Amrica do Sul (E. p. perotis). No Brasil h re- gistro para os estados do AM, MA, MG, PA, RJ, RS e SP (TAVARES et al., no prelo). A localidade-tipo Campos dos Goitacazes, Rio de Janeiro, Brasil. Morfologia externa semelhante s demais espcies mas com as maiores dimenses corpreas para o gnero. Pelagem dorsal castanho claro e ventral levemente mais clara. Orelhas muito de- senvolvidas, trago quadrado, face lisa com um tufo subnasal de plos muito longos. Crnio longo, pla- no em vista lateral, e com crista sagital reduzida; rostro afilado e longo, com crista infra-orbital incipiente; fossas basiesfenides quadrangulares e profundas. Primeiro pr-molar superior alinhado com a fileira de dentes e terceira comissura do l- timo molar superior cerca de 1/4 da segunda (GREGORIN & TADDEI, 2002). Esta espcie se distingue das demais, exceto E. trumbulli, pelo seu porte maior e grau acentuado de desenvolvimento das orelhas (com- primento total da pina maior que 28 mm). Com- primento do antebrao: 75,6 a 83,4 mm e compri- mento total do crnio: 27 a 34 mm. Sua dieta consiste de insetos das ordens Lepidoptera, Orthoptera, Homoptera, Hymenoptera, Coleoptera, Odonata e Hemiptera (FREEMAN, 1979). Nos Estados Unidos, E. perotis se reproduz no comeo da primavera e co- lnias maternidade grandes foram encontradas em agosto (vero) (BARBOUR & DAVIS, 1969). No Chaco, MYERS & WETZEL (1993) registraram uma nica fmea grvida no ms de outubro. No Rio de Janeiro, machos escrotados foram registrados em junho e julho (PERACCHI & ALBUQUERQUE, 1971). Eumops perotis produz apenas um filhote por gestao e eventualmente dois (BEST et al., 1996). Eumops perotis comumente encontrado em reas mais abertas e xricas, mas podem ocorrem em flores- tas secas e semidecduas. A espcie se abriga em frestas em rochas e rvores, mas facilmente encontrada se abri- gando em forro de construes. Os in- divduos se abrigam em locais altos pois necessitam de, no mnimo, 2 m de que- Eumops perotis (Foto: Isaac P. Lima). 156 Morcegos do Brasil da para alar o vo (BEST et al., 1996). Eumops perotis apresenta estado de conser- vao de baixo risco de acordo com a IUCN (2006). Eumops trumbulli Thomas, 1901 Eumops trumbulli restrita bacia amazni- ca (EGER, 1977; REIS & PERACCHI, 1987), com registro para os estados do AM, AP e PA (TAVARES et al., no prelo). A Localidade-tipo Par, Brasil. A morfologia externa e crnio-dentria semelhante a E. perotis, exceto pelo tamanho leve- mente menor, o primeiro pr-molar superior leve- mente deslocado para o lado lingual e a terceira comissura do ltimo molar superior cerca de meta- de da segunda (GREGORIN & TADDEI, 2002). Comprimento do antebrao: 58 a 73 mm e comprimento total do crnio: 27 a 34 mm. A espcie se alimenta de insetos. Na Amaznia, espcimes foram captura- dos em folhas secas de buriti (REIS & PERACCHI, 1987). Eumops trumbulli no apresenta estado de conservao (IUCN, 2006). Gnero Molossops Peters, 1866 Este gnero constitudo de trs subgneros (Molossops, Cabreramops e Neoplatymops) e quatro espcies, das quais trs ocorrem no Bra- sil. PETERSON (1965) considerou Neoplatymops como gnero distinto. Como caractersticas diagnsticas podem-se citar a face lisa, sem do- bramentos cutneos; rinrio circundado por ver- rugas diminutas; orelhas triangulares e bem sepa- radas entre si, com as bordas internas inseridas praticamente na lateral da cabea; incisivos 1/1 e pr-molares 1/2; incisivos superiores cnicos e se tocando at a metade de seu comprimento e sepa- rados na regio apical; crnio robusto, achatado e com regio rostral larga devido a presena de uma crista infraorbital bem desenvolvida. Molossops (Neoplatymops) mattogrossensis (Vieira, 1942) Molossops (Neoplatymops) mattogrossensis ocorre na Venezuela, Colmbia, Guiana e Brasil, na Floresta Amaznica, Cerrado, Caatinga e Flo- resta Atlntica do Rio de Janeiro (GREGORIN, 1998b, LINARES & ESCALANTE,1992; VILLA et al., 2001). H registro dessa espcie para os estados do AC, AM, BA, CE, GO, PA, PB, PE, RJ e RO (TAVARES et al., no prelo). A localidade-tipo So Simo, Rio Juruena, Mato Grosso, Brasil. Externamente M. mattogrossensis seme- lhante a M. temminckii, exceto pela presena de pequenas verrugas arredondadas na superfcie dorsal do antebrao e o ventre mais esbranquiado contrastando bem com a colorao dorsal casta- nho escuro. Crnio muito achatado, com crista infra-orbital menos proeminente que no subgnero Molossops. Incisivos superiores cnicos e divergen- tes no pice; geralmente dois pr-molares superio- res. Fmeas pesam em mdia 5,4 g e machos 6,1 g. Antebrao de 27,5 a 32,5 mm e comprimento to- tal do crnio entre 14,0 e 17,0 mm (WILLIG, 1983). Os machos so maiores que as fmeas. A dieta consiste de insetos, majoritariamen- te das ordens Coleoptera e Diptera, mas tambm in- clui Hemiptera, Lepidoptera, Homoptera, Hymenoptera e Orthoptera (WILLIG, 1985). Dados para a Caatinga indicam que Molossops mattogrossensis monoestro, com gravi- dez no ms de agosto (inverno) e nascimento en- tre o final da estao seca e incio do vero (no- vembro-dezembro) (WILLIG, 1985). Molossops mattogrossensis usualmente se 157 Fabian. M. E. & Gregorin, R. Captulo 13 - Famlia Molossidae abriga em frestas horizontais e verticais em rochas, entre 0,5 a 5 m do solo (WILLIG, 1985). As granulaes no antebrao podem auxiliar os ani- mais na abraso e dificultar sua retirada do abrigo, uma convergncia com Platymops na frica (ROBERTS, 1951). A espcie foi alocada em um gnero a par- te, Neoplatymops, por PETERSON (1965) mas re- centemente considerada ao nvel subespecfico pelos autores. Molossops mattogrossensis apresenta estado de conservao de baixo risco segundo a IUCN (2006). Molossops (Molossops) neglectus Williams & Genoways, 1980 Molossops (M.) neglectus ocorre no norte da Amrica do Sul, Argentina, e norte (Par) e sudes- te (Estados do Rio de Janeiro e So Paulo) do Bra- sil (WILLIAMS & GENOWAYS, 1980b; ASCORRA et al., 1991b; GREGORIN et al., 2004). A localidade-tipo Powaka, Suriname. Espcie semelhante anterior exceto pelo colorido dorsal da pelagem geralmente mais escu- ro (marrom chocolate a enegrecido) e pelo tama- nho corpreo maior: antebrao entre 34 e 37 mm e comprimento craniano entre 15 e 17 mm. Indi- vduos do norte da Amrica do Sul so maiores que do sudeste do Brasil (GREGORIN et al., 2004). Os machos so maiores que as fmeas. Sua dieta consiste de insetos. A espcie habita regies de floresta ombrfila e semidecdua (GREGORIN et al., 2004). Molossops neglectus apresenta estado de con- servao de baixo risco segundo a IUCN (2006). Molossops (Molossops) temminckii (Burmeister, 1854) Distribui-se por toda a Amrica do Sul, desde a Venezuela e Colmbia at o Uruguai, con- tornando a bacia amaznica (KOOPMAN, 1994). A localidade-tipo Lagoa Santa, Minas Gerais, Brasil. Pelagem dorsal aveludada, castanha claro a chocolate, e colorao ventral levemente mais clara e agrisalhada; orelhas delgadas, triangulares, e bem separas entre si (cerca de 4,5 mm ou mais); lateral da face com protuberncias arredondadas com um plo emergindo do centro; narinas envolvidas por uma fileira de verrugas peque- nas e pontiagudas; primeira e segunda falanges do quarto dedo de comprimento seme- lhante; crnio bem achatado, sem crista sagital e uma crista infra-orbital desenvolvida; in- cisivos superiores cnicos e divergentes no pice; ltimo molar superior com a terceira comissura bem desenvolvida (em forma de N invertido, quando visto oclusalmente). Molossops temminckii (Foto: Svio Drummond). 158 Morcegos do Brasil Peso entre 5-7 g, antebrao cerca de 30 mm (27,0 - 33,5 mm) e comprimento total do crnio de 12,5 a 18,0 mm (GREGORIN & TADDEI, 2002). Os machos so maiores que as fmeas e os espcimes provenientes das reas ao norte da distribuio so maiores que os meridionais. A dieta consiste de insetos (majoritaria- mente Coleoptera e Lepidoptera, mas tambm Hemiptera, Hymenoptera e Orthoptera) (IBEZ & OCHOA, 1985). Indivduos foram observados forrageando ao redor de postes de iluminao (R. Gregorin, obs. pes.). Molossops temminckii se reproduz no ms de julho na Venezuela (IBEZ & OCHOA, 1985). No Brasil, VIZOTTO & TADDEI (1976) e GARGAGLIONI et al. (1998) registraram o pe- rodo reprodutivo de julho a setembro no sudeste do Brasil, e GONALVES & GREGORIN (2004) em outubro, no nordeste do Estado do Tocantins. A espcie se abriga em ocos de rvore, postes e moures de cerca. Molossops temminckii apresenta estado de conservao de baixo risco segundo a IUCN (2006). Gnero Molossus E. Geoffroy, 1805 um gnero que ocorre na Amrica do Sul. No Brasil so reconhecidas quatro espcies. Como caractersticas do gnero pode-se citar cr- nio com crista sagital anterior geralmente desen- volvida, palato raso no em domo, incisivos supe- riores triangulares, no caniniformes, incisivos 1/1 e pr-molars 1/2 (GREGORIN & TADDEI (2002). Molossus coibensis Allen, 1904 Distribui-se por toda a Amrica Central, principalmente na vertente pacfica, desde Chiapas (Mxico) at norte da Amrica do Sul (Equador, Colmbia, Venezuela, Peru e Guiana) e sudoeste do Brasil, no Mato Grosso (DOLAN, 1989; SIMMONS, 2005). A localidade-tipo Ilha de Coiba, Panam. A pelagem aveludada, variando de enegrecida a castanho-avermelhado. Os plos dorsais so relativamente curtos (3,9 - 4,4 mm) (REID et al., 2000) com o tero basal no contrastando muito com a poro apical como em M. molossus, geralmente acastanhado ou cinza, mas raramente esbranquiado. O crnio curto rostralmente e com caixa craniana mais globosa que M. molossus, com os forames ntero-orbitais voltados externamente (Gregorin, obs. pes) e incisivos superiores mais espatulados e curtos que cnicos (DOLAN, 1989). Comprimento total do crnio em machos (15,9 - 19 mm) e em fmeas (15,6 - 17,7 mm); antebrao em machos (34,1 - 36,8 mm) e em fmeas (32,6 - 35,6 mm). Devido s suas dimenses menores e a taxonomia incerta do gnero Molossus na Amrica do Sul, muitos espcimes de M. molossus do Brasil podem ser M. coibensis. O nico registro da espcie para o Brasil foi baseado em um espcime (apenas pele) proveniente do Mato Grosso, descrito inicialmente como Molossus cherriei e corretamente sinonimizado com M. coibensis por DOLAN (1989). No Equador, M. coibensis foi capturado prximo ao nvel do solo dentro de floresta de terra firme (REID et al., 2000). Molossus coibensis apresenta estado de con- servao de baixo risco (IUCN, 2006). Molossus currentium Thomas, 1901 A espcie distribui-se desde Honduras em direo sul, leste do Panam, Caribe, Colmbia, Equador, Venezuela, Brasil, Paraguai e norte da Argentina. No Brasil h registros para os estados 159 Fabian. M. E. & Gregorin, R. Captulo 13 - Famlia Molossidae de Amazonas, Minas Gerais, Par e Mato Grosso do Sul (GREGORIN & TADDEI, 2000; LOPEZ- GONZLEZ & PRESLEY, 2001). A localidade-tipo Goya, Corrientes, Ar- gentina. Apresenta pelagem dorsal castanho escu- ro a castanho-avermelhado, com os plos levemen- te mais claros na base. A pelagem ventral pode ser um pouco mais clara que a dorsal . As membranas alares, focinho e orelhas so enegrecidas. As ore- lhas so semi-circulares e unidas na linha mdia sobre a cabea. Segundo LOPEZ-GONZLEZ & PRESLEY (2001) haveria trs subespcies de M. currentium, caracterizadas por variaes nos ta- manhos corporais, sendo M. currentium bondae e M. currentium currentium as subespcies que ocorrem na Amrica do Sul . Nos exemplares encontrados no Brasil, o comprimento do antebrao varia de 41,1 a 39,2 mm. Nos machos, o comprimento to- tal do crnio varia 18,7 - 20,4 e a largura zigomtica de 11,4 - 12,6 mm. Nas fmeas, o comprimento total do crnio varia de 18,0 - 19,4 mm; a largura zigomtica de 11,2 -12,2 mm (GREGORIN & TADDEI, 2002). So insetvoros. As fmeas normalmente apresentam um filhote por parto (BURNETT et al., 2001). Molossus currentium no apresenta estado de conservao (IUCN, 2006). Molossus molossus (Pallas, 1766) Esta espcie encontrada na Flrida (EUA), Mxico, Amrica Central e Caribe, Colm- bia, Equador, Venezuela, Suriname, Peru, Brasil, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina (HUSSON, 1962; GONZLEZ, 1989; KOOPMAN, 1993; BARQUEZ et al., 1999). No Brasil est ampla- mente distribuda, com registros para os estados do AM, BA, CE, DF, ES, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP (TAVARES et al., no pre- lo). Segundo MARINHO-FILHO & SAZIMA (1998), no Brasil, a espcie est presente em cin- co grandes biomas (Amaznia, Floresta Atlntica, Cerrado, Caatinga e Pantanal). A localidade-tipo France, Martinica, Pequenas Antilhas. A pelagem dorsal aveludada e a colora- o varia desde castanho escuro a enegrecida, no entanto, alguns morcegos podem se apresentar marrom-avermelhados. A base dos plos mais clara. A pelagem ventral um pouco mais clara que a dorsal. As orelhas so arredondadas e uni- das na linha mdia sobre a cabea. O antitrago bem desenvolvido, com pequena constrio na base. Apresentam quilha na regio mediana do focinho. Presena de plos hirsutos sobre o lbio superior. O comprimento do antebrao varia de 38,0 a 42,0 mm (HUSSON, 1962; BARQUEZ et al., 1999). O crnio robusto, com crista sagital alta e focinho curto. Nos machos, o comprimento total do crnio varia de 16,0 - 19,4 mm e a largura zigomtica de 10,2 - 11,7 mm; nas fmeas, o com- primento total do crnio varia de 15,5 - 18,4 mm e a largura zigomtica: 9,5 - 11,1 mm. (GREGORIN & TADDEI, 2000). So exclusivamente insetvoros. As fmeas apresentam dois perodos reprodutivos por ano, na estao mida e desen- volvem apenas um filhote por gestao (FABIAN & MARQUES, 1989). Estes morcegos podem ser encontrados tanto em reas urbanas ocupando forros de resi- dncias ou outras construes, quanto em reas no urbanizadas, ocupando ocos de rvores. Ob- servaes realizadas tanto no nordeste quanto no sul do Brasil (M. Fabian obs. pes.) parecem indicar que a espcie no realiza migraes. 160 Morcegos do Brasil Molossus molossus apresenta estado de con- servao de baixo risco segundo a IUCN (2006). Molossus pretiosus Miller, 1902 A distribuio geogrfica estende-se da Nicargua, Colmbia, Venezuela e Guiana (DOLAN, 1989, EISENBERG, 1989) ao Brasil, no Estado de Mato Grosso do Sul (GREGORIN & TADDEI, 2000). A localidade-tipo La Guaira, Caracas, Venezuela. O plo curto, sendo a pelagem aveludada e de colorao muito escura, quase preta, unifor- me no dorso, enquanto no ventre levemente mais claro. Caracterizam-se por apresentar os incisivos superiores mais cnicos que espatulados, quando comparados com M. rufus e M. bondae. Dados ob- tidos por GREGORIN & TADDEI (2000) indi- cam que os machos so maiores que as fmeas, com antebrao entre 45,2 e 47,7 mm, enquanto nas fmeas varia entre 42,6 e 45,5 mm. DOLAN (1989) refere, para exemplares da Amrica Central e Mxico que, nos machos, o comprimento total do crnio varia entre 21,5 e 22 mm, o comprimento da srie de dentes superiores de 7,1 a 7,5 mm e o antebrao, de 43,3 a 47,8 mm e para as fmeas o comprimento total do crnio varia entre 18,8 e 20,9 mm, o comprimento da srie de dentes superiores de 6,3 a 7,4 mm e o antebra- o entre 41,6 e 46 mm. Tanto DOLAN (1989) quanto GREGORIN & TADDEI (2000) tiveram dispo- nveis amostras pequenas, o que no permite con- cluses sobre a variabilidade das medidas obtidas. So morcegos insetvoros. Molossus pretiosus apresenta estado de con- servao de baixo risco segundo a IUCN (2006). Molossus rufus E. Geoffroy, 1805 Distribuem-se em Sinaloa (Mxico), e por toda a Amrica Central e Amrica do Sul, com exceo do Uruguai e Chile (BARQUEZ et al., 1999). No Brasil h registros para os estados de AM, AP, BA, DF, ES, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RS e SP (TAVARES et al., no prelo). Segundo MARINHO- FILHO & SAZIMA (1998), no Brasil, a espcie est presente em cinco grandes biomas (Ama- znia, Floresta Atlntica, Cerra- do, Caatinga e Pantanal). A localidade-tipo Caiene, Guiana Francesa Espcie de tamanho corporal grande dentro do gne- ro. O dorso apresenta plos de colorao castanho escuro, qua- se preto ou castanho- avermelhado, com as pores basais um pouco mais claras. A base do uropatgio reboberta de plos. Apresentam quilha Molossus rufus (Foto: Fbio Falco). 161 Fabian. M. E. & Gregorin, R. Captulo 13 - Famlia Molossidae rostral no to elevada quanto em Promops. As ore- lhas so arredondadas e unidas na linha mdia so- bre a cabea. Os incisivos superiores so curtos e espatulados, com os pices convergentes. Nos machos, o comprimento do antebrao varia de 46,1 - 53,0 mm e o comprimento total do crnio, de 21,6 a 23,7 mm. Nas fmeas, o antebrao varia de 46,3 a 51,8 mm e o comprimento total do crnio de 20,6 - 20,7 mm (GREGORIN & TADDEI, 2000). So morcegos insetvoros. Segundo REIS et al. (2002b) esta espcie inicia sua atividade de forrageamento 15 minutos antes que Molossus molossus, com a qual pode dividir o abrigo. No norte do Brasil, foram encontradas fmeas grvidas em quase todos os meses do ano, caracterizando-as como polistricas (MARQUES, 1986). Molossus rufus apresenta estado de conser- vao de baixo risco de acordo com a IUCN (2006), ainda com o sinnimo de Molossus ater. Gnero Nyctinomops Miller, 1902 Este gnero constitudo de quatro esp- cies, das quais trs ocorrem no Brasil. Foi consi- derado, no passado, como sub-gnero de Tadarida. FREEMAN (1981) considerou Nyctinomops como gnero vlido. Como caractersticas diagnsticas pode-se citar incisivos 1/2, bordas internas das orelhas unidas na linha mediana sobre a cabea, face com plos maleveis e delgados, no espiniformes, dgito IV com a segunda falange ge- ralmente com menos de do tamanho da primei- ra e reentrncia palatal estreita, de 0,2 a 0,6 mm (GREGORIN & TADDEI, 2002). Nyctinomops aurispinosus (Peale, 1848) Distribuem-se do Mxico, em direo ao sul atravs da Amrica Central e, na Amrica do Sul, at o sul do Peru e Bolvia e Brasil. No Brasil h registros para os estados de MG, RN e SP (TAVARES et al., no prelo). Segundo MARINHO-FILHO & SAZIMA (1998), no Brasil, a espcie est presente em quatros biomas (Amaznia, Floresta Atlntica, Cerrado e Caatinga). A localidade-tipo 161 km do Cabo So Roque, Rio Grande do Norte, Brasil. Esta espcie, entre as deste gnero que ocorrem no Brasil, a de tamanho intermedirio; menor que N. macrotis e maior que N. laticaudatus. O antebrao dos machos varia entre 50,0 e 51,0 mm e o das fmeas, de 50,4 a 52,2 mm (GREGORIN & TADDEI, 2002). A colorao dorsal predominantemente castanho, mas pode variar entre os tons avermelhado e acinzentado. A base dos plos dorsais pode ser esbranquiada. A colorao ventral um pouco mais clara que a dorsal e levemente acinzentada (KNOX JONES & ARROYO-CABRALES, 1990). As orelhas so grandes, rugosas, apresentam pequenas verrugas pontiagudas na borda superior e se unem na linha mediana da cabea, caractersticas estas comuns a todas as espcies do gnero. Os lbios superiores so acentuadamente pregueados. Crnio levemente achatado, com crista sagital baixa; h uma reentrncia palatal estreita separando bem os inci- sivos superiores, que so pontiagudos. As fossas basiesfenides so quadrangulares e profundas. O comprimento total do crnio varia de 20,1 a 20,8 mm, nas fmeas e de 21,6 mm, nos machos. Todas as caractersticas crnio-dentria tambm esto pre- sentes nas espcies do gnero (GREGORIN & TADDEI, 2002; Gregorin obs. pes.). So insetvoros. Dados sobre reproduo so escassos e esparsos. KNOX JONES & ARROYO- CABRALES (1990) mencionam que estes morce- 162 Morcegos do Brasil gos, possivelmente, apresentem apenas um pero- do reprodutivo anual e que os nascimentos ocor- rem na primavera-vero, com apenas um filhote por parto. H registros de predao por corujas no Mxico (KNOX JONES & ARROYO- CABRALES, 1990). Nyctinomops aurispinosus apresenta estado de conservao de baixo risco (IUCN, (2006). Nyctinomops laticaudatus (E. Geoffroy, 1805) Distribui-se desde o centro do Mxico, por toda a Amrica Central, incluindo algumas ilhas caribenhas, e por quase toda a Amrica do Sul, no noroeste do Peru, Colmbia, Venezuela, Guianas, Suriname, Brasil, Paraguai, Bolvia e nordeste da Argentina (VILA-FLORES et al., 2002). No Bra- sil h registros para os estados do AM, BA, CE, DF, ES, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP (TAVARES et al., no prelo). Segundo MARINHO-FILHO & SAZIMA (1998), no Brasil, a espcie est presente nos biomas Amaznia, Cerrado, Caatinga e Pantanal. A localidade-tipo Assuno, Paraguai Esta a menor espcie do gnero que ocorre no Brasil. Apresenta a pelagem dorsal de colorao castanho escuro e a ventral levemente mais clara. A base dos p- los mais clara que a extremidade distal. O lbio superior pregueado, formando sulcos verticais. As orelhas projetam-se para a frente e so uni- das na linha mediana sobre a cabea. A segunda falange do 4 dedo mede menos que 5 mm. Nos machos, o an- tebrao varia de 42,3 - 47,3 mm e o comprimento do crnio, de 17,7 - 19,2 mm. Nas fmeas, o antebrao varia 43,2 - 46,6 mm e o comprimento total do crnio de 17,3 - 18,1 mm. Os incisivos superiores so distintamen- te separados entre si devido a uma reentrncia palatal. N. laticaudatus difere de N. aurispinosus e de N. macrotis por apresentar o crnio e os dentes proporcionalmente menores e constrio ps- orbital mais larga. So animais insetvoros que se alimentam preferencialmente de Coleoptera e Lepidoptera (SILVA-TABOADA, 1979). O nascimento de filhotes ocorre no per- odo da primavera-vero. Na Argentina, N. laticaudatus foi captura- do em reas florestadas e reas encharcadas com palmeiras e arbustos (BARQUEZ et al., 1999), em- bora a espcie habite vrios tipos de hbitats (VILA-FLORES et al., 2002). Nyctinomops laticaudatus se abriga preferencialmente em caver- nas e frestas em rochas, mas pode se abrigar em construes, cujas populaes, no Hemisfrio Nor- te, chegam a milhares de indivduos (VILA-FLO- RES et al., 2002). No Brasil, a espcie aparente- mente ocorre em pequenos grupos. Nyctinomops laticaudatus apresenta estado de conservao de baixo risco (IUCN, 2006). Nyctinomops macrotis (Foto: R.R. Rufino). 163 Fabian. M. E. & Gregorin, R. Captulo 13 - Famlia Molossidae Nyctinomops macrotis (Gray, 1840) Distribuem-se na Amrica do Norte, des- de os 42 o N, Trinidad, Hispaniola, Jamaica e Cuba, Mxico, Amrica Central e Amrica do Sul at noroeste da Argentina (provincias de Jujuy, Salta, La Rioja, Tucumn e Misiones) e Uruguai (GUERRERO, 1985; MILNER et al., 1990). No Brasil, h registros para os estados do MA, MG, MS, PA, PR, RJ, SC e SP (TAVARES et al., no pre- lo). Considerando seu registro para o Uruguai, possvel que ocorra tambm no RS. Segundo MA- RINHO-FILHO & SAZIMA (1998), no Brasil, a espcie est presente nos biomas Amaznia, Flo- resta Atlntica, Cerrado, Caatinga e Pantanal. A localidade-tipo Cuba. Apresentam a pelagem dorsal de colora- o que varia do castanho-avermelhado ao casta- nho escuro, quase preto. A poro basal dos plos esbranquiada. As orelhas so grandes e unidas sobre a regio mediana da cabea. O lbio apre- senta pregas profundas. O focinho afilado. As narinas abrem-se lateralmente, entre estas h um eixo vertical na regio mediana. Esta espcie a maior dentre as espcies deste gnero que ocor- rem no Brasil. O antebrao dos machos varia de 59,8 a 64,7 mm e o das fmeas, de 58,2 - 61,1 mm (GREGORIN & TADDEI, 2002). Os incisivos superiores so paralelos entre si. O crnio largo, com rosto estreito e alongado; apresenta crista sagital pequena, porm conspcua. O comprimen- to palatal medido entre a borda posterior dos inci- sivos e a chanfradura palatal maior que 7 mm. Alimentam-se exclusivamente de insetos em vo. Dados sobre reproduo indicam que as fmeas apresentam relativo sincronismo em rela- o ao nascimento de filhotes, que ocorre entre o final da primavera e o incio do vero. Formam colnias maternidade, com segregao dos machos.As fmeas tm um filhote por parto. Nyctinomops macrotis apresenta estado de conservao de baixo risco (IUCN, 2006). Gnero Promops Gervais, 1856 Este gnero distribui-se do Mxico Ar- gentina. At o momento so reconhecidas duas espcies (KOOPMAN, 1993; BARQUEZ et al., 1999), ambas de ocorrncia no Brasil. Os morce- gos deste gnero apresentam orelhas curtas e arre- dondadas, crnio com crista sagital anterior redu- zida, palato muito profundo, em domo, incisivos superiores cnicos caniniformes, curvos e diver- gentes no pice, incisivos 1/2, pr-molares 2/2, primeiro pr-molar superior de tamanho reduzido, quase vestigial (GREGORIN & TADDEI, 2002). Promops centralis Thomas, 1915 Esta espcie distribui-se do Mxico (Jalisco e Yucatn) at o Equador, Suriname e Trinidad, Peru, Bolvia, Paraguai, norte da Argen- tina. No Brasil est registrada para os estados do Acre e Par (NOGUEIRA et al., 1999; GREGORIN & TADDEI, 2000). A localidade-tipo norte de Yucatan, M- xico. Promops centralis apresenta colorao cas- tanho escura. A poro basal do plo mais clara. No seu aspecto geral, muito semelhante a P. nasutus, porm o crnio mais robusto e a crista sagital mais desenvolvida, especialmente nos machos (BARQUEZ et. al., 1999). Alimentam-se de insetos. Segundo BARQUEZ et al. (op.cit) foi en- contrada uma fmea grvida no incio do ms de maio (outono), na Argentina. Promops centralis apresenta estado de con- servao de baixo risco (IUCN, 2006). 164 Morcegos do Brasil Promops nasutus (Spix, 1823) A distribuio da espcie abrange Trinidad, Venezuela, Guiana, Suriname, Equador, Bolvia, Paraguai, norte da Argentina. No Brasil est registrada para os estados do AM, AP, BA, MG, PA, PI, PR, RS, SC e SP (TAVARES et al., no prelo). A localidade-tipo rio So Francisco, Bahia, Brasil. Apresenta o plo de colorao castanha, sendo mais escura em exemplares de florestas midas. A base dos plos pode ser mais clara. A cor da pelagem ventral mais clara que a dorsal (BARQUEZ et al., 1999). As orelhas so curtas e arredondadas, unidas na linha mdia sobre a cabe- a. Antitrago ovalado, com constrio acentuada na base. Quilha nasal membranosa. Presena de diminutos plos rgidos, curvos e com pice dila- tado, na regio subnasal. O crnio apresenta crista sagital anterior reduzida, palato muito profundo, em domo, incisivos superiores cnicos, caniniformes, curvos e divergentes no pice (GREGORIN & TADDEI, 2002). Esta espcie apresenta antebrao variando entre 48,5 e 50,3 mm, nos machos e entre 45,7 e 51,8 mm nas fmeas. Alimentam-se de insetos. Na Argentina e no Paraguai (MYERS & WETZEL, 1983; BARQUEZ et. al., 1999) foram encontradas fmeas grvidas nos meses de outubro e novembro (primavera), o que permite afirmar que os nascimentos ocorram no incio do vero. No foram encontrados exemplares sexualmente ativos nos me- ses de julho e agosto (inverno), no Paraguai. SILVA (1975) refere a presena de P. nasutus em telhados e stos, no Rio Grande do Sul. Segun- do este autor, as colnias permaneceram ocupando os mesmos abrigos ao longo de todo o ano. Promops nasutus apresenta estado de con- servao de baixo risco (IUCN, 2006). Gnero Tadarida Rafinesque, 1814 Este gnero apresenta ampla distribuio mundial. Contm sete espcies, das quais apenas uma ocorre na Amrica do Sul, incluindo o Brasil. Das oito espcies referidas por KOOPMAN (1993), o status taxonmico de Tadarida espiritosantensis foi revisado por ZORTA & TADDEI (1995) os quais concluram que se trata de sinnimo jnior de Nyctinomops laticaudatus. Entre as caractersticas morfolgicas mais relevan- tes podem-se citar o lbio superior acentuadamente preguedo, formado por sulcos verticais profundos, crnio com a poro pr-maxilar ausente e incisivos superiores distinta- mente separados na base, de- vido separao dos ramos nasais dos pr-maxilares. Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) A distribuio esten- de-se dos Estados Unidos, aproximadamente 45 N, em direo ao sul, atravs do M- Promops sp. (Foto: A. L. Peracchi). 165 Fabian. M. E. & Gregorin, R. Captulo 13 - Famlia Molossidae xico, Amrica Central e Am- rica do Sul incluindo Brasil, Uruguai, Chile e Argentina, at aproximadamente 45 S (WILKINS, 1989). No Bra- sil, a distribuio da espcie no uniforme. No h re- gistros para a Amaznia (NOGUEIRA et al., 1999), verificam-se baixas densida- des no Sudeste e Centro-Oes- te e altas densidades na Re- gio Sul, em especial no Rio Grande do Sul. Os estados brasileiros com registros so: MG, PR, RJ, RR, RS, SC e SP (TAVARES et al., no prelo). Segundo MARINHO-FILHO & SAZIMA (1998), no Brasil, a espcie est presente nos biomas Floresta Atlntica e Cerrado. A localidade-tipo Curitiba, Paran, Brasil. So animais com pelagem de colorao uniforme no dorso, variando de castanho escuro a castanho-acinzentado e colorao mais clara na regio ventral. Caracterizam-se por apresentar l- bio superior com sulcos bem definidos (pregas) e plos negros e rgidos espalhados pela face. Ore- lhas grandes e arredondadas que se projetam antero-dorsalmente, com sulcos paralelos na face interna e verrugas pontiagudas na sua borda supe- rior. As orelhas so separadas na linha mediana sobre a cabea e entre elas geralmente h tufo de pelos que no deixa visvel esta separao. O foci- nho relativamente largo, com depresso em for- ma de sulco, entre as narinas. As membranas ala- res ligam-se ao corpo acima do tornozelo. O ante- brao varia de 41,0 a 45,0 mm e o comprimento total do crnio de 16,0 a 17,6 mm. O crnio apresenta uma constrio pala- tal ampla (to larga quanto longa) separando bem Tadarida brasiliensis (Foto: Marta Fabian & A. Witt). os incisivos pontiagudos superiores. No Cone Sul da Amrica do Sul e nos EUA, as colnias apresentam marcada flutuao sazonal (FABIAN & MARQUES, 1996). No sul do Brasil, T. brasiliensis mostra preferncia por colepteros e lepidpteros na sua dieta, mesmo nos meses de inverno quando as temperaturas so bastante baixas e a densidade e diversidade de in- setos baixa. (FABIAN et al., 1990). O pico de nascimento de filhotes ocorre entre o final da primavera e incio do vero (CAGLE, 1950; TWENTE, 1956; GLASS, 1958; MARQUES & FABIAN, 1994). Formam-se gran- des colnias maternidade, onde os filhotes perma- necem todos juntos com fmeas adultas no seu entorno. No Brasil, esta espcie adaptou-se s re- as urbanas, ocupando telhados, forros e outras construes humanas. Em parte de sua distribui- o, conhecida por ocupar cavernas. Tadarida brasiliensis apresenta estado de conservao de baixo risco (IUCN, 2006). 166 Morcegos do Brasil 167 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae Captulo 14 Famlia Vespertilionidae Gledson Vigiano Bianconi Doutorando em Cincias Biolgicas em Zoologia Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP - Rio Claro-SP) Wagner Andr Pedro Professor Livre Docente Laboratrio de Chiroptera, Departamento de Apoio, Produo e Sade Animal Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho - (UNESP - Araatuba-SP). Vespertilionidae Gray, 1821 a famlia com maior diversidade e distribuio geogrfica entre os Chiroptera, incluindo atualmente 48 g- neros e 407 espcies nas regies tropicais e tem- peradas do globo (NOWAK, 1999; SIMMONS, 2005). SIMMONS (2005) reconheceu seis subfamlias para essa famlia (Vespertilioninae, Antrozoinae, Myotinae, Miniopterinae, Murininae e Kerivoulinae), das quais apenas Vespertilioninae (tribos Eptesicini, Lasiurini, Nycticeiini e Vespertilionini) e Myotinae possuem representan- tes no Brasil. Dados corolgicos disponveis para o pas indicam uma riqueza de 24 espcies perten- centes a cinco gneros (Eptesicus, Lasiurus, Rhogeessa, Histiotus e Myotis), a maioria com ampla distribui- o (PERACCHI et al., 2006). Caracterizam-se por olhos pequenos e au- sncia de folha nasal ou qualquer outro ornamen- to facial (EISENBERG & REDFORD, 1999). As orelhas variam bastante de forma e tamanho, sen- do um bom parmetro para a separao dos gne- ros. A cauda, bem desenvolvida, contida no uropatgio, raramente ultrapassando sua borda distal em uma vrtebra, formando um V bem definido (GOODWIN & GREENHALL, 1961; VIZOTTO & TADDEI, 1973). Os dentes incisi- vos so pequenos e separados medianamente; os molares apresentam um padro de cspides e sul- cos em forma de W bem definida (NOWAK, 1994). O sistema dentrio varia entre trinta e trin- ta e oito dentes, e o crnio apresenta tamanhos e formas diferentes, embora em alguns sejam encon- trados numerosos caracteres em comum (ACOS- TA Y LARA, 1950). Todos os vespertiliondeos do Brasil se alimentam de insetos, em geral capturando-os em vo (LaVAL & FITCH, 1977; BARCLAY & BRIGHAM, 1991). O perodo de gestao varia entre 40 e 90 dias (ou um pouco mais) e as fmeas do luz a um ou, ocasionalmente, dois a cinco filhotes por evento reprodutivo (WILSON & FINDLEY, 1970; KURTA & LEHR, 1995; NEUWEILER, 2000). No Hemisfrio Norte, muitas espcies realizam movimentos migratri- 168 Morcegos do Brasil os e hibernao (BARBOUR & DAVIS, 1969), comportamentos que, embora no comprovados, so sugeridos na Amrica do Sul (ACOSTA Y LARA, 1950; VAN DEUSEN, 1961; SILVA, 1985). Podem ser encontrados sozinhos ou em gru- pos pequenos ou extremamente grandes (de cen- tenas a milhares de indivduos), ocupando toda sorte de abrigos, como grutas, cavernas, fendas em rochas, rvores (folhagens, ocos e cascas), folhas secas de palmeiras, barrancos de rios, construes humanas ou outros locais protegidos (e.g. PERACCHI, 1968; PATTERSON, 1992; ALMEIDA et al., 2002; FALCO et al., 2003). Subfamlia Vespertilioninae Gray, 1821 Tribo Eptesicini Volleth & Heller, 1994 Gnero Eptesicus Rafinesque, 1820 Espcie-tipo: Eptesicus melanops Rafinesque, 1820 (= Vespertilio fuscus Beauvois, 1796) (SIMMONS, 2005). representado por 23 espcies no mundo (SIMMONS, 2005), das quais sete foram registradas para o Brasil: E. andinus J. A. Allen, 1914, E. brasiliensis (Desmarest, 1819), E. chiriquinus Thomas, 1920, E. diminutus Osgood, 1915, E. furinalis (dOrbigny, 1847), E. fuscus (Beauvois, 1796) e E. taddeii (Miranda, Bernardi & Passos, 2006). As espcies brasileiras deste gnero so de tamanho pequeno a mdio (antebrao geralmen- te variando de 30 a 50 mm) e de colorao bastan- te variada (castanho em diferentes tons, enegrecida ou acinzentada). Diferenciam-se de Myotis pela ausncia de plos na base do uropatgio, nmero reduzido de pr-molares (pm 1/2) e pela menor distncia entre o canino e o primeiro molar. Pos- suem dois incisivos superiores de cada lado dos pr-maxilares, sendo os externos cerca de metade do tamanho dos internos; a orelha pouco desen- volvida e a regio rostral mostra-se inflada. Eptesicus andinus J. A. Allen, 1914 Distribui-se por Colmbia, Equador, Peru, Venezuela, possivelmente Bolvia, e Brasil (SIMMONS, 2005), onde possui registros para os estados do Mato Grosso (BERNARD & SAMPAIO, no prelo) e Gois (DAVIS, 1965; SIMMONS & VOSS, 1998, ambos em referncia ao espcime AMNH 134910). A localidade-tipo Valle de las Papas, na Colmbia. A colorao dorsal castanho-escura, podendo apresentar plos (ca. 9 mm) com as pon- tas ligeiramente plidas; ventralmente os plos so bicolores, de bases escuras e pontas castanho-ama- reladas. O crnio menos achatado em vista late- ral, com a crista sagital pouco desenvolvida (SIMMONS & VOSS, 1998). Eptesicus andinus uma espcie relativamente grande para o gnero, como comprovam algumas das medidas aqui apre- sentadas: antebrao de 37,2 a 44,4 mm, compri- mento do crnio de 14,1 a 16,1 mm, largura zigomtica de 9,7 a 10,8 mm, largura da caixa craniana de 7,1 a 7,9 mm e comprimento da srie de dentes maxilares de 5,5 a 6,0 mm (SIMMONS & VOSS, 1998). Possui hbito alimentar insetvoro, fazen- do a captura de presas em vo (LaVAL & FITCH, 1977). Os poucos dados sobre reproduo indi- cam a captura de fmeas grvidas no ms de agos- to, no Peru (GRAHAM, 1987); no h informa- es sobre preferncia de hbitat para esta espcie. considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Eptesicus brasiliensis (Desmarest, 1819) Ocorre do sul do Mxico (Veracruz) ao norte da Argentina, Paraguai, Uruguai e Trinidad e Tobago (SIMMONS, 2005). Considerando as 169 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae Eptesicus brasiliensis (Foto: Rexford D. Lord). subespcies reconhecidas por DAVIS (1966), a distribuio geogrfica no Brasil se d da seguinte maneira: E. b. brasiliensis (Desmarest 1819), com registros para os estados da BA, ES, GO, MG, MS, MT, PR, RJ, RS, SC e SP (PERACCHI et al., 2006); e as subespcies E. b. melanopterus Jentink 1904 e E. b. thomasi Davis 1966, com registros para a re- gio Norte, nos estados do Amazonas, Amap e Par (TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: Goias, no Brasil. Seus caracteres externos e cranianos so bastante similares aos de E. furinalis, com quem costuma ser confundida. Possui molares grandes em comparao s outras espcies do gnero (DAVIS, 1966), bem como uma colorao mais clara em comparao quelas de maior tamanho (E. andinus, E. chiriquinus e E. fuscus). Segundo GONALVES (2000), os exemplares colecionados no Brasil apresentam uma pelagem dorsal castanho-escura a castanho-avermelhada. Geralmente tm os dois teros basais escuros e o tero apical avermelhado ou amarelado, dando uma impresso mesclada. Colorao ventral ama- relada a esbranquiada. Embora alguns autores sugiram plos dorsais relativamente curtos (SIMMONS & VOSS, 1998; LIM & ENGSTROM, 2001), espcimes da regio Sul demonstram vari- aes acentuadas nesse carter (comprimento de 8 a 12 mm) (G.V. BIANCONI, obs. pess.), por vezes corroborando a descrio de REID (1997) para a Amrica Central (7 a 9 mm). As orelhas so triangulares, o trago geralmente curvado para fren- te, e o lado do focinho levemente distendido. A pele do rostro rosada e as membranas so escu- ras. Algumas das medidas disponveis para a esp- cie so: antebrao de 40,0 a 46,1 mm, comprimento do crnio de 16,7 a 18,7 mm, largura zigomtica de 11,9 a 12,9 mm, largura da caixa craniana de 7,5 a 8,4 mm, e comprimento da srie de dentes maxila- res de 6,0 a 6,7 mm (DAVIS, 1966; BARQUEZ et al., 1999; G. V. BIANCONI obs. pess.). A dieta deste vespertiliondeo insetvora, capturando suas presas em vos rpidos e em al- turas variadas. Segundo REID (1997), podem ser vistos forrageando ao redor de iluminao artifici- al, repetindo uma rota circular; sua atividade no- turna comea cerca de meia hora a uma hora aps o ocaso. REIS & PERACCHI (1987), analisando amostras fecais de indivduos capturados na re- gio de Manaus, estado do Amazonas, observa- ram fragmentos de colepteros, restos de lepidpteros e outros insetos no identificados. Em cativeiro receptivo a vrios insetos e, quando alimentado com besouros do gnero Dermestes, descarta os litros deixando-os cair inteiros no cho, e no fragmentados, como seria esperado (GONZLEZ, 1989). As fmeas podem ter duas gestaes no ano, que duram cerca de trs meses, quando do luz a um filhote. GARGAGLIONI et al. (1998) capturaram duas fmeas grvidas no ms de outu- bro na Estao Ecolgica de Jata (SP); REIS & PERACCHI (1987) observaram dois machos em fase reprodutiva no ms de julho na regio de Manaus. Os artrpodos ectoparasitos de E. brasiliensis no Brasil incluem o carrapato Argasidae Ornithodoros mimon Kohls, Clifford & Jones, 1969 e os dpteros nicteribideos Basilia carteri Scott, 1936, B. mirandaribeiroi Guimares, 1938, B. plaumanni Scott, 1940, B. speiseri (Miranda-Ribei- 170 Morcegos do Brasil ro, 1907) e B. quadrosae Graciolli & Moura, 2005 (GRACIOLLI & MOURA, 2005; GRACIOLLI et al., 2006; GRACIOLLI et al., no prelo). Cabe ain- da destacar o registro recente e indito do Trichobiinae Anatrichobius passosi Graciolli, 2003 sobre E. brasiliensis, o qual pode representar uma baixa especificidade deste estrebldeo (anterior- mente citado apenas sobre morcegos do gnero Myotis), ou uma ocorrncia temporria ou aciden- tal (GRACIOLLI & BIANCONI, 2007). Para o Brasil existem informaes de cap- tura tanto em florestas primrias como em capoei- ras na regio de Manaus (REIS & PERACCHI, 1987); na Floresta Atlntica tem sido capturada no sub-bosque ou borda florestal, algumas vezes sobre riachos. BERNARD (2001b), trabalhando em floresta primria na Amaznia Central, captu- rou dois indivduos em redes instaladas no dossel da floresta (altura entre 17 e 30 m) e um indivduo no estrato inferior. Eptesicus brasiliensis busca abrigo em ocos e sob cascas de rvores, grutas, cavernas, telha- dos de residncias (SILVA, 1985; ALMEIDA et al., 2002), dentre outros refgios naturais e artificiais. REIS et al. (2002a) relatam a presena de uma co- lnia de 14 indivduos em nicho de ar condiciona- do, na periferia da cidade de Londrina, estado do Paran. No sul do Brasil h registros de coabita- o com Molossus molossus e Myotis nigricans (G. V. BIANCONI, obs. pess.). considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Eptesicus chiriquinus Thomas, 1920 Distribui-se pelos seguintes pases: Costa Rica, Panam, Colmbia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Brasil (SIMMONS, 2005), com registros para os estados do Par (BERNARD & FENTON, 2002) e Amazonas (SAMPAIO et al., 2003). Localidade-tipo: Boquete, Chiriqu, no Panam. Dorsalmente apresenta uma pelagem lon- ga (8 a 10 mm) de colorao castanho-escura ou enegrecida; ventralmente os plos so bicolores, de base castanho-escura e ponta mais clara. O cr- nio mais achatado em vista lateral, com crista sagital e nucal bem desenvolvidas; o rostro pou- co proeminente lateralmente (SIMMONS & VOSS, 1998). Eptesicus chiriquinus considerada uma espcie grande para o gnero, com antebrao variando de 42,5 a 48,9 mm, comprimento do cr- nio de 15,8 a 17,5 mm, largura zigomtica de 10,7 a 12,4 mm, largura da caixa craniana de 7,3 a 8,5 mm, e comprimento da srie de dentes maxilares de 6,1 a 7,1 mm medidas em geral maiores do que E. andinus. Embora no haja dados sobre a sua dieta, sugere-se o hbito insetvoro. H registros de captura desta espcie em hbitat modificado (estrada e clareira) no Paracou, Guiana Francesa, onde SIMMONS & VOSS (1998) coletaram dois indivduos ao nvel do solo e quatro em redes instaladas entre 4 e 23 m. No Brasil foi capturada em redes instaladas entre 17 e 30 m de altura em reas de floresta primria dos estados do Par (n = 3) (KALKO & HANDLEY, 2001; BERNARD, 2001b) e Amazonas (n = 1) (SAMPAIO et al., 2003), sendo que neste ltimo tambm houve no sub-bosque florestal (n = 1). No h informaes sobre a reproduo e o status de conservao deste vespertiliondeo. Eptesicus diminutus Osgood, 1915 Ocorre na Venezuela, Paraguai, Uruguai, norte da Argentina e Brasil (SIMMONS, 2005), no Distrito Federal e nos estados da BA, ES, MA, MG, PR, RS, SC e SP (PERACCHI et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: So Marcello, Rio Preto, Bahia, no Brasil. 171 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae A colorao geral castanha em diferen- tes tonalidades, podendo apresentar o ventre acinzentado, num padro que lembra muito o usu- almente encontrado em E. furinalis (VIEIRA, 1942; DAVIS, 1966; BARQUEZ et al., 1999). Alguns exemplares tm os plos dorsais de pontas pardas e a poro basal escura, resultando em uma pelagem castanho-amarelada. A crista sagital usualmente pouco desenvolvida nesta espcie, que a menor dentre as representantes brasileiras do gnero. As seguintes medidas, proporcionalmente pequenas, podem ser observadas: antebrao de 30,0 a 36,5 mm, comprimento do crnio de 12,9 a 13,8 mm, largura zigomtica de 8,6 a 9,3 mm, lar- gura da caixa craniana de 6,5 a 7,1 mm e compri- mento da srie de dentes maxilares de 4,6 a 5,0 mm (VIEIRA, 1942; VIZOTTO & TADDEI, 1973; SILVA, 1985; MARES et al., 1996; BARQUEZ et al., 1999; GONZLEZ, 2001). Este vespertiliondeo classificado como insetvoro areo (OJEDA & MARES, 1989). Uma anlise de contedo estomacal na Argentina indi- cou o consumo preferencial de colepteros (BARQUEZ et al. 1999), e no Brasil (Fazenda Monte Alegre, estado do Paran), REIS et al. (1999) registraram lepidpteros e dpteros. Poucas so as informaes sobre seus pa- dres reprodutivos. H o registro de fmeas lactantes no final de janeiro para a Fazenda Mon- te Alegre (REIS et al., 1999). No Brasil, o nico ectoparasito encontra- do nesta espcie o dptero nicteribideo Basilia ortizi Machado-Allison, 1963 (GRACIOLLI et al., no prelo). Eptesicus diminutus pode ser capturada tanto em reas secundrias quanto primrias, no interi- or ou na borda de florestas; na bacia do rio Tibagi (PR) a espcie mais encontrada do gnero (REIS et al., 2002b). Como abrigo utiliza cascas e ocos de rvores, bem como construes humanas (GONZLEZ, 1989; BARQUEZ et al., 1999; EISENBERG & REDFORD, 1999). No Uruguai h relatos de abrigos em Erythrina crista-galli (L.) Kuntze, e outras rvores nativas (ACOSTA Y LARA, 1951 apud GONZLEZ, 1989, p. 26). considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Eptesicus furinalis (dOrbigny, 1847) Distribui-se do Mxico (norte de Jalisco e Tamaulipas) ao norte da Argentina, Paraguai, Bo- lvia, Brasil, Guianas e leste do Peru (MIES et al., 1996; SIMMONS, 2005). Em territrio brasileiro h registro para o AM, AP, CE, DF, ES, MG, MS, MT, PA, PR, RJ, RS, SC, SP, TO, (SCHNEIDER, 2000; CHEREM et al., 2004; PERACCHI et al., 2006; TAVARES et al., no prelo; R. GREGORIN, com. pess.). Sua localidade-tipo Corrientes, na Argentina. A colorao castanho-escura no dorso, tendo plos de base escura e ponta castanho-ama- relada no ventre (em alguns indivduos o padro dorsal se repete no ventre). Em muitos aspectos esses morcegos so pequenas rplicas de E. brasiliensis e, em algumas regies, como na Bacia Amaznica, so de difcil distino (DAVIS, 1966). Ademais, indivduos pequenos de E. furinalis (ge- ralmente machos) podem tambm ser confundi- dos com E. diminutus (s. BARQUEZ et al., 1999). As medidas de antebrao disponveis para esta espcie variam de 36,5 a 42,5 mm. Outros caracteres so: presena de pequenos molares, com a srie de dentes maxilares variando de 5,3 a 6,3 mm, crnio pequeno (maior comprimento entre 14,3 e 16,3 mm) com crista sagital por vezes pou- co desenvolvida, porm distinta, largura da caixa craniana de 6,7 a 8,0 mm, largura zigomtica de 9,8 a 11,8 mm (SIMMONS & VOSS, 1998; BARQUEZ et al., 1999; G. V. BIANCONI, obs. pess.). 172 Morcegos do Brasil Assim como os demais Eptesicus, tem die- ta insetvora, com a captura de presas em vo (LaVAL & FITCH, 1977). Nada se conhece sobre a composio da sua dieta. As informaes reprodutivas indicam duas gestaes no ano, com durao pouco supe- rior a dois meses (um ou dois filhotes) (GONZLEZ, 2001). Na estao reprodutiva, em Belize, formam harns, com o macho abrigando- se parte do grupo de fmeas (MCCARTHY, 1980). Segundo esse autor, os nascimentos ocor- rem no final de maio (geralmente dois filhotes), embora algumas fmeas reproduzam novamente em julho-agosto, quando tm apenas um filhote. No Paraguai, o primeiro perodo corresponderia aos meses de julho e agosto, e o segundo, mais curto, ao ms de janeiro (MYERS, 1977). Na Ar- gentina, BARQUEZ et al. (1999) registraram estro ps-parto (fmeas prenhas amamentando em no- vembro) e a captura de machos com escroto apa- rente nos meses de maio e novembro; VARELA et al. (2004) colecionaram um exemplar jovem no ms de dezembro. O nico ectoparasito citado para E. furinalis no Brasil o dptero nicteribideo Basilia hughscotti Gui- mares, 1946 (GRACIOLLI et al., no prelo). Segundo REID (1997), esse vespertiliondeo ocorre desde terras baixas at 1.800 m, mas geralmente abaixo de 500 m. Um grupo excepcionalmente grande, contendo apro- ximadamente 100.000 indivduos, foi encontrado abrigando-se numa caverna mexicana (VILLA-R., 1966). MARES et al. (1995) registraram E. furinalis para diferentes ambientes na Argentina; GONZLEZ (2001) sugere que seja comum em reas rurais e menos freqente em zonas urbanas e suburbanas do Uruguai. No Paracou (Guiana Francesa), foram realizadas capturas (n = 23) tan- to em redes baixas como elevadas (entre 5 e 20 m) instaladas em clareiras artificiais e estradas de ter- ra; apenas um indivduo foi capturado entre 34 e 37 m, na floresta primria (SIMMONS & VOSS, 1998). Seus registros para o Brasil so para flo- restas primrias e secundrias, nas bordas da ve- getao (e.g. REIS et al., 1992; PERACCHI et al., 2005) e em edificaes humanas, como verificado na Chapada do Araripe, estado do Cear (MARES et al., 1981). Tem sido observado com relativa fre- qncia em reas urbanas de vrios municpios bra- sileiros, como em So Paulo, estado de So Paulo (SODR & ROSA, 2006), Londrina, Paran, e Florianpolis, Santa Catarina (PACHECO et al., no prelo). Outros abrigos citados na literatura in- cluem cavernas, ocos e cascas de rvores (p. ex.: eucalipto) (VILLA-R., 1966; BARQUEZ & OJEDA, 1992; GONZLEZ, 2001). A espcie citada como presa da coruja Asio stygius (Wagler, 1832) no Cerrado brasileiro (MOTTA-JNIOR & TADDEI, 1992) e possui diagnstico positivo para a raiva no pas (CUNHA et al., 2006). Seu status de conservao de baixo ris- co de extino pela IUCN (2006), subcategoria preocupao menor (LR/lc). Eptesicus fuscus (Beauvois, 1796) Ocorre do Alasca e sul do Canad at a Colmbia, Grandes Antilhas, Bahamas, Dominica, Barbados e norte do Brasil, com um nico registro para o estado do Amap (PICCININI, 1974; SIMMONS 2005). THEODOR (1967), em refe- rncia a ectoparasitas de morcegos colecionados por Franco Grillo no sul do Brasil, cita a espcie para o municpio de Palmeira, estado do Paran. Este exemplar, assim como outros recentemente capturados no sul do Brasil (que se assemelham em forma e tamanho a E. fuscus), merecem revi- so. Havendo sua confirmao, podero represen- tar uma ampliao significativa na distribuio desta espcie. Sua localidade-tipo Philadelphia, 173 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae Eptesicus fuscus (Foto: Rexford D. Lord). Pennsylvania, nos Estados Unidos. A pelagem de textura macia e brilhante (ca. 10 mm no dorso), de colorao variando do castanho-amarelado ao castanho-escuro ou mes- mo avermelhado, sendo ventralmente mais clara. As partes desprovidas de plos no rostro, orelhas, asas e uropatgio so quase negras. As orelhas so triangulares com o trago curvado para frente; os lados do focinho so expandidos. o maior repre- sentante brasileiro do gnero, com antebrao vari- ando de 39,0 a 56,6 mm (em geral > 45,0 mm), comprimento do crnio de 15,1 a 23,0 mm, largu- ra zigomtica de 11,1 a 14,2 mm, largura da caixa craniana de 7,5 a 9,6, e comprimento da srie de dentes maxilares de 7,0 a 9,8 mm (TATE, 1943; KURTA & BAKER, 1990). Embora seja uma das espcies melhor es- tudadas na Amrica do Norte, pouco se conhece sobre sua biologia na Amrica do Sul (EISENBERG & REDFORD, 1999). Assim, as informaes apresentadas abaixo se referem for- ma norte-americana do txon. A atividade de forrageio (com dois ou trs indivduos ocasionalmente juntos em vo diretos) comea 30 minutos aps o pr-do-sol e ocorre geralmente em reas abertas com rvores esparsas. Nesses locais, os chamados de ecolocalizao tm intensidade mxima de 30-35 kHz e a emisso de sons audveis, rpidos, so freqentemente dados em vo (BARBOUR & DAVIS, 1969). Estudos sobre sua dieta indicam hbito fortemente insetvoro, com consumo comum de colepteros (Scarabaeidae em particular) e, raramente, de lepidpteros (BARBOUR & DAVIS, 1969; JONES & RYDELL, 2003). O nmero de filhotes por fmea varia ge- ograficamente na Amrica do Norte. Embora cos- tumem gerar um ou dois filhotes por evento reprodutivo, podem ter implantado no tero at sete embries, ocorrendo reabsoro destes de acordo com a disponibilidade de recursos no am- biente (CZAPLEWSKI et al., 1979; NEUWEILER, 2000). A taxa de mortalidade dos filhotes, normalmente ocasionada quando explo- ram as paredes do abrigo ou tentam voar (caindo ao cho), costuma ser inferior (ca. 7%) da maio- ria dos Chiroptera (ca. 33%) (NEUWEILER, 2000). As mes so capazes de reconhecer suas crias, res- gatando-as quando caem no cho do abrigo (BARBOUR & DAVIS, 1969), e no costumam carregar os filhotes durante a atividade de forrageio (DAVIS, 1970b); estes alcanam o tamanho adul- to dentro de aproximadamente 60 dias (EISENBERG & REDFORD, 1999). Embora a identificao do hospedeiro seja duvidosa (vide comentrio na distribuio), h o registro para o Brasil do ectoparasito nicteribideo Basilia plaumanni Scott, 1940 (THEODOR, 1967). Ocorre desde terras baixas at 2.700 m; rara no sudeste mexicano, e na Amrica Central ocorre primariamente em maiores elevaes, em clareiras e plantaes. comum e amplamente distribuda nos Estados Unidos e no Canad, onde as populaes das partes mais setentrionais no migram, porm hibernam durante os meses mais frios do ano (BARBOUR & DAVIS, 1969). Du- rante a hibernao podem ficar junto com outras espcies, mas nunca em grupos grandes de sua prpria espcie (EISENBERG & REDFORD, 1999). Abriga-se geralmente em cascas de rvores 174 Morcegos do Brasil ou cavernas, embora possa ocupar uma variedade de estruturas feitas pelo homem, como constru- es abandonadas, stos de residncias, torres de igrejas, dentre outros, assim como fissuras em ro- chas e ocos de rvores (CZAPLEWSKI et al., 1979). comumente associada com construes humanas no leste da Amrica do Norte, mas apa- renta depender mais de cavidades em rvores no oeste (KUNZ & LUMSDEN, 2003). Alguns abrigos so temporrios, outros so utilizados durante o ano todo, pois servem tam- bm para hibernao. O tamanho mdio das col- nias no Canad, de 11 a 100 indivduos e a fide- lidade mvel, de 3 a 10 dias; a rea de ocupao (mdia da distncia entre os abrigos consecutivos) menor do que 400 m (KUNZ & LUMSDEN, 2003). considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Eptesicus taddeii Miranda, Bernardi & Passos, 2006 Espcie recentemente descrita e conheci- da apenas por sua srie-tipo (n = 24), com os exem- plares oriundos dos estados brasileiros de So Pau- lo, Paran e Santa Catarina (MIRANDA et al., 2006a). Localidade-tipo: Fazenda Monjolo, distri- to de So Luiz do Purun, municpio de Balsa Nova, estado do Paran, no Brasil. Segundo os au- tores, este vespertiliondeo tem E. brasiliensis como o seu congnere mais similar; no entanto, not- vel tambm sua semelhana externa e craniana com outros grandes Eptesicus (E. chiriquinus e E. fuscus, vide descries acima, bem como TATE, 1943, DAVIS, 1966, KURTA & BAKER, 1990 e SIMMONS & VOSS, 1998), o que refora a ne- cessidade de uma reviso sistemtica do gnero, que poder revelar ampliaes considerveis na distribuio de alguns txons no Brasil. Com base em MIRANDA et al. (2006a), as seguintes caractersticas podem ser destacadas para os exemplares: tamanho mdio com focinho mais inflado e orelhas mais redondas que E. brasiliensis; colorao variando do castanho- avermelhado ao vermelho; plos dorsais bicolores (dois teros basais castanhos e as pontas avermelhadas) com cerca de 7 mm de comprimen- to; regio ventral mais plida; as partes desprovi- das de plos no rostro, orelhas e membranas so negras. Algumas medidas da srie-tipo: comprimen- to do antebrao de 44,1 a 48,7 mm, largura zigomtica de 11,7 a 12,9 mm, largura da caixa craniana de 7,7 a 8,5 mm, maior comprimento do crnio de 17,3 a 18,4 mm, comprimento da srie de dentes maxila- res de 6,4 a 7,1 mm. No h informaes sobre sua biologia, incluindo dados reprodutivos. Assim como seus congneres, deve incluir uma grande variedade de insetos em sua dieta. Os exemplares citados por MIRANDA et al. (2006a) foram capturados com uso de redes- de-neblina em horrios variados na noite, em re- as de floresta primria e em regenerao, bem como suas bordas. Outras espcies do gnero, registradas para a localidade-tipo, foram E. brasiliensis e E. furinalis. O status de conservao deste vespertiliondeo tambm desconhecido. Tribo Lasiurini Tate, 1942 Gnero Lasiurus Gray, 1831 Espcie-tipo: Vespertilio borealis Mller, 1776. Gnero exclusivo das Amricas, constitu- do por 17 espcies, cinco das quais com registros para o Brasil. Dois subgneros so considerados: L. (Lasiurus), no pas representado por L. blossevillii (Lesson & Garnot, 1826), L. cinereus (Palisot de Beauvois, 1796) e L. ebenus Fazzolari-Corra, 1994; e L. (Dasypterus), representado por L. ega (Gervais, 1856) e L. egregius (Peters, 1870) 175 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae (TAVARES et al., no prelo). Segundo ressaltado por esses autores, as informaes corolgicas so- bre o gnero no Brasil so precrias, dificultando traar a real distribuio das espcies. Caracteriza-se pela presena de plos, no uropatgio, que se estendem, na maioria das esp- cies, at sua margem distal. A colorao variada (tons avermelhados, amarelados, acinzentados ou enegrecidos), sendo, juntamente com a frmula dentria e dimenses corpreas, um bom carter na identificao dos subgneros e espcies. Como caractersticas diagnsticas do gnero e que o se- para dos demais no Brasil, esto a forma pontia- guda (cnica) dos incisivos superiores (nico em cada hemimaxila), a reentrncia palatal acentua- da, e o crnio curto e abaulado. As orelhas so pequenas e arredondadas. As fmeas costumam apresentar quatro mamas, podendo dar luz cin- co filhotes por evento reprodutivo. Das cinco es- pcies brasileiras, L. cinereus a que apresenta o maior antebrao (geralmente > 50 mm). Lasiurus blossevillii (Lesson & Garnot, 1826) Ocorre em Trinidad e Tobago, Equador (incluindo as Ilhas Galpagos), Bolvia, Chile, norte da Argentina, Uruguai e Brasil (REID, 1997; SIMMONS, 2005). Em territrio brasileiro h re- gistros para o AM, AP, CE, DF, ES. GO, MG, PA, PI, PR, RJ, RS, SC e SP (MARTINS et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: Montevideo, no Uruguai, mas Buenos Aires, na Argentina, foi sugerida por Allen (ANDERSON, 1997). Lasiurus blossevillii similar a L. borealis e por muito tempo foi sinonimizada com esta. Es- tudos genticos de BAKER et al. (1998) e de MORALES & BICKHAM (1995) indicam que L. borealis limita-se ao centro-oeste dos EUA e Cana- d, e nordeste do Mxico. Todas as outras popula- es, com exceo das Antilhas (que podem re- presentar uma outra espcie) estariam includas em L. blossevillii (REID, 1997). O colorido geral pardo-avermelhado (machos usualmente com a colorao mais brilhan- te do que as fmeas) com tons difusos de cinza (plos com pontas esbranquiadas), e o ventre li- geiramente mais plido, com tons amarelados (VIZOTTO & TADDEI, 1973; SHUMP-JR & SHUMP, 1982a) e a face ferrugnea. Pode apre- sentar manchas claras (castanho-amareladas) na base do polegar e na altura da poro anterior do carpo (REID, 1997). As orelhas so curtas e arre- dondadas e a pele do rostro e das orelhas rosada. Segundo FAZZOLARI-CORRA (1995), obser- va-se grande variao na cor da pelagem (longa e densa), sendo as populaes da regio Nordeste do Brasil mais avermelhadas, enquanto as popu- laes da regio Sul so tingidas com preto em di- ferentes intensidades. O uropatgio densamente piloso em sua face dorsal, exceto na borda poste- rior, onde os plos so mais esparsos (BARQUEZ et al., 1993; BARQUEZ et al., 1999). O antebrao varia de 36 a 42 mm (VIZOTTO & TADDEI, 1973; G. V. BIANCONI, obs. pess.). Apresenta crnio curto e largo, com a superfcie do rostro quase alinhada com a caixa craniana, que arre- dondada. O dimetro de cada bula timpnica apro- ximadamente igual ao espao entre elas (SHUMP-JR & SHUMP, 1982a). Possui dois pr-molares superio- res (pm 2/2), sendo o primeiro minsculo (de difcil visualizao e ocasionalmente ausente) em com- parao com o segundo. Os incisivos inferiores (i 1/3) so trfidos e dispostos em linhas um tanto sobrepostas (ACOSTA Y LARA, 1950). A alimentao desta espcie basicamen- te insetvora, capturando suas presas em vos r- pidos e em elevadas altitudes (SHUMP-JR & SHUMP, 1982a) por esse motivo raramente amostrada em redes no sub-bosque. O forrageio comea de uma a duas horas aps o ocaso e, quan- do em rea antropizada, a atividade 176 Morcegos do Brasil freqentemente se concentra prximo a lmpadas (REID, 1997). As populaes dos Estados Uni- dos incluem, em sua dieta, dpteros, hompteros, colepteros, himenpteros e lepidpteros (SHUMP-JR & SHUMP, 1982a). REIS & PERACCHI (1987), em anlise do tubo digestivo de um exemplar colecionado nos arredores de Manaus, encontraram restos de lepidpteros. Na Amrica do Norte o perodo de gesta- o dura cerca de 90 dias e as fmeas podem dar luz at cinco filhotes, embora trs seja o nmero usual (SHUMP-JR & SHUMP, 1982a; NEUWEILER, 2000). Segundo NEUWEILER (2000), quando h poucos recursos disponveis pode ocorrer a reabsoro do excesso de embri- es, assim como relatado para E. fuscus. Em geral, as fmeas no carregam os filhotes durante a ati- vidade de forrageio (DAVIS, 1970b), nem os con- gregam em creches (SHUMP-JR & SHUMP, 1982a). Os poucos dados reprodutivos disponveis para Amrica do Sul indicam a captura de fmeas lactantes em janeiro e novembro para Argentina, bem como de jovens em fevereiro (BARQUEZ et al., 1999). Fmeas com filhotes tambm foram encontradas em novembro e dezembro no Uru- guai (GONZLEZ, 1989). No Brasil, REIS & PERACCHI (1987) relatam a captura de uma f- mea grvida no ms de outubro nos arredores de Manaus e SIPINSKI & REIS (1995) a de uma f- mea jovem no ms de agosto na Reserva Volta Velha, estado de Santa Catarina. Seus ectoparasitos no Brasil incluem os dpteros nicteribideos Basilia ferruginea Miranda- Ribeiro, 1903 e B. speiseri (Miranda-Ribeiro, 1907) (GRACIOLLI et al., no prelo). Lasiurus blossevillii tida como migratria na Amrica do Norte, mas para a regio meridio- nal poucos so os dados disponveis sobre este comportamento. ACOSTA Y LARA (1950) reporta para o Uruguai grandes grupos que aparecem em maro e desaparecem em abril. SILVA (1985) se refere espcie como uma provvel migrante do norte que freqenta o estado do Rio Grande do Sul na primavera e vero. Este vespertiliondeo, em geral solitrio, costuma ser coletado em locais com diferentes n- veis de alterao nos mais variados ecossistemas brasileiros, no sendo raros registros at mesmo em reas urbanas (MARES et al., 1981; MARTORELLI et al., 1996; GARGAGLIONI et al., 1998; FLIX et al., 2001; PEDRO et al., 2001; REIS et al., 2002a; BERNARD & FENTON, 2002; FAL- CO et al., 2003; BIANCONI et al., 2004). Lasiurus blossevillii utiliza uma grande va- riedade de poleiros, como troncos, forquilhas e as folhagens mais densas das rvores (incluindo o pinus, onde pode ser confundido com as pinhas), epfitas, palmeiras, bananeiras, capim denso e edificaes humanas (ACOSTA Y LARA; 1950; SILVA, 1985; GONZLEZ, 1989; GARGAGLIONI et al., 1998; GONZLEZ, 2001; MAGER & NELSON, 2001; F.C. STRAUBE, com. pess). Estudos conduzidos na Amrica do Norte indicam a utilizao de abrigos em folhagens (ca. 5 m acima do solo), de forma a ter poucos obstculos ao vo (cf. KUNZ & LUMSDEN, 2003). Ademais, mostram fidelidade aos locais dentro de uma rea geogrfica pequena, mas no demonstram particularidade no uso dos abrigos, utilizando raramente o mesmo abrigo em dias consecutivos. A espcie possui diagnstico positivo para a raiva no Brasil (UIEDA et al., 1996; BREDT et al., 1996; MARTORELLI et al., 1996) e, assim como E. furinalis, citada como presa da coruja Asio stygius (Wagler, 1832) no Cerrado brasileiro (MOTTA-JUNIOR & TADDEI, 1992). considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). 177 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae Lasiurus cinereus (Palisot de Beauvois, 1796) Espcie de ampla distribuio, incluindo Colmbia e Venezuela at a regio central de Chi- le, Bolvia, Uruguai, e Argentina; Hava (Estados Unidos), Guatemala e Mxico, ao longo dos Esta- dos Unidos at a Columbia Britnica, sudeste de Mackenzie, baa de Hudson e sul de Quebec (Ca- nad); Ilhas Galpagos (Equador) e Bermudas (SIMMONS, 2005). H registros de Lasiurus cinereus para a Islndia (KRZANOWSKI, 1977), com indivduos chegando voando e no em bar- cos, no entanto, as identificaes merecem ser re- vistas. No Brasil h registros para os estados de MG, MS, MT, PI, PR, RJ, RS, SC e SP (CHEREM et al., 2004; PERACCHI et al., 2006; TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: Philadelphia, Pennsylvania, nos Estados Unidos. Lasiurus cinereus possui colorao cinza esbranquiada que lhe confere um carter geral grisalho efeito causado pelas pontas dos plos, quase brancas. As orelhas so pequenas e arredon- dadas, com plos amarelos nas margens internas e na metade de sua superfcie externa (BARQUEZ et al., 1999). Observam-se plos amarelados tam- bm na regio gular, na base do polegar e na face dorsal do plagiopatgio. Ali se estendem do metacarpo do quinto dedo at o cotovelo, na face externa do antebrao. Ventralmente, at a metade basal do uropatgio, predomina uma pelagem mais amarelada, com tendncia ao pardo; os plos do abdmen so bicolores, com a base castanho-es- cura e a ponta clara (GONZLEZ, 1989). Dorsalmente os plos so pardos esbranquiados, com sombras de amarelo (base escura ca. 1,5 mm, seguida por uma faixa amarela ou creme ca. 6 mm, seguida por uma faixa castanho-escura e ponta branca) (ACOSTA Y LARA, 1950; BARQUEZ et al., 1999); todo o uropatgio recoberto de plos (por vezes pardos-avermelhados), que se tornam menos densos em sua borda posterior. a maior espcie brasileira do gnero, com um antebrao variando de 50 a 57 mm (VIZOTTO & TADDEI, 1973; LIM & ENGSTROM, 2001). O crnio semelhante ao de L. blossevillii, porm maior. Pos- sui dois pr-molares superiores (pm 2/2), sendo o primeiro minsculo (proporcionalmente menor do que o de L. blossevillii) e, ocasionalmente, ausente (SHUMP-JR & SHUMP, 1982b). Este vespertiliondeo considerado um insetvoro areo e sua dieta composta por uma ampla variedade de insetos. Realiza vos rpidos e retilneos ao longo de reas abertas, com chama- das de ecolocalizao projetadas de forma a de- tectar insetos a longas distncias (BARCLAY, 1985). Sabe-se que nos Estados Unidos possui uma dieta oportunista, constituda primariamente por lepidpteros, colepteros e odonatas (SHUMP-JR & SHUMP, 1982b; BARCLAY, 1985). No Paraguai, a anlise do contedo estomacal de um indivduo revelou a presena de Hymenoptera (Formicidae) (VALERA et al., 2004). As fmeas podem gerar de um a quatro filhotes (em mdia dois), que nascem com o corpo recoberto por uma fina pelagem cinza (GONZLEZ, 2001; G. V. BIANCONI, obs. pess.). Os recm-nascidos permanecem com os olhos fechados at o 12 dia e as fmeas no cos- tumam carreg-los durante a atividade de forrageio; vos intencionais so iniciados com um pouco mais de 30 dias (SHUMP-JR & SHUMP, 1982b). So poucas as informaes reprodutivas disponveis para a Amrica do Sul, cabendo des- tacar a captura de indivduos jovens em dezembro e machos ativamente reprodutivos em meados de novembro, na Argentina (BARQUEZ et al., 1999), bem como o registro de uma fmea com dois fi- lhotes recm-nascidos (casal) no final de novem- bro, no municpio de Foz do Iguau, estado do Paran (G. V. BIANCONI, obs. pess.). Esta espcie realiza movimentos migra- trios e hibernao no Hemisfrio Norte, mas no 178 Morcegos do Brasil h evidncias sobre esse comportamento na Am- rica do Sul. Para o Brasil, destaca-se apenas a cita- o de SILVA (1985) para o Rio Grande do Sul, considerando-a provvel migrante do norte que chega at as regies do planalto, campos serranos e depresso central desse estado. Seus hbitos so bastante similares aos de L. blossevillii, ou seja, em geral solitrios ainda que grupos possam freqentar a mesma rvore (s. GONZLEZ, 2001), fazendo uso de uma infini- dade de abrigos, como copas de palmeiras e bana- neiras, ocos de rvores, troncos com liquens e musgos, ramagens e folhagens secas de rvores frutferas (p. ex.: ameixeiras, pessegueiros e maci- eiras) ou no (p. ex.: pinus e eucalipto), com os quais se confundem (ACOSTA Y LARA, 1950; SILVA, 1985; GONZLEZ, 1989; PACHECO et al., no prelo). No Brasil tambm capturada com relativa freqncia em reas urbanas, como nas cidades de Foz do Iguau, Londrina, estado do Paran (BIANCONI et al., 2005) e Belo Horizon- te, estado de Minas Gerais (PERINI et al., 2003). Assim como L. blossevillii, esta espcie tambm citada como presa de Asio stygius Wagler, 1832 no Cerrado brasileiro (MOTTA-JUNIOR & TADDEI, 1992); possui diagnstico positivo para raiva no Brasil (CUNHA et al., 2006). considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc) e citada como presumivelmente ameaada no estado do Rio de Janeiro (BERGALLO et al., 2000). Lasiurus ebenus Fazzolari-Corra, 1994 Espcie conhecida apenas por seu holtipo, procedente do Parque Estadual da Ilha do Cardoso, So Paulo, Brasil (FAZZOLARI- CORRA, 1994), embora sua distribuio deva incluir reas similares do sudeste brasileiro. Lasiurus ebenus difere de seus congneres brasileiros por ser quase inteiramente negro, inclu- indo a face, as orelhas, os lbios e as membranas embora essas ltimas apresentem plos um pouco mais claros no uropatgio e na parte ventral da asa (FAZZOLARI-CORRA, 1994). Segundo a au- tora, dorsalmente percebe-se um padro tricolor nos plos, que tm as bases e as pontas pretas, com uma faixa mediana castanho-escura; ventral- mente possui plos bicolores, com dois teros basais marrons e pontas pretas. Outras caracters- ticas da espcie: tero distal do uropatgio sem plos; orelhas largas e arredondadas e trago curto e triangular; rostro curto, crista sagital pouco de- senvolvida, primeiro pr-molar superior presente e segundo pr-molar com raiz dupla. Medidas do holtipo, macho: antebrao 45,7 mm; tbia 21,2 mm; calcneo 15,3 mm; comprimento total 115,0 mm; maior comprimento do crnio 13,0 mm; lar- gura zigomtica 10,3 mm; largura interorbital 4,6 mm; peso 14 g (FAZZOLARI-CORRA, 1994). No h informaes sobre sua dieta, embo- ra deva incluir uma grande variedade de insetos. O holtipo foi coletado em junho de 1991 com o uso de rede-de-neblina instalada sobre um riacho em rea de floresta; apresentava testculos com 3 mm de comprimento e 2 mm de largura (FAZZOLARI-CORRA, 1994). Sobre este in- divduo foram coletados ectoparasitos nicteribideos, descritos como Basilia insularis Graciolli, 2003. Devido sua rea limitada de ocorrncia e conseqente fragilidade s presses antrpicas (ou a eventos estocsticos), este txon conside- rado vulnervel (VU: B1+2c, D2) pela IUCN (2006), na Lista da Fauna Brasileira Ameaada de Extino (MACHADO et al., 2005) e na lista da fauna ameaada no estado de So Paulo (SO PAULO, 1998). 179 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae Lasiurus ega (Foto: A. L. Peracchi). Lasiurus ega (Gervais, 1856) Ocorre do sul dos Estados Unidos ao sul da Bolvia, Argentina, Paraguai, Uruguai, Trinidad e Brasil (SIMMONS, 2005), em todos os estados das regies Centro-Oeste, Sudeste e Sul, bem como no AC, AM, CE, PA, PE, PI e Bacia Amaznica (MARES et al., 1981; TAVARES et al., no prelo). Embora alguns autores (e.g. VIEIRA, 1955; VOSS, 1973; VIZOTTO & TADDEI, 1973) diferenci- em duas subespcies de L. ega no Brasil (L. e. ega e L. e. argentinus), no apresentamos aqui suas dis- tribuies, concordando com TAVARES et al. (no prelo), que sugerem no haver elementos para jul- gar a validade desses txons. Localidade-tipo: Ega (atualmente Tef), estado do Amazonas, no Brasil. Lasiurus ega possui colorao que varia do pardo-amarelado ao fulvo-olivceo. A base dos plos castanho-escura ou negra, embora nas la- terais do corpo (flancos) e no uropatgio estes so amarelos desde sua base at a ponta (ACOSTA Y LARA, 1950). As orelhas, ainda que arredonda- das, terminam em ponta, enquanto que o trago comparativamente mais largo do que em L. cinereus (GONZLEZ, 1989). Outro detalhe distinto a L. cinereus so as unhas dos polega- res, usualmente menores em L. ega. De forma geral, as membranas so de um colorido pli- do, levemente transparente e, assim como em outros representantes do gnero, as partes ven- trais so recobertas por plos. Estes surgem no cotovelo e avanam gradativamente pelo plagiopatgio externamente ao antebrao, ter- minando no metacarpo do quinto dedo (dorsalmente nesses locais nota-se uma pig- mentao marrom). O uropatgio recoberto por plos em sua superfcie dorsal at a meta- de ou um tero de sua poro anterior; a par- tir da, os plos tornam-se bastante esparsos. Pode ser considerada uma espcie relativamen- te grande, com um antebrao variando geo- graficamente de 40,5 a 52,0 mm (VIZOTTO & TADDEI, 1973; SILVA, 1985; G. V. BIANCONI, obs. pess.). Algum dimorfismo sexual tem sido re- latado para Amrica do Sul, com fmeas maiores que os machos, embora as diferenas no sejam significativas (v. BARQUEZ et al., 1999). A cabe- a curta e larga, com a caixa craniana fortemente arredondada; o rostro inclinado, com a superf- cie dorsal quase alinhada caixa craniana; as bu- las timpnicas so bem desenvolvidas, tendo o dimetro aproximadamente igual distncia entre elas (KURTA & LEHR, 1995). Possui apenas um pr-molar superior (pm 1/2); incisivos inferiores trfidos (i 1/3) e dispostos em uma linha quase perpendicularmente ao sentido das maxilas (ACOSTA Y LARA, 1950; KURTA & LEHR, 1995). No que se refere dieta, um estudo con- duzido no Mxico (Yucatan) observou o consumo freqente de colepteros, seguidos por outras pre- sas potenciais (GAUMER, 1917 apud KURTA & LEHR, 1995, p. 4). No Paraguai, a anlise do con- 180 Morcegos do Brasil tedo estomacal de um indivduo revelou a pre- sena de Diptera (Brachycera), Lepidoptera (Pyralidae), Coleoptera (Chrysomelidae) e Heteroptera (Miridae) (VALERA et al., 2004). No Brasil, o mesmo tipo de anlise para um indivduo procedente do municpio de Foz do Iguau (PR) in- dicou a ingesto de lepidpteros e colepteros (G. V. BIANCONI, obs. pess.). REIS et al. (2002b) en- contraram insetos em todas as fezes desta espcie procedentes da bacia do rio Tibagi, estado do Paran. As fmeas podem gerar de um a quatro filhotes por ciclo reprodutivo (monoestral), sendo a gestao de 3 a 3,5 meses; o perodo mnimo de lactao de dois meses e os primeiros vos in- tencionais dos jovens ocorrem aps 30 dias (KURTA & LEHR, 1995). MYERS (1977) ob- servou, no leste do Paraguai, cpulas sem ovula- o no ms de maio, sugerindo que as fmeas ar- mazenam os espermatozides viveis por aproxi- madamente trs meses. Outras anotaes para a Amrica do Sul indicam o nascimento de filhotes durante a primavera no Uruguai (GONZLEZ, 2001), e a captura de trs fmeas grvidas (dois embries cada; ca. 20 mm) em novembro, e um recm-nascido no final de janeiro, na Argentina (BARQUEZ & OJEDA, 1992; BARQUEZ et al., 1999). Adicionalmente h o registro, para o Bra- sil, de uma fmea grvida em novembro, na Caa- tinga (WILLIG, 1985a), e outra, no mesmo ms, em Itana do Sul, estado do Paran (trs embri- es; ca. 22 mm) (G. V. BIANCONI, obs. pess.). Pouco se conhece sobre seus hbitos, mas se sugere que sejam similares aos de L. blossevillii (GOODWIN & GREENHALL, 1961). A distri- buio geogrfica bastante ampla e inclui os mais variados hbitats; no Brasil ocorre em todos os biomas (VIEIRA, 1955; VOSS, 1973; MARES et al., 1981; MOK et al., 1982; NOGUEIRA et al., 1999; MIRETZKI, 2003; CHEREM et al., 2004). Embora no comprovado, o comportamento mi- gratrio tem sido sugerido para a Amrica do Sul: VAN DEUSEN (1961) registrou um indivduo macho voando sobre o Oceano Atlntico e pou- sando em um navio a cerca de 335 km da terra mais prxima (entre as ilhas Falkland e Buenos Aires, na Argentina), em maro de 1960. Mais re- centemente, ESBRARD & MOREIRA (2006) relataram o caso de um macho adulto pousando em uma embarcao localizada a 145 km da costa sudeste brasileira, em abril de 2002. Lasiurus ega freqentemente observado em meio a folhas secas de palmeiras e, ao contr- rio de outras espcies que se agarram utilizando somente as patas, ele pode se prender s nervuras das folhas valendo-se tambm das unhas dos po- legares (GONZLEZ, 1989). Os registros para a Argentina so tanto de indivduos sozinhos quan- to em grupos relativamente grandes (> 20) abri- gados em folhas de palmeiras, algumas vezes na zona urbana; h tambm relatos da ocupao de casas com cobertura de palha ou palmeira (BARQUEZ et al., 1999). No Uruguai, utiliza as copas de Arecaceae dos gneros Washingtonia e Trithrinax (que tambm ocorrem no Brasil) (GONZLEZ, 2001) e os ninhos abandonados do pequeno psitacdeo caturrita Myiopsitta monachus (Boddaert, 1783) (ACOSTA Y LARA, 1950): amontoados de pequenos gravetos, galhos secos e espinhosos pendurados em rvores, geralmente acima de um metro (SICK, 1997). Para o Brasil h relatos de coletas desse morcego em folhas secas e retorcidas de palmeiras-de-leque no Rio Grande do Sul (SILVA, 1985), na rea urbana de Porto Alegre e no vale do rio Taquari, onde grupos com aproximadamente 12 indivduos foram registrados (PACHECO et al., no prelo). A espcie tem sido capturada com relativa freqncia em abrigos na- turais ou artificiais em outras cidades, como Laje- ado, no Rio Grande do Sul, Florianpolis, Londri- na, Itana do Sul, Foz do Iguau, So Paulo, den- tre outras (SODR & ROSA, 2006; PACHECO et al., no prelo; G. V. BIANCONI, obs. pess.). Em Minas Gerais foi encontrada em abrigos crsticos coabitando com Desmodus rotundus e formando 181 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae colnias de quatro a oito indivduos (ALMEIDA et al., 2002). Neste mesmo estado foi relatada a captu- ra de trs espcimes ao redor de bananeiras, na Serra da Canastra (GLASS & ENCARNAO, 1982). PATTERSON (1992) relata a captura para o estado do Par de trs indivduos em folha de bananeira. Foi citada como presa de Asio stygius (Wagler, 1832) no Cerrado brasileiro (MOTTA- JUNIOR & TADDEI, 1992), e possui diagnsti- co positivo para a raiva (UIEDA et al., 1996; CU- NHA et al., 2006). considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Lasiurus egregius (Peters, 1870) Ocorre no Panam, Guiana Francesa e Brasil (SIMMONS, 2005), onde possui registros para Par, Pernambuco e Santa Catarina (VOSS et al., 1973; CHEREM et al., 2004; SOUZA et al., 2004; TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: Santa Catarina, no Brasil. Sua colorao avermelhada, com os p- los das partes superiores escuros na base, amare- lados na parte mediana e avermelhados na ponta; nas partes inferiores esses so pardo-escuros na base e ver melho brilhante na extremidade (VIEIRA, 1942). Segundo este autor, as orelhas so romboidais, mais longas que largas; o trago tem a margem interna reta e a externa formando um ngulo bem acentuado. As membranas das asas so escuras, exceto prximas ao polegar e na base dos metacarpos, quando atingem um tom mais plido. Observam-se plos na base dos polegares e na face dorsal do plagiopatgio, formando uma faixa es- treita que se estende do cotovelo at o metacarpo do quinto dedo. De forma mais esparsa, esses ocor- rem entre as bases do terceiro e quinto dedo e no propatgio. O uropatgio dorsalmente revestido por uma pelagem avermelhada em sua parte ante- rior, tornando-se menos densa em sua poro pos- terior. Lasiurus egregius relativamente grande, com um comprimento total de 127 mm e antebrao variando de 48 a 50 mm (EMMONS & FERR, 1997; EISENBERG & REDFORD, 1999; LIM & ENGSTROM, 2001). Assim como a espcie precedente, no possui os pequenos pr-molares superiores (pm 1/2). No h informaes sobre os hbitos ali- mentares e a reproduo desta espcie, embora em muitos aspectos deva ser similar aos seus congneres. um animal com poucos registros para o Brasil. Na descrio da espcie, PETERS (1870) cita como localidade-tipo apenas Santa Catarina, no especificando o local exato da coleta. Este era o nico registro disponvel para o pas at o final da dcada de 1960, quando um estudo conduzido no estado do Par, por KALKO & HANDLEY (2001), revelou sua ocorrncia tambm para a Flo- resta Amaznica. Mais recentemente L. egregius foi capturada nos brejos de altitude de Pernambuco (SOUZA et al., 2004). Tais ampliaes na distri- buio deixam clara a necessidade de maior cui- dado na identificao dos espcimes colecionados, bem como daqueles obtidos e liberados em cam- po. Sugere-se ainda uma reviso sistemtica do gnero no Brasil. considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria quase ameaada (LR/nt) (i.e. no est ameaada no pre- sente, mas corre o risco de se tornar vulnervel num futuro prximo). No Brasil citada como deficiente em dados (MACHADO et al., 2005). Tribo Nycticeiini Gervais, 1855 Gnero Rhogeessa H. Allen, 1866 Espcie-tipo: Rhogeessa tumida H. Allen, 1866. Gnero representado por dez espcies ex- clusivas da Amrica Latina, das quais duas ocor- 182 Morcegos do Brasil rem no Brasil: Rhogeessa hussoni Genoways & Baker, 1996 e Rhogeessa io Thomas, 1903 (SIMMONS, 2005). TAVARES et al. (no prelo) recomendam uma reviso dos exemplares de Rhogeessa colecionados no pas, uma vez que muitos indiv- duos do gnero foram primariamente identifica- dos como R. tumida espcie hoje considerada restrita Amrica Central (GENOWAYS & BAKER, 1996). Este pequeno vespertiliondeo possui membrana alar nua e espessa, e uropatgio exten- so e quase desprovido de plos, exceto na sua base (VONHOF, 2000). A colorao acastanhada con- trasta com a base dos plos, que mais clara (PERACCHI et al., 2006). Os machos apresentam uma rea glandular (funo odorfera) localizada na superfcie dorsal da base da orelha (SCULLY, 1977). O comprimento da cabea e corpo varia de 37 a 50 mm, o antebrao de 25 a 34 mm e as ore- lhas em geral so menores que 15,0 mm (VIZOTTO & TADDEI, 1973; EISENBERG & REDFORD, 1999). A largura de cada bula timpnica menor do que o espao entre elas. Difere de Eptesicus, Histiotus e Myotis por seu nico incisivo superior, que apresenta uma pequena cspide prxima extremidade (i 1/3); os incisi- vos laterais inferiores so reduzidos (GOODWIN & GREENHALL, 1961; KOOPMAN, 1994). Rhogeessa hussoni Genoways & Baker, 1996 Ocorre no sul do Suriname e no Brasil (SIMMONS, 2005), onde possui registros para os estados da Bahia (GENOWAYS & BAKER, 1996; FARIA et al., 2006), Minas Gerais e Paran (TAVARES et al., no prelo). GENOWAYS & BAKER (1996) consideram sua distribuio tam- bm para o alto rio Paranaba, estado do Maranho, ainda que baseado num nico exemplar (s pele) depositado no Field Museum de Chicago, Estados Unidos. H relatos de espcimes para os estados do Mato Grosso (Xavantina) (PINE et al., 1970; LaVAL, 1973a), Paraba e Pernambuco (SOUZA et al., 2004), os quais, segundo TAVARES et al. (no prelo), necessitam confirmao por ocorrerem em reas intermedirias entre R. hussoni e R. io. Localidade-tipo: Nickerie District, no Suriname. Possui colorao castanha com tons difusos de cinza. Os plos dorsais apresentam a poro distal mais escura e a base mais clara; a pelagem ventral segue o mesmo padro, embora a base dos plos costume ser mais plida. A face triangular, com o focinho afilado e evidente; os olhos so pequenos e as orelhas so triangulares e escuras na ponta, com o trago formando uma l- mina longa e estreita (s. EMMONS & FEER, 1997). As membranas alares so escuras e em geral nuas; dorsalmente o uropatgio possui plos esparsos que raramente excedem a altura do joelho. Rhogeessa hussoni um pouco maior que seu congnere brasileiro; algumas das medidas observadas para o holtipo so: comprimento do antebrao 30,2 mm; metacarpo do terceiro dedo 29,0 mm; metacarpo do quinto dedo 28,2 mm; comprimento do crnio 13,2 mm; largura externa entre os caninos superi- ores 3,8 mm (GENOWAYS & BAKER, 1996). Pouco se conhece sobre sua biologia, in- cluindo dados reprodutivos. Sugere-se, a exemplo de outros representantes do gnero, hbitos insetvoros com a captura de presas areas, prova- velmente utilizando rotas de vo bem estabelecidas (s. GOODWIN & GREENHALL, 1961; BARCLAY & BRIGHAM, 1991). Embora raramente capturada (REIS et al., 2002b), parece estar associada a uma grande vari- edade de ecossistemas em diferentes biomas bra- sileiros. O status de conservao desta espcie no foi avaliado pela IUCN (2006). Citada como Rhogeessa tumida, recebe a categoria dados insufi- cientes no estado do Paran (MARGARIDO & BRAGA, 2004). 183 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae Rhogeessa io (Foto: Rexford D. Lord). Rhogeessa io Thomas, 1903 Distribui-se desde a regio central e sul da Nicargua ao norte da Colmbia e oeste do Equador, Venezuela, Trinidad e Tobago, Guiana e Brasil, onde possui registros apenas para a Bacia Amaznica (PINE et al., 1970; SIMMONS, 2005; TAVARES et al., no prelo). Localidade-tipo: Va- lencia, no estado de Carabobo, Venezuela. De forma geral, R. io possui colorao castanho-amarelada ou ferrugnea com tons difusos de cinza. Dorsalmente, a base dos plos amare- lo-plida tendendo a cinza, e a poro distal varia do marrom-cinzento a acastanhada, semelhante cor da canela em p. No ventre predominam os tons mais brilhantes, ainda que a base dos plos seja plida. Assemelha-se espcie precedente no que diz respeito face triangular, aos olhos pe- quenos, ao rostro afilado e evidente, s orelhas triangulares (quase inteiramente negras), e ao tra- go longo e laminiforme. As membranas so escu- ras e desprovidas de plos, exceto em uma peque- na poro do uropatgio, onde estes se distribuem de forma esparsa at a altura do joelho. menor do que R. hussoni em vrias medidas, dentre as quais no comprimento do antebrao (< 30 mm), do metacarpo do terceiro dedo (26,2 a 28,4 mm), do metacarpo do quinto dedo (26,3 a 27,8 mm), do comprimento do crnio (11,7 a 12,6 mm), e da largura externa entre os caninos superiores (3,4 a 3,6 mm) (HERSHKOVITZ, 1949; GENOWAYS & BAKER, 1996; LIM & ENGSTROM, 2001). Ainda que suas preferncias alimentares sejam desconhecidas, sabe-se que insetvora a- rea e, supostamente, estabelece rotas de caa (GOODWIN & GREENHALL, 1961; BARCLAY & BRIGHAM, 1991). Segundo EMMONS & FEER (1997), inicia sua atividade de forrageio ao anoite- cer, saindo do abrigo em vos rpidos. As poucas informaes reprodutivas in- dicam a gerao de dois filhotes por ciclo (GOODWIN & GREENHALL, 1961). Na Nica- rgua foram capturadas fmeas grvidas no incio de maro e uma lactante em meados de julho (JONES et al., 1971; LaVAL, 1973a). H relatos de abrigos em folhas de pal- meiras, casas com telhado de palha, tbuas justa- postas e, principalmente, rvores ocas, podendo formar colnias relativamente grandes (GOODWIN & GREENHALL, 1961; EMMONS & FEER, 1997; EISENBERG & REDFORD, 1999). Na Nicargua, exemplares deste gnero (citados como R. tumida) foram ob- servados numa torre de igreja em associao com Molossus bondae, M. sinaloae, Eptesicus furinalis, Glossophaga sp., Myotis nigricans e Noctilio albiventris (BURNETT et al., 2001). Assim como seu congnere brasileiro, o status de conservao de R. io no foi avaliado pela IUCN (2006). Tribo Vespertilionini Gray, 1821 Gnero Histiotus Gervais, 1856 Espcie-tipo: Plecotus velatus I. Geoffroy, 1824. Gnero exclusivo da Amrica do Sul, repre- sentado por sete espcies, quatro delas com regis- tro no Brasil: Histiotus alienus Thomas, 1916, H. macrotus (Poeppig, 1835), H. montanus (Philippi & 184 Morcegos do Brasil Landbeck, 1861) e H. velatus (I. Geoffroy, 1824) (POL et al., 1998; SIMMONS, 2005). As diferenas de morfometria, crnio e dentio so bastante discretas entre as espcies de Histiotus. Alguns dos caracteres utilizados em sua identificao so os padres de colorao e a forma e a variao no tamanho das orelhas, com- pridas e largas (marcantes no gnero). A pelagem castanha em diferentes intensidades, por vezes com tons difusos de cinza. No crnio chama a aten- o o grande dimetro das bulas timpnicas, con- sideravelmente maiores do que o espao entre elas. O gnero apresenta a mesma frmula dentria de Eptesicus, porm os incisivos superiores externos so muito reduzidos e dispostos lateralmente aos superiores internos (KOOPMAN, 1994). Histiotus alienus Thomas, 1916 Distribui-se pelo Uruguai e sul do Brasil, onde citada apenas para o estado de Santa Catarina (CHEREM et al., 2004; SIMMONS, 2005). GONZLEZ (2006) recentemente ques- tionou a sua ocorrncia para o Uruguai, aps revi- sar o provvel exemplar testemunho (depositado no Field Museum) e identific-lo como Histiotus montanus. Localidade-tipo: Joinville, Santa Catarina, no Brasil. Possui colorao geral castanho-escura, com orelhas e membranas intensamente acinzentadas. O formato das orelhas aproxima- damente oval (altura 29 mm; largura 20 mm), com ligao membranosa sobre a fronte pouco percep- tvel (altura da ligao ca. 2 mm) (THOMAS, 1916). As medidas observadas para o holtipo so: com- primento do antebrao 45,0 mm, comprimento do crnio 18,3 mm, largura do zigomtico 11,4 mm, largura interorbital 6,5 mm, e comprimento da s- rie de dentes maxilares 6,4 mm (THOMAS, 1916). No constam informaes sobre reprodu- o e preferncias de alimento e hbitats para esta espcie. Com base no que se conhece para o gne- ro, sugere-se uma dieta insetvora com a captura de presas em vo. considerada vulnervel (VU: A2c) pela IUCN (2006) e deficiente em dados no Brasil (MACHADO et al., 2005). Histiotus macrotus (Poeppig, 1835) Ocorre no Chile, Argentina, Paraguai e Brasil, com registro apenas para o estado de Gois (POL et al., 1998; LPEZ-GONZLEZ et al., 1998). Localidade-tipo: Antuco, Bio-Bio, no Chile. A pelagem densa, macia e bicolor, com plos dorsais castanho-escuros ou enegrecidos na base e amarelados na ponta; ventralmente os p- los so castanho-escuros na base e com tendnci- as ao branco nas pontas (BARQUEZ et al., 1999; ACOSTA & VENEGAS, 2006). Possui orelhas muito grandes (27 a 38 mm, em geral maior que 30 mm) conectadas sobre a fronte por uma faixa membranosa. O trago bem desenvolvido, poden- do alcanar metade do comprimento da orelha, e o antitrago pequeno e arredondado. De forma geral, as membranas so cinza plidas, levemente transparentes, e o trago e as orelhas possuem tons amarelados (POL et al., 1998; BARQUEZ et al., 1999). Embora bastante similar a H. montanus (es- pcie com a qual costuma ser confundida), possui o rostro mais largo, o crnio mais robusto e uma maior largura externa entre os molares superiores (> 7 mm) (BARQUEZ et al., 1999). Algumas das medidas observadas para a espcie na Argentina so: antebrao 44,0 a 48,9 mm; comprimento do crnio 16,7 a 19,3 mm; largura da caixa craniana 8,3 a 8,9 mm; largura do zigomtico 10,1 a 11,2 mm; constrio ps-orbital 3,8 a 4,8 mm; compri- mento da srie de dentes maxilares 5,5 a 6,7 mm (MARES et al., 1996; BARQUEZ et al., 1999). 185 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae Sugere-se uma dieta insetvora com a cap- tura de insetos em vo. Poucas so as informaes sobre a biolo- gia desta espcie; nada se conhece para o Brasil. No Peru foram capturadas fmeas grvidas no ms de outubro (GRAHAM, 1987). Na Argentina h registros de fmeas grvidas e lactantes no ms de dezembro, sugerindo uma reproduo sincroniza- da (PEARSON & PEARSON, 1989; MARES et al., 1995). Segundo PEARSON & PEARSON (1989), as fmeas parecem ter o embrio implan- tado somente na tuba uterina direita. Utiliza grande variedade de abrigos, como stos e telhados de residncias, frestas de rochas, minas abandonadas, grutas, cavernas, entre outros locais protegidos (PEARSON & PEARSON, 1989; BARQUEZ et al., 1999). H o registro de abrigo conjunto com Tadarida brasiliensis e Myotis sp. em caverna na Argentina, bem como de uma colnia de 20 indivduos em sto de residncia (PEARSON & PEARSON, 1989; BARQUEZ et al., 1999). considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria quase ameaada (LR/nt) (i.e. no est ameaada no pre- sente, mas corre o risco de se tornar vulnervel num futuro prximo). Histiotus montanus (Philippi & Landbeck, 1861) Espcie com registros para a Bolvia, onde ocorre em grandes altitudes (ANDERSON, 1997), norte do Chile, Argentina, Uruguai, Peru, Equa- dor, Colmbia, Venezuela e sul do Brasil (SIMMONS, 2005), nos estados do Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (SILVA, 1985; CHEREM et al., 2004; FABIN et al. 2006; MIRANDA et al. 2006b). Localidade-tipo: Cordillera, Santiago, no Chile. Em geral, a colorao bastante similar de H. macrotus, ou seja, os plos dorsais tm a base castanho-escura com a ponta amarelada, e os ven- trais a base castanho-escura com a ponta esbranquiada. Percebe-se em alguns exemplares tons mais claros, geralmente no ventre, conferin- do um padro acinzentado (ACOSTA Y LARA, 1950; BARQUEZ et al., 1999). As orelhas so re- lativamente mais curtas (26 a 28 mm) e arredon- das do que na espcie precedente, e a ligao membranosa entre elas pode estar ausente ou pou- co perceptvel (VIZOTTO & TADDEI, 1973; ANDERSON, 1997; BARQUEZ et al., 1999). O trago bem desenvolvido, podendo alcanar at a metade da altura da orelha. As membranas, a face e as orelhas so escuras ou marrom-claras em al- guns indivduos (ACOSTA Y LARA, 1950). Al- gumas medidas anotadas para a espcie: antebra- o 42,5 a 49,0 mm, comprimento do crnio 17,0 a 18,6 mm, largura da caixa craniana 8,0 a 8,5 mm, largura do zigomtico 10,7 a 12,2 mm, constrio ps-orbital 4,1 a 4,6 mm, comprimento da srie de dentes maxilares 5,9 a 6,8 mm (ACOSTA Y LARA, 1950; BARQUEZ et al., 1999; LPEZ- GONZLEZ et al., 2001). Alimenta-se de insetos e, segundo GONZLEZ (1989), uma das espcies que melhor se adapta ao cativeiro, sendo receptiva a pequenos colepteros, lepidpteros e ortpteros, dentre outras presas vivas. Estima-se que as fmeas iniciam a repro- duo com cerca de um ano de vida, gerando um filhote por ciclo (PEARSON & PEARSON, 1989); segundo esses autores, a implantao do embrio ocorre geralmente na tuba uterina direita. Na Ar- gentina, grvidas tm sido colecionadas entre agos- to e novembro (PEARSON & PEARSON, 1989). No h informaes reprodutivas para o Brasil. Embora rara no pas, inclui diferentes hbitats ao longo de sua distribuio pela Amri- ca do Sul. Geralmente forma pequenas colnias 186 Morcegos do Brasil em frestas de rocha, ocos de rvores, grutas, ca- vernas e toda sorte de abrigos artificiais (ACOS- TA Y LARA, 1950; PEARSON & PEARSON, 1989; GONZLEZ, 2001; BARQUEZ et al., 1999). No Uruguai foi capturada (n = 8) utilizan- do o mesmo galpo que Tadarida brasiliensis e Myotis ruber. No estado do Paran h registros de coabi- tao de telhado de residncia com Tadarida brasiliensis e Myotis levis (MIRANDA et al., 2006b). SILVA (1985) reporta como hbitat preferencial para a espcie, no Rio Grande do Sul, cavernas rochosas de regies serranas. considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Histiotus velatus (I. Geoffroy, 1824) Distribui-se na Bolvia, Paraguai, noroes- te da Argentina e Brasil (SIMMONS, 2005), onde h registros para o Piau, Cear, Mato Grosso, Dis- trito Federal e todos os estados das regies Sudes- te e Sul (TAVARES et al., no prelo). Localidade- tipo: Curitiba, Parana, no Brasil. A colorao dorsal varia do castanho-cla- ro ao escuro, incluindo tons grisalhos; o ventre pode ser castanho-acinzentado, cinza- esbranquiado ou castanho-escuro. As ore- lhas so de formato aproximadamente tri- angular (altura 28 a 30 mm, largura 22 a 25 mm), com ligao membranosa sobre a fron- te mais desenvolvida do que em H. alienus (altura da ligao: 3,0 a 3,5 mm) (VIZOTTO & TADDEI, 1973) nas ou- tras espcies esse ltimo carter bastante variado. As membranas e as orelhas so es- curas, geralmente marrons. O crnio leve- mente mais estreito do que em seus congneres (padro verificado na anlise da regio ps-orbital e palatal) (s. THOMAS, 1916; ANDERSON, 1997). Algumas me- didas anotadas: antebrao 42 a 50 mm, compri- mento do crnio 14,5 a 18,0 mm, largura da caixa craniana 8,1 a 9,3 mm, largura do zigomtico 11,0 a 11,5 mm, constrio ps-orbital 3,8 a 4,0 mm, comprimento da srie de dentes maxilares 6,5 a 7,0 mm (VIEIRA, 1942; SILVA, 1985; G. V. BIANCONI, obs. pess.). Histiotus velatus insetvoro e captura suas presas em vo. A anlise de amostras fecais obti- das no Parque Estadual da Cantareira, So Paulo, indicou o consumo de lepidpteros, himenpteros e aranhas Pholcidae e Araneoidea (NORA & CHA- VES, 2006). Dados biolgicos levantados para alguns exemplares no estado do Rio de Janeiro apontam setembro como o incio do perodo reprodutivo (PERACCHI, 1968). Embora a composio sexu- al no tenha sido anotada durante o evento reprodutivo, foi comum nas colnias uma maior proporo de fmeas. Em um dos abrigos foram capturadas quatro fmeas e seis filhotes. Segundo descries do autor, os mais jovens, agarrados s mes (ca. 10 dias de vida), tinham colorao rsea, com raros plos esparsos, asas escuras e orelhas relativamente pequenas; os filhotes mais velhos (25 a 30 dias) tinham orelhas mais desenvolvidas, Histiotus velatus (Foto: Isaac P. Lima). 187 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae pele ventral acinzentada e dorsal enegrecida, recoberta por plos curtos e densos. Seus ectoparasitos no Brasil incluem os caros Mesostigmata (Macronyssidae) Chiroptonyssus haematophagus (Fonseca, 1935) e Steatonyssus sp., o carrapato (Argasidae) Ornithodoros talage Gurin-Mneville, 1949, os dpteros nicteribideos Basilia andersoni Peterson & Maa, 1970 e B. plaumanni Scott, 1940, o estrebldeo (Trichobiinae) Megistopoda aranea (Coquillett, 1899), e a pulga (Tungidae) Hectopsylla pulex (Haller, 1880) (GRACIOLLI et al., no prelo). Parece capaz de se adaptar com sucesso s mais variadas estruturas feitas pelo homem seu registro em reas urbanas no Brasil no raro (e.g. PERINI et al., 2003; ROSA et al., 2006; SODR & ROSA, 2006). Histiotus velatus, junta- mente com Myotis nigricans, so os morcegos sinantrpicos mais comuns no Rio Grande do Sul, habitando preferencialmente telhados, caixas de persianas, nichos de ar condicionado ou vos en- tre edifcios (PACHECO & MARQUES, 2006). As colnias tm tamanho variado, como compro- vam as observaes feitas em telhados de residn- cias no Rio Grande do Sul (ca. 50 indivduos), Paran (10 a 65 indivduos), Rio de Janeiro (12 a 50 indivduos) e Minas Gerais (seis a 12 indivdu- os) (PERACCHI, 1968; REIS et al., 1999; MUMFORD & KNUDSON, 1978 apud PERACCHI et al., 2006, p. 217; PACHECO et al., no prelo; G. V. BIANCONI, obs. pess.). Este vespertiliondeo foi citado como pre- sa da coruja Asio stygius (Wagler, 1832) no Cerrado brasileiro (MOTTA-JUNIOR & TADDEI, 1992) e possui diagnstico positivo para a raiva (BREDT et al., 1996; UIEDA et al., 1996). considerado como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Subfamlia Myotinae Tate, 1942 Gnero Myotis Kaup, 1829 Espcie-tipo:Vespertilio myotis Borkhausen, 1797. Inclui 103 espcies no mundo, das quais 38 ocorrem nas Amricas (SIMMONS, 2005). Myotis o gnero com a mais ampla distribuio geogr- fica dentre os morcegos e, provavelmente, dentre os mamferos terrestres (excetuando-se o homem) (NOWAK, 1999). No Brasil so seis as espcies conhecidas: M. albescens (E. Geoffroy, 1806), M. levis (I. Geoffroy, 1824), M. nigricans (Schinz, 1821), M. riparius Handley, 1960, M. ruber (E. Geoffroy, 1806), e M. simus Thomas, 1901. H de se destacar que a correta caracteri- zao corolgica desses txons, com a definio de seus padres de distribuio, comprometida por dois motivos principais. O primeiro deve-se seletividade do mtodo de amostragem utilizado na maioria dos estudos, as redes-de-neblina no adequadas captura de muitas espcies de vespertiliondeos. O segundo relaciona-se atual situao sistemtica e taxonmica das espcies sul- americanas de Myotis, que no assegura confiabilidade s identificaes vinculadas em vrios estudos realizados no Brasil. LaVAL (1973b), na sua clssica reviso das espcies neotropicais do gnero (nica at o momento), sali- enta que muitos exemplares dessa regio tm sido mal identificados, usualmente como M. nigricans. Seus representantes so pequenos e de pelagem moderadamente curta, lanosa ou sedosa. A colorao varia bastante entre as espcies brasi- leiras, podendo apresentar tons acinzentados, enegrecidos, pardo-avermelhados, castanhos, en- tre outras variaes destas. Possuem um uropatgio largo e comprido com plos em sua base dorsal, o antebrao varia de 31,0 a 41,1 mm de comprimento, e o peso costuma no ultrapassar 8 g. Eventual- mente podem ser confundidos com Eptesicus spp., porm diferem destes e de outros vespertiliondeos 188 Morcegos do Brasil brasileiros por apresentar trs pr-molares, inferi- ores e superiores. Myotis albescens (E. Geoffroy, 1806) Ocorre no sul do Mxico, Guatemala, Honduras, Nicargua, Panam, Colmbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Equador, Peru, Bolvia, Brasil, Uruguai, Paraguai e norte da Ar- gentina (SIMMONS, 2005). No Brasil h registros para os estados do AC, AM, AP, BA, MG, MS, PA, PR, RJ, RR, RS e SP (VOSS, 1973; MARTINS et al., 2006; PACHECO & MARQUES, 2006; MIRANDA et al., 2007; TAVARES et al., no pre- lo). Localidade-tipo: Yaguaron, Paraguari (por de- signao de netipo), no Paraguai (LaVAL, 1973b). Os plos dorsais so castanho-escuros ou negros na base, com as pontas amarelo-douradas ou branco-prateadas (medindo de 3 a 5 mm); ven- tralmente os plos variam do castanho-escuro ao negro, com a base amarelo-plida tendente a cinza (s. LaVAL, 1973b; LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). VIZOTTO & TADDEI (1973) sugerem para a espcie uma colorao parda clara no dorso e cinza esbranquiada nas partes inferiores. Nas membranas (amarronzadas ou enegrecidas) os p- los se distribuem de forma esparsa, sem cobrir os joelhos na parte dorsal do uropatgio, que geral- mente apresenta franja em sua extremidade poste- rior pode ser necessria amplificao para ser visualizada (LaVAL, 1973b). O trago tem uma lar- gura aproximadamente constante ao longo de seu comprimento, sendo ligeiramente afilado na extre- midade distal, com lobo basal pouco desenvolvi- do (VIZOTTO & TADDEI, 1973). O compri- mento do antebrao varia de 31,0 a 37,3 mm e o do terceiro metacarpo de 30,2 a 34,8 mm com variaes geogrficas no tamanho (LPEZ- GONZLEZ et al., 2001). Apresenta, proporcio- nalmente, ampla constrio ps-orbital (em geral prxima ou pouco maior que 4 mm), rostro curto e curvatura frontal acentuada, crista sagital usual- mente ausente ou pouco desenvolvida (BARQUEZ et al., 1999; LaVAL, 1973b). Myotis albescens classificado como insetvoro areo de florestas e clareiras (OJEDA & MARES, 1989; FINDLEY, 1993). As fmeas costumam gerar apenas um fi- lhote por evento reprodutivo e a gestao dura 90 dias, ou um pouco menos; o perodo de lactao de aproximadamente 30 dias (MYERS, 1977; DOLAN & CARTER, 1979; GONZLEZ, 2001). Em Honduras foi capturada uma fmea grvida no final de julho, carregando um feto de 19 mm de comprimento (DOLAN & CARTER, 1979). No Paraguai foram observadas cpulas em maio e f- meas com gravidez aparente no final de julho (MYERS, 1977). Neste ltimo caso os nascimen- tos ocorrem em outubro, podendo ser seguidos de cpula e uma segunda gravidez; algumas fmeas podem engravidar uma terceira vez. Os machos atingem a maturidade sexual no primeiro ano de vida e as fmeas podem armazenar esperma, re- tardando assim a fecundao (MYERS, 1977). Tal comportamento pode explicar parcialmente a dis- crepncia nos dados coletados para outras regies da Amrica do Sul, embora a escassez e a pontu- alidade dos registros dificultem o entendimento de possveis padres. Na Argentina constam capturas Myotis albescens (Foto: Rexford D. Lord). 189 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae no mesmo ms (novembro) e localidade, de jovem, adultos com o testculo evidente, fmea grvida e fmeas lactantes (MARES et al., 1995). No Peru a reproduo parece ocorrer na estao seca (GRAHAM, 1987). Para o Brasil no h informa- es concludentes; no entanto, PATTERSON (1992) notifica a captura de um indivduo jovem no final do ms de julho, no estado do Par. As espcies de artrpodos ectoparasitos j identificadas sobre este vespertiliondeo no Bra- sil incluem os dpteros nicteribideos Basilia andersoni Peterson & Maa, 1970, B. carteri Scott, 1936, B. currani Guimares, 1943, B. producta Maa, 1968, e B. travassosi Guimares, 1938, bem como o estrebldeo (Trichobiinae) Anatrichobius passosi Graciolli, 2003 (GRACIOLLI et al., no prelo). Em geral Myotis albescens coletado em locais midos, tanto em reas abertas como em florestas primrias, alteradas e suas bordas (REIS, 1984; REIS & PERACCHI, 1987; PATTERSON, 1992; SAMPAIO et al., 2003). Com grupos peque- nos ou de vrias dezenas de indivduos, ocupa toda sorte de abrigos, como grutas, cavernas, fendas em rochas, rvores (copas, ocos e cascas), barrancos de rios e construes humanas (habitadas ou no). No estado do Par foi registrado em um buraco de palmeira morta, sob as tbuas de uma ponte e no interior de um tronco podre (PATTERSON, 1992). REIS & PERACCHI (1987) sugerem a utilizao das folhas secas e pendentes do buriti (Mauritia flexuosa L.) como refgio, na regio de Manaus. Segundo ACOSTA Y LARA (1950), coexiste com freqncia com outras espcies, como Eptesicus furinalis, Myotis nigricans, M. riparius, Molossus molossus, Eumops patagonicus e Tadarida brasiliensis (cf. BARQUEZ, 1988; ASCORRA et al., 1991a; BARQUEZ & OJEDA, 1992; BARQUEZ et al., 1999; LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). considerado como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Citado como espcie presumivelmente ameaada no estado do Rio de Janeiro (BERGALLO et al., 2000) e como dados insuficientes no Rio Grande do Sul (PACHECO & FREITAS, 2003). Myotis levis (I. Geoffroy, 1824) Distribui-se por Bolvia, Argentina, Uru- guai, Paraguai, Argentina e Brasil (SIMMONS, 2005), com registros para os estados de MG, PR, RS, SC e SP (PERACCHI et al., 2006). Localida- de-tipo: Sudeste do Brasil. Possui plos dorsais longos (4,5 a 5,5 mm) e sedosos, de colorao castanho-avermelhada a castanho-acinzentada nas pontas, e castanho m- dio a intenso nas bases (LaVAL, 1973b); o ventre cinza-esbranquiado. As membranas, levemen- te pigmentadas, so praticamente nuas em sua face dorsal, exceto por plos esparsos que alcanam a altura do joelho, e pela parte distal do uropatgio, onde se nota uma franja. O comprimento do ante- brao varia de 33,0 a 41,1 mm, e o do terceiro metacarpo de 31,3 a 37,6 mm (LaVAL, 1973b; BARQUEZ et al., 1999; LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). O crnio robusto e o rostro alon- gado; possui uma estreita constrio ps-orbital (3,6 a 4,0 mm) e a crista sagital ausente ou pou- co desenvolvida (LaVAL, 1973b; BAUD & MENU, 1993). Com base no que se conhece para o gne- ro nas Amricas, sugere-se uma dieta insetvora com a captura de presas em vo. As poucas informaes disponveis sobre o comportamento reprodutivo dessa espcie so para a Argentina e apontam fmeas grvidas no ms de outubro, lactantes em dezembro e janeiro, machos com o testculo aparente em abril, junho, agosto e novembro, e jovens em janeiro, maio, se- tembro e novembro (MARES et al., 1995; BARQUEZ et al., 1999; GONZLEZ, 2001; VARELA et al., 2004). 190 Morcegos do Brasil Seus ectoparasitos conhecidos no Brasil so o estrebldeo (Trichobiinae) Anatrichobius passosi Graciolli, 2003 e a pulga (Ischnopsyllidae) Myodopsylla wolffsohni wolffsohni (Rothschild, 1903) (GRACIOLLI et al., no prelo). Freqenta florestas e capoeiras, forrageando intensamente em reas abertas, geral- mente prximas gua (MARES et al., 1995; REIS et al., 2002b). No Uruguai a espcie mais co- mum do gnero, formando grandes colnias em cavernas (algumas vezes com mais de mil indiv- duos) ou vivendo em grupos pequenos em outros tipos de abrigo, como sob casca de eucalipto (GONZLEZ, 1989; GONZLEZ, 2001). Se- gundo GONZLEZ (1989), muitas vezes Myotis levis compartilha abrigo com morcegos vampiros, sendo observados movimentos migratrios locais, em particular quando os refgios produzem dife- renas trmicas muito marcadas. considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Myotis nigricans (Schinz, 1821) Distribui-se na Amrica Latina, do Mxi- co ao Peru, Bolvia, norte da Argentina, Paraguai e Brasil (SIMMONS, 2005), onde possui registros para todos os estados das regies Centro-Oeste, Sudeste e Sul, bem como para AM, AP, BA, CE, PA, PB, PE e RR (SCHNEIDER, 2000; PERACCHI et al., 2006). Localidade-tipo: Fazen- da de Aga, entre os rios Itapemirim e Iconha, pr- ximo ao rio Iritiba, Esprito Santo, Brasil (GOODWIN & GREENHALL, 1961). Nesta espcie os plos dorsais so sedo- sos (em geral de 4 e 5 mm) e tendem ao marrom ou cor acastanhada da canela em p, por vezes com uma poro basal levemente mais clara. Ven- tralmente percebe-se um colorido castanho com variaes geogrficas na intensidade, porm a base dos plos tende a se manter escura. As membra- nas (amarronzadas ou enegrecidas) so nuas ou com plos esparsos que, na face dorsal do uropatgio raramente excedem a altura dos joe- lhos (LaVAL, 1973b). Segundo VIZOTTO & TADDEI (1973), o trago mais afilado na extre- midade distal, com lobo arredondado na base da margem externa, bem desenvolvido, seguido de um entalhe profundo, acima do qual apresenta sua maior largura. O comprimento do antebrao varia de 29,9 a 36,2 mm e o do terceiro metacarpo de 28,6 a 33,2 mm (BARQUEZ et al., 1999; LPEZ- GONZLEZ et al., 2001). Possui o crnio peque- no, com um rostro curto, a constrio ps-orbital variando de 3,2 a 3,7 mm, e crista sagital geral- mente ausente (quando presente, baixa e estreita) (BARQUEZ et al., 1999; LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). Myotis nigricans classificado como insetvoro areo de florestas e clareiras (LaVAL & FITCH, 1977; FINDLEY, 1993), com certa vari- ao na captura de presas. REIS & PERACCHI (1987) registraram, para a regio de Manaus, o consumo de insetos das ordens Ephemeroptera, Diptera, Coleoptera, alm de outros no identifi- cados. NORA & CHAVES (2006) citam, para o Parque Estadual da Cantareira, consumo de Araneae, e REIS et al. (1999), para a Fazenda Monte Alegre, Diptera, Lepidoptera e Coleoptera. Alguns estudos tm demonstrado um ci- clo polistrico, com perodo de gestao de apro- ximadamente 60 dias e at trs crias no ano (WIL- SON & LaVAL, 1974; WILLIG, 1985a; BARCLAY & HARDER, 2003). Os recm-nascidos perma- necem agarrados s mes durante os primeiros dois ou trs dias, sendo ento deixados no abrigo quan- do estas saem em forrageio; vos intencionais so iniciados na terceira semana de vida. O desmame acontece com cinco a seis semanas (perodo em 191 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae que os jovens alcanam o tamanho dos adultos), j a pelagem e a fuso das epfises e difises dos ossos longos ocorrem entre oito e treze semanas. A maturao sexual das fmeas alcanada a par- tir dos quatro meses de idade, e dos machos nor- malmente aps 15-17 semanas (WILSON, 1971b; WILSON & FINDLEY, 1971; WILSON & LaVAL, 1974). Podem formar grandes grupos de fmeas e filhotes, conforme relatado por FALCO et al. (2003) para a Reserva Serra do Caraa, esta- do de Minas Gerais, onde um nico grupo conti- nha de 200 a 300 indivduos. Os machos costu- mam permanecer solitrios, e a presena de pou- cos machos adultos nos conjuntos sugere uma hie- rarquia social com a formao de harns (LaVAL, 1973b; WILSON & LaVAL, 1974; MYERS, 1977). Sabe-se que alguns indivduos alcanaram sete anos de idade em vida selvagem (WILSON & LaVAL, 1974). Na ilha de Barro Colorado (Panam), fo- ram registradas cpulas no final de dezembro e incio de janeiro, com fmeas dando luz em fe- vereiro. Esses nascimentos so seguidos por um estro ps-parto e repeties do ciclo, com novas crias em abril-maio e tambm em agosto (geral- mente coincidindo com a poca de maior abun- dncia de insetos) (WILSON & FINDLEY, 1970). No Paraguai as fmeas do luz na primavera e vero e, provavelmente, continuam reproduzindo, embora com baixa freqncia, nas outras estaes (LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). No Brasil a reproduo contnua foi evi- denciada para reas de Cerrado e Caatinga da re- gio Nordeste, com a captura de grvidas e lactantes geralmente no mesmo ms e, por vezes, na mesma freqncia (v. WILLIG, 1985a). J para os arredores de Manaus, REIS & PERACCHI (1987) capturaram fmeas grvidas em maro e abril, agosto e setembro, e lactantes em abril e maio. Com base nesses dados, os autores sugerem uma poliestria bimodal, com nascimentos em abril e setembro. A literatura brasileira apresenta uma srie de relatos sobre a condio reprodutiva de M. nigricans em diferentes localidades, mas, infelizmen- te, o pequeno tamanho das amostras e a pontuali- dade dos dados no permitem esclarecer os ciclos anuais. TEIXEIRA & PERACCHI (1996) regis- traram uma fmea grvida em maro, no Parque Estadual da Serra da Tiririca (RJ). Machos com o escroto aparente foram capturados em junho e durante a primavera no Parque Estadual Morro do Diabo (SP) e na Fazenda Monte Alegre (PR), res- pectivamente (REIS et al., 1996; REIS et al., 1999). SIPINSKI & REIS (1995) citam uma fmea grvi- da, uma lactante e dois jovens no ms de janeiro e um macho reprodutivo em setembro, para a Re- serva Volta Velha (SC). FALCO et al. (2003) re- gistraram, em uma colnia, vrias fmeas com jo- vens em fevereiro, na Reserva Serra do Caraa (MG). Seus ectoparasitos no Brasil incluem v- rias espcies de dpteros nicteribideos do gnero Basilia, a saber: B. anceps Guimares & DAndretta, 1956, B. carteri Scott, 1936, B. andersoni Peterson & Maa, 1970, B. dubia Guimares & DAndretta, 1956, B. ferrisi Schuurmanns-Stekhoven, 1931 (Myotis cf. nigricans), B. guimaraesi (Schuurmans- Stekhoven, 1951), B. hughscotti Guimares, 1946, B. j uquiensis Guimares, 1943, B. lindolphoi Graciolli, 2001, B. mirandaribeiroi Guimares, 1938, B. plaumanni Scott, 1940, B. producta Maa, 1968 e B. speiseri (Miranda-Ribeiro, 1907). A estes somam- se os dpteros estrebldeos da subfamlia Trichobiinae Anatrichobius passosi Graciolli, 2003, Megistopoda aranea (Coquillett, 1899), M. proxima (Sguy, 1926), e Paratrichobius longicrus (Miranda- Ribeiro, 1907), bem como a pulga (Ischnopsyllidae) Myodopsylla wolffsohni wolffsohni (Rothschild, 1903) (GRACIOLLI et al., no prelo). Dentre as espcies brasileiras do gnero, M. nigricans a que aparece com maior freqncia em estudos de inventrio, sendo capturada tanto em ambientes bem conservados quanto modifica- dos (e.g. REIS & PERACCHI, 1987; PATTERSON, 1992; FLIX et al., 2001; REIS et 192 Morcegos do Brasil al., 2002b; BIANCONI et al., 2004). Sua abun- dncia em reas antropizadas, anteriormente cons- tatada para pases vizinhos, como a Argentina, o Paraguai e o Uruguai (MYERS, 1977; BARQUEZ et al., 1999; GONZLEZ, 2001), tem sido rela- tada tambm para o Brasil (PACHECO & MAR- QUES, 2006; PACHECO et al., no prelo). A rela- o que mantm com esse ambiente chega a ser to intensa que, em algumas regies, torna-se de- pendente de poleiros em construes, como cons- tatado por MYERS (1977) no Paraguai. No Rio Grande do Sul est entre as esp- cies sinantrpicas mais comuns, habitando prefe- rencialmente forros de telhados, caixas de persia- nas, nichos de ar-condicionado ou vos entre pr- dios (PACHECO & MARQUES, 2006). Em re- as menos perturbadas seus abrigos incluem ocos e cascas de rvores, grutas, cavernas, fendas de ro- cha, entre outros. REIS & PERACCHI (1987) re- gistraram, para a regio de Manaus, grupos de de- zenas de indivduos em folhas secas pendentes de buriti (Mauritia flexuosa L.). As colnias tm tama- nho variado, havendo relatos para o Brasil de gru- pos com menos de dez indivduos a outros com- postos por 200-300 indivduos (REIS et al., 2002b; FALCO et al., 2003). Myotis nigricans tem sido observado em coabitao com vrias espcies, dentre as quais: Peropteryx macrotis, Lonchorhina aurita, Mimon bennettii, Phyllostomus hastatus, Anoura caudifer, Carollia perspicillata, Artibeus lituratus, Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata, Eptesicus brasiliensis, Myotis albescens, Eumops abrasus, Promops davisoni e Tadarida brasiliensis (BROSSET, 1965; WILSON & LaVAL, 1974; TRAJANO, 1984; ASCORRA et al., 1991a; LPEZ-GONZLEZ et al., 2001; ALMEIDA et al., 2002; PACHECO et al., no prelo). A espcie possui diagnstico positivo para a raiva no pas (UIEDA et al., 1996; CUNHA et al., 2006). considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Myotis riparius Handley, 1960 Ocorre de Honduras ao Uruguai, Bolvia, Argentina, Paraguai, Bolvia, Trinidad e Brasil (SIMMONS, 2005), nos estados do AC, AM, AP, BA, MG, PA, PR, RS, SC e SP (PERACCHI et al., 2006; MARTINS et al., 2006). Localidade-tipo: Ro Puero, Villa Tacarcuna, Darien, no Panam. Tem plo curto e lanoso (3 a 4 mm no dorso), com padro dorsal monocromtico ou le- vemente mais escuro na base (LaVAL, 1973b), numa colorao que varia do cinza-escuro cor acastanhada da canela em p. No ventre os plos so de base escura e ponta variando do castanho- claro amarelado ao castanho mdio. Alguns indi- vduos podem apresentar uma pelagem de tons ferrugneos, semelhante quela encontrada em M. ruber. As membranas (amarronzadas ou enegrecidas) so quase totalmente desprovidas de plos que, na face dorsal do uropatgio no alcan- am os joelhos. O comprimento do antebrao va- ria de 31,5 a 37,7 mm e o do terceiro metacarpo de 30,3 a 34,6 mm (LaVAL, 1973b; cf. BARQUEZ et al., 1999; LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). O crnio geralmente longo e estrei- to, porm so encontradas variaes em seu tama- nho e forma (constrio ps-orbital de 3,2 a 3,8 mm) (LaVAL, 1973b; LPEZ-GONZLEZ et al., Myotis riparius (Foto: Rexford D. Lord). 193 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae 2001). comum a presena de crista sagital, bem como o fato do segundo pr-molar superior ser deslocado para a borda lingual, dificultando sua visualizao lateralmente. Com uma dieta insetvora, M. riparius tem seu forrageio quase sempre associado a ambientes aquticos, com a captura de presas sobre a gua (FINDLEY, 1993; LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). Com base nas curtas distncias de recaptura obtidas para a espcie na Costa Rica, LaVAL & FITCH (1977) sugerem reas de atividade relati- vamente pequenas. Esses autores tambm observaram, para aquela regio, um padro reprodutivo monoestro estacional, com grande prevalncia de fmeas gr- vidas no ms de abril. Para Amrica do Sul, quase no existem informaes nesse sentido, exceto pelo relato de fmeas grvidas em agosto, no Peru (GRAHAM, 1987), e do nascimento de um filho- te no final de novembro, no Uruguai (GONZLEZ, 2001). Seus ectoparasitos no Brasil incluem o caro Mesostigmata (Macronyssidae) Steatonyssus sp., bem como dpteros nicteribideos Basilia anceps Guima- res & DAndretta, 1956, B. hughscotti Guimares, 1946, B. juquiensis Guimares, 1943 e B. lindolphoi Graciolli, 2001 (GRACIOLLI et al., no prelo). Estudos conduzidos nos estados do Par e Amazonas indicam tendncias no uso dos estra- tos inferiores da floresta (BERNARD, 2001b; KALKO & HANDLEY, 2001; SAMPAIO et al., 2003). Ocupa diferentes abrigos, incluindo cons- trues humanas. Na Argentina foi registrado sob casca de rvore (Schinopsis sp. brana) e sob o telhado de uma moradia rural, no ltimo caso for- mando uma colnia com cerca de 50 indivduos (BARQUEZ & OJEDA, 1992). Constam registros de coabitao com Myotis nigricans, M. albescens e Molossus molossus (BARQUEZ et al., 1999). considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Citada no estado do Rio Grande do Sul como dados insuficientes (PACHECO & FREITAS, 2003). Myotis ruber (E. Geoffroy, 1806) Distribui-se no sudeste do Paraguai, nor- deste da Argentina e leste do Brasil, nos estados das regies Sudeste e Sul e mais recentemente em brejos de altitude de Pernambuco (SOUSA et al., 2004; PERACCHI et al., 2006). Localidade-tipo (netipo): Sapucay, eembucu (por designao de netipo), no Paraguai. Apresenta pelagem dorsal relativamente curta (mdia 4 mm), sedosa, vermelha monocromtica na maioria dos exemplares. O ven- tre de colorao geral ferrugnea, de base casta- nho-escura. As membranas (amarronzadas ou enegrecidas) so praticamente nuas, exceto em sua face dorsal, onde os plos ultrapassam um pouco a altura dos joelhos. Seu antebrao varia de 37,7 a 40,5 mm e o terceiro metacarpo de 35,4 a 37,5 mm (LaVAL, 1973b; BARQUEZ et al., 1999; LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). A crista sagital bem desenvolvida nos indivduos adul- tos, o crnio robusto (largo em sua base), com o rostro alongado e os ossos nasais com ranhuras bem pronunciadas (VIZOTTO & TADDEI, 1973; LaVAL, 1973b). Apresenta, proporcionalmente, uma estreita constrio ps-orbital (3,6 a 4,0 mm) (BARQUEZ et al., 1999; LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). Myotis ruber excede em tamanho M. albescens, M. nigricans e M. riparius, estando mais prximo a M. levis e M. simus. Deste ltimo, com que se assemelha tambm em cor, difere princi- palmente por ter um maior comprimento de plo e pela disposio dos pr-molares superiores, geral- mente com o segundo pr-molar no deslocado para a borda lingual, estando visvel lateralmente. 194 Morcegos do Brasil Sua alimentao insetvora, provavel- mente com a captura de presas em vo. REIS et al. (1999) registraram para a espcie, na Fazenda Monte Alegre (PR), o consumo de dpteros, colepteros e outros insetos no identificados. So poucas as informaes reprodutivas disponveis na literatura. MARES et al. (1995) cap- turaram um macho com o escroto aparente em de- zembro, na Argentina. No Brasil, um indivduo em igual situao foi colecionado no incio de feve- reiro, na Fazenda Experimental Gralha Azul, es- tado do Paran (G. V. BIANCONI, obs. pess.) e uma fmea lactante foi obtida no incio de novembro, no Parque Estadual Mata dos Godoy (REIS et al., 1993). Os ectoparasitos j identificados sobre esta espcie no Brasil so os caros Mesostigmata (Macronyssidae) Macronyssus crosbyi (Ewing & Stover, 1915) e macronissdeos no determinados, duas espcies de dpteros nicteribideos, Basilia currani Guimares, 1943 e B. ruiae Graciolli, 2003, o estrebldeo (Trichobiinae) Anatrichobius passosi Graciolli, 2003 (GRACIOLLI, 2003; GRACIOLLI & BIANCONI, 2007; GRACIOLLI et al., no pre- lo) e uma espcie no descrita de Joblingia Dybas & Wenzel, 1947 (BERTOLA et al., 2005). Myotis ruber tem sido capturado nos mais variados hbitats, incluindo florestas conservadas, capoeiras, borda de vegetao e pequenas man- chas florestais urbanas (REIS et al., 1993; FLIX et al., 2001; REIS et al., 2002a). Na regio Sul, parece estar associado ao domnio da Mata Atln- tica, sendo amostrado com relativa freqncia em algumas reas dos estados de Santa Catarina (S. L. ALTHOFF, com. pess.) e Paran; j no Rio Gran- de do Sul demonstra maior raridade, com registros esparsos e, em sua maioria, restritos a reas prote- gidas (SILVA, 1985; PACHECO & FREITAS, 2003). Aparenta utilizar como abrigos ocos de rvores, frestas em rochas e habitaes humanas. No Uruguai h registro de coabitao (galpo em rea periurbana) com Histiotus montanus e Tadarida brasiliensis (ACOSTA Y LARA, 1950). No Rio Grande do Sul os exemplares so geralmente cap- turados ou observados de forma isolada (PACHECO & FREITAS, 2003). Espcie classificada como vulnervel (VU A2c) pela IUCN (2006) e pela Lista da Fauna Brasileira Ameaada de Extino (MACHADO et al., 2005). Recebe a mesma categoria de ameaa no Rio de Janeiro (BERGALLO et al., 2000), So Paulo (SO PAULO, 1998) e Rio Grande do Sul (PACHECO & FREITAS, 2003). No estado do Paran consta como com dados insuficientes (MARGARIDO & BRAGA, 2004). Myotis simus Thomas, 1901 A distribuio desta espcie inclui Colm- bia, Equador, Peru, nordeste da Argentina, Paraguai e Brasil (SIMMONS, 2005), nos estados do AM, MS, MT, PA e SC (TAVARES et al., no prelo). A incluso do Mato Grosso na rea de dis- tribuio do txon deve-se ao registro (para o sul do estado) de Myotis guaycuru Proena, 1943, con- siderado sinnimo-jnior de M. simus por LPEZ- GONZLEZ et al. (2001). Localidade-tipo: Sarayacu, Ro Ucayali, Loreto, no Peru. A pelagem curta (menor do que 3 mm) e lanosa, de colorao dorsal monocromtica, laran- ja brilhante ou variando do marrom cor acasta- nhada da canela em p. No ventre os plos so um pouco mais longos, de pontas amareladas e bases mais escuras. As membranas (amarronzadas ou enegrecidas) so desprovidas de plos, que mal se estendem pelo uropatgio. Nesta espcie o plagiopatgio est inserido ao nvel da articulao tbia-tarso, enquanto que em seus congneres bra- sileiros esta membrana geralmente se fixa base dos artelhos. O comprimento do antebrao varia de 35,9 a 40,5 mm e o do terceiro metacarpo de 32,5 a 36,5 mm (LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). Apresenta crnio robusto com caixa craniana globular e crista sagital quase sempre pre- 195 Bianconi, G. V. & Pedro, W. A. Captulo 14 - Famlia Vespertilionidae sente. Pode ser confundido com M. riparius, com o qual compartilha o fato do segundo pr-molar su- perior ser deslocado para a borda lingual (dificul- tando sua visualizao lateralmente); contudo, seus plos so mais curtos e suas dimenses cranianas, em mdia, maiores na largura (p.ex.: constrio ps-orbital 3,7 a 4,2 mm) (BARQUEZ et al., 1999; LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). Outra diferena apontada por LaVAL (1973b) est no fato da crista sagital em M. simus alcanar a altura mxima perto de seu limite posterior, visto que isso ocorre mais anteriormente em M. riparius. Possui dieta insetvora e parece forragear mais freqentemente prximo a ambientes aqu- ticos (LPEZ-GONZLEZ et al., 2001). Assim como na espcie precedente, so poucas as informaes reprodutivas disponveis na literatura. BARQUEZ et al. (1999) citam para a Argentina a captura de uma fmea subadulta no ms de abril. No Paraguai h relatos de fmeas grvidas, com um embrio cada, no ms de outu- bro (MYERS & WETZEL, 1979). O nico ectoparasito j encontrado sobre esta espcie no Brasil o estrebldeo (Trichobiinae) Trichobius parasiticus Gervais, 1844 (GRACIOLLI et al., no prelo). Myotis simus parece estar associado a am- bientes ricos em gua, forrageando e habitando flo- restas de galeria (FINDLEY, 1993; LPEZ- GONZLEZ et al., 2001). So poucos os abrigos descritos, o que dificulta apontar preferncias de uso. PATTERSON (1992) relata, para o estado do Par, capturas em folhas de bananeira e em oco de rvore, neste ltimo em coabitao com Noctilio albiventris. Registro de associao semelhante foi feito por MYERS & WETZEL (1979) no Paraguai, tambm em oco de rvore (Aspidosperma sp.). considerada como de baixo risco de extino pela IUCN (2006), subcategoria preo- cupao menor (LR/lc). Agradecimentos Somos gratos a Renato S. Brnils, Sandra B. Mikich, Renato Gregorin, Fabiana Rocha-Men- des, Fernando C. Straube e Carlos Eduardo de A. Julio pelas crticas e contribuies verso preli- minar desse texto, e a Urubatan M. Skerratt Suckow pelo valioso auxlio no levantamento das informa- es. Agradecemos a Isaac P. Lima, Adriano L. Peracchi e, especialmente, Rexford D. Lord, pelas imagens que ilustram o captulo, bem como a Gustavo Graciolli pela cuidadosa reviso e aux- lio nos dados de parasitismo. GVB agradece tam- bm CAPES pelo apoio financeiro. 196 Morcegos do Brasil 197 Moratelli, R. & Morielle-Versute, E. Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica... Captulo 15 Mtodos e aplicaes da citogentica na taxonomia de morcegos brasileiros Assim como em outros txons de peque- nos mamferos, diversos grupos de morcegos neotropicais ainda apresentam problemas taxonmicos decorrentes da baixa representatividade de espcimes em colees e da limitada aplicao de tcnicas modernas taxonomia. Tradicionalmente, estudos taxonmicos e sistemticos realizados em quirpteros tm utilizado, em grande escala, caracteres morfolgicos e morfomtricos baseados no crnio e na dentio. A variabilidade nesses caracteres est parcialmente relacionada ao pro- cesso de adaptao das espcies a diversificados hbitos alimentares, dificultando o levantamento de informaes que permitam reconstruir relaes evolutivas (BAKER, 1970; VARELLA-GARCIA & TADDEI, 1989). Nesse contexto, a anlise de caracteres celulares e moleculares importante, pois esto menos sujeitos ao do ambiente. Entre esses, os estudos citogenticos tm trazido grande contribuio para a caracterizao de txons, assim como para o desenvolvimento de hipteses de relacionamento evolutivo, pois pos- sibilitam uma avaliao da intensidade e dos pa- dres de evoluo cromossmica ocorridos entre e dentro dos txons (FORMAN et al., 1968; BAKER, 1970; SIMPSON, 1989; VARELLA- GARCIA & TADDEI, 1989; VARELLA- GARCIA et al., 1989). As tcnicas citogenticas visam obten- o de cromossomos metafsicos. A metfase a fase do ciclo celular em que os cromossomos en- contram-se condensados, duplicados e alinhados na regio mediana da clula. A partir das prepara- es cromossmicas possvel observar o nme- ro diplide (2n), que corresponde ao nmero total de cromossomos autossmicos e sexuais, e o n- mero fundamental autossmico (NF ou NA), que corresponde ao nmero de braos do conjunto autossmico. A partir da utilizao de colorao di- ferencial ou colorao de bandeamento possvel identificar cromossomos homlogos ou segmentos de cromossomos homlogos entre indivduos, popu- laes e, at mesmo, espcies (BAKER et al., 1987). Ricardo Moratelli Programa Institucional Biodiversidade e Sade, FIOCRUZ; Doutorando do Programa de Ps-graduao em Cincias Biolgicas (Zoologia), Museu Nacional, UFRJ Eliana Morielle-Versute Professora do Departamento de Zoologia e Botnica, Instituto de Biocincias, Letras e Cincias Exatas (UNESP) Campus de So Jos do Rio Preto. 198 Morcegos do Brasil De acordo com a morfologia e posio do centrmero, cromossomos podem ser classificados, seguindo LEVAN et al. (1964), em 5 tipos: (1) metacntricos centrmero posicionado medianamente ou muito prximo da regio medi- ana do cromossomo, apresentando dois braos de tamanhos iguais ou aproximadamente iguais (ra- zo de braos variando de 1 a 1,7); (2) submetacntricos e (3) subtelocntricos centrmero deslocado da regio mediana, posicionado mais prximo de uma das extremida- des, apresentando um brao curto e um brao lon- go (razo de braos de variando de 1,7 a 3,0 e 3,1 a 7,0, respectivamente); (4) acrocntricos centrmero posicionado prximo de uma das ex- tremidades, apresentando um brao extremamen- te pequeno, nem sempre observvel ao microsc- pio ptico com aumento de mil vezes, e outro bra- o visvel (razo de braos maior que 7,0) e (5) telocntricos caracterizados pela presena de apenas um brao. So vrios os processos ou mecanismos genticos que podem resultar em alteraes cromossmicas numricas e/ou estruturais. Os de maior relevncia para o esclarecimento de ques- tes taxonmicas so aqueles mais facilmente identificveis, que em geral so conseqentes de quebras seguidas da fuso de superfcies expostas. Esses mecanismos so classificados como: (1) in- verses pericntricas, (2) deslocamentos cntricos, (3) translocaes recprocas desiguais, (4) fisso cntrica e (5) fuso cntrica. Os mecanismos 1 e 2 alteram a morfologia dos cromossomos, mas no alteram o nmero de cromossomos e podem ou no alterar nmero de braos autossmicos. O mecanismo 3 s altera o nmero de cromossomos e o nmero de braos quando o brao translocado estiver acompanhado do elemento cntrico. Os mecanismos 4 e 5 alteram o nmero de cromossomos, podendo ou no alterar o nmero de braos do conjunto autossmico (JOHN, 1980). Os primeiros estudos sobre caritipos de morcegos datam da primeira dcada do sculo XX (VAN DER STRICH, 1910 apud BOVEY, 1949). Entretanto, devido s dificuldades tcnicas, somen- te aps 1956, com o desenvolvimento de novas tcnicas para obteno de cromossomos em ma- mferos, em especial a de FORD & HAMERTON (1956), que introduziram o uso de colchicina se- guida da hipotonizao das clulas com citrato de sdio, reiniciaram-se os estudos citogenticos em morcegos. A partir da, e com o advento e aperfei- oamento de novas metodologias, diversos estu- dos foram publicados relativos morfologia e n- mero cromossmico dos quirpteros. Apesar do grande sucesso das tcnicas, apenas 21 das 875 espcies conhecidas tiveram seus caritipos des- critos at 1965 (BAKER, 1970). No Brasil, os primeiros estudos sobre o nmero e morfologia dos cromossomos de espci- es de Chiroptera foram conduzidos por BEAK et al. (1968; 1969), YONENAGA (1968), YONENAGA et al. (1969) e TOLEDO (1973). Por volta de 1989, apenas 25% das espcies registradas em nosso territrio tinham seus caritipos descritos a partir de espcimes captura- dos no Brasil (VARELLA-GARCIA et al., 1989), quadro que vem mudando lentamente, indicando que a quiropterofauna brasileira carece ainda de estudos mais aprofundados nessa rea. Visando estimular a continuidade e cres- cimento dos estudos citogenticos em espcies de morcegos da fauna brasileira, este captulo apre- senta cinco diferentes tcnicas para obteno de cromossomos metafsicos em morcegos, sendo uma delas uma adaptao para realizao do pro- cedimento durante atividades de campo. Discu- tem-se ainda os custos e benefcios dessas tcni- cas, e atualizam-se as informaes relativas aos estudos citogenticos em espcies que ocorrem dentro dos limites do territrio brasileiro, disponibilizadas aps a compilao de dados citogenticos para morcegos brasileiros feita por VARELLA-GARCIA & TADDEI (1989) e 199 Moratelli, R. & Morielle-Versute, E. Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica... VARELLA-GARCIA et al. (1989). Tcnicas para obteno de cromossomos Antes da apresentao e discusso das tcnicas importante que sejam apresentadas al- gumas solues e reagentes comumente utilizados para obteno de cromossomos metafsicos em mamferos. No anexo I esto disponveis os proto- colos para preparao desses reagentes e solues. Fermento glicosado quando injetado gera uma inflamao no animal, o que leva ao aumento na produo de diversos tipos de clulas na medula ssea, entre elas os neutrfilos, que por serem c- lulas nucleadas podem ser usadas para obteno de cromossomos. Colchicina um alcalide vegetal utilizado como antimittico, pois inibe a polimerizao das protenas denominadas tubulinas e , que for- mam as fibras do fuso acromtico, impedindo que a clula passe da metfase para a anfase. Assim, os cromossomos permanecem alinhados no plano mediano da clula, formando a placa equatorial ou placa metafsica. Esse o melhor momento do ciclo celular para a obteno dos cromossomos, pois es- to contrados e individualizados (GUERRA, 1988). Soluo hipotnica (KCl 0,075 M) Essa solu- o possui menor concentrao de soluto em rela- o ao meio intracelular. Assim, quando em con- tato com o material celular, as clulas ganham l- quido e ficam trgidas. Caso o contato entre a so- luo e o material celular seja demasiadamente prolongado, as clulas sofrem plasmoptise, mistu- rando os cromossomos de diversos ncleos, o que impede qualquer anlise citogentica. Soluo fixadora de Carnoy A soluo fixadora tem por objetivo manter as caractersticas origi- nais dos cromossomos (DNA, RNA, protenas histnicas e no histnicas), permitindo que a par- tir do material obtido sejam conduzidos bandeamentos. Meio de cultura utilizado para o cultivo das clulas, visando reproduzir da forma mais seme- lhante possvel as condies in vivo, evitando que a clula morra antes do tempo desejado. Possui pH entre 7,0 e 7,4, diversos sais orgnicos, aminocidos, vitaminas, carboidratos e gua. Soro fetal bovino Os soros de maneira geral tm como funo controlar a biosntese celular, evitar a desintegrao celular, promover o crescimento celular estimulando a sntese de DNA, RNA e pro- tenas, facilitar a adeso ao substrato, estimular o transporte de glicose, fosfato e aminocidos e au- mentar a permeabilidade da membrana. Existem basicamente dois tipos, o fetal, que possui maior fator de aderncia, e o adulto, mais rico em prote- nas. Antibiticos e fungizona So acrescentados ao meio para dificultar o desenvolvimento de micror- ganismos. Geralmente so utilizados apenas em culturas de clulas fibroblastides, onde as clu- las crescem em monocamadas aderidas ao substrato e o desenvolvimento demorado. VARELLA-GARCIA & TADDEI (1989) descreveram passo a passo, a tcnica de LEE & ELDER (1980) modificada, para obteno de cromossomos a partir de medula ssea utilizando fermento glicosado. Posteriormente, ao menos trs novas tcnicas foram descritas para a obteno de cromossomos metafsicos em morcegos, sendo uma a partir de medula ssea (ARMADA et al., 1996) e duas a partir de bipsia de rgos (MORIELLE-VERSUTE & VARELLA- GARCIA, 1995; MORATELLI et al., 2002). A utilizao de sangue no muito usada devido ao baixo volume obtido em funo do pequeno ta- manho dos espcimes. Na tcnica descrita por LEE & ELDER (1980), com as modificaes publicadas por VARELLA-GARCIA & TADDEI (1989), o fer- mento glicosado injetado na regio dorsal entre 12 e 24 horas antes do sacrifcio do animal. A so- luo preparada com 3 g de fermento, 2 g de dextrose e 12 mL de gua injetada na proporo 200 Morcegos do Brasil de 0,2 mL para cada 25 g de massa corporal. Aps o perodo de 12 a 24 horas, injeta-se intraperitonialmente 0,2 mL de colchicina a 0,5% para cada 25 g de massa do animal. Passados 40 a 50 minutos da injeo da colchicina, o animal morto, remove-se o mero inteiro (apenas um mero deve ser retirado, pois o outro o direito deve ser mantido para posterior tomada de medi- da do antebrao), retira-se a musculatura associa- da, cortam-se as epfises e, com auxlio de uma seringa de 1mL remove-se o material medular (q.v. BAKER & QUMSIYEH, 1988), colocando-o em 3 ou 4 mL de soluo salina de Hanks, homogeneizando posteriormente a suspenso. A suspenso centrifugada a 300 gravidades (1) por 5 minutos, retirando, aps isso, o sobrenadante. Se- gue-se a adio de 4 mL de soluo hipotnica (KCL 0,075M), posteriormente, ressuspende-se e incuba-se o material em estufa a 37C por 20 mi- nutos. Aps essa etapa, 6 mL de soluo fixadora devem ser adicionados. Posteriormente, o materi- al deve ser centrifugado novamente a 300 gravi- dades, e a soluo fixadora trocada. Essa etapa deve ser repetida mais 2 ou 3 vezes. Por fim, aps a ltima centrifugao, retira-se o sobrenadante, adiciona-se 0,5 mL de fixador, ressuspende-se o material e pinga-se 2 ou 3 gotas em lmina mida e gelada de cerca de 20 cm. As lminas devem secar em temperatura ambiente e o material que permane- cer no tubo deve receber soluo fixadora at 5 mL e ser acondicionado em temperatura de -20C. Na metodologia proposta por ARMADA et al. (1996) no utilizado o fermento glicosado, e sim uma soluo de meio de cultura RPMI 1640 com soro fetal bovino na proporo de 8:2, complementado com colchicina 10 -5 M (0,5 mL de colchicina 10 -5 M para cada 10 mL de meio e soro) (2) . O animal, depois de morto, tem seu ante- brao retirado, cortam-se as epfises do mero e, com o auxlio de seringa de 1 mL, retira-se cerca de 1 mL da soluo de meio e soro do tubo e inje- ta-se a soluo no canal medular promovendo a sada do material medular para a placa de Petri, para posterior homogeneizao. Deve-se repetir a operao de retirada de medula com o prprio material deposicionado na placa at a completa limpeza do canal medular. Aps a homogeneizao do material, esse transferido para o tubo com o restante da soluo de meio e soro devendo per- manecer na estufa ou banho Maria a 37C por 90 minutos. Passado esse perodo, o material deve ser centrifugado a 300 gravidades por 5 minutos, ter o sobrenadante retirado e deve-se acrescentar 10 mL de soluo hipotnica ao tubo. O material ento ressuspendido e incubado novamente a 37C por 20 minutos. Aps isso, centrifuga-se o materi- al a 300 gravidades por 5 minutos, descarta-se o sobrenadante e cuidadosamente, sob agitao, acrescenta-se gota a gota, deixando escorrer pela parede do tubo, 10 mL de soluo fixadora. Em seguida os tubos devem ser mantidos em tempe- ratura ambiente por 15 minutos. O procedimento deve ser repetido mais 2 ou 3 vezes e em seguida as lminas devem ser preparadas como descrito anteriormente. A obteno de cromossomos a partir de material medular tem a vantagem de ser um pro- cedimento simples e rpido, pois em questo de horas, as metfases j podem ser analisadas. En- tretanto, a qualidade das preparaes nem sempre boa, principalmente quando utilizado o fermen- to glicosado. Isso talvez se deva ao estresse causa- do ao animal atravs do manuseio e pela inflama- o, o que provavelmente leva a alterao do me- 1 Na tcnica original, LEE e ELDER (1980) recomendam que a suspenso deve ser centrifugada a 1000 rpm (rotaes por minuto). Entretanto, essas rotaes visam alcanar a gravidade ideal para sedimentao do material especfico. Dimetros diferentes vo gerar diferentes gravidades. Atravs de nossa prtica laboratorial, atestamos que 300 gravidades satisfatrio para a sedimentao do material. No anexo II encontra-se a frmula para converso de rotaes por minuto em gravidade. 2 No momento de alicotar o meio de cultura e o soro em tubos para centrfuga tipo Falcon de 15 mL, deve-se adicionar a colchicina, cobrindo- se o tubo previamente com papel alumnio, pois a colchicina fotossensvel. recomendvel no estocar as solues alicotadas por perodos superiores a dois meses. 201 Moratelli, R. & Morielle-Versute, E. Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica... tabolismo celular. Outra limitao dessas tcnicas a baixa quantidade de material para estudos pos- teriores em funo da pequena quantidade inicial de material retirado. Outro fator adicional associ- ado qualidade das preparaes a tendncia dos mamferos a acumularem tecido adiposo na me- dula medida que vo envelhecendo, o que preju- dica a qualidade final das preparaes cromossmicas. Assim, quanto mais novo e me- nos manipulado for o animal, melhor ser a quali- dade das metfases. MORIELLE-VERSUTE & VARELLA- GARCIA (1995) apresentam uma tcnica para obteno de clulas a partir de bipsias de pul- mo. Essas devem ser obtidas de animais recm- mortos sob condies estreis. Para a obteno do tecido necessria a assepsia da regio abdominal com algodo embebido em lcool 70GL. feita uma inciso na regio torcica e os pulmes de- vem ser retirados com pina estril. A bipsia deve ser acondicionada em tubo contendo soluo sali- na de Hanks balanceada, livre de Ca e Mg (HBSS), suplementada com penicilina (250 U/mL), quemicetina (250 g/mL), gentamicina (0,04 mg/ mL) e anfotericina B (1 g/mL). Em seguida, o material deve ser incubado a 4C por, no mximo, 24 horas para desinfeco. Em condies estreis, a bipsia deve ser colocada em placa de Petri con- tendo meio de cultura (Ham-F10 ou MEM Eagle) ou HBSS, e dissociada em pequenos fragmentos (desintegrao mecnica). Usando pipetas estreis, os fragmentos devem ser colocados homogeneamente na superfcie inferior de peque- nas garrafas plsticas de cultura (25 cm 2 ) conten- do 2 mL de meio completo (meio Ham-F10 suplementado com 125 U/mL de penicilina, 125 g/mL de quemicetina e 40 mM de glutamina) e 20% de soro fetal bovino. As garrafas devem ser incubadas a 37C por 48 horas. importante cor- rigir o pH para 6,5 a 7,0, pois clulas de morcegos crescem melhor dentro dessa faixa de variao. Entre 48 e 72 horas, quando as bipsias estiverem liberando clulas fibroblastides, deve-se adicio- nar 3 mL de meio completo garrafa. O mesmo deve ser trocado a cada trs dias. Aproximadamente dentro de uma semana, quando os pontos de con- fluncia estiverem formados (grupos de clulas ao redor dos fragmentos), as clulas devem ser des- coladas da parede para que possam se espalhar homogeneamente pela garrafa. Para tanto, retira- se o meio de cultura completo, lavam-se as clulas com soluo de Hanks livre de Ca e Mg (HBSS) e adiciona-se 1 mL de tripsina/EDTA, incubando a 37C por cerca de 1 minuto (dissociao qumi- ca). A tripsina uma enzima proteoltica que age nas protenas da membrana mudando a forma das clulas fazendo com que reduzam a aderncia ao substrato e descolem-se. Aps esse processo, adi- ciona-se 5 mL de meio completo com soro, inativante da tripsina, e agita-se a garrafa para que as clulas terminem de se desprender. Dependen- do da quantidade de clulas pode-se acrescentar mais 5 mL de meio completo e soro e dividir o material em duas garrafas. MORATELLI et al. (2002) preconizam uma tcnica onde as bipsias so obtidas a partir de pedaos de orelha. Assim como na tcnica an- terior, o material deve ser fresco. Para a obteno da bipsia, aps a anestesia ou sacrifcio do esp- cime, necessria a assepsia do local que vai ser cortado com lcool iodado 70GL. O fragmento de orelha cortado (cerca de 2 mm 2 ) pode perma- necer guardado em tubo com meio de cultura por trs a quatro dias, o que possibilita a obteno de material para cultura durante atividades de campo prolongadas. No laboratrio, sob condies est- reis, a bipsia deve ser transferida para uma placa de Petri e cortada em pequenos fragmentos, sen- do posteriormente colocada em garrafa de cultura de clulas de 25 cm 2 . Aps isso, 0,5 mL de meio completo (meio MEM-GLASGOW, 100 U/mL penicilina, streptomicina 10 -4 g/mL, fungizona 10 -4 g/mL e 0,003 g/mL de L-glutamina) e 0,5 mL de soro fetal bovino devem ser adicionados forman- 202 Morcegos do Brasil do uma fina camada de meio que vai facilitar a aderncia dos fragmentos parede. A cultura deve permanecer incubada a 37C e o meio e soro de- vem ser trocados quando necessrio (observar a mudana da colorao do meio indicando aumen- to de CO 2 ). No incio existe liberao de clulas epteliais e, em seguida, liberao de clulas fibroblastides (no so fibroblastos, pois no sin- tetizam colgeno). Quando as colnias estiverem formadas, o mesmo processo de tripsinizao e repicagem da cultura, explicado anteriormente, deve ser feito. Em ambas as tcnicas de cultura de clu- las aderidas, quando se obtm garrafas com o ta- pete celular em crescimento contnuo (3) , pode-se dar seguimento obteno dos cromossomos. Para isso, deve-se adicionar s culturas 1 gota de colchicina 10 -5 M e incubar a 37C por cerca de 120 minutos (o tempo pode ser monitorado no micros- cpio ptico invertido), soltar as clulas com tripsina, transferir para tubos de cultura e proce- der a hipotonizao e fixao da forma como des- crito acima para obteno de cromossomos a par- tir de clulas de medula. A obteno dos cromossomos a partir de cultura primria de rgos mostra qualidade final muito boa, pois as clulas so novas e existe quan- tidade suficiente de material para quaisquer estu- dos futuros, existindo ainda, a possibilidade de se criar um banco de clulas, para novas tcnicas. Todavia, um procedimento demorado, relativa- mente oneroso, e que demanda muito tempo e ex- perincia na prtica de cultivo celular. necess- rio um laboratrio com o mnimo de infra-estrutu- ra (fluxo laminar, estufa de CO 2 , boas prticas de laboratrio para evitar contaminao etc.) e no menos que uma a duas semanas para que exista material suficiente para se proceder obteno dos cromossomos, existindo ainda, o risco de se per- der toda cultura, ou boa parte dela devido con- taminao por microrganismos. Tcnicas de colorao e bandeamento Aps a preparao das lminas, de acor- do com o objetivo dos estudos, diferentes proce- dimentos de colorao podem ser realizados. Ge- ralmente, primeiro prepara-se uma ou duas lmi- nas com colorao convencional para observao do nmero diplide (2n) e nmero fundamental (NF). Aps isso, novas lminas so preparadas para os diferentes bandeamentos. Abaixo esto descri- tas as principais tcnicas de colorao e bandeamento. Colorao convencional - Para verificao do nmero diplide e fundamental de autossomos utiliza-se corante Giemsa (soluo lquida) diludo em gua destilada a 10%, por perodo de 6 min. em tempe- ratura ambiente. Bandeamento G - Atravs desse bandeamento pos- svel detectar rearranjos cromossmicos e compa- rar caritipos de espcies relacionadas atravs da identificao de segmentos homlogos (BAKER & QUMSIYEH, 1988). Nessa tcnica, os segmen- tos cromossmicos positivos para banda G (regi- es escuras) so aqueles que se condensam mais cedo na prfase, enquanto os segmentos negati- vos (regies claras) se condensam mais tardiamente (GUERRA, 1988). A tcnica de banda G, aqui apresentada com modificaes, foi descrita por SEABRIGHT (1971): 1. Utilizar lminas envelhecidas at 10 dias; 2. Mergulhar em soluo de tripsina a 0,01%, por um perodo de 30 a 60 segundos; 3. Enxaguar rapidamente em gua gelada; 4. Corar com Giemsa a 10% durante 10 min. em temperatura ambiente. Bandeamento C - Essa tcnica permite localizar as regies de heterocromatina constitutiva. Em cer- tas espcies, o padro de bandas C pode auxiliar na caracterizao e identificao dos 3 importante que o tapete celular no esteja completo, pois nessa situao o crescimento celular seria inibido por contato. 203 Moratelli, R. & Morielle-Versute, E. Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica... cromossomos. Nesse procedimento, o DNA frag- mentado e progressivamente eliminado do cromossomo, sendo que o DNA da regio heterocromtica extrado de forma mais lenta que o da regio eucromtica. Assim, quando os cromossomos so corados com Giemsa, as regi- es heterocromticas coram-se mais fortemente formando as bandas C (GUERRA, 1988). A tc- nica de evidenciao de blocos de heterocromatina constitutiva descrita aqui segue SUMNER (1972), com modificaes: 1. Envelhecer as lminas por um perodo m- nimo de 3 dias, em estufa a 40C; 2. Mergulhar em soluo de HCl durante 3 min.; 3. Lavar em gua destilada e deixar secar; 4. Colocar a lmina em soluo de hidrxido de brio, pH 7,0 a 60C, durante 5 min.; 5. Lavar em gua destilada com HCl (0,1 M) na proporo de 9:1; 6. Mergulhar em soluo de HCl (0,1 M) du- rante 3 min. e deixar secar; 7. Incubar em soluo salina de 2 SSC, pH 7,0 a 60C, durante 60 min. 8. Lavar com gua destilada; 9. Corar com Giemsa a 10%, durante 10 min. Bandeamento Ag-NOR - Nessa tcnica so coradas por prata as regies organizadoras de nuclolo (RONs). Essas variam em nmero, localizao, intensidade e tamanho entre indivduos de uma mesma espcie e mesmo entre diferentes clulas de um mesmo indivduo, pois somente as RONs que foram funcionalmente ativas durante a intrfase precedente que so coradas. Cada indi- vduo parece ter um nmero modal caracterstico e um padro consistente de distribuio das RONs (YONENAGA-YASSUDA, 1985). O procedi- mento aqui proposto uma adaptao da tcnica de HOWELL & BLACK (1980): 1. Envelhecer as lminas por, pelo menos, 1 dia; 2. Incubar em tampo borato, pH 9,0 em tem- peratura ambiente, durante 1 a 4 min.; 3. Lavar em gua destilada e deixar secar; 4. Sobre a lmina, pingar duas gotas de solu- o coloidal (gelatina 2%, cido frmico 1%) e sobre elas, duas gotas de nitrato de prata em soluo aquosa; 5. Misturar bem e cobrir com lamnula; 6. Adicionar em cmara mida, mantida em 70C, deixar incubando at surgir uma colora- o castanho-dourada, entre 8 e 15 min.; 7. Lavar rapidamente em gua destilada; 8. Corar com Giemsa a 2%, durante 30 segun- dos, em temperatura ambiente. Bandeamento Q - Nesse bandeamento so produzi- das bandas fluorescentes transversais atravs do tra- tamento dos cromossomos com quinacrina (droga antimalria Atebrin). O nmero, tamanho, inten- sidade e distribuio dessas bandas especfico para cada par de homlogos. De forma geral, as bandas Q no correspondem s bandas G (JOHN, 1980). Procedimento para obteno de cromossomos em condies de campo Aqui, apresentamos uma modificao das tcnicas de ARMADA et al. (1996) e BAKER et al. (2003) para obteno de cromossomos metafsicos a partir de medula ssea em condi- es de campo. Esse procedimento, alm de sim- ples e rpido, tem mostrado bons resultados. Se- gue abaixo a descrio da tcnica: 1. Aps sacrificar o animal, retirar o mero es- querdo e remover as epfises; 2. Com o auxlio de seringa de 3 mL, retirar 2 a 3 mL de meio de cultura (RPMI 1640 ou MEM da GLASGOW) e soro fetal bovino na proporo de 8:2 (proveniente da solu- o previamente alicotada em condies de esterilidade), retirar a medula e coloc-la em 204 Morcegos do Brasil uma placa de Petri; 3. Dissociar a medula pipetando continuamente at criar uma soluo celular homognea; 4. Transferir para o tubo de cultura (tipo Falcon de 15 mL) contendo o restante do meio, soro e colchicina 10 -5 M (0,5 mL de colchicina para cada 10 mL de meio e soro); 5. Incubar os tubos a 37C (colocar junto ao corpo) por 60 minutos; 6. Centrifugar o material a 300 gravidades (no caso de centrfuga manual sem marcador, atingir a maior rotao possvel) por 5 minutos; 7. Descartar o sobrenadante e acrescentar 10 mL de soluo hipotnica; 8. Incubar os tubos a 37C por 12 minutos; 9. Acrescentar 2 mL de fixador de Carnoy e deixar agir por 2 min. a 37C; 10. Centrifugar a 300 gravidades por 5 minutos; 11. Descartar o sobrenadante e acrescentar 10 mL de soluo fixadora; 12. Deixar em repouso por 15 minutos em tem- peratura ambiente; 13. Centrifugar a 300 gravidades por 5 minutos; 14. Descartar o sobrenadante e acrescentar so- luo fixadora at 5 mL; 15. Centrifugar a 300 gravidades por 5 minutos; 16. Descartar o sobrenadante e acrescentar so- luo fixadora at 5 mL; 17. Centrifugar a 300 gravidades por 5 minutos; 18. Descartar o sobrenadante e acrescentar 10 mL de fixador por tubo; 19. Estocar a 4C at chegar ao laboratrio; 20. Centrifugar a 300 gravidades por 5 minutos; 21. Descartar o sobrenadante, deixar 0,5 mL de soluo por tubo; 22. Pingar duas gotas na lmina. Alguns protocolos recomendam a utiliza- o de brometo de etdio, que deixa os cromossomos mais alongados. Entretanto, no recomendamos o uso dessa substncia durante atividades de cam- po, pois a mesma deve ser usada com cautela e receber descarte adequado, o que geralmente no acontece durante procedimentos de campo. Sntese dos dados citogenticos sobre esp- cies de morcegos da fauna brasileira Na tabela 1 so disponibilizados dados cariotpicos para 114 (incluindo Myotis levis dinellii) das 164 espcies de morcegos listadas por PERACCHI et al. (2006) para o Brasil. Esse total corresponde a mais de 69% das espcies listadas para o pas. Apesar da grande maioria dos dados terem sido obtidos a partir de espcimes coletados fora dos limites do territrio nacional, percept- vel o crescimento dos estudos citogenticos utili- zando espcimes da fauna brasileira. At 1989, eram conhecidos dados cariotpicos para represen- tantes brasileiros de 33 espcies. A partir dessa compilao registramos 60 espcies com dados obtidos a partir de espcimes capturados dentro dos limites do Brasil. Tabela 1: Informaes cariotpicas de morcegos brasileiros. As espcies esto arranjadas em ordem alfabtica dentro das famlias. O 2n corresponde ao nmero diplide e o NF corresponde ao nmero de braos do conjunto autossmico. Famlia espcie 2n NF Estudos Autores Phyllostomidae Ametrida centurio 30 (F) 31 (M) 56 col. conv. Baker & Hsu (1970), Baker (1979) Anoura caudifer 30 54 G, C e NOR Yonenaga (1968), Baker (1973), Toledo (1973), Baker (1979), Haiduk & Baker (1982), Morielle (1987), Morielle & Varella- (1987; 1990), Santos et al. (2002)Garcia (1988), Varella-Garcia et al. (1989), Moratelli et al. (2001), Moratelli (2003) Anoura geoffroyi 30 56 G Hsu et al. (1968), Haiduk & Baker (1982) Continua 205 Moratelli, R. & Morielle-Versute, E. Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica... Artibeus cinereus 30 56 G, C, NOR e Lopes (1978a), Baker (1979), Souza & FISH Correia (1984), Tucker & Bickham (1986), Araujo & Souza (1987), Souza & Araujo Artibeus concolor 31 56 col. conv. Baker et al. (1981b) Artibeus fimbriatus 30 (F) 31 (M) 56 G, C, NOR e Althoff (1996), Althoff & Isbalqueiro FISH (1998), Moratelli et al. (2001), Santos et al. (2002) Moratelli (2003) Artibeus jamaicensis 30 (F) 31 (M) 56 G, C, NOR e Kiblisky (1969), Baker & Hsu (1970), Baker FISH (1979), Baker et al. (1979), Baker & Bickham (1980), Tucker & Bickham (1986), Araujo & Souza (1987), Souza & Araujo (1987), Morielle & Varella-Garcia (1988), Althoff (1996), Althoff & Isbalqueiro (1998), Santos & Souza (1998b), Santos et al. (2002) Artibeus lituratus 30 (F) 31 (M) 56 G, C, NOR e Yonenaga et al. (1969), Lopes (1978a), FISH Tucker & Bickham (1986), Morielle (1987), Morielle et al. (1987), Souza & Araujo (1987), Morielle & Varella-Garcia (1988), Varella-Garcia et al. (1989), Souza & Araujo (1990), Althoff (1996), Althoff & Isbalqueiro (1998), Santos & Souza (1998b), Moratelli et al. (2000), Moratelli et al. (2001), Santos et al. (2002), Moratelli (2003), Rodrigues et al. (2003) Artibeus obscurus 30 (F) 31 (M) 56 Althoff (1996), Althoff & Isbalqueiro (1998) Artibeus planirostris 30 (F) 31 (M) 56,57, hibridizao in Gardner (1977b), Morielle & Varella-Garcia 58,59 situ, G, C e NOR (1988), Morielle (1987), Morielle et al. (1987), Varella-Garcia et al. (1989), Souza & Araujo (1990), Faria et al. (2000), Faria & Morielle-Versute (2006) Carollia brevicauda 20 (F) 21 (M) 36 col. conv. Patton & Gardner (1971), Stock (1975), Pieczarka et al. (2005) Carollia benkeithi 22 38 G, C e NOR Patton & Gardner (1971), Hsu & Bernischke (1973), Hsu et al. (1975), Stock (1975), Solari & Baker (2006) Carollia perspicillata 20 (F) 21 (M) 36 hibridizao in Kiblisky (1969), Yonenaga et al. (1969), situ, G, C, NOR e Baker & Hsu (1970), Baker & Bleier (1971), fluorocromos Patton & Gardner (1971), Toledo (1973), Pathak & Stock (1974), Hsu et al. (1975), Stock (1975), Lopes (1978a), Baker (1979), Morielle (1987), Faria et al. (2000), Moratelli et al. (2000), Moratelli et al. (2001), Santos & Souza (1998a), Moratelli (2003), Noronha et al. (2004), Faria & Morielle-Versute (2006) Centurio senex 28 52 G e C Baker (1967), Baker & Hsu (1970), Baker & Bickham (1980) Chiroderma doriae 26 48 G, C e NOR Varella-Garcia & Taddei (1985), Morielle (1987), Varella-Garcia et al. (1989) Chiroderma trinitatum 26 48 NOR Baker & Hsu (1970), Baker & Genoways (1976), (1977a), Turcker & Bickham (1986) Chiroderma villosum 26 48 G, C e NOR Baker (1967), Hsu et al. (1968), Baker & Hsu (1970), (1977a), Baker & Bickham (1980), Tucker & Bickham (1986), Morielle (1987), Morielle et al. (1987), Morielle & Varella- Garcia (1988), Varella-Garcia et al. (1989) Continua Tabela 1.Continuao. Famlia espcie 2n NF Estudos Autores 206 Morcegos do Brasil Choeroniscus minor 20 36 G, C e NOR Neves et al. (1998), Ribeiro et al. (2000), Ribeiro et al. (2003c), Chrotopterus auritus 28 52 col. conv. Toledo (1973), Honeycutt et al. (1980) Desmodus rotundus 28 52 G, C, NOR, Yonenaga et al. (1969), Toledo (1973), CB-DAPI e Lopes (1978a), Baker (1979), Souza (1985), AgNO3/CMA3 Morielle et al. (1986), Araujo & Souza (1987), Morielle (1987), Morielle & Varella- Garcia (1988), Finato et al. (2000a), Santos et al. (2001), Moratelli et al. (2001), Moratelli (2003) Diaemus youngi 32 60 G, C e NOR Cadena & Baker (1976), Forman et al. (1968), Baker (1979), Morielle et al. (1986), Morielle (1987), Morielle & Varella-Garcia (1988) Diphylla ecaudata 32 60 G, C, NOR, Gardner (1977b), Lopes (1978a), Baker CB-DAPI e (1979), Santos et al. (2001) AgNO3/CMA3 Enchisthenes hartii 30 (F) 31 (M) 56 G e C Baker (1967), Baker & Baker et al. (1979), Baker & Bickham (1980), Tucker & Bickham (1986) Glossophaga longirostris 32 60 col. conv. Baker (1979) Glossophaga soricina 32 60 G, C, NOR e Toledo (1973), Baker & Bass (1979), Baker FISH et al. (1981), Haiduk & Baker (1982), Souza (1985), Morielle (1987), Morielle & Varella- Garcia (1988), Varella-Garcia et al. (1989), Rodrigues et al. (1998), Volleth et al. (1999), Ribeiro et al. (2000), Santos et al. (2002), Moratelli et al. (2001), Moratelli (2003), Ribeiro et al. (2003a), Ribeiro et al. (2003c), Faria & Morielle-Versute (2006) Glyphonycteris daviesi 28 52 col. conv. Honeycutt et al. (1980) Lampronycteris brachyotis 32 60 G, C e NOR Patton & Baker (1978), Tucker & Bickham (1986) Lichonycteris obscura 24 44 col. conv. Baker (1979) Lionycteris spurrelli 28 50 G, C e NOR Ribeiro et al. (2000), Ribeiro et al. (2003a), Ribeiro et al. (2003c) Lionycteris spurrelli 28 52 G, C e NOR Baker (1979), Honeycutt et al. (1980), Haiduk & Baker (1982) Lonchophylla thomasi 30 34 col. conv. Baker (1973), Baker (1979) Lonchophylla thomasi 32 38 col. conv. Gardner (1977b), Honeycutt et al. (1980) Lonchophylla thomasi 32 34 G Baker et al. (1982) Lonchophylla thomasi 32 40 G Haiduk & Baker (1982) Lonchophylla thomasi 36 48 G, C e NOR Ribeiro et al. (2000), Ribeiro et al. (2003b), Ribeiro et al. (2003c), Lonchorhina aurita 32 60 col. conv. Baker & Hsu (1970), Baker (1973), Baker (1979), Baker et al. (1981b) Lophostoma brasiliense 30 56 C e G Baker & Hsu (1970), Baker (1973), Gardner (1977b), Patton & Baker (1978), Baker (1979), Honeycutt et al. (1980), Genoways & Willians (1980), Baker et al. (1982) Lophostoma carrikeri 26 46 col. conv. Gardner (1977b), Genoways & Willians (1980), Baker et al. (1981b) Continua Tabela 1.Continuao. Famlia espcie 2n NF Estudos Autores 207 Moratelli, R. & Morielle-Versute, E. Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica... Lophostoma schulzi 28 36 col. conv. Honeycutt et al. (1980), Genoways & Willians (1980), Baker et al. (1981b), Baker et al. (1982) Lophostoma silviculum 34 60 G e NOR Gardner (1977b), Honeycutt et al. (1980), Genoways & Willians (1980), Tucker & Bickham (1986) Macrophyllum macrophyllum 32 56 col. conv. Baker et al. (1982) Mesophylla macconnelli 21 (F), 22 (M) 20 col. conv. Baker & Hsu (1970), Baker et al. (1973), Baker (1979), Hsu & Benirschke (1971), Honeycutt et al. (1980) Micronycteris hirsuta 28, 30 32 NOR Baker (1973), Baker et al. (1973), Baker (1979), Baker et al. (1981b), Tucker & Bickham (1986) Micronycteris megalotis 40 68 G, C e NOR Patton & Baker (1978), Baker (1979), Honeycutt et al. (1980), Tucker & Bickham (1986) Micronycteris megalotis 42 70 fluorocromo Giacomoni et al. (1998) Micronycteris minuta 28 50 col. conv. Baker (1973), Toledo (1973), Patton & Baker (1978), Baker (1979), Baker et al. (1981b) Micronycteris minuta 28 52 C e G Honeycutt et al. (1980) Mimon bennettii 30 56 G Baker et al. (1981b) Mimon crenulatum 32 60 C e G Baker & Hsu (1970),Baker et al. (1972b) Gardner (1977b),Patton & Baker (1978),Baker (1979), Honeycutt et al. (1980) Phylloderma stenops 32 58 NOR e FISH Baker & Hsu (1970), Baker (1973), Baker (1979), Honeycutt et al. (1980), Baker et al. (1981b), Santos et al. (2002) Phyllostomus discolor 32 60 G, C, NOR e Kiblisky (1969), Yonenaga et al. (1969), FISH Baker (1970), Baker & Hsu (1970), Toledo (1973), Lopes (1978a), Patton & Baker (1978), Baker (1979), Morielle & Varella- Garcia (1988), Rodrigues et al. (1998), Santos & Souza (1998b), Rodrigues et al. (2000), Santos et al. (2002) Phyllostomus elongatus 32 58 NOR e FISH Baker & Bickham (1980), Santos et al. (2002) Phyllostomus hastatus 32 58 G, C, NOR e Kiblisky (1969), Yonenaga et al. (1969), FISH Baker & Hsu (1970), Toledo (1973), Patton & Baker (1978), Souza (1985), Morielle & Varella-Garcia (1988), Rodrigues et al. (2000), Santos et al. (2002), Rodrigues et al. (2003), Pieczarka et al. (2005), Faria & Morielle-Versute (2006) Phyllostomus latifolius 32 58 col. conv. Honeycutt et al. (1980) Platyrrhinus brachycephalus 30 56 G Baker (1973), Tucker & Bickham (1986) Platyrrhinus helleri 30 56 G e NOR Baker (1967), Hsu et al. (1968), Honeycutt et al. (1980), Tucker & Bickham (1986) Platyrrhinus infuscus 30 56 col. conv. Gardner (1977b) Platyrrhinus lineatus 30 56 hibridizao in Toledo (1973), Lopes (1978a), Morielle situ, G, C, NOR e (1987), Morielle et al. (1987), Morielle & FISH Varella-Garcia (1988), Varella-Garcia et al. (1989), Souza & Araujo (1990), Faria et al. Continua Tabela 1.Continuao. Famlia espcie 2n NF Estudos Autores 208 Morcegos do Brasil (2000), Moratelli et al. (2000), Santos et al. (2002), Faria & Morielle-Versute (2006) Pygoderma bilabiatum 30 (F) 31 (M) 56 col. conv. Myers (1981) Rhinophylla fischerae 34 56 col. conv. Baker & Bleier (1971), Baker (1979) Rhinophylla pumilio 26 48 col. conv. Toledo (1973) Rhinophylla pumilio 34 NOR Noronha et al. (2004) Rhinophylla pumilio 34 56 col. conv. Baker & Bickham (1980) Rhinophylla pumilio 34 64 col. conv. Honeycutt et al. (1980), Baker et al. (1981b) Rhinophylla pumilio 36 62 G e C Baker & Bleier (1971), Hsu & Berbischke (1973), Baker (1979), Baker & Bickham (1980) Sphaeronycteris toxophyllum 28 52 col. conv. Baker (1973), Baker (1979) Sturnira bidens 30 56 col. conv. Gardner & ONeil (1969) Sturnira lilium 30 56 G, C, NOR e Hsu et al. (1968), Kiblisky (1969), Toledo FISH (1973), Baker et al. (1979), Baker & Bickham (1980), Souza (1985), Tucker & Bickham (1986), Morielle (1987), Morielle et al. (1987),Morielle & Varella-Garcia (1988), Souza & Araujo (1990), Santos et al. (2002), Moratelli (2003), Faria & Morielle-Versute (2006) Sturnira magna 30 56 G Gardner (1977b), Tucker & Bickham (1986) Sturnira tildae 30 56 G Baker & Hsu (1970), Tucker & Bickham (1986) Tonatia bidens 16 20 NOR e FISH Santos et al. (2002) Tonatia saurophyla 16 20 C, G e NOR Baker (1970), Baker & Hsu (1970), Patton & Baker (1978), Baker (1979), Honeycutt et al. (1980), Genoways & Willians (1980), Tucker & Bickham (1986) Trachops cirrhosus 30 56 NOR e FISH Baker (1973), Baker (1979), Honeycutt et al. (1980), Santos et al. (2002) Trinycteris nicefori 28 52 G, C e NOR Baker & Hsu (1970), Patton & Baker (1978), Baker (1979), Honeycutt et al. (1980), Baker et al. (1981b), Ribeiro et al. (2003a) Uroderma bilobatum 38 44 col. conv. Baker et al. (1972a) Uroderma bilobatum 38 48 col. conv. Baker & Lopez (1970), Baker et al. (1972a) Uroderma bilobatum 38 G e NOR Tucker & Bickham (1986) Uroderma bilobatum 39 45 col. conv. Baker et al. (1972a) Uroderma bilobatum 42 50 C e NOR Silva et al. (2005) Uroderma bilobatum 42 col. conv. Baker & Hsu (1970) Uroderma bilobatum 42 50 col. conv. Baker & Lopez (1970), Hsu & Benirschke (1971), Honeycutt et al. (1980) Uroderma bilobatum 42 48 G Baker et al. (1982) Uroderma bilobatum 43 48 col. conv. Baker & McDaniel (1972) Uroderma bilobatum 43 col. conv. Baker et al. (1972a) Uroderma bilobatum 44 48 G e C Baker (1967), Baker & McDaniel (1972), Baker et al. (1972a), Baker et al. (1979), Baker & Bickham (1980), Baker et al. (1982) Continua Tabela 1.Continuao. Famlia espcie 2n NF Estudos Autores 209 Moratelli, R. & Morielle-Versute, E. Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica... Uroderma bilobatum 43, 44 48 col. conv. Baker & McDaniel (1972) Uroderma bilobatum 38, 39,43, 48 G e C Baker et al. (1972a), Baker et al. (1975), Baker 44, 49 (1979), Baker et al. (1979), Baker (1981) Uroderma bilobatum 42 50 G e C Honeycutt et al. (1980) Uroderma magnirostrum 35 62 col. conv. Baker & Lopez (1970) Uroderma magnirostrum 36 62 G, C e NOR Baker & Lopez (1970), Baker (1979), Silva et al. (2000), Silva et al. (2005) Uroderma magnirostrum 36 60 col. conv. Hsu & Benirschke (1971) Vampyressa bidens 26 48 col. conv. Gardner (1977b), Honeycutt et al. (1980) Vampyressa brocki 26 44 col. conv. Baker et al. (1972c), Baker et al. (1973), Gardner (1977b), Baker (1979), Honeycutt et al. (1980) Vampyressa pusilla 18 20 col. conv. Baker (1973), Baker et al. (1973), Baker (1979), Baker & Bickham (1980) Vampyressa pusilla 18 G e NOR Tucker & Bickham (1986) Vampyressa pusilla 23 22 col. conv. Baker (1979) Vampyressa pusilla 23 (F), 22 (M) 22 col. conv. Gardner (1977b) Vampyressa pusilla 24 (F), 23 (M) 22 col. conv. Baker (1973), Baker et al. (1973) Vampyrodes caraccioli 30 56 col. conv. Baker & Hsu (1970), Baker (1973) Vampyrum spectrum 30 56 col. conv. Baker & Hsu (1970), Baker (1973), Baker (1979) Vespertilionidae Eptesicus brasiliensis 50 48 C, G e NOR Baker & Patton (1967), Baker & Jordan(1970), Lopes (1978a), Cristoff & Freitas (1987) Eptesicus diminutus 50 48 col. conv. Williams (1978) Eptesicus furinalis 50 48 NOR Baker & Patton (1967), Williams (1978), Varella-Garcia et al. (1989) Eptesicus fuscus 50 48 col. conv. Bickham (1979a) Histiotus montanus 50 48 col. conv. Williams & Mares (1978) Histiotus velatus 50 48 col. conv. Toledo (1973) Lasiurus cinereus 28 46 G, C e NOR Varella-Garcia et al. (1989) Lasiurus cinereus 28 46 G e C Baker & Patton (1967) Lasiurus cinereus 28 48 C e NOR Marchesin & Morielle-Versute (2004) Lasiurus ega 28 46 col. conv. Baker & Patton (1967) Lasiurus ega 28 48 G, C e NOR Bickham (1979a), Baker & Bickham (1980), Marchesin & Morielle-Versute (2004) Lasiurus ega 28 50 col. conv. Toledo (1973) Myotis albescens 44 50 col. conv. Bickham (1979b) Myotis levis dinellii 44 50 col. conv. Tiranti (1996) Myotis levis levis 44 50 col. conv. Esse artigo Myotis nigricans 44 50 G e C Baker & Jordan (1970), Toledo (1973), Bickham (1979a), Bickham (1979b), Baker & Bickham (1980), Varella-Garcia et al. (1989), Moratelli et al. (2001), Moratelli (2003) Myotis riparius 44 50 col. conv. Baker & Jordan (1970) Continua Tabela 1.Continuao. Famlia espcie 2n NF Estudos Autores 210 Morcegos do Brasil Myotis ruber 44 50 col. conv. Armada (com. pess.) Myotis simus 44 50 col. conv. Baker & Jordan (1970) Mormoopidae Pteronotus davyi 38 60 G, C e NOR Sites et al. (1981) Pteronotus gymnonotus 38 60 col. conv. Baker & Bickham (1980) Pteronotus parnellii 38 60 G, C e NOR Patton & Baker (1978), Sites et al. (1981) Pteronotus personatus 38 60 col. conv. Baker & Bickham (1980) Noctilionidae Noctilio albiventris 34 58 G, C e NOR Baker & Jordan (1970), Patton & Baker (1978), Baker & Bickham (1980), Varella- Garcia et al. (1989), Vilamiu et al. (2002) Noctilio leporinus 34 54 col. conv. Lopes (1978a) Noctilio leporinus 34 58 col. conv. Yonenaga (1968), Baker & Jordan (1970) Noctilio leporinus 34 62 G Baker et al. (1982) Furipteridae Furipterus horrens 34 62 col. conv. Baker et al. (1981b) Thyropteridae Thyroptera discifera 32 38 col. conv. Baker et al. (1981b) Thyroptera tricolor 40 38 G Baker (1970), Honeycutt et al. (1980), Baker et al. (1982) Emballonuridae Centronycteris maximiliani 28 48 col. conv. Greenbahum & Jones (1978) Cyttarops alecto 32 60 col. conv. Baker & Jones (1975) Cormura brevirostris 22 40 G e C Baker & Jordan (1970), Baker et al. (1981b), Hood & Baker (1986) Rhynchonycteris naso 22 36 G e C Baker & Jordan (1970), Hood & Baker (1986) Peropteryx macrotis 26 48 col. conv. Baker et al. (1981b) Saccopteryx leptura 28 38 G e C Baker & Jordan (1970), Baker et al. (1981b), Baker et al. (1982), Hood & Baker (1986) Saccopteryx bilineata 26 36 G e C Baker (1970), Baker & Jordan (1970), Honeycutt et al. (1980), Hood & Baker (1986) Saccopteryx canescens 24 38 G e C Baker et al. (1982), Hood & Baker (1986) Natalidae Natalus stramineus 36 56 col. conv. Baker (1970) Molossidae Cynomops abrasus 34 64 C e G Morielle-Versute et al. (1996) Cynomops abrasus 34 60 col. conv. Warner et al. (1974) Cynomops greenhalli 34 60 col. conv. Linares & Kiblisky (1969), Baker (1970), Gardner (1977c), Warner et al. (1974) Cynomops planirostris 34 60 G, C, NOR, Leite-Silva et al. (2000), Leite-Silva et al. (2003) fluorocromo e FISH Eumops auripendulus 42 60 col. conv. Warner et al. (1974) Continua Tabela 1.Continuao. Famlia espcie 2n NF Estudos Autores 211 Moratelli, R. & Morielle-Versute, E. Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica... Eumops auripendulus 42 62 col. conv. Toledo (1973) Eumops glaucinus 40 64 G, C e NOR Warner et al. (1974), Morielle et al. (1988), Morielle-Versute et al. (1996), Finato et al. (2000b) Eumops glaucinus 38 64 col. conv. Warner et al. (1974) Eumops perotis 48 54 col. conv. Toledo (1973) Eumops perotis 48 56 col. conv. Baker (1970), Warner et al. (1974) Eumops perotis 48 58 C e G Morielle-Versute et al. (1996), Finato et al. (2000b) Molossops planirostris 34 60 G, C, NOR e Leite-Silva et al. (2003) FISH Molossops temminckii 42 56 col. conv. Gardner (1977c) Molossops temminckii 48 68 C e G Morielle-Versute et al. (1996) Molossus molossus 48 56 C, G e NOR Baker & Lopez (1970), Lopes (1978a), Cristoff & Freitas (1987) Molossus molossus 48 58 col. conv. Warner et al. (1974) Molossus molossus 48 64 G, C, NOR, Morielle-Versute & Varella-Garcia (1994), BrdU e FISH Morielle-Versute et al. (1996) , Moratelli et al. (2000), Leite-Silva et al. (2003) Molossus rufus 48 58 col. conv. Warner et al. (1974) Molossus rufus 48 60 col. conv. Toledo (1973), Lopes (1978a) Molossus rufus 48 64 G, C, NOR, Morielle-Versute & Varella-Garcia (1994), BrdU e FISH Morielle-Versute et al. (1996), Leite-Silva et al. (2003), Faria & Morielle-Versute (2006) Nyctinomops laticaudatus 48 64 C e G Morielle-Versute et al. (1996) Promops centralis 48 58 col. conv. Warner et al. (1974) Promops nasutus 40 54 col. conv. Wainberg (1966) Tadarida brasiliensis 48 56 G Warner et al. (1974), Baker et al. (1982) Tadarida brasiliensis 48 58 col. conv. Painter (1925) Tabela 1.Continuao. Famlia espcie 2n NF Estudos Autores Aplicaes dos estudos citogenticos em morcegos Emballonuridae Ainda no foram cariotipados espcimes procedentes do Brasil. Para as formas cariotipadas da Amrica do Sul, observa-se variao entre e den- tro do gnero, entretanto, variao intraespecfica ain- da no foi verificada. HOOD & BAKER (1986) usaram bandas C e G para determinar homeologias entre espcies de seis diferentes gneros, e observa- ram grande variao nas bandas G de braos eucromticos indicando extensiva evoluo cromossmica entre espcies de Emballonuridae. Phyllostomidae PATTON & BAKER (1978) e BAKER (1979) propuseram o nmero diplide 46 e nme- ro fundamental 60 como primitivo para Phyllostomidae, o que similar ao caritipo de Macrotus waterhousii (16 meta ou submetacntricos, 28 acrocntricos mais dois sexuais). Associado a isso, PATTON & BAKER (1978), BAKER (1979) e SITES et al. (1981) observaram grande similarida- de nos padres de bandas G entre Macrotus waterhousii e representantes de Mormoopidae e Noctilionidae, o que corrobora a unio de Phyllostomidae, Mormoopidae e Noctilionidae e na superfamlia Noctilionoidea (=Phyllostomoidea), proposta por SMITH (1976) e SIMMONS & GEISLER (1998). 212 Morcegos do Brasil Phyllostominae PATTON & BAKER (1978) reconhece- ram trs clados primrios dentro de Phyllostominae. O primeiro corresponde ao gne- ro Macrotus. O segundo composto pelos gneros Trinycteris, Lampronycteris e Micronycteris. O terceiro clado agrupa Phyllostomus, Mimon, Lophostoma e Tonatia. Dentro de Phyllostominae, alguns txons so conservados cromossomicamente (e.g. Macrotus e Phyllostomus), enquanto outros (e.g. Tonatia e Micronycteris) tm muita variao (BAKER et al., 1982). O primeiro clado corresponde a uma for- ma no representada no Brasil. Para o segundo clado que corresponde a Micronycteris (sensu KOOPMAN, 1994), TOLEDO (1973) disponibilizou o caritipo de espcimes de M. mi- nuta procedentes da Bahia (2n = 28 e NF = 52), e esses so similares ao caritipo de espcimes de Trinidad (2n = 28 e NF = 50) apresentados por PATTON & BAKER (1978). De acordo com VARELLA-GARCIA et al. (1989), doze dos treze cromossomos so idnticos entre os espcimes da Bahia e Trinidad. A diferena relativa a um pe- queno par considerado por TOLEDO (1973) como possuindo dois braos, e por PATTON & BAKER (1978) como possuindo um nico brao. Entretanto, VARELLA-GARCIA et al. (1989) co- locaram que essa diferena pode ser relativa a rearranjo ou a dificuldade de se definir a forma dos menores cromossomos. Para VARELLA- GARCIA et al. (1989), Chrotopterus auritus (2n = 28 e NF = 52) pertence ao clado Micronycteris. Relativo aos estudos que incluem espci- mes brasileiros do terceiro clado, Phyllostomus discolor e P. hastatus cariotipados do leste da Amaznia (RODRIGUES et al., 2000) possuem caritipos idnticos aos descritos para espcimes da Amri- ca Central (PATTON & BAKER, 1978) e Amri- ca do Sul (MORIELLE & VARELLA-GARCIA, 1988; VARELLA-GARCIA et al., 1989). Associa- do a isso, VARELLA-GARCIA et al. (1989) ao analisarem caritipos disponibilizados por LOPES (1978a), MORIELLE (1987) e MORIELLE & VARELLA-GARCIA (1988), no encontraram diferenas nos padres de bandas C e G e na dis- tribuio e localizao das RONs em espcimes de P. discolor e P. hastatus de diversas localidades do Brasil. VARELLA-GARCIA et al. (1989) ob- servaram ainda, que o caritipo convencional de P. elongatus de Pernambuco (LOPES, 1978) si- milar ao de espcimes da Colmbia (BAKER, 1979) e espcimes brasileiros de P. hastatus. Anli- ses comparativas de padres de bandas G entre P. hastatus e P. discolor conduzidas por RODRIGUES et al. (2000), mostraram que ambas as espcies conservam todos os cromossomos sem rearranjos, exceto pelo 15 par, alterado por inverso pericntrica provavelmente derivada da fuso dos cromossomos 28 e 30 de Macrotus waterhousii (PATTON & BAKER, 1978). Esse par metacntrico em P. discolor acrocntrico nas ou- tras espcies do gnero (RODRIGUES et al., 2000). Assim, RODRIGUES et al. (2000) apre- sentaram uma filogenia baseada em dados cariotpicos para Phyllostomus, onde P. discolor apa- rece como basal e que corrobora a incluso de Phylloderma stenops no gnero Phyllostomus como j proposto anteriormente por BAKER et al. (1988). Glossophaginae BAKER & BASS (1979) e BAKER et al. (1981a) propuseram que o caritipo primitivo de Glossophaginae prximo do caritipo de Glossophaga. Esse caritipo primitivo proposto de- riva do caritipo de Macrotus waterhousii por cinco inverses pericntricas, sete fuses e uma fisso (BAKER & BASS, 1979). A partir das anlises dos padres cariotpicos de Glossophaginae e Brachychyllinae, os autores recomendaram a in- cluso de Brachyphyllinae em Glossophaginae, arranjo que no atualmente aceito (q.v. SIMMONS, 2005). Os espcimes brasileiros de Anoura caudifer cariotipados so procedentes de So Paulo 213 Moratelli, R. & Morielle-Versute, E. Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica... (YONENAGA, 1968; TOLEDO, 1973; MORIELLE, 1987) e Rio de Janeiro (MORATELLI, 2003). Para esses, esto dispon- veis informaes relativas descrio convencio- nal do caritipo e bandas C, G e NOR. O padro de banda G dos espcimes brasileiros similar ao descrito por HAIDUK & BAKER (1982) para espcimes do Suriname e Venezuela. O padro de bandas C revela heterocromatina constitutiva res- trita s regies centromricas. As RONs esto lo- calizadas no brao curto do menor cromossomo acrocntrico (MORIELLE & VARELLA- GARCIA, 1988), para o qual, YONENAGA (1968) reportou a presena de satlites. As informaes cariotpicas para Glossophaga soricina foram obtidas a partir de esp- cimes coletados nos estados de So Paulo (TOLEDO, 1973; MORIELLE, 1987), Pernambuco (SOUZA, 1985), Rio de Janeiro (MORATELLI, 2003) e Par (RIBEIRO et al., 2003c). O padro de banda G similar ao descri- to por BAKER & BASS (1979) para espcimes da Jamaica e o padro de banda C revela heterocromatina constitutiva nas regies centromricas e no segmento distal do brao lon- go do menor autossomo (15) (MORIELLE & VARELLA-GARCIA, 1988; VARELLA-GARCIA et al., 1989). As RONs nessa espcie esto locali- zadas na constrio do brao longo do menor autossomo em espcimes de So Paulo (MORIELLE & VARELLA-GARCIA, 1988; RI- BEIRO et al., 2003c), e no metacntrico ou submetacntrico de tamanho mediano em espci- mes de Pernambuco (SOUZA, 1985). VARELLA-GARCIA et al. (1989) verifi- caram que o menor autossomo de Glossophaga homlogo ao cromossomo 29 de Macrotus, e que esse corresponde ao brao curto do cromossomo 12 de Phyllostomus hastatus, no qual RONs no fo- ram detectadas. Assim, os autores concluem que a localizao do DNAr mudou na evoluo dos caritipos entre essas duas espcies. O caritipo de Lonchophylla thomasi apre- senta grande variabilidade quando comparado a outras espcies de Glossophaginae (RIBEIRO et al., 2003c). Animais cariotipados da Colmbia (2n = 30 e NF = 34) (BAKER, 1979) diferem dos es- pcimes do Peru (2n = 32 e NF = 38), Suriname (2n = 32 e NF = 40) (GARDNER, 1977b; HAIDUK & BAKER, 1982) e Brasil (2n = 36 e NF = 48) (RIBEIRO et al., 2003c). Assim, RIBEI- RO et al. (2003c) verificaram que a espcie apre- senta alta taxa de evoluo cromossmica. RIBEIRO et al. (2000, 2003c) compara- ram caritipos de quatro espcies de nectarvoros (G. soricina, Lionycteris spurrelli, Lonchophylla thomasi e Choeroniscus minor) usando colorao convencio- nal, bandas C, G e NOR e hibridizao in situ, e observaram que existe pouca homeologia entre os caritipos de G. soricina, L. spurrelli e L. thomasi, e nenhuma entre essas espcies e C. minor. Essa lti- ma espcie possui o par 3 homlogo ao par 5 de Artibeus lituratus. Assim, RIBEIRO et al. (2003c) concluiram que C. minor filogeneticamente mais re- lacionada A.lituratus que s espcies de nectarvoros analisadas, o que refora a hiptese de convergncia morfolgica em Glossophaginae proposta por PHILLIPS (1971 apud RIBEIRO et al., 2003c). Stenodermatinae Nesse grupo existe considervel evoluo cromossmica (BAKER et al., 1982). BAKER et al. (1979) indicaram que o caritipo primitivo para Stenodermatinae parecido com o de Artibeus jamaicensis (2n = 31 e 30 e NF = 56). Os autores observaram ainda que Sturnira (2n = 30 e NF = 56) e Artibeus tm caritipos derivados e si- milares, justificando a incluso de Sturnira em Stenodermatinae, o que j havia sido proposto antes por BAKER (1967). Artibeus (Artibeus) spp., Enchisthenes hartii, Ametrida centurio e Pygoderma bilabiatum caracteri- zam-se por possuir sistema mltiplo de determi- 214 Morcegos do Brasil nao do sexo do tipo XX / XY 1 Y 2 . Isso ocorre devido a uma translocao entre um autossomo (Y 2 ) e o cromossomo X (translocao X- autossomo) (KASAHARA & DUTRILLAUX, 1983). Assim, o Y 1 o cromossomo Y original e o Y 2 um autossomo mpar, homlogo ao segmento translocado para o cromossomo X. RODRIGUES et al. (2003) discutiram a origem do sistema multiplo de determinao do sexo em Stenodermatinae e propuseram uma hiptese al- ternativa a de TUCKER (1986), onde o cromossomo X original de Stenodermatinae si- milar ao cromossomo X de Phyllostomus hastatus e o rearranjo envolvendo o cromossomo homlogo ao Y 2 pode ter sido fuso in tandem (centrmero- telmero) seguida de inativao centromrica. Nas espcies Sturnira lilium e Platyrrhinus lineatus, que apresentam complemento autossmico bastante parecido com o de Artibeus, parece ter ocorrido algo similar entre um autossomo e o cromossomo Y, levando ao sistema neo-XY (TUCKER, 1986). VARELLA-GARCIA et al. (1989) obser- varam, em Platyrrhinus lineatus procedente de So Paulo, variao em relao adio de heterocromatina constitutiva ao brao curto do maior autossomo subtelocntrico e grandes blo- cos de heterocromatina em ambos os braos de um pequeno autossomo metacntrico, o que indi- ca variao intraespecfica. Nas espcies Artibeus planirostris e A. lituratus, bandas C mostraram a presena de heterocromatina constitutiva nas regies centromricas, nas regies interticiais de diversos braos autossmicos, nos braos curtos de quatro cromossomos autossomicos subtelocntricos e do cromossomo X. O Y 1 inteiramente heterocromtico nas duas espcies. O Y 2 , que no tem papel na determinao do sexo, tem heterocromatina constitutiva no centrmero e telmero e possui padro de banda C similar ao do brao curto do cromossomo X em cada espcie (VARELLA-GARCIA et al., 1989; ALTHOFF, 1996). Artibeus jamaicensis tem o mesmo caritipo e A. cinereus tem o mesmo complemento padro de autossomos (SOUZA & ARAUJO, 1987). ALTHOFF (1996) observou que Artibeus lituratus, A. fimbriatus, A. jamaicensis e A. obscurus do sul do Brasil compartilham o mesmo padro de bandas G, similar ao descrito na literatura. Artibeus lituratus e A. obscurus apresentam bandas C telomricas nos pares 5, 6, 7 e 9, e A. fimbriatus e A. aff. jamaicensis apresentam uma variao intracelular, que, segun- do ALTHOFF (1996), no se configura como o padro distinto comumente verificado em Artibeus. A morfologia dos cromossomos sexuais em Artibeus (Artibeus) pode variar. ALTHOFF (1996) obser- vou variao na forma e tamanho do Y 1 , e cita que essa variao pode acontecer devido inver- so pericntrica e adio de heterocromatina constitutiva. De acordo com VARELLA-GARCIA et al. (1989), os Stenodermatinae brasileiros podem ser classificados em dois grupos com base em suas caractersticas citogenticas: o primeiro corresponde aos gneros Artibeus, Sturnira e Platyrrhinus, e o segundo ao gnero Chiroderma. As espcies do primeiro grupo tm 2n = 30 ou 31 ( ) e 30 ( ), mostrando similaridade na morfologia cromossmica e extensiva homeologia nos padres de bandas G, exceto para o cromossomo 7, que difere por uma inverso paracntrica entre Artibeus e Sturnira-Platyrrhinus. H, tambm, um aumento no total de heterocromatina constitutiva, revelada pelas ban- das C, e uma reduo no nmero de RONs ativas por genoma de Artibeus para Sturnira-Platyrrhinus. As espcies do grupo Chiroderma tm 2n = 26 e mesmos padres de bandas C e G, mas observa- da uma reduo no nmero de RONs ativas de C. doriae para C. villosum. Apesar da diferena de n- mero diplide, observa-se extensiva homeologia entre os caritipos. Os cromossomos 1-4, 6-11, 13 e X tm padres similares, e uma inverso pericntrica no cromossomo subtelocntrico do 215 Moratelli, R. & Morielle-Versute, E. Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica... primeiro grupo pode ter originado o cromossomo metacntrico 5 de Chiroderma (VARELLA- GARCIA et al., 1989). As espcies dessa subfamlia raramente mostram variabilidade intra e interespecfica. En- tre as que fogem a essa regra, esto as espcies do gnero Uroderma, que caracterizam-se pelo alto grau de evoluo cariotpica, mostrando grande variabilidade nas duas espcies existentes: U. bilobatum e U. magnirostrum (BAKER, 1979). Para o Brasil, espcimes de U. magnirostrum da regio norte, que foram estudados por SILVA et al. (2005), apresentam caritipo similar (2n = 36 e NF = 62) ao de espcimes da Amrica Central estudados por BAKER & LOPEZ (1970). A nica variao ob- servada se deve a um espcime que mostrou heteromorfismo no brao curto do cromossomo 5, que corresponde ao maior submetacntrico. Uroderma bilobatum (2n = 42) tambm apresentou caritipo similar ao estudado por BAKER & LOPEZ (1970) e BAKER et al. (1982). Para SIL- VA et al. (2005), apesar dos diferentes nmeros diplides, o alto grau de homeologia cromossmica entre essas duas espcies refora a hiptese de pro- ximidade evolutiva. Elas possuem caractersticas exclusivas, tais como o par 15 de U. magnirostrum e o par 10 de U. bilobatum, no encontrados em ne- nhuma outra espcie de Stenodermatinae at o momento. Elas tambm compartilham dois pares (16 e 17 em U. magnirostrum e 12 e 15 em U. bilobatum) que surgiram por fisso de cromossomo metacntrico. A anlise comparativa conduzida por SILVA et al. (2005) permite concluir que o gnero monofiltico. Dentro do gnero, U. magnirostrum apresentaria o caritipo primitivo e U. bilobatum o caritipo derivado. Para os autores, a direo da evoluo cariotpica nesse grupo indica aumento no nmero cromossmico por eventos de fisso, seguidos de fuso, inverso e/ou translocao. Desmodontinae Citogeneticamente, os trs gneros so muito similares em relao ao par sexual e todos os cromossomos do conjunto autossmico so meta ou submetacntricos (CADENA & BAKER, 1976). Os gneros Diphylla e Diaemus possuem os mesmos 2n e NF, o que sugere que sejam mais relacionados entre si do que qualquer um deles com Desmodus. CADENA & BAKER (1976) observa- ram que os trs gneros de Desmodontinae apre- sentam grande similaridade cariotpica bastante grande com certos membros das subfamlias Phyllostominae e Glossophaginae, divergindo, por outro lado, dos membros das subfamlias Carolliinae e Stenodermatinae. Representantes brasileiros das trs esp- cies j foram estudados tendo-se verificado exten- sa homeologia cromossmica entre os membros dessa subfamlia (VARELLA-GARCIA et al., 1989). Comparando os caritipos de Desmodus rotundus (2n = 28 e NF = 52) e Diphylla ecaudata (2n = 32 e NF = 60) atravs de bandas G, SAN- TOS et al. (2001) observaram homeologia dos pa- res 1, 2 e 3 e identificaram o cromossomo 7 de D. rotundus como homelogo ao cromossomo 8 de D. ecaudata. Os autores observam ainda, que essas espcies tm padres de bandas conservados. Carolliinae As espcies Carollia brevicauda, C. subrufa, C. perpicillata e C. castanea (sensu SOLARI & BAKER, 2006) possuem uma translocao X-autossomo, idntica a que ocorre em Artibeus (BAKER & BLEIER, 1971; PATTON & GARDNER, 1971). Assim, o sistema de determinao do sexo para essas espcies do tipo XX / XY 1 Y 2 . At recentemente considerava-se que C. castanea apresentava dois cittipos onde as popu- laes da Amrica Central, Equador e Colmbia apresentavam a translocao X-autossomo (2n = 20/21), enquanto que as populaes do Peru, Bolvia e Brasil no portavam essa variao (2n = 22). A partir desses cittipos, de dados moleculares e da clina observada por MCLELLAN (1984), 216 Morcegos do Brasil onde os espcimes do Peru mostraram-se meno- res que os da Amrica Central, SOLARI & BAKER (2006) reconheceram duas unidades evolutivas independentes, C. castanea com caritipo 2n = 20/21 e C. benkeithi com caritipo 2n = 22. A distncia gentica mdia detectada entre as seqncias do gene citocromo-b 8,1%, enquan- to que entre indivduos de C. benkeithi essa distn- cia mdia de 1,7% (SOLARI & BAKER, 2006). Variao intraespecfica em Rhinophylla pumilio foi verificada entre espcimes da Bahia (2n = 26 e NF = 48) cariotipados por TOLEDO (1973), da Bolvia e Colmbia (2n = 36 e NF = 62) cariotipados por BAKER & BLEIER (1971) e BAKER (1979), e do Suriname (2n = 34 e NF = 64) cariotipados por HONEYCUTT et al. (1980). VARELLA-GARCIA et al. (1989) explicaram que as diferenas entre os cittipos da Bolvia-Colm- bia e do Suriname podem ser explicadas por uma fuso cntrica de dois pares acrocntricos e inver- so pericntrica. Todavia, segundo VARELLA- GARCIA et al. (1989), para entender as diferen- as entre esses cittipos e o cittipo brasileiro necessrio que se conduzam estudos de bandeamento. Mormoopidae Apesar de espcimes brasileiros ainda no terem sido citogeneticamente estudados, SITES et al. (1981) observaram os padres de bandas C e G em espcies de Pteronotus e no notaram dife- renas interespecficas. PATTON & BAKER (1978) e BAKER et al. (1982) observaram que to- dos os segmentos eucromticos de mormoopdeos parecem ser homelogos aos segmentos de Noctilio (Noctilionidae) e Macrotus (Phyllostomidae). PATTON & BAKER (1978), BAKER (1979) e SITES et al. (1981) observaram ainda que Mormoopidae e Noctilionidae possuem padres de bandas G bastante similares entre si e menos similares com Phyllostomidae. Noctilionidae Espcimes de Noctilio albiventris e N. leporinus de diversas localidades do Brasil possuem caritipos indistinguveis. Os nmeros de braos do conjunto autossmico apresentado por diver- sos autores varia entre 54 e 62. Contudo, VARELLA-GARCIA et al. (1989) atribuiram essa variao s diferentes classificaes de cromossomos utilizadas pelos autores ou dificul- dade de se definir entre tipos acrocntricos e subtelocntricos em funo da qualidade das pre- paraes. Os padres de bandas G entre essas duas espcies so indistinguveis e muito prximos do observado em Pteronotus (Mormoopidae) (VARELLA-GARCIA et al., 1989). Furipteridae, Thyropteridae e Natalidae At agora, no foram publicados estudos citogenticos com representantes brasileiros de espcies dessas trs famlias. Vespertilionidae De maneira geral os vespertiliondeos mostram caritipos bastante conservados, ao me- nos em nvel genrico (BAKER et al., 1982). Os gneros Myotis, Eptesicus e Lasiurus apresentam pou- ca variao (BICKHAM, 1979a; 1979b; BICKHAM et al., 1986), enquanto o complexo Rogeessa tumida-parvula possui grande variao inter e intraespecfica, com cinco cittipos j reconhe- cidos (BAKER & PATTON, 1967). BICKHAM (1979b) props o 2n = 44 e o NF = 50 como con- dio primitiva para a famlia Vespertilionidae. Assim, para os gneros que esto distribudos no Brasil, as espcies de Myotis, Eptesicus e Histiotus estariam prximas da condio primitiva, enquan- to os caritipos das espcies de Lasiurus seriam derivados. MARCHESIN & MORIELLE- VERSUTE (2004) observaram que a condio deri- vada apresentada pelas espcies do gnero Lasiurus provavelmente se deve a eventos de inverso pericntrica e translocaes robertsonianas (fuses). 217 Moratelli, R. & Morielle-Versute, E. Captulo 15 - Mtodos e aplicaes da citogentica... Para as espcies de Myotis do Brasil, a pri- meira espcie a ter seu caritipo descrito foi M. nigricans, que revelou 2n = 44 e NF = 50, de for- ma similar ao de outras espcies das Amricas, como M. keasyi e M. levis dinellii (q.v. LA VAL, 1973; TIRANTI, 1996). MORATELLI (2003) e MORATELLI et al. (2003) observaram que o caritipo de M. ruber possui 2n = 44 e NF = 49. ARMADA (com. pess.) analisou o caritipo dessa espcie e observou sua similaridade ao de M. nigricans. Logo, a variao no NF observada por MORATELLI (2003) e MORATELLI et al. (2003) no corresponde ao observado nas outras espci- es neotropicais do gnero por um engano na mon- tagem do caritipo. Aqui, analisamos o caritipo de M. levis levis e observamos que esse tambm similar ao de M. nigricans e M. levis dinellii. Assim como as outras espcies do gnero na regio Neotropical, M. ruber e M. levis levis tm trs pares de cromossomos metacntricos grandes e um pe- queno e dezessete pares de acrocntricos. Os cromossomos sexuais so submetacntricos sen- do o X grande e o Y pequeno. Molossidae WARNER et al. (1974) sugeriram 2n = 48 e BAKER et al. (1982) indicam o caritipo de Tadarida brasiliensis (2n = 48 e NF = 56) como primitivo para Molossidae. Variao intraespecfica foi observada en- tre espcimes de Eumops glacinus procedentes de So Paulo (2n = 40 e NF = 64) cariotipados por VARELLA-GARCIA et al. (1989), e espcimes da Costa Rica e Honduras (2n = 38 e NF = 64) cariotipados por WARNER et al. (1974). MORIELLE-VERSUTE et al. (1996) ana- lisaram padres de bandas C e G de sete espcies de molossdeos e observaram extensiva homeologia e grande estabilidade inter e intragenrica entre Eumops perotis, Molossus rufus, Molossus molossus, Molossops abrasus e Nyctinomops laticaudatus. Considervel varia- o intragenrica foi observada em Molossops e Eumops. A variao cromossmica na famlia Molossidae devida principalmente a inverses, rearranjos robertsonianos, translocaes e, menos freqentemente, a variaes na localizao de heterocromatina constitutiva e regies organizadoras de nuclolos (MORIELLE-VERSUTE et al., 1996). Agradecimentos Aos revisores Dr. Joo Alves de Oliveira e Dra. Cibele Rodrigues Bonvicino, pela leitura crtica e valiosas sugestes que melhoraram substancialmente a qualidade final e clareza deste manuscrito; ao doutorando Julio Fernandes Vilela (Gentica, UFRJ) pelas sugestes bastante pertinentes; e ao CNPq, FAPESP, FUNDUNESP e CAPES pelas bolsas e auxlios concedidos Eliana Morielle-Versute e Ricardo Moratelli. 218 Morcegos do Brasil Anexo II fr mula para clculo de fora centrfuga. Fora centrfuga = 1118 x R x rpm 2 x 10 -8 ou onde, rpm = rotaes por minuto R = raio Anexo I protocolos para preparo de reagentes e solues. Colchicina 10 -5 M Pesar 0,3994 g de colchicina e diluir em 10 mL de gua destilada estril, retirar 1 mL dessa soluo e diluir em 9 mL de gua destilada estril, fazer isso por mais trs vezes para atingir a concentrao de 10 -5 M. Os tubos devem ser cobertos com papel alumnio para evitar a entrada de luz, identificados com suas respectivas concentraes e conservados a -20C. Soluo hipotnica Diluir 0,56 g de KCl em 100 mL de gua destilada. Soluo fixadora de Carnoy Misturar trs partes de metanol e uma parte de cido actico glacial. Essa deve ser preparada na hora. Soluo salina de Hanks, livre de Ca e Mg (HBSS): - 8 g NaCl - 1g de glicose - 47,5 mg Na 2 HPO 4 - 0,4 g de KCl - 60 mg KH 2 PO 4 - 17 mg de vermelho fenol - 100 mL de gua destilada 219 Lista das espcies de morcegos do Brasil Lista das espcies de morcegos do Brasil Ordem Chiroptera (64 gneros; 167 espcies)* Famlia Emballonuridae (7 gneros; 15 espcies) Gnero Centronycteris Gray, 1838 Espcie C. maximiliani (J. Fischer, 1829) Gnero Cormura Peters, 1867 Espcie C. brevirostris (Wagner, 1843) Gnero Cyttarops Thomas, 1913 Espcie C. alecto Thomas, 1913 Gnero Diclidurus Wied-Neuwied, 1820 Espcie D. albus Wied-Neuwied, 1820 D. ingens Hernandez-Camacho, 1955 D. isabellus (Thomas, 1920) D. scutatus Peters, 1869 Gnero Peropteryx Peters, 1867 Espcie P. kappleri Peters, 1867 P. leucoptera Peters, 1867 P. macrotis (Wagner, 1843) Gnero Rhynchonycteris Peters, 1867 Espcie R. naso (Wied-Neuwied, 1820) Gnero Saccopteryx Illiger, 1811 Espcie S. bilineata (Temminck, 1838) S. canescens Thomas, 1901 S. gymnura Thomas, 1901 S. leptura (Schreber, 1774) Famlia Phyllostomidae (40 gneros; 90 espcies) Subfamlia Desmodontinae (3 gneros; 3 espcies) Gnero Desmodus Wied-Neuwied, 1826 Espcie D. rotundus (E. Geoffroy, 1810) Gnero Diaemus Miller, 1906 Espcie D. youngi (Jentink, 1893) Gnero Diphylla Spix, 1823 Espcie D. ecaudata Spix, 1823 Subfamlia Glossophaginae (8 gneros; 14 espcies) Tribo Glossophagini Bonaparte, 1845 Gnero Anoura Gray, 1838 Espcie A. caudifer (E. Geoffroy, 1818) A. geoffroyi Gray, 1838 Gnero Choeroniscus Thomas, 1928 Espcie C. minor (Peters, 1868) Gnero Glossophaga E. Geoffroy, 1818 Espcie G. commissarisi Gardner, 1962 G. longirostris Miller, 1898 G. soricina (Pallas, 1766) Gnero Lichonycteris Thomas, 1895 Espcie L. obscura Thomas, 1895 Gnero Scleronycteris Thomas, 1912 Espcie S. ega Thomas, 1912 Tribo Lonchophyllini Griffiths, 1982 Gnero Lionycteris Thomas, 1913 Espcie L. spurrelli Thomas, 1913 * A ordem das espcies est como apresentada em cada captulo. 220 Morcegos do Brasil Gnero Lonchophylla Thomas, 1903 Espcie L. bokermanni Sazima, Vizotto & Taddei, 1978 L. dekeyseri Taddei, Vizotto & Sazima, 1983 L. mordax Thomas, 1903 L. thomasi J.A. Allen, 1904 Gnero Xeronycteris Gregorin & Ditchfield, 2005 Espcie X. vieirai Gregorin & Ditchfield, 2005 Subfamlia Phyllostominae (15 gneros; 33 espcies) Gnero Chrotopterus Peters, 1865 Espcie C. auritus (Peters, 1856) Gnero Glyphonycteris Thomas, 1896 Espcie G. behnii (Peters, 1865) G. daviesi (Hill, 1964) G. sylvestris Thomas, 1896 Gnero Lampronycteris Sanborn, 1949 Espcie L. brachyotis (Dobson, 1879) Gnero Lonchorhina Tomes, 1863 Espcie L. aurita Tomes, 1863 L. inusitata Handley & Ochoa, 1997 Gnero Lophostoma dOrbigny, 1836 Espcie L. brasiliense Peters, 1866 L. carrikeri (J. A. Allen, 1910) L. schulzi (Genoways & Williams, 1980) L. silvicolum dOrbigny, 1836 Gnero Macrophyllum Gray, 1838 Espcie M. macrophyllum (Schinz, 1821) Gnero Micronycteris Gray, 1866 Espcie M. brosseti Simmons & Voss, 1998 M. hirsuta (Peters, 1869) M. homezi Pirlot, 1967 M. megalotis (Gray, 1842) M. microtis Miller, 1898 M. minuta (Gervais, 1856) M. sanborni Simmons, 1996 M. schmidtorum Sanborn, 1935 Gnero Mimon Gray, 1847 Espcie M. bennettii (Gray, 1838) M. crenulatum (E. Geoffroy, 1803) Gnero Neonycteris Sanborn, 1949 Espcie N. pusilla (Sanborn, 1949) Gnero Phylloderma Peters, 1865 Espcie P. stenops Peters, 1865 Gnero Phyllostomus Lacpde, 1799 Espcie P. discolor Wagner, 1843 P. elongatus (E. Geoffroy, 1810) P. hastatus (Pallas, 1767) P. latifolius (Thomas, 1901) Gnero Tonatia Gray, 1827 Espcie T. bidens (Spix, 1823) T. saurophila Koopman & Williams, 1951 Gnero Trachops Gray, 1847 Espcie T. cirrhosus (Spix, 1823) Gnero Trinycteris Sanborn, 1949 Espcie T. nicefori (Sanborn, 1949) Gnero Vampyrum Rafinesque, 1815 Espcie V. spectrum (Linnaeus, 1758) 221 Lista das espcies de morcegos do Brasil Subfamlia Carolliinae (2 gneros; 7 espcies) Gnero Carollia Gray, 1838 Espcie C. brevicauda (Schinz, 1821) C. benkeithi Solari & Baker, 2006 C. castanea H. Allen, 1890 C. perspicillata (Linnaeus, 1758) C. subrufa (Hahn, 1905) Gnero Rhinophylla Peters, 1865 Espcie R. fischerae Carter, 1966 R. pumilio Peters, 1865 Subfamlia Stenodermatinae (12 gneros; 33 espcies) Gnero Ametrida Gray, 1847 Espcie A. centurio Gray, 1847 Gnero Artibeus Leach, 1821 Espcie A. anderseni Osgood, 1916 A. cinereus (Gervais, 1856) A. concolor Peters, 1865 A. fimbriatus Gray, 1838 A. glaucus Thomas, 1893 A. gnomus Handley, 1987 A. lituratus (Olfers, 1818) A. obscurus (Schinz, 1821) A. planirostris (Spix, 1823) Gnero Chiroderma Peters, 1860 Espcie C. doriae Thomas, 1891 C. trinitatum Goodwin, 1958 C. villosum Peters, 1860 Gnero Enchisthenes K. Andersen, 1906 Espcie E. hartii (Thomas, 1892) Gnero Mesophylla Thomas, 1901 Espcie M. macconnelli Thomas, 1901 Gnero Platyrrhinus Saussure, 1860 Espcie P. brachycephalus (Rouk & Carter, 1972) P. helleri (Peters, 1866) P. infuscus (Peters, 1880) P. lineatus (E. Geoffroy, 1810) P. recifinus (Thomas, 1901) Gnero Pygoderma Peters, 1863 Espcie P. bilabiatum (Wagner, 1843) Gnero Sphaeronycteris Peters, 1882 Espcie S. toxophyllum Peters 1882 Gnero Sturnira Gray 1842 Espcie S. bidens Thomas, 1915 S. lilium (E. Geoffroy, 1810) S. magna de la Torre, 1966 S. tildae de la Torre, 1959 Gnero Uroderma Peters, 1866 Espcie U. bilobatum Peters, 1866 U. magnirostrum Davis, 1968 Gnero Vampyressa Thomas, 1900 Espcie V. bidens (Dobson, 1878) V. brocki Peterson, 1968 V. pusilla (Wagner, 1843) V. thyone Thomas, 1909 Gnero Vampyrodes Thomas, 1900 Espcie V. caraccioli (Thomas, 1889) 222 Morcegos do Brasil Famlia Mormoopidae (1 gnero; 4 espcies) Gnero Pteronotus Gray, 1838 Espcie P. davyi Gray, 1838 P. gymnonotus Natterer, 1843 P. parnellii (Gray, 1843) P. personatus (Wagner, 1843) Famlia Noctilionidae (1 gnero; 2 espcies) Gnero Noctilio Linnaeus 1766 Espcie N. albiventris Desmarest, 1818 N. leporinus (Linnaeus, 1758) Famlia Furipteridae (1 gnero; 1 espcie) Gnero Furipterus Bonaparte, 1837 Espcie F. horrens (F. Cuvier, 1828) Famlia Thyropteridae (1 gnero; 4 espcies) Gnero Thyroptera Spix, 1823 Espcie T. devivoi Gregorin et al., 2006 T. discifera (Lichtenstein & Peters, 1855) T. lavali Pine, 1993 T. tricolor Spix, 1823 Famlia Natalidae (1 gnero; 1 espcie) Gnero Natalus Gray, 1838 Espcie N. stramineus Gray, 1838 Famlia Molossidae (7 gneros; 26 espcies) Gnero Cynomops Thomas, 1920 Espcie C. abrasus (Temminck, 1827) C. greenhalli Goodwin, 1958 C. paranus (Thomas, 1901) C. planirostris (Peters, 1866) Gnero Eumops Miller, 1906 Espcie E. auripendulus (Shaw, 1800) E. bonariensis (Peters, 1874) E. glaucinus (Wagner, 1843) E. hansae Sanborn, 1932 E. maurus (Thomas, 1901) E. patagonicus Thomas, 1924 E. perotis (Schinz, 1821) E. trumbulli (Thomas, 1901) Gnero Molossops Peters, 1866 Espcie M. (Neoplatymops) mattogrossensis Vieira, 1942 M. (Molossops) neglectus Williams & Genoways, 1980 M. (Molossops) temminckii (Burmeister, 1854) Gnero Molossus E. Geoffroy, 1805 Espcie M. coibensis J. A. Allen, 1904 M. currentium Thomas, 1901 M. molossus (Pallas, 1766) M. pretiosus Miller, 1902 M. rufus E. Geoffroy, 1805 Gnero Nyctinomops Miller, 1902 Espcie N. aurispinosus (Peale, 1848) N. laticaudatus (E. Geoffroy, 1805) N. macrotis (Gray, 1840) Gnero Promops Gervais, 1856 Espcie P. centralis Thomas, 1915 P. nasutus (Spix, 1823) Gnero Tadarida Rafinesque, 1814 Espcie T. brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) 223 Lista das espcies de morcegos do Brasil Famlia Vespertilionidae (5 gneros; 24 espcies) Subfamlia Vespertilioninae Gray, 1821 (4 gneros;18 espcies) Tribo Eptesicini Volleth & Heller, 1994 Gnero Eptesicus Rafinesque, 1820 Espcie E. andinus J.A. Allen, 1914 E. brasiliensis (Desmarest, 1819) E. chiriquinus Thomas, 1920 E. diminutus Osgood, 1915 E. furinalis (dOrbigny, 1847) E. fuscus (Beauvois, 1796) E. taddeii Miranda, Bernardi & Passos, 2006 Tribo Lasiurini Tate, 1942 Gnero Lasiurus Gray, 1831 Espcie L. blossevillii (Lesson & Garnot, 1826) L. cinereus (Palisot de Beauvois, 1796) L. ebenus Fazzolari-Corra, 1994 L. ega (Gervais, 1856) L. egregius (Peters, 1870) Tribo Nycticeiini Gervais, 1855 Gnero Rhogeessa H. Allen, 1866 Espcie R. hussoni Genoways & Baker, 1996 R. io Thomas, 1903 Tribo Vespertilionini Gray, 1821 Gnero Histiotus Gervais,1856 Espcie H. alienus Thomas, 1916 H. macrotus (Poeppig, 1835) H. montanus (Philippi & Landbeck, 1861) H. velatus (I. Geoffroy, 1824) Subfamlia Myotinae Tate, 1942 (1 gnero; 6 espcies) Gnero Myotis Kaup, 1829 Espcie M. albescens (E. Geoffroy, 1806) M. levis (I. Geoffroy, 1824) M. nigricans (Schinz, 1821) M. riparius Handley, 1960 M. ruber (E. Geoffroy, 1806) M. simus Thomas, 1901 224 Morcegos do Brasil 225 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) Referncias Bibliogrficas ACHA, P. N.; MLAGA-ALBA, M. Economic losses due to Desmodus rotundus. In: GREENHALL, A.M.; SCHIMIDT, U. (Eds). Natural history of vampire bats. Boca Raton: CRC Press. 1988, p.208-213. ACOSTA Y LARA, E. F. Quirpteros del Uruguay. Comunicaciones Zoologicas del Museo de Histria Natural de Montevideo. v.3, n.58. Montevideo: 1950, p.1-73. _______. Notas ecolgicas sobre algunos quirpteros del Brasil. Comunicaciones Zoologicas del Museo de Montevideo. v.3. n. 65. Montevideo: 1951, p.1-2. ACOSTA, C. E.; OWEN, R. D. Koopmania concolor. Mammalian Species. n.429. New York: 1993, p.1-3. ACOSTA, L. S.; AGUANTA, F. A. Nota sobre un nuevo registro de murcilago (Lampronycteris brachyotis) para Bolivia. Kempffiana. v.1, n.1. Santa Cruz: 2005, p.65- 68. ACOSTA, L. S.; VENEGAS, C. Algunas consideraciones taxonmicas de Histiotus laephotis e H. macrotus, en Bolivia. Kempffiana. v.2, n.1. Santa Cruz: 2006, p.109-115. ADAMS, J. K. Pteronotus davji. Mammalian Species. n.346. New York: 1989, p.1-5. AGUIAR, L. M. S.; CAMARGO, W. R.; PORTELLA, A. S. Occurrence of white- winged vampire bat, Diaemus youngi (Mammalia, Chiroptera), in the Cerrado of Distrito Federal, Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. v.23, n.3. Curitiba: 2006, p.893- 896. AGUIAR, L. M. S.; MARINHO-FILHO, J. Activity patterns of nine phyllostomid bat species in a fragment of the Atlantic Forest in southeastern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. v.21, n.2. Curitiba: 2004, p.385-390. AGUIAR, L. M. S; ZORTA, M.; TADDEI, V. A. New records of bats for the Brazilian Atlantic Forest. Mammalia. v.59, n.4. Paris: 1995, p.667-671. ALBUJA, L. Murcilagos del Ecuador. 2 Edicin. Quito: Departamento de Ciencias Biolgicas. Escuela Politcnica Nacional.1999, 288 p. ALBUJA, L.; MENA-V, P. Adicin de dos especies de quirpteros a la fauna del Ecuador. Revista Politcnica. v.16, n.2. Quito: 1991, p.9398. ALBUJA, V. L.; GARDNER, A. L. A new species of Lonchophylla Thomas (Chiroptera: Phyllostomidae) from Ecuador. Proceedings of the Biological Society of Washington. v.118, n.2. Washington: 2005, p.442-449. ALENCAR, A. O.; SILVA, G. A. P. ; DA ARRUDA M. M.; SOARES, A. J.; GUERRA, D. Q. Aspectos biolgicos e ecolgicos de Desmodus rotundus (Chiroptera) no nordeste do Brasil. PesquisaVeterinria Brasileira. v.14, n.4. Rio de Janeiro: 1994, p.95-103. ALLEN, J. A. New bats from tropical America, with notes on species of Otopterus. Bulletin of the American Museum of Natural History. v.20, New York: 1904, p.227-237. ALMEIDA, E. O.; NAVEDA, L. A. B.; HERRMANN, G. P. Combate ao Desmodus rotundus rotundus (E. Geoffroy, 1810) na regio crstica de Cordisburgo e Curvelo, Minas Gerais. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinria e Zootecnia. v.54, n.2. Belo Horizonte: 2002, p.117-126. ALTENBACH, J. S. Locomotor morphology of the vampire bat Desmodus rotundus. Special Publications American Society of Mammalogists. v.6, New Mexico:1979, p.1137. ALTHOFF, S. L. Estudos taxonmico e citogentico das espcies pertencentes ao gnero Artibeus (Mammalia, Chiroptera), ocorrentes na poro oriental da regio sul do Brasil. xviii + 126 p. Dissertao de mestrado, Universidade Federal do Paran, Curitiba, Parar, 1996. ALTHOFF, S. L.; ISBALQUEIRO, I. J. Estudos citogenticos das espcies Artibeus (Mammalia; Chiroptera), ocorrentes na Mata Atlntica da regio sul do Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 22, 1998, Recife, Livro de Resumos do..., Recife: UFP, 1998, p.309. ALTRINGHAM, J. D. Bats, Biology and Behavior. Oxford: Oxford University Press, University of Leeds, 1996. 262p. ALVAREZ, J.; WILLIG, M. R.; JONES JR., J. K.; WEBSTER, W. D. Glossophaga soricina. Mammalian Species. v.379, New York: 1991, p.1-7. ANDERSEN, K. Brief diagnoses of a new genus and ten new forms of stenodermatous bats. Annals and Magazine of Natural History, Series 7. n.18. London: 1906, p.419-423. ANDERSON, S. Mammals of Bolivia, taxonomy and distribution. Bulletin of the American Museum of Natural History. v.231, New York: 1997, p.1-652. ANDERSON, S.; KOOPMAN, K.; CREIGHTON, G. K. Bats of Bolivia: An Annotated Checklist. American Museum Novitates. v.2750, New York: 1982, p.1-24. ANDERSON, S.; WEBSTER, W. D. Notes on Bolivian mammals. Additional records of bats. American Museum Novitates. v.2766, New York: 1983, p.1-3. ARIAS, V.; VILLALOBOS, F.; MORA, J. M. Cra de murcilago en la dieta de Trachops cirrhosus (Chiroptera: Phyllostomidae) en Costa Rica. Revista de Biologa Tropical. v.47, n.4. San Jos: 1999, p.1137-1138. ARITA, H. T. Conservation biology of Mexican cave bats. Journal of Mammalogy. v.74, Lawrence: 1993. p.693-702. ARITA, H. T.; SANTOS-DEL-PRADO, K. Conservation biology of nectar-feeding bats in Mexico. Journal of Mammalogy. v.80, n.1. Lawrence: 1999, p.31-41. ARITA, H. T.; VARGAS, J. A. Natural- history, interespecific association, and incidence of the cave bats of Yucatan, Mexico. The Southwestern Naturalist. v.40, n.1. San Marcos: 1995, p.29-37. ARMADA, J. L.; SOUZA, C. S.; CANAVEZ, F.C. Na improved procedure to obtain chromosome preparations of bats. Revista da Universidade Rural, Srie Cincias da Vida. v.18, n.1-2. Seropdica: 1996, p.73-75. ARROYO-CABRALES, J.; OWEN, R. D. Enchisthenes hartii. Mammalian Species. n.546. New York: 1997, p.1-4. 226 Morcegos do Brasil ASCORRA, C. F.; SOLARI, S.; WILSON, D. E. Diversidad y ecologia de los quiropteros en la Pakitza, In: WILSON, D. E.; SANDOVAL, A. (Eds.). Manu: the biodiversity of southeastern Peru. Lima: Editorial Horizonte. 1996, p.593 612. ASCORRA, C. F.; WILSON, D. E.; ROMO, M. Lista anotada de los quiropteros del Parque Nacional Manu, Peru. Publicaciones del Museo de Historia Natural, Serie (A) Zoologia. n.42. Lima: 1991a, p.1-14. ASCORRA, C. F.; WILSON, D. E.; HANDLEY JR, C. O. Geographic distribution of Molossops neglectus Williams and Genoways (Chiroptera: Molossidae). Journal of Mammalogy. v.72, n.4. Lawrence: 1991b, p.828-830. AVILA-FLORES, R.; FLORES- MARTNEZ, J. J.; ORTEGA, J. Nyctinomops laticaudatus. Mammalian Species. v.697, New York: 2002, p.1-6. VILA-FLORES, R.; MEDELLN, R. A. Ecological, taxonomic, and physiological correlates of cave use by Mexican bats. Journal of Mammalogy. v.85, n.4. Lawrence: 2004, p.675-687. VILA-PIRES, F. D.; GOUVA, E. Mamferos do Parque Nacional do Itatiaia. Boletim do Museu Nacional, Nova Srie, Zoologia. v.291, Rio de Janeiro: 1977, p.1- 29, VILLA, L. S., ROZNZSTRANCH, A. M. S.; ABRANTES, E. A. L. First record of the south american flat-headed bat, Neoplatymops mattogrossensis (Vieira, 1942) in Southeastern Brazil (Chiroptera: Molossidae). Boletim Museu Nacional. n.463. Rio de Janeiro: 2001, p.1-6. BAILEY, W. J. Acoustic Behaviour of Insects: An Evolutionary Perspective. London: Chapman and Hall, 1991, xv + 225. BAKER, R. J. Karyotypes of bats of the Phyllostomidae and their taxonomic implications. Southwest Naturalist, v.12, 1967, p.407-428. _______. Karyotypic trends in bats. In: WIMSATT, W.A. (Ed.). Biology of bats. New York: Academic Press, Inc., 1970, p.65-97. _______. Comparative cytogenetics of the New World leaf-nosed bats (Phyllostomidae). Periodicum Biologorum. v.75, Zagreb: 1973, p.37-45. _______. Karyology. In: BAKER, R. J.; JONES JR., J. K.; CARTER, D. C. (Eds.). Biology of bats of the New World Phyllostomatidae, Part III. Special Publications The Museum Texas Tech University. v.16, Lubbock: 1979, p.107-155. _______. Chromosomal flow between chromosomally characterized taxa of a volant mammal, Uroderma bilobatum (Chiroptera: Phyllostomidae). Evolution. v.35, 1981, p.296-305. BAKER, R. J.; ATCHLEY, W. R.; MCDANIEL, C.R. Karyology and morphometrics of Peters tent-making bat, Uroderma bilobatum Peters (Chiroptera, Phyllostomatidae). Systematic Zoology, v.21, London: 1972a, p.414-429. BAKER, R. J.; BASS, R. A. Evolutionary relationships of the Brachyphyllinae to the Glossophaginae genera Glossophaga and Monophyllus. Journal of Mammalogy. v.60, n.2. Lawrence: 1979, p.364-372. BAKER, R. J.; BASS, R. A.; LOHNSON, M.A. Evolotionary implications of chromosomal homology in four genera of Stenoderminae bats (Phyllostomatidae: Chiroptera). Evolution. v.33, n.1. 1979, p.220- 226. BAKER, R. J.; BICKHAM, J. W. karyotypic evolution in bats: Evidence of extensive and conservative chromosomal evolution in closely related taxa. Systematic Zoology, v.29, n.3. London: 1980, p.239- 253. BAKER, R. J.; BLEIER, W. J. Karyotypes of bats the subfamily Carolliinae (Mammalia: Phyllostomatidae) and their evolutionary implications. Experientia, v.27, Basel:1971, p.220-222. BAKER, R. J.; BLEIER, W. J.; ATCHLEY, W. L. A contact zone between karyotypically characterized taxa of Uroderma bilobatum (Mammalia: Chiroptera). Systematic Zoology, v.24, London: 1975, p.133-142. BAKER, R. J.; CLARCK, C. L. Uroderma bilobatum. Mammalian Species. n.279. New York: 1987, p.1-4. BAKER, R. J.; DUNN, C. G.; NELSON, K. Allozymic study of the relationships of Phylloderma and four species of Phyllostomus. Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. n.125. Lubbock: 1988, p.1-14. BAKER, R. J.; GARDNER, A. L.; PATTON, J. L. Chromosomal polymorphism in the phyllostomatid bat, Mimon crenulatum (Geoffroy). Experientia, v.28, Basel: 1972b, p.969. BAKER, R. J.; GENOWAYS, H. H. A new species of Chiroderma from Guadaloupe, West Indies (Chiroptera: Phyllostomatidae). Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. v.39, Lubbock: 1976, p.1-9. BAKER, R. J.; GENOWAYS, H. H.; BLEIER, W. J.; WARNER, J. W. Cytotypes and morphometrics of two phyllostomatid bats, Micronycteris hirsute and Vampyressa pusilla. Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. v.17, Lubbock: 1973, p.1-10. BAKER, R. J.; GENOWAYS, H. H.; CADENA, A. The phyllostomatid bat, Vampyressa brocki, in Colombia. Bulletin of the Southern California Academy of Science, v.71, Los Angeles: 1972c, p.54. BAKER, R. J.; GENOWAYS, H. H.; SEYFARTH, P. A. Results of the Alcoa Foundation Suriname Expeditions. VI. Aditional chromosomal data for bats (Mammalia: Chiroptera) from Suriname. Annals of Carnegie Museum. v.50, Pittsburg: 1981b, p.333-344. BAKER, R. J.; HAIDUK, M. W.; ROBBINS, L. W.; CADENA, A.; KOOP, B. F. Chromosomal studies of south american bats and their systematic implications. In: MARES, M. A.; GENOWAYS, H. H. (Eds.). Mammalian Biology in South America. Special Publications Series Pymatuning Laboratory of Ecology, Pittsburg: 1982, p.303-327. BAKER, R. J.; HAMILTON, M.; PARISH, D. A. Preparations of mammalian karyotypes under field conditions. Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. n.228. Lubbock: 2003, p.1-8. BAKER, R. J.; HONEYCUTT, R. L.; ARNOLD, M. L.; SARICH, V. M.; GENOWAYS, H. H. Eletrophoretic and immunological studies on the relationships of the Brachyphyllinae and the Glossophaginae. Journal of Mammalogy. v.62, Lawrence: 1981a, p.665-672. BAKER, R. J.; HOOD, C. S.; HONEYCUTT, R. L. Phylogenetic relationships and classification of the higher categories of the New World bat family 227 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) Phyllostomidae. Systematic Zoology. v.38, n.3. Washington: 1989, p.228-238. BAKER, R. J.; HSU, T. C. Further studies in the sex chromosome systems of american leaf-noased bats (Chiroptera: Phyllostomatidae). Cytogenetics, v.9, 1970, p.131-138. BAKER, R. J.; JONES JR., J. K. Additional records of bats from Nicaragua, with a revised checklist of Chiroptera. Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. v.34, Lubbock: 1975, p.1-13. BAKER, R. J.; JORDAN, R. G. Chromosomal studies of some neotropical bats of the families Emballonuridae, Noctilionidae, Natalidae and Vespertilionidae. Caryologia, v.23, n.4. Firenze: 1970, p.595-604. BAKER, R. J.; LOPEZ, G. Karyotypic studies in the insular population of bats in Puerto Rico. Caryologia, v.23, Firenze: 1970, p.465-472. BAKER, R. J.; MCDANIEL, V. R. A new subspecies of Uroderma bilobatum (Chiroptera: Phyllostomatidae) from Middle America. Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. v.7, Lubbock: 1972, p.1-4. BAKER, R. J.; PATTON, J. C.; GENOWAYS, H. H.; BICKHAM, J. C. Genic studies of Lasiurus (Chiroptera: Vespertilionidae). Occasional Papers the Museum Texas Tech University. v.117. Lubbock: 1998, p.1-15. BAKER, R. J.; PATTON, J. L. Karyotypes and karyotypic variation of north American vespertilionid bats. Journal of Mammalogy. v.48, Lawrence: 1967, p.270-286. BAKER, R. J.; PORTER, C. A.; PATTON, J. C.; VAN DEN BUSSCHE, R.A. Systematics of bats of the family Phyllostomidae based on RAG2 DNA sequences. Occasional Papers of the Museum of Texas Tech University. v.202, Lubbock 2000, p.1-16. BAKER, R. J.; QUMSIYEH, M. B. Methods in chiropteran mitotic chromosomal studies. In: KUNZ, T.H. (Ed.). Ecological and behavioral methods for the study of bats. Washington & London: Smithsonian Institution Press, 1988, p.425-435. BAKER, R. J.; QUMSIYEH, M. B.; HOOD, C.S. Role of chromosomal Banding patterns in understanding mammalian evolution. In: GENOWAYS, H. H. (Ed.). Current Mammalogy. Plenum Publishing Corporation, 1987: p.67-96. BAKER, R. J.; HOOFER, S. R.; PORTER, C. A.; VAN DEN BUSSCHE, R. A. Diversification among New World Leaf-Nosed Bats: an evolutionary hypothesis and classification inferred from digenomic congruence of DNA sequence. Occasional Papers of the Museum of Texas Tech University. v.230, Lubbock: 2003, p.1- 32. BAPTISTA, M.; MELLO, M. A. R. Preliminary inventory of the bat species of the Poo das Antas Biological Reserve. Chiroptera Neotropical. v.7, n.1-2. Braslia: 2001, p.133-135. BARBOUR, R. W.; DAVIS, W. H. Bats of America. Lexington: University Press Kentucky, 1969, 286p. BARCLAY, R. M. R. Long-versus short- range foraging strategies of hoary (Lasiurus cinereus) and silver-haired (Lasionycteris noctivagans) bats and the consequences for prey selection. Canadian Journal of Zoology / Revue Canadienne de Zoologie. v.63, n.11. Ottawa: 1985, p.2507-2515. BARCLAY, R. M. R.; BRIGHAM, R. M. 1991. Prey detection, dietary niche breadth, and body size in bats: why are aerial insectivorous bats so small? The American Naturalist. v.137. Chicago: 1991, p.693-703. BARCLAY, R. M. R.; HARDER, L. D. Life histories of bats: life in the slow lane. In: KUNZ, T. H.; FENTON, M. B. (Eds.). Bat ecology. Chicago and London: The University of Chicago Press, 2003, p.209- 253. BARNETT, A. A. Disk-winged bats (Thyropteridae). In: HUTCHINS, M.; KLEIMAN, D. G.; GEIST, V. ; MCDADE, M. C. (Eds.). Grzimeks Animal Life Encyclopedia Volume 13, Mammals II, 2ed. Farmington Hills, MI Gale Group: 2003, p.473-477. BARNETT, A. A.; SAMPAIO, E. M.; KALKO, E. K. V.; SHAPLEY, R. L.; FISCHER, E.; CAMARGO, G.; RODRIGUEZ-HERRERA, B. 2006. Bats of Ja National Park, central Amaznia, Brazil. Acta Chiropterologica. v.8, n.1. Warszawa: 2006, p.103-128. BARQUEZ, R. M. Notas on identity, distribution, and ecology of some Argentine bats. Journal of Mammalogy. v.69, n.4. Lawrence: 1988, p.873-876. BARQUEZ, R. M.; GIANNINI, N. P.; MARES, M. A. Guide to the bats of Argentine (Gua de los murcilagos de Argentina). Normal: Special Publication, Oklahoma Museum of Natural History, 1993, 119p. BARQUEZ, R. M.; MARES, M. A.; BRAUN, J. K. The bats of Argentina. Special Publications Museum of Texas Tech University. v.42, Lubbock: 1999, p.1-275. BARQUEZ, R. M.; OJEDA, R. A. Nueva subespecie de Phylloderma (Chiroptera, Phyllostomidae). Neotropica. v.25, La Plata: 1979, p.83-89. _______. The bats (Mammalia: Chiroptera) of the Argentine chaco. Annals of the Carnegie Museum. v.61, n.3. Pittsburgh: 1992, p.239-261. BAUD, F. J.; MENU, H. Paraguayan bats of the genus Myotis, with a redefinition of M. simus (Thomas, 1901). Revue Suisse de Zoologie. v.100, n.3. Geneve: 1993, p.595- 607. BAUMGARTEN, J. E.; VIEIRA, E. M. Reproductive seasonality and development of Anoura geoffroyi (Chiroptera: Phyllostomidae) in central Brazil. Mammalia. v.58, n.3. Paris: 1994, p.415-422. BEAK, M. L.; BATISTIC, R.; VIZOTTO, L. D.; BEAK, W. Mecanismo de determinao do sexo XY1Y2 em Artibeus lituratus lituratus (Chiroptera-Phyllostomatidae). Cincia e Cultura. v.20, n.2. Campinas: 1968, p.173. BEAK, M. L.; BATISTIC, R.; VIZOTTO, L. D.; BEAK, W. Sex determing mechanism XY1Y2 in Artibeus lituratus (Chiroptera, Phyllostomidae). Experientia, v.25, Basel:1969, p.81-83. BEHR, O.; VON HELVERSEN, O. Bat serenades - complex courtship songs of the sac-winged bat (Saccopteryx bilineata). Behavioral Ecology and Sociobiology, v.56, New York: 2004, p.106-115. BERGALLO, H. G.; GEISE, L.; BONVICINO, C. R.; CERQUEIRA, R.; DANDREA, P. S.; ESBERARD, C. E.; FERNANDEZ, F.A.S.; GRELLE, C.E.; SICILIANO, S.; PERACCHI, A. L.; VAZ, S. M. Mamferos. In: BERGALLO, H. G.; ROCHA, C. F. D.; ALVES, M. A.; VAN SLUYS, A. (Org.). A fauna ameaada de extino do Estado do Rio de Janeiro. UERJ, Rio de Janeiro: 2000, p.125-135. 228 Morcegos do Brasil BERNARD, E. Folivory in Artibeus concolor (Chiroptera:Phyllostomidae): a new evidence. Chiroptera Neotropical. v.3, n.2. Braslia: 1997, p.77-79. _______. Notes on a colony of Peropteryx leucoptera (Emballonuridae) in Brazil. Bat Research News, v.40, n.2. Bloomington: 1999, p.37-38. _______. First capture of Micronycteris homezi Pirlot (Chiroptera, Phyllostomidae) in Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. v.18, n.2. Curitiba: 2001a, p.645-647. _______. Vertical stratification of bat communities in primary forests of Central Amazon, Brazil. Journal of Tropical Ecology, v.17, n.1. Cambridge: 2001b, p.115-126. _______. Diet, activity and reproduction of bat species (Mammalia, Chiroptera) in Central Amazonia, Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. v.19, n.1. Curitiba: 2002, p.173- 188. _______. Cormura brevirostris. Mammalian Species. v.737, New York: 2003, p.1-3. _______. Morcegos vampiros: sangue, raiva e preconceito. Cincia Hoje. v.36, n.214. Rio de Janeiro: 2005, p.44-49. BERNARD, E.; FENTON, M. B. Species diversity of bats (Mammalia: Chiroptera) in forest fragments, primary forests, and savannas in central Amazonia, Brazil. Canadian Journal of Zoology. v.80, Ottawa: 2002, p.1124 -1140. _______. Bat mobility and roosts in a fragmented landscape in central Amazonia, Brazil. Biotropica. v.35, n.2. Washington: 2003, p.262-277. BERNARD, E.; SAMPAIO, E. Morcegos da Amaznia Brasileira. In: PACHECO, S. M.; ESBRARD, C. E. L.; MARQUES, R. V. (Orgs.). Morcegos do Brasil: Biologia, Sistemtica, Ecologia e Conservao. no prelo. BERTOLA, P. B; AIRES, C. C; FAVORITO, S. E.; GRACIOLLI, G.; AMAKU, M.; PINTO-DA-ROCHA, R. Bat flies (Diptera: Streblidae, Nycteribiidae) parasitic on bats (Mammalia: Chiroptera) at Parque Estadual da Serra da Cantareira, So Paulo, Brazil: parasitism rates and host- parasite associations. Memrias do Instituto Oswaldo Cruz. v.100, n.1. Rio de Janeiro: 2005, p.25-32. BEST, T. L.; HUNT, J. L.; MCWILLIAMS, L. A.; SMITH, K. G. Eumops hansae. Mammalian Species. n.687. New York: 2001a, p.1-3. _______. Eumops maurus. Mammalian Species. n.667. New York: 2001b, p.1-3. BEST, T. L.; KISER, W. M. ; FREEMAN, P. W. Eumops perotis. Mammalian Species. n.534. New York: 1996, p.1-8. BEST, T. L.; KISER, W. M.; RAINEY, J. C. Eumops glaucinus. Mammalian Species. n.551. New York: 1997, p.1-6. BEZERRA, A. M. R; ESCARLATE- TAVARES, F.; MARINHO-FILHO, J. First record of Thyroptera discifera (Chiroptera: Thyropteridae) in the cerrado of central Brazil. Acta Chiropterologica. v.7, Warszawa: 2005, p.165-188, BIANCONI, G. V.; CARNEIRO, D. C.; GUERRA, P. A.; FELLINI, A. A raiva em morcegos urbanos no estado do Paran, Brasil. In: Congresso Brasileiro de Mastozoologia, III, 2005, Aracruz, Livro de Resumos do..., Aracruz: 2005, p.68. BIANCONI, G. V.; MIKICH, S. B.; PEDRO, W. A. Diversidade de morcegos (Mammalia, Chiroptera) em fragmentos florestais do municpio de Fnix, noroeste do Paran, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. n.21, v.4. Curitiba: 2004, p.943-954. BICKHAM, J. W. Banded karyotypes of 11 species of American bats (genus Myotis). Cytologia, v.44, Tokio: 1979a, p.789-797. _______. Chromosomal variation and evolutionary relationships of vespertilionid bats. Journal of Mammalogy. v.60, Lawrence: 1979b, p.350-363. BICKHAM, J. W.; MCBEE, C. J.; SCHLITTER, C. A. Chromosomal variation among seven species of Myotis (Chiroptera: Vespertilionidae). Journal of Mammalogy. v.67, Lawrence: 1986, p.746- 750. BIEDERMANN, H. Dicionrio ilustrado de smbolos. Companhia Melhoramentos, So Paulo. 1993, 481 p. BIZERRIL, M. X. A.; RAW, A. Feeding behaviour of bats and the dispersal of Piper arboreum seeds in Brazil. Journal of Tropical Ecology. v.14, Cambridge: 1998, p.109-114. BONACCORSO, F. J. Foraging and reproductive ecology in a Panamanian bat community. Bulletin of the Florida State Museum, Biological Sciences. v.24, Gainesville: 1979, p.359-408. BONATO, V.; FACURE, K. G. Bat predation by the fringelipped bat Trachops cirrhosus (Chiroptera: Phyllostomidae). Mammalia. v.64, Paris: 2000, p.241-243. BONATO, V.; FACURE, K. G.; UIEDA, W. Food habits of bats of subfamily Vampyrinae in Brazil. Journal of Mammalogy. v.85, Cambridge: 2004, p.708-713. BORDIGNON, M. O. Predao de morcegos por Chrotopterus auritus (Peters) (Mammalia, Chiroptera) no pantanal de Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.22. Curitiba: 2005a, p.1207- 1208. _______. Geographic distributions ampliation of Chiroderma doriae Thomas (Mammalia, Chiroptera) in Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. v.22, n.4. Curitiba: 2005b, p.1217-1218. _______. Diversidade de morcegos (Mammalia, Chiroptera) do Complexo Apor-Sucuri, Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.23, n.4. Curitiba: 2006a, p.1002-1009. _______. Diet of the fishing bat Noctilio leporinus (Linnaeus) (Mammalia, Chiroptera) in a mangrove area of southern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. v.23, n.1. Curitiba: 2006b, p.256-260. _______. Padro de atividade e comportamento de forrageamento do morcego pescador Noctilio leporinus (Linnaeus) (Chiroptera, Noctilionidae) na Baa de Guaratuba, Paran Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.23, n.1. Curitiba: 2006c, p.50-57. BORDIGNON, M. O.; FRANA, A. O. Variaes na colorao da pelagem do morcego-pescador Noctilio leporinus (L., 1758) (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Zoocincias. v.6, n.2. Juiz de Fora: 2004, p.181-189. BOVEY, R. Les chromosomes des chiropteres et des insectivores. Revue Suisse de Zoologie, v.56, Genve: 1949, p.375-460. BRADBURY, J. Social organization and communication. In: WIMSATT, W. (Ed.).The Biology of Bats. Vol. III. New York: Academic Press. 1977, p.1-72. BRADBURY, J. W.; VEHRENCAMP, S. L. Social organization and foraging in emballonurid bats. I. Field studies. Behavioral Ecology and Sociobiology, v.1, New York:1976, p.337-381. 229 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) BRASS, D. A. Rabies in bats, Natural history and public health implications. Ridgefield: Livia Press.1994, 352 p. BREDT, A.; ARAJO, F. A. A.; CAETANO-JNIOR, J.; RODRIGUES, M. G. R.; YOSHIZAWA, M.; SILVA, M. M. S.;. HARMANI, N. M. S; MASSUNAGA, P. N. T.; BRER, S. P. ; POTRO, V. A. R.; UIEDA, W. Morcegos em reas urbanas e rurais: manual de manejo e controle. Braslia: Fundao Nacional de Sade, Ministrio da Sade, 1996, p.117. BREDT, A.; UIEDA, W. Bats from urban and rural environments of the Distrito Federal, mid-western Brazil. Chiroptera Neotropical. v.2, n.2. Braslia: 1996, p.54-57. BREDT, A.; UIEDA, W.; MAGALHES, E. D. Morcegos caverncolas da regio do Distrito Federal, centro-oeste do Brasil (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Zoologia. v.16, n.3. Curitiba: 1999, p.731- 770. BREDT, A.; UIEDA, W.; PINTO, P. P. Visitas de morcegos fitfagos a Muntingia calabura L. (Muntingiaceae) em Braslia, Centro-Oeste do Brasil. Revista Brasileira de Zoocincias. v.4, n.1. Juiz de Fora: 2002, p.111-122. BREDT, A; UIEDA, W. Bats from urban and rural environments of the Distrito Federal Mid-western Brazil. Chiroptera Neotropical. v.2, n.2. Braslia: 1996, p.54-57. BROOKS, D. M.; ROJAS, J. M.; ARANIBAR, H.; VARGAS, R. J.; TARIFA, T. A preliminary assessment of mammalian fauna of the Eastern Bolivian Panhandle. Mammalia. v.65. Paris: 2002, p.509-520. BROSSET, A. Contribution a letude des chiropteres de louest de lEcuador. Mammalia. n.29. Paris: 1965, p.211227. BROSSET, A.; CHARLES- DOMINIQUE, P. The bats from French Guiana: a taxonomic, faunistic and ecological approach. Mammalia. v.54, n.4. Paris: 1990, p.509-560. BROSSET, A.; CHARLES- DOMINIQUE, P.; COCKLE, A.; COSSON, J. F.; MASSON, D. Bat communities and deforestation in French Guiana. Canadian Journal of Zoology, v.74, Ottawa: 1996, p.1974-1982. BURNETT, S. E., JENNINGS, J. B., RAINEY, J. C., BEST, T. L. Molossus bondae. Mammalian Species. n.668. New York: 2001, p.1-3. BURNETT, S. E.; RAINEY, J. C.; BEST, T. L. Molossus bondae. Mammalian Species. n.668. New York: 2001, p.1-3. BURTON, K. L.; ENGSTRON, M. D. Bat community structure at Iwokrama Forest, Guyana. Journal of Tropical Ecology, v.17, Cambridge: 2001, p.647-665. BUZATO, S.; FRANCO, A. L. M. Tetrastylis ovata: a second case of bat pollinated passionflower (Passifloraceae). Plant Systematic and Evolution. v.181, Wien: 1992, p.261-267. CABRERA, A., YEPES, J. Mamferos Sudamericanos. Buenos Aires: Ediar, 1960, 238 p. CADENA, A.; BAKER, R. J. Caritipos de los murcielagos vampiros (Chiroptera: Desmodinae). Caldasia, v. 15, n.54. Bogot: 1976, p.159-163. CAGLE, F. R. A Texas colony of bats Tadarida mexicana. Journal of Mammalogy. v.31, n.4. Lawrence: 1950, p.400-402. CAMARGO, G.; FISCHER, E. A. Primeiro registro do morcego Mimon crenulatum (Phyllostomidae) no Pantanal, sudoeste do Brasil. Biota Neotropica. v.5, n.1. Campinas: 2005, p.1-5. CARSTENS, B. C.; LUNDRIGAN, B. L.; MYERS, P. A Phylogeny of the neotropical nectar-feeding bats (Chiroptera: Phyllostomidae) based on morphological and molecular data. Journal of Mammalian Evolution. v.9, n.1/2. New York: 2002, p.23- 53. CARTER, C. H.; GENOWAYS, H. H.; LOREGNARD, R. S.; BAKER, R. J. Observations on bats from Trinidad, with a checklist of species occurring on the island. Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. n.72. Lubbock: 1981, p.127. CARTER, D. C. Chiropteran reproduction. In: SLAUGHTER, B. H.; WALTON, D. W. About bats: a chiropteran symposium. Dallas: Southern Methodist University Press, 1970, p.233-246. CASSIMIRO, R.; MORATO, L. As primeiras referncias sobre morcegos no Brasil. O Carste, v.15, n.3. Belo Horizonte: 2003, p.80-83. CEBALLOS, G.; MEDELLIN, R. Diclidurus albus. Mammalian Species. v.316, New York: 1988, p.1-4 CERVANTES, F. A.; RAMREZ-VITE, J. N.; RAMREZ-VITE, S.; BALLESTEROS, C. New records of mammals from Hidalgo and Guerrero, Mexico. The Southwestern Naturalist. v.49, n.1. San Marcos: 2004, p.122-124. CHARLES-DOMINIQUE, P. Feedindg strategy and activity budget of the frugivorous bat Carollia perspicillata (Chiroptera: Phylostomidae) in French Guiana. Journal of Tropical Ecology, v.7, Cambridge: 1991, p.243-256. _______. Tent use by the bat Rhinophylla pumilio (Phyllostomidae: Carolliinae) in French Guiana. Biotropica, n.25. Washington: 1993, p.111116. CHEREM, J. J.; SIMES-LOPES, P. C.; ALTHOFF, S.; GRAIPEL, M. E. Lista dos mamferos do Estado de Santa Catarina, sul do Brasil. Mastozoologia Neotropical. v.11, n.2. Mendoza: 2004, p.151-184. CLARK JR., D. R.; MARTIN, C. O.; SWINEFORD, D. M. Organochlorine insecticide residues in the free-tailed bats (Tadarida brasiliensis) at Bracken Cave, Texas. Journal of Mammalogy. v.56, Lawrence: 1975, p.429-443. CLOUTIER, D.; THOMAS, D. W. Carollia perspicillata. Mammalian species. n.417. New York: 1992, p.1-9. COCKRUM, E. L. Insecticides and Arizona bat populations Editorial. Journal of the Arizona Academy of Sciences, v.5, n.4. Tempe: 1969, p.1-198. _______. Insecticides and guano bats. Ecology. v.51, New York: 1970, p.761762. COELHO, D. C. Population ecology and natural history of Lonchophylla dekeyseri, a Cerrados endemic bat. Chiroptera Neotropical. v.4, n.2. Braslia:1998, p.100-101. COELHO, D. C.; MARINHO-FILHO, J. Diet and activity of Lonchophylla dekeyseri (Chiroptera, Phyllostomidae) in the Federal District, Brazil. Mammalia. v.66, n.3. Paris: 2002, p.319-330. COIMBRA JR., C. A. E.; BORGES, M.M.; GUERRA, D.Q.; MELO, D.Q. Contribuio zoogeografia e ecologia de morcegos em regio de cerrado do Brasil Central. Boletim Tcnico da Revista Brasil Florestal, v.7, Braslia: 1982, p.34-38. CONSTANTINE, D. G. Bats in relation to the health, welfare and economy of man. In: WINSATT, W.A., ed. Biology of bats. 230 Morcegos do Brasil New York: Academic Press, 1970, p.319- 499. CRAMER, M. J.; WILLIG, M. R.; JONES, C. Trachops cirrhosus. Mammalian Species. n.656, New York: 2001, p.1-6. CRISTOFF, M. B.; FREITAS, T. R. O. Caritipos de duas espcies de morcegos do sul do Brasil Eptesicus b. argentinus e Molossus molossus (Molossidae). Cincia e Cultura (Suplemento), v.39, So Paulo: 1987, p.750-751. CUNHA, E. M. S.; SILVA, L. H. Q.; LARA, M. C. C. S. H.; NASSAR, A. F. C.; ALBAS, A.; SODR, M. M.; PEDRO, W. A. Bat rabies in the north-northwestern regions of the state of So Paulo, Brazil: 1997-2002. Revista de Sade Pblica. v.40, n.6. So Paulo: 2006, p.1082-1086. CZAPLEWSKI, N. J.; FARNEY, J. P.; JONES JR, J. K.; DRUECKER, J. D. Synopsis of bats of Nebraska. Occasional Papers the Museum Texas Tech University. n.61. Lubbock: 1979, p.1-24. DALQUEST, W. W. Observations on the sharp-nosed bat, Rhynchonycteris naso (Mammalia). Texas Journal of Science, v.9, Austin: 1957, p.219-226. DVALOS, L. M. Molecular phylogeny of funnel-eared bats (Chiroptera: Natalidae), with notes on biogeography and conservation. Molecular Phylogenetics and Evolution. v.37, Orlando: 2005, p.91- 103. DAVIS, R. Carrying of young by flying female North American bats. American Midland Naturalist. v.83, n.1. Notre Dame: 1970b, p.186-195. DAVIS, W. B. Review of the Eptesicus brasiliensis complex in Middle America with the description of a new subspecies from Costa Rica. Journal of Mammalogy. v.46, n.1. Lawrence: 1965, p.229-240. _______. Review of South American bats of the genus Eptesicus. Southwestern Naturalist. v.11. Ludbock: 1966, p.245-274. _______. Bats needed for cancer research. Bat Research News. Bloomington: 1970a, p.8-12. DAVIS, W. B.; DIXON, J. R. Activity of bats in a small village clearing near Iquitos, Peru. Journal of Mammalogy. v.57, n.4. Lawrence: 1976, p.747749. DECHMANN, D. K. N.; KALKO, E. K. V.; KERTH, G. Ecology of an exceptional roost: energetic benefits could explain why the bat Lophostoma silvicolum roosts in active termite nests. Evolutionary Ecology Research. v.6, Tucson: 2004, p.1037-1050. DECHMANN, D. K. N.; KALKO, E. K. V.; KNIG, B.; KERTH, G. Mating system of a Neotropical roost making bat: the white-throated, round-eared bat, Lophostoma silvicolum (Chiroptera: Phyllostomidae). Behavioral Ecology and Sociobiology. v.58, New York: 2005, p.316- 325. DELPIETRO, H. A.; RUSSO, R. G. Observations of the common vampire bat (Desmodus rotundus) and the hairy-legged vampire bat (Diphylla ecaudata) in captivity. Mammalian Biology. v.67, n.2. Jena: 2002, p.65-78. DIAS, D.; PERACCHI, A. L.; SILVA, S. S. P. Quirpteros do Parque Estadual da Pedra Branca, Rio de Janeiro, Brasil (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Zoologia. v.19, Supl. n.2. Curitiba: 2002, p.113-140. DIAS, D.; SILVA, S. S. P.; PERACCHI, A. L. Ocorrncia de Glyphonycteris sylvestris Thomas (Chiroptera, Phyllostomidae) no Estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.20, n.2.Curitiba: 2003, p.365-366. DITMARS, R. L. A Vampyrum spectrum is born. Bulletin of the New York Zoological Society. v.39, Bronx: 1936, p.162-163. DOLAN, P. G. Systematics of middle american mastiff bats of the genus Molossus. Special Publications, Museum Texas Tech University. n.29. Lubbock: 1989, p.1- 71. DOLAN, P. G.; CARTER, D. C. Distributional notes and records for Middle American chiroptera. Journal of Mammalogy. v.60, n.3. Lawrence: 1979, p.644-649. EGER, J. L. Systematics of the genus Eumops (Chiroptera: Molossidae). Life Science Contributions, Royal Ontario Museum., n.110. Ontario: 1977, p.1-69. EISENBERG, J. F. Mammals of the Neotropics: the Northern Neotropics. v.1, Chicago and London: The University of Chicago Press. 1989, p.449. EISENBERG, J. F.; REDFORD, K. H. Mammals of the Neotropics. The Central Neotropics: Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil. v.3, Chicago: University of Chicago Press, 1999, X+609 p. EMMONS, C. W. Association of bats with histoplasmosis. Public Health Reports. v.73, n.7. Washingthon: 1958, p.590-595. EMMONS, L. H.; FEER, F. Neotropical Rainforest Mammals: A field guide. Chicago: University of Chicago Press, 1990, 281p. _______. Neotropical rainforest mammals: A field guide. 2 ed. Chicago & London: The University of Chicago Press. 1997, 307p. ESBRARD, C. E. L. Diversidade de morcegos em rea de Mata Atlntica regenerada no Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Zoocincias. v.5, n.2. Juiz de Fora: 2003, p.189-204. _______. New record of Micronycteris hirsuta (Peters) (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae) in Atlantic Forest, Rio de Janeiro State, Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. v.21, n.2. Curitiba: 2004, p.403- 404. ESBRARD, C. E. L.; BERGALLO, H. G. Biological aspects of Tonatia bidens (Spix) in Rio de Janeiro State, southeastern Brazil (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae). Revista Brasileira de Zoologia. v.21, n.2. Curitiba: 2004, p.253-259. ESBRARD, C. E. L.; CHAGAS, A. S.; BATISTA, M.; LUZ, E. M.; PEREIRA, C. S. Observaes sobre Chiroderma doriae Thomas, 1891 no Municpio do Rio de Janeiro, RJ (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Biologia. v.56, n.4. So Carlos: 1996b, p.651-654. ESBRARD, C. E. L.; CHAGAS, A. S.; LUZ, E. M. Uso de residncias por morcegos no Estado do Rio de Janeiro (Mammalia: Chiroptera). Revista Brasileira de Medicina Veterinria, v.21, n.1. Rio de Janeiro: 1999, p.17-20. ESBRARD, C. E. L.; CHAGAS, A. S.; SILVA, M. B.; COSTA, E. M. L. Levantamento de Chiroptera na Reserva Biolgica de Araras, Petrpolis/RJ. I - Riqueza de espcies. Revista Cientfica, Instituto de Pesquisas Gonzaga da Gama Filho, v.2, Rio de Janeiro: 1996a, p.67-83. ESBRARD, C. E. L.; FARIA, D. Novos registros de Phylloderma stenops Peters na Mata Atlntica, Brasil (Chiroptera, Phyllostomidae). Biota Neotropica. v.6, n.2. Campinas: 2006, p.1-5. 231 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) ESBRARD, C. E. L.; MARTINS, L. F. S.; CRUZ, R. C.; COSTA, R. C.; NUNES, M. S.; LUZ, E. M.; CHAGAS, A. S. Aspectos da biologia de Lonchorhina aurita no Estado do Rio de Janeiro (Mammalia: Chiroptera: Phyllostomidae). Bioikos, v.11, n.1-2. Campinas: 1997, p.46-49. ESBRARD, C. E. L.; MOREIRA, S. C. Second record of Lasiurus ega (Gervais) (Mammalia, Chiroptera, Vespertilionidae) over the South Atlantic. Brazilian Journal of Biology. v. 66, 1A. So Carlos: 2006, p.185- 186. ESBRARD, C. E. L.; MOTTA, A. G.; ALMEIDA, J. C.; FERREIRA, L. C. S.; COSTA, L. M. Reproduction of Chrotopterus auritus (Peters) in captivity (Chiroptera, Phyllostomidae). Brazilian Journal of Biology. v.66, n.3., So Carlos: 2007, p.955-956. ESBRARD, C. E. L.; MOTTA, J. A.; PERIGO, C. Morcegos caverncolas da rea de Proteo Ambiental (APA) Nascentes do Rio Vermelho, Gois. Revista Brasileira de Zoocincias. v.7, n.2. Juiz de Fora : 2005, p.311-325. ESCOBEDO-CABRERA, E.; LEONPANIAGUA, L.; ARROYO- CABRALES, J. Geographic Distribution and Some Taxonomic Comments of Micronycteris schmidtorum Sanborn (Chiroptera: Phyllostomidae) in Mexico. Caribbean Journal of Science. v.42, n.1. Mayaguez: 2006, p.129-135. ESTRADA, A.; COATES-ESTRADA, R. Species composition and reproductive phenology of bats in a tropical landscape at Los Tuxtlas, Mexico. Journal of Tropical Ecology. v.17, n.5. Cambridge: 2001, p.627- 646. EVELYN, M. J.; STILES, D. A. Roosting requirements of two frugivorous bats (Sturnira lilium and Artibeus intermedius) in fragmented neotropical forest. Biotropica. v.35, n.3. Washington: 2003, p.405418. FABIAN, M. E.; MARQUES, R. V. Aspectos do comportamento de Tadarida brasiliensis brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) (Chiroptera, Molossidae) em ambiente urbano. Biocincias, v.4, n.1. Porto Alegre: 1996, p.65-86. _______. Contribuio ao conhecimento da biologia reprodutiva de Molossus molossus (Pallas, 1766) (Chiroptera, Molossidae). Revista Brasileira de Zoologia. v.6, n.4. Curitiba:1989, p.603-610. FABIAN, M. E.; GRILLO, M. E. Z.; MARDER, E. Ocorrncia de Histiotus montanus montanus (Philippi & Landbeck)(Chiroptera, Vespertilionidae) no Rio Grande do Sul, Brasil. v.23, n.2. Revista Brasileira de Zoologia. Curitiba: 2006, p.581-583. FABIAN, M. E.; HARTZ, S. M.; ARIGONY, T. H. A. Alimentao de Tadarida brasiliensis (Geoffroy, 1824) na regio urbana de Porto Alegre, RS, Brasil (Chiroptera, Molossidae). Revista Brasileira de Biologia. v.50, n.2. So Carlos: 1990, p.387-392. FALCO, F. C.; REBLO, V. F.; TALAMONI, S. A. Structure of a bat assemblage (Mammalia, Chiroptera) in Serra do Caraa Reserve, south-east Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. v.20, n.2. Curitiba: 2003, p.347-350. FARIA, D. Reports on the diet and reproduction of the Ipanema fruit Bat, Pygoderma bilabiatum in a Brazilian forest fragment. Chiroptera Neotropical. v.3, n.1. Braslia: 1997, p.65-66. _______. Phyllostomid bats of a fragmented landscape in the north-eastern Atlantic forest, Brazil. Journal of Tropical Ecology, v.22, Cambridge: 2006, p.531-542. FARIA, D.; SANTOS, B.S.; SAMPAIO, E. Bats from the Atlantic rainforest of southern Bahia, Brazil. Biota Neotropica. v.6, n.2. Campinas: 2006, p.1-13. FARIA, K. C.; EVANGELISTA, L. P. ; MORIELLE-VERSUTE, E. Identificao dos stios de RNA telomrico nas espcies Carollia perspicillata, Artibeus planirostris e Platyrrhinus lineatus (Phyllostomidae- Chiroptera). In: CONGRESSO NACIONAL DE GENTICA, 46, 2000, guas de Lindia, Genetics and Molecular Biology (Suplement), Ribeiro Preto: Sociedade Brasileira de Gentica, 2000, p.28. FARIA, K. C.; MORIELLE-VERSUTE, E. Genetic relationships between Brazilian species of Molossidae and Phyllostomidae (Chiroptera, Mammalia). Genetica, v.126, 2006, p.215-225. FAZZOLARI-CORRA, S. Lasiurus ebenus, a new vespertilionid bat from southeastern Brasil. Mammalia. v.58, n.1. Paris: 1994, p.119-572. _______. Aspectos sistemticos, ecolgicos e reprodutivos de morcegos na Mata Atlntica. 168 p.Tese (Doutorado) Instituto de Cincias Biolgicas, Universidade de So Paulo, So Paulo, 1995. FLIX, J. S.; REIS, N. R.; LIMA, I. P.; COSTA, E. F.; PERACCHI, A. L. Is the rea of the Arthur Thomas Park, with its 82,72 ha, sufficient to maintain viable chiropteran populations? Chiroptera Neotropical. v.7, n.1-2. Brasilia: 2001, p.129- 133. FENTON, M. B. Bats. New York: Facts On File, Inc., 1992. p.207. FENTON, M. B.; BERNARD, E.; BOUCHARD, S.; HOLLIS, L.; JOHNSTON, D. S.; LAUSEN, C. L.; RATCLIFFE, J. M.; RISKIN, D. K.; TAYLOR, J. R.; ZIGOURIS, J. The bat fauna of Lamanai, Belize: roosts and trophic roles. Journal of Tropical Ecology. v.17. Cambridge: 2001, p.511-524, FENTON, M. B.; WHITAKER JR., J. O.; VONHOF, M. J.; WATERMAN, J. M.; PEDRO, W. A.; AGUIAR, L. M. S.; BAUMGARTEN, J. E.; BOUCHARD, S.; FARIA, D. M.; PORTFORS, C. V.; RAUTENBACH, I. L.; SCULLY, W.; ZORTA, M. The diet of bats from southeastern Brazil: the relation to echolocation and foraging behaviour. Revista Brasileira de Zoologia. v.16. Curitiba: 1999. p.1081-1085. FERNANDEZ, A.; TABLANTE, A.; BARTOLI, F.; BEGUIN, S.; APTIZ- CASTRO, R. Expression of biological activity of draculin, the anticoagulant factor from vampire bat saliva is strictly dependent on the appropriate glycosylation of the native molecule. Biochemica et Biophysica Acta , v.2, n.1425. 1998, p.291-299. FERREIRA SALES, P. A.; PIMENTEL, J. N; SEVERO, F. E.V.; FREITAS, C. E. A. Avaliao de estudos biolgicos de vampiros. Bol. Def. Saint. Anim., v.1, n.4. Braslia: 1975, p.63-69. FERREL, C. S.; WILSON, D. E. Platyrrhinus helleri. Mammalian Species. n.373. New York: 1991, p.1-5. FERRER, A. P.; LEW, D.; LASSO, C. A. A. Nota sobre depredacin por Trachops cirrhosus Spix, 1823 (Chiroptera, Phyllostomidae) en Venezuela. Memoria de la Sociedad de Ciencias Naturales La Salle, v.58, n.149. Caracas: 2000, p.145-147. FINATO, A. O.; SCRAVONI, J.; CARDOSO, M.; UIEDA, W. ROCHA, G. 232 Morcegos do Brasil T. Estudos citogenticos em populaes de Desmodus rotundus (Phyllostomidae: Chiroptera). In: CONGRESSO NACIONAL DE GENTICA, 46, 2000, guas de Lindia, Genetics and Molecular Biology (Suplement), Ribeiro Preto: Sociedade Brasileira de Gentica, 2000a, p.29. FINATO, A. O.; VARELLA-GARCIA, M.; TAJARA, E. H.; TADDEI, V. A.; MORIELLE-VERSUTE, E. Intrachromosomal distribution of telomeric repeats in Eumops glaucinus and Eumops perotis (Molossidae, Chiroptera). Chromosome Research, v.8, Dordrecht: 2000b, p.563-569. FINDLEY, J. S. Bats:: a community perspective. New York: Cambridge University Press, 1993, xi+167p. FINDLEY, J. S.; WILSON, D. E. Observations on the neotropical disk- winged bat, Thyroptera tricolor Spix. Journal of Mammalogy. v.55, n.3. Lawrence: 1974, p.562-571. FISCHER, E.; JIMENEZ, F. A.; SAZIMA, M. Polinizao por morcegos em duas espcies de Bombacaceae na Estao Ecolgica de Jurria, So Paulo. Revista Brasileira de Botnica, v.15, n.1. So Paulo: 1992, p.67-72, FISH, F. E.; BLOOD, B. R.; CLARK, B. D. Hydrodynamics of the feet of fish- catching bats: influence of the water surface on drag and morphological design. The Journal of Experimental Zoology. v.258. New Heaven: 1991, p.164-173. FLEMING, T. H. Coexistence of five sympatric Piper (Piperaceae) species in a tropical dry forest. Ecology. v.66, n.3. Washington: 1985, p.688-700. _______. Opportunism vs. specialization: the evolution of feeding strategies in frugivorous bats. In: ESTRADA, A.; FLEMING, T. H. (eds.). Frugivores and seed dispersal. Dordrecht/Boston/Lancaster: Dr. W. Junk Publishers, 1986, p.105-118. _______. The short-tailed fruit bat: a study in plant animal interactions. Chicago: The University of Chicago Press, 1988, 365p. FLEMING, T. H.; HOOPER; E. T.; WILSON, D. E. Three Central American bat communities: structure, reproductive cycles, and movement patterns. Ecology. v.53, n.4. Tempe: 1972, p.553569. FONSECA, R. M.; PINTO, C. M. A New Lophostoma (Chiroptera: Phyllostomidae: Phyllostominae) from the Amazonia of Ecuador. Occasional Papers of the Museum of Texas Tech University. v.242. Lubbock: 2004, p.1-12. FONSECA, R. M; HOOFER, S. R.; PORTER, C. A.; CLINE, C.; PARISH, D.; HOFFMANN, F. G.; BAKER, R. J. Morphological and molecular variation within little big-eared bats of the genus Micronycteris (Phyllostomidae: Micronycterinae) from San Lorenzo, Ecuador. In: KELT, D. A.; LESSA, E. P.; SALAZAR-BRAVO, J.; PATTON, J. L. (Eds.). The quintessential naturalist: honoring the life and legacy of Oliver P. Pearson. Berkeley: University of California Publications in Zoology. no prelo. FORD, C. E.; HAMERTON, J. L. A Colchicine, hypotonic-citrate, squash sequence for mammalian chromosomes. Stain Technology, v.31, 1956, p.247-251. FORMAN, G. L.; BAKER, R. J.; GERBER, J. Comments on the systematic status of vampire bats (Family Desmodontidae). Systematic Zoology, v.17, London: 1968, p.417-425. FREEMAN, P. W. Specialized insectivory: beetle-eating and moth-eating molossid bats. Journal of Mammalogy. v.60, n.3. Lawrence: 1979, p.467-479. _______. A multivariate study of the family Molossidae (Mammalia, Chiroptera): Morphology, Ecology, Evolution. Fieldiana, Zoology, New Series, n 7. Chicago: 1981, p.1-173. _______. Nectarivorous feeding mechanisms in bats. Biological Journal of the Linnean Society, v.56, London: 1995, p.439 463. FULLARD, J. H. Sensory ecology and neuroethology of moths and bats: interactions in a global perspective. In: FENTON, M. B.; RAUY, P. A.; RAYNER, J. M. V. (Eds.). Recent advances in the study of bats. Cambridge: Cambridge University Press, 1987, p.244-272. GALINDO-GONZLEZ, J. Dispersin de semillas por murcilagos: su importancia en la conservacin y regeneracin del bosque tropical. Acta Zoologica Mexicana, Nueva Serie. v.73. Ciudad del Mexico:1998, p.57-74. GALL, L. F.; TIFFNEY, B. H. A fossil noctuid moth egg from the late Cretaceous of eastern North America. Science. v.219. Washington: 1983, p.507-509. GANNON, M. R.; WILLIG, M. R.; JONES JR, J. K. Sturnira lilium. Mammalian Species. n.333. New York: 1989, p.1-5. GARDNER, A. L. Feeding habits. In: BAKER, R. J.; JONES JR., J. K.; CARTER, D. C. (Eds.). Biology of the bats of the New World family Phyllostomatidae. Special Publications Museum Texas Tech University. v.13, Lubbock: 1977a, 364 p. _______. Chromosomal variation in Vampyressa and a review of chromosomal evolution in the Phyllostomidae (Chiroptera). Systematic Zoology, v.26, London: 1977b, p.300-318. _______. Taxonomic implications of the karyotypes of Molossops and Cynomops (Mammalia: Chiroptera). Proceedings of Biological Society of Washington. v.89, Washington: 1977c, p.545-550. GARDNER, A. L.; FERREL, C. S. Comments on the nomenclature of some Neotropical bats (Mammalia: Chiroptera). Proceedings of the Biological Society of Washington. n.10. Washington: 1990, p.501508. GARDNER, A. L.; ONEILL, P. O. The taxonomic status of Sturnira bidens (Chiroptera: Phyllostomidae) with notes on its karyotype and life history. Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. v.38, Lubbock: 1969, p.1-8. GARGAGLIONI, L. H., BATALHO, M. E., LAPENTA, M. J., CARVALHO, M. F., ROSSI, R. V.; VERULI, V. P.Mamferos da Estao Ecolgica de Jata, Luiz Antnio, So Paulo. Papis Avulsos de Zoologia, v.40, n.17. So Paulo: 1988, p.267- 287. GENOWAYS, H. H.; BAKER, R. J. A new species of the genus Rhogeessa, with comments on geographic distribution and speciation in the genus. In: GENOWAYS, H. H.; BAKER, R. J. (Eds.). Contributions in mammalogy: a memorial volume honoring Dr. J. Knox Jones, Jr. Lubbock: The Museum, Texas Tech University, 1996, p.83-87. GENOWAYS, H. H.; BAKER, R. J.; WYATT, W. B. Nongeographic variation in the long-nosed bat, Choeroniscus intermedius. Bulletin of the Southern California Academy of Sciences, v.72, Los Angeles: 1973, p.106-107. 233 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) GENOWAYS, H. H.; WILLIAMS, S. L. Results of the Alcoa Foundation - Suriname Expeditions. I. Anew species of the genus Tonatia (Mammalia: Phyllostomidae). Annals of the Carnegie Museum. v.49, Pittsburg: 1980, p.203-211. _______. Results of the Alcoa Foundation - Suriname Expeditions. IX. Bats of the genus Tonatia (Mammalia: Chiroptera) in Suriname. Annals of the Carnegie Museum. v.53, n.11. Pittsburgh: 1984, p.327-346. _______. Results of the Alcoa Foundation - Suriname Expeditions. XI. Bats of the genus Micronycteris (Mammalia: Chiroptera) in Suriname. Annals of the Carnegie Museum. v.55. Pittsburgh: 1986, p.303-324. GENOWAYS, H. H.; WILLIAMS, S. L.; GROEN, J. A. Results of the Alcoa Foundation - Suriname expeditions. V. Noteworthy records of Surinamese mammals. Annals of the Carnegie Museum. v.50, Pittsburgh: 1981, p.319332. GIACOMONI, E. H.; BITENCOURT, F.; TRIERVEILLER, F.; SANA, D.; FREITAS, T. R. O. Marcao cromossmica com fluorocromos em quirpteros da regio da Serra da Mesa Go. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 22, 1998, Recife, Livro de Resumos do..., Recife: UFP, 1998, p.343. GIANNINI, N. P.; KALKO, E. K. V. Trophic structure in a large assemblage of phyllostomid bats in Panama. Oikos. v.105. Lund: 2004, p.209-220. _______. The guild structure of animalivorous leaf-nosed bats of Barro Colorado Island, Panama, revisited. Acta Chiropterologica. v.7, n.1. Warszawa: 2005, p.131-146. GIMENEZ, E.; FERRAREZZI, H.; TADDEI, V. A. Lingual morphology and cladistic analysis of the New World nectar- feeding bats (Chiroptera: Phyllostomidae). Journal of Comparative Biology, v.1, Ribeiro Preto: 1996, p.41-64. GIRAL, G. E.; ALBERICO, M. S.; ALVAR, L. M. Reproduction and social organization in Peropter yx kappleri (Chiroptera, Emballonuridae) in Colombia. Bonner Zoologische Beitrge, v.42, n.3-4. Bonn: 1991, p.225-236. GLASS, B. P.; ENCARNAO, C. On the bats of western Minas Gerais, Brasil. Occasional Papers the Museum Texas Tech University. n.79. Lubbock: 1982, p.1-8. GLASS, B. P.Returns of free-tailed bats banded in Oklahoma. Journal of Mammalogy. v.39, n.3. Lawrence: 1958, p.435-437 GOMES, M. N.; UIEDA, W. Diurnal roosts, colony composition, sexual size dimorphism and reproduction of the common vampire bat Desmodus rotundus (E. Geoffroy) (Chiroptera, Phyllostomidae) from State of So Paulo, Southeastern Brazil. Revista Brasileira de Zoolgia. v.21. n.3. Curitiba: 2004, p.38-43. GONALVES, E. Taxonomia de Eptesicus Rafinesque, 1820 (Chiroptera, Vespertilionidae) do Brasil. 52 p. Dissertao de mestrado, Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto, Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, So Paulo, 2000. GONALVES, E.; GREGORIN, R. Quirpteros da Estao Ecolgica Serra das Araras, Mato Grosso, Brasil, com o primeiro registro de Artibeus gnomus e A. anderseni para o Cerrado. Lundiana. n.5. Belo Horizonte: 2004, p.143-149. GONALVES, M. A.; SA-NETO, R. J.; BRAZIL, T. K. Outbreak of agressions and transmission of rabies in human beings by vampire bats in northeastern Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.35, Uberaba:2002, p.461464. GONZLEZ, E. M. Gua de campo de los mamferos de Uruguay. Montevideo: Vida Silvestre, Sociedade Uruguaya para la Conservacin de la Naturaleza, 2001, 339p. _______. Conservacin de los murcilagos en Uruguay. Grupo de Investigacin de los murcilagos, Boletn Electrnico. Ao 1. n.2. Montevideo: 2006, 13p. GONZLEZ, J. C. Guia para la identificacin de los murcilagos del Uruguay. Museo Damaso Antonio Larraaga, srie Divulgacin, n.2. Montevideo: 1989, p.1-50. GOODWIN G. G. Mammals of Costa Rica. Bulletin of the American Museum of Natural History. v.87, New York: 1946, p.271-474. _______. Three new bats from Trinidad. American Museum Novitates. n.1877. New York : 1958, p.1-6. GOODWIN, G. G.; GREENHALL, A. M. A review of the bats of Trinidad and Tobago: descriptions, rabies infection and ecology. Bulletin of the American Museum of Natural History. v.122, n.3. New York: 1961, p.187-302. GRACIOLLI, G. Two new species of Basilia Miranda-Ribeiro, 1903 (Diptera: Nycteribiidae), members of the ferruginea group, from Southern Brazil. Zootaxa. v.261. Nova Zelndia: 2003, p.1-7. GRACIOLLI, G.; AZEVEDO, A. A.; RZUA, M.; BARROS-BATTESTI, D. M.; LINARDI, P. M. Artrpodos ectoparasitos de morcegos no Brasil. In: PACHECO, S. M.; MARQUES, R. V.; ESBRARD, C. E. L. (Orgs.) Morcegos do Brasil: biologia, sistemtica, ecologia e conservao. No prelo. GRACIOLLI, G.; BIANCONI, G. V. Moscas ectoparasitas em morcegos (Mammalia, Chiroptera) em rea de Floresta com Araucria no Estado do Paran, sul do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.24, n.1. Curitiba: 2007, p.246-249. GRACIOLLI, G.; CCERES, N. C.; BORNSCHEIN, M. R. Novos registros de moscas ectoparasitas (Diptera, Streblidae e Nycteribiidae) de morcegos (Mammalia, Chiroptera) em reas de transio cerrado-floresta estacional no Mato Grosso do Sul, Brasil. Biota Neotropica. v.6, n.2. Campinas: 2006, p.1-4. GRACIOLLI, G.; MOURA, M. Basilia quadrosae sp. nov. (Diptera: Nycteribiidae), member of the ferruginea group, from Southern Brazil. Zootaxa. v.1087. Auckland: 2005, p.33-38. GRAHAM, G. L. Seazonality of reproduction in Peruvian bats. Fieldiana Zoology, v.39. Chicago: 1987, p.173-186. GREENBAUM, I. F.; JONES JR., J. K. Noteworthy records of bats from El Salvador, Honduras and Nicaragua. Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. v.55 Lubbock: 1978, p.1-7. GREENHALL, A. M. Sapucaia nut dispersal by greater spear-nosed bats in Trinidad. Caribbean Journal of Science. v.5, n.3-4. Mayaguez: 1965, p.167-171. _______. Notes on the behavior of the false vampire bat. Journal of Mammalogy. v.49, n.2. Lawrence:1968, p.337-340. GREENHALL, A. M.; JOERMANN, G.; SCHMIDT, U.; SEIDEL, M. R. Desmodus 234 Morcegos do Brasil rotundus. Mammalian Species. v.202. New York: 1983, p.1-6. GREENHALL, A. M.; PARADISO J. L. Bats and bat banding. Bureau of Sport Fisheries and Wildlife Resource Publication. n.72. Washington:1968, p.1-47, GREENHALL, A. M.; SCHMIDT, U.; JOERMANN, G. Diphylla ecaudata. Mammalian Species. v.227. New York: 1984, p.1-3. GREENHALL, A. M.; SCHUTT JR., W. A. Diaemus youngi. Mammalian Species. v.533. New York: 1996, p.1-7. GREENHALL. G. G. The food of some Trinidad fruit bats (Artibeus and Carollia). Journal of Agricultural Society of Trinidad & Tobago. v.896. Trinidad e Tobago: 1956, p.1- 25. _______. Oranges eating by spear nosed bats. Journal of Mammalogy. v.47, n.1. Lawrence: 1966. p.125. GREGORIN, R. Extending geographic distribution of Chiroderma doriae Thomas, 1891 (Phyllostomidae, Stenodermatinae). Chiroptera Neotropical. v.4, n.2. Braslia: 1998a, p.98-99. _______. Notes on the geographic distribution of Neoplatymops mattogrossensis (Vieira, 1942) (Chiroptera: Molossidae). Chiroptera Neotropical. v.4, n.1. Brasilia: 1998b, p.88-89. _______. Filogenia de Molossidae Gervais,1855 (Mammalia; Chiroptera). vii + 248 p.Tese (Doutorado). Universidade de So Paulo, So Paulo: 2000. _______. Second record of Eumops hansae (Molossidae) in southeastern Brazil. Bat Research News, v.42, n.2. Bloomington: 2001, p.50-51. GREGORIN, R.; DITCHFIELD, A. D. A new genus and species of Lonchophyllini nectar-feeding bat (Phyllostomidae: Glossophaginae) from Northeastern Brazil. Journal of Mammalogy. v.86, n.2. Lawrence: 2005, p.403-414. GREGORIN, R.; GONALVES, E.; LIM, B. K.; ENGSTROM, M. D. New species of disk-winged bat Thyroptera and range extension for T. discifera. Journal of Mammalogy. v.87. Lawrence: 2006. p.238- 246. GREGORIN, R.; LIM, B. K.; PEDRO, W. A.; PASSOS, F. C.; TADDEI, V. A. Distributional extension of Molossops neglectus (Chiroptera: Molossidae) into southeastern Brazil. Mammalia. v.68, n.2-3. Paris: 2004, p.233-237. GREGORIN, R.; MENDES, L. F. Sobre Quirpteros (Emballonuridae, Phyllostomidae, Natalidae) de duas cavernas da Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Iheringia, Srie Zoologia, v.86, Porto Alegre: 1999, p.121-124. GREGORIN, R.; ROSSI, R.V. Glyphonycteris daviesi (Hill, 1964), a rare Central American and Amazonian bat recorded for Eastern Brazilian Atlantic Forest (Chiroptera: Phyllostomidae). Mammalia. v. 69, n.3-4. Paris: 2005, p.427- 430. GREGORIN, R.; TADDEI, V. A. New records of Molossus and Promops from Brazil (Chiroptera: Molossidae). Mammalia. v. 64, n.4. Paris: 2000, p.471-476. _______. Chave artificial para determinao de molossdeos brasileiros (Mammalia: Chiroptera). Mastozoologia Neotropical, v.9, n.1. Mendoza: 2002, p.13- 32. GRIBEL, R.; GIBBS, P. E.; QUEIRZ, A. L. Flowering phenology and pollination biology of Ceiba pentandra (Bombacaceae) in Central Amazonia. Journal of Tropical Ecology. v.15, n.3. Cambridge: 1999, p.247- 263. GRIBEL, R.; HAY, J. D. Pollination ecology of Car yocar brasiliense (Caryocaraceae) in Central Brazil cerrado vegetation. Journal of Tropical Ecology. v.9, Cambridge: 1993, p.199-211 GRIBEL, R.; TADDEI, V.A. Notes on the distribution of Tonatia schulzi and Tonatia carrikeri in the Brazilian Amazon. Journal of Mammalogy. v.70, n.4. Lawrence: 1989, p.871-873. GRIFFIN, D. R.; WEBSTER, F. A.; MICHAEL, C. R. The echolocation of flying insects by bats. Animal Behavior, v.8, Washington: 1960, p.141-154. GUERRA, D. Q. Registro adicional de Phylloderma stenops Peters, 1865 (Chiroptera- Phyllostomatidae) para o Brasil. Revista Nordestina de Biologia. v.3 (especial), Joo Pessoa: 1980, p.141-143. GUERRA, M. Introduo citogentica geral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.1988, 142p. GUERRERO, S. I. Nueva localidad argentina para Nyctinomops macrotis (Gray, 1839) (Mammalia: chiroptera: molossidae). Historia Natural, v.5, n.8. Corrientes: 1985, p.57-60. HAIDUK, M. W.; BAKER, R. J. Cladistical analysis of G-banded chromosomes of nctar feeding bats (Glossophaginae: Phyllostomidae). Systematic Zoology, v.31, London: 1982, p.252-265. HANDLEY JR., C. O. A new species of Free-tailed bat (genus Eumops) from Brazil. Proceedings of the Biological Society of Washington. n.68. Washington: 1955, p.177- 178. _______. Check list of the mammals of Panama. In: WENZEL, R.L.; TIPTON, V.J. (Eds.). Ectoparasites of Panama. Chicago: Feild Museum Natural History. 1966, p.753-795. _______. Bats of the canopy of an Amazonian Forest. Atas do Simpsio Sobre a Biota Amaznia, v.5, Belm: 1967, p.211- 215. _______. Mammals of the Smithsonian Venezuelan Project. Brigham Young University, Science Bulletin, Biological Series. v.20, n.5. Provo: 1976, p.1-91. _______. New species of mammals from northern South America: fruit-eating bats, genus Artibeus Leach. In: PATTERSON, B. D.; TIMM R. M. (eds.). Studies in Neotropical mammalogy: essays in honor of Philip Hershkovitz. Fieldiana Zoology. v.39, Chicago: 1987 p.163172. _______. New species of mammals from northern South America: a long-tongued bat of the genus Anoura Gray. Proceedings of the Biological Society of Washington. v.97,1984, p.513-521. HANDLEY JR., C. O.; OCHOA-G., J. New species of mammals from northern South America: a sword-nosed bat, genus Lonchorhina Tomes (Chiroptera: Phyllostomidae). Memoria de la Sociedad de Ciencias Naturales La Salle. v.57, Caracas: 1997, p.71-82. HARRISON, D. L. Macrophyllum macrophyllum. Mammalian Species. v.62, New York: 1975, p.1-3. HAYNES, M. A.; LEE JR., T. E. Artibeus obscurus. Mammalian Species. n.752. New York: 2004, p.15. HERD, R. M. Pteronotus parnellii. Mammalian 235 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) Species. n.209. New York: 1983, p 1-5. HERRERA, B. R.; SAMPAIO, E. M.; HANDLEY JR., C. O. The Brown disc- winged bat, Thyroptera discifera, in the central Amazon, Brazil. Bat research News, v.40, n.3. New York: 1999. p.73. HERSHKOVITZ, P. Mammals of northern Colombia. Proceedings of the United States National Museum. v.99, n.3246. Washington: 1949, p.429-454. HICE, C. L.; VELAZCO, P. M.; WILLIG, M. R. Bats of the Reserva Nacional Allpahuayo-Mishana, northeastern Peru, with notes on community structure. Acta Chiropterologica. v.6, n.2. Warszawa: 2004, p.319-334. HILL, J. E. Notes on bats from British Guiana, with the description of a new genus and species of Phyllostomidae. Mammalia. v.28. Paris: 1964, p.553572. HOLLIS, L. Artibeus planirostris. Mammalian Species. n.775. New York: 2005, p.1-6. HONEYCUTT, R. L.; BAKER, R. J.; GENOWAYS, H. H. Results of the Alcoa Foundation-Suriname Expeditions III. Chromosomal data for bats (Mammalia: Chiroptera) from Suriname. Annals of Carnegie Museum. v.49, Pittsburgh: 1980, p.237-250. HOOD, C. S.; BAKER, R. J. G- and C- banding chromosomal studies of bats of the family Emballonuridae. Journal of Mammalogy. v.67, n.4. Lawrence: 1986, p.705-711. HOOD, C. S.; JONES JR., J. K. Noctilio leporinus. Mammalian Species. n.216. New York: 1984, p.1-7. HOOD, C. S.; PITOCCHELLI, J. Noctilio albiventris. Mammalian Species. n.197. New York: 1983, p.1-5. HOWEEL, W. M.; BLACK, D. A. Controlled silver-staning of nucleolus organizer regions with a protective colloidal developer: a 1-step method. Experentia, v.36, 1980, p.1014-1015. HOWELL, D. J.; BURCH, D. Food habits of some Costa Rican bats. Revista de Biologia Tropical. v.21, n.2. San Jose: 1974, p.281- 294. HSU, T. C.; BAKER, R. J.; UTAKOJI, T. The multiple sex chromosome system of American leaf-nosed bats (Chiroptera, Phyllostomidae). Cytogenetics, v.7, 1968, p.27-38. HSU, T. C.; BENIRSCHKE, K. An atlas of mammalian chromosomes. Volume 5. New York: Springer-Verlag,1971. _______. An atlas of mammalian chromosomes. Volume 7. New York: Springer- Verlag, 1973. HSU, T. C.; SPIRITO, S. E.; PARDUE, M. L. Distribuiton of 18 + 28 S ribosomal genes in mammalian genomes. Chromosoma, v.53, 1975, p.25-36. HUBER, J. Matas e madeiras amaznicas. Boletin do Museu Paraense Emlio Goeldi. v.6. n.91. Belm: 1910, p.91-225 HUMPHREY, S. R.; BONACCORSO, F. J. Population and community ecology. In: BAKER, R. J.; JONES JR., J. K.; CARTER, D. C. (Eds). Biology of bats of the New World family Phyllostomidae, part III. Special Publications Museum Texas Tech University. v.16. Lubbock: 1979, p.409- 441. HUMPHREY, S. R.; BONACCORSO, F. J.; ZINN, T. L. Guild structure of surface- gleaning bats in Panama. Ecology, v.64, Tempe: 1983, p.284294. HUSSON, A. M. The bats of Suriname. Zoologische Verhandelingen, n.58. Leiden: 1962, p.1-282. _______. The mammals of Suriname. Leiden: E. J. Brill, 1978, 569p. HUTSON, A. M.; MICKLEBURGH, S. P.; RACEY, P. A. Microchiropteran bats: global status survey and conservation action plan. IUCN/SSC Chiroptera Specialist Group.IUCN, Gland, Switzerland and Cambridge: 2001. x + 258 p. IBEZ, C.; OCHOA, G. J. Distribucin y taxonomia de Molossops temminckii (Chiroptera, Molossidae) em Venezuela. Doana, Acta Vertebrata, v.12, n.1. Sevilla: 1985, p.141-150. _______. New records of bats from Bolvia Journal of Mammalogy. v.70. Lawrence: 1989, p.216-219. IUCN (World Conservation Union). World list of Microchiroptera with IUCN red list: Categories of threat and distribuition. 2003.Disponvel em <http:// www.redlist.org> Acesso em dezembro de 2006. IUCN. 2006 IUCN Red List of Threatened Species. Disponvel em <www.iucnredlist.org>. 2006. Acesso em novembro de 2006. JEANNE, R. L. Note on a bat (Phylloderma stenops) preying upon the brood of a social wasp. Journal of Mammalogy. v.51, n.3. Lawrence: 1970, p.624-625. JENNINGS, N. V.; PARSONS, S.; BARLOW, K. E.; GANNON, M. R. Echolocation calls and wing morphology of bats from the West Indies. Acta Chiropterologica. v.6, n.1. Varsvia: 2004, p.75- 90. JOHN, B. Citogentica de populaes. So Paulo: Ed. da Universidade de So Paulo. 1980. 84 p. JONES JR., J. K.; GENOWAYS, H. H. A new subspecies of the free-tailed bat, Molossops greenhalli, from western Mexico (Mammalia; Chiroptera). Proceedings of the Biological Society of Washington. v.80, Washington: 1967, p.207-210 JONES JR., J. K.; SMITH, J. D.; GENOWAYS, H. H. Annotated checklist of mammals of the Yucatan Peninsula, Mexico. I. Chiroptera. Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. v.13, Lubbock: 1973, p.1-31. JONES JR., J. K.; SMITH, J. D.; TURNER, R. W. Noteworthy records of bats from Nicaragua, with a checklist of the chiropteran fauna of the country. Occasional Papers of the Museum of Natural History, University of Kansas. n.2. Lawrence: 1971, p.1-35. JONES, E. The status of some populations of North American bats. In: 2nd Southwestern Symposium on Bat Research. Anais Albuquerque. University of New Mxico 26-27 Nov.1971. JONES, G.; RYDELL, J. Attack and defense: interactions between echolocating bats and their insect prey. In: KUNZ, T. H.; FENTON, M. B. (Eds.). Bat ecology. Chicago and London: The University of Chicago Press, 2003, p.301-345. JONES, J. K.; CARTER, D. C. Annotated checklist with keys to subfamilies and genera. In: BAKER, R. J.; JONES JR., J. K.; CARTER, D. C. (Eds.). Biology of bats the New World family Phyllostomatidae. Part I. Special Publication Museum Texas Tech University. v.10, Lubbock: 1976, p.7-38. KALKA, M.; KALKO, E. K. V. Gleaning bats as underestimated predators of herbivorous insects: dietary composition of Micronycteris microtis (Phyllostomidae) 236 Morcegos do Brasil in Panama. Journal of Tropical Ecology. v.22, Cambridge: 2006, p.1-10. KALKO, E. K. V. Echolocation signal design, foraging habitats and guild structure in six Neotropical sheath-tailed bats (Emballonuridae). Symposia of the Zoological Society of London, v.67, London: 1995, p.259-273. KALKO, E. K. V.; CONDON, M. Echolocation, olfaction, and fruit display: how bats find fruit of flagellichorous cucurbits. Functional Ecology. v.12,Oxford: 1998, p.364-372. KALKO, E. K. V.; HANDLEY JR., C. O. Neotropical bats in the canopy: diversity, community structure, and implications for conservation. Plant Ecology. v.153. Dordrecht: 2001, p.319-333. KALKO, E.K.V.; HANDLEY JR., C.O.; HANDLEY, D. Organization, diversity, and long-term dynamics of a neotropical bat community. In: CODY, M. L.; SMALLWOOD, J. A. Long-term studies of vertebrate communities. San Diego: Academic Press, 1996. p.503-553. KASAHARA, S.; DUTRILLAUX, B. Chromosome banding patterns of four species of bats, with special reference to a case of X-autosome translocations. Annales de Genetique, v.26, Paris: 1983, p.197-201. KENNEDY, S. Thyroptera discifera (On- line), Animal Diversity Web. 2002. <http:/ /animaldiversity.ummz.umich.edu/site/ a c c o u n t s / i n f o r m a t i o n / Thyroptera_discifera.html> Acesso em 05/ 09/2006. KIBLISKY, P. Chromosome patterns of 7 species of leaf-nosed bats of Venezuela (Chiroptera-Phyllostomidae). Experientia, v.25, Basel:1969, p.1203. KNOX-JONES JR., J. ; ARROYO- CABRALES, J. Nyctinomops aurispinosus. Mammalian Species , n.350. New York: 1990, p.1-3. KOOPMAN, K. F. Systematics and distribution. In: GREENHALL, A. M.; SCHIMIDT, U. (Eds). Natural history of vampire bats. Boca Raton: CRC Press, 1988, 246p. _______. Order Chiroptera. In: WILSON. D. E.; REEDER, D. M. (Eds.). Mammal species of the World, a taxonomic and geographic reference. 2 ed. Washington: Smithsonian Institution Press, 1993, p.137-241. _______. Chiroptera: systematics. Handbook of Zoology, VIII (Mammalia). Berlin and New York: Walter de Gruyter, 1994, 217p. KRZANOWSKI, A. Contributions to the history of bats on Iceland. Acta Theriologica. v.22, n.19. Warszawa: 1977, p.272-273. KUNZ, T. H. Ecology of Bats. New York: Plenum Press, 1982. 425p. KUNZ, T. H.; FUJITA, M. S.; BROOKE, A. P. ; MCCRACKEN, G. F. Convergence in tent architecture and tent-making behavior among neotropical and paleotropical bats. Journal of Mammalian Evolution. v.2, n.1. Riverside: 1994, p.57- 78. KUNZ, T. H.; LUMSDEN, L. F. Ecology of cavity and foliage roosting bats. In: KUNZ, T. H.; FENTON, M. B. (Eds.). Bat ecology. Chicago and London: The University of Chicago Press, 2003, p.3-89. KUNZ, T. H.; PENA, I.M. Mesophylla macconnelli. Mammalian Species. n.405. New York: 1992, p.1-5. KUNZ, T. H.; RACEY, P. A. Bat biology and conservation. Washington: Smithsonian Institution Press, 1998, xvi+362p. KURTA, A.; BAKER, R.H. Eptesicus fuscus. Mammalian Species. n.356. New York: 1990, p.1-10. KURTA, A.; LEHR, G. C. Lasiurus ega. Mammalian Species. n.515. New York: 1995, p.1-7. LASSIER, S.; WILSON, D. E. Lonchorhina aurita. Mammalian Species. v.347, New York: 1989, p.1-4. LASSO, D.; JARRN-V., P. Diet variability of Micronycteris megalotis in pristine and disturbed habitats of Northwestern Ecuador. Acta Chiropterologica. v.7, n.1. Warszawa: 2005, p.121-130. LaVAL, R. K. Systematics of the genus Rhogeessa (Chiroptera: Vespertilionidae). Occasional Papers Museum of Natural History, The University of Kansas. n.19. Lawrence: 1973a, p.1-47. _______. A revision of the neotropical bats of the genus Myotis. Natural History Museum Los Angeles County Science Bulletin. n.15. Los Angeles: 1973b, p.1-54. _______. Notes on some Costa Rican bats. Brenesia. v.10-11. San Jos: 1977, p.77- 83. LaVAL, R. K.; FITCH, H. S. Structure, movements and reproduction in three Costa Rican bats communities. Occasional Papers of Museum of Natural History. v.69. Lawrence: 1977, p.1-28. LaVAL, R. K.; LaVAL, M. L. Prey selection by a neotropical foliage-gleaning bat, Micronycteris megalotis. Journal of Mammalogy. v.61, n.2. Lawrence: 1980, p.327-330. LaVAL, R. K.; RODRGUEZ-H., B. Murcilagos de Costa Rica / Costa Rica Bats. Santo Domingo de Heredia: Costa Rica. Instituto Nacional de Biodiversidad, 2002, 320 p. LEE, R. J.; ELDER, F. F. B. Yeast stimulation of bone marrow mitosis for cytogenetic investigations. Cytogenetics and Cell Genetics. v.26, 1980, p.36-40. LEE JR., T. E.; DOMINGUEZ, D.J. Ametrida centurio. Mammalian Species. n.640. New York: 2000, p.1-4. LEE JR., T. E.; HOOFER, S. R.; VAN DEN BUSSCHE, R. A. Molecular phylogenetics and taxonomic revision of the genus Tonatia (Chiroptera: Phyllostomidae). Journal of Mammalogy. v.83, n.1.Lawrence: 2002, p.4957. LEE JR., T. E.; SCOTT, J. B.; MARCUM, M. M. Vampyressa bidens. Mammalian Species. n.684. New York: 2001, p.1-3. LEITE-SILVA, C.; SANTOS, N.; FAGUNDES, V.; YONENAGA- YASSUDA, Y.; SOUZA, M. J. Karyotypic characterization of the bat species Molossus ater, M. molossus and Molossops planirostris (Chiroptera, Molossidae) using FISH and banding techniques. Hereditas, v.138, Lund: 2003, p.94-100. LEITE-SILVA, C.; SANTOS, N.; SOUZA, M. J.; FAGUNDES, V.; YONENAGA-YASSUDA, Y. Caracterizao cromossmica de Molossops planirostris (Chiroptera, Molossidae) com uso de bandeamento C, colorao com nitrato de prata, fluorocromos base- especficos e FISH. In: CONGRESSO NACIONAL DE GENTICA, 46, 2000, guas de Lindia, Genetics and Molecular Biology (Suplement), Ribeiro Preto: Sociedade Brasileira de Gentica, 2000, p.31. LEVAN, A.; FREDGA, K.; SANDBERG, A. A. Nomenclature for centromeric position on chromosomes. Hereditas, v.52, 237 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) n.2. Lund: 1964, p.201-220. LEWIS, S. E.; WILSON, D. E. Vampyressa pusilla. Mammalian Species. n.292. New York: 1987 p.1-5. LEWIS-ORITT, N.; VAN DEN BUSSCHE, R.; BAKER R. Molecular evidence for piscivory in Noctilio (Chiroptera: Noctilionidae). Journal of Mammalogy. v.82, n.3. Lawrence: 2001, p.749-759. LIM, B. K. Cladistic reappraisal of Neotropical stenodermatine bat phylogeny. Cladistics. n.9. New York: 1993 p.147-165. LIM, B. K.; ENGSTROM, M. D. Phylogeny of Neotropical short-tailed fruit bats, Carollia spp.: Phylogenetic analysis of restriction site variation in mtDNA. In: KUNZ, T. H.; RACEY, P.A. (eds.) Bat biology and Conservation. Smithsonian Institution Press Washington and London, 1998, p.43-58. _______. Species diversity of bats (Mammalia: Chiroptera) in Iwokrama Forest, Guyana, and the Guianan subregion: implications for conservation. Biodiversity and Conservation. v.10, London: 2001,p.613-657. LIM, B. K.; ENGSTROM, M. D.; TIMM, R.M.; ANDERSON, R.P.; WATSON, L.C. First records of 10 bat species in Guyana and comments on diversity of bats in Iwokrama Forest. Acta Chiropterologica. v.1, Warszawa: 1999,p.179-190. LIM, B. K.; ENGSTROM, M. D.; LEE JR., T. E.; PATTON, J. C.; BICKHAM, J. W. Molecular differentiation of large species of fruit-eating bats (Artibeus) and phylogenetic relationships based on the cytochrome b gene. Acta Chiropterologica. v.6, n.1. Warsawa: 2004a, p.1-12. LIM. B. K.; ENGSTROM, M. D.; OCHOA G, J. Preliminary Checklist of the Mammals of the Guiana Shield (Venezuela: Amazonas, Bolvar, Delta Amacuro; Guyana; Surinam; French Guiana). Disponvel em: <http:// www.mnh.si.edu/biodiversity/bdg/ shieldmammals/index.html> 2004b. Acesso em outubro de 2006. LIM, B. K.; PEDRO, W. A.; PASSOS, F. C. Differentiation and species status of the Neotropical yellow-eared bats Vampyressa pusilla and V. thyone (Phyllostomidae) with a molecular phylogeny of the genus. Acta Chiropterologica. n.5. Warsawa: 2003, p.15-29. LIMA, I. P. A disponibilidade de Piperaceae e a procura deste recurso por Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) (Mammalia, Chiroptera) no Parque Municipal Arthur Thomas - Londrina Paran. 60 f. Dissertao (Mestrado em Cincias Biolgicas). Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2003. LIMA, I. P. ; REIS, N. R. The avaiability of Piperaceae and the search for this resource by Carollia perspicillata (Linnaeus) (Chiroptera, Phyllostomidae, Carolliinae) in Parque Municipal Arthur Thomas, Londrina, Paran, Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. v.21, n.2. Curitiba: 2004, p.371- 377. LINARES, O. J. Notas acerca de Macrophyllum macrophyllum (Wied) (Chiroptera). Memoria de la Sociedad de Ciencias Naturales La Salle. v.26, Caracas: 1966, p.53-61. _______. Quirpteros subfsiles encontrados em las cuevas venezolanas. Parte II. Tadarida aurispinosa (Peale) en la Cueva de Los Carraos (MI.14), Miranda. Boletin de la Sociedad venezolana de Espeleologia, v.2, Caracas: 1969, p.45-48. LINARES, O. J.; ESCALANTE, A. A new subspecies of the South American flat-headed bat (Neoplatymops mattogrossensis) from southern Venezuela. Mammalia. v.56, n.3. Paris: 1992, p.417-424. LINARES, O. J.; KIBLISKY, P. The karyotype and a new Record of Molossops greenhalli from Venezuela. Journal of Mammalogy. v.50, Lawrence: 1969, p.831- 832. LOPES, M. J. S. Contribuio para o estudo citogentico de morcegos: anlise de 15 espcies. 159p. Dissertao de mestrado, Instituto de Biocincias, USP, So Paulo. 1978a. _______. Caritipo de duas espcies de morcegos de Pernambuco (Chiroptera- Phyllostomidae). Revista Nordestina de Biologia, v.1, n.1. Joo Pessoa: 1978b, p.113- 117. LPEZ-GONZLEZ, C. Micronycteris minuta. Mammalian Species. n.583, New York: 1998, p.1-4. LPEZ-GONZLEZ, C.; PRESLEY, S. J. Taxonomic status of Molossus bondae J. A. Allen, 1904 (Chiroptera, Molossidae) with descriptions of a new subspecies. Journal of Mammalogy. v.82, n.3. Lawrence: 2001, p.760-774. LPEZ-GONZLEZ, C.; PRESLEY, S. J.; OWEN, R. D.; WILLIG, M. R. Taxonomic status of Myotis (Chiroptera: Vespertilionidae) in Paraguay. Journal of Mammalogy. v.82, n.1. Lawrence: 2001, p. 138-160. LPEZ-GONZLEZ, C.; PRESLEY, S. J.; OWEN, R. D.; WILLIG, M. R., FOX, I. G. G. Noteworthy records of bats (Chiroptera) from Paraguay. Mastozoologa Neotropical. v.5, n.1. Mendoza: 1998, p.41- 45. LORD, R. D. Seasonal reproduction of vampire bats and its relation to seasonality of bovine rabies. Journal of Wildlife Diseases. v.28. n.2. Palo Alto: 1992, p.292-294. MACHADO, A. B. M.; MARTINS, C. S.; DRUMMOND, G. M. Lista da fauna brasileira ameaada de extino: incluindo as listas das espcies quase ameaadas e deficientes em dados. Belo Horizonte: Fundao Biodiversitas, 2005, 160 p. MACHADO, I. C.; SAZIMA, I.; SAZIMA, M. Bat pollination of the terrestrial herb Irlbachia alata (Gentianaceae) in northeastern Brazil. Plant Systematic and Evolution. v.209, Wien:1998, p.231-237. MACHADO, I. C.; VOGEL, S. The North-east-Brazilian Liana, Adenocalymmna dichilum (Bignoniaceae) pollinated by bats. Annals of Botany, v.93, London: 2004, p.609-613. MAcNAB, B. K. Energetics and the distribution of vampire bats. Journal of Mammalogy. v.31. Lawrence: 1973, p.227- 268. MAGER, K. J.; NELSON, T. A. Roost- Site Selection by Eastern Red Bats (Lasiurus borealis). American Midland Naturalist. v.145, n.1. Notre Dame: 2001, p.120-126. MANVILLE, R. H. A plea for bat conservation. Journal of Mammalogy. v.43.Cambridge: 1962, p.571. MARCHESIN, S. R. C.; MORIELLE- VERSUTE, E. Chromosome studies of brazilian vespertilionids Lasiurus cinereus and Lasiurus ega (Mammalia, Chiroptera). Iheringia, v.94, n.4. Porto Alegre: 2004, p.443-446. MARES, M. A.; BARQUEZ, R. M.; BRAUN, J. K. Distribution and ecology of some Argentine bats (Mammalia). Annals of the Carnegie Museum. v.64, n.3. Pittsburgh: 1995, p.219-237. 238 Morcegos do Brasil _______. Observations on the Mammals of Tucumn Province, Argentina. I. Systematics, distribution, and ecology of the Didelphimorphia, Xenarthra, Chiroptera, Primates, Carnivora, Perissodactyla, Artiodactyla, and Logomorpha. Annals of the Carnegie Museum. v.65, n.2. Pittsburgh: 1996, p.89- 152. MARES, M. A.; WILLIG, M. R.; STREILEIN, K. E.; LACHER JR., T. E. The mammals of northeastern Brazil: a preliminary assessment. Annals of the Carnegie Museum. v.50. Pittsburgh: 1981, p.81-137. MARGARIDO, T. C. C.; BRAGA, F. G. Mamferos. In: MIKICH, S. B.; BRNILS, R. S. (Eds). Livro vermelho da fauna ameaada no Estado do Paran. Curitiba: Instituto Ambiental do Paran, 2004, p.27-142. MARINHO-FILHO, J. S. The coexistence of two frugivorous bat species and the phenology of their food plants in Brazil. Journal of Tropical Ecology, v.7, Cambridge: 1991, p.59-67. _______. Distribution of bat diversity in the southern and southeastern Brazilian Atlantic Forest. Chiroptera Neotropical. v.2, n.2. Braslia: 1996, p.51-54. MARINHO-FILHO, J. S.; SAZIMA, I. Brazilian bats and conservation biology: a first survey. In: KUNZ, T.H.; RACEY, P. A.(Eds.). Bat Biology and Conservation. Washington: Smithsonian Institution Press, 1998. p.282-294. MARINKELLE, C.J.; CADENA, A. Notes on bats new to the fauna of Colombia. Mammalia. v.36, Paris: 1972, p.50-58. MARQUES, R. V.; FABIAN, M. E. Ciclo reprodutivo de Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) (Chiroptera, Molossidae), em Porto Alegre, Brasil. Iheringia, srie. Zoologia, n.77. Porto Alegre: 1994, p.45-56. MARQUES, S. A. Espcies associadas e algumas caractersticas fsicas influindo na presena de Carollia perspicillata em bueiros na regio de Manaus, AM (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae). Acta Amazonica. v.15, n.1-2. Manaus: 1985a, p.243-248. _______. Novos registros de morcegos do Parque Nacional da Amaznia (Tapajs), com observao do perodo de atividade noturna e reproduo. Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi, Srie Zoologia, v.2, n.1. Belm: 1985b, p.71-83. _______. Activity cycle, feeding and reproduction of Molossus ater (Chiroptera: Molossidae) in Brazil. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, srie Zoologia, v.2, n.2. Belm: 1986, p.159-179. MARQUES, S. A.; OREN, D. C. First Brazilian record for Tonatia schulzi and Sturnira bidens (Chiroptera: Phyllostomidae). Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi, ser. Zool. v.3, Belm: 1987, p.159-160. MARQUES-AGUIAR, S. A.; OREN, D. C. First Brazilian Record for Tonatia schulzi and Sturnira bidens (Chiroptera: Phyllostomidae). Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi. v.3, n.1. Belm: 1987, p.159- 160. MARTINS, A. C. M.; BERNARD, E.; GREGORIN, R. Inventrios biolgicos rpidos de morcegos (Mammalia, Chiroptera) em trs unidades de conservao do Amap, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.23, n.4. Curitiba: 2006, p.1175-1184. MARTORELLI, L. F. A.; AGUIAR, E. A. C.; ALMEIDA, M. F.; SILVA, M. M. S.; NUNES, V. F. P. Isolamento do vrus rbico de morcego insetvoro, Lasiurus borealis. Revista de Sade Pblica. v.30, n.1. So Paulo: 1996, p.101-102. MARTUSCELLI, P. Avian Predation by the Round-Eared Bat (Tonatia bidens, Phyllostomidae) in the Brazilian Atlantic Forest. Journal of Tropical Ecology. v.11, n.3. Cambridge: 1995, p.461-464. MCCARTHY, T. J. Additional mammalian prey of the carnivorous bats, Chrotopterus auritus and Vampyrum spectrum. Bat Research News. v.28, Bloomington, 1987, p.1-3. MCCARTHY, T. J.; CADENA, A.; LEMKE, T. O. Comments on the first Tonatia carrikeri (Chiroptera: Phyllostomatidae) from Colombia. Lozania. v.40, Bogot: 1983, p.1-6. MCCARTHY, T. J.; GARDNER, A. L.; HANDLEY JR, C .O. Tonatia carrikeri. Mammalian Species. v.407, New York: 1992, p.1-4. MCCARTHY, T. J.; HANDLEY JR., C. O. Records of Tonatia carrikeri (Chiroptera: Phyllostomidae) from the Brazilian Amazon and Tonatia schulzi in Guyana. Bat Research News. v.28, Bloomington: 1987, p.20-23. MCCARTHY, T. J.; OCHOA, J. The presence of Centronycteris maximiliani and Micronycteris daviesi (Chiroptera) in Venezuela. Texas Journal of Science. v.43, Austin: 1991, p.332-334. MCCARTHY, T. J.; ROBERTSON, P.; MITCHELL, J. The occurrence of Tonatia schulzi (Chiroptera: Phyllostomidae) in French Guiana with comments on the female genitalia. Mammalia. v.52, Paris: 1988, p.583584. MCCRACKEN, G. F.; BRADBURY, J. W. Social organization and kinship in the polygynous bat, Phyllostomus hastatus. Behavioral Ecology and Sociobiology. v.8, New York: 1981, p.11-34. MCCRACKEN, G. F.; WILKINSON, G. S. Bat mating systems. In: CRICHTON, E. G.; KRUTZSCH, P. H. (Eds.). Reproductive biology of bats. San Diego: Academic Press, 2000. p.321-362. MCLELLAN, L. J. A morphometric analysis of Carollia (Chiroptera, Phyllostomidae). American Museum of Natural History. n.2791. New York: 1984, p.1-35. MEDELLN, R. A. Chrotopterus auritus. Mammalian Species. v.343, New York: 1989, p.1-5. _______. Prey of Chrotopterus auritus, with notes on feeding behavior. Journal of Mammalogy. v.69, Lawrence: 1988, p.841- 844. MEDELLN, R. A.; ARITA, H. T. Tonatia evotis and Tonatia silvicola. Mammalian Species. v.334, New York: 1989, p.1-5. MEDELLN, R. A.; ARITA, H. T.; SNCHEZ-HERNNDEZ, O. Identificacin de los murcilagos de Mxico: claves de campo (Publicaciones especiales n. 2). Ciudad Universitaria, Mxico DF: Asociacin Mexicana de Mastozoologa A.C., 1997, 89 p. MEDELLN, R. A.; EQUIHUA, M.; AMIN, M. A. Bat diversity and abundance as indicators of disturbance in Neotropical Rainforests. Conservation Biology. v.14, n.6. Boston: 2000, p.1666-1675. MEDELLN, R. A.; WILSON, D. E.; NAVARRO, D. L. Micronycteris brachyotis. 239 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) Mammalian Species. v.251, New York: 1985, p.1-4. MEDELLN, R. A.; NAVARRO, D. L.; DAVIS, W. B.; ROMERO, V. J. Notes on the biology of Micronycteris brachyotis (Dobson) (Chiroptera), in southern Veracruz, Mxico. Brenesia. v.21, San Jos: 1983, p.7-11. MELLO, M. A. R.; FERNANDEZ, F. A. S. Reproductive ecology of bat Carollia perspicillata (Chiroptera: Phyllostomidae) in a fragment of the Brazilian Atlantic coastal forest. Zeitschrift fr Sugetierkunde - International Journal of Mammalian Biology. v.65. Jena: 2000, 340-349. MELLO, M. A. R.; POL, A. First record of the bat Mimon crenulatum (E. Geoffroy, 1801) (Mammalia: Chiroptera) for the state of Rio de Janeiro, Southeastern Brazil. Brazilian Journal of Biology. v.66, n.2, So Carlos: 2006, p.295-299. MELLO, M. A. R.; SCHITTINI, G. M.; SELIG, P. ; BERGALLO, H. G. A test of the effects of climate and fruiting of Piper species (Piperaceae) on reproductive patterns of the bat Carollia perpicillata (Phyllostomidae). Acta Chiropterologica. v.6, n.2. Warsawa: 2004, p.309-318. MEYER, C. F. J.; WEINBEER, M.; KALKO, E. K. V. Home-range size and spacing patterns of Macrophyllum macrophyllum (Phyllostomidae) foraging over water. Journal of Mammalogy. v.86, n.3. Lawrence: 2005, p.587-598. MIES, R.; KURTA, A.; KING, D. G. Eptesicus furinalis. Mammalian Species. n.526. New York: 1996, p. 1-7. MIKICH, S. B.; BRNILS, R. S.; PIZZI, P. A. Fauna Ameaada no Paran: uma introduo. In: MIKICH, S.B.; BRNILS, R.S. Livro Vermelho da Fauna Ameaada no Estado do Paran. Instituto Ambiental do Paran, Curitiba: 2004. 764 p. MILNER, J.; JONES, C.; KNOX-JONES JR., J. Nyctinomops macrotis. Mammalian Species. n.351. New York: 1990, p.1-4. MIRANDA, J. M. D.; BERNARDI, I. P. Aspectos da histria natural de Mimon bennettii (Gray) na Escarpa Devoniana, Estado do Paran, Brasil (Chiroptera, Phyllostomidae). Revista Brasileira de Zoologia. v.23, n.4. Curitiba: 2006, p.1258- 1260. MIRANDA, J. M. D.; BERNARDI, I. P.; PASSOS, F. C. A new species of Eptesicus (Mammalia: Chiroptera: Vespertilionidae) from the Atlantic Forest, Brazil. Zootaxa. v.1383, Auckland: 2006a, p.57-68. MIRANDA, J. M. D.; PULCHRIO- LEITE, A.; BERNARDI, I. P.; PASSOS, F. C. Primeiro registro de Myotis albescens (. Geoffroy, 1806) (Chiroptera, Vespertilionidae) para o Estado do Paran, Brasil. Biota neotropica. v.7, n.1. Campinas: 2007, p.13-15. MIRANDA, J. M. D.; PULCHRIO- LEITE, A.; MORO-RIOS R. F.; PASSOS, F. C. Primeiro registro de Histiotus montanus (Philippi & Landbeck) para o Estado do Paran, Brasil (Chiroptera, Vespertilionidae). Revista Brasileira de Zoologia. v.23, n.3. Curitiba: 2006b, p.584- 587. MIRETZKI, M. Morcegos do estado do Paran, Brasil (Mammalia, Chiroptera): riqueza de espcies, distribuio e sntese do conhecimento atual. Papis Avulsos de Zoologia, v.43, n.6. So Paulo: 2003, p.101- 138. MMA - Ministrio do Meio Ambiente - Lista das Espcies da Fauna Brasileira Ameaadas de Extino - Instruo Normativa n 3, de 27 de maio de 2003. Disponvel em <www.ibama.gov.br/ fauna/downloads/lista spp.pdf>. Acesso em Maio de 2007. MOK, W. Y.; LACEY, L. A. Algumas consideraes ecolgicas sobre morcegos vampiros na epidemiologia da raiva humana na Bacia Amaznica. Acta Amaznica, v.10, n.2. Manaus: 1980, p.335- 342. MOK, W. Y.; WILSON, D. E.; LACEY, L. A.; LUIZO, R. C. C. Lista atualizada dos quirpteros da Amaznia brasileira. Acta Amaznica. v.12, n.4. Manaus: 1982, p.817- 823. MOLINA, C.; GARCIA, C.; OCHOA, J. G. First record of Mimon bennettii (Chiroptera: phyllostomidae) for Venezuela. Mammalia. v.59, n.2. Paris: 1995, p.263-265. MOLINARI, J. A new species of Anoura (Mammalia Chiroptera Phyllostomidae) from the Andes of northern South America. Tropical Zoology, v.7, Firenze: 1994, p.73-86. MOLINARI, J.; SORIANO, P. J. Sturnira bidens. Mammalian Species n.276. New York: 1987, p.1-4. MORALES, J. C.; BICKHAM, J. W. Molecular systematics of the genus Lasiurus (Chiroptera: Vespertilionidae) based on restriction-site maps of the mitochondrial ribosomal genes. Journal of Mammalog. v.76, n.3. Baltimore: 1995, p.730-749. MORATELLI, R. M. R.; FILARDY, A. A.; PACHECO, T. C. G. ALVES, V. A.; ARMADA, J. A.; PERACCHI, A. L. Estudos citogenticos em quirpteros da regio sudeste do Brasil. In: CONGRESSO NACIONAL DE GENTICA, 46, 2000, guas de Lindia, Genetics and Molecular Biology (Suplement), Ribeiro Preto: Sociedade Brasileira de Gentica, 2000, p.28. MORATELLI, R. Quirpteros (Mammalia: Chiroptera) do Parque Nacional da Serra dos rgos, Rio de Janeiro, Brasil. vii + 94p. Dissertao de mestrado, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ, Seropdica, 2003. MORATELLI, R.; ANDRADE, C. M.; ARMADA, J. L. A Technique to obtain fibroblast cells from skin biopsies of living bats (Chiroptera) for cytogenetic studies. Genetics and Molecular Research, v.1, n.2. Ribeiro Preto: 2002, p.128-130. MORATELLI, R.; ARMADA, J. L.; PERACCHI, A. L. Descrio do caritipo de Myotis ruber (. Geoffroy, 1806) (Chiroptera: Vespertilionidae: Vespertilioninae).In: ENCONTRO BRASILEIRO PARA O ESTUDO DOS QUIRPTEROS, 4, 2003, Porto Alegre, Anais do..., Porto Alegre: PUCRS, 2003, p.49. MORATELLI, R.; FERREIRA, B.; PERACCHI, A. L. Lista provisria dos quirpteros do Parque Nacional da Serra dos rgos, RJ. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MASTOZOOLOGIA, 1, 2001, Porto Alegre, Resumos do..., Porto Alegre: PUCRS, 2001, p.50. MORGAN, G. S.; CZAPLEWSKI, N. J. A new bat (Chiroptera: Natalidae) from the early miocene of Florida, with comments on natalid phylogeny. Journal of Mammalogy. v.84, n.2. Lawrence: 2003, p.729-752. MORIELLE, E. Variabilidade na localizao e na atividade das regies organizadoras de nuclolos em morcegos da famlia Phyllostomidae (Mammalia, Chiroptera). 153p. Dissertao 240 Morcegos do Brasil de mestrado, Instituto de Biocincias, Letras e Cincias Exatas, UNESP, So Jos o Rio Preto. 1987. MORIELLE, E.; GOLONI, E. M.; VARELLA-GARCIA, M.; TADDEI, V. A. Anlise cariotpica em morcegos hematfagos (Chiroptera, Desmodontinae). Cincia e Cultura (Suplemento), v.38, Campinas: 1986, p.938. _______. Evoluo cariotpica na subfamlia Stenodermatinae (Chiroptera, Phyllostomidae), com base nos padres de bandas G, C e NOR. Cincia e Cultura (Suplemento), v.39, Campinas: 1987, p.778. MORIELLE, E.; VARELLA-GARCIA, E.; TADDEI, V. A. A chromosome banding study of Eumops glaucinus. Revista Brasileira de Gentica. v.11, Ribeiro Preto: 1988, p.791-795. MORIELLE, E.; VARELLA-GARCIA, M. Variability of nucleolus organizer regions in phyllostommid bats. Revista Brasileira de Gentica. v.11, Ribeiro Preto: 1988, p.853-871. MORIELLE-VERSUTE, E.; VARELLA- GARCIA, M. Identification of common fragile sites in chromosomes of 2 species of bat (Chiroptera, Mammalia). Genetics Selection Evolution. v.26, Les Ulis: 1994, p.81- 89. _______. A simple and fast procedure to grow bat fibroblasts from lung biopsies for cytogenetic studies. Brazilian Journal of Genetics, v.18, n.3. Ribeiro Preto: 1995, p.503-505. MORIELLE-VERSUTE, E.; VARELLA- GARCIA, M.; TADDEI, V. A. Karyotypic patterns of seven species of molossid bats (Molossidae, Chiroptera). Cytogenetics and Cell Genetics. v.72, 1996, p.26-33. MOTTA-JUNIOR, J. C.; TADDEI, V. A. Bats as prey of stygian owls in Southeastern Brazil. The Journal of Raptor Research. v.26, n.4. Lawrence: 1992, p.259-260. MUCHHALA, N. Nectar bat stows huge tongue in its rib cage. Nature, v.444, London: 2006, p.701-702. MUCHHALA, N.; MENA, P. ; ALBUJA, L. A new species of Anoura (Chiroptera: Phyllostomidae) from the Ecuadorian Andes. Journal of Mammalogy. v.86, Lawrence: 2005, p.457-461. MURPHY, W. J.; EIZIRIK, E.; OBRIEN, S. J.; MADSEN, O.; SCALLY, M.; DOUADY, C. J.; TEELING, E.; RYDER, O. A.; STANHOPE, M. J.; DE JONG, W. W.; SPRINGER, M. S. Resolution of the early placental mammal radiation using Bayesian phylogenetics. Science. v.294, n.5550. Washington: 2001, p.2348-2351. MYERS, P. Patterns of reproduction of four species of vespertilionid bats in Paraguay. University of California Publications in Zoology. v.107. Berkeley: 1977, p.1-41. _______. Observation on Pygoderma bilabiatum (Wagner). Zeitschrift fr Sugetierkunde, v.46, Jena: 1981, p.146-151. MYERS, P.; WETZEL, R. M. New records of mammals from Paraguay. Journal of Mammalogy. v.60, n.3. Lawrence: 1979, p.638-641. _______. Systematics and zoogeography of the bats of the Chaco boreal. Miscellaneous Publications, Museum of Zoology, University of Michigan, 165.Ann Arbor: 1983, p.1-59. MYERS, P.; WHITE, R.; STALLINGS, J. Additional records of bats from Paraguay. Journal of Mammalogy. v.64, Lawrence: 1983, p.143145. NARANJO, M. E.; RENGIFO, C.; SORIANO, P. J. Effect of ingestion by bats and birds on seed germination of Stenocereus griseus and Subpilocereus repandus (Cactaceae). Journal of Tropical Ecology, v.19, Cambridge: 2003, p.19-25. NASSAR, J. F.; BECK, H.; STERNBERG, L. S. L.; FLEMING, T. H. Dependence on cacti and agaves in nectar-feeding bats from venezuela arid zones. Journal of Mammalogy. v.84, n.1. Lawrence: 2003, p.106-116. NASSAR, J. F.; RAMREZ, N.; LINARES, O. Comparative pollination biology of Venezuelan columnar cacti and the role of nectar-feeding bats in their sexual reproduction. American Journal of Botany, v.84, n.8. Columbus: 1997, p.918- 927. NAVARRO, D. L. Vampyrum spectrum (Chiroptera, Phyllostomatidae) in Mexico. Journal of Mammalogy. v.60, n.2. Lawrence: 1979, p.435. NAVARRO, D. L.; WILSON, D. E. Vampyrum spectrum. Mammalian Species. v.184, New York: 1982, p.1-4. NEUWEILER, G. The biology of bats. New York: Oxford University Press. 2000, 310p. NEVES, A. C. B; PIECZARKA, J. C.; BARROS, R. M. S.; AGUIAR, S. M.; RODRIGUES, L. R. R.; NAGAMACHI, C. Y. 1998. Estudo citogentico em Choeroniscus minor (Chiroptera- Phyllostomidae) da regio amaznica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 22, 1998, Recife, Livro de Resumos do..., Recife: UFP, 1998, p.316. NOGUEIRA, M. R.; MONTEIRO, L. R.; PERACCHI, A. L. New evidence of bat predation by the woolly false vampire bat Chrotopterus auritus. Chiroptera Neotropical. Braslia: no prelo. NOGUEIRA, M. R.; PERACCHI, A. L. The feeding specialization in Chiroderma doriae with comments on its conservational implications. Chiroptera Neotropical. v.8, n.1- 2. Braslia: 2002, p.143-148. _______. Fig-seed predation by two species of Chiroderma: discovery of a new feeding strategy in bats. Journal of Mammalogy. v.84, n.1. Lawrence: 2003, p.225-233. _______. Folivoria e granivoria em morcegos neotropicais. In: PACHECO, S. M.; MARQUES, R. V.; ESBRARD, C. E. L. (Orgs.). Morcegos do Brasil: Biologia, Ecologia e Conservao de Morcegos Neotropicais. no prelo. NOGUEIRA, M. R.; PERACCHI, A. L.; POL, A. Notes on the lesser White-lined bat, Saccopter yx leptura (Schreber) (Chiroptera, Emballonuridae), from southeastern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. v.19, n.4. Curitiba: 2002, p.1123- 1130. NOGUEIRA, M. R.; POL, A. Observaes sobre os hbitos de Rhynconycteris naso (Wied-Neuwied, 1820) e Noctilio albiventris (Desmarest 1818) (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Biologia. v.58, n.3. So Carlos: 1998, p.473-480. NOGUEIRA, M. R.; POL, A.; PERACCHI, A. L. New records of bats from Brazil with a list of additional species for the chiropteran fauna of the state of Acre, western Amazon. Mammalia. v.3, n.63. Paris: 1999, p.363-368. NOGUEIRA, M. R.; TAVARES, V. C.; PERACCHI, A. L. New records of Uroderma magnirostrum Davis (Mammalia, Chiroptera) from southeastern Brazil, with comments on its history. Revista Brasileira de Zoologia. v.20, n.4. Curitiba: 2003, p.691- 241 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) 697. NORA, S. T.; CHAVES, M. E. Diversidade de Chiroptera (Mammalia) do Ncleo Cabuc, Parque Estadual da Cantareira, Guarulhos, SP, Brasil. In: I Congresso Sul-americano de Mastozoologia, 2006, Gramado, Livro de Resumos do..., Gramado: 2006, p.56. NORONHA, R. C. R.; NAGAMACHI, C. Y.; PIECZARKA, J. C.; MARQUES- AGUIAR, S.; ASSIS, M. F. L.; BARROS, R. M. S. Meiotic analyses of the sex chrosomes in Carolliinae-Phyllostomidae (Chiroptera): NOR separates the XY1Y2 into two independent parts. Caryologia, v.57, n. 1. Firenze: 2004, p.1-9. NOWAK, R. M. Walkers Mammals of the World. v.II. 5a ed. Baltimore e London: The Johns Hopkins University Press. 1991, 1629 p. _______. Walkers bats of the world. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1994, 287p. _______. Walkers Mammals of the World. v.1, 6 ed. Baltimore and London: The Johns Hopkins University Press, 1999, 836p. NUNES, A.; MARQUES-AQUIAR, S.; SALDANHA, N.; SILVA E SILVA, R.; BEZERRA, A. New records on the geographic distribution of bat species in the Brazilian Amazonia. Mammalia. v.69, n.1. Paris: 2005, p.109-115. NUEZ, H. A.; VIANNA. M. L. Estacionalidad reproductiva en el vampiro comn Desmodus rotundus en el Valle de Lerma (Salta, Argentina). Revista de Biologia Tropical. v.45, n.3. Salta:1997, p.1231-1235. OCHOA, J., G.; CASTELLANOS, H.; IBAEZ, C. Records of bats and rodents from Venezuela. Mammalia. v.52, Paris: 1988, p.175180. OCHOA, J., G.; SANCHEZ, J. H. Taxonomic status of Micronycteris homezi (Chiroptera, Phyllostomidae). Mammalia. v.69, n.3-4. Paris: 2005, p.323-335. OCHOA, J.; SORIANO, P. J.; LEW, D.; M., OJEDA. Taxonomic and distributional notes on some bats and rodents from Venezuela. Mammalia, v.57, Paris: 1993, p.393-400. OJEDA, R. A.; MARES, M. A. A biogeographic analysis of the mammals of Salta Province, Argentina: patterns of species assemblage in the neotropics. Special Publications, The Museum Texas Tech University. n.27. Lubbock: 1989, p.1-66. OLIVEIRA, J. A.; GONALVES, P. R.; BONVICINO, C. R. Mamferos da Caatinga. In: LEAL, I.R.; SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M. Ecologia e Conservao da Caatinga. Recife: EDUFPE, 2003. p.275- 334. OPREA, M.; VIEIRA, T. B.; PIMENTA, V. T.; MENDES, P.; BRITO, D.; DITCHFIELD, A. D.; KNEGT, L. V.; ESBRARD, C. E. L. Bat predation by Phyllostomus hastatus. Chiroptera Neotropical. v.12, n.1. Braslia: 2006, p.255-258. PACHECO, S. M.; FREITAS, T. R. O. Chiroptera. In: FONTANA, C. S.; BENKE, G. A.; REIS, R. E. (Org.). Livro Vermelho das Espcies Ameaadas de Extino no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: MCT- PUCRS, 2003, p.493-497. PACHECO, S. M.; MARQUES, R. V.; GRILLO, H. C. Z.; MARDER, E.; BIANCONI, G. V.; MIRETZKI, M.; LIMA, I. P.; ROSA, V. A. Morcegos urbanos da Regio Sul do Brasil. In: PACHECO, S. M.; MARQUES, R. V.; ESBRARD, C. E. L. Morcegos do Brasil: biologia, sistemtica, ecologia e conservao. no prelo. PACHECO, S. M.; MARQUES, R.V. Conservao de morcegos no Rio Grande do Sul. In: FREITAS, T. R. O.; VIEIRA, E.; PACHECO, S.; CHRISTOFF, A. (Eds.). Mamferos do Brasil: gentica, sistemtica, ecologia, e conservao. So Carlos: Suprema, 2006, p.91-106. PACHECO, V.; SOLARI, S.; VELAZCO, P. M. A new species of Carollia (Chiroptera: Phyllostomidae) from Andes of Peru and Bolvia. Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. n.236. Lubbock: 2004, p.1- 16. PAGE, R. A.; RYAN, M. J. Social transmission of novel foraging behavior in bats: frog calls and their referents. Current Biology. v.16, London: 2006, p.1201-1205. PAINTER, T. S. A comparative study of chromosomes of mammals. American Naturalist, v.59, Chicago: 1925, p.385-408. PASSOS, F. C; SILVA, W. R.; PEDRO, W. A.; BONIN, M. R. Frugivoria em morcegos (Mammalia: Chiroptera) no Parque Estadual Intervales, sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.20, n.3. Curitiba: 2003, p.511-517. PATHAK, S.; STOCK, A. D. The X chromosomes of mammals: karyological homology as revealed by banding techniques. Genetica, v.78, 1974, p.703-714. PATTERSON, B. D. Mammals in the Royal Natural History Museum, Stockholm, collected in Brazil and Bolivia by A. M. Olalla during 1934-1938. Fieldiana Zoology, new series. v.66, Chicago: 1992, p.1- 48. PATTON, J. C.; BAKER, R. J. Chromosomal homology and evolution of phyllostomatoid bats. Systematic Zoology, v.27, n.4. London: 1978, p.449-462. PATTON, J. C.; GARDNER, A. L. Parallel evolution of multiple sex-chromosome systems in the Phyllostomatid bats, Carollia and Choeroniscus. Experientia, v.27, Basel:1971, p.105-106. PEARSON, O. P.; PEARSON, A. K. Reproduction of bats in southern Argentina. In: REDFORD, K. H.; EISENBERG, J. F. (Eds.). Advances in Neotropical mammalogy. Gainesville: The Sandhill Crane Press, Inc., 1989, p.549-566. PEDRO, W. A.; CARVALHO, C.; HAYASHI, M. M.; BREDT, A.; ARMANI, N. M. S.; SILVA, M. M. S.; GOLALVES, C. A.; PERES, N. F. Notes on Vampyressa pusilla (Wagner, 1843) in the south of So Paulo state. Chiroptera Neotropical. v.3, n.2. Braslia: 1997: p.79-80. PEDRO, W. A.; KOMENO, C. A. K.; TADDEI, V. A. Morphometrics and biological notes on Mimon crenulatum (Chiroptera, Phyllostomidae). Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi. v.10, Belm: 1994, p.107-112. PEDRO, W. A.; PASSOS, F. C. Occurrence and food habits of some bat species from the Linhares Forest Reserve, Esprito Santo, Brazil. Bat Research News, v.36, n.1. Bloomington: 1995, p.1-2. PEDRO, W. A.; PASSOS, F. C.; LIM, B. K. Morcegos (Chiroptera; Mammalia) da Estao Ecolgica dos Caetetus, estado de So Paulo. Chiroptera Neotropical. v.7, n.1-2. Braslia: 2001, p.136-140. PEDRO, W. A.; TADDEI, V. A. Taxonomic assemblage of bats from Panga Reserve, southeastern Brazil: abundance patterns and trophic relations in the Phyllostomidae (Chiroptera). Boletim 242 Morcegos do Brasil do Museu de Biologia Mello Leito (N. sr.). v.6. Santa Teresa: 1997, p.3-21. PERACCHI, A. L. Sobre os hbitos de Histiotus velatus (Geoffroy, 1824) (Chiroptera: Vespertilionidae). Revista Brasileira de Biologia. v.28, n.4. Rio de Janeiro: 1968, p.469-473. _______. Consideraes sobre a distribuio e a localidade-tipo de Sphaeronycteris toxophyllum Peters, 1882 (Chiroptera, Phyllostomidae). Anais VI Congresso Brasileiro de Zoologia. Publicaes Avulsas do Museu Nacional, v.65, Rio de Janeiro: 1986, p.97-100. PERACCHI, A. L.; ALBUQUERQUE, S. T. Lista provisria dos quirpteros dos Estados do Rio de Janeiro e Guanabara, Brasil (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Biologia. 31 So Carlos: 1971, p.405-413. _______. Consideraes sobre a distribuio geogrfica de algumas espcies do gnero Micronycteris Gray, 1866 (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae). Arquivos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. v.8, n.1-2. Seropdica: 1985, p.23- 26. _______. Quirpteros do Estado do Rio de Janeiro, Brasil (Mammalia, Chiroptera). Publicaes Avulsas do Museu Nacional. v.66, Rio de Janeiro: 1986, p.63-69. _______. Quirpteros do municpio de Linhares, Estado do Esprito Santo, Brasil (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Biologia. v.53, So Carlos: 1993, p.575- 581. PERACCHI, A. L.; ALBUQUERQUE, S. T.; RAIMUNDO, S. D. L. Notas para o conhecimento dos hbitos alimentares de Trachops cirrhosus (Spix, 1823) (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae). Arquivos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. v.5, n.1. Seropdica: 1982, p.1-5. PERACCHI, A. L.; LIMA, I. P.; REIS, N. R.; BAVIA, L. Ordem Chiroptera. In: REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; FANDIO-MARIO, H.; ROCHA, V. J. (Orgs.). Mamferos da Fazenda Monte Alegre Paran. Londrina: EDUEL, 2005, p.37- 76. PERACCHI, A. L.; LIMA, I. P.; REIS, N. R.; NOGUEIRA, M. R.; ORTNCIO- FILHO, H. Ordem Chiroptera. In: REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; PEDRO, W. A.; LIMA, I. P. (Eds.). Mamferos do Brasil. Londrina: 2006, p.153- 230. PERACCHI, A. L.; NOGUEIRA, M. R. Morcegos da Mata Atlntica do sudeste do Brasil. In: PACHECO, S. M.; MARQUES, R. V.; ESBRARD, C. E. L.(Orgs.) Morcegos do Brasil: Biologia, Sistemtica, Ecologia e Conservao..no prelo. PERACCHI, A. L.; RAIMUNDO, S. D. L.; TANNURE, A. M. Quiropteros do Territrio Federal do Amap, Brasil. (Mammalia, Chiroptera). Arquivos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. v.7, n.2. Seropdica: 1984, p.89-100. PERINI, F. A.; TAVARES, V. C.; NASCIMENTO, C. M. D. Bats from the city of Belo Horizonte, Minas Gerais, Southeastern Brazil. Chiroptera Neotropical. v.9, n.1-2. Braslia: 2003, p.169-173. PETERS, H. HR. H. Peters legte eine monographische ber icht der Chiroptengattungen Nycteris und Atalapha vor. Monastsbericht der Kniglich Preussichen Akademie der Wissenschaften zu Berlin. Berlin: 1870 (1871), 900-914. PETERS, S. L.; LIM, B. K.; ENGSTROM, M. D. Systematics of dog-faced bats (Cynomops) based on molecular and morphometrics data. Journal of Mammalogy. v.83, n.4. Lawrence, 2002, p.1097-1110. PETERSON, R. L. A review of the flat- headed bats of the family Molossidae from South America and Afirca. Life Science, Royal Ontario Museum, Contribution, v 64. Ontario: 1965, p.1-32. PETTIGREW, J. D. Are flying foxes really primates? Bats, v.3, n.2. Austin:1986, p.1-2. PICCININI, R. S. Lista provisria dos quirpteros da coleo do Museu Paraense Emlio Goeldi (Chiroptera). Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi, Srie Zoologia. v.77. Belm: 1974, p.1-32. PIECZARKA, J. C.; NAGAMACHI, Y.; OBRIEN, C. M.; YANG, F.; RENS, W.; BARROS, R. M. S.; NORONHA, R. C. S.; RICINO, J.; OLIVEIRA, E. H. C.; FERGUSON-SMITH, R. A. Reciproal chrmosome painting between two South American bats: Carollia brevicauda e Phyllostomus hastatus (Phyllostomidae, Chiroptera). Chromosome Research, v.13, Dordrecht: 2005, p.339-347. PIJL, L. Van Der. The dispersal of plants by bats (Chiropterocory). Acta Amaznica, v.6, Manaus: 1957, p.291-315. PINE, R. H. A new species of Thyroptera Spix (Mammalia: Chiroptera: Thyropteridae) from the Amazon Basin of northeastern Peru. Mammalia v.57, Paris: 1993, p.213225. PINE, R. H. The bats of three genus Carollia. Texas Agric. Exp.Sta Tech. Monograph, n.8. 125p. PINE, R. H.; BISHOP, I. R.; JACKSON, R. L. Preliminary list of mammals of the Xavantina/Cachimbo expedition (Central Brazil). Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene. v.64, n.5. London: 1970, p.668-670. PINE, R. H.; LaVAL, R. K.; CARTER, D. C.; MOK, W. Y. Notes on the graybeard bat, Micronycteris daviesi (Hill) (Mammalia: Chiroptera: Phyllostomidae), with the first records from Ecuador and Brazil. In: GENOWAYS, H. H.; BAKER, R. J. Contributions in mammalogy: a memorial volume honoring Dr. J. Knox Jones Jr. Lubbock: Museum of Texas Tech University. 1996. p.183190. PLUMPTON, D. L.; JONES JR., J.K. Rhynchonycteris naso. Mammalian Species. v.413, New York: 1992, p.1-5. POL, A.; NOGUEIRA, M. R.; PERACCHI, A. L. First record of Histiotus macrotus for brazilian territory. Bat Research News. v.39, n.3. Bloomington: 1998, p.124- 125. POLANCO, O. J.; ARROYO- CABRALES, J.; JONES, JR., J. K. Noteworthy records of some bats from Mxico. Texas Journal of Science, v.44, Austin: 1992, p.331-338. PORTER, F. L. Roosting patterns and social behavior in captive Carollia perspicillata. Journal of Mammalogy. v.59, Lawrence: 1978, p.627-630. _______. Social behavior in the leaf-nosed bat, Carollia perspicillata I. Social organization. Zeitschrift fur Tierpsychologie. v.49, Berlin: 1979, p.406-417. PORTFORS, C. V.; FENTON, M. B.; AGUIAR, L. M. S.; BAUMGARTEN, J. E.; VONHOF, M. J.; BOUCHARD, S.; FARIA, D. M.; PEDRO, W. A.; RAUTENBACH, N. I. L.; ZORTA, M. Bats from Fazenda Intervales, southeastern Brazil - species account and comparison between different sampling methods. Revista Brasileira de Zoologia. v.17, n.2. Curitiba: 2000, p.533-538. 243 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) PULCHRIO-LEITE, A.; TADDEI, V. A.; MENEGHELLI, M. Morcegos (Chiroptera: Mammalia) dos Pantanais de Aquidauana e da Nhecolndia, Mato Grosso do Sul, I. Diversidade de espcies. Ensaios e Cincia, v.2, n.2: Campo Grande: 1998, p.149-163. RACEY, P. A. Ecology of bat reproduction. In: KUNZ, T. H. (Ed.). Ecology of bats. New York: Plenum Press, 1982, p.57-104. REID, F. A. A field guide to the mammals of Central America and southeast Mexico. New York: Oxford University Press, 1997, 334 p. REID, F. A.; ENGSTROM, M. D.; LIM, B. K. Noteworthy records of bats from Ecuador. Acta Chiropterologica. v.2, n.1. Warsvia: 2000, p.37-51. REIS, N. R. Estudos ecolgicos dos quirpteros de matas primrias e capoeiras da regio de Manaus, Amazonas. 242 f. Tese (Doutorado), Universidade do Amazonas, INPA. 1981. Manaus. _______. Estrutura de comunidade de morcegos na regio de Manaus, Amazonas. Revista Brasileira de Biologia. v.44, n.3. Rio de Janeiro: 1984, p.247-254. REIS, N. R.; LIMA, I. P.; PERACCHI, A. L. Morcegos (Chiroptera) da rea urbana de Londrina, Paran, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.19, n.3. Curitiba: 2002a, p.739- 746. REIS, N. R.; MOK, W. Y. Wangiella dermatitidis isolated from bats in Manaus Brasil. Rev. Sabouraudia. v.17. Edinburgh: 1979, p.213-218. REIS, N. R.; PERACCHI, A. L. Quirpteros da regio de Manaus, Amazonas, Brasil (Mammalia, Chiroptera). Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi, srie Zoologia. v.3, n.2. Belm:1987, p.161-182. REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; LIMA, I. P. Morcegos da Bacia do rio Tibagi. In: MEDRI, M. E.; BIANCHINI, E.; SHIBATTA, O. A.; PIMENTA, J. A. (Eds.). A Bacia do rio Tibagi. Londrina: 2002b, p.251-270. REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; ONUKI, M. K. Quirpteros de Londrina, Paran, Brasil (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Zoologia. v.10, n.3. Curitiba: 1993, p.371-381. REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; PEDRO, W. A.; LIMA, I. P. (Eds.). Mamferos do Brasil. Londrina: 2006, 437p. REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; SEKIAMA, M. L. Morcegos da fazenda Monte Alegre, Telmaco Borba, Paran (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Zoologia. v.16, n.2. Curitiba: 1999, p.501- 505. REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; SEKIAMA, M. L.; LIMA, I. P. Diversidade de morcegos (Chiroptera: Mammalia) em fragmentos florestais no estado do Paran, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.17, n.3. Curitiba: 2000, p.697-704. REIS, N.R.; PERACCHI, A. L.; MULLER, M.F.; BASTOS, E.A.; SOARES, E.S. Quirpteros do Parque Estadual Morro do Diabo, So Paulo, Brasil (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Biologia. v.56, n.1. Rio de Janeiro: 1996, p.87-92. RIBEIRO, N. A. B.; NAGAMACHI, C. Y.; PIECZARKA, J. C.; MARQUES- AGUIAR, S. A.; GONALVES, A. C. O., NEVES, A. C. B.; BARROS, R. M. S. Evoluo cromossmica e filogenia de quatro espcies de morcegos nectarvoros do novo mundo (Phyllostomidae- Chiroptera). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GENTICA, 46, 2000, guas de Lindia, Genetics and Molecular Biology (Suplement), Ribeiro Preto: Sociedade Brasileira de Gentica, 2000, p.32. RIBEIRO, N. A. B.; NAGAMACHI, C. Y.; PIECZARKA, J. C.; MARQUES- AGUIAR, S.; BARROS, R. M. S. Evidncias da megaevoluo cariotpica em morcegos da espcie Lonchophylla thomasi. In: ENCONTRO BRASILEIRO PARA O ESTUDO DOS QUIRPTEROS, 4, 2003, Porto Alegre, Anais do..., Porto Alegre: PUCRS, 2003a, p.50. RIBEIRO, N. A. B.; NAGAMACHI, C. Y.; PIECZARKA, J. C.; RISSINO, J. D.; GONALVES, A. C. O.; MARQUES- AGUIAR, S.; BARROS, R. M. S. Estudos citogenticos em Micronycteris nicefori (Phyllostomidae), Glossophaga soricina (Glossophaginae) e Lionycteris spurrellii (Lonchophyllinae): uma proposta para um problema filogentico em Phyllostomidae. In: ENCONTRO BRASILEIRO PARA O ESTUDO DOS QUIRPTEROS, 4, 2003, Porto Alegre, Anais do..., Porto Alegre: PUCRS, 2003b, p.51. RIBEIRO, N. A. B.; NAGAMACHI, C. Y.; PIECZARKA, J. C.; RISSINO, J. D.; NEVES, A. C. B.; GONALVES, A.C.O.; MARQUES-AGUIAR, S; ASSIS, M.F.L.; BARROS, R.M.S. Cytogenetic analisys in species of the subfamily Glossopaginae (Phyllostomidae- Chiroptera) supports a polyphyleic origin. Caryologia, v.56, n.1. Firenze: 2003c, p.85- 95. RICK, A. M. Notes on bats from Tikal, Guatemala. Journal of Mammalogy. v.49, Lawrence: 1968, p.516-520. RINEHART, J. B.; KUNZ, T. H. Rhinophylla pumilio. Mammalian species. n.791. New York: 2006, p.1-5. RISKIN, D. K.; FENTON, M. B. Sticking ability in the Spixs disk-winged bat Thryoptera tricolor (Microchiroptera: Thyropteridae). Canadian Journal of Zoology. v.79, Toronto: 2001, p.2261-2267. RIVAS-PAVA, P.; SNCHEZ- PALOMINO, P.; CADENA, A. Estructura trfica de la comunidad de quirpteros en bosques de galera de la serrana de La Macarena (Meta-Colombia). In: Contributions in Mammalogy: A memorial volume Honoring Dr. J. Knox Jones, Jr. Austin: Museum of Texas Tech University. 1996. p.237-248. ROBERTS, A. The mammals of South Africa. Johannesburg :The mammals of South Africa Book Fund. 1951, 700p. RODRIGUES, F. H. G.; REIS, M. L.; BRAZ, V. S. Food habits of the frog-eating bat, Trachops cirrhosus, in Atlantic Forest of Northeastern Brazil. Chiroptera Neotropical. v.10, n.1-2. Braslia: 2004, p.180-182. RODRIGUES, L. R. R.; BARROS, R. M. S.; MARQUES-AGUIAR, S.; ASSIS, M. F. L.; PIECZARKA, J. C.; NAGAMACHI, C. Y. Comparative cytogenetics of two phyllosotmids bats. A new hypotesis tothe origin ofthe rearranged X chromosome from Artibeus lituratus. Caryologia, v.56, n.4. Firenze: 2003, p.413-419. RODRIGUES, L. R. R.; BARROS. R. M. S.; ASSIS, M. F; MARQUES-AGUIAR, S. A.; PIECZARKA, J. C.; NAGAMACHI, C. Y. Chromosome comparison between two species of Phyllostomus (Chiroptera Phyllostomidae) from Eastern Amazonia, with some phylogenetic insights. Genetics and Molecular Biology, v.23, n.3. Ribeiro Preto: 2000, p.595-599. 244 Morcegos do Brasil RODRIGUES, L. R. R.; GONALVES, A. C.; BARROS, R. M. S.; ASSIS, M. F. L.; MARQUES-AGUIAR, S.; PIECZARKA, J. C.; NAGAMACHI, C. Y. Caritipos primitivos: uma comparao entre Phyllostomus discolor e Glossophaga soricina (Chiroptera-Phyllostomidae). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 22, 1998, Recife, Livro de Resumos do..., Recife: UFP, 1998, p.317. RODRGUEZ-H., B.; MONTERO, J. Primer registro de Mimon crenulatum (Chiroptera: Phyllostomidae) en la vertiente Pacfica de Centroamrica. Brenesia. v.55-56, San Jos: 2001, p.145-146. ROSA, A. R.; CARVALHO-FILHO, R. A.; SODR, M. M. Levantamento da quiropterofauna no municpio de Guarulhos, Estado de So Paulo, Sudeste do Brasil. In: I Congresso Sul-americano de Mastozoologia, 2006, Gramado, Livro de Resumos do..., Gramado: 2006, p.55. RUI, A. M.; DREHMER, C. J. Anomalias e variaes na frmula dentria em morcegos do gnero Artibeus Leach (Chiroptera, Phyllostomidae Revista Brasileira de Zoologia. v.21, n.3. Curitiba: 2004, p.639648. RUI, A. M.; FABIAN, M. E.; MENEGHETI, J. O. Distribuio geogrfica e anlise morfolgica de Artibeus lituratus Olfers e de Artibeus fimbriatus Gray (Chiroptera, Phyllostomidae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.16, n.2. Curitiba: 1999, p.447- 460. SAMPAIO, E. M.; KALKO, E. K. V.; BERNARD, E.; RODRGUEZ- HERRERA, B.; HANDLEY JR., C. O. A biodiversity assessment of bats (Chiroptera) in a tropical lowland rainforest of central Amazonia, including methodological and conservation considerations. Studies on Neotropical Fauna and Environment, v.38, n.1. Lisse: 2003, p.17- 31. SANBORN, C. C. The bats of the genus Eumops. Journal of Mammalogy. v.13, n.3. Lawrence: 1932: p.347-357. _______. External characters of the bats of the subfamily Glossophaginae. Zoological Series of Field Museum of Natural History. v.24, n.2. Chicago: 1943, p.271-277. _______. Bats of the genus Micronycteris and its subgenera. Fieldiana Zoology. v.31,Chicago: 1949, p.215-233. SANCHEZ H., J.; OCHOA G., J.; OSPINO, A.. First record of Eumops maurus (Chiroptera: Molossidae) for Venezuela. Mammalia. v.56. Paris: 1992, p.151-152. SANCHEZ-HERNNDEZ, C.; ROMERO-ALMARAZ, M. L.; SCHNELL, G. D. New species of Sturnira (Chiroptera: Phyllostomidae) from northern South America. Journal of Mammalogy. v.86. Lawrence: 2005, p.866 872. SANMARTIN-GAJARDO, I.; SAZIMA, M. Chiropterophily in Sinningiae (Gesneriaceae): Sinningia brasiliensis and Paliavana prasinata are bat-pollinated, but P.sericiflora is not. Not yet? Annals of Botany, v.95, New York: 2005, p.1097-1103. SANTOS, M.; AGUIRRE, L.F.; VZQUEZ, L.B.; ORTEGA, J. Phyllostomus hastatus. Mammalian Species. n.722. New York: 2003, p.1-6. SANTOS, N.; FAGUNDES, V.; YONENAGA-YASSUDA, Y.; SOUZA, M.J. Comparative karyology of brazilian vampire bats Desmodus rotundus and Diphylla ecaudata (Phyllostomidae; Chiroptera): banding patterns, base-especific fluorochromes and FISH of ribosomal genes. Hereditas, v.134, Lund: 2001, p.189- 194. _______. Localization of rRNA genes in Phyllostomidae bats reveals silent NORs in Artibeus cinereus. Hereditas, v.136, Lund: 2002, p.137-143. SANTOS, N.; SOUZA, M.J. Characterization of the constitutive heterocromatin of Carollia perspicillata (Phyllostomidae, Chiroptera) using the base-specific fluorochromes, CMA3 (GC) and DAPI (AT). Caryologia, v.51, Firenze: 1998a, p.51-60. _______. Use of fluorochromes CMA3 and DAPI in the studyof contiutive heterocromatin and NORs in four speciesof bats (Phyllostomidae). Caryologia, v.51, Firenze: 1998b, p.265-278. SO PAULO. Fauna ameaada no Estado de So Paulo. So Paulo: Secretaria do Meio Ambiente Governo do Estado de So Paulo, SMA/CED, 1998, 56p. SAZIMA, I. Observations on the feeding habits of phyllostomatid bats (Carollia, Anoura, and Vampyrops) in southeastern Brazil. Journal of Mammalogy. n.57. Lawrence: 1976, p.381-382. _______. Aspectos do comportamento alimentar do morcego hematfago Desmodus rotundus. Boletim de Zoologia da Universidade de So Paulo. v.3. So Paulo: 1978, p.97-119. SAZIMA, I.; SAZIMA, M. Solitary and Group Foraging: Two Flower-Visiting Patterns of the Lesser Spear-Nosed Bat Phyllostomus discolor. Biotropica. v.9, n.3. Washington: 1977, p.213-215. SAZIMA, I.; VIZOTTO, L. D.; TADDEI, V. A. Uma nova espcie de Lonchophylla da Serra do Cip, Minas Gerais, Brasil (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae). Revista Brasileira de Biologia. v.38, n.1. So Carlos: 1978, p.81-89. SAZIMA, I.; VOGEL, S.; SAZIMA, M. Bat pollination of Encholirium glaziovii, a terrestrial bromeliad. Plant Systematic and Evolution. v.168, Wien: 1989, p.167-179. SAZIMA, M.; BUZATO, S.; SAZIMA, I. Bat pollinated flower assemblages and bat visitors at two Atlantic forest sites in Brazil. Annals of Botany, v.83, n.6. London: 1999, p.705-712. _______. Dyssochroma viridiflorum (Solanaceae): a reproductively bat- dependent epiphyte from the Atlantic Rainforest in Brazil. Annals of Botany, v.92, London: 2003, p.725-730. _______. Polinizao de Vriesea por morcegos no sudeste brasileiro. Revista Bromlia, v.2, n.4. Rio de Janeiro: 1995, p.29- 37. SAZIMA, M.; FABIAN, M. E.; SAZIMA, I. Polinizao de Luehea speciosa (Tiliaceae) por Glossophaga soricina (Chiroptera, Phyllostomidae). Revista Brasileira de Biologia. v.42, So Carlos: 1982, p.505-513. SAZIMA, M.; SAZIMA, I. Additional observations on Passiflora mucronata, the bat-pollinated passion flower. Cincia e Cultura. v. 39, n.3. Campinas: 1987, p.310- 312. _______. Bats visits to Marcgravia myriostigma Tr. et Planch. (Marcgraviaceae) in southeastern Brazil. Flora, v.169, London: 1980, p.84-88. SAZIMA, M.; SAZIMA, I.; BUZATO, S. Nectar by day and night: Siphocampylus sulfureus (Lobeliaceae) pollinated by hummingbirds and bats. Plant Systematics and Evolution. v.191, n.3/4. Wien: 1994, p.237-246. 245 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) SCHMIDT, U.; SCHLEGEL, P.; SCHWEIZER, H.; NEUWEILER, G. Audition in vampire bats, Desmodus rotundus. Journal of Comparative Physiology A: Neuroethology, Sensory, Neural, and Behavioral Physiology v.168, n.1. Berlin:1991, p.45-51. SCHNEIDER, M. Mastofauna. In: ALHO, C. J. R. (Coord.). Fauna silvestre da regio do rio Manso, MT. Braslia: Ministrio do Meio Ambiente, Edies IBAMA, Centrais Eltricas do Norte do Brasil, 2000, p.217-238. SCHUTT, W. A.; MURADALI, E.; MONDOL, N.; JOSEPH, K.; BROCKMANN, K. Behavior and maintenance of captive white-winged vampire bats, Diaemus youngi. Journal of Mammalogy. v.80, n.1. Lawrence: 1999, p.71- 81. SCULLY, W. M. R. A comparative histological examination of scent glands in selected Chiroptera. 77 p. Thesis of Masters of Science - Graduate Programme in Biology. York University, North York, Ontrio, 1977. SCULLY, W. M. R.; FENTON, M. B.; SALEUDDIN, A. S. M. A histological examination of the holding sacs and glandular scent organs of some bat species (Emballonuridae, Hipposideridae, Phyllostomidae, Vespertilionidae, and Molossidae). Canadian Journal of Zoology, v.78, Ottawa: 2000, p.613623. SEABRIGHT, M. A rapid banding technique for human chromosomes. Lancet, v.2, 1971, p.971-972. SEKIAMA, M. L.; REIS, N. R.; PERACHI, A. L.; ROCHA, V. J. Morcegos do Parque Nacional do Iguau, Paran (Chiroptera, Mammalia). Revista Brasileira de Zoologia. v.18, n.3. Curitiba: 2001, p.749- 754. SETZ, E. Z. F. Animals In The Nambiquara Diet: Methods Of Collection And Processing. Journal of Ethnobiology. v.11, n.1. Chapel Hill: 1991, p.1-22. SETZ, E. Z. F.; SAZIMA, I. Bats eaten by Nambiquara indians in Western Brazil. Biotropica. v.19, n.2. Washington: 1987, p.190-190. SHUMP JR., K. A.; SHUMP, A. U. Lasiurus borealis. Mammalian Species. n.183. New York: 1982a, p.1-6. _______. Lasiurus cinereus. Mammalian Species. n.185. New York: 1982b, p.1-5. SICK, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Editor Nova Fronteira, 1997, 862p. SILVA TABOADA, G. Lista de los parasitos hallados en murcilagos cubanos. Poeyanna, seria A, v.12: 1965, p.1-14. _______. Los murcilagos de Cuba. Editorial Academia, Havana: 1979, 423 p. SILVA, A. M.; BARROS, R. M. S.; MARQUES-AGUIAR, S. A.; NAGAMACHI, C. Y. PIECZARKA, J. Comparao cariotpica entre Uroderma magnirostrum e U. bilobatum (cittipo 2n = 42) (Chiroptera: Phyllostomidae). In: Congresso Nacional de Gentica, 46, 2000, guas de Lindia, Genetics and Molecular Biology (Suplement), Ribeiro Preto: Sociedade Brasileira de Gentica, 2000, p.30. SILVA, A. M.; MARQUES-AGUIAR, S. A.; BARROS, R. M. S.; NAGAMACHI, C. Y.; PIECZARKA, J. C. Comparative cytogenetic anlisis in the species Uroderma magnirostrum and U. bilobatum (cytotipe 2n=42) (Phyllostomidae, Stenodermatinae) in the Brasilian Amazon. Genetics and Molecular Biology, v.28, n.2. Ribeiro Preto: 2005, p.248-253. SILVA, F. Trs novas ocorrncias de quirpteros para o Rio Grande do Sul, Brasil (Mammalia, Chiroptera). Iheringia, srie Zoologia. v.43, Porto Alegre: 1975, p.51- 53 _______. Guia para determinao de morcegos: Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1985, 77p. SILVA, S. S. P. ; PERACCHI, A. L. Observao da visita de morcegos (Chiroptera) s flores de Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A Robyns. Revista Brasileira de Zoologia. v.12, n.4. Curitiba: 1995, p.859-865. _______. Visit of bats to flowers of Lafoensia glyptocarpa Koehne (Lythraceae). Revista Brasileira de Biologia. v.59, n.1. So Carlos: 1999, p.19-22. SILVA, S. S. P. ; PERACCHI, A. L.; ARAGO, A. O. Visita de Glossophaga soricina s flores de Bauhinia cupulata Benth (Leguminosae, Caesalpinioidae). Revista Brasileira de Biologia. v.57, n.1. So Carlos: 1996a, p.89-92. SILVA, S. S. P. ; PERACCHI, A. L.; DIAS, D. Visita de Glossophaga soricina (Pallas, 1766) s flores de Eugenia jambos L.(Myrtaceae). Revista Universidade Rural, Srie Cincias da Vida. v.18, n.1-2. Seropdica: 1996b. p.67-71. SIMMONS, N. B. The case for Chiropteran Monophyly. American Museum Novitates. n.3103. New York: 1994, 54 p. _______. A new species of Micronycteris (Chiroptera: Phyllostomidae) from Northeastern Brazil, with comments on phylogenetic relationships. American Museum Novitates. n.3158, New York: 1996, p.1-34. _______. A reappraisal of interfamilial relationships of bats. In: KUNZ, T. H.; RACEY, P. A. (Eds.) Bat: biology and conservation. Washington: Smithsonian Institution Press, 1998, p.3-26. _______. Order Chiroptera. In: WILSON, D. E.; REEDER, D. M. (Eds.). Mammal species of the world: a taxonomic and geographic reference. 3.ed. v.1. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2005, p.312-529. SIMMONS, N. B.; CONWAY, T. M. Phylogenetic relationships of the mormoopid bats (Chiroptera: Mormoopidae) based on morphological data. Bulletin of the American Museum of Natural History. v.258. New York: 2001, p.1-97. SIMMONS, N. B.; GEISLER, J. H. Phylogenetic relationships of Icaronycteris, Archaeonycteris, Hassianycteris and Palaeochiropteryx to extant bat lineages, with comments on the evolution of echolocation and foraging strategies in Microchiroptera. Bulletin of the American Museum of Natural History. v.235. New York: 1998, p.1-182. SIMMONS, N. B.; HANDLEY JR., C. O. A revision of Centronycteris Gray (Chiroptera, Emballonuridae) with notes on natural history. American Museum Novitates. v.3239, New York: 1998, p.1-28. SIMMONS, N. B.; VOSS, R. S. The mammals of Paracou, French Guiana: a neotropical lowland rainforest fauna part 1. Bats. Bulletin of The American Museum of Natural History. v.237. New York: 1998, p.1-219. _______. A new Amazonian species of Micronycteris (Chiroptera: Phyllostomidae), with notes on the roosting habits of sympatric congeners. American Museum Novitates. n.3358, New York: 2002, p.1-14. SIMMONS, N. B.; VOSS, R. S.; 246 Morcegos do Brasil PECKHAM, H. C. The bat fauna of Sul, French Guiana. Acta Chiropterologica. v.2, n.1, Warszawa: 2000, p.23-36. SIMMONS, N. B.; WETTERER, A. L. Phylogeny and convergence in cactophilic bats. In: FLEMMING, T.; VALIENTE- BANUET, A. (Eds.)Evolution, ecology, and conservation of columnar cacti and their mutualists, Tucson: University of Arizona Press. 2002. p.87-121 SIMPSON, G. G. Princpios de Taxonomia Animal. Lisboa : Fundao Calouste Gulbenkian. 1989. SIPINSKI, E. A.; REIS, N. R. Dados ecolgicos dos quirpteros da Reserva Volta Velha, Itapo, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.12, n.3. Curitiba: 1995, p.519-528. SITES JR., J. W.; BICKHAM, J. W.; HAIDUK, M. W. Conservative chromosomal change in the bat family Mormoopidae. Canadian Journal of Genetics and Cytology. v.23, Ottawa: 1981, p.459-467. SLAUGHTER, B. H., WALTON, D. W. About bats: A chiropteran symposium. Dallas: Southern Methodist University Press, 1970, 339 p. SMITH, J. D. Chiropteran evolution. In: BAKER, R. J.; JONES JR., J. K.; CARTER, D. C. (Eds.). Biology of bats of the New World family Phyllostomatidae, part I. Special Publications of the Museum, Texas Tech University. v.10, Lubbock: 1976, p.49-69. SODR, M. M.; ROSA, A. R. Presena de morcegos insetvoros (Mammalia, Chiroptera) em abrigos artificiais, na cidade de So Paulo, Sudeste do Brasil. In: Congresso Sul-Americano de Mastozoologia, I, 2006, Gramado, Livro de Resumos do..., Gramado: 2006, p.57. SODR, M. M.; UIEDA, W. First record of the ghost bat Diclidurus scutatus Peters (Mammalia, Chiroptera, Emballonuridae) in So Paulo city, Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. v.23, n.3. Curitiba: 2006, p.897- 898. SOLARI, S.; BAKER, R. J. Mitochondrial DNA sequence, karyotypic, and morphological variation in the Carollia castanea species complex (chiroptera:Phyllostomidae) with description of a new species. Occasional Papers, Museum of Texas Tech University. n.254. Lubbock: 2006, p.1-16. SOLARI, S.; VAN DEN BUSSCHE, R. A.; HOOFER, S. R.; PATTERSON, B. D. Geographic distribution, ecology, and phylogenetic affinities of Thyroptera lavali Pine 1993 Acta Chiropterologica. v.6. n.2. Warszawa: 2004, p.293302. SOLMSEN, E. H. New world nectar- feeding bats: biology, morphology and craniometric approach to systematics. Bonner Zoologische Monographien. v.44, Bonn: 1998, p.1-118. SORIANO, P. J.; RUIZ, A; NASSAR, J. M. Notas sobre la distribucin e importncia ecolgica de los murcilagos Leptonycteris curasoe y Glossophaga longirostris en zonas ridas andinas. Ecotropicos. v.13, n.2. Caracas: 2000, p.91-95. SOSA, M.; SORIANO, P. J. Resource availability, diet and reproduction in Glossophaga longirostris (Mammalia: Chiroptera) in an arid zone of the Venezuelan Andes. Journal of Tropical Ecology. v.12, n.6. Cambridge: 1996, p.805- 818. SOUSA, M. A. N.; LANGGUTH, A.; GIMENEZ, E. A. Mamferos de Brejos de Altitude Paraba e Pernambuco. In: PORTO, K.; CABRAL, J. J. P. ; TABARELLI, M. (Org.) Brejos de altitude: historia natural, ecologia e conservao. Braslia: Ministrio do Meio Ambiente, 2004. p.229- 254. SOUZA, M. J. Regies organizadoras de nuclolo em seis espcies de morcegos da famla Phyllostomidae. Cincia e Cultura (Suplemento), v.37, Campinas: 1985, p.739- 740. SOUZA, M. J.; ARAJO, M. C. P. Estudo comparativo dos padres de heterocromatina constitutiva em Artibeus jamaicensis e Artibeus cinereus (Chiroptera). Cincia e Cultura (Suplemento). v.38, Campinas: 1987, p.870. _______. Conservative pattern of the G- bands and diversity of C-banding patterns and NORs in Stenodermatinae (Chiroptera-Phyllostomatidae). Revista Brasileira de Gentica. v.13, n.2. Ribeiro Preto: 1990, p.255-268. SOUZA, M. J.; CORREIA, S. I. C. Estudo das RONs em exemplares de Artibeus coletados em Pernambuco (Chiroptera, Phyllostomatidae). Cincia e Cultura (Suplemento). v.36, Campinas: 1984, p.850. STARRETT, A. Cyttarops alecto. Mammalian Species. v.13, New York: 1972, p.1-2. STEVENS, R. D. Untangling latitudinal richness gradients at higher taxonomic levels: familial perspectives on the diversity of New World bat communities. Journal of Biogeography, v.31, Oxford: 2004, p.665- 674. STOCK, A. D. Chromosome banding pattern homology and its phylogenetic implications in the bat genera Carollia and Choeroniscus. Cytogenetics and Cell Genetics. v.14, 1975, p.34-41. STUTZ, W. H.; ALBUQUERQUE, M. C.; UIEDA, W.; MACEDO, E. M.; FRANA, C. B. Updated list of Uberlndia bats (Minas Gerais State, Southeastern Brazil). Chiroptera Neotropical. v.10 n.1-2. Braslia: 2004, p.188-190. SUMNER, A. T. A simple technique for demonstrating centromeric heterochromatin. Experimental Cell Research. v.75, 1972, p.304-306. SWANEPOEL, P.; GENOWAYS, H. H. Morphometrics. In Biology of bats of the New World family Phyllostomidae. Part III BARKER, R. J.; JONES JR., J. K.; CARTER, D. C. (Eds.). Special Publication of the Museu of Texas Tech. University. v.16 Lubbock: 1979, p.13106. TADDEI, V. A. Phyllostomidae (Chiroptera) do Norte-Ocidental do Estado de So Paulo. II - Glossophaginae, Carolliinae, Sturnirinae. Cincia e Cultura. v.27, n.7. Campinas: 1975a, p.723-734. _______. Phyllostomidae (Chiroptera) do Norte-Ocidental do Estado de So Paulo. I - Phyllostominae. Cincia e Cultura. v.27, n.6. So Paulo: 1975b, p.621-632. _______. The reproduction of some Phyllostomidae (Chiroptera) from the northwestern region of the State of So Paulo. Boletim de Zoologia, Universidade de So Paulo. v.1. So Paulo: 1976, p.313-330. _______. Biologia reprodutiva de Chiroptera: perspectivas e problemas. Inter- facies. v.6. So Jos do Rio Preto: 1980, p.1-18. TADDEI, V. A.; GONALVES, C. A.; PEDRO, W. A.; TADEI, W. J.; KOTAIT, I.; ARIETA, C. Distribuio do morcego vampiro Desmodus rotundus no Estado de So Paulo e a raiva dos animais domsticos. Campinas: Impresso Especial da CATI, 1991.107p. TADDEI, V. A.; NOBILE, C. A.; 247 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) MORIELLE-VERSUTE, E. Distribuio Geogrfica e anlise morfomtricas comparativa em Artibeus obscurus (Schinz, 1821) e Artibeus fimbriatus Gray, 1838 (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae). Ensaios em Cincia. v.2., n.2. Campo Grande: 1998, p.71-127. TADDEI, V. A.; PEDRO, W. A. A record of Lichonycteris (Chiroptera: Phyllostomidae) from northeast Brazil. Mammalia. v.57, n.3. Paris: 1993. p.454-456. _______. Micronycteris brachyotis (Chiroptera, Phyllostomidae) from the state of So Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Biologia. v.56, n.2. So Carlos: 1996, p. 217-222. TADDEI, V. A.; SOUZA; S. A.; MANUZZI, J. L. Notas sobre uma coleo de Lonchophylla bokermanni de Ilha Grande, Sudeste do Brasil (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Biologia. v.48, n.4. So Carlos: 1988, p.851-855. TADDEI, V. A.; UIEDA, W. Distribution and morphometrics of Natalus stramineus from South America (Chiroptera, Natalidae). Iheringia, sr. Zool. v.91. Porto Alegre: 2001, p.123-132. TADDEI, V. A.; VIZOTTO, L. D.; MARTINS, M. Notas taxonmicas e biolgicas sobre Molossops brachymeles cerastes (Thomas, 1901) (Chiroptera Molossidae). Naturalia. v.2. So Jos do Rio Preto:1976, p.61-69. TADDEI, V. A.; VIZOTTO, L. D.; SAZIMA, I. Notas sobre Lionycteris e Lonchophylla nas colees do Museu Paraense Emilio Goeldi (Mammalia: Chiroptera: Phyllostomidae). Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, Nova Srie, Zoologia. v.92. Belm: 1978, p.1-14. _______. Uma nova espcie de Lonchophylla do Brasil e chave para identificao das espcies do gnero (Chiroptera, Phyllostomidae). Cincia e Cultura. v.35, n.5. Campinas: 1983, p.625- 629. TAMSITT, J. R.; HUSER, C. Sturnira magna. Mammalian Species. n.240. New York: 1985, p.1-4. TAMSITT, J. R.; VALDIVIESO, D.; HERNANDEZ, J.C. Additional Records of Choeroniscus in Colombia. Journal of Mammalogy. vol.46, n 4, Lawrence: 1965, p.704. TATE, G. H. H. Review of the vespertilionine bats, with special attention to genera and species of the archbold collections. Bulletin of the American Museum of Natural History. v.80, n.47. New York: 1943, p.221-297. TAVARES, V. C.; GREGORIN, R.; PERACCHI, A. L. Sistemtica: a diversidade de morcegos no Brasil. In: PACHECO, S. M.; MARQUES, R. V.; ESBRARD, C. E. L.(Orgs.). Morcegos do Brasil: biologia, sistemtica, ecologia e conservao. no prelo. TAVARES, V. C.; TADDEI, V. A. Range extension of Micronycteris schmidtorum Sanborn 1935 (Chiroptera: Phyllostomidae) to the Brazilian Atlantic forest, with comments on taxonomy. Mammalia. v.67, n.03, Paris: 2003, p.463- 467. TEIXEIRA, S. C.; PERACCHI, A. L. Morcegos do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Rio de Janeiro, Brasil (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Zoologia. v.13, n.1. Curitiba: 1996, p.61-66. TEJEDOR, A. First record of Saccopteryx canescens (Chiroptera: Emballonuridae) for Southeastern Peru. Chiroptera Neotropical. v.9, n.1-2. Braslia: 2003, p.163-164. _______. A new species of funnel-eared bat (Natalidae: Natalus) from Mexico. Journal of Mammalogy. v.86, n.6. Lawrence: 2005, p.1109-1120. THEODOR, O. An illustrated catalogue of the Rothschild Collection of Nycteribiidae (Diptera) in the British Museum (Natural History), with keys and shorts descriptions for the identification of subfamilies, genera, species and subspecies. British Museum (Natural History) Publication. v. 665. 1967, p.1-506. THIES, W.; KALKO, E. K. V. Phenology of neotropical pepper plants (Piperaceae) and their association with their main dispersers, two short-tailed fruit bats, Carollia perspicillata and C. castanea (Phyllostomidae). Oikos n.104. London: 2004, p.362376. THOMAS, M. Carollia brevicauda. In: Bocas del Toro Species Databases, Smithsonian Tropical Research Institute. Disponvel em: <http://striweb.si.edu/bocas_database/ details.php?id=1766>. Acesso em: 30 out. 2006a. _______. Carollia castanea. In: Bocas del Toro Species Databases, Smithsonian Tropical Research Institute. Disponvel em: <http://striweb.si.edu/bocas_database/ details.php?id=1767>. Acesso em: 30 out. 2006b. THOMAS, O. New Neotropical Chrotopterus, Sciurus, Neacomys, Coendou, Proechimys, and Marmosa. Annals and Magazine of Natural History. v.7, n.16, London: 1905, p.308-314. _______. Notes on bats of the genus Histiotus. Annals and Magazine Natural History. S.8. London: 1916, p.272-276. TIMM, R. M. Tent construction by the bats of the genera Artibeus and Uroderma. Fieldiana Zoology (New Series). v.39. Chicago: 1987, p.187-212. TIRANTI, S. I. The karyotype of Myotis levis dinelli (Chiroptera; Vespertilionidae) from South America. Texas Journal Science, v.48, n.2. Lubbock: 1996, p.143-146. TIRIRA, D. Mamferos del Ecuador, Diversidad: Cynomops paranus (Thomas, 1901) . Pgina en internet (Enero 2006). Versin 1.1. Ediciones Murcilago Blanco. Quito.<http://www.terraecuador.net / mamiferosdelecuador/diversidad.htm> Acesso:23/01/2007. TOLEDO, L. A. Estudos citogenticos em morcegos brasileiros (Mammalia: Chiroptera). Tese de doutorado, Faculdade de Cincias Mdicas e Biolgica de Botucatu, USP, Botucatu. 1973. TRAJANO, E. New records of bats from southeastern Brazil. Journal of Mammalogy. v.63, n.3. Lawrence: 1982, p.529. _______. Ecologia de populaes de morcegos caverncolas em uma regio crstica do Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v.2. n.5. Curitiba: 1984, p.255- 320. TRAJANO, E.; GIMENEZ, E. A. Bat community in a cave from eastern Brazil, including a new record of Lionycteris (Phyllostomidae, Glossophaginae). Studies on the Neotropical Fauna and Environment, v.33, n.2/3. Lisse: 1998, p.69-75. TSCHAPKA, M. Energy density patterns of nectar resources permit coexistence within a guild of Neotropical flower- visiting bats. Journal of Zoology. n.263. London: 2004, p.7-21. _______. Reproduction of the bat Glossophaga commissarisi (Phyllostomidae: Glossophaginae) in the Costa Rican forest 248 Morcegos do Brasil during frugivorous and nectarivorous periods. Biotropica, v.37. n.3. Washington: 2005, p.409-415. TSCHAPKA, M.; DRESSLER, S. Chiropterophily: on bat-flowers and flower-bats. Curtiss Botanical Magazine, ser. 6, v.19, n.2. London: 2002, p.114-125. TSCHAPKA, M.; Von HELVERSEN, O; BARTHLOTT, W. Bat pollination of Weberocereus tunilla, an epiphytic rain forest cactus with functional flagelliflory. Plant Biology, v.1, Stuttgart: 1999, p.554-559. TUCKER, P. K. Sex chromosome- autosome translocations in the leaf-noased bats, family Phyllostomidae. I. Mitotic analyses of the subfamilies Stenodermatinae and Phyllostominae. Cytogenetics and Cell Genetics. v.43,1986, p.19- 27. TUCKER, P. K.; BICKHAM, J.W. Sex chromosome-autosome translocations in the leaf-nosed bats, family Phyllostomidae. Cytogenetics and Cell Genetics. v.43, 1986, p.28-37. TURNER, D. C. The vampire bat. A field study in behavior and ecology. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1975, 145p. TUTTLE, M. D. Distribution and zoogeography of Peruvian bats, with comments on natural history. The University of Kansas, Science Bulletin, v.49. n.2. Lawrence: 1970, p.45-86. TUTTLE, M. D.; RYAN, M. J. Bat predation and the evolution of frog vocalizations in the Neotropics. Science. v.214. Washington: 1981. p.677-678. TWENTE, J. W. Ecological observations on a colony of Tadarida mexicana. Journal of Mammology , v.37 n.1 Lawrence: 1956, p.42-47. UIEDA, W. Comportamento alimentar do morcego hematfago, Diaemus youngi, em aves domsticas. Revista Brasileira de Biologia. v.53, n.4. So Carlos: 1993, p.529- 538. UIEDA, W.; HAYASHI, M. M. Unusual food item of the Lesser Spear-nosed bat, Phyllostomus discolor. Bat Research News. v.37, n.2/3. Bloomington: 1996, p.37-38. UIEDA, W.; HAYASHI, M. M.; GOMES, L. H.; SILVA, M. M. S. Espcies de quirpteros diagnosticadas com raiva no Brasil. Boletim do Instituto Pasteur. v.2, n.1.So Paulo: 1996.17-36. UIEDA, W.; SAZIMA, I.; STORTI- FILHO, A. Aspectos da biologia do morcego Furipterus horrens. Revista Brasileira de Biologia. v.40. n.1. So Carlos: 1980, p.59-66. UIEDA, W.; TADDEI, V. A. Ocorrncia de Molossops brachymeles mastivus Thomas, 1911, no Brasil (Chiroptera, Molossidae). Zoo Intertropica, v.8. So Jose do Rio Preto: 1980, p.1-8. VAN DEN BUSSCHE, R. A.; BAKER, R. J.; HUELSENBECK, J. P. ; HILLIS, D.M. Base Compositional Bias and Phylogenetic Analyses: A Test of the Flying DNA Hypothesis. Molecular Phylogenetics and Evolution v.13. n.3. New York: 1998, p.408416, VAN DEN BUSSCHE, R. A.; HOOFER, S. R.; SIMMONS, N. B. Phylogenetic relationships of mormoopid bats using mitochondrial gene sequences and morphology. Journal of Mammalogy. v.83. Lawrence: 2002, p.40-48. VAN DER STRICH, O. 1910 apud BOVEY, R. Les chromosomes des chiropteres et des insectivores. Revue Suisse de Zoologie, v. 6, Genve: 1949, p.375-460. VAN DEUSEN, H. M. Yellow bat collected over South Atlantic. Journal of Mammalogy, v.42. Lawrence: 1961, p.530-531. VARELA, E. A.; VACCARO, O. B.; TRMOUILLES, E. R. 2004. Quirpteros de la ciudad de Buenos Aires y la provncia de Buenos Aires, Argentina. Part II. Revista del Museo Argentino de Ciencias Naturales. v.6, n.1. Buenos Aires: 2004, p.183-190. VARELLA-GARCIA, M.; MORIELLE- VERSUTE, E.; TADDEI, V. A. A survey of cytogenetic data on brazilian bats. Revista Brasileira de Gentica. v.12, n.4. Ribeiro Preto: 1989, p.761-793. VARELLA-GARCIA, M.; TADDEI, V. A. Anlise cariotpica em Chiroderma doriae (Chiroptera, Phyllostomidae). Cincia e Cultura (Suplemento), v.37, Campinas: 1985, p.790. _______. Citogentica de quirpteros: Mtodos e aplicaes. Revista Brasileira de Zoologia. v.6, n.2. Curitiba: 1989, p.297-323. VAUGHAN, T. A.; RYAN, J. M.; CZAPLEWSKI, N. J. Mammalogy. 4th ed. USA: Thompson Learning, Inc, 2000, 565 p. VEHRENCAMP S. L.; STILES, F. G.; BRADBURY, J. W. Observations on the foraging behavior and avian prey of the neotropical carnivorous bat, Vampyrum spectrum. Journal of Mammalogy. v.58,Lawrence: 1977, p.469-478. VELAZCO, P. M. Filogenia de murcilagos del gnero Platyrrhinus Saussure, 1860 (Chiroptera: Phyllostomidae) con la descripcin de cuatro nuevas especies. Fieldiana, Zoology (New Series). n.105. Chicago: 2005, p.1-53. VICENTE. E. C.; PEDRO, W. A.; ZORTA, M.; TADDEI, V. A. Distributional extension and morphometrics of Platyrrhinus recifinus (Chiroptera, Phyllostomidae), with comments on taxonomy. Revista Brasileira de Zoologia. Curitiba:no prelo. VIEIRA, C. O. C. Ensaio monogrfico sobre os quirpteros do Brasil. Arquivos de Zoologia do Estado de So Paulo v.3, n.8. So Paulo: 1942, p.1-471. _______. Sobre uma coleo de mamferos do Estado de. Alagoas. Arquivos de Zoologia do Estado de So Paulo. v.8, So Paulo: 1953, p.209-222. _______. Lista remissiva dos mamferos do Brasil. Arquivos de Zoologia do Estado de So Paulo. v.8, n.2. So Paulo: 1955, p.341- 464. VIEIRA, M. F.; CARVALHO-OKANO, R. M. Pollination Biology of Mabea fistulifera (Euphorbiaceae) in Southeastern Brazil. Biotropica. v.28, n.1. Washington: 1996, p.61-68. VILAMIU, R. P; CORRA, M. M; PESSOA, L. M. Descrio cariotpica de Noctilio albiventris (Noctilionidae) da RPPN SESC-MT. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 24, 2002, Itaja, Livro de Resumos do..., Itaja: Ed. Berger, 2002, p.510. VILLA-R., B. Los murcilagos de Mxico. Mxico: Instituto de Biologia, Universidade Nacional Autnoma de Mxico, 1966, 491p. VIZOTTO, L. D.; RODRIGUES, V.; DUMBRA, A. J. Sobre ocorrncia e dados biomtricos de Pteronotus (Pteronotus) gymnonotus (Natterer, in Wagner, 1843), no Estado do Piau (Chiroptera- Mormoopidae). Revista Nordestina de Biologia. v.3 (especial).Recife: 1980, p.246- 247. VIZOTTO, L. D.; TADDEI, V. A. Chave 249 Referncias bibliogrficas Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. (Eds.) para determinao de quirpteros brasileiros. Revista da Faculdade de Filosofia Cincias e Letras So Jos do Rio Preto - Boletim de Cincias. n.1. So Jos do Rio Preto: 1973. p.1-72. _______. Notas sobre Molossops temminckii temminckii e Molossops planirostris (Chiroptera-Molossidae). Naturalia. v.2. So Jose do Rio Preto: 1976 p.47-59. VOGEL, S. Chiropterophilie in der neotropischen Flora. Neue Mitteilungen III, II. Spezieller Teil (Fortsetzung). Flora, Abt. B. v.158. Jena: 1969, p.289-323. VOIGT, C. C.; STREICH, W. J. Queuing for harem access in colonies of the greater sac-winged bat. Animal Behaviour, v.65, London: 2003, p.149-156. VOIGT, C. C.; Von HELVERSEN, O. Storage and display of odour by male Saccopter yx bilineata (Chiroptera, Emballonuridae). Behavioral Ecology and Sociobiology, v.47, New York: 1999, p.29- 40. VOLLETH, M.; KLETT, C.; KOLLAK, A.; DIXKENS, C.; WINTER, Y.; JUST, W.; VOGEL, W.; HAMEISTER, H. ZOO-FISH analysis in a species of the order Chiroptera: Glossopaga soricina (Phyllostomidae). Chromosome Research, v.7, Dordrecht: 1999, p.57-64. VON HELVERSEN, D.; VON HELVERSEN, O. Acoustic guide in bat- pollinated flower. Nature, v.398, London: 1999, p.759-760. VON HELVERSEN, O.; WINKLER, L.; BESTMANN, H. J. Sulphurcontaining perfumes attract flower visiting bats. Journal of Comparative Physiology, A, v.186, New York: 2000, p.143-153. VONHOF, M. J. Rhogeessa tumida. Mammalian Species. n.633. New York: 2000, p.1-3. VONHOF, M. J.; WHITEHEAD, H.; FENTON, M. B. Analysis of Spixs disc- winged bat association patterns and roosting home ranges a novel social structure among bats. Animal Behaviour. v.68. Bloomington: 2004, p.507- 521. VOSS, R. S.; EMMONS, L. H. Mammalian diversity in neotropical lowland rainforests: a preliminary assessment. Bulletin of the American Museum of Natural History. v.230. New York: 1996, p.1-115. VOSS, W. A. Ensaio de lista sistemtica dos mamferos do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista da Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de So Leopoldo. n.25. So Leopoldo: 1973, p.1-36. WAINBERG, R. L. Cytotaxonomy of South American Chiroptera. Archives de Biologie (Lige), v.77, Paris:1966, p.411-423. WARNER, J. W.; PATTON, J. L.; GARDNER, A. L.; BAKER, R. J. Karyotypic analysis of twenty-one species of molossid bats (Molossidae: Chiroptera). Canadian Journal of Genetics and Cytology. v.16, Ottawa: 1974, p.165-176. WATKINS, L. C.; JONES JR., J. K.; GENOWAYS, H. H. Bats of Jalisco, Mexico. Special Publications, The Museum, Texas Tech University. v.1. Lubbock: 1972, p.1-44. WEBSTER, D.; OWEN, R. D. Pygoderma bilabiatum. Mammalian Species. n.220. New York: 1984, p.1-3. WEBSTER, W. D. Systematics and evolution of bats of the genus Glossophaga. Special Publications, The Museum, Texas Tech University. v.36, n.1 Lubbock : 1993, p.1- 184. WEBSTER, W. D.; HANDLEY JR., C. O.; SORIANO, P. J. Glossophaga longirostris. Mammalian Species. v.576, New York: 1998, p.1-5. WEINBEER, M.; KALKO, E. K. V. Morphological characteristics predict alternate foraging strategy and microhabitat selection in the orange-bellied bat, Lampronycteris brachyotis. Journal of Mammalogy. v.85, n.6. Lawrence: 2004, p.1116-1123. WENDT, T.; CANELA, M. B. F.; OLIVEIRA, A. P. G.; RIOS, R. I. Reproductive Biology and natural hybridization between two endemic species of Pitcairnia (Bromeliaceae). American journal of Botany, v.88, n.10. Columbus: 2001, p.1760-1767. WETTERER, A. L.; ROCKMAN, M. V.; SIMMONS, N. B. Phylogeny of phyllostomid bats (Mammalia, Chiroptera): data from diverse morphological systems, sex chromosomes, and restriction sites. Bulletin of the American Museum of Natural History. v.248. New York: 2000. p.1-200. WHITAKER JR., J. O.; FINDLEY, J. S. Foods eaten by some bats from Costa Rica and Panama. Journal of Mammalogy. v.61, n.3. Lawrence: 1980, p.540-544 WILKINS, T. K. Tadarida brasiliensis. Mammalian Species. v.331. New York: 1989 p.1-10. WILKINSON, G. The social organization of the common vampire bat. Behavioral Ecology and Sociobiology v.17. n.2. Berlin: 1985, p.111-122. _______. Social grooming in the common vampire bat, Desmodus rotundus. Animal Behaviour. v.34. n.6. Bloomington: 1986, p.1880-1889. WILLIAMS, D. F. Taxonomic and karyologic comments on small brown bats, genus Eptesicus, from South America. Annals of Carnegie Museum. v.47, Pittsburg: 1978, p.361-383. WILLIAMS, D. F.; MARES, M. A. Karyological affinities of the South American big-eared bat, Histiotus montanus (Chiroptera, Vespertilionidae). Journal of Mammalogy. v.59, Lawrence:1978, p.844-846. WILLIAMS, S. L.; GENOWAYS, H. H. Results of the Alcoa Foundation Suriname Expeditions. II. Additional records of bats (Mammalia: Chiroptera) from Suriname. Annals of the Carnegie Museum of Natural History. v.49, n.15. Pittsburg:1980a, p.213-236. _______. Results of the Alcoa Foudation-Suriname Expedition. IV. A new species of bat of the genus Molossops (Mammalia: Molossidae). Annals of Carnegie Museum. v.49 n.25. Pittsburg: 1980b, p.487-498. WILLIAMS, S. L.; WILLIG, M.R.; REID, F. A. Review of the Tonatia bidens complex (Mammalia: Chiroptera), with descriptions of two new subspecies. Journal of Mammalogy. v.76, n.2. Lawrence: 1995, p.612-626. WILLIG, M. R. Composition, microgeographic variation, and sexual dimorphism in Caatingas and Cerrado bat communities from northeast Brazil. Bulletin of the Carnegie Museum of Natural History. v.23, Pittsburg: 1983, p.1-131. _______. Reproductive activity of female bats from Northeast Brazil. Bat Research News. v.26. Bloomington: 1985a, p.17-20. _______. Reproductive patterns of bats from Caatingas and Cerrado biomes of 250 Morcegos do Brasil Northeast Brazil. Journal of Mammalogy. v.66. Lawrence: 1985b. p.668-681. WILLIG, M. R.; CAMILO, G. R.; NOBILE, S. J. Dietary overlap in frugivorous and insectivorous bats from edaphic cerrado habitats of Brazil. Journal of Mammalogy. v.74, n.1. Lawrence: 1993, p.117-128. WILLIG, M. R.; HOLLANDER, R. R. Vampyrops lineatus. Mammalian Species. n.275. New York: 1987, p.1-4. WILLIG, M. R.; MARES, M.A. Mammals from the caatinga: an updated list and summary of recent research. Revista Brasileira de Biologia. v.49. n.2. So Carlos: 1989, p.361- 367. WILLIS, K. B.; WILLIG, M. R.; JONES JR, J. K Vampyrodes caracioli. Mammalian Species. n.359. New York: 1990, p.1-4. WILSON, D. E. Food habits of Micronycteris hirsuta (Chiroptera: Phyllostomidae). Mammalia. v.35, Paris: 1971a, p.107-110. _______. Ecology of Myotis nigricans (Mammalia: Chiroptera) on Barro Colorado Island, Panama Canal Zone. Journal of Zoology. v.163. London: 1971b, p.1-13. _______. Bat Faunas: A Trophic comparison. Systematic Zoology. v.22. n.1. London: 1973, p.14-29. _______. Reproductive patterns. In: BAKER, R. J.; JONES JR, J. K.; CARTER, D. C. (Eds.). Biology of bats of the new world family Phyllostomatidae Part. I., Special Publication Museum Texas Tech University. v.13. Lubbock: 1977. _______. Thyroptera discifera. Mammalian Species. n.104. New York: 1978, p.1-3. _______. Reproductive patterns. In: BAKER, R.J.; JONES JR. J.K.,; CARTER, D.C. (Eds.). Biology of bats of the New World Family Phyllostomatidae. Part III. Special Publications Museum, Texas Tech University. v.16. Lubbock:1979, p.317-378, WILSON, D. E.; ASCORRA, C. F.; SOLARI-T., S. Bats as indicators of habitat disturbance. In: WILSON, D. E.; SANDOVAL, A. (Eds). Manu: The biodiversity of southeastern Peru. Washington: Smithsonian Institution Press, 1996. p.613-625. WILSON, D. E.; FINDLEY, J. S. Reproductive cycle of a Neotropical insectivorous bat, Myotis nigricans. Nature. v.225, n.5238. London: 1970, p. 1155. _______. Spermatogenesis in some Neotropical species of Myotis. Journal of Mammalogy. v.52, n.2. Lawrence: 1971, p.420-426. _______. Thyroptera tricolor. Mammalian Species. n.104. New York: 1977, p.1-3. WILSON, D. E.; LaVAL, R. K. Myotis nigricans. Mammalian species. n.39. New York: 1974, p.1-3. WILSON, D. E.; REEDER, D. M. (Eds.). Mammal species of the World:a taxonomic and geographic reference. 3.ed. v.1. Baltimore:Johns Hopkins University Press, 2005, 2181p. WINTER, Y.; LPEZ, J.; VON HELVERSEN, O. Ultraviolet vision in a bat. Nature, v.425, London: 2003, p.612- 614. WINTER, Y.; Von HELVERSEN, O. Operational tongue length in phyllostomid nectar-feeding bats. Journal of mammalogy v.84, n.3. Lawrence: 2003, p.886-896. WOODMAN, N.; TIMM, R. M. Characters and phylogenetic relationships of nectar-feeding bats, with descriptions of new Lonchophylla from western South America (Mammalia: Chiroptera: Phyllostomidae: Lonchophyllini). Proceedings of the Biological Society of Washington. v.119, n.4. Washington: 2006, p.437-476. YALDEN, D. W.; MORRIS, P. A. The lives of bats. London: Red Wood Burn, 1975. 247 p. YONENAGA, Y. Estudos cromossmicos em espcies de Chiroptera. Cincia e Cultura. v.20, n.2. Campinas: 1968, p.172. YONENAGA, Y.; FROTA-PESSOA, O; LEWIS, K. R. Karyotypes of seven species of Brazilian bats. Caryologia, v.22, Firenze: 1969, p.63-78. YONENAGA-YASSUDA, Y. Variabilidade das regies organizadoras de nuclolos nos roedores. Cincia e Cultura. v.37, n.3. Campinas: 1985, p.453-456. ZHUANG, Q.; MLLER, R. Noseleaf furrows in a horseshoe bat act as resonance cavities shaping the biosonar beam. Physical Review Letters. v.24, n.97. New York: 2006, p.218701-1 - 218701-4. ZORTA, M. Folivory in Platyrrhinus (Vampyrops) lineatus (Chiroptera: Phyllostomidae). Bat Research News. v.39. n.3-4. Bloomington: 1993, 59-60. _______. Observations on tent-using in the Carollinae bat Rhinophylla pumilio in southeastern Brazil. Chiroptera Neotropical. v.1, n.1. Brasilia: 1995, p.2-4. _______. Diversidade e organizao de uma taxocenose de morcegos do cerrado brasileiro. 129 p.Tese (Doutorado) - Universidade Federal de So Carlos, So Carlos, 2002. _______. Reproductive patterns and feeding habits of three nectarivorous bats (Phyllostomidae: Glossophaginae) from the brazilian Cerrado. Brazilian Journal of Biology, v.63, n.1. So Carlos: 2003, p.159- 168. ZORTA, M.; AGUIAR, L. M. S. Conservao dos morcegos brasileiros. In: PACHECO, S. M.; MARQUES, R. V.; ESBRARD, C. E. L. (Orgs.).Morcegos do Brasil: Biologia, Sistemtica, Ecologia e Conservao. no prelo. ZORTA, M.; ALVES DE BRITO, B. F. Tents used by Vampyressa pusilla (Chiroptera: Phyllostomidae) in southeastern Brazil. Journal of Tropical Ecology. v.16, n.3. Cambridge: 2000, p.475-480. ZORTA, M.; CHIARELLO, A. G. Observations on the big fruit-eating bat, Artibeus lituratus in an urban reserve of south east Brazil. Mammalia. v.58, n.4. Paris: 1994, p.665-670. ZORTA, M.; GREGORIN, R.; DITCHFIELD, A. D. Lichonycteris obscura from Esprito Santo State, southeastern Brazil. Chiroptera Neotropical. v.4, n.2. Braslia: 1998, p.95-96. ZORTA, M.; MENDES, S. L. Folivory in the big fruit-eating bat, Artibeus lituratus (Chiroptera: Phyllostomidae) in eastern Brazilian. Journal of Tropical Ecology. v. 9. Cambridge: 1993, p.117-120. ZORTA, M.; TADDEI, V. A. Taxonomic status of Tadarida espiritosantensis Ruschi, 1951 (Chiroptera: Molossidae). Boletim do Museu de Biologia Mello Leito, n. ser.,v.2. Santa Teresa: 1995, p.15-21. ZORTA, M.; TOMAZ, L. A. G. Two new bat records for the Cerrado of Central Brazil. Chiroptera Neotropical. v.12, n.2. Braslia: (no prelo). 251 ndice ndice A Acanceh 17 alta freqncia 19 Amaznia 18 Ametrida centurio 108; 204; 213 Anatrichobius passosi 170; 189; 190; 194 andir 17 Anoura caudifer 46; 147; 192; 204; 212 Anoura geoffroyi 47; 147; 204 Antibiticos 199 Artibeus anderseni 109 Artibeus cinereus 109; 205 Artibeus concolor 110; 205 Artibeus fimbriatus 110 Artibeus glaucus 111 Artibeus gnomus 111 Artibeus jamaicensis 147; 205; 213; 214 Artibeus lituratus 111; 192; 205 Artibeus obscurus 112; 205 Artibeus planirostris 113; 205; 214 Asio stygius 181; 187 B bandeamento 202 Bandeamento Ag-NOR 203 Bandeamento C 202 Bandeamento G 202 Bandeamento Q 203 Barticonycteris 65 Basilia anceps 193 Basilia andersoni 187; 189 Basilia carteri 169 Basilia currani 194 Basilia ferruginea 176 Basilia ortizi 171 Basilia plaumanni 173 C caninos 22 caritipos 198 carnvoros 20 Carollia benkeithi 100; 205 Carollia brevicauda 100; 205; 215 Carollia castanea 101 Carollia perspicillata 63; 101; 147; 192; 205 Carollia subrufa 103 Carolliinae 99 Cecropia 91 Ceiba pentandra 97 Centronycteris maximiliani 28; 210 Centurio senex 205 Cerrado 18 Chiroderma doriae 113; 205 Chiroderma trinitatum 114; 205 Chiroderma villosum 115; 205 Chiroptera 17 Chiroptonyssus haematophagus 187 Choeroniscus minor 48; 206; 213 Chrotopterus auritus 62; 63; 147; 206; 212 Colchicina 198199 Colorao convencional 202 Cormura brevirostris 28; 29; 102; 104; 138; 210 Cretceo 19 cromossomos metafsicos 197; 198 cspides 22 Cynomops abrasus 210 Cynomops greenhalli 210 Cynomops planirostris 210 Cyttarops alecto 29; 210 D dentes permanentes 22 dentio de leite 22 Dermoptera 19 deslocamentos cntricos 198 Desmodontinae 39 Desmodus 40 Desmodus rotundus 39; 40; 41; 43; 147; 180; 192; 206; 215 Diaemus youngi 39; 41; 206 Diclidurus 20 Diclidurus albus 30 Diclidurus ingens 30 Diclidurus isabellus 31 Diclidurus scutatus 31 Didelphimorphia 20 Diphylla 42 Diphylla ecaudata 39; 42; 43; 147; 192; 206; 215 E ecolocalizao 18; 19 Enchisthenes hartii 115; 206; 213 Eptesicus andinus 168; 223 Eptesicus brasiliensis 168; 170; 192; 209 Eptesicus chiriquinus 170 Eptesicus diminutus 170; 171; 209 Eptesicus furinalis 171; 183; 189; 209 Eptesicus fuscus 172; 209 Eptesicus melanops 168 Eptesicus taddeii 174; 223 Erythrina crista-galli 171 espcie polistrica 40 espcies hematfagas 39 Eumops abrasus 192 Eumops auripendulus 210 Eumops glaucinus 211 Eumops patagonicus 189 Eumops perotis 211; 217 Eutipotyphla 18 F Fermento glicosado 199 fisso cntrica 198 folha nasal 19 formao Green River 19 frugvoros 21 fungizona 199 fungo patognico 23 Furipterus horrens 19; 137; 210 fuso cntrica 198 G Galeopithecus 20 Glishropus nanus 139 Glossophaga commissarisi 50 Glossophaga longirostris 50; 206 Glossophaga soricina 51; 63; 147; 206; 213 Glyphonycteris behnii 64 Glyphonycteris daviesi 65; 66; 206 Glyphonycteris sylvestris 66 guandira 17 guandiruu 17 guano 23 Gurania spinulosa 91 H Hectopsylla pulex 187 hematfagos 21; 22 hibernao 23 hipotermia 23 hipotonizao 198 Histiotus alienus 183; 184 Histiotus macrotus 184 252 Morcegos do Brasil Histiotus montanus 184; 185; 194; 209 Histiotus velatus 186; 187; 209 Histoplasma capsulatum 23 histoplasmose 23 I Icaronycteris index 19 incisivos 22 Insetivora 20 insetvoros 21; 22 inverses pericntricas 198 L Lampronycteris brachyotis 67; 68; 206 Lasiurus blossevillii 175; 176 Lasiurus cinereus 177; 209 Lasiurus ebenus 178 Lasiurus ega 179; 180; 209 Lasiurus egregius 181 Lecythis spp. 91 Lichonycteris obscura 52; 206 Lionycteris spurrelli 54; 147; 206; 213 Lonchophylla bokermanni 55 Lonchophylla dekeyseri 56 Lonchophylla mordax 57; 147 Lonchophylla thomasi 58; 206; 213 Lonchorhina aurita 68; 69; 192; 206 Lonchorhina inusitata 69; 92 Lonchorrhina aurita 147 Lophostoma brasiliense 70; 71; 79; 206 Lophostoma carrikeri 71; 206 Lophostoma schulzi 72; 207 Lophostoma silvicolum 73 Lophostoma silviculum 207 M Macronyssus crosbyi 194 Macrophyllum macrophyllum 74; 147; 207 Macrotus waterhousii 211; 212 Mata Atlntica 18 Mauritia flexuosa 189 Megachiroptera 18 Megistopoda aranea 187; 191 Meio de cultura 199 Mesophylla macconnelli 116; 207 micose pulmonar 23 micoses 23 Microchiroptera 18; 19 Micronycteris brosseti 75 Micronycteris hirsuta 76; 207 Micronycteris homezi 78 Micronycteris matses 79 Micronycteris megalotis 79; 147; 207 Micronycteris microtis 80 Micronycteris minuta 81; 147; 207 Micronycteris sanborni 82 Micronycteris schmidtorum 83 migrao 23 Mimon bennettii 84; 192; 207 Mimon crenulatum 85; 207 molares 22 Molossops abrasus 217 Molossops planirostris 211 Molossops temminckii 211 Molossus bondae 183 Molossus coibensis 158 Molossus currentium 158 Molossus molossus 170; 189; 193; 211; 217 Molossus rufus 211; 217 monoestra 18 monoestros 22 monofiletismo 18 morcego-vampiro 17 morcegos hematfagos 39 Mormoopidae 129 Myiopsitta monachus 180 Myodopsylla wolffsohni 190; 191 Myotis albescens 188; 189; 192; 209 Myotis bocagei 139 Myotis levis 189 Myotis levis dinellii 204; 209 Myotis levis levis 209 Myotis nigricans 170; 183; 187; 189; 190; 192; 193; 209 Myotis riparius 192; 209 Myotis ruber 193; 194; 210 Myotis simus 194; 195; 210 Myzopoda aurita 139 N Natalidae 145 Natalus stramineus 145; 210 Neonycteris pusilla 85 Noctilio albiventris 133; 183; 210; 216 Noctilio leporinus 134; 210 nycteris 17 Nyctinomops laticaudatus 211; 217 O obteno de cromossomos 203 onvoros 22 ornamentaes nasais 19 Ornithodoros mimon 169 Ornithodoros talage 187 P Palaeochiropterys tupaiodon 19 Paleoceno 18 Pantanal 18 Paratrichobius longicrus 191 Peropteryx kappleri 32; 147 Peropteryx leucoptera 32 Peropteryx macrotis 32; 63; 147; 192; 210 Petaurus 20 Phylloderma stenops 86; 147; 207; 212 Phyllostomus discolor 87; 88; 89; 207; 212 Phyllostomus elongatus 87; 89; 207 Phyllostomus hastatus 86; 90; 91; 192; 207; 213; 214 Phyllostomus latifolius 87; 91; 207 piscvoros 22 Platyrrhinus brachycephalus 117; 207 Platyrrhinus helleri 117; 207 Platyrrhinus infuscus 118; 207 Platyrrhinus lineatus 118; 147; 207; 214 Platyrrhinus recifinus 119 Plecotus velatus 183 poliestria assazonal 18 poliestros 22 polifiletismo 18 polinvoros 22 Promops centralis 211 Promops davisoni 192 Promops nasutus 211 Pteromys 20 Pteronotus davyi 129; 210 Pteronotus gymnonotus 130; 147; 210 Pteronotus parnellii 131; 147; 210 Pteronotus personatus 131; 210 Pteropodidae 18 Pteropus vampyrus 18 Pygoderma bilabiatum 120; 208; 213 R raiva 21; 40 raposas-voadoras 18 Rhinophylla fischerae 103; 208 Rhinophylla pumilio 104; 208; 216 Rhogeessa hussoni 182 Rhogeessa io 182; 183 Rhogeessa tumida 181; 182 Rhynchonycteris naso 33; 210 Rodentia 19; 20 S Saccopteryx bilineata 34; 210 Saccopteryx canescens 35; 210 Saccopteryx gymnura 35 Saccopteryx leptura 35; 210 Scleronycteris ega 53 semi-torpor 23 253 ndice Soluo fixadora de Carnoy 199 Soluo hipotnica 199 Soro fetal bovino 199 Sphaeronycteris toxophyllum 121; 208 Stenodermatinae 107 Sturnira bidens 121; 208 Sturnira lilium 121; 208; 214 Sturnira magna 122; 208 Sturnira tildae 123; 208 T Tadarida brasiliensis 189; 192; 194; 211; 217 Tcnicas de colorao 202 Thyroptera devivoi 140 Thyroptera discifera 140; 210 Thyroptera lavali 141 Thyroptera tricolor 142; 210 Thyropteridae 139 Tonatia bidens 70; 92; 147; 208 Tonatia brasiliense 70 Tonatia minuta 71 Tonatia saurophila 93; 95 Tonatia saurophyla 208 torpor 18 Trachops cirrhosus 94; 208 tragus 18 translocaes recprocas desiguais 198 Trinycteris nicefori 64; 95; 208 U ultrassons 19 Uroderma bilobatum 123; 208 Uroderma magnirostrum 124; 209 uropatgio 18 V vacina anti-rbica 21 Vampyressa bidens 125; 209 Vampyressa brocki 125; 209 Vampyressa pusilla 126; 209 Vampyressa thyone 126 Vampyrodes caraccioli 127; 209 Vampyrum spectrum 19; 61; 96; 97; 209 verpertilio 17 Vespertilio borealis 174 Vespertilio fuscus 168 Vespertilio myotis 187 viroses 23 X Xeronycteris vieirai 58 Ttulo Morcegos do Brasil Editores Nelio R. Reis, Adriano L. Peracchi, Wagner A. Pedro, Isaac P. Lima Ilustraes e Capa Oscar Akio Shibatta Diagramao e Design grfico Isaac P. Lima Formato 21 x 27 cm Tipologia Garamond 12/16 Nmero de Pginas 253 Tiragem 1000