Direito Internacional Privado - Material Completo
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Sumrio
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................ 1 1. ORIGENS E EVOLUO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. ................................................ 2 Texto Complementar - Direito Internacional Privado: Apresentao ................................................................ 4 Texto Complementar: Nova Lex Mercatoria (Usos, Costumes e Direito Corporativo Internacional) ............... 6 2. FUNO E ESTRUTURA DAS REGRAS DE CONFLITO. ...................................................................... 8 3. JUIZ INTERNO E APLICAO DA LEI ESTRANGEIRA ...................................................................... 12 4. PROCESSO CIVIL INTERNACIONAL. .................................................................................................... 14
BIBLIOGRAFIA ARAJO, Ndia de. Direito Internacional Privado. Teoria e prtica brasileira. 4.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008. DINIZ, Maria Helena. Lei de Introduo ao Cdigo Civil brasileiro interpretada. 15. ed. So Paulo: Saraiva, 2010. DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado. Parte Geral. 9. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008. ARAJO, Ndia de. Contratos internacionais. 3.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. BASSO, Maristela. Curso de Direito Internacional Privado. So Paulo: Atlas, 2009. CASTRO, Amilcar de. Direito Internacional Privado. 6.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado: teoria e prtica. 13. ed. So Paulo: Saraiva, 2010. STRENGER, Irineu. Direito Internacional Privado. 6. ed. So Paulo: LTr, 2005.
Evoluo do Comrcio - respeito ao estrangeiro Necessidade de respeito s obrigaes contradas em diferentes territrios.
Competio - cooperao
DIPr - sobredireito - aplicado a relaes multiconectadas. Regras de conexo/normas indiretas (Ver texto infra Direito Internacional Privado: apresentao)
Estatutos - leis municipais/cidades italianas (Frana, Holanda e Alemanha) Perodo estatutrio Holanda - comitas gentium (cortesia internacional) Direitos adquiridos
Sistema anglo-americano Joseph Story - Commentaries on the conflict of law Cada nao decide autonomamente em que medida deve aplicar o direito estrangeiro; interesse mtuo admitir o direito de outro pais.
Busca de bases mais slidas - F.C. V. Savigny 1839-1949 Sistema de Direito Romano Atual Comunidade de direito entre os povos Busca-se a sede da relao jurdica
Evoluo Legislativa Itlia: primeiro Cdigo a tratar das relaes de DIPr (1865) Brasil: Cdigo Comercial de 1850 e LICC/1916 revogada em 1942.
Objetos do Direito Internacional Privado conflitos de leis e de jurisdio; nacionalidade; situao dos estrangeiros; direitos adquiridos (segundo a doutrina de Antoine Pillet).
Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justia (Corte de Haia) A Corte, cuja funo decidir de acordo com o Direito Internacional as controvrsias que lhe forem submetidas, aplicar: a) As convenes internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; b) costume internacional, como prova de uma prtica geral aceita como sendo o direito; c) os princpios gerais de direito, reconhecidos pelas naes civilizadas; d) Sob ressalva da disposio do art. 59, as decises judicirias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes naes, como meio auxiliar para a determinao das regras de direito;
2. A presente disposio no prejudicar a faculdade da Corte de decidir uma questo ex aequo et bono, se as partes com isso concordarem. (equidade) Fontes reconhecidas posteriormente ao Estatuto da CIJ: atos unilaterais e decises das Organizaes Internacionais.
lei interna; doutrina - guia e orientador (Academia de Haia, International Law Association, UNIDROIT - Roma/uniformizao); Jurisprudncia; Tratados e convenes; Conveno no ratificada; Lex mercatoria (Ver texto infra: Nova lex mercatoria)
Princpios do Direito Internacional Privado (FERRER CORREIA) Harmonia internacional; Harmonia material; Eficcia das decises judiciais; Paridade de tratamento.
http://www.dip.com.br/modules.php?name=Content&pa=showpage&pid=3 30/03/2005
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A especificidade do Direito Internacional Privado consiste em sua caracterstica de ser um "direito do direito" (sobredireito), que regulamenta a vida social das pessoas privadas implicadas na ordem internacional. Assim, em todos os sistemas jurdicos h regras prprias criadas expressamente para determinadas categorias de situaes conectadas a mais de um sistema jurdico, que so chamadas de regras de conexo ou normas indiretas. Cada Estado possui regras, em princpio aplicvel dentro de suas fronteiras. Mas h relaes jurdicas que extrapolam os limites de determinado Estado. Essas relaes geram o
tradicionalmente denominado conflito de leis no espao, cuja resoluo tarefa precpua do Direito Internacional Privado. Por conseguinte, h nos ordenamentos nacionais regras criadas expressamente para reger a soluo dessas situaes multiconectadas, chamadas de normas indiretas ou conflituais. O mtodo conflitual o utilizado pelo Direito Internacional Privado dos pases da Europa e da Amrica Latina. A particularidade funcional da regra de DIPr a regra de conflito-, na soluo de um questo de direito contendo um conflito de leis, consiste na designao da lei aplicvel atravs da utilizao da norma indireta. No compete ao DIPr fornecer por si prprio a norma material aplicvel ao caso concreto, mas unicamente designar o ordenamento jurdico ao qual a norma aplicvel dever ser requerida. Esse sistema chamado multilateral. Diversas so as fontes produtoras de normas de Direito Internacional Privado, classificadas como internas, quando criadas por fontes legislativas nacionais - por exemplo, no Brasil temos as contidas na Lei de Introduo ao Cdigo Civil (LINDB)-, ou internacionais, quando provenientes de tratados e convenes, v.g., as oriundas das convenes interamericanas realizadas nas Conferncias Especializadas sobre o Direito Internacional Privado. Hoje h uma crescente preocupao da comunidade internacional com a harmonizao e uniformizao dos conflitos de lei em vrias reas, e em especial, na rea dos contratos internacionais. Essa preocupao justifica-se por ser esta uma rea do direito de vital interesse no incremento do comrcio mundial e na tendncia de formao de blocos econmicos, que juridicamente se traduzem em processos integracionistas. O maior fluxo comercial intracomunitrio tambm aumenta o volume de contratos internacionais e, conseqentemente, os problemas decorrentes da lei a eles aplicada em caso de litgio. A codificao uniforme do Direito Internacional Privado, no mbito latino-americano, um dos fatores imprescindveis para se atingir a integrao econmica do continente, e tambm aumentar a insero desses pases no contexto mundial. Sem uma uniformizao jurdica no se pode fazer a integrao econmica ou poltica, pois preciso garantir aos atores desse processo uma base normativa com normas comuns, especialmente as regras conflituais de Direito Internacional Privado. Para o pleno funcionamento do Mercosul h muitas reas jurdicas que precisam ser harmonizadas, e particularmente a rea do Direito Internacional Privado. Alis esse foi um dos compromissos assumidos pelos quatro pases
no Tratado de Assuno, logo no seu artigo 1. O objetivo da harmonizao suprimir ou atenuar as disparidades entre as disposies de direito interno, e isso deve ser feito pela adoo de novas normas jurdicas, que promovam a reduo ou ainda a eliminao das diferenas entre aquelas hoje existentes. Um exemplo gritante da necessidade de uniformizao diz respeito lei aplicvel aos contratos internacionais, j que os pases do bloco possuem regras divergentes sobre o assunto. A incluso da autonomia da vontade na Conveno sobre o Direito Aplicvel aos Contratos Internacionais, elaborada na CIDIP V, de 1994, uma conquista que ser responsvel pela modificao do direito interno dos pases participantes, entre eles o Brasil e os demais membros do Mercosul, alinhando-os grande tendncia mundial atual nesse sentido. Infelizmente, at a presente data a Conveno ainda no foi incorporada pelo direito interno dos pases membros do Mercosul.
Joo Grandino Rodas - Prefcio ao livro "Contratos Internacionais" de Nadia de Araujo, Rio de Janeiro, Renovar, 1997. "O Brasil ainda no acordou para a imperiosidade de um aggiornamento de sua legislao jusprivatista. Inobstante o monumental Projeto de Cdigo de Aplicao das Normas Jurdicas, elaborado por Haroldo Vallado, na dcada de 60 e do pragmtico projeto de Lei de Aplicao das Normas Jurdicas (projeto de Lei n. 4.905/95), ainda vigem as regras obsoletas da Lei de Introduo ao Cdigo Civil de 1942 (Decreto-Lei n.4.657, de 4 de setembro de 1942). Tais regras, ao menos na parte obrigacional, deixaram muito a desejar mesmo se comparadas com as da Introduo de 1916. Recorde-se que essas normas nunca comungaram a inteireza e a harmonia do projeto Bevilaqua, tal a desfigurao sofrida durante o processo legislativo. Ultimamente, tem sido adotadas no poucas convenes internacionais, que buscam a uniformizao das disposies legais em matria contratual internacional. Algumas tm conhecido maior sucesso que outras. O Brasil, embora, em perodo recente, tenha sado de sua indiferena e ratificado vrias delas, ainda persiste em seu relativo isolamento. Por outro lado, nunca como nos dias que correm, a doutrina tem dado tanto realce lex mercatoria como fonte de direito aplicvel contratao internacional."
Texto Complementar: Nova Lex Mercatoria (Usos, Costumes e Direito Corporativo Internacional)
A lex mercatoria teve origem na Idade Mdia, em resposta aos direitos feudais, plenos de privilgios, que entravavam as relaes de comrcio. Surgida nas feiras, como ordenamento a reger as relaes entre os comerciantes, de modo uniforme, atravs da aplicao obrigatria dos usos e costumes comerciais. Em certo desuso quando das grandes codificaes, a nova lex mercatoria emerge na atualidade como um corpo de normas jurdicas escritas ou no, ainda incompleto, que visa regncia das relaes internacionais do comrcio, como um poder normativo independente do direito positivo dos Estados. Isso porque para o comrcio internacional, a utilizao do mtodo conflitual como meio de soluo dos litgios apresenta caractersticas de incerteza e imprevisibilidade inaceitveis para a sua dinmica. Desta forma, sua vocao universalista, leva em conta as necessidades do comrcio internacional, suas relaes, e no as legislaes estatais internas.
Apresenta-se atravs de MANIFESTAES: Usos e costumes do comrcio internacional; Contratos-tipo; Condies gerais de venda; O princpio da autonomia da vontade das partes, em matria contratual; Decises arbitrais.
a) Usos e costumes internacionais: Consistem na repetio, de maneira constante e uniforme, de atos idnticos - comissivos ou omissivos, com o consentimento tcito de todas as pessoas que admitiram a sua fora como norma a seguir na prtica de tais atos. compreendido como a lei que o uso estabeleceu, e que se conserva, sem ser escrita, por uma longa tradio. Na prtica comercial, revelam-se, sobretudo, na interpretao de contratos, segundo a tradio dos negociantes.
b) Contratos-tipo: So frmulas contratuais padro elaboradas por organismos que lidam com o comrcio internacional, e que, embora facultativas, pelo seu alto grau de especialidade, constituem um verdadeiro direito formulrio, contendo claras regras materiais e tambm normas sobre a sua interpretao. Exemplos: INCOTERMS da C.C.I. que estabelecem as obrigaes e direitos do vendedor e do comprador, sua responsabilidade, atravs das clusulas CIF, FOB, EX WORKS, etc...; PRTICAS E USOS UNIFORMES PARA CRDITOS DOCUMENTRIOS da C.C.I. - aplicveis aos crditos documentrios, adotadas por Associaes Bancrias ou Bancos Individuais em 175 pases.; REGRAS DA LONDON CORN TRADE ASSOCIATION - para o comrcio de gros, possui 60 frmulas-tipo, possuindo-as tambm para o comrcio de seda, para produtos florestais e minerais, por exemplo; CONDIES GERAIS DE VENDA - so frmulas elaboradas pela Comisso Econmica para a Europa, da ONU, e, de forma semelhante, pelo COMECON, para os pases de economia planificada.
A norma de DIPr considerada norma sobre norma pois no aponta respostas para a questo, mas determina a norma a ser aplicada levando-se em conta os elementos de conexo. Conceito-quadro Contratos e obrigaes Direito pessoal Direitos reais Elemento de conexo Lei do local da celebrao Domiclio Local onde estiverem situados
Problema do Direito Internacional Privado: escolha da lei/interesse do Estado Estatuto Real: lex rei sitae Estatuto pessoal: Nacionalidade (Europa) - certeza Domiclio (pases colonizados) Residncia - Subsidirio Autonomia da vontade Responsabilidade civil: lex loci delicti comissi
ELEMENTOS DE CONEXO - parte da norma indicativa do DIPr, com base no qual possvel determinar o direito aplicvel. Variam conforme o Estado. Domiclio: em geral nos pases de imigrao (caso do Brasil); Nacionalidade: comum nos pases de emigrao (boa parte da Europa); Para os aptridas aplica-se a lei do domiclio ou, em sua falta, a da residncia; H ainda casos de ordenamentos onde so tomados em considerao no momento de se decidir a lei aplicvel, outros aspectos, como a raa, a religio, a tribo ou a origem. Lex rei sitae: a lei aplicvel aquela de onde est a coisa; Lex loci delicti commissi: aplicao da lei do lugar onde o ilcito foi cometido (a norma brasileira no prev expressamente, mas a doutrina e a jurisprudncia reconhecem). Autonomia da Vontade: cabe a lex fori admiti-la ou no. Se admitida, a lei aplicvel a designada pelas partes, levando-se em conta sua vontade e no a do legislador. No Brasil o elemento de conexo aplicvel s obrigaes regido pelo art. 9 da LINDB (omisso com relao autonomia). Porm, a lei 9.307/96 (arbitragem) previu-a expressamente. Assim, as partes so autorizadas a escolher o direito aplicvel caso sejam vinculadas a uma conveno de arbitragem. Lex fori: h casos ainda em que a lex fori tambm serve de elemento de conexo, principalmente no Direito de Famlia. QUALIFICAO - processo tcnico-jurdico pelo qual se classifica ordenadamente os fatos da vida relativamente s instituies criadas pela lei ou pelo costume, a fim de bem enquadrar as primeiras nas segundas, encontrando-se assim a soluo mais adequada e apropriada para os diversos conflitos que ocorrem nas relaes humanas (Jacob Dolinger. Direito Internacional Privado. 5 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1997).
ALTERAO DO ESTATUTO OU CONFLITO MVEL - Se d quando a alterao da situao que determina o elemento de conexo altera automaticamente o direito aplicvel.
Art. 7 DIREITO PESSOAL Extraterritorialidade Lei anterior/pases de emigrao: nacionalidade Domiclio: certeza maior Nascituro: lex domicilii dos pais Domiclio - capacidade de direito e de exerccio (preseuno de morte, comorincia, ausncia e amancipao).
Adoo Domiclio do adotante Capacidade para adotar Efeitos da adoo Sucesso Formalidades: lex loci regit actum Domiclio do adotando Capacidade para ser adotado Nome
CASAMENTO Ius loci celebrationis - validade em qualquer lugar Perante cnsul: segue a forma estrangeira. Efeitos materiais do Brasil. Diplomatas e cnsules precisam de autorizao do Itamaraty para se casarem com estrangeiro (a). Casamento + lex domicilii ou 1 domiclio conjugal = validade ou invalidade 5 visa preservar diretos de terceiros. Divrcio - transcurso de um ano e homologao. O regime de bens, se proposto no Brasil altervel. Tutela/curatela - domiclio do tutor ou curador. Sem domiclio ou admide - a residncia define o direito pessoal aplicvel.
Art. 8 DIREITOS REAIS Navios e aeronaves: lei do pavilho. Lex rei sitae:
Classificao (mvel/imvel, pblico/privado, divisvel/indivisvel...); Posse/aes possessrias; Aquisio e perda dos direitos reais; Usucapio; Restries aos direitos de propriedade; Transferncia inter vivos; Aes ao titular do direito real; Direito real sobre coisa alheia; Enfiteuse, servido, superfcie, uso, usufruto e habitao; Hipoteca e anticrese.
Art. 11 PESSOA JURDICA Art. 11 LINDB: As organizaes destinadas a fins de interesse coletivo, sociedades e as fundaes, obedecem lei do Estado em que se constiturem. 1: No podero, entretanto, ter no Brasil filiais, agncias ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas lei brasileira. como as
Estatuto pessoal da pessoa jurdica - Duas correntes: Incorporao - aplica-se a lei do lugar da constituio da pessoa jurdica (Brasil). Sede social - aplica-se a lei do lugar da sede efetiva da pessoa jurdica, que se situa no lugar da sua administrao real.
O Brasil considera para determinar a nacionalidade de uma empresa, a lei do local de sua constituio ou da fundao, no importando, para tanto, onde exerce suas atividades. Assim, se constituda no Brasil, ser brasileira. Se constituda no exterior, mas tem no Brasil importantes atividades, pode obter aprovao do governo brasileiro (Ministro da Justia) para aqui funcionar, o que ser obrigatrio caso queiram estabelecer no Brasil filial ou transferir sua sede, caso em que seu estatuto social dever ser aprovado pela autoridade brasileira. Requisitos para a aprovao: 1. legitimidade de sua constituio no exterior; 2. atividades no conflitantes com a ordem pblica nacional.
Art. 11 LINDB 2 os Governos estrangeiros, bem como as organizaes de qualquer natureza, que eles tenham constitudo, dirijam ou hajam investido de funes pblicas, no podero adquirir no Brasil bens imveis ou suscetveis de desapropriao. 3 Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prdios necessrios sede dos representantes diplomticos ou dos agentes consulares.
Os dispositivos do art. 11 no alcanam as Organizaes no-governamentais. Bens suscetveis de desapropriao: direitos autorais, patentes, direito real sobre coisa alheia, aes de SAs, dentre outros. As excees mencionadas no 3, decorrem da observncia do princpio da cortesia internacional.
Tendncia domstica - homeward trend. Lexforizao do DIPr. Fatores legais: soberania/ordem pblica/ bons costumes.
Art. 17 LINDB: As leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade no tero eficcia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes.
SOBERANIA: interna externa No o mesmo que poder, mas sim uma qualidade do mesmo.
ORDEM PBLICA: relativa ao interesse geral da sociedade, regida por normas jurdicas, tradies, concepes morais e religiosas, ideologias polticas e econmicas. Elemento limitativo ou exceo. Variam conforma a poca e o lugar. Internacional: rejeio poligamia, escravido (jus cogens); Interna: normas de Direito do trabalho, consumidor, ECA, direito econmico.
BONS COSTUMES: sentimento de honestidade e estima recproca. Preceitos de ordem moral, ligados honestidade familiar, ao recato do indivduo e dignidade social. No pode ser equiparado religio ou filosofia.
FRAUDE LEI: alterando-se artificiosamente o elemento de conexo que inicialmente indicaria a lei aplicvel, deforma-se tambm a lai originariamente aplicvel. No se trata de uma ao in fraudem legis, mas sim uma das modalidades do abuso do direito. necessria a presena da m-f. INSTITUIO DESCONHECIDA: uma instituio estrangeira desconhecida num pas quando procura solucionar, ali, onde existe, problemas jurdicos que no se tm apresentado no pas de importao, ou que, apresentadas, tm sido resolvidas, com normas baseadas numa tcnica jurdica diferente (Joaquim Garde Castilho apud Jacob Dolinger). ex. promessa de matrimnio (Itlia)
DESCONHECIMENTO DA LEI: Jura novit curia no pode ser aplicado perante os litgios de DIPr. Art. 14 LINDB: No conhecendo a lei estrangeira, poder o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigncia.
REENVIO
No admitido no Brasil Art. 16 LINDB: Quando, nos termos dos artigos precedentes, se
houver de aplicar a lei estrangeira, Ter-se- em vista a disposio desta, sem considerar-se qualquer remisso por ela feita a outra lei.
1 Grau: O Direito Internacional Privado do pas A designa o direito do pas B como aplicvel e este, por sua vez, indica o DIPr do pas A como o aplicvel. Neste caso, o pas A deve aceitar o reenvio (devoluo, retorno) e aplicar a sua lex fori. 2 Grau: Ocorre quando o DIPr do foro indica, por sua regra de DIPr a aplicao da lei de um terceiro pas. Quando o terceiro pas admite sua competncia, ela aplicada, porm, quando este no a aceita, e devolve, h o chamado reenvio-devoluo.
No Brasil, caso o DIPr interno designe a aplicao de uma norma estrangeira, o juiz no obrigado a conhec-la, podendo requerer a colaborao das partes e diligncias no sentido de conhecer o teor, a vigncia e a interpretao do Direito Estrangeiro.
Art. 13 LINDB: A prova dos fatos ocorridos em pas estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao nus e aos meios de produzir-se, no admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconhea.
Competncia Internacional
competente, de forma concorrente, a autoridade judiciria brasileira quando: IO ru, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil (reputa-se
domiciliada no Brasil a pessoa jurdica estrangeira que aqui tiver agncia, filial ou sucursal); II III No Brasil tiver que ser cumprida a obrigao; A ao se originar de fato ocorrido ou de fato praticado no Brasil.
Compete autoridade brasileira, com excluso de qualquer outra: I - conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil; II - proceder a inventrio e partilha dos bens situados no Brasil, ainda que o autor da herana seja estrangeiro e tenha residido fora do territrio nacional.
Competncia concorrente - admite-se a eficcia do julgado de outro Estado; Competncia absoluta - s o Brasil pode conhecer a ao;
Imunidade de jurisdio dos Estados: ius imperii x ius gestionis Art. 4 CF/88 - princpio da no interveno.
Eleio de foro (forum shopping) admitida no Brasil desde que expressa no contrato e no fira um dos incisos do artigo 89 do Cdigo de Processo Civil.
Homologao de sentena estrangeira So reconhecidos cinco sistemas de homologao de sentenas estrangeiras: 1. Sistema da reviso do mrito da sentena; 2. Sistema da reviso do mrito de modo parcial; 3. Sistema da reciprocidade de fato; 4. Sistema da reciprocidade diplomtica e, por fim, 5. O sistema de delibao no qual, apenas so analisados os aspectos formais da sentena estrangeira; sendo este ltimo o modelo adotado pelo Brasil. Assim, a homologao de sentena estrangeira , no Brasil, de competncia absoluta do Superior Tribunal de Justia, de acordo com a alnea i do artigo 105 da Constituio Federal, inserida com a Emenda Constitucional n. 45 de 2004:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia: I . processar e julgar, originariamente: .................................. a homologao de sentenas estrangeiras e a concesso de exequatur s cartas rogatrias.
No h anlise do mrito da sentena, no sendo, portanto, objeto de cognio da autoridade judiciria interna. A medida cautelar recebe o mesmo tratamento de uma sentena definitiva. A parte interessada legitimada para propor a ao homologatria, assim como terceiro atingido pelos efeitos da mesma. No ser homologada a sentena que ofenda a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes. Para ser homologada a sentena deve atender aos requisitos observados no direito brasileiro, valendo destacar: competncia do juiz, citao regular, trnsito em julgado, traduo oficial ou juramentada, contraditrio e ainda, deve ser plenamente inteligvel, alm das demais regras previstas na Resoluo n. 9 do STJ. A Carta rogatria para surtir efeitos deve receber o exequatur do STJ.
Litispendncia
No h litispendncia internacional. Se existirem aes simultneas, a autoridade brasileira declara-se competente. Quanto litispendncia internacional, deve-se observar o disposto no artigo 90 do CPC: A ao intentada perante tribunal estrangeiro no induz litispendncia, nem obsta a que a autoridade judiciria brasileira conhea da mesma causa e das que lhe so conexas.
Cauo Art. 835 CPC: O autor, nacional ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou dele se ausentar na pendncia da demanda, prestar, nas aes que intentar, cauo suficiente s custas e honorrios de advogado da parte contrria, se no tiver no Brasil bens imveis que lhes assegurem o pagamento. Art. 836 CPC: No se exigir, porm, a cauo, de que trata o artigo antecedente: I - na execuo fundada em ttulo extrajudicial; II - na reconveno.
O Protocolo de Las Leas em seu art. 4 derrogou o CPC em relao aos cidados ou residentes no Mercosul. Artigo 4 Nenhuma cauo ou depsito, qualquer que seja sua denominao, poder ser imposto em razo da qualidade de cidado ou residente permanente de outro Estado Parte. O pargrafo precedente se aplicar s pessoas jurdicas constitudas, autorizadas ou registradas conforme as leis de qualquer dos Estados Partes.