A Arte Do Sopro - Angelino Bozzini - Publicação Da Weril PDF
A Arte Do Sopro - Angelino Bozzini - Publicação Da Weril PDF
A Arte Do Sopro - Angelino Bozzini - Publicação Da Weril PDF
IIVbllrd
ANO 2.006
COPYRIGHT by J. Angelino Bozzini Todos os direitos reservados IMPRESSO NO BRASIL KEYBOARD EDITORA MUSICAL LTDA. CAIXA POSTAL 300 JUNDIA -SP CEP 13201-970 Site: Keyboard.art.br
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Nenhuma parte deste livro poder ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios: eletrnico, fotogrfico, gravao ou quaisquer outros sem a permisso explcita por escrito do autor.
J. Angelino Bozzini
Bozzini,1.A. A Arte do Sopro: Desvendando a tcnica dos instrumentos de bocal. Jundia, So Paulo: KeyboardEditoraMusicalLtda. 2.006, pAI Didtico/Pedaggico ISBN nO:85-86981-26-5 Copyright@ 2.006 by Keyboard Editora Musical Ltda.. _ Todos os direitos reservados_ R. Rangel Pestana 1044 - Jundia - SP - SP CEP: 13201-000 E-mail:[email protected]
(qt"O estudqnte
de Msicq:
Este livrofoi propositalmenteencadernadocom espiral visando seu manuseio em suportes especficos para o estudo da msica e/ou para os suportes existentes em instrumentos musicais como o piano ou o teclado, evitando assim, o inconveniente que os livrosem brochuraapresentam,como por exemplo,o fechar de suas pginasdurante o seu estudo.
Sobre o Autor
Jos Angelino Bozzini iniciou seus estudos de piano com a Prof Maria Luiza Damico em 1970.Ingressou na Escola Municipal de Msica em 1972 estudando violino com o Prof George Salim e trompa com o Prof. Enzo Pedini. Comeou o curso de Composio na Universidade de So Paulo em 1975
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Novamente numa parceria bem sucedida entre a Keyboard Editora Musical e a Weril Instrumentos Musicais, lanamos este maravilhoso livro "A Arte do Sopro: Desvendando a tcnica dos instrumentos de bocal" com o mesmo sucesso da Coleo DA CAPO: 12 livros para os Instrumentos de Banda, coleo esta que dispensa apresentaes e que mudou o cenrio da Pedagogia Musical no Brasil. Hoje as principais escolas de msica do pas utilizam esta coleo brilhantemente escrita pelo maestro Joel Luis Barbosa. No tenho dvidas que este novo lanamento, "A Arte do Sopro: Desvendando a tcnica dos instrumentos de bocal", escrito por J. Angelino Bozzini,tambm ter o mesmo sucesso. Com uma linguagem dinmica e de fcil compreeno, o autor lhe apresentar todas as dicas para executar seu instrumento de sopro com conscincia, tcnica, beleza e principalmente uma sonoridade prpria e de destaque. Espero que este novo ttulo o ajude a resolver aquelas pequenas dificuldades encontradas durante o aprendizado musical, lhe proporcionando uma leitura muito prazerosa. Com certeza estaremos sempre buscando novos ttulos que lhe ajudaro a se tomar um msico profissional com uma carreira brilhante. Visite sempre o site da Weril(www.weril.com.br) e tambm o site da Keyboard Editora Musical (www.keyboard.art.br).para conhecer as novidades do mundo da msica. Desejo-lhe uma excelente leitura.
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msico,
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"AArte do Sopro: Desvendando a tcnica dos instrumentos de bocal" uma reedio de Princpios Bsicos da Execuo dos Instrumentos de Metais, publicado pela Weril no final dos anos 90. De autoria do grande msico Angelino Bozzini, esta obra rene informaes essenciais, compiladas em um s volume, que fornecero aos interessados, requisitos importantes para exercerem a verdadeira arte de tocar um instrumento de sopro. Atenta s necessidades presentes no mercado editorial voltado para as publicaes especializadas em msica, a Keyboard Editora Musical se une a esta iniciativa da Weril, garantindo a extenso deste contedo a um nmero maior de msicos, pblico pelo qual trabalhamos e queremos sempre valorizar. Esperamos que este livro se tome uma referncia na descoberta de novos sons e de novos talentos. Boa leitura.
Diretor Superintendente
Inttoctuo
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Sum~rio
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Qualo modocorreto? Todose nenhum! Existeumafnnulamgica? As pG\ rt:esdo sistemG\ O diafragma - a fontede energia ...... A colunade ar- o condutordaenergia Os lbios- o corpovibrante Bocal- umpr-amplificador O corpodo instrumento - uma"cordade ar"vibrando porsimpatia A campana ou pavilho- a amplificao finaldo som A tespitG\o Respirao, fontedavida Devemosaprender umacoisa quej fazemos? Como funcionaa respirao Quala melhorfonnade respirar? A respirao naexecuomusical O apoio Devemos ficarcom a barrigasempreduraquandotocamos? Comoaprender a usarcorretamente a respirao e o apoio?
A pt~ticG\ ctG\ tespitG\o "Desaprender"paraaprender... O fortalecimentoda musculatura Perdendo a barriga Afinando a cintura InspiraoX expirao Em quantos dias se faz o msico E na horade tocar?
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o funcionG\mento
A tcnicadapresso
A tcnica do sorriso
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O queseriao ideal?..
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Descobrindoo instrumento
29 O quee ' o maIS .. Importante. ? ...................................................................................................... Paraqueservea lngua? Potencimetro musical Lngua X garganta ... Graves,mdiose agudos-.emums alto-falante
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Exerccios pr~ticos Pqt"qo desenvolvimento As funes da lngua A lnguacomoreguladora dapresso Controlando a pressonaprtica A lnguacomocontroladora dapassagemdo ar .. EFeitos especiq is nq execu~o
e conhole
dq lnguq
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Inttoclu~o
Desde a idealizao dos primeiros instrumentos de sopro pelo homem prhistrico at os dias de hoje a tcnica de execuo evoluiu muito. Porm, as leis da fisica que possibilitam o fenmeno do som e quais o funcionamento do nosso corpo est sujeito continuam as mesmas. O que mudou a nossa compreenso sobre elas e a forma de aplica-Ias. Um instrumentista de sopro hoje tem ao seu dispor a conscincia conquistada por incontveis geraes de indivduos que, aps descobrirem que era possvel produzir-se um som soprando-se num tubo de bambu,numa concha, num chifte ou numa folha entre os dedos, comearam a construir a linguagem da Msica. Podemos dizer que a origem da Msica acontece nos primeiros momentos da origem do homem como ser social e, hoje, impossvelconceber-se a espcie humana sem a linguagemda Msica. Da mesma forma que o aparelho fonador teve de evoluir e adaptar-se aos requisitos fonticos da linguagem humana que se forjava, assim tambm os instrumentos musicaise a formade toc-Iosteve de evoluir para atender evoluoda linguagemda Msica. No caso dos instrumentos de sopro de bocal prevaleceu por muito tempo uma tcnica baseada na forma mais intuitiva de se produzir um som: pressionar os lbios contra o bocal e soprar com vigor atravs deles. Se dermos um instrumento de bocal a algum que nunca tocou e pedirmos para que tente emitir um som com certeza essa vai ser a primeira forma experimentada. Anos de estudo podem melhorar a aparncia de esforo exagerado que esse tipo embocadura produz na face da pessoa que o emprega, mas no muda o princpio: a fora. claro que para se produzir um som necessria uma energia que vem do trabalho de nossa musculatura~a questo : quanta energia necessria? Vamos abordar a seguir os princpios bsicos da tcnica dos instrumentos de sopro, principalmente os de bocal, segundo a escola chamada de "baixa presso"l. Ela no tem um criador nico e fruto da pesquisa de vrios msicos, principalmente no ps-guerra, que buscavam uma forma de se obter um desempenho maior em seus instrumentos (solicitado pela linguagem do Jazz e pelas grandes orquestras que se consolidavam ento), mas com um esforo reduzido, que no colocasse em risco o fisico do instrumentista, e possibilitasse um controle maior sobre o instrumento.
Na prtica,temoshojeemdiauma sriedeescolasdiferentescoexistindosimultaneamente. O assunto bem controvertido.Enquanto, por exemplo, adeptos de uma determinada escola postulam que os msculos abdominais devem ser projetados para fora no momento da execuo, os de outra "escola" dizem que eles devem contrair-se para dentro. Enquanto uns dizem que os lbios devem ser esticados como num sorriso, outrosacham que eles devem ser arredondadoscomo num beijo.
t Em ingls conhecida por 'non pressure ., sem presso, o que um equvoco de nomenclatura, pois se no houvesse presso algwna o ar sairia pelas laterais dos lbios.
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As p'lrtes do Sistem'l
Vamos, primeiramente, analisar como funciona um instrumento de bocal e compar-I o a outros sistemas sonoros.
o Diqfrqgmq -A
fonte de energiq
Para que exista som, necessrio que alguma fora coloque algum corpo em movimento.Este, por sua vez, transmite suas vibraespara o ar; as vibraes do ar fazem com que a membrana de nossos tmpanos entre em vibrao; essa vibrao transmitida pelo nervo auditivopara o nosso crebro que decodificae processaesses sinais.Esse , em poucas palavras, o esquema de funcionamento de qualquer sistema sonoro. Essa fora inicial pode ter vrias origens dependendo do sistema. Num tambor ela vem da fora produzida pelos msculos do brao do instrumentista; num rgo eletrnico ela vem da energia eltrica que aciona os geradores de som; num rgo de tubos ela vem da energia produzida pelo compressor de ar e assim por diante.
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J. Angelino Bowni
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Nos instrumentos de sopro a energia que os far soar origina-se num msculo em forma de cpula situado entre o trax e o abdmen chamado diafragma. Esse msculo, auxiliado por uma srie de outros envolvidos no processo respiratrio, o gerador de fora dos instrumentos de sopro. O bom funcionamentodo diafragma e seus auxiliares o fundamentoda tcnica de qualquer instrumento de sopro.
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Dificilmente a fonte geradora de energia atua diretamente sobre o corpo que ir vibrar. No caso do tambor, por exemplo, a fora do msculo do brao transmitida "pele" do instrumento atravs da baqueta; no caso do rgo eletrnico a energia eltrica transmitida pelos fios; num violino; pelo arco; e etc. No caso dos instrumentos de sopro a energia produzida pelo diafragma e seus auxiliares, transmitida at os lbios por uma coluna de ar delimitada pelos canais do nosso sistema respiratrio. Ou seja, o ar que est em nosso corpo, entre a base dos pulmes e nossos lbios, ao ser empurrado para fora passando entre nossos lbios, funciona de maneira anloga ao arco de um violino passando pelas cordas.
Os lbios -
O corpo vibrqote
Em qualquer sistema sonoro, existe um ou mais corpos fisicos que vibram. No tambor a "pele"; no violino so as cordas; num rgo eletrnico o cone do alto-falante; numa c1arineta a palheta e assim por diante. Nos instrumentos de metal o que vibra so os lbios.
Boc}
Um pt-qmpliFicqciot
Geralmente, na maior parte dos sistemas sonoros, os corpos que vibram no tm potncia suficiente para gerar um som forte o bastante para serem utilizados praticamente como instrumentos musicais necessitando, portanto, de uma amplificao. A maneira mais natural que existe de se amplificar um som a de faz-Io ressoar dentro de um espao semifechado. Assim, temos nos tambores a caixa de ressonncia formada por suas laterais; num violino, temos o corpo do instnunento funcionando como caixa de ressonncia para as cordas; num instrumento eletrnico temos a caixa-acstica funcionando como caixa de ressonncia para os alto-falantes, e etc. Num instrumento de metal a situao um pouco mais complexa. Podemos dividir o ressoador em trs partes: a rea interna do bocal, a rea interna do corpo do instrumento e do pavilho. Analisando-se o sistema como um todo podemos considerar ainda a cavidade formada pela boca e garganta como um quarto ressoador. O bocal funciona como uma espcie de "pr-ressoador", ou pr-amplificador. O som produzido pela vibrao dos lbios coloca em vibrao primeiramente o ar contido na caixa de ressonncia formada pela taa do bocal que depois, passando pelo orifcio interno do bocal, coloca em vibrao o ar interno do corpo do instrumento.
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A Arte do Sopro. Desvendando a tcnica dos instrumentos de Bocal
corpo do Instrumento
A Qmpqnq ou pqvilho
A ltima parte cnica do instrumento, que corresponde a 50% do comprimento de um trompete, 39% de um trombone, e 28% de uma trompa a principal responsvel pelo timbre do instrumento e pela amplificao final do som que foi produzido pelos lbios. Prova disso que introduzindo-se uma surdina no pavilho de um instrumento altera--se drasticamente seu timbre e volume sonoro, praticamente sem interferir em sua afinao. Juntando-se as peas voc pode ir se conscientizando do funcionamento desse complexo sistema que se inicia no seu diafragma, e termina na sada do pavilho de seu instrumento (pode-se mesmo dizer que esse sistema termina nas paredes da sala onde voc est tocando).
A Respirq~o
Respirqo, fonte dq vidq
o ato de respirar condio primeira para que haja vida de qualquer espcie. Em
muitas lnguas as palavras que designam o ser humano ou sua essncia esto diretamente ligadas respirao. Na nossa vida agitada de hoje em dia muitas vezes nos esquecemos da importncia do ato de respirar, muito comum at ouvirmos a frase "no tenho tempo nem para respirar!". Mas, quem quiser usar sua respirao para tocar um instrumento de sopro ter de ficar atento sua respirao, aprendendo a us-Ia primeiramente para viver de forma saudvel e, ento, para tocar seu instrumento.
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J. Angelino Bozzini
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'-'
i~ qzemos?
'-'
Todas as pessoas e animais nascem sabendo respirar da melhormaneira possvel. Infelizmente, todas as repreenses, frustraes, tenses e medos por que passamos e desenvolvemos durante o nosso crescimento agem diretamente sobre nossa respirao de forma negativa, bloqueando o fluxo natural de nossa energia respiratria, Podemos ouvir um beb chorando ou um cachorro latindo a uma distncia muito grande; j para muitos instrumentistas ou cantores conseguirem se fazer ouvir por alguma pessoa sentada na ltima fila de um teatro parece no ser uma tarefa to fcil. A nica soluo para recuperar aquelas habilidades que nsj possumosum dia e perdemos ser aprendermos novamente como respirar de uma forma mais natural e efetiva.
Como
(uncionq
q respirq~o
o principal msculo responsvel pela respirao o diafragma. Esse msculo, em forma de abbada, est localizado horizontalmente na parte inferior da caixa torcica logo abaixo dos pulmes, separando o trax do abdmen. Quando inspiramos, ele faz um movimento para baixo, aumentando a rea dos pulmes. Esse aumento da rea dos pulmes provoca uma diminuio interna da presso do ar, o que faz com que o ar que est do lado de fora, com uma presso maior, entre nos pulmes. Quando expiramos, ocorre o processo inverso; o diafragma comprime o ar que est nos pulmes, provocando um aumento da presso interna que expulsa o ar. A essa respirao, damos o nome de respirao abdominal.
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Existem ainda duas outras formas de respirao: a intercostal e a clavicular, Na intercostal, tambm chamada de torcica, provocamos o aumento da rea interna dos pulmes, afastando lateralmente as costelas, Na clavicular, tambm chamada de torcica superior, provocamos o aumento da rea interna dos pulmes elevando-se a clavcula, o esterno e as costelas superiores.
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AArle do Sopro - Desvendando a tcnica dos instrum/!ntos de Bocal
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Cartilagem
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Diafragma
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J. Angelino Bozzini
o qpoio
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Para executarmos um instrumento musical necessitamos de uma energia muito maior do que aquela que utilizamos para falar ou respirar normalmente. Se quisssemos que nosso diaftagma fizesse todo o trabalho estaramos sobrecarregando-o. Precisamos ento dar um apoio sua atuao. Sobre o apoio tem-se escrito coisas muito controvertidas, mas, se entendermos como ele funciona, no ser dificil aprender a us-Io de maneira correta e eficaz. Quando tentamos empurrar um mvel muito pesado, onde a fora dos nossos braos no suficiente, geralmente procuramos apoio numa parede. Nesse momento, fazemos fora em dois sentidos opostos:
arma r. o <
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"
-0 --* ----------
> parede
Esse o princpio da alavanca. Como a parede fixa, deslocamos o armrio utilizando a fora de uma forma mais equilibrada, pois a fora aplicada contra a parede fixa "volta" no sentido do armrio. (Lembram-se da ftase daquele heri mitolgico que disse ser capaz de levantar o mundo com uma alavanca?). O apoio do diaftagma funciona da mesma maneira, s que a parede que usamos a parede abdominal.Enrijecendo os msculosda parede abdominaltemosum apoio suficiente para o diaftagma durante a expirao. Se observarmos a musculatura abdominal de um bom instrumentista de sopro, veremos que ela forte como uma "parede". A reside o segredo e a base da execuo dos instrumentos de sopro!
Figut"q 4 - Para apoiar a coluna de ar, devemos inspirar pensando em enviar o ar na direo do umbigoe "sustent-Ia"com a cinturamuscular maisos msculosda regioinguinal.
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de &cal
diferente para a sua execuo. Por esse motivo, a tenso dos msculos abdominais deve variar segundo o trecho executado, Em via geral, vale a seguinte regra: o apoio proporcional altura e intensidade de uma nota, ou seja, quanto mais forte ou mais aguda uma nota, maior o apoio que ela necessitar. Podemos representar isso graficamente, da seguinte forma: grave mdio agudo (-) apoio pp mf ff No caso de uma nota grave no fortssimo ou de uma nota aguda no pianssimo prevalece o elemento que ~ecessita de maior apoio, no caso o fortssimo ou o agudo; ambas necessitaro, portanto, de um grande apoio. (+)
Como
l tespitl~O e o
o primeiro, passo para isso tomar conscincia de como funciona todo o processo da respirao e do apoio. O segundo exercitar individualmente cada msculo implicado no processo. Vejamos agora uma srie de exerccios para o desenvolvimento do diafragma e dos msculos abdominais e sua aplicao prtica na execuo de trechos musicais.
A pr~ticq dq respirq~o
Como desenvolver a musculatura implicada no processo da respirao.
",
11 DeslPtendet"
pl tl lPtendet
O primeiro passo do nosso treinamento ser o de tentarmos livrar nosso corpo das tenses e condicionamentoserrneos que impedemo corretofuncionamentodos msculos. O exerccio mais simples para isso o de relaxamento por contraste. 1. Deite no cho ou sobre uma superficie dura com a barriga para cima e os braos ao longo do corpo. 2. Contraia com a maior fora possvel os dedos do p direito por alguns segundos e depois relaxe-os completamente. 3. Faa o mesmo com os msculos do p, depois com a barriga da perna, a coxa e, assim, . sucessivamente, trabalhando com cada grupo de msculos at chegar nuca.
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J. Angelino Bou,ini
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Normalmente muito difcil termos conscincia que estamos tensos, porm, se contrairmos fortemente um msculo alm de sua tenso normal, ser fcil sentirmos o contraste entre o estado de tenso e o de relaxamento. Nas primeiras vezes que voc praticar s ser possveltrabalhar com blocos de msculos; com a prtica, voc ser capaz de trabalhar com cada msculo individualmente. Esse um exerccio bsico de relaxamento; em livros especializadosvoc poder encontrar outros ou at mesmo inventar seus prprios.No comeo, procure praticar num lugar calmo, de preferncia ao acordar ou antes de dormir; com o tempo voc poder praticar o relaxamento a qualquer momento do dia, mesmo enquanto est tendo outra atividade.
o Fort:}Iecimento qq MUSculqturq
Quando voc~ comear a se sentir mais leve e descontrado, est na hora de por seus msculos a trabalhar. O primeiro msculo a ser fortalecido o diafragma. Vejamos alguns exerccios:
1. Depois de uma sesso de relaxamento, deitado no cho coloque um livro grande e bem pesado sobre o abdmen e respire lenta e profundamente. - No tente forar a respirao, deixe que seus msculos movimentem-se por conta prpria. Concentre-se somente na sensao do ar entrando e saindo de seus pulmes. 2. Sentado ou de p, inspire profundamente. - Expire pronunciando um longo sssssssss, intenso e regular.
3. Coloque uma vela acesa a um metro de distncia. - Inspire profundamente. - Expire dirigindo o sopro para a chama da vela, tentando mant-Ia inclinada pelo maior tempo possvel. - Em cada nova tentativa tente afastar um pouco mais a vela. 4. Inspire profundamente. - Expire pronunciando uma seqncia de sss sss sss sss SSS, como se voc estivesse imitando uma bomba de encher pneu de bicicleta. 5. Relaxe bem a musculatura abdominal. - Inspire e expire rapidamente pela boca como se voc estivesse imitando um cachorro ofegante. - A respirao deve ser rpida e regular.
Voc pode variar esses exerccios de vrias formas, o importante que voc se concentre em duas coisas: na intensidade e na regularidade do movimento.
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de Bocal
Afln'lndo
abdmen.
q cinturq
Outros msculos muito importantes para o apoio so os msculos laterais do 1. De p, com os ps bem afastados, inspire levantando os braos at a altura dos ombros. - Curve o tronco lateralmente para a direita at tocar o p direito com a mo direita. - Apie o brao esquerdo, sempre esticado, sobre a cabea. - Volte lentamente o tronco e os braos para a posio inicial expirando.
2. Fique em p com o lado direito paralelo a uma parede, a uns 30 cm de distncia dela. - Levante o brao esquerdo por sobre a cabea e pressione energicamente a parede por alguns
segundos. - Relaxe.
- Repita do outro lado.
Inspirq~o
versl/S Expirq~o
Na respirao normal, a inspirao um processo ativo e a expirao um processo passivo. Ou seja, realizamos um trabalho muscular para colocar o ar dentro dos pulmes e relaxamos a musculatura abdominal e torcica para que o ar saia. 2
importante lembrar que nesse tipo de respirao sempre fica uma quantidade significativa de ar "velho" dentro dos pulmes e que uma hbito muito saudvel, conscientemente, de tempos em tempos, expelir esse resto de ar usado deixando que o ar dos puhnes se renove totalmente. 20 J. Angelino Bozzini
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Nos instrumentos de sopro a inspirao deve ocorrer somente com o trabalho do diafragma, mantendo-se toda musculatura abdominal relaxada! Isso muito importante, pois esse relaxamento que vai garantir que nossa garganta no se contraia, atrapalhando o fluxo de ar, na expirao. A expirao, ao se tocar um instrumento, ativa, pois o diaftagma deve contar com o apoio de toda musculatura da parede abdominal e da cintura para manter a presso e a constncia do fluxo de ar. Se ns contrairmos essa musculatura de apoioj na inspirao, alm do stress desnecessrio,teremos como conseqnciaa contrao das cordas vocais (percebidas por ns como garganta). Essa contrao faz com que a energia conduzida pela coluna de ar, em vez de chegar ao instrumento fica represada dentro do corpo do msico, causando uma queda
geral de desempenho.
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Dizem alguns que Deus levou sete dias para fazer o mundo; outros que ele levou milhes de anos. Qualquer que seja o tempo exato o fato que nada surgiu instantaneamente. Nem o mundo nem o msico.No tente aprender em um dia aquiloque voc no soube (ou no quis saber) por muitos anos! Esses exerccios atuam diretamente sobre as funes vitais do corpo humano; principalmente sobre o sistema circulatrio. Por esse motivo, comece praticando levemente alguns exerccios por um curto perodo de tempo e v aumentando a intensidade e a quantidade aos poucos, conforme voc for se sentindo mais fortalecido e seguro.
E D}hot'} de
tocqt'?
muito simples e interessante trabalhar todos esses msculos que esto implicados na respirao individualmente. Porm, no momento da execuo eles devem funcionar todos automaticamente e nossa ateno deve estar voltada para o ftaseado e a interpretao. Existem alguns exerccios simples que nos ajudam a aplicar a tcnica da respirao corretamente na hora da execuo: 1.Tocar umanota por 10segundosou mais empiano. Deve-semanter a afinaoe a intensidade constantes do comeo ao fim da nota. 2. Atacar uma nota pianssimo e lentamente crescer at ofortssimo. muito importante que o crescendo seja uniforme e que a nota termine no volume mximo. 3. Atacar uma nota sforzzatssimo, caindo para um pianssimo sbito e, em seguida, crescer at umfortssimo. 4. Comear a soprar suavemente no bocal aumentando a velocidade do ar at que uma a nota comece a soar em piannssimo. Crescer at umfortssimo e decrescer suavemente a at um pianssimo quase imperceptvel. Todos esses exerccios devem ser feitos o mais lentamente possvel, comeando-se na regio central e posteriormente ampliando-ospara as regies grave e aguda.
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Essa questo trabalhada exaustivamente na obra do grande trompetista alemo Malte Burba. A Arte do Sopro - Desvendando a tcnica dos instrumentos de Bocal
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Lembre~sesempre de inspirar relaxadamente e assoprar com apoio. Aps se obter um bom controleno ataque e sustentaode notas,trabalha~se o apoio em escalase arpeggios, seguindo~ se o esquema dado no captulo anterior: quanto mais aguda ou forte uma nota mais apoio e vlce-versa. Esses exerccios de respirao e apoio devem fazer parte da rotina de aquecimento de todos os msicos, sejam eles principiantes ou profissionais. A prtica diria desses exercciosproporcionauma base tcnica muito slida para a uma boa execuomusical.
o funcionqmento dq embocqdurq
A em boc'1dut'1 O getic\ot c\e som
Dentro do sistema total que comea com os msculos de apoio do diafragma indo at a reverberao no local de execuo, a funo da embocadura a de gerar o som. Como j vimos nos captulos anteriores a energia para se gerar esse som produzida pelo diafragma e seus msculos de apoio. Vamosagora analisar tecnicamente o funcionamento da embocadura, bem como as principais tcnicas existentes.
1. Orbicular da boca; 2.Levantadordos lbios e das asas do nariz; 3. Levantador do lbio superior; 4. Levantador do ngulo da boca; 5. Zigomtico menor; 6. Zigomtico maior; 7. Bucinador; 8a. Risrio; 8b. Risrio; 9. Abaixador do ngulo da boca; 10. Abaixador do lbioinferior;11.Mentual; 12.Orbicularda boca.
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1. Orbicular da boca; 2. Levantadordos lbios e das asas do nariz; 3. Levantador do lbio superior; 4. Levantador do ngulo da boca; 5. Zigomtico menor; 6. Zigomtico maior; 7. Bucinador; 8a. Risrio; 8b. Risrio; 9. Abaixador do ngulo da boca; 10. Abaixador do lbioinferior;11.Mentual; 12.Orbicularda boca.
J. Angelino Bozzini
Essa tcnica considerada a mais antiga de todas. Acredita-se que tenha sido usada pelos primeiros tocadores de trompa de chifre nas pocas pr-histricas. Hoje em dia ela ainda muito usada por pessoas que aprenderam sozinhas a tocar seu instrumento ou que tiveram formaocoletiva,em bandas e fanfarras, por exemplo,sem uma orientao adequada. a mais simples de todas as tcnicas, por ser originada da forma com que quase qualquer pessoa instintivamente tenta tirar som de um instrumento de bocal. Ao mesmo tempo em que a mais simples das tcnicas, a mais prejudicial para os lbios e a sade do instrumentista. Ela pode ser resumida na seguinte citao: "Ossons so obtidos comprimindose fortemente o bocal de encontro aos lbios, de forma que o lbio superior se oponha mais acentuadamente ao bocal; em seguida comprimindo-se maisfortemente possvel sobre a dentadura, e expelindo o ar com mais vivacidade. "(N. B. Tisel) Para explicaro que ocorre, podemosimaginarque cada cluladoslbiosfunciona como um balo de ar semi-murcho. Se o pressionarmos entre as mos, fazendo com que o ar que est em seu interior ocupe um espao menor, a tenso do ar comprimido tensionar as paredes do balo. O mesmo ocorre com nossos lbios pressionados entre o bocal e os dentes. Nessa tcnica, quase todo o controle do som est a cargo da presso do bocal contra os lbios. Quanto mais aguda a nota a ser executada mais presso, quanto mais grave menos presso. Podemos consider-Ia como uma tcnica passiva, pois os msculos dos lbios praticamente no atuam na produo da tenso que produzida pela fora dos msculos dos braos forando o instrumento contra os lbios. Para compreendermos quo perigosa essa tcnica pode ser para a sade dos lbios e dos dentes podemos fazer um pequeno experimento: pegue um bife de fil mignon (que mesmo sendotenro, ainda muito mais resistente que nossoslbios) que seja da espessura de seu lbio; coloque-o sobre uma superficie dura que far o papel de seus dentes; usando a fora de seus dois braos, como voc usa normalmente para tocar, pressione o bocal contra o bife. Vocpoder observar que at uma determinada presso, ao se retirar o bocal, o bife volta sua forma anterior, pois as clulas animais tm uma certa flexibilidadeporm, se voc passar de um determinado ponto as clulas romper-se-o e o nosso bife no voltar sua forma antiga. Com o bife essa tcnica no vai atrapalhar seu almoo, mas com seus lbios ela poder comprometer seriamente sua vida profissional e sua estrutura dentria.
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A Arte do Sopro
- Desvendando
a tcnica
dos instrumentos
de Bocal
Vocj comeou a pensar com mais carinho em seus lbios? Faa-o enquanto ainda h tempo! E no se esquea tambm que, embora seus dentes sejam duros, o tecido que os une ao maxilar no to duro quanto eles e podem ser seriamente afetados pela presso excessiva do bocal!
A Tcnicq do Sorriso
Tentando-seeliminar os problemascausados pela tcnica anterior desenvolveuse uma tcnica na qual a tenso dos lbios obtida esticando-os pelas extremidades como se fossem uma corda de violo, utilizando-se principalmente os msculos Risrios. Podemos facilmente reconhecer as pessoas que utilizam essa tcnica, pois elas parecem estar sorrindo quando esto tocando. Com essa tcnica produz-seum timbre brilhante e obtm-seuma certa facilidadena regioaguda. Porm,as pessoasque a utilizamnormalmente tm pouca resistncia e pocaflexibilidade na mudana de registros do grave para o agudo e vice-versa. A baixa resistncia devida ao fato de os lbios ficarem muito delgados ao serem esticados pelas extremidades e a fina camada de carne que fica entre o bocal e os dentes no oferece proteo suficiente aos nervos dos lbios. Estes, sob a presso do bocal que, embora menor, ainda necessria nessa tcnica, se extenuam em pouco tempo. Essa tcnica ainda muito usada por msicos mais idosos que tiveram professores italianos, franceses ou russos, pases onde ela era muito empregada.
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Neste sculo, vrios msicos e cientistas em diversas partes do mundo empreenderam pesquisas tentando aperfeioar uma tcnica que ao mesmo tempo: *' Comprometesse o menos possvel a sade do msico; *' Permitisse um mximode resistncia possibilitando aos profissionaistrabalharem durante vrias horas dirias; *' Possibilitasse um controle do timbre, do ataque e da flexibilidade em toda extenso do instrumento; i:t Fosse simples o bastante para que o msico, durante a execuo, pudesse se concentrar na expresso das idias musicais e no em como conseguir determinada nota. Essa tcnica, compequenasvariaes, utilizadapelos principaisinstrumentistas da atualidade. Seu princpio bem simples: produzir a tenso necessria vibrao dos lbios, quase que exclusivamente atravs do uso dos msculos dos prprios lbios e seus circunvizinhos. Nessa tcnica s necessria uma pequena presso do bocal para no permitir que escape ar pelos lados, s isso! Os lbios so esticados em direes opostas como a pele de um tambor. Podemos resumir o conjunto de msculos utilizados em trs grupos bsicos: 1. O grupo encabeado pelos msculos Risrios que esticam os lbios horizontalmente para fora;
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J. Angelino Bouini
2.) O grupo encabeado pelo Abaixador do lbio inferior que estica os lbios verticalmente para baixo;
3.) Os Orbiculares da boca, (a parte vermelha do lbio) que, tencionam-se circularmente para dentro como num assobio,produzindoum movimentocontrrio a todos os outrosmsculos, ao mesmo tempo em que, pelo fato de estarem enrijecidos,formamcomo que uma almofada entre o bocal e os dentes aumentando muito a resistncia.
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.....
Figura 7 - Msculos da embocadura: 1. Orbicular da boca; 2. Levantador dos lbios e das asas do nariz; 3. Levantador do lbio superior; 4. menor;6.Zigomtico maior;7.Bucinador; 8.Abaixador Levantador do ngulo da boca; 5.Zigomtico
do ngulo da boca; 9. Abaixador do canto da boca; 10. Abaixador do lbio inferior; 11. Mentual; 12. Orbicular da boca.
Essa tcnica mais trabalhosa para ser aprendida e leva mais tempo para apresentar resultados, mas, uma vez adquirida, proporciona muita segurana e expressividade na execuo.
voc ter controle sobre seus msculos faciais. Primeiramente trabalhe o seu queixo: - Com todos os msculos da face relaxados tente lentamente mover seu queixo para baixo e de voJta posio de repouso sem que nenhum outro msculo se contraia. Pense que os dois msculos que puxam o queixo para baixo funcionam como dois tirantes, como esses que sustentam as antenas. A sua funo extremamente importante, pois sem eles tudo pode "desabar"! (Obs.: No confunda queixo com mandbula; queixo a parte de carne que est na ponta da mandbula, portanto ao mexer o queixo sua mandbula deve estar parada!). - Em seguida, trabalhe o msculo que forma o anel labial (a parte vermelha do lbio). Embora esse seja o msculo mais importante da embocadura ele muito pouco usado pela maioria das pessoas. - Tentecontra-Iopara o centro como se estivesse assobiando, mas sem projet-Iopara frente. Se colocarmos a ponta do nosso indicador sobre o lbio poderemos sentir se ele est se contraindo ou no. - Uma outra forma de trein-Io tentar abraar com ele fortemente alguma coisa redonda como um lpis, a parte posterior do bocal ou mesmo o nosso prprio dedo.
- Quando esse msculo est bem treinado, ele no s facilita muito a execuo do registro
agudo como tambm aumenta a resistncia da embocadura. - Por ltimo treinaremos os msculos dos cantos do lbio. Enquanto contramos nossos lbios para o centro esses msculos funcionam como dois tirantes laterais contraindo-se em sentido oposto ao dos lbios. - Com a face relaxada contraia os msculos do canto da boca para fora como num sorriso de palhao. Pense que voc quer levar o canto de cada lbio at a orelha correspondente.
"
- Esses exerccios devem ser feitos com muita calma.4Assim que se conseguir movimentar
os msculos para as posies corretas devemos sustent-Ios por perodos cada vez mais longos nessas posies a fim de que eles adquiram fora e resistncia.
A primeir} vibt}~o
O prximo passo colocar os lbios em vibrao. Recordando o primeiro captulo, a vibrao produzida pela presso da coluna de ar que tenta forar a passagem atravs dos lbios. Estes, tentando resistir, cedem a uma determinada presso abrindo-se. Ao se abrirem deixam passar uma quantidade maior de ar o
4
Durante meu tempo de estudante na Alemanha andei durante seis meses com um pequeno espelho no bolso; a cada oporturndade
treinava um pouco a embocadura (usando o espelho para controlar) at os msculos irem automaticamente para a posio correta, A embocadura pode ser praticada em qualquer lugar, 26 J. Angelino Bouini
que faz cair a presso. Como a presso cai eles diminuem novamente a sua abertura o que faz aumentar a presso da coluna de ar. Esse ciclo ao repetir-se produz a vibrao dos lbios. Comece a assoprar e v contraindo os msculos da embocadura na maneira indicadanos exercciosanteriores.Se voc estivercom um bomapoio,e contraindoos msculos corretamente seus lbios comearo a vibrar. Como nossos lbios so o "gerador de som" do nosso sistema, a qualidade do nosso som no instrumento vai depender muito da qualidade dessa vibrao pura inicial. Depois que conseguir colocar seus lbios em vibrao, dever exercitar um controle sobre essa vibrao. A fluxo de ar deve sair para frente e no para baixo. Voc pode checar isso colocando a palma da mo em frente sua boca. Os dois lbios devem vibrar na mesma freqncia como se voc estivesse cantando uma nota. Adquirindo um certo controle sobre a vibrao de seus lbios, voc pode educ-Ios estudando intervalos, escalas e arpeggios somente com a vibrao dos lbios sem bocal. Os mtodos de solfejo cantado so, em geral, muito bons para praticar isso. Vocpoder observar a importncia dessa prtica executando uma determinada passagem musical somente com os lbios e, logo aps, no instrumento. Voc notar que a execuo ficar muito mais fcil e segura.
o BbCqlentl-q nq histriq
Depois de praticar bastante s com os lbios, chegou a hora de praticar com o bocal. Voc deve lembrar-se sempre de uma coisa: quanto maior o controle que voc tiver sobre os msculosde seus lbiospara faz-Iosvibrar independentementedo bocal tanto menor ser a presso que voc necessitar exercer com o bocal contra os lbios para poder tocar. Praticando com o bocal,voc deve ter sempre conscinciado seu espao interno; dele depender a poro de lbio que voc dever colocar em vibrao. Um trombonista usar uma poro de lbio muito maior que um trompetista. muito fcil de observar se voc est usando a poro correta. Vibreseus lbios em ftente ao espelho e observe: se a poro de lbio que estiv~r efetivamente vibrando for maior que o dimetro interno do bocal voc, com certeza, no est contraindo suficientemente o msculo que forma o anel labial e, certamente, tambm ir necessitar de muita presso para poder tocar no registro agudo.
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Descobrindo o instrumento
Ao tocarmos no instrumento, existe um novo fator em jogo: a resistncia da coluna de ar existente dentro do prprio instrumento. Essa resistncia faz com que voc, ao tocar no instrumento, necessite de um apoio maior do que aquele usado para fazer os lbios vibrarem livres ou no bocal. Mas, ao mesmo tempo em que ela exige uma presso maior da coluna de ar para vencer a resistncia,elatambm funcionacomo um colchode ar,diminuindo o esforo de seus lbios. A primeira coisa a fazer com o instrumento "sent-Io", da mesma forma que um pianista faz com as teclas ou um guitarrista com os trastes. As notas, em todos os instrumentos de metal, encontram-se em "lugares" determinados no instrumento como as teclas de um piano; a diferena que nos instrumentos de metal ns no podemos ver onde as notas esto localizadass podemos sentir esses "lugares" com os nossos lbios e com a presso da coluna de ar necessria para ating--Ios. Essas notas so determinadas pela srie harmnica (caracterstica fsica da matria ao vibrar, equivalente ao arco-ris para a luz). No bocal possvel tocar-se uma nota qualquer e, aumentando-se a tenso dos lbios, ir subindo sua fi-eqnciade maneira contnua como numa sirena. J no instrumento se voc tocar uma nota e, pouco a pouco, aumentar a tenso dos lbios e a presso do ar notar que a vibrao saltar para o prximo harmnico. Vocno ser capaz de tocar as notas que ficam entre duas notas da srie harmnica. como se o instrumento se "recusasse" a tocar essas notas. A partir dessa caracterstica fsica da srie harmnica a "corda de ar" do instrumentopode vibrar em algumas freqncias determinadas, se a vibrao que voc produz com seus lbios for equivalente a algum dos harmnicos a coluna de ar interna do instrumento comeara a vibrar por simpatia e essa vibrao ser amplificadapela campana do instrumento. S com o controle desses dois fatores: presso do ar e tenso dos lbios voc poder percorrer toda a srie harmnica. Aps "sentir" onde esto as notas da srie harmnica o prximo exerccio o seguinte:
Voc dever ter notado que cada nota tem certa margem de tolerncia para cima e para baixo na afinao. Trabalhando bastante e com ateno voc encontrar para cada nota o ponto ideal onde ela est mais afinada e com o som mais claro; dizemos que a nota esta centrada. Essas posies devem ficar registradas em sua memria muscular e, ao "passear" pela srie harmnica, voc deve tentar ir diretamente a esses pontos "ideais".
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......
Na realidade, podemos afirmar que, dentro da hierarquia do sistema, a lngua vem logo aps a respirao em escala de importncia e que muitos dos problemas que so normalmente atribudos embocadura, so na realidade, causados por uma m utilizao da lngua.
9
.....
Figura 9 - Corte lateral da face: 1.Stylog)ossus;2.I>orso;3.~sculo Genioglosso;4. Gnio-hieide;5.Hioglosso; 6. Palato duro/Maxilar;7. Mandbula; 8. Ossohiide; 9.Cpsulatemporomandibular. 1 a 5 msculos da lngua; 6 a 9 ossos onde essesmsculostm insero.
4:}
,..#7} ,.. I 2S
Figura 10 - Corte lateral da cabea: 1. Osso frontal; 2. Seio frontal; 3. Osso esfenide; 4. Seio esfenoidal; 5. Vrtebra cervical;6. stimoorofarngeo;7.Esfago;8. Traquia; 9. Pregas vocais; 10. Pregas vestibulares; 11..Cartilagem cricide; 12. Cartilagem tireoidal; 13. Osso hiide; 14. Epiglote;15.Msculomilohiide;16.~sculo gni(}ohiide; 17. Manch'bu1a; 18. Parte faringea
dodorsoda lngua;19.Palatomole; 20.l)orso da lngua; 21. Ponta da lngua; 22.I>ente incisivo central inferior; 23.I>ente incisivo central superior; 24. Palato duro; 25. Osso occipital.
Potencimetro m USiC11
Podemos comparar o caminho da coluna de ar no momento da execuo com um circuito eltrico. O principal gerador da energia o diafragma e seus msculos de apoio. O fornecimento de energia depende dele, da mesma forma que dependemos da companhia de eletricidade. Dependendo da finalidade essa energia pode variar. Para tocar um trecho em fortssimo precisamos de uma quantidade maior de energia que para tocarmos um trecho em mezzo-forte, da mesma formaque, em nossas casas, o chuveiro eltrico e outros equipamentos que consomem muita energia precisam de uma instalao parte. Se observarmos nosso liquidificador, por exemplo, veremos que ele pode trabalhar em diversas velocidades como inmeros outros aparelhos; e todos so ligados mesma fiao. Essas pequenas variaes de energia empregadas em cada aparelho so conseguidas atravs de um componente chamado potencimetro. Veja bem: no variamos a corrente principal, mas somente a intensidade no interior de cada aparelho. . As diferentes notas de um trecho musical,para serem executadas com perfeio, necessitam de diferentes presses de ar. Essas diferenas so pequenas e devem ocorrer com rapidez, duas coisas que seriam dificeis de controlar com o diafragma. Eis a a primeira e mais importante funo da lngua: ela funciona exatamente como o potencimetro dos aparelhos eltricos, ou se preferirem, como o polegar na ponta de um esguicho. Conforme ela estreite ou alargue a passagem do ar na boca, ela estar aumentando ou diminuindo a sua presso de sada. Assim, com o seu controle, poderemos obter a presso ideal para cada nota. Lngu1 X G1rg1nt1 Muitos msicos utilizam-se da garganta par executar essa tarefa, a do controle da presso da coluna de ar. O uso da garganta tem algumas desvantagens em relao ao uso da lngua. Em primeiro lugar, ns podemos controlar muito mais facilmente a lngua do que a gargantade maneira conscientee, em segundolugar,o uso da garganta,se exagerado,estrangula a passagem do ar, produzindo um som espremido. Alm disso, o uso da garganta gera uma tenso muito grande na regio do pescoo. Portanto, mantenha sua garganta aberta e relaxada
deixando a regulagem da presso para a lngua. Inspirao profunda
1 2 Expirao profunda
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-6
Respirao normal
Durante a fala
Figw.a 11 - A Laringe: Funcionamentoda laringee pregasvocais em diferentessituaes: 1. Lngua; 2. Epiglote; 3. Pregas vocais (cordas vocais verdadeiras); 4. Rima glottidis; 5. Msculo aritenide~ 6.Pregavestibular(falsaspregasvocais)~ 7.Cartilagemcorniculada;8.Cartilagemcuneiforme.
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em um s qlto-fqlqnte
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Se voc abrir uma caixa acstica de boa qualidade poder observar que ela tem geralmente trs alto-falantes: um para os graves (o maior), um para os mdios e um para os agudos (o menor). Se voc comparar um violino com um violoncelo e com um contrabaixo ver que, embora todos tenham a mesma forma, cada um tem uma caixa de ressonncia de tamanho diferente, conforme a tessitura do instrumento. Vocpoder observar tambm que se um violino tocar em sua regio mais grave e o violoncelo tocar em unssono com ele, no violoncelo soar tudo mais "cheio" e sonoro. Por outro lado, se o violoncelo tocar em sua regio aguda em unssono com o violino, aqui ser o violino que soar melhor.
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isso?
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Como explicamos no incio, utilizamos nos sistemas sonoros uma caixa de ressonncia que funciona como amplificador das vibraes. Cada tamanho de caixa de ressonncia amplifica melhor os sons contidos numa determinada faixa de freqncias. Por isso as caixas acsticas, para poderem reproduzir com fidelidade os sons de uma orquestra, precisam de alto-falantes de tamanhos diferentes e, as de melhor qualidade, possuem compartimentos isolados de tamanhos diferentes dentro de si.
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qtq<que
A outra funo da lngua a de produzir o "ataque", ou a emisso, das notas. Muitas pessoas pensam que a lngua deve dar um,golpenos lbios no momento do ataque para que ele possa comear a vibrar.Isso s faz sentido para pessoas que tocam com muita presso e que no conseguem controlar os msculos da embocadura para conseguir a tenso correta para cada nota. Se a embocadura estiver com a tenso exata para produzir a nota que queremos executar,a simplespassagemdo ar compresso adequada produzir a vibrao e, portanto, no ser necessrio que a lngua golpeie os lbios. Nesse caso, para o ataque, a funo da lngua simplesmentea de interromper a passagem do ar para separar cada nota. No momento em que o ar soltoele produzir o ataque. O movimentoda lngua no deve se parecer ao de um martelo quando bate um prego, mais sim ao de nossos dedos quando queremos ver se um ferro de passar roupa e est quente. um movimento que toca recuando e no empurrando. Como quem na realidade produz o ataque o ar, a funo da lngua ser ento a de regular as emisses de ar.
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A Arte do Sopro - Desvendando a tcnica dos instrumentos de Bocal
Fred Fox, um professor de trompa norte-americano, chama esse processo de "efeito salame". Ele compara a coluna de ar a um salame, e a lngua a um cortador de frios. A funo da lmina,ou da lngua, a de produzir fatias regulares desse "salame de ar". Devemos dizer ainda que ela pode cortar o ar de diferentesformas,produzindoassimdiferentesgradaes de ataque. Existem msicos que conseguem atacar uma mesma nota de mais de quinze diferentes formas. Essa diferenciao muito til na interpretao de diferentes estilos musicais, mais isso um outro captulo da msica...
As funes d~ lngu~
Como vimos no captulo anterior a lngua tem duas funes bsicas: controlar a presso do ar e interromper a collUlade ar produzindo o 'ataque'. Podemos dividir o treinamento da lngua em trs partes: exerccios de relaxamento, de fortalecimento e de controle. '-0/
reI~X4mento
dq
lnguq
Normalmente, por t-Iatrabalho de forma errnea ou por usarmos a garganta no controle da presso da coluna de ar a nossa lngua fica com seus msculos muito tensos perdendo assim mobilidade e flexibilidade. Assim, antes de iniciarmos com qualquer tipo de exerccio para desenvolver a lngua, devemos relax-Ia.
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J. Angelino Bo'Zzini
1.
O exerccio mais simples para relaxar a lngua bocejar, da maneira mais exagerada possvel.
2. O segundo exerccio escancarar a boca ao mximo e colocar a lngua para fora o mais esticado que se conseguir.
.......
- Primeiro para ftente. - Depois em diagonal. - Para cima. - Para baixo. Durante a execuo desses exerccios deve-se sustentar o msculos no mximo de tenso possvel e em seguida relax-Ios completamente. uma boa prtica fazer esses exerccios de relaxamento antes do incio de cada seo de estudo.
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A principal funo da lngua, como j vimos num item anterior, a de controlar a presso da coluna de ar. Esse controle obtido variando-se a posio do dorso da lngua. Se examinannos as vogais existentes na lngua portuguesa veremos que elas so produzidas (articuladas) de formas diferentes. Se tentarmos pronunciar a seqncia de vogais: 'a - -u' veremos que elas so conseguidas pelo fechamento gradativo dos lbios. Ao pronunciarmos a seqncia: 'a - -- i' veremos que elas so produzidas pelo envergamento progressivo do dorso da lngua. essa seqncia que iremos utilizar no trabalho da lngua.
1. Primeiramente devemos pronunciar a seqncia 'a
- - -i - - - a'
de maneira
bem
articulada e sem mover a mandbula fazendo que todo o trabalho de articulao fique por conta do dorso da lngua. Para termos um controle maior devemos encostar a ponta da lngua atrs dos incisivos inferiores. O ideal fazer esse exerccio em ftente a um espelho para podermos observar se a lngua est se movendo independentemente da mandbula (isso muito importante, pois s com essa independncia o movimento da lngua no influir no dos lbios). 2. Depois que tivermos controle na pronncia da seqncia acima e que consigamos pronunciIa sem mover a mandbula podemos acelerar gradativamente o movimento da lngua at que
livros de Malte Burba podemos encontrar vrios exerccios para a educao da lngua.
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A regra de base a seguinte: quanto mais aguda a nota mais fechada dever ser a vogal que utilizaremos em sua articulao, quanto mais grave mais aberta. Pratique os exerccios seguintes lentamente cuidando para que as ligaduras saiam o mais limpo possvel. 2. A velocidade vir com o tempo, o mais dificil a limpeza. Depois de praticarmos em ligaduras individuais podemos aplicar a mesma tcnica em arpejos. O uso da lngua como controladora da presso aplica-se tambm no estudo de escalas, seguindo o mesmo padro dos exerccios anteriores.
Alm de controlar a presso da coluna de ar a lngua pode tambm controlar a passagem do ar, interrompendo-a de diversos modos e produzindo assim os diversos tipos de ataque. Para treinarmos a' lngua para essa funo, seu movimento deve estar totalmente independente do movimentoda mandbula. 1. O primeiro exerccio o de pronunciarmos, com a mandbula imvel, uma srie de 'tatatatata's'; depois 'nanananana's' e 'dadadada's'. Esse exerccio para fortalecer o msculo a obstruir a coluna de ar com sua ponta tocando entre o palato . ..da lngua e trein-Ia . e os InCISIVOS supenores. 2. Uma segunda forma de treinar a lngua para o ataque o de apoiar a sua ponta atrs dos incisivosinferiorese de pronunciar as mesmas seqncias do exerccio anterior,articulando os sons com o dorso da lngua e no com a ponta. Depois de treinarmos a lngua separadamente podemos aplicar esses movimentos na execuo. 3. Toque uma nota longa e, em momentos diversos no regulares, interrompa a coluna de ar com golpes de lngua. Mantenha o fluxo de ar constante, deixe que sua lngua interrompa o t1uxode ar e no o diafragma que deve fazer uma presso constante. Conforme a posio da lngua e a consoante utilizada na articulao, teremos um tipo diferente de ataque. A maneira mais interessante de aperfeioarmos esse aspecto o de ouvirmosgravaes de bons intrpretes e tentar descobrir qual tipo de articulao foi usada em cada ocasio.
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o Vibrqto
Muitos msicoshoje em dia, principalmentedos instrumentosde madeira (flauta, obo, fagote, etc.), consideram o vibrato como uma caracterstica que deve fazer necessariamente parte do som. Se voc tiver oportunidade de ter em mos algum tratado de ornamentao ou mesmo algum mtodo de instrumento da poca barroca poder observar que o vibrato era, ento, considerado um ornamento, da mesma forma que o 'trinado' , o 'mordente', o 'grupeto' e etc. Sob esse ponto de vista, o vibrato um efeito que pode 'ornamentar' certas notas de um trecho musical e no algo como uma chave de rgo eletrnico que a ligamos e fica o tempo todo funcionando. O vibrato, usado com parcimnia e colocado inteligentementeem determinadas notas, pode contribuir para ressaltar o contorno das frases musicais tomando sua estrutura mais clara para o ouvinte, mesmo que de forma inconsciente. Normalmente, usa-se o vibrato nos pontos culminantes de uma frase musical. O vibrato tambm um importante elemento de caracterizao dos estilos musicais. Por exemplo, um trompetista dever executar uma sinfonia de Beethoven praticamente sem vibrato; um concerto de Ravel com um vibrato sutil em determinados momentos e, talvez, com muito vibrato em alguma pea de Gershwin. Um bom conhecimento da histria da msica apoiadopela audio de bons intrpretesmostrarqual o melhorcaminho a seguIr.
o vibrato de mandbula produzido pela movimentao da mandbula verticalmente para cima e para baixo, sem que esse movimento interfira nos outros msculos da embocadura. O importante no vibrato que ele seja "controlado", s ocorrendo no momento e na velocidadedesejada pelo intrprete.Muitas pessoascomeama tocar comvibrato e perdem o controle sobre ele, no sendo mais capazes de emitir um som puro e sem vibrato. Para poder control-Io deve-se estudar de forma muito rtmica, de preferncia com o auxlio de um metrnomo; muito lento no comeo e aumentando-se a velocidade de maneira gradativa.
A Re5pirq~opermqnente
Outro efeito muito til na execuo de frases longas a respirao permanente. Existe uma mstica em torno dela como sendo algo conseguido s por poucas pessoas. Na verdade algo muito parecido com andar de bicicleta; demora-se a conseguir mas, uma vez aprendido, no se esquece nunca mais. Respiraopermanente a habilidade de se controlaro armazenamentoe o fluxo de ar na cavidade bucal com a parte posterior da lngua durante a expirao. No momento em que o ar vindo dos pulmes estiver chegando ao fIm,enche-se a boca de ar (com o ar que ainda resta nos pulmes),fecha-seseu fundoda bocacoma parteposteriorda lngua,continua-se por um momento assoprando com o ar contido na boca e, enquanto isso, inspira-se pelo nariz. Uma vez cheios os pulmes, abre-se a cavidade bucal baixando-se lngua e continua-se assoprando, agora com o ar vindo dos pulmes. Esse ciclo pode ser repetido ad etemum. Tudo isso deve ocorrer sem que haja movimentos bruscos ou alteraes nos msculos da embocadura ou na presso do ar. Parece complicado mas no ? Leia mais uma vez, vagarosamente, o pargrafo acima tentando imaginar a seqncia dos movimentos. tudo muito mais simples do que parece. Vocj imaginou como seria tentar explicar com palavras como andar de bicicleta ou como assobiar?
que muito mais fcil soltar o ar contido na boca durante a expirao do que durante a inspirao. A est o ponto chave de tudo, onde voc deve trabalhar com pacincia: soltar o ar da boca enquanto voc inspira pelo nariz. No comeo ser difcil expirar continuamente o ar da boca sem dar trancos, mas, com pacincia, tudo se resolve. 4. Quando voc estiver dominando o exerccio anterior,tente rapidamente,quando o ar contido na boca estiver chegando ao fim, abrir o fundo da boca baixando a lngua e ench-Ia com ar dos pulmes, fechando o fundo da boca logo em seguida. 5. Dominando o exerccio anterior, tente faz-Iona seqncia, repetindo-o continuamente como numa bicicleta,uma pedalada depoisda outra. Uma vez adquirida a habilidade bsica, voc poder praticar com um canudinho tentando produzir bolinhas de ar continuamente num copo com gua. 6. O prximo passo executando uma nota no instrumento. Comece no registro mdio em piano. Embocadura relaxada. No comeo o som sair horrvel. No desanime! Pouco a pouco voc vai conseguir controlar melhor a sonoridade e, quando menos esperar, estar expirando "continuamente", sem interrupes para inspirar. --
Preplrltivos de vilgem
Embora o mercado editorial brasileiro tenha se desenvolvido muito nos ltimos anos a bibliografia especfica, no que diz respeito tcnica de instrumentos de metal, deixa ainda muito a desejar. O leitor encontrar poucos ttulos disposio e, se quiser aprofundarse mais no assunto, ter que recorrer a livros importados. Temos a um primeiro problema! O que fazer se voc s fala portugus? Meu conselho: voc tem agora um timo motivo para, finalmente,aprender uma lngua estrangeira. Caso voc, mesmo assim, ache que no vale a pena, resta sempre a sada: a ajuda "daquele amigo que sabe uma outra lngua". O fato que s com o portugus voc estar em uma ilha cultural nessa sua viagem em busca de informao. Segundo problema: "Mas como aprender sem o auxlio de um bom professorT Em primeiro lugar, no culpe seu professor, pois ele teve as mesmas dificuldades que voc para ter acesso informao e, se elej estiver numa idade avanada, sem dvida nenhuma, para ele, as coisas foram muito mais difceis do que esto sendo para voc agora! Em segundo lugar, lembre-seque o melhor professor que podemos ter ns mesmos.Vocs vai conseguir realizar algo com perfeio no seu instrumento, quando sua conscincia compreender a fundo e, uma vez compreendido, ensinar ao seu corpo o qu e como fazer. Existem algumas pessoas que conseguem apreender muitas coisas de maneira intuitiva dispensando a fase consciente, mas isso no vale para tordos. De qualquer forma, quanto mais profundamente voc compreender o funcionamento de todo o processo do ato da execuo mais facilmente voc ter controle sobre ele.
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A Arte do Sopro Desvendando
de Bocal
parece estar muito pouco relacionado com os problemas prticos que um instrumentista tem
de resolver, porm, se for estudado de uma maneira mais aprofundada o leitor encontrar nele
caminhos para resolver problemas que antes pareciam ser insolveis. Para os que tm problemas dentrios ou no conseguem manter uma higiene bucal adequada aconselhamoso livro "HigieneBucal" de Giorgio de Micheli, CarlosEduardo
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J. Angelino Bowni
Tcnic1 B~sic1
No que se refere tcnica bsica dos instrumentos de metal aconselho trs livros. O primeiro trata a tcnica do ponto de vista fisiolgico dando-nos uma abordagem mdica do assunto; o segundo aborda a tcnica relacionando-a com o aspecto espiritual do indivduo; o terceiro aborda os problemastcnicos de uma maneira simples e prtica do ponto de vista de um instrumentista. "The Embochoure" (A Embocadura) de Maurice M. Porter.Nesse livro o autor faz um estudo profundo da embocadura abordando sua estrutura ssea e dental bem como todos os msculos nela envolvidos. O autor relaciona ainda o funcionamento da embocadura com o da garganta e com a respirao. Na parte final do livro o autor relaciona a utilizao especfica da embocadura a fim de se obter diversos efeitos musicais como o staccato e o legato, apresenta vrio~problemas patolgicos que podem ocorrer com a embocadura bem como solucion-Ios e, finalmente, d uma srie de conselhos teis para preserv-Ia em bom estado de sade e funcionamento. O livro "TraitMthodique de Pdagogie Instrumentale" (Tratado metdico de Pedagogia Instrumental) de Michel Ricquier, trata da reparao e da embocadura mas com uma abordagem completamente diferente dos outros livro. Ele relaciona os aspectos tcnicos com o lado psicolgico e espiritual do instrumentista. Existem no livro vrios exerccios de relaxamento, concentrao e revigoramento espiritual (especialmente til para os que tm "trauma" da regio aguda). Trata-se de um livro srio e muito interessante de ser lido. "Essentials of Brass Playing" (Fundamentos da Tcnica dos Instrumentos de Metal) de Fred Fox trata de vrios aspectosda tcnica dos instrumentosde metal abordandoos de maneira simples e prtica. Para aqueles que no esto muito preocupados com detalhes e querem atingir rapidamente o objetivo esse o livro ideal.
Para acstica existe um livro muito interessante escrito em linguagem muito clara "Sopros, ordas e Harmonia" de Arthur H. Benade. Quanto o desenvolvimento da musicalidade o caminho muito mais complexo, existe um livro de Philip Farkas que poder auxili-Io muito nessa caminha: 'The Art of Musicianship ". Para se chegar a dominar tecnicamente um instrumento o caminho pode ser muito longo e desencorajador, mas se voc enfrent--Io com coragem ver que a cada passo voc ter mais seguranano andar e que aquiloque antes pareciaser uma barreira intransponvel se transformar em um simples passo de um caminho fascinante.
Sem desculpqs
At poucos anos atrs, conseguir um livro de msica do exterior era uma tarefa nada fcil. Hoje em dia, atravs da Internet, podemos em poucos minutos localizar o livro que estamos procurando, encomend-I o e, em algumas semanas, teremos o livro em mos entregue em nossa casa.
Livros em ingls Livros em francs Livros em italiano Livros em alemo Livros em ingls Livros em espanhol Brass Bulletin Partituras Acompanhamentos ndice de editoras
http://www.amazon.com/ http://www.alapage.ft/ http://www.intemetbookshop.it!hmelhmepge. asp http://www.mail-order-kaiser.de/ http://www.barnesandnoble.com/ http://es.livra.com/ http://www.brass-bulletin.ch/ http://www.amadeus-musicmedia.de/ http://www.musicminusone.com/ http://www.webcom.comlmusics/catalogs.html
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J. Angelino Bouini
1- (a) "Tcnica da Trompa" - Gunther Sehuller; (b) "Tcnica de Trompete" - Delbert A. Dale; (e) 'Tcnica de Trombone" - Denis Wick Oxford University Press London,New York,Toronto.
Mathez) CH. 1630 Bulle/Suisse 3 - "A Arte de Executar Trompa" - Philip Farkas, 1956, Summy -
-Philip Farkas,
(onscinciq
e De~envolvimento
corporql:
Ltda. Av. Paulista 2. 518 Tel. 259-9779 CEP O131O- So Paulo. 1977, Summus Editorial Ltda. Rua Cardoso
1- "HigieneBucal" -GiorgiodeMicheli Carlos Eduardo AunMichel Nicolau Youssef, 1986,Editora tica S. A. Rua Baro de Iguape, 110Tel. (pABX) 278-9322 Caixa Postal 8656 - So Paulo. 2 "Tcnicas de Relaxamento" Petho Sandor e outros, 1982, Vetor -Editora Psico-Pedaggica
de Almeida, 1.287 Te!. 65-1356 e 263-4499 Caixa Postal 13. 814 CEP 05013 - So Paulo. 4 - "MovimentosBsicos " - Laura Mitchell Barbara Dale, 1984, Livraria Martins Fontes Editora Ltda. Rua Conselheiro Ramalho, 330/340 CEP 01325 -So Paulo. 5 - "Atlas de Anatomia do Movimento" -RolfWirhed, 1986,Editora Manole Ltda. Rua 13de Maio, 1.026 Te!.287-0746CEP01327-SoPaulo.
6 - "Respirao e circulao"- Jos A. Gaiarsa, 1988, Editora Brasiliense Rua General Jardim, 160 Te!. 231-1422 CEP 01223 - So Paulo. Acsticq:
1 - "Sopros,Cordase Harmonia" -ArthurH. Benade, 1967,Edart - SoPaulo - LivrariaEditora Ltda. Rua Conde de Sarzedas, 38 So Paulo. Tcnicq Gerql: 1 - "A embocadura" -Maurice M. Porter, 1980, Boosey and Hawkes Musie Publishers Limited 2 "Fundamentos de Execuo dos Instrumentos de Metal" Fred Fox 1974, Volkwein Bros. , Inc. Pittisburgh,Pa. 15212.
3
"
-Michel
viq internet:
. .
1 Malte Burba: Brass Master-Class - Die Methode fur alIe Blechblser. Der logische Weg zu grenzenloser Sieherheit,Ausdauer undHhe. Mainz, Schott-Verlag,Neuausgabe 2005) SchottED 8335 Com DVD em alemo e ingls:Combinao Livro/DVD:SchottED 8335-01 SDVD: Malte Burba, "Brass Master Class", SchottSMS 124
2 Malte Burba: Brass Master Class 1Method for brassplayers (engl.). Mainz, Schott- Verlag 1996 3 - Malte Burba: Symmetrische und pentatonisehe Skalen. Trompete IHom. EMR 180. Crans-Montana (Sehweiz), Edition Mare Reift 2004; pode ser obtido por e-mail: [email protected] 4 Malte Burba: Omnibus. Brassworkshop Compaet Workout fr Bleehblser - Skalen. EMR 181.
BulIe 1987wwweditions-bim.com
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A Arte do Sopro - Desvendando a tcnica dos instrumentos de Bocal