O Conceito de Antropologia:

Leitura obrigatria LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropolgico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006. Leitura complementar de aprofundamento:

GUERREIRO, Silas. Antrophos e psique. O outro e sua subjetividade. So Paulo: Olho Dgua, 2004.

Antropologia uma cincia dedicada ao estudo do Homem. O radical latino anthropos significa Homem (Ser Humano), e logia o estudo. Surge no sc. XIX empenhada em aprofundar o conhecimento cientfico sobre as chamadas sociedades primitivas, como eram chamadas as tribos e povos no-europeus, os nativos das Amricas, Austrlia e frica. Para explicar a grande diferena de comportamento entre esses povos e os povos europeus, a Antropologia acabou se concentrando no conceito de cultura. Hoje, essa cincia no estuda apenas as tribos ou pequenas comunidades distantes dos centros desenvolvidos, mas qualquer ambiente social. Isso ocorreu, pois ficou comprovado que a diversidade cultural no gira apenas em torno de povos primitivos e povos civilizados, mas est em toda parte onde haja contato entre dois povos que cultivam costumes e valores diferentes. E recentemente, em nossa histria, com o incio da chamada globalizao, o contato entre pessoas e organizaes com diferentes referenciais de mundo, ou seja diferentes culturas, intensificou-se num ritmo frentico. Por isso compreender o conceito cientfico de cultura to importante. A Antropologia o estudo da humanidade, ela tenta compreender e explicar o funcionamento das sociedades humanas. Os antroplogos agem como intermedirios da cultura, esclarecendo temas e posies no contato entre rgos e autoridades e a populao em geral. Para EDWARD TYLOR no final do sculo XIX, definiu cultura como "um conjunto complexo que inclui os conhecimentos, as crenas, a arte, a lei, a moral, os costumes e todas as outras capacidades e hbitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade". A essa definio, seguiram-se muitas outras, e hoje podemos encontrar centenas de formas diferentes para se referir ao mesmo conceito. Mas, por que essa falta de consenso na Antropologia? Vamos passar por alguns dos principais autores para compreender a complexidade do tema. O autor no fundou nenhuma escola de Pensamento Antropolgico.

Vejamos algumas tenses que moldam a sociedade:

a) Status de homens e mulheres: linhas de descendncia, diviso do trabalho, regras de conduta sexual, etc. b) Vnculos entre marido e esposa c) Direitos coletivos x direitos individuais d) Conflitos sobre recursos x objetivos comuns de paz: recursos como terra, mulheres, prestgio x a busca de metas comuns. e) Unio entre pares: unio entre colegas da mesma faixa etria X filiao a grupos de interesses diferentes. f) Conflito de geraes.

Atividades recomendadas: 1) Faa uma leitura criteriosa dos textos indicados, observado os argumentos utilizados pelos autores. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exerccio

Dentre as tenses que moldam a sociedade podemos citar: a) Status de homens e mulheres: linhas de descendncia, diviso do trabalho, regras de conduta sexual, etc. b) Ritos de passagem c) Ritos de confirmao d) Pseudo-eventos e) globalizao A resposta correta a essa questo a slternativa a, as outras alternativas, apenas citam tpicos que so discutidos pela antropologia.

As Escolas da Antropologia: Culturalismo, Fucionalsmo e Antropologia Interpretativa.

Leitura obrigatria LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropolgico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006. Leitura complementar de aprofundamento: GUERREIRO, Silas. Antrophos e psique. O outro e sua subjetividade. So Paulo: Olho Dgua, 2004.

Nessa aula veremos algumas Escolas de Pensamento da Antropologia como o Culturalismo, Funcionalismo e a Antropologia interpretativa.

A seguir, vrios autores mostram sua definio para o conceito de cultura:

Escola Culturalista:
Franz Boas: Nascido numa famlia judaica liberal, seu pai, Meier Boas, era um comerciante de sucesso e sua me, professora de jardim da infncia. Ambos os pais de Boas eram influenciados pelo "esprito" daRevoluo de 1848 mesmo anos aps o seu trmino. A influncia dos princpios polticos de seus pais durante sua infncia e adolescncia teriam reflexos na formao de suas idias pioneiras sobreraa e etnicidade. Sua primeira insero no campo cientfico no se deu a partir da Antropologia, mas sim da Fsica, curso no qual Boas se qualificou como doutor em 1881. Atravs de sua dissertao de doutorado "Contribuies para o Entendimento da Cor da gua. Foi em uma viagem para Baffinland com a inteno de escrever um livro sobre psicofsica, enquanto trabalhava com um grupo de esquims que Boas vivenciou a sua primeira experincia de campo. Tal experincia foi determinante para sua mudana disciplinar e o incio de suas reflexes antropolgicas. Em1887 Boas emigrou para os EUA, mas somente depois de sua primeira publicao tornar-se-ia referncia. Foi nomeado e promovido a professor de Antropologia em Columbia em 1899. Na poca, os vrios antroplogos que lecionavam em Columbia distribuam-se por diferentes departamentos. Quando deixou o Museu de Histria Natural, Boas negociou com a universidade a reunio desses vrios professores em um nico departamento, do qual ele prprio seria o responsvel. O programa de PHD em Antropologia da Universidade Columbia, criado por Boas, seria o primeiro da Amrica. Diferente dos evolucionistas que dominavam a Antropologia em seu princpio, Boas argumentava que em contraste com o senso comum, raas distintas da caucasiana como os ndios do Peru e da Amrica Central haviam desenvolvido civilizaes similares quelas nas quais as civilizaes europias tinham sua origem. Embora seus escritos ainda reflitam um certo racismo inerente ao seu tempo, Boas foi pioneiro nas idias de igualdade racial que resultaram nos estudos de Antropologia Cultural da atualidade. Como orientador de antroplogos notveis comoMargaret Mead e bo brasileiro Gilberto Freyre , Boas ficou conhecido posteriormente como pai da Antropologia contempornea. De todas as suas idias, a formulao do conceito de etnocentrismo e a necessidade de estudar cada cultura singularmente por seus prprios termos exercem, ainda nos dias de hoje, uma enorme influncia nos estudos antropolgicos. Em sua obra, Boas se contraps aos evolucionistas, que compreendiam as culturas das sociedades no-caucasianas como inferiores. atravs de seus estudos que a idia de uma escala evolutiva das sociedades partindo de agrupamento de homens "selvagens" ou "naturais" e chegando as "sociedades civilizadas" europias vai sendo gradualmente abandonada pelos estudos antropolgicos. Franz Boas criticou com veemncia os determinismos biolgicos e geogrficos, alm da crena no evolucionismo cultural. Boas apontava que cada cultura uma

unidade integrada, fruto de um desenvolvimento histrico peculiar. Enfatizou a independncia dos fenmenos culturais com relao s condies geogrficas e aos determinantes biolgicos, afirmando que a dinmica da cultura est na interao entre os indivduos e sociedade Alm das severas crticas que fez ao mtodo evolucionista, Boas tambm criticou o hiper-difusionismo e o funcionalismo, ambos em evidncia na poca. Boas critica o funcionalismo que v as culturas apenas enquanto adaptaes do Homem s suas necessidades, naquilo de C. Geertz chamaria de "viso estratigrfica". Isto , enquanto os funcionalistas vem a cultura como algo limitado pelo biolgico, Boas reconhece esta limitao mas sugere que a cultura pode, por vezes, ultrapassar tais limitaes. Alm disso, Boas inaugura o conceito de culturas, no plural, atravs do particularismo histrico - onde cada cultura tem sua prpria histria. Segundo Boas, todas as culturas so dinmicas, sofrem mudanas ao longo do tempo. E o objetivo da pesquisa antropolgica, para Boas, est em compreender os fenmenos dessas culturas particulares, e qual sentido os membros de uma cultura atribuem s suas prticas; ao invs de estabelecer leis gerais, como pensavam os evolucionistas. importante ressaltar que,os evolucionistas no eram necessariamente racistas, mas etnocentricos, visto que admitiam o "selvagem" como uma etapa de sua prpria linha evolutiva" Na viso desse autor, o principal aspecto no conceito de cultura a relao entre o indivduo e a sociedade, ou seja, as reaes do indivduo na medida em que so afetadas pelos costumes do grupo em que vive e mesmo tudo que o ser humano PRODUZ influenciado pelos costumes, portanto, os COSTUMES fazem uma cultura. Para ele, os costumes (que so coletivamente construdos) influenciam os indivduos e suas obras. Portanto, para Boas, tudo que um povo produz, seja essa produo material ou imaterial resultado dos costumes que se formam nele.

Escola Funcionalista:
Funcionalismo (do Latim fungere, desempenhar) um ramo daAntropologia e das Cincias Sociais que procura explicar aspectos da sociedade em termos de funes realizadas por instituies e suas consequncias para sociedade como um todo. uma corrente sociolgica associada obra de mile Durkheim. Para ele cada instituio exerce uma funoespecfica na sociedade e seu mau funcionamento significa um desregramento da prpria sociedade. Sua interpretao de sociedade est diretamente relacionada ao estudo do fato social, que segundo Durkheim, apresenta caractersticas especficas: exterioridade e a coercitividade. O fato social exterior, na medida em que existe antes do prprio indivduo, e coercitivo, na medida em que a sociedade impe tais postulados, sem o consentimento prvio do indivduo. Nas Cincias Sociais, especificamente na Sociologia e na Antropolog ia Sociocultural, o Funcionalismo (tambm chamado Anlise Funcional) umafilosofia sociolgica que originalmente tenta explicar as instituies sociais como meios coletivos de satisfazer necessidades biolgicas individuais, vindo mais tarde a se concentrar nas maneiras como as instituies sociais satisfazem necessidades sociais,

especialmente a solidariedade social. Juntamente com a Teoria do Conflito e o Interacionismo, funcionalismo uma das trs principais tradies sociolgicas. A idia de funo tem um papel muito importante no Funcionalismo, modelando o desenvolvimento de toda a Anlise Funcional. De fato, o Funcionalismo basicamente o estudo das funes e suas conseqncias Uma funo social a contribuio que um fenmeno prov a um sistema maior do que aquele ao qual o fenmeno faz parte. Esse uso tcnico no o mesmo da idia popular de funo como um evento, ocasio, obrigao, responsabilidade, ou profisso. A grande critica sobre esta viso reside no fato de, como num organismo vivo, haver a tendncia a identificar partes deste como mais importantes (rgos vitais), justificando assim a existencia e manuteno ou extino daqueles considerados como menos importantes. Seriam as partes descartveis da sociedade. (Vr Sociologia Critica de Pedrinho Guareschi). Visto que a Anlise Funcional estuda todas contribuies feitas pelo fenmeno scio-cultural para os sistemas dos quais fazem parte, muitos funcionalistas argumentam que instituies sociais so funcionalmente integradas para formar um sistema estvel e que uma mudana em uma instituio ir precipitar uma mudana em outras instituies. Esse fenmeno denominado analogia orgnica por Durkheim e outros. Nos anos 1960, o Funcionalismo era criticado por prover modelos ineficazes para mudanas sociais, contradies estruturais e conflitos; por isso mesmo, a Anlise Funcional ficou conhecida como Teoria do Consenso. Crticos mais fortes incluem o argumento espistemolgico que diz que o Funcionalismo tenta descrever instituies sociais apenas atravs de seus efeitos e assim no explica a causa desses efeitos. Anterior aos movimentos sociais dos anos 60, o funcionalismo foi a viso dominante no pensamento sociolgico; aps tais movimentos, a Teoria de Conflito desafiou a sociedade corrente, defendida pela teoria funcionalista. Conforme alguns opositores, a Teoria Funcionalista sustenta que conflito e disputa pelo status quo danosa sociedade, tendendo a ser a viso proeminente entre os pensadores conservadores. Malinoswski (1931) - Esta herana social o conceito central da antropologia cultural (...). Normalmente chamada de cultura na moderna antropologia e nas cincias sociais. (...) A cultura inclui os artefatos, bens, procedimentos tcnicos, idias, hbitos e valores herdados. No se pode compreender verdadeiramente a organizao social seno como uma parte da cultura. Na viso desse autor, a cultura a TOTALIDADE do que um grupo social produz, ou seja, idias, hbitos, valores e bens entre outras coisas. Para ele, a organizao de uma sociedade (instituies, economia, religio) so uma parte da cultura. Portanto a poltica, as leis, enfim, o conjunto das obras humanas so todos elementos constituintes de uma cultura.

A Antropologia Interpretativa:
Com cerca de vinte livros publicados, Clifford Geertz foi um dos principais antroplogos do sculo XX, importante, assim comoClaude Lvi-Strass, no apenas para a prpria teoria e prtica antropolgica, mas tambm fora de sua rea, em

disciplinas como a psicologia, a histria e a teoria literria.Considerado o fundador de uma das vertentes da antropologia contempornea - a chamada Antropologia Hermenutica ou Interpretativa, que floresceu a partir dos anos 50. Geertz, graduado em filosofia e ingls, antes de migrar para o debate antropolgico, obteve seu PhD em Antropologia em 1949 e desde ento conduziu extensas pesquisas de campo, nas quais se originaram seus livros, escritos essencialmente sob a forma de ensaio. Suas principais pesquisas ocorreram na Indonsia e no Marrocos. Foi o descontentamento com a metodologia antropolgica disponvel poca de seu estudo, para Geertz, excessivamente abstrata e de certa forma distanciada da realidade encontrada no campo, que o levou a elaborar um mtodo novo de anlise das informaes obtidas entre as sociedades que estudava. Seu primeiro estudo tinha por objetivo entender a religio em Java. No final, foi incapaz de se restringir a apenas um aspecto daquela sociedade, que ele achava que no poderia ser extirpado e analisado separadamente do resto, desconsiderando, entre outras coisas, a prpria passagem do tempo. Foi assim que ele chegou ao que depois foi apelidada de antropologia hermenutica. Sua tese principia na defesa do estudo de "quem as pessoas de determinada formao cultural acham que so, o que elas fazem e por que razes elas crem que fazem o que fazem". Uma das metforas preferidas, para Geertz, para definir o que faz a Antropologia Interpretativa a da leitura das sociedades como textos ou como anlogas a textos. A interpretao se d em todos os momentos do estudo, da leitura do "texto" cheio de significados que a sociedade escritura do texto/ensaio do antroplogo, interpretado por sua vez por aqueles que no passaram pelas experincias do autor do texto escrito . Todos os elementos da cultura analisada devem ser entendidos, portanto, luz desta textualidade, imanente realidade cultural. Geertz concordava com a idia de Levi-Strauss de abordagem etnocntrica (que o antroplogo estruturalista via como algo positivo) no estudo da rea. Segundo Geertz, o risco do etnocentrismo de aprisionar o ser humano em sua interpretao pessoal. Geertz afirmou que o problema humano no estudo antropolgico no de estranhar o outro, mas de estranhar a si mesmo, e ele aconselhava os estudiosos a se conhecerem melhor antes de analisarem outras sociedades.

Para o autor a Cultura um sistema simblico, caracterstica fundamental e comum da humanidade de atribuir, de forma sistemtica, racional e estruturada, significados e sentidos s coisas do mundo. Geertz, que nos chama ateno para o fato que o pensamento simblico EXCLUSIVAMENTE HUMANO. A capacidade de interpretar smbolos a base de nosso pensamento. Associamos smbolos a coisas, e organizamos o mundo em nossas mentes. Por exemplo, o animal co. Para pensar no co, criamos um smbolo que o som da palavra co, e ao pensar atravs de palavras, estamos pensando simbolicamente. Para Geertz, no existe nada no mundo que o ser humano deixe de atribuir um significado. Isso o que explica a cultura humana.

Atividades recomendadas:

1) Faa uma leitura criteriosa dos textos indicados, observado os argumentos utilizados pelos autores. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exerccio A definio do conceito de cultura por Edward TYLOR a que se segue: "um conjunto complexo que inclui os conhecimentos, as crenas, a arte, a lei, a moral, os costumes e todas as outras capacidades e hbitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade". Nesse autor, o que est enfatizado sobre o conceito de cultura, que: a) A cultura algo complexo que no pode ser explicado completamente; b) Que as crenas e o conhecimento de uma sociedade dependem das capacidades de cada um; c) Que a cultura definida como resultado de uma aquisio, portanto, no inata; d) Como membro de uma sociedade somos independentes para adquirimos outros hbitos e capacidades; e) A cultura transmitida geneticamente A resposta correta a esse exerccio a alternativa c, como vimos a cultura no nasce com o indivduo, ela depende de aprendizado e do ambiente que ele est inserido.

Os avanos na antropologia- A antropologia na atualidade

Bibliografia obrigatria: LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropolgico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.P. 30-52 Leitura complementar: GUERREIRO, Silas. Antrophos e psique. O outro e sua subjetividade. So Paulo: Olho Dgua, 2004.

A antropologia social tem como conceito principal o significado de cultura. Em sua origem, o conceito de cultura, que vem da palavra agricultura demonstra como os seres humanos dominaram a natureza, de nmades se tornaram sedentrios e assim passaram a ter habilidades para controlar a produo de alimentos e artefatos.

No Brasil, de acordo com o uso popular, percebemos que existe uma concepo segundo qual cultura uma questo de status e est muito relacionada com a aquisio de conhecimento formal. Quando falamos que algum muito culto o sentido atribudo a esse conceito que se trata de uma coisa possvel de ser acumulada e que distingue um indivduo dos demais. A sociedade em geral pensa cultura como relacionada ao acesso a estudos formais. Esse conhecimento formal aquele se adquire no conhecimento transmitido por livros, autores, especialistas, etc. Se cultura algo que define nossa espcie, no existe ser humano que no tenha cultura, assim como no existe ser humano que tenha mais cultura que os outros. Alm disso a cultura dinmica, se modifica conforme o tempo e as necessidades apresentadas s sociedades humanas. Assim, podemos afirmar que no existe um povo que tenha mais cultura que outros povos. Se de fato existissem culturas melhores, ou mais avanadas deveramos escolher a cultura considerada como superior como modelo, como padro, e, se por exemplo, no pertencssemos a essa cultura dita superior, dentro dessa crena, deveramos abandonar nossa cultura. Muitas vezes confundimos superioridade econmica, com superioridade cultural, caindo em um determinismo histrico, ou seja, a histria do outro povo superior a minha histria, ou vice-versa. H uma tendncia ocidental de se manter uma viso eurocntrica, que pressupe que a cultura considerada avanada vem da Europa, sem levar em conta que cada lugar apresenta uma cultura diferente. O fato de existirem culturas diferentes algo que deve ser considerado como positivo, no um problema, ao contrrio diversidade cultural traduz a riqueza humana.

1)

Faa uma leitura criteriosa dos textos indicados, observado os argumentos utilizados pelos autores. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exerccio Chamamos de diversidade cultural o processo descrito corretamente como se segue: a) A cada sociedade humana corresponde um diferente padro de comportamento, tcnicas de sobrevivncia e trabalho, valores, tradies e hbitos. b) Uma mesma sociedade se transforma ao longo do tempo, de forma que cada gerao tem uma experincia diferente de vida. c) O meio ambiente determina as caractersticas de uma cultura. d) A herana gentica determina as caractersticas de uma cultura. e) Todas as sociedades humanas podem ser consideradas e classificadas a partir de seu grau de evoluo material e tecnolgica. A resposta correta a esse exerccio a alternativa a, a alternativa b est errada, pois uma sociedade se modifica, porm lentamente e no a cada gerao, a c est

incorreta, pois como vimos o meio ambiente no determinante para cultura, o que determina a cultura o aprendizado, assim como a herana gentica no pode ser considerada como determinante da cultura (que aprendida) como est escrito na letra d. A letra e est incorreta, pois existem ainda na atualidade sociedades no tecnolgicas e no devemos classificar as culturas que no so comparveis.

A pesquisa etnogrfica, ou os estudos de caso.

Bibliografia obrigatria: LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropolgico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.P. 30-52 Leitura complementar GUERREIRO, Silas. Antrophos e psique. O outro e sua subjetividade. So Paulo: Olho Dgua, 2004. A etnografia um processo guiado pelo Antroplogo, assim a utilizao de tcnicas e procedimentos etnogrficos no seguem padres rgidos, o trabalho se desenvolve a do contexto social da pesquisa do campo. Etnografia - Grafia vem do grego graf(o) significa escrever sobre, escrever sobre um tipo particular - um etn(o) ou uma sociedade em particular. Antes de investigadores iniciarem estudos mais sistemticos sobre uma determinada sociedade ele escreviam todos os tipos de informaes sobre os outros povos por eles desconhecidos, a especialidade da antropologia, que tem por fim o estudo e a descrio dos povos, sua lngua, raa, religio, e manifestaes materiais de suas atividades, parte ou disciplina integrante da etnologia a forma de descrio da cultura material de um determinado povo. A pesquisa etnogrfica surgiu no final do sculo XIX e incio do sculo XX, como uma tentativa de observao mais holstica dos modos de vida das pessoas. Foi encontrada primeiramente em livros de viagem, descrevendo sociedades exticas. Muitos desses livros foram criticados por serem incompletos ou por dramatizarem excessivamente os fatos descritos. A etnografia usada como recurso da pesquisa qualitativa, a cultura no vista como um mero reflexo de foras estruturais da sociedade, mas como um sistema de significados mediadores entre as estruturas sociais e a ao humana, tambm conhecida
como: pesquisa social, observao participante, pesquisa interpretativa, pesquisa analtica, pesquisa hermenutica. Compreende o estudo, pela observao direta e por um perodo de tempo, das formas costumeiras de viver de um grupo particular de pessoas: um grupo de pessoas associadas de alguma maneira, uma unidade social representativa para estudo, seja ela formada por poucos ou muitos elementos. Por exemplo: uma comunidade, uma escola, um hospital, etc.

A pesquisa etnogrfica proposta por Geertz e Lvi-Strauss envolvem longos perodos de observao, um a dois anos, preferencialmente. Este perodo se faz

necessrio para que o pesquisador possa entender e validar o significado das aes dos participantes, de forma que este seja o mais representativo possvel do significado que as prprias pessoas pesquisadas dariam a mesma ao, evento ou situao interpretada. Para Geertz, praticar etnografia no somente estabelecer relaes, selecionar informantes transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um dirio " o que define o tipo de esforo intelectual que ele representa: um risco elaborado para uma "descrio densa" .

Atividades recomendadas: 1) Faa uma leitura criteriosa dos textos indicados, observado os argumentos utilizados pelos autores. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exerccio Sobre o exerccio etnogrfico assinale a alternativa correta; a) A etnografia uma prtica que requer tcnicas apuradas e muito bem estabelecidas teoricamente. b) A etnografia requer uma avaliao superficial do Antroplogo para no haver risco de envolvimento do pesquisador com seu objeto de pesquisa. c) A etnografia envolve curtos perodos de observao. d) A etnografia um recurso utilizado basicamente pela pesquisa quantitativa. e) A etnografia um processo guiado pelo Antroplogo, assim a utilizao de tcnicas e procedimentos etnogrficos no seguem padres rgidos, o trabalho se desenvolve a do contexto social da pesquisa do campo. Resposta correta a alternativa e, pois como vimos o exerccio etnogrfico requer conhecer as particularidades de cada cultura, assim no pode haver um padro rgido de analise.

As noes antropolgicas de cultura e as representaes simblicas Bibliografia obrigatria: GUERREIRO, Silas. Antrophos e psique. O outro e sua subjetividade. So Paulo: Olho Dgua, 2004.P.87-96 Leitura complementar: MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zlia Maria Neves. Antropologia. Uma introduo. So Paulo: Atlas, 1998.

O termo smbolo, com origem no grego ? (smbolon), designa um tipo de signo em que o significante (realidade concreta) representa algo abstrato (religies, naes, quantidades de tempo ou matria, etc.) por fora de conveno, semelhana ou contiguidade semntica (como no caso da cruz que representa o Cristianismo, porque ela uma parte do todo que imagem do Cristo morto). Sendo um signo, "smbolo" sempre algo que representa outra coisa (para algum). O smbolo um elemento essencial no processo de comunicao, encontrando-se difundido pelo cotidiano e pelas mais variadas vertentes do saber humano. Embora existam smbolos que so reconhecidos internacionalmente, outros s so compreendidos dentro de um determinado grupo ou contexto (religioso, cultural, etc.). Ele intensifica a relao com o transcendente. A representao especfica para cada smbolo pode surgir como resultado de um processo natural ou pode ser convencionada de modo a que o receptor (uma pessoa ou grupo especfico de pessoas) consiga fazer a interpretao do seu significado implcito e atribuir-lhe determinada conotao. Pode tambm estar mais ou menos relacionada fisicamente com o objeto ou ideia que representa, podendo no s ter uma representao grfica ou tridimensional como tambm sonora ou mesmo gestual. da natureza humana criar representaes simblicas que encapsulam experincias de vida. Elas explicam o mundo para ns e de uma pessoa a outra. Elas ajudam a construir nossa viso de mundo, mostrando que existe muito mais alm dos limites da nossa experincia. Com isso, criam imagens em nossa mente e nos abrem para novas experincias, realidades, pocas. As histrias que ouvimos e contamos, a ns e a outros, so nossa principal maneira de simbolizar, de transformar em sentido o que acontece conosco. Elas so como presentes que embalamos e passamos adiante, de pessoa para pessoa, de gerao para gerao.

Faa uma leitura criteriosa dos textos indicados, observado os argumentos utilizados pelos autores. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exerccio smbolos so elementos essenciais no processo de comunicao, podendo assumir diversas formas, desde objetos, at a palavra escrita, dentro desse contexto assinale a alternativa correta sobre os smbolos a) Todos os smbolos so universais e portanto compreendidos por todos seres humanos b) Todos os smbolos so locais e portanto compreendidos apenas pela comunidade a qual esse smbolo pertence c) Smbolos so sempre resultado de um processo natural. d) da natureza humana criar representaes simblicas que fazem parte de experincias de vida. e) Smbolos so sempre resultado da criao humana e nada tem de natural. Resposta correta a esse exerccio a alternativa d, h uma necessidade uma humana de representao de sua vida, anseios e de seu cotidiano. Smbolos como vimos so resultado tanto da ao humana como podem aparecer em processos artificiais (exemplo as cores dos semforos) ou naturais, alm disso existem smbolos universais, ou seja,

1)

que so compreendidos por todos os seres humanos e outros locais que so compreendidos por apenas uma parcela da humanidade.

A viso da cultura dentro de uma perspectiva etnocntrica e Bibliografia obrigatria:

relativista.

LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropolgico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006. P. 80-94 Leitura complementar MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zlia Maria Neves. Antropologia. Uma introduo. So Paulo: Atlas, 1998. Qual o significado de etnocentrismo? E de relativismo cultural? Se o homem v o mundo atravs de sua cultura a consequncia bvia considerar o seu modo de vida como o mais correto, mais natural e o melhor. Denominamos este tipo de postura de etnocentrismo que pode ser responsabilizado por conflitos sociais, perseguies e em casos extremos guerras e revolues ou at mesmo genocdios. comum a crena de que a prpria sociedade o centro da humanidade ou mesmo a sua nica expresso. Nessa postura etnocntrica o ponto de refernia passa a ser o prprio grupo, discriminando e por vezes atacando verbal, moral ou fisicamente os que so diferentes porque pertencem a outro grupo . Os costumes, a cultura de outros grupos passam a ser encarados como ruins, errados ou at mesmo imorais. Indivduos de culturas diferentes podem ser facilmente identificados por uma srie de caractersticas tais como o modo de agir, vestirem, caminharem, comer, falar, sendo o ltimo uns dos mais evidentes na imediata observao emprico. A linguagem como manifestao cultural ir exprimir os costumes, o modo de ser de cada povo. Tendemos a discriminar o comportamento de outras culturas porque assim fomos condicionados, aprendemos devemos reagir com desconfiana quilo que desconhecemos e assim costumamos depreciar, julgar toda cultura diferente da nossa. Uma outra postura possvel a relativista. O chamado relativismo cultural sugere conformar e no confrontar as diferenas culturais, a ideia aqui no julgar, no depreciar, afinal culturas no podem ser hierarquizadas, e como vimos assim como no existem seres humanos sem cultura, no h cultura melhor ou pior. Devemos ser mais tolerantes, o certo e o errado devem ser relativizados porm no devemos esquecer que deve haver uma conduta moral universal, devemos sim relativizar a cultura, mas tambm devemos pensar na cultura como algo dinmico e no esttico.

Mas no conveniente como sugere o relativismo acreditar que sua funcionalidade fazer com que a sociedade caminhe para uma mesma direo, com conceitos aprovados por todos, estaramos desacreditando dos nossos prprios conceitos individuais e do grupo que mais adquam as nossas necessidades e valores. Atividades recomendadas: 1) Faa uma leitura criteriosa dos textos indicados, observado os argumentos utilizados pelos autores. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exerccio

Algumas tribos eram canibais como, por exemplo, os tupinambs que habitavam o litoral da regio sudeste do Brasil. A antropofagia era praticada, pois acreditavam que ao comerem carne humana do inimigo estariam incorporando a sabedoria, valentia e conhecimentos. Desta forma, no se alimentavam da carne de pessoas fracas ou covardes. A prtica do canibalismo era feira em rituais simblicos. Sobre a questo do relativismo cultural assinale a alternativa correta: a) As diferenas culturais esto presentes na sociedade e podem ser explicadas de forma indiscutvel mediante o etnocentrismo. b) O texto acima comprova a teoria da escala da civilizao como uma forma atual e aceita por todos para explicar a diferenas entre os povos. c) O relativismo cultural algo que deve ser evitado pois pode levar prticas preconceituosas. d) O canibalismo, abordado no texto no uma forma de manifestao cultural. e) As diferenas culturais devem ser explicadas mediante a interpretao das culturas observando-se o relativismo cultural. Resposta correta a esse exerccio a alternativa e, o relativismo cultural a melhor maneira de lidarmos com as diferenas culturais por mais estranhas que nos possam parecer, ao julgar estaremos praticando uma postura etnocntrica que no adequada para entendermos as diferenas.