Usos e Abusos Do Símbolo Na Produção Historiografíca
Usos e Abusos Do Símbolo Na Produção Historiografíca
Usos e Abusos Do Símbolo Na Produção Historiografíca
Este presente artigo tem como objetivo discutir o elemento simbólico na produção
historiográfica. Tem como ponto de partida as discussões em torno desta questão no
debate entre Roger Chartier, Robert Darnton e Dominick LaCapra. 1
1
CHARTIER, Roger. “Textos, símbolos e o espírito francês”. História Questões e Debates. Associação
Paranaense de História – APAH, Curitiba, PR: Ano 13, nº. 24, jul./dez. 1996; DARNTON, Robert. História
e Antropologia. In: ______. O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010; DARNTON, Robert. Os trabalhadores se revoltam: o grande massacre de gatos da rua Saint-
Séverin. In: ______. O grande massacre de gatos, e outros episódios da história cultural francesa. Rio de
Janeiro: Graal, 1986; LACAPRA, Dominick. “Chartier, Darnton, and the Great Symbol Massacre”. In: The
Journal of Modern History, Vol. 60, No. 1 (Mar., 1988), pp. 95-112.
2
DARNTON, Robert. Os trabalhadores se revoltam: o grande massacre de gatos da rua Saint-Séverin. In:
______. O grande massacre de gatos, e outros episódios da história cultural francesa. Rio de Janeiro:
Graal, 1986.
1
busca então tentar compreender o elemento “engraçado” naquela ocasião do massacre dos
gatos dos tipógrafos da rua Saint-Séverin, elemento este que nos foge inicialmente, pela
“opacidade” do documento, mas que, após uma investigação do universo simbólico
daquela sociedade, em que aqueles indivíduos se encontravam inseridos, pode ser
compreendido. Este, sem dúvida, é um ponto importante da tese de Darnton: ele pensa ao
cultura como sendo um universo simbólico, isto é enquanto um sistema, uma “estrutura
referencial”, que dá significado à experiência; assim, procede em sua pesquisa à
investigação do simbolismo popular, que explicaria então o porquê da escolha dos gatos,
das encenações e, finalmente, do riso. O objeto de seu livro era, então, confrontar a
opacidade dos documentos, desde contos populares dos mais diversos até as cartas
trocadas pelos leitores de Rousseau, passando por um relato de massacre de gatos e a
Enciclopédia de Diderot e d’Alembert, afim de adentrar no universo dos símbolos da
França oitocentista.
A primeira grande crítica, surge de Chartier e para os objetivos aqui proposto irei
me atentar a questão da crítica a noção de símbolo presente na obra de Darnton. O Grande
Massacre dos Gatos de acordo com Roger Chartier parte de um conceito de cultura “num
sentido estritamente geertziano como expresso, por exemplo em A interpretação das
culturas como
Contrário a este sentido amplo e vago da acepção de símbolo, Chartier vai buscar
uma outra definição de “símbolo”. Atento em busca compreender e reconstruir as formas
com as quais os homens do século XVIII concebiam e expressavam o seu mundo, de
resgatar as definições dos conceitos utilizados pelos próprios indivíduos do passado,
3
CHARTIER, Roger.Op. Cit. 1996, p. 08.
4
Ibid. p. 16.
2
Chartier, em sua crítica, traz a definição do verbete “símbolo” encontrada no dicionário
de Antoine Furetiè na edição de 1727, para se aproximar do “ponto de vista do nativo”,
tal como sugere o projeto de escrita da história por Robert Darnton. Um dos significados
presentes no dicionário aponta para a noção de representação presente em um símbolo.
Para Chartier, então, o símbolo sem dúvida é um signo. A questão, porém, é que nem todo
signo é um símbolo. Para que essa relação ocorra, um elemento é imprescindível: a ideia
de representação: “Para que possa ser qualificado como ‘simbólico’, a relação entre o
signo e o que ele torna conhecível para nós, que é invisível, supõe que este signo está
sendo colocado no lugar da coisa representada, que ele é o seu representante” 5. Assim,
nem todos os signos possuem necessariamente uma relação de representação, não os
tornando assim um símbolo; nem todos os signos manipulados em uma cultura, então,
podem ser tratados como símbolos pois segundo ele,
5
Ibid. p. 16.
6
Ibid. p. 18.
7
CHARTIER, Roger. “O mundo como representação”. In: À beira da falésia: a história entre incertezas
e inquietudes. Tradução Patrícia Chittoni Ramos. 1a. ed. Porto Alegre: Editora Universidade / UFRGS,
2002. p. 75.
3
De acordo com Francismar Alex Lopes de Carvalho, a crítica de Chartier dirigida a
Darnton seria parte de uma renúncia a tirania do símbolo, pois todos os signos, atos e
objetos são considerados como formas simbólicas entendido como um sistema
simbólico8. Esse sistema simbólico que Geertz denomina de cultura, é definido pelo
mesmo como um “contexto, algo dentro do qual eles podem ser descritos de forma
inteligível – isto é, descritos com densidade”9.
8
CARVALHO, Francismar Alex Lopes de. “O conceito de representações coletivas segundo Roger
Chartier” In: Diálogos – Revista do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em
História. Universidade Estadual de Maringá, v.9, n.1, 2005, p. 147.
9
GUEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989. p. 24.
10
DARNTON, Robert. Op.Cit.,2010, p. 285.
11
CHARTIER, Roger. Op.Cit., 1996, p. 18.
12
HUNT, Lynn. “Apresentação” In: _____________. A nova história cultural. Tradução Jefferson Luis
Camargo. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
p. 17.
4
Como resposta, Darnton argumenta em seu artigo, que apesar dos tipógrafos
provavelmente pudessem ter lido o massacre de formas diferentes, a polissemia do evento
era restrita:
Dominick LaCapra, por sua vez, realiza uma crítica a análise do símbolo realizada
por Chartier, considerando que este incorre no mesmo erro do qual amputa a Darnton,
pois “ele invoca a edição de 1727 do dicionário de Antoine Furetiere como evidência da
definição dos “nativos” das palavras-chaves como signo e símbolo”.16
13
DARNTON, Robert. Op.Cit.,2010, p. 300.
14
Ibid. p. 300.
15
Ibid. p. 285.
16
Do original “he invokes the 1727 edition of Antoine Furetiere's dictionary as evidence of the nature of
the "natives' definition of key terms such as sign and symbol.” LACAPRA, Dominick. Op.Cit. p. 101.
5
mínimo equivocado, como se, de acordo com LaCapra, “as “definições” de Furetière
pudessem ser aplicadas aos trabalhadores no massacre de gatos”.17
17
Do original “moreover, as if Furetiere's ''definitions'' applied to the workers in the cat massacre”
LACAPRA, Dominick, Op.Cit. p. 101.
18
Do original “Not only does he employ this source in a canonical way, but he also glosses over the internal
difficulties in its various definitions of symbol and sign, reducing symbol, for example, to only one stratum
of Furetiere's rather puzzling and sometimes opaque discussion” LACAPRA, Dominick, Op. Cit. p. 101.
19
DARNTON, Robert. Op.Cit., 2010, p. 285.
20
Ibid. p. 285.
21
Do original “air and language as metaphors for shared symbols a juxtaposition that attests to the derivative
status of language with respect to a fetishized idea of the symbol as well as to a rather iiairy'' conception of
language itself.” LACAPRA, Dominick. Op. Cit. p. 106.
6
Desse modo, LaCapra afirma que para Darnton os símbolos e a linguagem são
meros utensílios no qual os indivíduos se utilizam para significar algo. Isto inclusive fica
claro quanto na resposta de Darnton a Chartier:
Uma das noções de representação que ele utiliza está assentada na teoria do signo
do pensamento clássico elaborado pelos lógicos de Port-Royal, no qual a ideia de
representação é “entendida como correlação de uma imagem presente e de um objeto
ausente, uma valendo pelo outro” que seria um dos significados de símbolo que
colocamos acima.25
22
DARNTON, Robert. Op. Cit., 2010. p. 287.
23
Do original “language poses no problem for the full recovery of meaning”. LACAPRA, Dominick, Op.
Cit. p. 101.
24
CHARTIER, Roger. Op. Cit., 2002. p. 73.
25
Ibid. p. 74.
7
Dominick LaCapra, representante da virada linguística, coloca a questão do
símbolo, signo e do significado nos quadros da crítica literária.26 Longe de considerar a
história como que presa a linguagem – o determinismo linguístico –, La Capra em sua
crítica ao ofício do historiador, argumenta ser falso o dualismo entre texto e contexto, isto
é, o discurso e a realidade. Na mesma crítica à Darnton e Chartier ele afirma
Nesse sentido, para LaCapra existiria um mundo real para além da linguagem, isto
é, haveria um contexto (ou melhor contextos) no qual os textos foram produzidos, porém,
como este contexto reconstituído pelo historiador se dá através de fontes, a própria
reconstituição do “real” só pode ser realizada através da linguagem.
Porém, tanto para Chartier como para Darnton o simbólico não se restringe a
linguagem: o gato é um referente real investido de múltiplos significados. Contudo, a
forma como lida com textos é diferente: para Darnton as ações mencionadas no texto
também são textos a serem lidos, isto é, ele argumenta que as relações estabelecidas tanto
pelo texto quanto pela ação só podem ser entendidas quando postas em referência a um
26
Sobre LaCapra e a virada linguística ver artigo de KRAMER, Lloyd. “Literatura, crítica e imaginação
histórica: o desafio de Hayden White e Dominick Lacapra”. In: HUNT, Lynn. A Nova História Cultural.
Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
27
No original: “The text is neither purely ''real'' nor purely ''fictive'' in the ordinary senses of those catch-
all terms, just as Rousseau is neither simply the ''real'' author nor the "fictive" editor of the text.”
LACAPRA, Dominick. Op. Cit. p. 111.
28
No original: “between historians with a marked degree of common culture and even of shared
assumptions” LACAPRA, Dominick, Op. Cit., p. 101.
8
conjunto maior de categorias que classificam a experiência. Diferentemente, Chartier
argumenta que não se deveria compreender o texto apenas como texto, e indaga “é
legítimo considerar como “textos” ações executadas ou contos narrados?” Isto é, “Não há
aqui um risco de que se confundam dois tipos de lógica, a lógica da expressão escrita e a
lógica que molda aquilo que o “senso prático” produz?”29
Difere também Darnton, no qual o modo como nos relacionamos com o mundo,
isto é, a forma como nós pensamos, falamos e agimos no mundo é a partir de metáforas.
Para Darnton, todas as ações veiculam representações metafóricas no qual o símbolo atua
como principal agente, nesse sentido alinha-se com o pensamento de Geertz no qual o
símbolo é “qualquer ato que transmita um sentido, seja por som, imagem ou gesto”.
30
Portanto, as ações também são textos a serem lidos, pois elas só podem ser entendidas
quando postas em referência a um conjunto maior de categorias que classificam a
experiência. Esse conjunto de categorias seria a própria linguagem: “A linguagem nos dá
nosso crivo mais básico. Ao nomear as coisas, nós as inserimos em categorias linguísticas
que nos auxiliam a ordenar o mundo. ”31 Porém, tanto a linguagem como a ação se
inserem na ordem da cultura: “os símbolos funcionam não só por causa de seu poder
metafórico, mas também devido â sua posição dentro de um quadro cultural”.32
29
CHARTIER, Roger. Op. Cit. 1996. p. 11. Em entrevista com a historiadora Isabel Lustosa, Roger Chartier
retoma o debate com Darnton e salientando a importância de se pensar a irredutibilidade entre a lógica
prática e a lógica discursiva. In: LUSTOSA, Isabel. Conversa com Roger Chartier. Trópico, 2004.
Disponível em: < http://rubi.casaruibarbosa.gov.br/bitstream/123456789/658/1/LUSTOSA%2c%20I.%20
-%20Conversa%20Roger%20Chatier.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2019.
30
DARNTON, Robert. Op.Cit., 2010. p. 289.
31
Ibid. p. 290.
32
Ibid. p. 294.
9
ambivalência dos símbolos – o fato de que nada escapa inteiramente de seu poder
de significação, nem é simplesmente apresentado, apreendido ou dado por eles”.33
Uma outra questão que LaCapra chama atenção em seu artigo é que Darnton no
livro, em comparação ao artigo, não dá a devida importância ao papel da liminaridade ou
marginalidade.34 Tal conceito é oriundo da Antropologia e foi desenvolvido por Arnold
Van Gennep em Os ritos de passagem35 e posteriormente por Victor Tunner em O
processo ritual: estrutura e antiestrutura36, no qual ele define que os ritos de passagem
são caracterizador por três fases, sendo uma delas a liminaridade, na qual “as
características do sujeito ritual (o “transitante”) são ambíguas; passa através de um
domínio cultural que tem poucos, ou quase nenhum, dos atributos do passado ou do estado
futuro”. 37
Outros dois fenômenos no qual LaCapra menciona que não foram tratados na
análise do Massacre são o bode expiatório e a vitimização. Nesse sentido, o Grande
Massacre dos Gatos pode ser visto como bode expiatório, isto é, diante dos maus tratos
dirigidos aos aprendizes e a posição privilegiada dos gatos, em especial la grise¸ os
aprendizes impossibilitados de atacarem o próprio mestre, ou interpretando a situação dos
mesmos como culpa dos gatos, realizam tal massacre. A não menção destes fenômenos,
para LaCapra, estaria vinculado a preocupação de Darnton em lidar com a cultura
francesa do século XVIII como se fosse totalmente opaca e estranha a nós. Considerar o
massacre como bode expiatório e vitimização seria diminuir a distância entre a opacidade
do passado e o presente.
33
KRAMER, Lloyd. “Literatura, crítica e imaginação histórica: o desafio de Hayden White e Dominick
Lacapra”. In: HUNT, Lynn. A Nova História Cultural. Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins
Fontes, 1992. p. 171.
34
LACAPRA, Dominick. Op. Cit. p. 103.
35
GENNEP, A. V. Os ritos de passagem. 2. ed., Trad. Mariano Ferreira. Petrópolis: Vozes, 2011.
36
TUNNER, Victor. O processo ritual: Estrutura e anti-estrutura. Petrópolis: Vozes, 1974.
37
Ibid. p. 116-117.
38
DARNTON, Robert. Op. Cit., 2010, p. 300.
10
Em suma, todos estes historiadores convergem para o problema da leitura e sua
recepção. Darnton, afirma que os tipógrafos foram capazes de “jogar” com os símbolos
de sua cultura. Nesse sentido, para que possamos compreender o massacre dos gatos é
necessário estabelecer a análise no nível da interpretação destes símbolos e seus usos.
Para que ocorra uma compreensão do significados atribuídos ao massacre, é necessário,
que se opere dentro de categorias não muito rígidas (charivaris ou processos por
feitiçaria, por exemplo), na medida em que essas formas simbólicas foram “utilizadas”
pelos diferentes personagens da história. Como afirma Darnton,
De acordo com Lucas Bagio Furtoso, Darnton ao afirmar que os operários jogaram
com as cerimonias e com os símbolos, ele se aproxima do termo apropriação utilizado
por Chartier: “o termo apropriação faz parte da conceituação teórica de Chartier, sendo
um dos conceitos principais de seu pensamento, e não é usado por Darnton em nenhuma
parte do seu texto.”40
Para Chartier, a “apropriação tal como a entendemos visa uma história social dos
usos e das intepretações, relacionadas às suas determinações fundamentais e inscritos nas
práticas específicas que os produzem”41, isto é, a apropriação é a forma particular que os
indivíduos, envolvidos em suas culturas, utilizam os elementos disponíveis a eles.
Segundo Darnton os operários da tipografia apropriam o massacre cada um de sua própria
forma.
39
Ibid. p. 299.
40
FURTOSO, Lucas Bagio. História Cultural e Historiografia: uma análise da trajetória de Robert
Darnton e de Roger Chartier a partir de seus lugares e de suas práticas. 2017. 65 f. Trabalho de Conclusão
de Curso (Graduação em História – Licenciatura) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2017. p.
58.
41
CHARTIER, Roger, Op. Cit., 2002, p.68.
11
relações entre suas práticas e seus discursos (que operam sob lógicas
distintas entre si), que se originam de matrizes de representações
coletivas, e não na relação entre as práticas individuais e as coletivas.42
Porém, no sentido em que Darnton coloca as ações e a linguagem como texto ele
se aproxima de LaCapra quando este último afirma que
A guisa de conclusão
42
FURTOSO, Lucas Bagio. Op. Cit., p.57.
43
No original: “What is dubious in the extreme is the idea that one can make some general pronouncement
about the relation between language (or any signifying practice) and seemingly nonlinguistic (or
nonsignifying) activities, for in making any pronouncement one is inevitably situated inside language that
is in multiple ways articulated with activities.” LACAPRA, Dominick, Op. Cit., p. 100.
12
A principal diferença, portanto, entre Darnton e Chartier se localiza na ênfase dada
a cultura e ao social como elemento instaurador do simbólico. Como Darnton afirmou em
entrevista “Concordo que Bourdieu e Chartier tinham ênfases algo diferentes da minha,
mas acho que todos rejeitaríamos a ideia de que se podem estabelecer distinções claras
entre as dimensões social e cultural da realidade. Pelo contrário, nós três vemos valores
culturais e sistemas simbólicos operando como ingredientes dentro de estruturas sociais”
44
394
44
CARVALHO, Jose Murilo de. Entrevista com Robert Darnton. Topoi, vol. 3, n. 5, Rio de Janeiro, 2002,
p.394.
13
Bibliografia
CARVALHO, Jose Murilo de. Entrevista com Robert Darnton. Topoi, vol. 3, n. 5, Rio de
Janeiro, 2002.
LACAPRA, Dominick. “Chartier, Darnton, and the Great Symbol Massacre”. In: The
Journal of Modern History, Vol. 60, No. 1 (Mar., 1988), pp. 95-112.
14
LUSTOSA, Isabel. Conversa com Roger Chartier. Trópico, 2004. Disponível em: <
http://rubi.casaruibarbosa.gov.br/bitstream/123456789/658/1/LUSTOSA%2c%20I.%20
-%20Conversa%20Roger%20Chatier.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2019.
15