SENHORA NA BOCA DO LIXO

JORGE ANDRADE

PERSONAGENS NOMIA CAMILA, filha de Nomia ELVIRA, ami a de Nomia ISM!RIA, ami a de Nomia CARMEM, ami a de Camila SIM"O, #m de$o%ado% H!LIO, Dele ado&Comi''io(ado GARCIA, Dele ado&Ad)#(*o DR+ PEN,EADO, #m ad-o ado P! DE CHINELO, #ma .%o'*i*#*a SHIRLE/, #ma .%o'*i*#a CARCEREIRO MAR,A INVES,IGADORES G0ARDAS E SOLDADOS INDIGEN,ES MALANDROS MENDIGOS 10NCION2RIA, 'e$%e*3%ia do Dele ado&,i*#la% ... TAL COMO QUISRAMOS PARA TRISTEZA NOSSA E CONSUMAO DAS ERAS, PARA O FIM DE TUDO QUE FOI GRANDE! PRIMEIRO A,O CENRIO: PEQUENA SALA DE CASA GEMINADA. AO FUNDO, ESCADA QUE LEVA AO ANDAR SUPERIOR. DUAS PORTAS: UMA DE ENTRADA E OUTRA DA COZINHA. AO LADO DA PORTA DE ENTRADA, JANELA QUE SE A RE DIRETAMENTE SO RE A CALADA. POUCOS MVEIS E ENFEITES, MAS QUE REVELAM OM GOSTO E TRADIO. ALGUNS QUADROS TIPO FRAGONARD E LOUAS DE S!VES E SA"E. A SALA E"TREMAMENTE LIMPA E ARRUMADA. POCA: ATUAL. CENA: AO A RIR#SE O PANO, CAMILA EST ACA ANDO DE ARRUMAR A SALA. CAMILA TEM TRINTA ANOS, VESTE#SE COM SIMPLICIDADE E SEUS MODOS REVELAM EDUCAO ESMERADA. VAI AT $ ESCADA, OLHA PARA CIMA, PREOCUPADA% VOLTA#SE E CONTINUA A ARRUMAO. NESTE INSTANTE, OUVE#SE A VOZ DE NO&MIA. NOMIA 4Fora5 - Camila! Camila! CAMILA - J pode descer, mame. NOMIA 4Fora5 - Detesto p. CAMILA - A sala est pronta. 'NO&MIA SURGE NA ESCADA, PARANDO NOS (LTIMOS DEGRAUS. H LIGEIRA INDECISO EM SEUS MOVIMENTOS COMO SE A SALA NO FOSSE A QUE ESPERAVA. NO&MIA TEM CINQ)ENTA ANOS. SUA ELEG*NCIA CONTRASTA COM A SIMPLICIDADE DE CAMILA, PORM, AS DUAS SE COMPLETAM.+
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CAMILA - Bom dia. NOMIA - Como vai o meu anjo om! CAMILA - Descansou! NOMIA - Como seria poss"vel! CAMILA - Fi# muito arul$o! NOMIA - %ncomodaram-me as pessoas &ue passaram na cal'ada. (areciam estar em meu &uarto. )em-se a impresso de &ue al*u+m vem nos uscar, e no sa emos por &u,, no + mesmo! (areciam passos em um son$o mau. (assos de um portador de not"cia terr"vel! CAMILA - -ram operrios. A riam nova . rica no .im da rua. NOMIA - -sses pr+dios c$eios de m&uinas arul$entas, esto invadindo tudo. A vul*aridade parece &ue tomou conta do mundo. A.inal, a&ui + airro residencial. 4Amar*a5 (elo menos + o &ue di#em. CAMILA - (assam a&ui por causa do onde. NOMIA - Deviam sa er &ue no se .ala alto na rua. / pessoas &ue dormem nas casas. CAMILA - Foi s um instante, mame. NOMIA - (areceu-me um s+culo. 0uando aca ava de passar uma turma, apro1imava-se outra. - como riam. )em sido assim todos os dias! CAMILA - 2o reparei. NOMIA 4Acentua-se a &uei1a5 - 3e pelo menos tiv+ssemos um jardin#in$o. )en$o necessidade de verde. 3empre desejei terminar meus dias cuidando de rosas. CAMILA 4Desviando o assunto5 - A sen$ora est muito em. NOMIA - 4oc, + *entil. CAMILA - A lusa + linda. NOMIA - (atou. 2o tem realmente um el"ssimo cac$et! CAMILA - 2a sen$ora tudo vai em. NOMIA - 5al nos vimos depois &ue c$e*uei. Ac$o detestvel este )ri unal de Justi'a. CAMILA - -u *osto muito. NOMIA - (or&ue v, *ente. 2o sei &ue esp+cie de *ente, no v,. CAMILA
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- (essoas como ns. NOMIA - 2o sei, no. Desde &ue come'ou a tra al$ar &ue ten$o vivido so#in$a. CAMILA - (or &ue no arranja empre*o, mame! NOMIA 43orri5 - 2o ten$o mais idade para come'ar nada. CAMILA - Con$e'o *ente muito mais vel$a, tra al$ando. NOMIA - Culpe seu pai, &ue sempre me adulou. 2unca permitiu &ue eu .i#esse nada. CAMILA - 0uando morreu, papai no sa ia &ue .icar"amos nesta situa'o. NOMIA - - mesmo &ue sou esse, no $avia de *ostar. 4ou dar um to&ue di.erente nesta cai1in$a. 2o ac$a &ue est precisando de uma nova decora'o! CAMILA - -st tudo novo, mame. NOMIA - 7osto de mudar as coisas. (rincipalmente &uando no se tem espa'o. CAMILA - (or en&uanto, + o &ue temos. NOMIA 4Dis.ar'a, notando a m*oa de Camila5 - 2osso re.8*io! 2o dei1a de ser lindo. 3uas mos t,m sensi ilidade de .ada, &uando arruma isto. /erdou de sua av. 5ame colocava um o jeto como nin*u+m. 3e eu tivesse de .a#,lo, morreria louca. CAMILA - A sen$ora sempre .oi oa dona de casa. NOMIA - -u! 4oc, ac$a! CAMILA - Claro &ue ac$o. (ode .a#er muitas outras coisas, se &uiser. NOMIA - 3 sei mandar. Assim .ui educada. Assim, seu pai me &ueria 43u itamente5 0ue tal se conversssemos um pouco! )ele.one e di*a &ue no vai $oje, &ue est indisposta, &ual&uer coisa assim. l deve ter muita *ente CAMILA - 3ou pa*a para tra al$ar, no para conversar em casa. NOMIA - (reciso contar a voc, uma por'o de coisas lindas. CAMILA - A sen$ora viaja por&ue *osta. -u tra al$o por&ue preciso. NOMIA - (recisa! CAMILA - - no + verdade! NOMIA - 2em no dia em &ue sua me c$e*a de Fran'a, no pode dei1ar de ver esse dele*ado! CAMILA - 0ue dele*ado! NOMIA

- (ensa &ue no .i&uei sa endo do namoro atrav+s das janelas do (alcio da Justi'a! 0ue tal + ele! : louro, de ol$os claros! CAMILA 4(ensando desa*radar 2o,mia5 - : moreno e parece ser descendente de s"rios. NOMIA 4-ncantada5 - 5ouro! CAMILA 42o conse*ue reprimir o riso5 NOMIA - 2o ac$o nada imposs"vel. A.inal, os mouros dominaram -span$a e (ortu*al durante s+culos. CAMILA - -u disse apenas &ue ele + moreno, mame. NOMIA - Fa'o de tudo as ima*ens &ue mais me a*radam. CAMILA - 7ostaria &ue a sen$ora visse a ima*em real das coisas. NOMIA - (ara &u,! ; real, <s ve#es, + to .eio. -le + s dele*ado! CAMILA - Ac$a pouco! NOMIA - 2o dei1a de ser pro.isso... um tanto in.erior. CAMILA - / pro.iss=es piores. NOMIA 4-stran$a o tom de Camila5 - 0ue pro.iss=es! CAMILA - 5uitas. NOMIA - -le no pretende ser promotor! Com certe#a deve ser $omem inteli*ente. Di*a a ele &ue preste concurso para o 5inist+rio (8 lico. Con$ecemos tanta *ente in.luente. -m pouco tempo ser (rocurador da justi'a. CAMILA - / pessoas &ue *ostam de vencer com es.or'o prprio. NOMIA - A vida + to curta, min$a .il$a. >m empurro#in$o de ve# em &uando no .a# mal a nin*u+m. Depois, temos posi'o social a de.ender. CAMILA - 0ue posi'o, mame! NOMIA - : s consultar a 2o iliar&uia de (edro )a&ues. 0ual&uer dia vou l para v,. CAMILA - (re.iro &ue a sen$ora no v. NOMIA - (or &u,! CAMILA - (or&ue no &uero. 43ai para a co#in$a5 'NO&MIA ANDA PELA SALA, SEM SA ER O QUE FAZER. PERCE E#SE QUE ELA SE SENTE ENCLAUSURADA+ NOMIA

- 0ue coisa mais desa*radvel essa id+ia de sair todos os dias, e se .ec$ar entre &uatro paredes. CAMILA 4Fora5 - 5in$a sala + c$eia de janelas. NOMIA - A&ui voc, no pode di#er &ue est c$eio de janelas, no +! CAMILA 4Fora5 - )emos uma. (ara ns, asta. NOMIA - 0ue adianta! 2o posso a rir. CAMILA 4Aparecendo5 - (or &ue no! NOMIA - (ara ver a&uela .onte cercada de an=e#in$os! Deus me livre. CAMILA 4@i5 - 4 ao cinema. NOMIA - ;s cinemas so to sujos. CAMILA - 4eja vitrinas. 2esta +poca do ano esto muito onitas. NOMIA - 3o de uma po re#a .ranciscana. CAMILA - Fa'a visitas. NOMIA - 2in*u+m mais sa e rece er. CAMILA - -st vendo! A mel$or coisa seria tra al$ar. - + o &ue a sen$ora devia .a#er. 4De repente5 ;utra coisa, mameA .ico com tudo &ue a sen$ora trou1e. 5esmo &ue no me sirva. NOMIA - (or &ue comprar o &ue no l$e serve. CAMILA - (or&ue no *osto de ver a sen$ora .a#er nossa casa de outi&ue. NOMIA - Ac$o muito natural &ue min$as ami*as ven$am ver o &ue tra*o. CAMILA - A*ora, at+ as vi#in$as &uerem .a#er compras. NOMIA - As vi#in$as! CAMILA - J me per*untaram se podem ver o &ue tra# da -uropa. -stiveram $oje a&ui. NOMIA - 0ue audcia! CAMILA - A sen$ora vende. (ode vender a elas tam +m. NOMIA - Apenas cedo para as ami*as. CAMILA - 2o dei1a de ser com+rcio. NOMIA
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- 4oc, nunca se importou com min$as compras! A.inal, so elas &ue pa*am min$as via*ens. CAMILA - (ara &ue tanta necessidade de viajar, mame! NOMIA - (or &ue *osto. 2a -uropa + onde encontro o &ue admiro. 5in$a me viveu l, seu pai tam +m. 5orei dois anos na 3u"'a, &uando me casei. (elos ol$os de seu pai, con$eci um mundo &ue era elo. -n&uanto ele viveu, nunca dei1amos de visitar a -uropa. Cada via*em &ue .a'o... + como se .osse encontr-lo. CAMILA - At+ parece &ue papai no .re&Centou nada a&ui. NOMIA - Claro &ue .re&Centou. 5as esta cidade .icou impiedosa, to vul*ar. Destru"ram tudo &ue possu"a de mais elo, para colocar no lu*ar pr+dios monstruosos. ;s Campos -l"sios viraram um pardieiro. 2o vou l $ s+culos. Fa#-me mal. CAMILA - A mim tam +m .a# mal... ver a sen$ora .a#er o &ue no deve. NOMIA - 0ue .a'o de errado, min$a .il$a! CAMILA - 5ame. 3e a *ente pode, deve viajar. 2o $ mal nisto. 5as, ns no podemos. NOMIA - 5in$as via*ens no prejudicam nin*u+m. CAMILA - (rejudicam a mim! NOMIA - (rejudicam por &u,! CAMILA 4A randando-se5 - A*ora &ue a sen$ora voltou... pod"amos tentar outro modo de viver. 2o &uer! NOMIA 43orriso .u*idio5 - 0ue modo de viver seria esse! CAMILA - Basta... &ue se es&ue'a deste meio &ue no podemos .re&Centar mais. (or de lado essa *ente endin$eirada. -les podem .a#er o &ue .a#em. 2s, no. A vida est passando e continuamos presas a um mundo &ue no tem mais sentido, nem pertencemos ao de $oje. NOMIA 4%rritada5 - 4oc, est &uerendo o &u,! 0ue es&ue'amos o &ue .omos! ; &ue somos ainda! 5as + isto &ue no tem sentido. CAMILA - 3e tra al$asse, se convivesse com pessoas di.erentes, no se sentiria s, mame. NOMIA - 2o se trata disto. 3e tivesse vivido um pouco mais, sa eria &ue nin*u+m muda suas rela'=es depois dos... en.im, depois de certa idade. 2o trocamos de verdades, como se troca de roupa. CAMILA - 3ei disto. 5as, devemos ser pelo menos 8teis, no mundo de $oje. NOMIA 45a*oada5 - -st me c$amando de in8til, meu anjo! CAMILA - 2o + isto &ue &uis di#er. NOMIA
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- 5as, .oi o &ue disse. : o lu*ar onde tra al$a! 3e tivesse me ouvido, mas voc, no &uer depender de nin*u+m. )emos ami*os in.luentes.. + .cil... CAMILA - 2o pretendo sair do )ri unal. NOMIA - 4encer um concurso para secretria no si*ni.ica nada. CAMILA - (ara mim si*ni.icou. ; &ue era eu antes, mame! Dormia a metade do dia e i*norava o &ue se passava, < min$a volta, na outra metade. )omava c$ com *ente cacete &ue s .ala em *enealo*ias e .alsas no iliar&uias! -stou .arta de ouvir &ue os Almeidas, os 7odis e no sei &uem mais vieram na caravela de 5artim A.onso de 3ou#a! NOMIA - - viemos mesmo! CAMILA - 7an$ei um concurso com o meu es.or'o. 2o devo a nin*u+m. )omo ca.e#in$o e a*ora sei &ue + om meia $ora de descanso... &ue $ muitas esp+cies de *ente... to oas ou mel$ores do &ue ns. NOMIA - 2o sei como pode ac$ar onito viver con.inada em uma sala, onde as distin'=es so esta elecidas apenas pelo taman$o ou posi'o das mesas. CAMILA - (elo tra al$o &ue se .a#! 2o vamos discutir, mame. NOMIA - 2o ten$o a menor inten'o, meu anjo. Discutir + to primrio. CAMILA - A sen$ora continua com o seu modo de viver. 3 espero &ue no ameace o meu. NOMIA - 5as por &ue $averia de amea'ar! CAMILA - (or&ue... por&ue so di.erentes. 4Fa# men'o de sair.5 NOMIA 4inse*ura, tenta a*radar5 - 4iu meu presente em cima da cama! 2o .oi uma lem ran'a *entil! CAMILA - 5uito *entil. NOMIA - (or &ue no pEs! : uma jia de Cartier. CAMILA - 2o posso usar uma jia da&uelas para tra al$ar. NOMIA - >ma s no tem importFncia. 2o estou .alando para sair < rua como turca rica. CAMILA - 4ou tra al$ar, no vou a uma reunio social. NOMIA 4(ausa. -1amina Camila.5 - 0ue aconteceu em min$a aus,ncia! CAMILA 45eio impaciente5 - 2o aconteceu nada, mame. CARMEM 47rito &ue vem da rua5 - Camila! 4amos! NOMIA 4Assustada5 - (arece &ue esto c$amando voc,!

CAMILA - : Carmem. )ra al$amos na mesma se'o. NOMIA - -la no sa e &ue temos campain$a! CAMILA 43orri5 - 3a e. 4A re a porta5 Como vai! CARMEM 4-ntra .alando alto5 - Ainda assim! -stamos atrasadas, Camila. 'CARMEM, ASTANTE MORENA, UM POUCO MAIS VELHA DO QUE CAMILA. E"TROVERTIDA, FRANCA, OLHANDO AS PESSOAS NOS OLHOS E CUMPRIMENTANDO COM LEALDADE. O TIPO ALEGRE QUE TOCA PIANO NAS ESTA,ES DE GUAS, ACEITA QUALQUER PASSEIO, SEM SER DESFRUTVEL OU GRATUITA. VESTE#SE COMO PERFEITA FUNCIONRIA.+ CAMILA 4Apresenta5 - 5in$a me. CARMEM - Carmem. 5uito pra#er. 'NO&MIA ESTENDE A MO ENQUANTO NUM RELANCE, MEDE CARMEM EM TODOS OS ASPECTOS, NO APRECIANDO ALGUNS.+ NOMIA - 2o,mia. CAMILA - 5ame c$e*ou e em atrasei. >m instante. Fi&ue < vontade. 43ai5 NOMIA 4Depois de e1aminar Carmem5 - : Carmem o seu nome! ;uvi em! CARMEM - 5uito em. NOMIA - 2o ouvi o so renome! CARMEM - -u no disse. 3ou da .am"lia - Dias de A reu. NOMIA 4Al*o $irta5 - /ummmmm! CAMILA 4Aparecendo < porta5 - 0uando c$e*ar < d+cima *era'o de sua ascend,ncia, mame .icar satis.eita. CARMEM 4@i, .ranca5 - 2o c$e*o nem < terceira. - + om &ue no c$e*ue. 3empre descon.iei de &ue ten$o um p+ na co#in$a. ;u numa maloca de "ndio! 'NO&MIA TEM E"PRESSO QUE CHEGOU $ MESMA CONCLUSO. CAMILA FICA PREOCUPADA,. O SERVANDO A E"PRESSO DE NO&MIA, SAINDO DEPOIS.+ CARMEM - A sen$ora no estava a&ui a semana passada! NOMIA - 2o estou a&ui $ seis meses. CARMEM - -steve viajando! NOMIA 43orri condescendente5 - 3e no estava a&ui...! CARMEM - : mesmo! 0ue urra &ue sou.
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NOMIA - Aca ei de c$e*ar. CARMEM - )am +m sou *amada por via*ens. NOMIA 4Delicada5 - : o &u,! CARMEM - 7amada. 7osto muito. ;nde a sen$ora esteve! NOMIA - -m al*uns pontos da -uropa. CARMEM - -uropa!! 47rita5 - Camila! NOMIA 4;l$a Carmem com reprova'o mesclada de curiosidade5 CARMEM - Como no contou &ue sua me estava na -uropa! CAMILA 4Aparece < porta, um pouco temerosa5 - 2in*u+m per*untou. CARMEM - -ssas coisas a *ente conta, sem nin*u+m per*untar. CAMILA 4Dis.ar'a5 - 5ame est sempre viajando. /oje + .cil viajar... com tantas e1curs=es! NOMIA 4-stran$a5 - -1curs=es! CAMILA - Fale de suas via*ens, Carmem. 7aranto &ue so mais instrutivas. 43ai5 CARMEM - 4iajecas! NOMIA 43em acreditar5 - 4iaja muito! CARMEM - 0uando o din$eiro so ra. -m setem ro .ui con$ecer 3ete 0uedas. Con$ece! NOMIA 43inal ne*ativo5 CARMEM - 7osto da nature#a. A sen$ora *osta! NOMIA - 7osto mais do &ue + .eito pelos $omens. CARMEM - %sto me .a# lem rar o norte. A sen$ora j .oi l! NOMIA - (or &ue $averia de ir! CARMEM - 5as + interessante! 3a e! Funcionria + como pro.essoraA nas .+rias se mandam por este Brasil a.ora. Di#em &ue catamos marido em todas as latitudes. 4@i5 : mentira, dona 2o,mia. 2as .+rias passadas .i#emos e1curso a 3alvador, @eci.e e .omos con$ecer o Ama#onas. Arrependi-me amar*amente. 4i casas $orr"veis so re o rio Capi eri e. )omamos contado com tanta mis+ria e a *ente sem poder .a#er nada. A$! no! @evolta! A.inal, o &ue os $omens responsveis deste pa"s .i#eram at+ $oje! ; &ue esto esperando para tomarem uma atitude! A sen$ora no ac$a! NOMIA 4-mperti*ada5

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- 2ossos $omens p8 licos sempre .oram muito responsveis. Campos 3alles, por e1emplo, .oi um *rande economista. -ra parente de meu pai. 62 + uma das p*inas mais elas da nossa $istria. CARMEM - A sen$ora precisa ver o resto do pa"s. : de desanimar. NOMIA 4Alienada5 - 5as ser &ue e1iste mesmo tanta mis+ria! Con.esso &ue nunca vi. / tanta e1plora'o em torno disto. 3ei &ue as pessoas no so em educadas, sem .inura nen$uma, mas *ente maltrapil$a, .rancamente ac$o um pouco demais. 3ei &ue $ po re#a, + claro. -la e1iste em toda parte. 5as, entre ns, no + assim... to deprimente. >m pa"s rico, to vasto! / lu*ar para todos. CARMEM - -nto, deve ter al*u+m ocupando mais de um lu*ar por &ue con$e'o muita *ente &ue j virou sardin$a. NOMIA 43u itamente5 - 4oc, con$ece esse dele*ado &ue anda .estejando Camila! CARMEM - Anda o &u,! NOMIA - Flertando. : de oa apar,ncia... distinto! CARMEM - : uma len$a, um sarro, dona 2o,mia! NOMIA - : o &u,! CARMEM - Bonito &ue di. NOMIA - (or &ue se e1pressa assim! CARMEM - Assim, como! NOMIA - 4oc, tem uma lin*ua*em to estran$a! CARMEM - )odo mundo .ala assim. NOMIA - 4oc, estava di#endo...! CARMEM - 0ue + onito &ue di. - Camila est *amada por ele. NOMIA - 2o ten$o esta impresso. Camila me parece to e&uili rada. CARMEM - :... mas &uando um $omem da&uele entra na vida da *ente, no $ &uem no perca o e&uil" rio. Depois, tudo est come'ando errado. Camila .ica dormindo no ponto, com esta conversa de &ue mo'a .ina no .a# isto, no .a# a&uilo... depois vai dar o desespero. 2o permite nem &ue ele a acompan$e em casa! /oje anda di."cil a *ente precisa .a#er tudo pra prender um $omem da&uele. 4Con.idencia5 D, uns consel$os pra ela, dona 2o,mia. -u j estou cansada. /+lio + do tipo duro. Com ele, nin*u+m rinca. NOMIA - -le se c$ama /+lio! /+lio do &u,! CARMEM - Do &u, no sei, mas &ue + um partido, +. >m peda'o de $omem.
II

Camila .ica com esse ne*cio de muita .inura... e ele vai aca ar arranjando outra 47rita5 Camila! 4amos! NOMIA - (ensei &ue .inura .osse essencial para atrair um $omem. CARMEM - 5as, s .inura no d p+. CAMILA 4-ntrando5 - 5ame! Dei1ei o almo'o no .orno. NOMIA - ; ri*ada, meu anjo. CARMEM - At+ lo*o, dona 2o,mia. NOMIA 4Fria5 - Adeusin$o. 4A ai1a a vo#5 5in$a .il$a. 4oc, ac$a &ue... CAMILA - : tima ami*a. Ajudou-me no tra al$o. NOMIA - (odia ser mais .ina. CAMILA - ;ra, mame! 4Beija 2o,mia5 2o se preocupe... 4)o&ue de campain$a5 'CAMILA A RE A PORTA. ELVIRA E ISMRIA SO DUAS SENHORAS ENTRE CINQ)ENTA E SETENTA ANOS EM CONSERVADAS. POUCO A POUCO, ENTRE AS AMIGAS, NO&MIA SE TRANSFORMA, ACENTUANDO#SE O SORRISO FUGIDIO+ CAMILA - Como vai, dona -lvira! ELVIRA 4Beijos5 - Bem. - voc,! ISM!RIA 4Beijos5 - 5eu em! NOMIA - -lvira! %sm+ria! 0ue a*radvel surpresa! -stou encantada! ELVIRA 43urpresa5 - 2o .oi voc, &uem tele.onou, 2o,mia! NOMIA - 2o! ELVIRA - -ncontrei seu recado em casa, &ue me esperava $oje pela man$. NOMIA - @ecado meu! ISM!RIA - -u tam +m. 0ue tin$a tra#ido coisas lindas da -uropa. NOMIA - -stran$o! ELVIRA - 2o tele.onou mesmo! NOMIA - -stou di#endo &ue no! ELVIRA - 0uem teria tele.onado! NOMIA - 2o importa. -u pretendia tele.onar mesmo.

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CAMILA - -u j estava de sa"da. At+ lo*o. NOMIA - 2o demore, min$a .il$a. CAMILA - 4en$o mais cedo, $oje. NOMIA - 4oc, me a andona. (reciso inventar o &ue .a#er. CAMILA - Cuidado, mame. 3ua 8ltima decora'o me custou caro. NOMIA 4;l$a o lustre, voltando o sorriso .u*idio5 - 5as, deu um to&ue di.erente nesta cai1in$a. CAMILA 4A ai1a a vo#5 - - no se es&ue'aA j comprei tudo. NOMIA - ;ra, min$a .il$a! %sto no tem propsito. CAMILA - K noite, e1plico por &u,. A*ora no ten$o tempo. 43ai5 NOMIA 4(arada diante da porta e com despre#o5 - Fam"lia Dias de A reu! ELVIRA - 4im correndo para no perder as mel$ores coisas. 2a 8ltima ve#, 5alu comprou tudo. ISM!RIA - 4oc, precisava estar a&ui a semana passada, 2o,mia. NOMIA 4Dominando-se5 - (or &u,! ISM!RIA 4-1citada5 - A recep'o de 5alu! ELVIRA - -st enorme, ainda se veste de vermel$o. NOMIA - 5alu de vermel$o! 5as, + um inc,ndio! ISM!RIA - - isto no .oi o pior. 43olta a om a5 @ecep'o com lou'as nacionais! ELVIRA - 3ovinice. NOMIA - 3ei muito em &ue $ pessoas &ue no podem possuir elas coisas, mas &ue no sejam pelo menos vul*ares. ISM!RIA - 4oc, est muito em, 2o,mia. NOMIA - -u estou sempre em. ELVIRA - 3a e &ue &uase .ui me encontrar com voc,, en&uanto @icardo viajava! NOMIA - ;nde ele .oi! ELVIRA - Ao norte da L.rica e ao ;riente 5+dio. (etrleo!

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ISM!RIA 4Ferina5 - 7ra'as a Deus nunca passei de Atenas ou de 2poles. NOMIA 45eio perdida5 - -st .icando to di."cil viajar. ISM!RIA - 2o ac$o. Com os meios de transporte &ue temos a*ora! NOMIA - A -uropa est irrecon$ec"vel. ISM!RIA 45aldosa5 - )am +m! Com o dlar to caro! NOMIA - ; povo anda *rosseiro, comercial. -m (aris, ento, nin*u+m + mais capa# de um *esto caval$eiro. 7reves para todo lado, pe'as teatrais $orrorosas! A*ita'=es, tanta con.uso! 2in*u+m mais tomando aperitivos na (orte Daup$ine. >ma *ente muito sem lin$a .re&Centando a 5ar&uise de 3+rvi*n+. ELVIRA - %sto + verdade. Americanas enormes, vel$as, sentadas por todo lado. NOMIA 45eio perdida5 - Fu*i de (aris e percorri a costa .rancesa. 2a prov"ncia ainda se encontra a vel$a Fran'a. 4isitando )rouville e Ca our*, locali#ei Bal ec e a i*rejin$a &uerida de (roust. : linda! ISM!RIA 4Burra5 - Con$e'o em a costa .rancesa. 2o me lem ro de Bal ec. NOMIA - 5as, no e1iste! ISM!RIA - 4oc, aca ou de di#er &ue visitou! NOMIA - Bal ec + cria'o de (roust. : como certos lu*ares de nossa memria, trans.i*urados pelo tempo e revividos numa cria'o art"stica. Bal ec + )rouville! ISM!RIA 4)emendo o assunto5 - (odemos ver suas compras, 2o,mia! As lojas a&ui andam to po retonas. NOMIA - 4amos su ir! 4)o&ue de campain$a5 0uem ser! ISM!RIA 4Ferina5 - 5ais al*u+m a &uem voc, no tele.onou. ELVIRA - 3e no .or 5alu. NOMIA 4A re a porta5 - : o meu decorador. Bom dia, 3imo. SIM"O 4@ever,ncia ajuladora5 - Bom dia, dona 2o,mia. Bom dia. ISM!RIA - Bom dia, 3imo. - min$as cortinas! -sto prontas! SIM"O - 4ou coloc-las no dia &ue prometi, donas %sm+ria. NOMIA - J con$eciam! ELVIRA - Depois &ue voc, o desco riu, 3imo entrou em todas as casas. NOMIA - Como vai Fran'oise!
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SIM"O - Bem. -st no (ara*uai. NOMIA 4-stran$a5 - (ara*uai! Fa#er o &u,! ISM!RIA - Mtimo para compras, 2o,mia. NOMIA 4incr+dula5 - 4erdade!! ISM!RIA - A capital + uma esp+cie de /on*-Non*. )em de tudo! NOMIA - 3o re o (ara*uai, nunca passei da O@etirada da Pa*unaQ. ISM!RIA 4%nteresseira5 - 4amos su ir! NOMIA 4-1aminando a sala5 - 4ejam < vontade. 3u o depois. -st tudo em cima da cama e da cEmoda. 4%sm+ria e -lvira saem5 Como sou e &ue c$e*uei! )ele.onaram tam +m! SIM"O - (elas colunas sociais. 4D8 io5 3e a sen$ora est cansada, posso voltar outro dia. NOMIA - Foi om voc, ter vindoA &uero mudar a decora'o desta sala. 45eio a*itada5 (reciso me preocupar com al*uma coisa. SIM"O - 0ue am iente a sen$ora deseja! NOMIA - 0uero isto acol$edor, com cores mais claras. 5in$a .il$a + to severa com tudo. (arecemos duas enclausuradas. ; mundo, l .ora, pode ser .eio. A&ui dentro, no. 0uero tudo leve#in$o. -ssas paredes me su.ocam. SIM"O - (or &ue no vai para um apartamento, dona 2o,mia! NOMIA - Corti'os! 4oc, + o ri*ado a su ir em elevador com pessoas estran$"ssimas. SIM"O 45edindo os mveis e as paredes5 - A sen$ora devia morar em (aria. ;u na 3u"'a. NOMIA - A Fran'a no + mais a mesma, 3imo. P, tam +m, est .icando muito di."cil viver. SIM"O 4%nsinua5 - (enso como o an8ncio da televisoA s + .eli#, &uem sa e amar e tem din$eiro. >ma pessoa como a sen$ora, s no *an$a muito din$eiro por&ue no &uer! NOMIA 4Fria5 - (or&ue ten$o o su.iciente. -le no compra o &ue aprecio. 4(erdendo-se5 2o sei o &ue .oi &ue aconteceu. 3u itamente, o mundo .icou to desa*radvel. (arece &ue o mau *osto invadiu tudo. SIM"O 43u itamente5 - Fe# muitas compras, dona 2o,mia! ELVIRA 4Aparecendo na escada5 - -sse tailleur + de onde! NOMIA - Panvin. 2o viu a eti&ueta! ELVIRA - 0uanto custa! NOMIA
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- 0uanto pode custar a&ui! ELVIRA - 2o m"nimo, seiscentos cru#eiros. NOMIA - Fa'o por &uin$entos. ELVIRA - Fico com ele. 43ai5 SIM"O 4-scandali#ado5 - >m tailleur de Panvin por &uin$entos cru#eiros + muito arato, dona 2o,mia! NOMIA - Custou menos. 2em estou interessada em *an$ar. SIM"O - 3e &uiser vender por pre'os mais justos, con$e'o pessoas &ue comprariam 4Dis.ar'a5 -ste so. tam +m! NOMIA - (rincipalmente ele. SIM"O - Compram tudo o &ue a sen$ora trou1e. NOMIA - Al*u+m &ue con$e'o! SIM"O - Creio &ue no. NOMIA - -nto, no me interessa. SIM"O 45eio a.lito5 - Devem ser poucas pe'as, mas de.initivas. 2ada de colonial. 4irou ind8stria, dona 2o,mia NOMIA - Concordo. >sa-se o &ue pertenceu < .am"lia, ou no se usa. SIM"O 4insinua5 - A sen$ora tin$a pe'as lind"ssimas. ; &ue .oi .eito delas! NOMIA - 4iraram passa*ens. Deve estar por a", na casa de um emi*rante &ual&uer &ue pensa &ue compra tradi'o. SIM"O - ;u desta *ente de &uem eu .alava. NOMIA - 0ue *ente! SIM"O - 0ue &uerem comprar tudo o &ue a sen$ora trou1e... e pelo pre'o das lojas. NOMIA - 3 vendo para ami*as muito "ntimas. SIM"O 45ais a*itado5 - )en$o um rendo &ue .oi .eito para esta janela. NOMIA - 5el$or! Assim poderei a ri-la sem ver a&ueles an=e#in$os. SIM"O - 3o or*ani#a'=es poderosas... e pa*am o pre'o &ue a sen$ora e1i*ir... para .a#er compras para elas. NOMIA - (or &ue insiste nisto! 4iajo por pra#er, 3imo. 0ue id+ia mais e1trava*ante! SIM"O
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- 5uitas pessoas &ue a sen$ora con$ece, tra al$am para estas or*ani#a'=es. NOMIA - (essoas &ue eu con$e'o! SIM"O - Dona Paura (enteado + uma. NOMIA - Paurita! SIM"O - (or .avor, dona 2o,mia, .ale ai1o. 4eja! 45ostra uma lista5 NOMIA 4Pendo5 - 2o! 2o + poss"vel! 5as... a neta da aronesa de Jara*u tam +m. A irm de 5i*uel Camar*o (arente de @endon (ompeu e )a&ues! 5as, + incr"vel! SIM"O - 3a e por &ue .a#em isto, dona 2o,mia! NOMIA - Como vou sa er! SIM"O - 7an$am verdadeira .ortunas. 3a e como .a#em! NOMIA 4J em *uarda5 - 2o ten$o a menor id+ia. SIM"O - Desem arcam, por e1emplo, com cem &uilos de mercadorias. De acordo como despac$ante aduaneiro + acertado, como con.erente, o pre'o a ser pa*o por &uilo de a*a*em. ; con.erente apenas p=e a sua ru rica a *i# nas malas, se veri.icar o conte8do, como manda a lei. ; despac$ante + &uem pa*a o con.erente. A pessoa &ue viaja no tem contato com nin*u+m. Peva as malas para casa... depois manda entre*ar. NOMIA 4%ndi*nada5 - -u compro coisas para mim. 3e as vendo + por&ue no as &uero mais. 3e veio para tratar disto, pode se retirar. 4A re a porta5 SIM"O 43entindo &ue adiantou demais5 - -stou apenas transmitindo uma proposta, com a &ual nada ten$o, dona 2o,mia. NOMIA - - &uando l$e dei a li erdade para tanto! (ensam, pro acaso, &ue estou < venda! 4Fec$a a porta5 SIM"O - (or .avor, dona 2o,mia. -s&ue'a esta proposta. -s&ue'a nomes... es&ue'a tudo. (e'o &ue me perdoe. NOMIA 4Com o or*ul$o .erino5 - Como se atreve a me .a#er uma proposta desta! SIM"O 4A*itado, temeroso5 - -les me o ri*aram! NOMIA -- ; ri*aram! 0uem! SIM"O - 3e eu no conse*uisse.. amea'aram at+ de... ISM!RIA 4Desce a escada com um pacote5 - 2o,mia! 4oc, no viu min$a olsa! 4(erce endo al*uma coisa de errado5 0ue .oi! NOMIA 4Dis.ar'a5 - 2ada. ISM!RIA - 2o consi*o encontrar min$a olsa. -ntrei sem ela! NOMIA
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- 2o reparei. ISM!RIA - Devo ter dei1ado no carro. Fico com este sapato e com os vidros de per.ume. NOMIA - ; sapato + (eru*i. ELVIRA 4Descendo5 - 3eparei os tailleurs. Depois mando uscar e pa*ar. NOMIA 44in*a-se de 3imo5 - 2o ima*inam o &ue desco ri! SIM"O 4/irto5 - Dona 2o,mia! NOMIA - 3a em &uem .a# contra ando! ELVIRA - Con$e'o tanta *ente &ue .a#. NOMIA - Paurita (enteado ELVIRA 42atural5 - - com &ue din$eiro ela se manteria entre as de# mais ele*antes, se no .i#esse! ISM!RIA 4Fria e ol$ando 3imo5 - Como sou e &ue Paurita .a# contra ando! NOMIA - 3imo contou. A neta da aronesa de Jara*u tam +m. ELVIRA - 2o sa ia! NOMIA 4Decepcionada5 - Claro &ue no. ISM!RIA 4%ntencional5 - / tantas .ormas de contra ando! ELVIRA - - no meio do contra ando, a neta da aronesa trou1e o marido. >m el"ssimo peninsular. (arece mais uma esttua. ISM!RIA - : o &ue ele +. 4%ndireta a 3imo5 2o tem nada na ca e'a. ELVIRA 4-stran$a o tom de %sm+ria5 - 5as tem no corpo, %sm+ria. ISM!RIA 4Dis.ar'a5 - %nvejou %sa el, a so rin$a &ue se casou com um italianin$o. ELVIRA - - .icou podre de rica! NOMIA - -stou c$ocada! A.inal, so pessoas &ue pertencem a vel$os troncos da .am"lia paulista. ELVIRA - 5as, &ue se es&ueceram de &ue din$eiro no aceita desa.oro. ISM!RIA 4um pouco a*itada5 - 4amos, -lvira! NOMIA - : cedo. ELVIRA - 4oltamos outro dia. 4ou mandar min$as noras. Juntas, no podemos virA no as suporto.
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ISM!RIA - 0uanto + o sapato. NOMIA - 2o sei. 0uanto pode custar a&ui um (eru*i! SIM"O 42o resiste5 - Cento e cin&Centa, dona 2o,mia. NOMIA - Deve ser isto. ;s per.umes custaram cem. 4endo pelo mesmo pre'o. ISM!RIA - 5ando o c$o.er tra#er o c$e&ue, se min$a olsa estiver no carro. NOMIA - )am +m no + preciso tanta pressa. Apare'am mesmo. 3into-me to s... e1ilada neste .im de mundo. ELVIRA 45entindo5 - ; airro me parece to om. NOMIA - Casas com an=e#in$os! ISM!RIA 4-n&uanto 2o,mia acompan$a -lvira5 - 4oc, mostrou a lista! SIM"O 4Capcioso5 - 2o era para mostrar! ISM!RIA - %diota! SIM"O - -u disse &ue no entraria nesta jo*ada so#in$o. ISM!RIA 4-leva a vo#5 - At+ < vista. 2o es&ue'a das cortinas. SIM"O - 2o me es&uecerei. 'NO&MIA, ISMRIA E ELVIRA TROCAM EIJOS+ NOMIA - At+ < vista. 4-lvira e %sm+ria saem. (ausa em ara'osa5 (ronto, 3imo! SIM"O - Falta apenas o so.. 'NO&MIA ANDA PELA SALA, IMPACIENTE, INCOMODADA COM A PRESENA DE SIMO. ENQUANTO ANOTA, SIMO O SERVA NO&MIA.+ SIM"O - Dona 2o,mia. 0ueria pedir um .avorA + so re a&uela lista... NOMIA 4Corta5 - 2o &uero ouvir .alar mais so re isto! 0uanto a esta *ente, no sei &uem so, nem &uero sa er. 5as, se tentarem envolver meu nome outra ve#... 4)o&ue de campain$a5 'NO&MIA A RE A PORTA. HLIO, PARADO DIANTE DELA, TEM MAIS OU MENOS TRINTA E CINCO ANOS E EM APESSOADO. CALMO, TENDO A SERENIDADE DAQUELES QUE CUMPREM O DEVER, QUE NUNCA FIZERAM COMPROMISSOS ESCUSOS. PARA ELE O TRA ALHO PRAZER E A LEI, SAGRADA. AO VER HLIO, SIMO FICA HIRTO, EM ORA PROCURE DEMONSTRAR NO CONHEC&#LO.+ SIM"O - -ntendi, dona 2o,mia. Aman$ tra*o amostras de tape'arias. >ma decora'o precisa ser pensada. 3 .a'o decora'o R $ vinte anos R e nunca encontrei nin*u+m to e1i*ente &uanto a sen$ora. NOMIA - ; sen$or deseja...!
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H!LIO 4-stende a caderneta5 - Dele*ado de pol"cia. SIM"O 42uma rever,ncia ajuladora5 - (asse em. H!LIO 4Fec$a a porta, arrando a passa*em de 3imo5 NOMIA 43em perce er o &ue se passa5 - ; sen$or disse... dele*ado de pol"cia! H!LIO - Disse. NOMIA 4-ncantadora5 - - o seu nome + /+lio e tra al$a na dele*acia em .rente ao (alcio da Justi'a! H!LIO 4;l$a 3imo5 - Como sa e! NOMIA - Apenas sei. 4-stende a mo para ser eijada 5 2o,mia! 3ente-se, por .avor. ; sen$or se apresenta sempre assim! H!LIO - Assim, como! NOMIA - Con.esse &ue teve maneira muito ori*inal de se apresentar. Creio &ue + a .or'a do $ ito, no + mesmo! H!LIO - J me esperava! NOMIA - De certa maneira, sim 4-1amina /+lio5 H!LIO - 0ue .oi! NOMIA - Ainda no con$e'o seu so renome. H!LIO - Camar*o. NOMIA 4-ncantada5 - -st e1plicado! H!LIO - -1plicado o &u,! NOMIA - (erdoe-me. : &ue *osto de adivin$ar ascend,ncias. Camar*o + nome espan$ol. (ele clara e ca elos to ne*ros, s podem lem rar o dom"nio mouro. 2a -span$a, no na 3ic"lia. ;s sicilianos so mais escuros. - c$e*aram a&ui R di#ia primo Antenor R com rinco na orel$a e maca&uin$o no om ro. 2s tam +m temos ascendentes espan$is, entre eles Amador Bueno. 3eus pais so de %tu ou de Campinas! H!LIO - 3o de Ja orandi. NOMIA 43orriso contra.eito5 - 5uitos emi*raram e .oram a rir novas cidades, no + mesmo! : nosso san*ue andeirante. H!LIO - 3ou e &ue a sen$ora esteve viajando. NOMIA - Aca ei de c$e*ar. ; sen$or tam +m leu nas colunas sociais! 2o nos dei1am em pa#. H!LIO
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- -star a par de &uem viaja, .a# parte do meu tra al$o. NOMIA - 4erdade! -u sempre di*o &ue estamos constantemente aprendendo. - &ue $orr"vel se no .osse assim. no sa ia &ue seu tra al$o tin$a esse lado .ascinante! ; sen$or tam +m costuma viajar! H!LIO - Depende do &ue se entende por viajar. NOMIA - 4iajar + reviver um mundo encantador. (ara mim, + como o ar &ue se respira. ; sen$or no se sente su.ocado... nisto em &ue trans.ormaram nossa cidade! H!LIO - / muitas coisas &ue nos su.ocam. 5as, para uma pessoa como a sen$ora, viajar tam +m si*ni.ica visitar lojas .inas, ad&uirir o &ue no temos a&ui... en.im, .a#er compras. 2o + assim! SIM"O 4Desesperado, senta-se lentamente5 NOMIA - 2ossas lojas so to po retonas. De um mau *osto revoltante. H!LIO - 3endo assim, a sen$ora tra# o &ue no encontra por a&ui! NOMIA - 2o v me di#er &ue veio < min$a casa s para .a#er compras! H!LIO - (or &u,! 5uita *ente veio! SIM"O 4Fica preso < resposta de 2o,mia5 NOMIA 4;l$a /+lio, j meio con.usa5 - / pessoas &ue no sa em medir distFncias. 5in$as vi#in$as! %ma*ine! 2o sei por &uem me tomam. A verdade + &ue ainda no conse*ui compreender nin*u+m. : $orr"vel &uando c$e*amos de via*em. )emos a sensa'o de &ue .omos atirados em lu*ar onde nin*u+m se entende. Creio &ue a nossa desor*ani#a'o. 2osso pa"s nos parece to lamentvel, &uando aca amos de c$e*ar. )emos a impresso de &ue ainda esto em DaSar. ;u na desolada %l$a do 3al. / muita mistura, no + mesmo! H!LIO 4Armando o la'o5 - -stou &uase noivo e *ostaria de dar um om presente < min$a noiva. SIM"O 4Fec$a os ol$os, numa ora'o muda5 NOMIA 4%ntri*ada5 - De .ato, as noivas merecem os presentes mais lindos! H!LIO - Desde &ue no seja muito caro. NOMIA - Caro! H!LIO - 0ual&uer coisa &ue eu possa pa*ar. NOMIA 4(assada5 - (a*ar! H!LIO - (or &ue est to admirada! NOMIA - (or&ue... eu sei! H!LIO - 3a e o &u,! NOMIA - 0ue o sen$or... Francamente, no estou compreendendo!
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SIM"O 4Desesperado , corre para aporta, a rindo-a5 H!LIO 47rita5 - (rendam esse $omem! 'DOIS INVESTIGADORES SEGURAM SIMO+ SIM"O - ; sen$or no tem direito...! H!LIO - )anto ten$o &ue est preso. SIM"O - -stou .a#endo um tra al$o de decora'o. H!LIO - )em &ue prestar declara'=es. 3e + inocente, no precisa temer. SIM"O - 2o cometi crime nen$um. H!LIO - -nto por &ue tentou .u*ir! 43il,ncio5 (ode levar. SIM"O 40uando vai sair5 - Como sou e &ue eu vin$a a&ui! H!LIO - Al*u+m da sua ;r*ani#a'o tele.onou denunciando. SIM"O - 2o perten'o a nen$uma ;r*ani#a'o. H!LIO - %sto + o &ue vamos veri.icar. SIM"O 4Compreendendo a trai'o5 - )ele.onaram &uando! H!LIO - -n&uanto estava a&ui. 5as isto no acrescentou nada. -stamos se*uindo seus passos $ muito tempo. Peve para o D%. 4>m dos investi*adores leva 3imo5 : por isso &ue estou em sua casa. (ro &ue .a# contra ando. / den8ncia tam +m contra a sen$ora. NOMIA 4AtEnita5 - Contra mim! H!LIO - 0ue outro motivo me traria < sua casa! NOMIA 40uando vai responder, desiste5 H!LIO - Di*a! NOMIA - 2o importa. H!LIO - A sen$ora est presa. 44ira-se para o investi*ador5 D, uma usca em cima. NOMIA - 0ue .oi mesmo &ue disse!! H!LIO - 0ue est presa por .a#er contra ando. 45ostra o pacote de %sm+ria, &ue o investi*ador l$e entre*ou5 4endeu este par de sapatos para a&uela sen$or. -ste + o c$e&ue. -speramos &ue ela o preenc$esse. )en$o as provas. Faltava a con.isso. 5as, ela vir. NOMIA - ; sen$or sa e com &uem est .alando! H!LIO - 3ei &ue + uma contra andista. 3 isto! INVES,IGADOR 44o#5
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- -st tudo a&ui, dr. /+lioA per.umes, sapatos, roupas, olsas e muitas coisas. H!LIO - Junte tudo e leve para a dele*acia. %n.eli#mente, a sen$ora tem &ue me acompan$ar. NOMIA 4/irta5 - 3 uma per*untaA o sen$or con$ece al*u+m &ue con$e'o! H!LIO 4%ntri*ado5 - 2o. NOMIA - Ainda em. H!LIO - ;nde vai! NOMIA - 2o posso sair < rua, vestida assim! 'ENQUANTO NO&MIA SO E A ESCADA, HLIO FICA OLHANDO AINDA MAIS INTRIGADO.+ SEG0NDO A,O CENRIO: HALL EM FORMA PENTAGONAL DE UM VELHO PALACETE ART# NOUVEAU. AO FUNDO, ESCADARIA LARGA DE ALA(STRES, SU INDO EM CURVA. NO PRIMEIRO DEGRAU, ESTTUA DE RONZE SEGURANDO UMA L*MPADA. $ DIREITA DA ESCADA, PORTA LARGA DE ENTRADA, VENDO#SE O CORREDOR ONDE EST ESCRITO -CARCEREIRO.. $ DIREITA, PRIMEIRO LANO, SALA DE HLIO COM JANELA GRANDE, ESCRIVANINHA ATULHADA DE PAPIS, ARQUIVOS E ANCO COMPRIMIDO. PERTO DA PORTA DE ENTRADA, NO HALL, MESA DO GUARDA /. AO CANTO, ANCO ESTOFADO REDONDO. OUTROS ANCOS ESTO ENCOSTADOS NAS PAREDES% UM DELES FOI COLOCADO EM FRENTE A UMA DAS PORTAS. DO FORRO PENTAGONAL, DESCE UM EL0SSIMO LUSTRE GAL. POCA: ALGUMAS HORAS DEPOIS DO PRIMEIRO ATO. CENA: AO A RIR#SE O PANO, H GRANDE MOVIMENTO NO HALL. GENTE PO RE E SIMPLES DO INTERIOR, MENDIGOS, PEDINTES E ALGUNS FERIDOS ESTO SENTADOS NOS ANCOS. $ DIREITA, HLIO E UM DOS INVESTIGADORES E"AMINAM UM MONTE DE PASTAS E FICHAS. $ ESQUERDA, GARCIA, SENTADO $ MESA DO PLANTO, L& PAPIS E E"AMINA UM POR UM, QUATRO RAPAZINHOS AMARRADOS UM NO OUTRO PELOS RAOS E ENFILEIRADOS $ SUA FRENTE. PERTO DE UM DELES EST MARTA, QUE OLHA COM E"PRESSO AO MESMO TEMPO CARINHOSA E APREENSIVA. G0ARDA - 3e no .or indi*ente, no damos passe. INDIGEN,E 6 - 2o sei o &ue + isso, no. G0ARDA - Careta &ue vive na mis+ria. INDIGEN,E - 2unca miserei, mas no posso comprar o il$ete. G0ARDA 45 vontade5 - Pavei prato pra estudar. A*ora, uns ca oclos .ortes, s por&ue no t,m din$eiro, &uerem passes. 2ome! INDIGEN,E 6 - 7ertrudes. G0ARDA
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- 7ertrudes! -st &uerendo rincar! INDIGEN,E 6 - 2o sen$or. : o nome &ue Deus me deu. G0ARDA - Deus! >m pai atrasado. Bom! Con$e'o $omem c$amado at+ 2air. INDIGEN,E 6 4@i5 - ;$! CTos dia o! G0ARDA 43+rio, dei1ando o indi*ente sem jeito5 - 0uem vai! INDIGEN,E 6 - 0uer di#er &ue... o marido da min$a .ia no deu certe#a se sai. A*ora... sou eu e min$a vel$a. G0ARDA 4-1amina a vel$a5 - /umm! 0ual a cidade! INDIGEN,E 6 - Pondrina. G0ARDA - Pondrina + outro -stado. 2o damos. INDIGEN,E 6 4Fica completamente desorientados5 G0ARDA - 4amos! 0ue resolvem! INDIGEN,E - - ;urin$os &ue + perto! G0ARDA - (erto! 3o mais de cem &uilEmetros! INDIGEN,E 6 - A *ente + sarado nos p+, seu *uarda. VELHA 43orri5 - Deus no a andona a *ente de tudo. G0ARDA ;urin$os ns damos. INDIGEN,E 6 4K vel$a5 - Como +! G0ARDA 4%mpaciente5 - Decidam lo*o. INDIGEN,E 6 - ;urin$os mesmo. G0ARDA - : muita *ente &ue no sa e nem para onde vai. )anto .a# (aran como Acre. INDIGEN,E 6 - A .ia mel$orou. J podemos viajar. Fe# pera'o nos .i*o... G0ARDA - 2o &uero sa er. ;utro! Fala alto. INDIGEN,E 7 - Ja orandi, mo'o. G0ARDA - 0ue vai .a#er! INDIGEN,E 7 - Ca'ar servi'o no .ri*or".ico. G0ARDA 4Ao %ndi*ente I5
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- ;l$e a&ui a *uia. 4 na oitava e retire o passe. INDIGEN,E 6 - 2o + a&ui, mo'o! G0ARDA - 2o + a&ui no. 3 damos as *uias. INDIGEN,E 6 - ;itava o &u,, mo'o! G0ARDA - ;itava Au1iliar. @ua Flor,ncio de A reu. ; n8mero voc, per*unta l. 4%ntolerante5 0uerem tudo de col$er. 2ome! INDIGEN,E 7 - Floripes. G0ARDA - De &u,! A *ente precisa per*untar tudo! INDIGEN,E 7 - Das 2eves. 'DURANTE AS CENAS QUE SE SEGUEM, DE VEZ EM QUANDO OUVE#SE UM PEDINTE DIZENDO O NOME DE UMA CIDADE.+ SALA&PLAN,"O GARCIA - De onde vieram! G0ARDA - Da #ona sul. GARCIA - 0uantas passa*ens pela dele*acia! G0ARDA - ; loirin$o + a se*unda. A&ui! GARCIA - 5ete esses canarin$os na *aiola. 4inte e &uatro $oras sem alpiste. G0ARDA - 0ue .oi! 0ue .oi &ue disse! LOIRINHO - -ssa mul$er .ica enc$endo. G0ARDA 4D um sa.ano5 - 2o + sua me! 5onstro! MAR,A - 2o ate, seu *uarda! G0ARDA - @espeita sua me, in.eli#. MAR,A - (ra ns, palavro no + .alta de respeito. A *ente 1in*a eles tam +m. GARCIA - Con.orme o comportamento, solte aman$. Como + seu nome MAR,A - 5arta. GARCIA - 3e no &uiser &ue seu .il$o vire criminosos, *uasca de ve# em &uando + om. MAR,A 4@etesada5 - Foram outras coisas &ue .altaram, doutor. GARCIA
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- (or e1emplo! MAR,A - ; sen$or sa e da nossa vida. 'MARTA SAI ATRS DOS RAPAZINHOS, QUE ATRAVESSAM O HALL E DESAPARECEM NO CORREDOR DO CARCEREIRO. VEMOS UM DELES TOMAR UM SAFANO DE UM DOS GUARDAS. MARTA VAI AT $ SA0DA, PRA, VOLTA E SENTA#SE EM UM DOS ANCOS. O SERVA AS PESSOAS COM INTENSIDADE, NUMA TENTATIVA DE COMUNICAO. DURANTE O ATO, ELA PERCORRE OS ANCOS FALANDO COM AS PESSOAS.+ GARCIA - ;nde est o carcereiro! G0ARDA - Foi levar a&uela sen$ora pra tocar o pianin$o. GARCIA - ; majoren*o Ca1ias continua apertando as *arras! G0ARDA - - como aperta! GARCIA - Foi c$e*ando e prendendo na amarra! G0ARDA - Como das outras ve#es. GARCIA - - .a# tudo com serenidade &ue espanta. (ra ele tanto .a#A importanto ou alo apa*ado. 5inestra ou *r-.inaU padre su versivo ou crente maluco. G0ARDA 4@etesado5 - Crente, ele mata. GARCIA - 0ue se pode .a#er com crente &ue pensa voar pro c+u! G0ARDA - ; sen$or j viu! A mul$er! GARCIA - 2o. GARCIA - 4ai dar ode. ; c$e.o, l em cima, j amarrou a cara. GARCIA - (or &u,! G0ARDA - Bacana'a lin$a de .rente. Deve ter n com tudo &ue + *ra8do nesta cidade. GARCIA - -ste majura caipira est saindo mel$or do &ue a encomenda. Foi tocar o pianin$o, $ein! G0ARDA - Com luvas e tudo. GARCIA - 2ada como ser crente 4Pevanta-se cansado5 (arece &ue o mul$erio teve noite calma. 2o apareceu nen$uma! G0ARDA - 2oite sem dadivosa + de amar*ar. GARCIA 4@i, diri*indo-se para a sala de /+lio5 HALL G0ARDA - Par*a desta mala! INDIGEN,E 8
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- 5as, + min$a! G0ARDA - 4oc, precisa pEr seu nome a&ui. 2in*u+m vai rou ar essa porcaria. INDIGEN,E 8 - : o &ue eu ten$o, seu *uarda. G0ARDA 4Autoritrio5 - (on$a essa trapeira no c$o. MAR,A - -u se*uro pra voc,. INDIGEN,E 8 - 2o. MAR,A - 4oc, precisa assinar o nome. INDIGEN,E 8 4(assado5 - Assinar! MAR,A - Basta pEr uma cru#. -u se*uro a mala. SALA DE H!LIO H!LIO - (e'a in.orma'o no D%. 3imo de tal. )em casa na @ua Au*usta. ; carcereiro su iu! INVES,IGADOR - Foi tirar as impress=es di*itais. H!LIO - 0uando a andorin$a descer, mande entrar. INVES,IGADOR - 3im, sen$or. 43ai e so e a escada5 /APP MAR,A 4entrando a mala5 - 4ai viajar! INDIGEN,E 8 - 2o. -u carre*o pra onde vou. MAR,A 4Compreendendo5 - Con$ece o cemit+rio da Consola'o! INDIGEN,E 8 - (or &u,! MAR,A 4A ai1a a vo# 5 - P, tem t8mulos *randes &ue parecem casas. >ma ele#a vai l e voc, encontra lu*ar pra dormir. INDIGEN,E 7 - -m t8mulo MAR,A - 4i encontrar muito *ente oa l. INDIGEN,E 8 - 7ente viva! -m t8mulo! MAR,A - 4iv"ssima! (ode ir. 2o precisa ter medo. 5orto + morto. INDIGEN,E 8 - ; ri*ado, dona 43ai com a mala5 G0ARDA - (asse! M0LHER - 2o. (reciso de atestado de po re#a.
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G0ARDA - (ra &u,! M0LHER - (ra internar meu irmo. G0ARDA - 0ue + &ue ele tem! M0LHER - -st com coisa danosa no corpo. G0ARDA - Danosa como! M0LHER - Cai no c$o, revira os ol$os, espuma... G0ARDA C$e*a! 5ora com voc,! M0LHER - -le mora por a", seu *uarda. 5ora no mundo. SALA DE H!LIO GARCIA - ;l, 5ajura! 0ual + o caso da acana'a! H!LIO - Contra ando. Andorin$a le*"tima. GARCIA - 5as, $ouve inten'o! H!LIO - )ra#er mercadoria de uso pessoal e vender, o &ue +! GARCIA - ; c$e.o est com a "lis solta. H!LIO - (or &u,! GARCIA - (or&ue uma mul$er como esta tem co erta de todo taman$o. (render como voc, prendeu, precisa estar atolada at+ o pesco'o. 3er criminosa con.essa. 2o ter nen$uma d8vida. H!LIO - -u no ten$o. GARCIA - (repare-se. 4ai aparecer tudo &uanto + al"vioA *r-.ino, advo*ado, militar e at+ pol"cia. H!LIO - 3ei como rece er essa *ente. GARCIA - 2o, meu .il$o. 2o + a&ui &ue eles v,m, no. 4Aponta o teto5 4o diretamente l. (rocuram lo*o os donos do time. Ac$o &ue preciso ensinar a voc, as re*ras do om proceder. H!LIO - 3a ia &ue muitas sen$oras da sociedade tra al$am para or*ani#a'=es de contra ando! GARCIA - %sto todo mundo sa e, 5ajura. ; contra ando + &uase uma institui'o nacional. H!LIO - -sta mul$er + uma delas. 2o me interessa se + prote*ida ou no. GARCIA - %sto me .a# lem rar o caso da&uela c+le re *r-.ina. Come'ou .a#endo compras para certos clu es. (recisavam de lustres onitos, por&ue &ueriam dar maior re&uinte a seus sal=es.

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Como no entendiam de om *osto, contrataram uma super-*r-.ina. @esultadoA &uando .oi presa com o contra ando, de# mil$=es tiraram o dele*ado do servi'o. H!LIO - - da"! GARCIA - Da"... &ue *osto da sua presen'a. 4oc, me .a# lem rar o $omem limpo &ue j .ui. Ajudei na&uele caso. -ra crente e .ui parar me 4ila -ma. Ficaria a orrecido, vendo voc, descomissionado e voltando... Como c$ama mesmo a cidade de onde veio! H!LIO - Ja orandi. GARCIA - ; povo de l .e# uma ruta .esta para comemorar sua vinda para c. ; $eri, o $omem &ue aca ou com a revolta dos meeiros .anticos. 2o $ouve um caso assim! um desses malucos &ue aparecem de ve# em &uando di#endo &ue + Cristo! H!LIO - /ouve. GARCIA - -nto. Depois de derrotar crentes en.urecidos, + vencido por uma acana'a. Com &ue cara c$e*aria de volta! H!LIO - Com a min$a mesmo. GARCIA - -u sei &ue a vendada + uma s. 5as os criminosos no so. - voc, j perce eu &ue + $omem marcado, no perce eu! -u, por mim, no *osto de e er orel$a dos outros. 3ento no ar, tomo min$a a*uin$a, cu ro a .ace, &ue no + pra andar por a"... e escuto. 7osto de ouvir por&ue .ico con$ecendo o tel$ado dos outros. (ois outro dia R conto o mila*re mas no conto o santo R outro dia, um ca elo de .o*o, sujeito muito simptico, me .e# muitas per*untas so re voc,. :! 3o re voc, mesmo. Fui lo*o dando a sua .ic$aA din$eiro ele no topa, no toma vento. Amor, s .a# com uma. Al*um *al$o muito escondido. 5as, pelo visto no + dos &ue variam. Be er, e e suco de tomate. 2o ol$a vitrina, s *osta de roupa .eita. (er.ume, no passa da 4elva. 3a e o &ue ele me disse! O-nto, a testa dele + um Fn*ulo!Q 2o, meu c$apa R respondi. : um $ori#onte a erto, limpo. 2o topa sa.ade#a, + um verdadeiro c$acal. -st vendo, 5ajura! 4oc, vai entrar num torni&uete. H!LIO 43orri5 - 3airei dele. GARCIA - 5e di*a uma coisa, 5ajuraA voc, dorme com mul$er! H!LIO - 0uando sinto necessidade. GARCIA - 5as...s ente isto muitas ve#es! H!LIO - Como &ual&uer $omem normal. (or &u,! GARCIA - (reciso dar a voc, todo o servi'o. (or&ue ten$o medo... + de &uando me jo*am mul$er na cama. H!LIO - 0uem! GARCIA - As .or'as ocultas. A", meu .il$o, a pa8ra ate mesmo. Ac$o at+ desonesto. 5as, por din$eiro! 2unca rece i um tosto. A*ora, mul$er! 4ou te contar! 5ul$er me &ue ra mesmo. 0ual&uer uma .a# de mim ol$o de vidro, en*alin$a ranca, o &ue voc, &uiser.
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H!LIO - (or &ue est di#endo tudo isto! GARCIA - 2o se lem ra o &ue aconteceu com a&uele Ca1ias da 0uadra*+sima! H!LIO - 2o sou ele. GARCIA - 5ajorento Ca1ias so todos i*uais. >m dia aca am caindo do cavalo. Convidaram o otrio para um jantar, onde $avia andorin$as per.umadas do outro mundo. 5ul$er como ele nunca tin$a visto. 4in$os, m8sica, encosta'o. A mul$er esperando .il$o... A carne + .raca. @esultadoA .ilmado nu, nos ra'os de uma acana'a. Dois dias depois, passou .rota de F25 de muam a e ele no viu. )am +m... &uem &uer c$e*ar em casa e encontrar a mul$er nos ra'os da .am"lia, ol$ando um retrato seu, pelado e *rudado numa loira'a! H!LIO 4@i5 - 2o aceitarei convites suspeitos para jantar. GARCIA - A" + &ue est. 4,m de onde voc, menos espera. Jo*am em todas as posi'=es. - no usam a*a'o, no! : cada .,mea, meu .il$o! (apa .ina &ue a *ente nem sa e &ue e1iste. Dessas &ue &uando passam a un$a na nuca, &ual&uer pan*ar+ nos derru a. 'ENQUANTO GARCIA FALA, HLIO SE VOLTA, SU ITAMENTE, E OLHA PELA JANELA COM PREOCUPAO E SUSPEITA AINDA NO CONSCIENTIZADA.+ GARCIA - 0ue .oi! H!LIO 4Dis.ar'a5 - 2ada. ; ri*ado pelo aviso. GARCIA - )em certe#a, 5ajura, de no ter cometido erro com a priso desta mul$er! H!LIO - )en$o. GARCIA - Bom. 3e no entender al*uma jo*ada, + s me c$amar. 'QUANDO GARCIA SAI NO HALL, NO&MIA APARECE DESCENDO A ESCADA, SEGUIDA PELO CARCEREIRO. ELA DESCE COM SEGURANA, E"AMINANDO TUDO COM INTENSIDADE, COMO SE RECORDASSE ALGUMA COISA. PASSA A MO PELO ALA(STRE, OLHA AS PAREDES, A ESTTUA E QUANDO CHEGA NOS (LTIMOS DEGRAUS AVISTA O LUSTRE GAL. UMA E"PRESSO EVOCATIVA DE ENCANTO DOMINA SEU ROSTO. NESTE INSTANTE ENTRA O FOTGRAFO E FICA O SERVANDO NO&MIA. NO&MIA DESCE O (LTIMO DEGRAU E ENTRA NO HALL. DE REPENTE, PRA, VOLTA#SE E CAMINHA $ VOLTA DA ESTTUA COM SORRISO CARINHOSOS, COMO SE SE LEM RASSE DE PESSOA MUITO QUERIDA. NO&MIA D VOLTA PELO HALL, INDO PARARA NO PRIMEIRO PLANO, PERDIDA EM SUAS EVOCA,ES. MARTA O SERVA NO&MIA E SORRI COM CERTO CARINHO.+ GARCIA 4Ao 7uarda5 - Coitado do 5ajura! 'QUANDO GARCIA SAI, O FOTGRAFO COMEA A FOTOGRAFAR NO&MIA. OS FLASHES DA MQUINA VO TRAZENDO NO&MIA $ REALIDADE. CERTA APREENSO MUITO CONTROLADA ESTAMPA#SE EM SEUS OLHOS E NO&MIA PROCURA ESCONDER O ROSTO SEM DEMONSTRAR. PERCE ENDO, MARTA VAI FICAR ENTRE NO&MIA E O FOTGRAFO.+

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SALA DE H!LIO H!LIO - %denti.icou! CARCEREIRO - 2o, sen$or. H!LIO - (or &ue no! CARCEREIRO - 2o tin$a tinta. H!LIO - Como no tin$a tinta. CARCEREIRO - 2o tive cora*em, dr. /+lio. H!LIO - 2o teve cora*em de &u,! CARCEREIRO - De sujar a&ueles dedos. 5o delicada, limpa... nunca vi un$as como a&uelas! Fi&uei sem jeito. H!LIO - 3o mos como outras &uais&uer. CARCEREIRO - ; sen$or di# isso + por&ue no viu! H!LIO - -la resistiu! CARCEREIRO - 2o. 2em pedi &ue tirasse a luva. 5as, ela tirou, ol$ando a sala e sorrindo como se con$ecesse tudo a&uilo. Foi a" &ue aconteceu uma coisa es&uisita! H!LIO - ; &u,! CARCEREIRO - -la .oi < parede, passou a mo e per*untou pelo rel*io! H!LIO - 0ue rel*io! CARCEREIRO - >m relojo sem ponteiro &ue tin$a l. ; outro dele*ado titular mandou para o depsito da (re.eitura. H!LIO 4%ntri*ado5 - 5ande entrar. HALL 1O,9GRA1O - 0uer sair da .rente! MAR,A - (or &ue no tira retrato dos outros! 1O,9GRA1O - 2o tiro retrato de a*ul$o. MAR,A - 3ei o &ue est &uerendo. 0uer &ue c$ame o dele*ado! CARCEREIRO - 0uer .a#er o .avor de entrar, dona! NOMIA 4-ntrando5 - ; ri*ada, $omem om.
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'QUANDO NO&MIA ENTRA, HLIO EST PARADO DIANTE DA JANELA, OLHANDO O PALCIO DA JUSTIA.+ SALA DE H!LIO H!LIO 44oltando-se su itamente5 - 3ente-se. NOMIA - ; ri*ada. 4-1amina a sala5 3a e! ; sen$or aca ou me prestando um *rande .avor. @evi uma casa muito &uerida. Deve ser a*radvel tra al$ar em um am iente assim. H!LIO - Assim, como! NOMIA 4Com *esto delicado5 - Assim... numa constru'o .im de s+culo &ue + das poucas jias &ue restaram nesta cidade. Foi o senador Ja*uari e &uem construiu. 3a ia! Foi $omem encantador. %nau*urou este palacete com aile memorvel. Catarina, a mul$er dele, pertencia, como eu, a vel$os troncos da .am"lia paulista. -la costumava di#erA OA .am"lia real ritFnica sei muito em &uando e como come'ou. Assim tam +m a maioria das ca e'as coroadas da -uropa. 5in$a .am"lia + muito mais anti*a, pois come'ou com o Pidador! 5ais anti*a s mesmo a .am"lia imperial japonesa. 5as como japon,s no + *ente como ns...Q (or &ue me ol$a assim! H!LIO 4%mpass"vel5 - -stou ouvindo. NOMIA - 0uando entrei, o sen$or admirava o pr+dio em .rente. 3a e &ue estilo...! H!LIO - 5in$a sen$ora. 2o estamos a&ui para conversar so re ar&uitetura. NOMIA - Con.esse &ue seria mais amvel. - mais 8til tam +m. H!LIO - 4amos ao &ue interessa. A sen$ora est disposta a cola orar! NOMIA - -stou <s ordens. H!LIO - Assim + mel$or. NOMIA - (elo &ue conse*ui entender at+ a*ora, sou acusada de ser contra andista. 43orri5 2o + assim! H!LIO - A sen$ora no .a# compras na -uropa! NOMIA - Fa'o. H!LIO - 2o tra# a&ui para o Brasil! NOMIA - : onde resido. %n.eli#mente. H!LIO - (a*a al.Fnde*a! NOMIA - 3o coisas de uso pessoal. H!LIO - De uso pessoal, mas vende. NOMIA - A lei no me pro" e vender o &ue me pertence.
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H!LIO - A*indo como a*e, a sen$ora comete crime contra a .a#enda p8 lica. NOMIA - -u!! H!LIO - 2o pa*ando ta1as al.ande*rias e %.(.%., prejudica a >nio. 2o pa*ando licen'a para comerciar, a.eta o -stado e o 5unic"pio. (recisa de licen'a cam ial do Banco do Brasil, o &ue no tem. NOMIA - 4iajo por&ue *osto. Compro o &ue preciso. 2o posso admitir o &ue no .a'o. H!LIO - 3a emos de diversas or*ani#a'=es de contra ando &ue usam sen$oras da sociedade para tra#er as muam as. - o ponto de contato + 3imo, encontrado em sua casa um dia depois &ue re*ressou da Fran'a. NOMIA - 3imo + meu decorador. H!LIO - : decorador das outras tam +m. Junto com a decora'o, rece e e encamin$a as mercadorias. NOMIA - 3e o sen$or tem certe#a disto, processe 3imo e &uem perten'a <s or*ani#a'=es. INVES,IGADOR 4-ntra eu.rico5 - ; sen$or tin$a ra#o. H!LIO - Conse*uiu! INVES,IGADOR 4Pendo5 - 3imo de Ara8jo, mineiro de 5ontes Claros, pro.essor de *eo*ra.ia em (atos, onde desencamin$ou uma aluna, tendo depois .u*ido e desaparecido. NOMIA - 3imo!! INVES,IGADOR - 2o @io de Janeiro amasiou-se com uma .rancesa do 5an*ue e $oje vive em 3o (aulo como decorador. NOMIA 4/irta5 - Fran'oise!! INVES,IGADOR - Bijou... ou Biju#o como era tratada. H!LIO - (e'a a .ic$a na dele*acia de (atos. 4eja se ainda $ processo contra ele. Di*a &ue, se no con.essar, pu licaremos a not"cia em todos os jornais da capital. 4; %nvesti*ador sai5 -ste + o seu decorador. NOMIA - )udo isto + de muito mau *osto. 2ada + mais deprimente do &ue o vul*ar. (asse em. H!LIO - ;nde pensa &ue vai! NOMIA - (ara min$a casa. H!LIO - 2o es&ue'a de &ue est presa. NOMIA 4)entando se dominar5 - 5eu rapa#! 3e no + inconsciente, est muito perto. At+ a*ora no c$amei nin*u+m, por&ue pensava &ue tudo isto no passasse de mal-entendido &ue aca aria em pedido de desculpas...
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e pronto. )odo mundo tem direito de cometer erros. - tam +m... por&ue tin$a motivos particulares para no c$amar. Ainda est em tempo de voltar atrs. H!LIO - -st amea'ando! NOMIA - Advertindo. : mel$or. H!LIO - 2o se preocupe em c$amar nin*u+m. A esta $ora a ;r*ani#a'o j come'ou a se me1er. : o &ue &uero. NOMIA - 5as, &ue ;r*ani#a'o! H!LIO - A de contra ando < &ual pertence. 4; tele.one toca5 3en$or. 3im. 2o,mia 45eio irritado5 5as, eu apreendi a muam a. 4;uve5 ; sapato e o c$e&ue esto a&ui. 4;uve apreensivo5 Pevo. 3u o da&ui a pouco. 3im, sen$or. 42o,mia sorri, compreendendo o &ue se passa. /+lio desli*a o tele.one, preocupado5 NOMIA - J era a tal ;r*ani#a'o! H!LIO - 2o. NOMIA - Al*um pro lema! H!LIO - )am +m no. NOMIA 43orri5 - (elo &ue di#ia, o sen$or + in.le1"vel. ; cdi*o penal + a sua B" lia. H!LIO 4Ainda preocupado5 - 3ei &ue sou responsvel pela represso ao contra ando. : o &ue procuro .a#er. NOMIA - A &ual&uer pre'o! H!LIO - (elo ordenado &ue o -stado me pa*a, e por uma &uesto de moral. NOMIA 4Compreensiva e com certo carin$o5 - ; sen$or + to jovem! (arece i*norar a sociedade em &ue vive. H!LIO - (or isto mesmo. NOMIA - - pretende re.orm-la! H!LIO - Fa'o o &ue me toca. NOMIA 4Com encanto5 - ; $omem + to imprevis"vel! 0uando menos espera, se tona v"tima de suas cren'as, de suas pai1=es. - + om &ue seja assim, no + mesmo! H!LIO - J ouvi &ual&uer coisa a respeito, $oje. -stou prevenido. ; &ue sou, o &ue sinto, dei1o < porta da dele*acia. 2o e o, no .umo, no jo*o... NOMIA 4Corta5 - 2em ama! 0ue pena. (elo visto, o sen$or no + $omem. : m&uina policial. H!LIO - Apenas acredito no &ue .a'o, e ac$o &ue a justi'a + uma para todos. NOMIA
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- 5as, no +! H!LIO - (ara mim, +. NOMIA - 7ostaria de sa er o &ue .aria da pro.isso, da inteli*,ncia se os $omens dei1asse de ser o &ue so. ;nde iria colocar sua intolerFncia, se todos se trans.ormasse em modelos de virtude! H!LIO - 2in*u+m precisa ser santo, mas tam +m no deve ser criminoso. NOMIA - ; sen$or acredita mesmo &ue o $omem pode dei1ar de ser o &ue +! 0ue suas pai1=es podem ser reprimidas! H!LIO - Acredito. NOMIA - 3em pa*ar pre'o nen$um! H!LIO - Basta viver de seu tra al$o e respeitar a lei. NOMIA 4-ni*mtica5 - A *ente sempre tem pre'os suplementares. H!LIO - -u no ten$o. NOMIA - 2o mesmo! H!LIO 43eco5 - 2o. NOMIA - 2o me re.iro a din$eiro, naturalmente. H!LIO 43a endo5 - A certos la'os &ue nos parecem to .r*eis... e de repente resistem a &ual&uer tentativa de rompimento. H!LIO - Basta ter .or'a para romp,-los. NOMIA - - o sen$or tem! H!LIO 4Diri*e-se para a porta.5 - )en$o. 3e tentar sair da&ui, ser pior para a sen$ora. NOMIA - >m instante, por .avor. 45aliciosa5 -st a" uma coisa &ue *ostaria de ver. Como se sairia, posto entre o dever e um ente &uerido. H!LIO - 5eus sentimentos nada t,m &ue ver com meu tra al$o. 2em as pessoas a &uem pre#o so contraventoras. NOMIA - ; sen$or + .eli#! 4ive em um mundo ideali#ado. ; ri*ada. 'DURANTE A CENA QUE SE SEGUE, NO&MIA TENTA OLHAR CAMILA PELA JANELA, PROCURANDO NO SER VISTA. HLIO SAI E PRA OLHANDO PARA TRS, INTRIGADO% DEPOIS SO E A ESCADA. NESTE INSTANTE, ENTRA P DE CHINELO ACOMPANHADA POR UM GUARDA.+ HALL P! DE CHINELO
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- ;l! Como vai , meu c$apa! G0ARDA - -stava com saudade! P! DE CHINELO - A mame voltou. 4ou es&uentar meus .il$in$os. 5e d pena sa er &ue voc, passam a noite so#in$os. 5as, nada de sacana*em, $eim! >m por ve#. )ra al$ar na O$ori#ontalQ no + rincadeira. G0ARDA - J est .alando de mais. P! DE CHINELO - 2o precisamos me acompan$ar. 3ei o camin$o. G0ARDA - 4em c, minestra. (rimeiro o dele*ado. P! DE CHINELO - (ra &ue incomodar o dr. 7arcia! -le + dele*ado do peito. J seiA do#e $oras com alpiste. At+ aman$. 3e sentirem .rio, podem me procurar. 4Cantando5 OAt+ aman$, se Deus &uiser...Q4(ra su itamente5 ;nde est a&uele soldado loiro! G0ARDA - 2a patrul$a. P! DE CHINELO - 3 de pensar me arrepia. G0ARDA 4-mpurrando-a5 - 4amos. %sto a&ui no + ordel. P! DE CHINELO - 5as no +, $ein! 4Avista 5arta5 4oc, tam +m! : o marido outra ve#! Bota esse $omem pra andar. MAR,A 43orri carin$osa5 - Como vai, .il$a! P! DE CHINELO - 2o *osto &ue me c$amem de .il$a. MAR,A - (or &ue no! P! DE CHINELO - 3ou puta e .il$a da puta! G0ARDA - Fec$a a latrina! P! DE CHINELO 4@i, de oc$ada5 - 4amos pro nosso nin$o. 'ENQUANTO DESAPARECEM NO CORREDOR, VEMOS P DE CHINELO DAR UM TAPA NO GUARDA E SOLTAR UMA GARGALHADA. O FOTGRAFO ENTRA NA SALA DE HLIO. NO&MIA E"AMINA O PAPIER PEINT NA PAREDE, FINGINDO NO V&#LO+ SALA DE H!LIO 1O,9GRA1O - A sen$ora sa e &ue .oi .oto*ra.ada! 4Como se lesse5 Dama da alta presa como contra andista. 42o,mia controla-se com classe5 A noticia vai ser pu licada. Foto*ra.ia com le*endaA Contra andista &uatrocentona! 4(ausa. J impaciente5 Ac$a &ue no devia ser pu licada! NOMIA - %sto no me di# respeito. 1O,9GRA1O - Di# respeito a &uem! Al*u+m &ue posso procurar!
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NOMIA - A seu jornal, + calo. 1O,9GRA1O - 5il cru#eiros e nada ser pu licado. ;l$e &ue a not"cia vale muito mais. NOMIA - )anto assim! 1O,9GRA1O - 2o estou pedindo nem a metade. NOMIA - (ode pu licar. 1O,9GRA1O - 2o tem medo! Do escFndalo! NOMIA - 3 pe'o um .avor. Detesto coisas de mau *osto. 2o por mim. 5as por&ue os jornais entram nas casas, devem antes educar. 3u*iro &ue mostre seu tra al$o ao diretor do jornal para &ue rece a reda'o mais literria. 2o tra al$a no Jornal de 3o (aulo! 1O,9GRA1O - Como sa e! NOMIA - -st escrito na m&uina. Con$e'o muito Al.redo. 0ue car*o ocupa mesmo! 1O,9GRA1O - Diretor-@edator-C$e.e. : o dono. NOMIA - : das poucas pessoas .inas desta cidade. - escreve muito em. 2ossos pais .oram ami*os. (ara di#er a verdade, seu jornal + uma esp+cie de B" lia em min$a .am"lia. )am +m... j o l"amos &uando era lido por )i iri', @an*el (estana, (rudente de 5oraes. (or ele, se*uimos os de ates a olicionistas de 5artin$o, (rudente e Bernardino. 2ele, pode-se estudar &uase cem anos de nossa $istria. - a de min$a .am"lia tam +m. Como reprter, deve con$ecer os ar&uivos do jornal, no con$ece! 1O,9GRA1O 43inal ne*ativo5 NOMIA - 2o! -m min$as rpidas estadas no Brasil, costumo ir l, reencontrar pessoas. 3o m*icos a&ueles ar&uivos! Basta a ri-los... e um mundo maravil$oso revive. 3e .or pessoa curiosa, poder encontrar, l, a descri'o da linda .esta &ue inau*urou este palacete. 4@eaparecendo o sorriso .u*idio5 : to m*ico &uanto a&ueles ar&uivos. D, a Al.redo a .oto*ra.ia e a not"cia e di*a &ue + pedido meu. 44olta a e1aminar a parede, i*norando o .ot*ra.o5 'O FOTGRAFO SAI ELE ATRAVESSA O HALL, TIRANDO O FILME DA MQUINA COM RAIVA. MARTA, CONVERSANDO COM UMA DAS MULHERES NO ANCO, O SERVA#O SORRINDO.+ SALA&PLAN,"O GARCIA - 0ual + o caso! G0ARDA - Batedor de u.osa. GARCIA - : s da leve! G0ARDA - Da pesada tam +mA dois assaltos. MALANDRO 6 - -u!! 2em sei por &ue estou a&ui, doutor. GARCIA
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- 3em-ver*on$a! MALANDRO 6 - -u pe*uei o Eni us pra visitar um irmo &ue tra al$a numa constru'o e de repente uma comadre come'ou a es*Celar, di#endo &ue eu estava pondo a prestativa nela! G0ARDA - 2a olsa dela. MALANDRO 6 - 5eu al*um + nen$um, doutor. %a pedir din$eiro pro meu irmo por&ue estou doente. GARCIA - 0ue + &ue voc, tem! MALANDRO 6 45rtir5 - -stou tu erculoso doutor. GARCIA - )u erculoso, $ein! MALANDRO 6 44itima5 - (reciso ser internado. GARCIA - ;nde tra al$a! MALANDRO 6 - -u tra al$ava pra um cotruca. GARCIA - 0ue + isto! G0ARDA - -stran*eiro. GARCIA 43orri5 - - da"! MALANDRO 6 - ; $omem lar*ou o pisante no mundo e no me pa*ou. GARCIA - 0uando .oi isto! 0uando! MALANDRO 6 - Fa# tr,s m,s. (ode pe*ar no macaco e tele.onar pra l, seu doutor. (or tudo &uanto + mais sa*rado. Falo a verdade. -u sou um rasileiro limpo. Con.esso toda semana. 5as se a *ente .ica doente, &ue + &ue a *ente pode .a#er! 5in$a prestativa nunca morou no olso de nin*u+m. %sto no. 5in$a .am"lia + *ente de classe. GARCIA - 4oc, j tem duas passa*ens por vadia*em. 5ais uma e vai pra captura. MALANDRO 6 - 2o + vadia*em, doutor. A concorr,ncia est de amar*ar, servi'o di."cil... <s ve#es a *ente .ica desocupado. GARCIA - 4oc, est sempre desocupado. D, repouso nele de do#e $oras. MALANDRO 6 4)r*ico5 - 5as, seu doutor... GARCIA - : om para &uem est tu erculoso. G0ARDA - 4amos. Fec$a o o&uejo! MALANDRO 6 - 3 ia per*untar se o *rude $oje + om.

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HALL MAR,A - 3aco de .arin$a de tri*o + muito om. Do timas camisas. M0LHER - 5as as letras no sai! MAR,A - : s .erver com .u e limo. 3ai tudo. 44endo (enteado entrar5 - se no sair &ue importFncia tem! 'ENQUANTO O MALANDRO / LEVADO PRESO PARA O CORREDOR, $ ESQUERDA, PENTEADO ENTRA NO HALL. J GRISALHO, VESTE#SE EM E D, SO RETUDO, IMPRESSO DE E"TREMA LIMPEZA.+ PEN,EADO 4@evelando li*a'o com o 7uarda5 - ;nde est! G0ARDA - 2a sala dele, doutor (enteado. PEN,EADO - - ele! G0ARDA - -st com o titular da dele*acia. PEN,EADO - 0ue aconteceu ao idiota do 3imo! G0ARDA - Foi levado para o D%. 2o sei mais nada. PEN,EADO - - ela! Disse al*uma coisa! G0ARDA - Ac$o &ue no. PEN,EADO. - 0ual&uer coisa, avise-me. SALA DE H!LIO PEN,EADO - 2o,mia! NOMIA - (enteado! Como vai! PEN,EADO - (ensei &ue ainda estivesse na -uropa. NOMIA - C$e*uei ontem. 4-ncantadora5 Como vai Paurita! PEN,EADO - Bem. 0ue aconteceu, 2o,mia! NOMIA - %ma*ine &ue estou detida. PEN,EADO - De &ue a acusam! NOMIA - Contra ando. PEN,EADO - : .antstico! NOMIA - Como sou e! 2o avisei nin*u+m.
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PEN,EADO - -lvira e %sm+ria estavam l, no estavam! (ode ima*inar &ue a cidade inteira j sa e. %sm+ria me avisou. 3imo tam +m .oi preso! NOMIA - Foi. 4oc, o con$ece! PEN,EADO - : o decorador de Paurita. -st na moda. NOMIA 4Ferina5 - 3e Paurita e as outras sou essem! PEN,EADO 4A.lito5 - 3ou essem o &u,! NOMIA - 3em &uerer a *ente desco re cada uma! PEN,EADO - 0ue desco riu, 2o,mia! NOMIA - 3imo. ; decorador da moda! PEN,EADO - 0ue tem 3imo! NOMIA - Desencamin$ou uma menor e a andonou. -st sendo processado. PEN,EADO 43em dis.ar'ar o al"vio5 - 0ue sa.ado. NOMIA 43orri da covardia de (enteado5 - - a mul$er saiu de um prost" ulo do 5an*ue. PEN,EADO - Fran'oise! NOMIA - ;u Bijou! Assim era c$amada. PEN,EADO 45es&uin$o5 - - se di#ia de limousin, neta de aristocratas .ranceses decadentes. 4(ausa5 4im para ajudla. NOMIA - 2o creio &ue precise. PEN,EADO - %nterro*aram voc,! -spero &ue no ten$a dito nada. NOMIA 4Com ira5 - Ac$a &ue con$e'o contraventores! PEN,EADO - ;ra, 2o,mia! /oje, eles esto em toda parte. NOMIA 4Ferina5 - Apenas descon.iam R e com ra#o R de pessoas &ue viajam muito, por causa de uma or*ani#a'o de contra ando, da &ual .a#em parte... adivin$e. PEN,EADO - 0uem! NOMIA - 3en$oras da alta sociedade. -sto mesmo em toda parte 4%nsinua a amea'a5 3e sa em &ue no .a'o contra ando, devem ima*inar &ue sei &uem .a# e &ue, pelo temos, cometa dela'o. 7ente sem moral + capa# de tudo, no + mesmo! PEN,EADO
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- Citaram nomes! NOMIA 4D8 ia, dei1ando (enteado inse*uro5 - 2o. PEN,EADO - 2o &uer &ue c$ame al*u+m! NOMIA - Fa'o &uesto de esclarecer so#in$a este mal-entendido. )alve# deva admitir, para ver*on$a min$a, &ue no estou nem $umil$ada, apenas atEnita. 4;l$a < sua volta5 2o posso compreender como resistiu! A casa do senador Ja*uari e, de Catarina, trans.ormada em dele*acia. PEN,EADO - : a pior da cidade. 3a e como c$ama! Boca do Pi1o. NOMIA - 0uer di#er &ue o airro mais .ino da cidade...! PEN,EADO - /oje, + a oca do li1o. NOMIA - 3empre ac$ei &ue a *ente devia morrer, antes de ver certas coisas. 43u itamente5 (arece &ue 3imo est seriamente envolvido. PEN,EADO 4/irto5 - -nvolvido como! NOMIA - Disseram &ue + 3imo &uem rece e e encamin$a o contra ando. 0ue o servi'o de decora'o + para dis.ar'ar 4%nsinua, maldosa5 - + assim &ue elas se mant,m entre as mais ele*antes. 2o + pura decad,ncia, (enteado! 2o me admira &ue Campos -l"sios ten$a virado a oca do li1o. PEN,EADO - A.inal, 2o,mia, como .oi &ue aconteceu! NOMIA 4Jo*ando5 - ; &u,! PEN,EADO 4%mpaciente5 - 3ua priso! NOMIA - ; del*ado entrou pela min$a casa como um .uraco... PEN,EADO 4Anotando5 - 4iola'o de domic"lio em caracteri#ada. NOMIA - ... e sem maiores e1plica'=es, deu usca em min$a casa, apreendeu min$as coisas... PEN,EADO - -1erc"cio ar itrrio do poder. NOMIA - ... e me prendeu. PEN,EADO - 2o lavrou o auto de resist,ncia! NOMIA - 5as, eu no resisti! Como poderia! PEN,EADO - 4oc, precisa de um advo*ado, 2o,mia. %sto no pode .icar assim. NOMIA - 2o &uero processo. 3ei como resolver este caso. PEN,EADO

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- -ste dele*ado j + con$ecido na cidade. : &uadrado, tem tapa nos ol$os, no v, nada, no respeita nin*u+m. 4Falsa indi*na'o5 2o ouviu contar o &ue .e# na cidade de onde veio! NOMIA - Como poderia ouvir! 2em o con$e'o. PEN,EADO - Atirou em colonos inde.esos, crentes &ue no .a#iam mal a nin*u+m. 2o + mesmo ar itrrio! NOMIA - 3 mesmo em pa"ses como este acontecem coisas assim! PEN,EADO - -m &uin#e minutos tiro voc, da&ui. NOMIA - @pido assim! 4H!LIO IRRI,ADO, DESCE A ESCADA DO HALL5 PEN,EADO - Dei1e por min$a conta. NOMIA - Di#em &ue ele + in.le1"vel. PEN,EADO - 5as, tem pre'o tam +m. NOMIA - (re'o! PEN,EADO - Camila sa e &ue voc, est a&ui! NOMIA - 2o. 2em &uero &ue sai a. PEN,EADO - : mel$or assim. &ue .oi! NOMIA - -stou estran$ando sua dedica'o. 7ostaria de sa er &uem vai pa*ar o pre'o! 4/+lio entra5 PEN,EADO - Dr. /+lio Camar*o! H!LIO - 3im. PEN,EADO - Dr. (enteado. 3ou advo*ado e preciso .alar com o sen$or em particular 4@ea'o de /+lio5 : so re o caso. 0uer .a#er o .avor, 2o,mia! NOMIA - )orno a repetir, (enteado, &ue no necessito de advo*ado. 4%nsinua5 Aceito apenas em nome de min$a ami#ade por Paurita. PEN,EADO - 0ue &uer di#er! NOMIA 4Con.idencia5 - 3imo mostrou-me uma lista edi.icante. 4C$eia de ira5 2o precisa temer. Delatar + .alta de carter &ue no nos di# respeito, no + mesmo! 43ai5 G0ARDA 44endo 2o,mia5 - -i! 4oc, a"! Desocupa, pode sentar, dona. NOMIA 43u itamente cansada5 - ; ri*ada.

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'NO&MIA SENTA#SE E FICA ESTTICA COMO SE NO TOMASSE CONHECIMENTO DO QUE A RODEIA. POR SUA E"PRESSO CANSADA E OLHAR DESORIENTADO, COMEAMOS A COMPREENDER O ESFORO QUE FAZ PARA NO DEMONSTRAR O QUE REALMENTE EST SOFRENDO. DE VEZ EM QUANDO E"AMINA O LUSTRE, PERDENDO#SE EM SEUS PENSAMENTOS. TEM#SE A IMPRESSO DE QUE ELA ASSISTE A UMA CENA INVIS0VEL, OLHANDO PARA OS PRESENTES COMO SE EN"ERGASSE OUTRAS PESSOAS. MARTA, PENALIZADA, NO SA E COMO ENTRAR EM CONTATO COM NO&MIA.+ SALA DE H!LIO PEN,EADO - Con$e'o todas as dele*acias, mas no me lem ro do sen$or. H!LIO - 4im do inteiro. PEN,EADO - (osso sa er de onde! H!LIO - Ja orandi. PEN,EADO - / &uanto tempo est no contra ando! H!LIO - 0uatro meses, &uin#e dias e al*umas $oras. 3e aca ou o interro*atrio, vamos ao &ue interessa. PEN,EADO - ; sen$or me parece ar itrrio. H!LIO - ; &ue sou no interessa. 0ue deseja! PEN,EADO - Decerto + por isso &ue comete erros to elementares. Ainda est em tempo de se corri*ir, se deseja .a#er carreira. H!LIO - 3e veio a&ui para isto, pode se retirar. ; consel$o est dado. PEN,EADO - -le + um pouco mais lon*o. H!LIO - (ara mim, asta. PEN,EADO - 4ai ser processado por tr,s coisasA e1erc"cio ar itrrio do poder, viola'o de domic"lio e descuido no cumprimento do deverA no lavrou o auto de resist,ncia. H!LIO - - &uem vai me processar! PEN,EADO - -u. H!LIO - @epresentando os contra andistas! PEN,EADO - Dona 2o,mia apenas. H!LIO - 3e pensa &ue com amea'as vai tir-la da&ui, est muito en*anado. PEN,EADO - -stou interessado em processar o sen$or e tir-lo de seu car*o. H!LIO
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- : o &ue interessa! PEN,EADO - :. - para isto asta &ue a manten$a presa. 3e come'ar a prender pessoas inocentes s por&ue rece e tele.onemas, onde vamos parar! H!LIO - Como sa e &ue .oi um tele.onema &ue a denunciou! PEN,EADO - 3ei de outras coisas tam +m... &ue amea'am seriamente sua carreira. H!LIO - - pode se sa er &uais so! PEN,EADO - 2o creio &ue seja necessrio revelar, desde &ue concorde com min$a proposta. H!LIO - - &ual +! PEN,EADO - (e'a remo'o por motivo de sa8de R assim ser mais discreto R e rece er um c$e&ue de vinte mil cru#eiros. (ode di#er tam +m &ue no se adaptou < cidade *rande. H!LIO 4Furioso5 - 3e no estivesse se*uro de &ue esta mul$er pertence < or*ani#a'o, a*ora voc, teria me dado a certe#a. - voc, tam +m pertence... por isto est preso. PEN,EADO 4Frio5 - - a .il$a! )am +m vai para a cadeia! 3a er &ue a me .a# contra ando, tra al$ar no (alcio da Justi'a e ainda por cima namorar o dele*ado encarre*ado de represso ao contra ando... H!LIO - 0ue est di#endo! PEN,EADO - P est ela! Camila, .il$a de dona 2o,mia e sua namorada. H!LIO 4(arado no mesmo lu*ar, no conse*ue dis.ar'ar o c$o&ue rece ido. >ma e1presso de dor domina seu rosto5 PEN,EADO - 4oc, pensou o &u,! 0ue a capital era a cidade#in$a de onde veio! 0ue isto a&ui + uma selva onde se pode assassinar colonos inde.esos! H!LIO 43em .or'a5 - 0ue mataram crian'as. PEN,EADO - Crian'as endemoniadas, no +! 3upersti'o, messianismo. A sociolo*ia e1plica muito em, no sa ia! 5anten$o a proposta dos vinte mil cru#eiros, nem precisa sair de seu car*o. Basta soltar dona 2o,mia e aceitar certas su*est=es de ve# em &uando. A vida no + to simples como pensa, meu rapa#. 2em voc, est < altura para modi.ic-la. H!LIO - -la sa e de tudo isto! PEN,EADO - Camila! 2o sei. 2em importa. H!LIO 4Custando a se conter5 - -stou per*untando se ela est envolvida tam +m! PEN,EADO - : a me dela, no +! Depois, &ue importFncia tem! 4oc, no tem sa"da. Dona 2o,mia no pertence a nen$uma or*ani#a'o, em ora .a'a contra ando, ino.ensivo mas .a#. Aconsel$o a solt-la, mediante certas condi'=es, + claro, por&ue seno ser acusado de prevaricador. ;u pre.ere
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prender a me da namorada , por desli#e inocente! Antes &ue me es&ue'aA temos .oto*ra.ias suas com Camila. 3o .oto*ra.ias inocentes, mas astante si*ni.icativas. 4Coloca o carto em cima da mesa5 A&ui est meu tele.one. A*uardo sua c$amada. H!LIO - J disse &ue est presoA tentativa de su orno. PEN,EADO - Com &ue provas! H!LIO - 0uando .or preciso, apresento as provas. 4A re a porta5 7uarda! (renda esse $omem! G0ARDA 4/esita, temeroso5 H!LIO - 4amos. 0ue est esperando! G0ARDA - : &ue... H!LIO 47rita possesso5 - (renda, estou mandando! 43u itamente en.urecido a*arra (enteado pelo colarin$o e empurra-o em dire'o da porta5 Peve para a priso. PEN,EADO - 4oc, vai pa*ar caro por isto. 43ai5 H!LIO - 4eremos. 4Bate a porta5 3ociolo*ia! HALL PEN,EADO 4-screve em um papel e entre*a ao *uarda5 - C$ame este n8mero e avise. Depressa! Di*a para tele.onar < .il$a. -ntendeu! G0ARDA 4Pevando (enteado5 - -ntendi. 43aem5 MAR,A 4Compreensiva5 - (or &ue no conversa com a *ente! Ajuda a passar o tempo. NOMIA 4Distante5 - Como sa e! MAR,A - -stou acostumada. NOMIA 4Fec$ando-se5 - 2o &uero. SALA DE H!LIO: 'HLIO, CONFUSO, ENCOSTA#SE $ MESA, NO CONSEGUINDO DISFARAR SUA MGOA+ GARCIA 4-ntrando5 - 0ue .oi /+lio! A&uele no + o dr. (enteado! 4oc, o prendeu! H!LIO - )entou me su ornar. GARCIA - Cuidado com suas a'=es, /+lio! (enteado + *ra8do. )em prova do su orno! H!LIO 4Pem rando-se, a re a *aveta e desli*a o *ravador5 - 2ossa conversa .oi *ravada. ;.ereceu-me vinte mil cru#eiros. GARCIA - %sto si*ni.ica &ue deu no nin$o. H!LIO - Ainda no sei.
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GARCIA - 2o sa e por &u,! H!LIO - Ac$o &ue voc, tin$a ra#o. -st vendo a&uela mo'a! A&uela sentada em em .rente < janela! GARCIA - A &ue se levantou e saiu! H!LIO - :. GARCIA - Bem apan$ada. 3im, sen$or! Com ponto de tocaia dentro da dele*acia. - lo*o uma &ue tra al$a no (alcio da vendada. H!LIO - : .il$a desta mul$er. GARCIA - Da andorin$a! H!LIO - (ossuem .oto*ra.ias min$as com ela. GARCIA - 0ue esp+cie de .oto*ra.ias! H!LIO - 2amoro, apenas. 2s "amos nos casar. GARCIA - 5ajura no tem mesmo conserto. %a casar e no assuntou &uem era a so*ra! ;nde morava! 0ue santa inoc,ncia! H!LIO - 0uando vim para c, ela j estava viajando. 0uando eu per*untava...di#ia &ue a me no podia viver a&ui. 2unca me permitiu &ue a levasse em casa. GARCIA - Como conse*uiu a .ic$a da mul$er! H!LIO - )ele.onaram, denunciando. GARCIA - - voc, caiu! As .or'as ocultas conse*uiram, no +! H!LIO - 5as, ela .a# contra ando, 7arcia! GARCIA - Como todo rasileiro .a#A um presentin$o pra um, uma lem rancin$a pra outro, e a satis.a'o de passar a perna no *overno. A jo*ada era outra, 5ajura. Bem tramado, $ein! 3e prender, .oi ar itrrio, + re ai1ado e ainda parte a pe&uena. 3e soltar e no .i#er o jo*o deles, + prevaricador por causa da pe&uena tam +m. 2o disse &ue + .o*o &uando jo*am mul$er na parada! H!LIO - 3imo vai con.essar. GARCIA - - se no con.essa! H!LIO - 5eto-o na *ua *elada at+ a rir o ico. GARCIA - - assim vai se enterrando de erro em erro. 2o v, &ue as duas so inocentes! Foram apenas usadas para atin*irem voc,. (e'a desculpas e solte-a. ainda est em tempo. H!LIO
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- 2o posso. GARCIA - 2o pode por &u,! H!LIO - -m nome de tudo &ue acredito. - eu acredito em justi'a. GARCIA 47rita5 - 0ue adianta acreditar, se no pode praticar! H!LIO 4-1altado5 - (osso. : o &ue vou provar a voc,. - a esses contra andistas. MAR,A 4Conversando com 3$irleV, solta uma *ar*al$ada &ue ressoa em todo o cenrio5 GARCIA - 3a e &ue pessoas como voc, so incEmodas! 4eja o seu caso. ; contra ando &ue descia a&ui .oi desviado pra outras cidades, tal o cinturo de .erro &ue criou. %sto valori#ou os servi'os al.ande*rios de outros -stados. (ensa &ue *ostam disso! H!LIO - -stou a&ui para .a#er cumprir a lei. - vou .a#er. GARCIA - ;l$e! Con$eci um alemo &ue .oi em ora para Aleman$a, por&ue no conse*uia nos entender. )r,s meses depois estava de volta e muito .eli#. 3a e o &ue disse! O-ste a*un'a mesmo &ue + om. -ste a*un'a &ue + om!Q 4oc,, so#in$o, no pode .a#er nada. : se*uir a a*un'a, se &uer so reviver. -st me ouvindo! H!LIO 4Distante5 - -stou. GARCIA - 4oc, *osta da pe&uena, no +! -st na cara. (ois mande tudo < merda e .i&ue com ela. H!LIO 4Bate o pun$o na mesa5 - Cam ada de .il$os da puta! 3e pe*o um... GARCIA - Calma! 3eno entra mesmo pela tu ula'o. 4ou ver onde param as coisasU se o c$e.o j no come'ou a enc$er a caneta com "lis. 'GARCIA SAI E PRA AO VER MARTA. A FUNCIONRIA, TIPO CLSSICO DE PROTEGIDA, DESCE A ESCADA, RETOCANDO A MAQUILAGEM.+ HALL GARCIA - 0ue est .a#endo a&ui! MAR,A - -sperando. GARCIA - -sperando o &u,! MAR,A - 5eu .il$o. GARCIA - 4ai pra casa! -le s sai aman$. MAR,A - 0uero .icar perto dele. GARCIA - 4ai ter de esperar a noite inteira. MAR,A - -u espero. -le sair da&ui junto comi*o. GARCIA - A&ui dentro + mel$or para ele do &ue l .ora . . . .a#endo o &ue no deve.
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MAR,A - -u sei. >m dia na cadeia no mata nin*u+m. 4Concentrada5 5as &ue seja por al*uma coisa &ue mere'a. 5eu marido j passou muitos e no $ $omem mel$or no mundo. GARCIA 44endo a Funcionria5 - -steve preso nesta dele*acia! MAR,A - 2o 4-ni*mtica5 7ra'as a Deus os camin$os dele no passam por a&ui. GARCIA 4incomodado coma e1presso de 5arta5 - Como vai, Clepatra! 3empre *ostosona! 10NCION2RIA - 7ra'as a Deus. GARCIA - - o c$e.e l em cima! 10NCION2RIA - -st de amar*ar! 2o ac$a &ue o /+lio est criando pro lema demais! GARCIA - 5ajura + assim mesmo. 10NCION2RIA - )iveram uma discusso da&uelas. )am +m! 2este mar de ci*arros americanos, u"s&ues, escFndalos de ca.+ no (ara*uai, avi=es &ue caem misteriosamente na selva, espal$ando ril$antes pra todo lado, .oi lo*o prender *r-.ina &ue *osta de viajar. 3e no me en*ano, + at+ parente do *overnador. GARCIA 4(reocupado5 - 0uem disse! 10NCION2RIA - Dois *ra8dos &ue estiveram a&ui. J pensou! ; 3ecretrio vai .icar co ra em cima do c$e.o. ; c$e.o vai descontar em &uem! -m ns, + claro. GARCIA - Apareceu muito al"vio importante! 10NCION2RIA - (or en&uanto, dois. 5as, dois da&ueles! 2o suporto crente. ; &ue + &ue ele pensa! 0ue vivemos em Ja orandi! -stou cansada de atender tele.one. Dr. 5urilo est .era! - &uem a*Centa sou eu. - justo $oje &ue ten$o ca eleireiro. GARCIA - (ra &u,! 4oc, + acanuda de &ual&uer jeito. 10NCION2RIA 4Faceira5 - )odo mundo devia ser como o sen$or. GARCIA 4Wntimo5 - 4eludo! J disse pra lar*ar mo do Osen$orQ! 10NCION2RIA 4@i5 - /iii! Dr. 7arcia. -u sou noiva, ouviu! GARCIA - - ele + om de sa8de! 10NCION2RIA - : em servido, no se preocupe. GARCIA - -nto, + como eu. 4amos tomar um ca.e#in$o. Conta como esto as coisas. 10NCION2RIA 43aindo com 7arcia5 - (arece &ue o c$e.e vai tomar conta do caso. 4%rritada5 5ais servi'o pra mim. GARCIA
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- ;u pra mim. 43aem5 INDIGEN,E ; - 0ueria ir para (ernam uco. G0ARDA - 2o damos pra outro -stado. INDIGEN,E ; - 5as , (ernam uco + &ue + meu -sto, moc. G0ARDA - 2o posso .a#er nada. ;utro! INDIGEN,E < - Ac$o &ue vou pra Dracena. G0ARDA - Ac$a ou vai! INDIGEN,E < - 4ou pra Dracena mesmo. INDIGEN,E ; - 5o'o! 5e d pra (ernam uco! G0ARDA - Desocupa. 0ue .oi! INDIGEN,E < - 2o &uero ir pra Dracena, no. (on$a a" ;riente. G0ARDA - ;u vai pra Dracena ou ;riente. INDIGEN,E < - P em ;riente no tem >sina dando tra al$o! G0ARDA - A&ui no + a*encia da 3ecretaria do )ra al$o. Dracena ou ;riente! INDIGEN,E < - 4ai Dracena mesmo. SOLDADO - -ste *ajo no d conta de viajar. ;l$a o estado dele! G0ARDA - %sto + com ele. INDIGEN,E < - -u vou tra al$ar. G0ARDA - )ra al$ar! 4ai + andar < toa pelas estradas. INDIGEN,E ; - 5o'o! 5e d pra (ernam uco, v. NOMIA 4%ncomodada5 - (or &ue no d o passe a ele! G0ARDA - 3 damos para o nosso -stado, sen$ora. NOMIA - >m! 0ue importFncia tem! G0ARDA - >m! A sen$ora + &ue no sa e. 3e .ossemos dar passes pra todos, as estradas de .erro do pa"s &ue rariam. NOMIA - )antos assim! 4;l$a < sua volta, pela primeira ve#5 Como se c$ama!
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SHIRLE/ - 3$irleV. NOMIA - (or &ue est a&ui! (arece to jovem! SHIRLE/ - 5eu noivo deu o perandelo e eu ca" na vida. G0ARDA 4(reocupado5 - Cala a oca! SHIRLE/ 4Ao 7uarda5 - 3ai pra l 4A 2o,mia5 0uando a .alta do poror aperta, o jeito &ue se tem + usar o material. -stava usando a Operse*uidaQ de ai1o de um viaduto. NOMIA - >sando o &u,!! G0ARDA 4%nter.ere &uando 3$irleV vai responder5 - 3e responder voc, apan$a. SHIRLE/ - - voc,! : al*uma comadre! NOMIA -u no sou nin*u+m. SHIRLE/ - Daria uma oa dona de penso. -ssas polaca &ue andam por a", d vontade de mete a lan'a e autopsiar as ruta. MENDIGO - (reciso de rem+dio. G0ARDA - Farmcia. 3u solo < es&uerda. Foram presos! MENDIGA 4-scandali#ada5 - 0ue + isso, seu *uarda! A *ente no .e# nada. 2s somos *ente direita. G0ARDA - -nto, no + a&ui. 3ecretaria da 3a8de. INDIGEN,E ; - 5o'o! G0ARDA - 3ai da&ui! 3e no vai pra *eladeira, j. INDIGEN,E ; 43aindo5 - (recisar + a prior via*em. NOMIA 4; servando 5arta5 - A&ui + sempre assim! MAR,A - Como em todas as dele*acias. NOMIA - 2unca pensei! MAR,A - 0uando come'ar aparecer os O arri*a va#iaQ, isto vai .erver. 4-1plica5 Barri*a va#ia + a turma &ue apronta rolo pra vir comer na cadeia. Dormem em t8mulos!! MAR,A - Antes l do &ue de ai1o de ponte. NOMIA - 2o temem os mortos!!
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MAR,A - 0ue + &ue morto pode .a#er! 4Camila entra a.lita5 Devem .icar satis.eitos, em ajudar os vivos &ue precisam. NOMIA - Coitados! 2o $ institui'=es &ue cuidem deles! MAR,A - /, mas no do conta. CAMILA - 5ame! NOMIA 4%rrita-se ao ver Camila5 - Como sou e &ue eu estava a&ui! CAMILA - Paurita aca ou de tele.onar. NOMIA - 3 podia ser ela! CAMILA 4/umil$ada5 - Como aconteceu, mame! NOMIA - Den8ncia. 2o + simplesmente rid"culo! CAMILA - A riram in&u+rito! NOMIA 4A.asta-se de 5arta5 - Como vou sa er! 0ue ten$o com tudo isto! CAMILA - Como Paurita sou e! NOMIA - : $istria &ue ainda precisa ser esclarecida. (enteado apareceu a&ui com dedica'o verdadeiramente comovente, mas suspeita. Foi preso tam +m. CAMILA - 5as, por &u,! NOMIA - 2o sei. 2em &uero .alar so re isto. 4;l$a < sua volta, dominando-se5 Di*a, min$a .il$a, no + lindo! Art nouveau do mais re&uintado. 4eja o lustre! 7al+ le*"timo. @eparou na escada! 5ais *raciosa no podia ser. ; .orro + maravil$oso! CAMILA 4AtEnita5 - -stamos na cadeia, mame! NOMIA 4)rans.i*urando-se 5 - : o palacete do senador Ja*uari e, Camila. 0uando entrei a&ui, c$e*uei a ver os movimentos de Catarina no dia de... CAMILA 4Corta, spera5 - A sen$ora no perce e em &ue situa'o est! NOMIA - Foi um .eli# encontro. (ensei &ue no e1istisse mais! CAMILA - 5ame! 4amos aca ar com... 4(ra ao ver /+lio entrando5 'HLIO E CAMILA SE OLHAM, CRESCENDO A SUSPEITA DE QUE UM FOI USADO PELO OUTRO. HLIO DOMINA#SE E SE DIRIGE PARA ESCADA, TENTANDO IGNORAR CAMILA.+ CAMILA - /+lio!
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H!LIO 42o se cont+m5 - Foram eles &ue mandaram voc,! CAMILA - -les, &uem! H!LIO - 4oc, sa e. CAMILA - 3ei o &u,! NOMIA - -sse rapa# ac$a &ue perten'o a uma or*ani#a'o &ue usa sen$oras da mel$or sociedade para tra#erem contra ando. Com certe#a pensa &ue voc, .a# parte. H!LIO - - no .a#! CAMILA - 0ue + &ue voc, ac$a! (ior .oi o &ue .e#, usando-me. H!LIO - 4oc, pensa &ue eu...! CAMILA - - no usou! H!LIO - Claro &ue no. CAMILA - 2em eu... sou o &ue pensa! A sen$ora c$amou al*u+m! NOMIA - 2em me ocorreu. 2o ten$o do &ue me de.ender. 43u itamente5 2o .oi o sen$or &uem a.irmou &ue os sentimentos nada t,m &ue ver com o dever! 4amos ver at+ &ue ponto + *ente para o car*o &ue ocupa. H!LIO - 0ue &uer di#er! NOMIA - 0ue no + di.erente dos outros, tem seu pre'o tam +m. ; sen$or .alou em .or'a para romper la'os, citou leis da moral e mandamentos &ue lem ram o anti*o testamento. : .cil ser um amontoado de cdi*os. Basta decor-los. CAMILA 4Lspera5 - 5ame! NOMIA - -n&uanto eu estava s, isto me divertia. Com voc, a&ui, tudo mudou. H!LIO - A sen$ora no perce e &ue in.rin*iu a lei, e &ue por isto est presa! NOMIA 4Com certa viol,ncia5 - 2o trans*redi a lei e vou sair. - para isto no preciso .a#er nada. At+ a*ora estava presa, mas de recorda'=es &ue esta casa .e# rotar. @ecorda'=es de um mundo &ue no + o sen$or &uem vai desacreditar. ; sen$or usou e a usou de sua autoridade#in$a, provando &ue no con$ece realmente a sociedade em &ue vive. 2em tem consci,ncia de como ela sa e casti*ar os insolentes. CAMILA 4@etesada5 - 0ue vai .a#er, mame! NOMIA 4indi*nada5 - A*ora, eu vou c$amar AP7>:5! CAMILA - 5ame! 2o .a'a isto! NOMIA
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- 7uarda! ;nde $ um tele.one! CAMILA 4Corta o movimento de 2o,mia5 - A &uem a sen$ora vai c$amar! NOMIA - ; *overnador. H!LIO - C$ame &uem a sen$ora &uiser. 0uem d ordens a&ui sou eu. NOMIA - 3er demitido! H!LIO - (or en&uanto no .ui, e a sen$ora est presa. NOMIA - 3er processado e preso! H!LIO - 4eremos! NOMIA - ;nde $ um tele.one! G0ARDA 43atis.eito, vin*ando5 - 2a&uela sala. CAMILA - A sen$ora no tem direito! NOMIA - -sse mo'o precisa responder pelo &ue .e#. CAMILA - - a sen$ora! 2o responde! NOMIA 4Andando para a sala5 - 2o ten$o de &u,. CAMILA - A sen$ora + culpada! NOMIA 44olta-se5 - 0ue .oi &ue disse! CAMILA - 0ue a sen$ora .a# contra ando. 3empre .e#! NOMIA - Camila! 42o,mia cam aleia e + amparada por 5arta &ue s estava esperando a oportunidade5 CAMILA 4Amar*urada5 - : verdade!... e este contra ando de per.umes, sapatos, roupas... no + o pior &ue a sen$ora .a#! 'AT1NITA, NO&MIA SENTA#SE AJUDADA POR MARTA.+ ,ERCEIRO A,O CENRIO: O MESMO DO ANTERIOR. POCA: ENTRE /2 E 34 HORAS DO MESMO DIA. CENA: AO A RIR#SE O PANO, A ILUMINAO DAS ARANDELAS D AO CENRIO CERTA ATMOSFERA IRREAL. NA SALA#PLANTO, O MALANDRO 3 EST SENTADO NO ANCO, VIGIADO PELO SOLDADO. NO MESA DO FUNDO DO HALL, O GUARDA / L&, FASCINADO, UMA REVISTA DE QUADRINHOS. HLIO, PARADO DIANTE DA JANELA OLHA FI"AMENTE PARA FORA. DE REPENTE, DURANTE A PRIMEIRA CENA, HLIO TOMA RESOLUO DEFINITIVA , COMEANDO A ARRUMAR SEU
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PAPIS. ESTO SENTADAS NO HALL SOMENTE NO&MIA E MARTA. ALGUMA COISA QUE ROU#SE EM NO&MIA, ENVELHECENDO#A, AUMENTANDO SUA ANSIEDADE E LEVANDO#A A E"AMINAR MAIS VEZES O LUSTRE, A ESCADA, A ESTTUA, O FORRO E AS PAREDES DO HALL. NOMIA - 4oc, no se es&uece! MAR,A - 2o. NOMIA - Como + mesmo seu nome! MAR,A - 5arta. NOMIA - (on$a na panela um copo dT*ua, uma col$e de mantei*a... MAR,A - 5antei*a! NOMIA - >ma col$er apenas, uma col$erin$a de a'8car e uma pitada de sal. 0uando a *ua a rir em .lor, junte... MAR,A - A rir o &u,! NOMIA - 0uando .erver. A *ua a rindo em .lor, junte uma 1"cara e meia de .arin$a de tri*o, me1a rapidamente com col$er de pau R s pode ser de pau R at+ co#in$ar em a massa, .icando um an*u. Dei1e es.riar e amasse com ovos, .ritando em *ordura em &uente. : simplesin$o e timo para o ca.+ da man$. MAR,A - ;s ovos esto to caros! NOMIA - 4o &uatro ou cinco apenas. 5ame .a#ia muito, nos dias em &ue aman$ecia em seu esp"rito prosaico de me de .am"lia. 43orriso .u*idio5 - $aver coisa mais delicada, mais *ostosin$a do &ue uma roa &ue se c$ama son$o! (ode-se comer com calda de a'8car, mel simplesmente ou ainda com a'8car e canela. 3eus .il$os vo adorar! 0uantos voc, tem! MAR,A - Cinco pe&uenos, uma maior#in$a e o mais vel$o &ue est a&ui. )em s de#essete anos! NOMIA - )o jovem! Com certe#a vai se emendar. MAR,A - 3e no tomar ju"#o, vai se ver comi*o. NOMIA - 4oc, disse sete .il$os! MAR,A - Disse. NOMIA - (or &ue tantos! MAR,A - 4ieram. NOMIA - (or &ue no amarrou as trompas! MAR,A
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- 0ue + isto! NOMIA - >ma das maneiras de se evitar .il$os. MAR,A - 2o + pecado! NOMIA - 2o c$e*a a ser nem opera'o. MAR,A - )ive muitos por&ue meu marido vai precisar. NOMIA - -le *osta muito de crian'as! MAR,A - Po*o estaro *randes, podem ajudar. -n&uanto Deus d sa8de, tudo vai em. Fil$o + a ri&ue#a &ue a *ente tem. A 8nica *arantia. : por isto &ue estou esperando o &ue est a&uiA vou ensinar a ele. NOMIA - -u s tive uma .il$a. -ra um anjo para mim. 5as, $oje... MAR,A - 0ue .oi! NOMIA 4Domina-se5 - 2ada. 5ame teve dois .il$osA eu e um .il$o... &ue .oi o 8ltimo $omem .ino so re a terra. -studou em 5anc$ester, .oi cole*a de pr"ncipes. Formou-se en*en$eiro eletricista, veio para c e a riu casa de eletricidade. 4-voca'o carin$osa5 4ivia .a#endo li*a'=es el+tricas .antsticas em toda parte, at+ na lua... menos a&ui. 0ue rou e no conse*uiu viver mais. 5atou-se. MAR,A - Coitada de sua me. NOMIA - 5as, en&uanto viveu, viveu como pr"ncipe. - + o &ue ele era. (elo menos .oi educado como tal. (arecia-se muito com meu marido. MAR,A - A sen$ora + vi8va! NOMIA - %rremedivel! Ale1andre, meu marido, era idealista. 5orreu em 62, nos primeiros com ates do )8nel. MAR,A - 0ue com ates! NOMIA - Da revolu'o de 62! MAR,A 4Desencantada5 - A$! e ele est no cemit+rio da Consola'o! NOMIA - Como sa e! MAR,A 4-ni*mtica5 - -u sei. NOMIA - >m t8mulo lindo!... um .u#il e um capacete de.endendo a andeira paulista! MAR,A - : *rande! ; t8mulo! NOMIA - 2aturalmente. (ertence < .am"lia.
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MAR,A 43orri5 - Ainda em. NOMIA - - voc,! : vi8va tam +m! MAR,A - 2o sen$ora. 7ra'as a Deus. NOMIA - -le no sa e &ue est a&ui! (or &ue no avisa! MAR,A - 5eu marido + .errovirio. NOMIA 4Anima-se5 - -st viajando! Deve ser $omem .eli#. 3empre lu*ares novos, paisa*ens di.erentes. MAR,A - -le est preso. NOMIA - A&ui, tam +m! MAR,A 4Com despre#o5 - 2o + para dele*acias como esta, &ue vo $omens como meu marido. NOMIA - 0ue .oi &ue ele .e#! MAR,A - )omou parte num pi&uete, ri*ou e .oi preso. Aconteceu isto a vida inteira. Com ele, o pai, o avE... e por a" a.ora! NOMIA - (i&uete! MAR,A - (i&uete de *reve. NOMIA - 0ue + e1atamente um pi&uete! MAR,A 4(assada5 - A sen$ora no sa e! NOMIA - 2o. MAR,A - >m *rupo de operrios .ica na porta das . ricas para evitar &ue os compan$eiros entrem no tra al$o, .urando a *reve. NOMIA - 3o $orrorosas essas *reves. (or &ue no se entendem como pessoas civili#adas, no + mesmo! Descontrola tudo. Ainda recentemente &uando .ui con$ecer duas pe&uenas cidades da costa .rancesa, tive de esperar cinco $oras numa esta'o de estrada de .erro. -ra desolador todos a&ueles trens parados. MAR,A 4Anima-se5 - )am +m l estavam em *reve! NOMIA - -m toda parte. 2o sei o &ue deu nos $omens. MAR,A - A *ente *an$a pouco, e a vida + cara. )en$o de lavar roupa por dia, pra ajudar meu marido. /omem om! 3 e1i*e len'is limpos e po na mesa. 2ada mais! )am +m!... nin*u+m tem len'is mais rancos do &ue os meus. 2em po mais crescido. NOMIA
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- : lavadeira! -nto, deve ter astante servi'o. MAR,A - )en$o. NOMIA - 0uase no e1istem mais lavadeiras. MAR,A - Dei1o meus .il$os em casa e s volto < noite. NOMIA 4Delicada5 - : a av &uem toma conta, no +! MAR,A - 2o sen$ora. Ficam so#in$os. NOMIA - 3o#in$as! 3eis crian'as! MAR,A - A vi#in$a ol$a de ve# em &uando. NOMIA - 5as, + peri*osos. (odem se mac$ucar. MAR,A - Deus prote*e. NOMIA - Anti*amente, no se viam essas coisas. MAR,A - (ra mim, .oi sempre assim. NOMIA 43orriso .u*idio5 - )udo era mais *entil. MAR,A - Comecei a tomar conta da co#in$a com on#e anos. NOMIA - ;n#e anos!! MAR,A - 5in$a me morreu de parto. Criei meu irmo desde &ue nasceu. : um .il$o tam +m. NOMIA 4(erdida5 - Com on#e anos.. eu corria pelo par&ue 5onceau! MAR,A 4)erna5 - 2o .i# outra coisa at+ a*ora, seno criar. Co#in$ei com .il$o pendurado nos peitosU lavei roupa com .il$o pendurado nos peitosU rece i marido com .il$o a*arrado nos peitos. NOMIA 4(assada5 - 2a .rente deles! MAR,A - Aprendem como +, desde pe&uenos. >ma mul$er + levada pra cama, a re as pernas, um $omem entra e eles saem. : sempre assim, no +! NOMIA 4Fu*indo5 - 2esta idade eu rincava nos C$amps -lVs+es... com um *rande arco colorido! MAR,A 4-vocando5 - - eu criava! (rimeiro, meus irmos. Depois, meus .il$os. 2a verdade... ten$o on#e .il$os. 5eu pai tam +m era .errovirio. 2asci no tra al$o e vivi no meio dele. Durante muito tempo, o apito dos trens era meu rel*io. 2o tive a som ra de uma rvoreA rincava de ai1o dos pontil$=es. 2os dias de c$uva, *ostava de ver o trem passar. -ncostava o rosto na vidra'a e tin$a a impresso de &ue se*uia junto. De repente... perce ia &ue as *otas &ue escorriam no eram da c$uvaA decima de meus ol$os. NOMIA
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- Pem ro-me muito pouco de meu pai. A mo pousada so re a mesa, se*urando o *uardanapo. >m eijo de oa noite, uma ar a macia e um colarin$o muito ranco! Contava estrias lindas so re caravelas de ouro, montan$as de esmeraldas &ue ril$avam como o sol. Di#ia com or*ul$oA descendemos de 7arcia (ais, o *rande .il$o de Ferno Dias! 43u itamente desorientada5 0ue .oi &ue aconteceu! (or &ue estamos a&ui! MAR,A - 5eu .il$o .oi preso. A sen$ora... ainda no compreendi! NOMIA - (or &ue ser &ue no acendem o lustre! -st escuro. 4;l$a < sua volta com e1presso ansiosa5 0uando acenderem o lustre, vai ver &ue ele#a! MAR,A 4(assa a mo nos ca elos de 2o,mia, protetora5 - (or &ue no vai pra casa! NOMIA - 2o sei. MAR,A - A&ui no + lu*ar para a sen$ora. )em ca elos to onitos! 2o sa ia &ue e1istiam ca elos a#uis! NOMIA - 3o pintados! MAR,A - >ma roupa to macia! NOMIA 4;l$a o tailleur5 - : Panvin. MAR,A - : muito caro! NOMIA - 2unca distin*ui em o &ue + caro. MAR,A - Deve ser om! NOMIA - ; &u,! MAR,A - 2o sa er se uma coisa + caro ou no. 'GARCIA, COM E"PRESSO A ORRECIDA, APARECE VINDO DA RUA E ENTRA EM SUA SALA. NO&MIA ANDA PELO HALL, PERDENDO#SE EM SUA EVOCAO. MARTA TRA ALHA CERZINDO.+ SALA&PLAN,"O SOLDADO 4Ao malandro5 - Pevante-se. MALANDRO 7 4)enta pe*ar a mo de 7arcia5 - Boa noite, doutor. SOLDADO - A" na .rente e sem encostar na mesa. GARCIA - 2ome! MALANDRO 7 - 7eraldo 5ac$ado, um seu criado. GARCIA - ;nde tra al$a ! MALANDRO 7 - 2o ten$o empre*o .i1o. Descarre*o laranja, limpo porta de loja, carre*o cesta na .eira.
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GARCIA - Documentos! MALANDRO 7 - -st tudo em andamento, seu doutor. GARCIA - Carteira de tra al$o! MALANDRO 7 - 2o + &ue um macutena na penso me rou ou! A&uele e1comun*ado com partes de amor .raterno... GARCIA - 3ervi'o de identi.ica'o, uma noite no nin$o e se .or pe*o novamente, uma semana. MALANDRO 7 4)r*ico5 - 3eu doutor! 5as &ue + isto, seu doutor! 2o nodoa meus papel. 2unca passei numa dele*acia. (reciso tra al$ar aman$. A vida est um miser, des*ra'ado. ;i, seu doutor! D a mo, seu doutor. D a mo pra mim, seu doutor. (elo amor de Deus! 3 &uero a mo. J posso ir, seu doutor! -st vendo! %sto + sinal de ponta de .aca. SOLDADO - 4ira pra l. MALANDRO 7 - 3inal de .aca sim. A&uele careta pensou &ue meu em i*o era ain$a de .aca. 5iserou min$a encaderna'o. ;l$a o estado &ue .icou. 5eus ol$os no + oca de *arra.a, no, seu doutor. (osso ir em ora! -u pon$o meu sapatin$o de leve e vou saindo. Assim, seu doutor. GARCIA 43orri com carin$o5 SOLDADO - 4olta de leve, sem-ver*on$a MALANDRO 7 4)enta outra c$ave5 - 5eu pai &ueria matar min$a me. J nasci in.eli#. A&uele cara sempre &uis me .ornicar. SOLDADO - -st .alando demais. Fec$a o ico. MALANDRO 7 - (reciso pe*ar a anca e levar pra .eira. 4(=e as mos em s8plica5 4iu, seu doutor. -le &uis *uardar a .aca em mim. 5ande prender o puto! GARCIA - Peve para identi.ica'o. SOLDADO - 4amos, meu canarin$o. 4amos de leve tocar o pianin$o. MALANDRO 7 - -u sou um coitado, seu doutor GARCIA - Depois da identi.ica'o, tra*a a&ui. HALL: 'O MALANDRO E O SOLDADO SO EM A ESCADA, CRUZANDO COM CAMILA+ CAMILA - 3a e onde est o doutor 7arcia! SOLDADO - Aca ou de c$e*ar. -st na sala-planto. CAMILA - ; ri*ada. MALANDRO 7 - : OcomidaQ do c$e.e! SOLDADO 4-mpurra o 5alandro5
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- Fec$a o es*oto! MALANDRO 7 4-1presso malandra5 - 3 per*untei se era al*uma acana'a. 0ue &ue $, saman*o! SOLDADO - 3aman*o + a av. 43o em5 'CAMILA PRA E O SERVA NO&MIA QUE DESVIA O ROSTO, EVITANDO#A. CAMILA CAMINHA COM DECISO E ENTRA NA SALA#PLANTO+ SALA PLAN,"O CAMILA - Dr. 7arcia. GARCIA - Desculpe-me se a .i# esperar. )ive &ue recon$ecer a .irma de uma declara'o, importante para o /+lio. CAMILA - (or &ue no tomam meu depoimento! / duas $oras &ue espero. GARCIA - ; caso .oi encerrado. CAMILA - -ncerrado! - o sen$or vai permitir! GARCIA - 2o sou eu &uem decide. CAMILA - - &uem decide! GARCIA - 3eria mel$or di#er &ue nin*u+m decide. : a evolu'o natural de casos como este, &ue come'am como no deviam. CAMILA - -u .i# uma acusa'o e sei por &ue a .i#. 2o levantei cal8nia. GARCIA - 3ei disto. 5as, s amor < justi'a no asta. CAMILA - 3imo est preso. Fa'a-o con.essar. GARCIA - 3imo .oi solto. CAMILA - 3olto!! )odo mundo sa e &ue ele rece e e encamin$a o contra ando. GARCIA - )odo mundo sa e, , mas nin*u+m prova. CAMILA - 3imo mostrou a lista de pessoas li*adas < or*ani#a'o. Dona -lvira e dona %sm+ria so testemun$as. GARCIA - )estemun$as de &uem! 2o ac$a muito suspeito uma mul$er es&uecer a olsa no carro! (reenc$er o c$e&ue na rua e em na .rente de /+lio! )ele.onei a dona %sm+riaA Odesceu para o 7uarujQ, .oi a resposta. A outra, nin*u+m sa e onde est! ;s verdadeiros culpados nunca aparecem, pode crer. 4oc, se*ue rastos &ue se perdem em tapetes caros, &uando no desaparecem em palacetes de $omens p8 licos. : como se perse*u"ssemos .antasmas, &ue de uma $ora para outra se voltam contra ns. CAMILA 4A*itada5
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- Deve $aver um meio. (recisamos .a#er al*uma coisa. GARCIA - A&ui, &ual&uer erro + peri*oso. - /+lio cometeu muitos. CAMILA - -le prendeu pessoas culpadas. ;nde est o erro! GARCIA - -ntre muitos, em ter acreditado &ue a justi'a s tem uma verdade. : o &ue di*o sempreA no seja ladro de *alin$a. (ara estes + &ue no $ apela'o. CAMILA 4AtEnita5 - - o sen$or admite! GARCIA - Adianta investir contra moin$os de vento! CAMILA 4A*ressiva5 - :, pelo menos, uma atitude. GARCIA - 0ue no corri*e nada, nem sustenta meus .il$os. (ra &ue ser mais catlico do &ue o (apa! 2em ou o encarre*ado de represso ao contra ando. CAMILA - / um dele*ado para isto. (r &ue no o dei1am a*ir! GARCIA - ; dele*ado titular ac$ou mel$or avocar o caso. Fui apenas desi*nado para veri.icar se ca e processo por ar itrariedade e viola'o de domic"lio. -stou tentando ajudar o /+lio da mel$or maneira. CAMILA - (elo visto, a*ora + ele o criminoso! GARCIA - : o &ue tento evitar. CAMILA - - eu no vou permitir. C$ame o (enteado. 4ou di#er &ue Paurita... GARCIA - (enteado .oi solto tam +m. CAMILA - 5as, ele tentou su ornar! A conversa .oi *ravada. GARCIA - A *rava'o s incriminaria (enteado, se incriminasse sua me. -sta .oi e1atamente a tramaA denunciar dona 2o,mia, &ue no dei1a de ser culpada, me da namorada do encarre*ado de contra ando e ainda por cima li*ada a tudo o &ue $ de mais tradicional e poderosos na cidade. 0uer cavalo mel$or preparado para derru ar um Ca1ias! Compreenda &ue no resta nada a .a#er. CAMILA 4Amar*a5 - Fi# uma acusa'o para &u,! GARCIA - 3erve para sua me en1er*ar o &ue .a#ia e ensinar muita coisa ao 5ajura. Bom $omem, viu! 4%nsinua5 A mul$er &ue se casa com ele, est em de vida. 4(e&uena pausa5 3 &ue vai cometer outro erroA volta para Ja orandi. CAMILA - 2estas condi'=es... para &ue continuar! GARCIA - -le no + o primeiro a cair do cavalo. 2em ser o 8ltimo. 3e pretende mesmo ancar o Don 0ui1ote, &ue an&ue a&ui, onde $ mais oportunidade para isto. 4ai l .a#er o &u,! Atirar em crente maluco! CAMILA 4Firmando-se5 - De &ual&uer maneira... continuar + se corromper.
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GARCIA 4(erce e &ue Camila e1amina-o5 - Bom. (ro lema dele 4Fo*e do assunto5 (ara sair, dona 2o,mia precisa assinar um terno de om viver. 4ou preparar. : uma declara'o simples, comprometendo-se a no reincidir. CAMILA - (ara &u,, se no $ crime! GARCIA - : de pra1e. Como no $ antecedentes, tudo .ica encerrado $oje mesmo. 5el$or para ela, e para /+lio. CAMILA - 5el$or ainda para os contraventores. GARCIA - )am +m. CAMILA - : uma autoridade, um compan$eiro seu &ue .oi desautorado, &ue est amea'ado. Como ainda conse*ue sorrir! GARCIA 4Amar*o5 - 2o entanto, consi*o. CAMILA - -nto, a verdade no representa nada! GARCIA 4%rritado5 - 0ual verdade! / tantas. -ntre muitas, uma verdade verdadeiraA todos ns tivemos uma 2o,mia em nosso camin$o. 4A re a porta e volta-se5 A consel$o &ue .a'a /+lio sorrir tam +m. ;u ento, &ue mude de camin$o. 43aem5 'GARCIA, A ORRECIDO, SE DIRIGE PARA A ESCADA, SU INDO#A. CAMILA O SERVA NO&MIA E MARTA QUE COCHILA APOIADA EM NO&MIA, COM A COSTURA CA0DA NO COLO. SU ITAMENTE, RESOLVENDO, CAMILA ENTRA NA SALA DE HLIO. POR UM MOMENTO OS DOIS SE OLHAM, ANSIOSOS. DOMINADO#SE, HLIO CONTINUA A ARRUMAO DOS PAPIS.+ SALA DE H!LIO CAMILA - : verdade &ue volta para o interior! H!LIO - 4ou pedir meu descomisionamento 4(ausa. Com -s.or'o5 -u no podia a*ir de outra maneira, Camila. CAMILA - -u sei. H!LIO - (or &ue no me contou o &ue se passava! (or mais &ue procure, no consi*o entender sua atitude. CAMILA - -sperei convenc,-la a no viajar mais. H!LIO - Devia ter me .alado. CAMILA - 5esmo assim, teria sido in8til. H!LIO - %n8til por &u,! -u tin$a direito de sa er. CAMILA - (or&ue se desistisse de viajar, no $averia mais o pro lema. 5as e se no desistisse, como no desistiu! 0ue poder"amos .a#er!
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H!LIO - 2o ter"amos sido usados por essa *ente. CAMILA - 3eriamos em outra ocasio. >m dia, teria &ue prend,-la... ou no poderia continuar como +. -u ia .alar com ela $oje < noite... e contar tudo a voc,. (edi &ue no vendesse nada! 4Amar*a5 5ame no sa e o &ue .a#! H!LIO 4(ausa. Contra.eito5 - ; ri*ado pela atitude &ue tomou. CAMILA - )am +m eu, no podia a*ir de outra maneira. H!LIO - 2o .ui ar itrrio. -spero &ue compreenda. ; &ue ela .a# + contra ando. CAMILA - -u sei. 4oc, luta contra um.. eu ten$o lutado contra outro. H!LIO - Ac$a &ue voltar a .a#er depois de tudo &ue aconteceu! CAMILA - 2o sei. / duas $oras &ue est sentada no $all... parando de .alar &uando me apro1imo. 4A*itada5 3e eu pudesse sa er o &ue pensa, o &ue pretende &uando sair da&ui. H!LIO - 3eja o &ue .or, impe'a &ue viaje. CAMILA - %mpedir como! H!LIO - 3e preciso, interditando-a. CAMILA - 2o ten$o direito de .a#er isto. H!LIO - ; &ue espera, ento! CAMILA - 0ue en1er*ue como tem vivido. 4;l$a < sua volta5 Al*uma coisa deve ter acontecido a&ui no passado, para lev-la a esta aliena'o! 4Ansiosa5 3e eu pudesse desco rir! H!LIO - -1aminou tudo e no perce eu o estado em &ue est. Fala como se no estivesse numa dele*acia! CAMILA 4-1amina a sala5 - Como .a#,-la ver o mundo &ue o mundo &ue procura no e1iste mais! : o &ue ten$o procurado desde &ue entrei a&ui. H!LIO - - ns, Camila! 4amos depender disto! CAMILA - Ac$a poss"vel al*uma coisa entre ns, se ele continuar como +! (oderia permanecer em seu car*o! H!LIO - 2s vamos para o interior. CAMILA - (ensa &ue min$a me iria conosco! -la no suporta viver nem a&ui. H!LIO - 3e .or, ela tem &ue ir. CAMILA

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- - mesmo &ue .osse, sei o &ue aconteceria. (er*untaria mil ve#es por dia so re a ascend,ncia de seu nome Camar*oU se + paulista ou mineiroU ac$aria $orr"vel todo mundoU s .alaria em tradi'o e *enealo*iaU aca aria o.endendo Deus e a cidade inteiraU in.ernaria sua vida, destruindo a min$a. ;r*ul$o de casta + o pior sentimento, capa# de &ual&uer impiedade. )en$o .eito o &ue + poss"vel, para &ue ela es&ue'a tudo isto. 5as o passado + um monstro! H!LIO - (reciso ir, Camila. 5as, no sem voc,. CAMILA 4@evoltada5 - 2o + o &ue pensa ser o contra ando de min$a me, &ue vai nos separar. : o outro &ue ela representa e &ue + muito pior. Acredita &ue ser"amos .eli#es! Ac$a mesmo &ue seria poss"vel! H!LIO - 3er se voc, &uiser. CAMILA - 5as, no depende de &uerer. : o mundo &ue est dentro de mim, &ue vem de min$a me. -st em tudo, nas pessoas e nas coisas. 2esta casa onde tra al$a. 2a&uela *ente &ue nos $umil$ou... nas leis &ue voc, respeita. H!LIO 4%rritando-se5 - 2o sinto este mundo em lu*ar al*um. CAMILA - (or &ue j .oi contaminado. : assim &ue ele + contra andeado! H!LIO - %sto + apenas uma casa vel$a, usada para dele*acia. 2ada mais. ; &ue vejo so paredes ras*adas e tetos c$eios de *oteiras. 4oc, v, di.erente, por&ue tra# esse mundo dentro de si. CAMILA - - no + o &ue estou .alando! H!LIO - -nto, li erte-se de uma ve#. CAMILA 4Desesperada5 - Como! : o &ue me per*unto desde &ue con$eci voc,. H!LIO 4Apai1onado5 - Camila! 4en$a comi*o. CAMILA - J prejudi&uei voc, demais. H!LIO - 2o .oi voc, &uem me impediu de a*ir. CAMILA 4Pi erta-se do a ra'o5 - 5as, .oi o mundo &ue represento. 4oc, no v,, no perce e &ue ser destru"do! 2o aceito mais esse mundo. - voc,! (ode continuar aceitando essa justi'a! Di*a! Casando comi*o, ser outro 7arcia. 3e no pode a*ir a&ui como deve, l ser a mesma coisa. H!LIO - 0ue est &uerendo me di#er! Di*a! CAMILA 4(ausa5 - Ac$o &ue s l$e resta sair da&ui. H!LIO - Dei1ar meu tra al$o!! CAMILA - 3e continuar, vai aca ar se acomodando. H!LIO - 4ou provar a voc, &ue... CAMILA 4Corta5
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Como! (rendendo *ente inde.esa e se curvando diante de criminosos &ue nunca passam por uma dele*acia! 2o v, &ue min$a me vai sair, &ue a&ui dentro no $ .or'a capa# de mante-la presa! 3a ia &ue soltaram 3imo e (enteado! H!LIO 4Deprimido5 - 3a ia. CAMILA - 2o $avia provas, no + verdade! 7rava'o de su orno pode ser contestada, por&ue, por si s, no constitui prova plena. 3eu respeito < lei + &ui1otesco, e min$a den8ncia, um ato inoportuno. 4A re a porta5 J viu a&uela mul$er sentada no $all! H!LIO - 2o + caso meu. CAMILA - 5as, di# respeito < sua justi'a. H!LIO - 2o sei o &ue $ contra ela. CAMILA - Adianta sa er! -stive uma $ora sentada no $all, vendo sua dele*acia por dentro. ;uvi a $istria delaA marido preso por&ue + *revista. - o .il$o... por&ue se de.ende de &ual&uer jeito, em um mundo &ue o a andonou. 4i prostitutas passarem diretamente para as celas, como se .osse $ ito. (resenciei o so.rimento de *ente inde.esa cujo 8nico crime + no con$ecer seus direitos. 5as, &uem .oi &ue ensinou, no + mesmo! 4i em como sua justi'a + .eita. Ac$a &ue vou acompan$-lo, para assistir <s mesmas cenas! 44olta-se para sair5 H!LIO 4A alado5 - Camila! CAMILA - /oje, .i&uei sa endo &ue no con$ece realmente a sociedade em &ue vive, no compreendeu ainda o mundo .eio &ue nos cerca. Como, ento, pode .a#er justi'a l ou a&ui! H!LIO - 3er &ue no compreende! 2o so decis=es min$as. ; caso .oi tirado de min$as mos. CAMILA - -nto, para &ue continuar! (ara ser desautorado novamente, ou prender va*a undos, prostitutas e malandros! Continua + aceitar as leis do mundo de min$a me. : este o pior contra ando. Diante dele, o &ue si*ni.icam per.umes, olsas e roupas! H!LIO 4Amar*o5 - 3e no acreditar no &ue .a'o, em &ue vou acreditar, Camila! CAMILA - -m voc, mesmo 45eio retesada5 3a e o &ue mais sua dele*acia me ensinou! 0ue em um pa"s como o nosso, um dele*ado devia estudar sociolo*ia... ou $istria. H!LIO 44olta-se, meio a*itado5 - 3ociolo*ia! MAR,A 4Acorda levando susto, e retoma seu tra al$o5 CAMILA 4Fira5 - : onde os crimes se esclarecem, revelando os verdadeiros criminosos. 0ue adianta con$ecer as leis, se no en1er*a os &ue vivem < sua volta! H!LIO 4;l$a 5arta no $all e se contrai5 CAMILA - 0ue .oi! H!LIO 4Deprimido5 - Pem rei-me... de meeiros crentes de min$a cidade. -sta mul$er parece a me de um deles. CAMILA
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- 0ue aconteceu! H!LIO - ; .il$o pensava &ue era Cristo. ;s soldados .icaram com medo... e atiraram. CAMILA - -st vendo! -m Ja orandi ou a&ui, + uma coisa sA voc,s no c$e*am para compreender, mas para casti*ar. H!LIO 4Consi*o mesmo5 - 3air para .a#er o &u,! CAMILA - Basta no aceitar... e sa er o &ue .a#er. Causas no .altam. 'CAMILA SAI, ENQUANTO GARCIA DESCE A ESCADA. HLIO FICA PARADO, PRESO EM SUA CONFUSO+ GARCIA - ;s pap+is esto prontos. 3ua me j pode assinar o termo de om viver. CAMILA - 5ame! 0uer vir comi*o! (recisamos assinar al*uns pap+is. Depois, podemos ir em ora. 'NO&MIA ACOMPANHA CAMILA, SEM OLH#LA. ENQUANTO SO EM A ESCADA, GARCIA ENTRA NA SALA DE HLIO. NO&MIA SO E A ESCADA COM GRANDE DIGNIDADE. DURANTE UM MOMENTO, GARCIA O SERVA HLIO AINDA PARADO E OLHANDO FI"AMENTE A PORTA.+ SALA DE H!LIO: GARCIA - 2o disse &ue + .o*o &uando jo*am mul$er na parada! - &ue mul$er esta Camila! 5ul$er assim no e1iste. 4oc, + $omem de sorte. -st *amada por voc,. 'HLIO TENTA DISFARAR SUA LUTA INTERIOR, RASGANDO PAPIS E GUARDANDO OUTROS. DE VEZ EM QUANDO PRA, E"AMINANDO O FORRO E AS PAREDES.+ GARCIA - (or uma mul$er dessas, eu virava en*alin$a ranca, ol$o de vidro e mandava <s .avas &ual&uer pan*ar+. 45uda a ttica5 ;ito $oras! C$e*a de escravido. 4amos jantar, pe*ar um cinemin$a e ver o mul$erio. )en$o endere'os especiais. Depois de um dia como este, c$e*ar em casa e ouvirA no tem carne, o Al erto no .oi ao *insio, o leite su iu, po misturado. )udo isto com pen$or e ca elo na cara. 2o. (ra mim, no! 2o &uer ir! 'REPARA A E"PRESSO ANGUSTIADA DE HLIO E"AMINANDO O FORRO. PROCURA DIZER QUALQUER COISA QUE ALIVIE A TENSO.+ GARCIA - -stou vendo &ue ainda no dei todos os consel$os. - valem para &ual&uer lu*arA a&ui ou Ja orandi. 3eu e1pediente + de oito $orasA no *aste do#e. 2em .a'a disto um dever. Durma duas $oras a mais, .i&ue sa oreando um om ci*arro aps o ca.+ e depois, s depois, tome a condu'o sem a.li'o R sito, inclusive, provoca en.arte. Fa'a matin, de ve# em &uando. 5ul$er na $ora do e1pediente retempera o corpo e d compreenso, tolerFncia. Fi&ue pouco a&ui. C$e*ue rpido como se viesse de tra al$o muito importanteA *rite ordens, como se no tivesse tempo a perderU movimente em o am iente. : o &ue a maioria .a#. 2o ol$e muito < sua volta. A.inal, o ol$o da *ente no + microscpio. Assim estar em com a consci,ncia, de acordo com a lei e sem nen$um inimi*o. 'NO&MIA, AINDA MAIS ANSIOSA DESCE A ESCADA E VAI O SERVAR MARTA, COMO SE TENTASSE COMPREENDER ALGUMA COISA. MARTA SORRI E CONTINUA O TRA ALHO. HLIO SENTA#SE, LENTAMENTE, DE RUADO A CA EA ENTRE OS RAOS. SUA E"PRESSO REVELA UM ENORME VAZIO. GARCIA CONTRAI O ROSTO, PENALIZADO.+ GARCIA

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- (ara &ue isto, rapa#! Ainda vai compreender &ue a *ente , al+m do c+re ro e das leis, tem ."*ado, cora'o, estEma*o... 4(e*a no se1o, no *esto c$ulo 5 e isto, &ue + muito importante! 2em sempre a mel$or justi'a vem dos cdi*os. 4em, muitas ve#es, de ."*ado sadio, &uando no vem de um noite passada com uma ela mul$er. ;l$a! J vi um jui# dar senten'a .avorvel e ril$ante s por&ue $avia na sala uma mul$er com el"ssimos joel$os! 'CAMILA, PREOCUPADA, DESCE A ESCADA PROCURANDO NO&MIA+ GARCIA - Cair do cavalo no + assim to importante, /+lio. 3e .a# &uesto, + s montar novamente. Ca" tantas ve#es e estou a&ui .irme. H!LIO 4Deprimido5 - Correu a not"cia... GARCIA - 0ue not"cia! H!LIO - ... &ue iam atacar a cidade... GARCIA - 0uem! H!LIO - ... iam por .o*o na i*reja. ; .a#endeiro mandou uscar a pol"cia. &uando c$e*uei no meio da mata R um lu*ar c$amado 4ista Ale*re! R eles atiam os ra'os, tentando voar para o c+u. Cantavam e arrancavam as roupas, desesperados. Foi &uando os soldados, apavorados, come'aram a atirar. 2o se de.enderam, no tin$am armas... no tin$am nada. Ficaram estendidos no meio da clareira, mortos e nus! GARCIA - Crente maluco a *ente... 'HLIO LEVANTA#SE E ANDA FIRME PARA A PORTA, A RINDO#A COM DECISO% PRA AO AVISTAR CAMILA.+ GARCIA - /+lio! 0ue vai .a#er...! HALL CAMILA - ;s pap+is .oram assinados. (odemos ir! GARCIA 4Amvel5 - : claro! -u mando levar as malas de sua me. NOMIA 4Cortante5 - )erminou essa coisa $orr"vel &ue .e#! ; 8nico nome &ue me ocorre + cal8nia. CAMILA - 2o vamos discutir a&ui, mame. 4en$a. NOMIA - 5ais do &ue cal8nia... por&ue + a primeira ve# &ue ocorre na $istria da .am"lia 4A 7arcia5 -la se con.unde com a prpria $istria da cidade. 3a ia! GARCIA 4;l$a /+lio5 - 2o. CAMILA 4@etesada5 - A sen$ora vai continuar, mame! NOMIA - 7osto das coisas elas e vou usc-las ode estiverem. 3e esto dentro de mim, tanto mel$or. 2ada ten$o com seu mundo .eio e va#io. CAMILA 4A*ressiva5 - Foi o &ue a sen$or ame deu. NOMIA 4perdendo-se5
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- As coisas acontecem e .icam para sempre... vivas, palpitantes, estuantes de vida! (ara mim, asta .ec$ar os ol$os... e Catarina desce a&uela escada... CAMILA 4Descontrola-se - : mentira! NOMIA - ... com vestido de mi'an*as... CAMILA - -sta casa + uma cadeia e a sen$ora est presa. : tam +m a primeira ve# &ue ocorre na $istria da .am"lia. NOMIA 44acila, meio desorientada5 - Apenas pa*ava a via*em... CAMILA - (ara ne*cio ou no, + e1pediente ver*on$osos. -1pediente &ue sua me nunca teria usado. )eria, mame! NOMIA - Como + poss"vel viver... sem...sem... CAMILA - ; mundo desta casa est morto. 2o temos mais importFncia. Compreenda isto de uma ve# para sempre. 4eja &uem desce a&uela escada! : um preso, no + Catarina. MALANDRO 7 4Descendo a escada5 - 3eu doutor! 4eja o &ue .i#eram nas min$as tra al$adeiras. 2os meus de# e 8nicos dedin$os. 0uase virei 3o Benedito. MAR,A 4@i, carin$osa5 GARCIA - 4eio resposta! SOLDADO - 7eraldo 5ac$ado, j premiado na I6? com seis anos. GARCIA - 5ande pra captura. MALANDRO 7 4Apavorado5 - 2o, seu doutor. GARCIA - 5entiroso. 2unca passou numa dele*acia, no +! MALANDRO 7 - -u no menti. 5entira + na rua pros otrio. 2a pol"cia a tente no mete. 2o me lem rei, seu doutor. -u estava s jo*ando a vermel$in$a, a rdio-patrul$a me viu e estou a&ui. ; ri*ado, seu doutor, posso sair! -u passo a noite a&ui mesmo. A captura, no. 4; 3oldado leva-o para o .undo5 -u sou um des*ra'ado. 5eu pai &ueria matar min$a me. 44endo &ue no adianta, muda de atitude5 ; dia &ue eu sair da I6? eu pe*o a&uela c$a.ra e .a'o virar cru#! 'O MALANDRO SAI COM UM EMPURRO. AINDA OLHANDO A ESCADA, NO&MIA ERGUE A CA EA, FICANDO ESTTICA. DE REPENTE, VOLTA#SE: UMA EVOCAO DOLOROSA MARCA SEU ROSTO. OLHA $ SUA VOLTA, PROCURANDO FI"AR CADA COISA. CAMINHA PARA O CENTRO DO HALL, COM OS OLHOS FI"OS E MAREJADOS. MARTA O SERVA, PENALIZADA.+ CAMILA - 4en$a, mame. 4amos em ora. NOMIA 4(erdendo-se5 - Foi a&ui. Foi justo a&ui... &ue vi seu pai pela primeira ve# 4;l$a a escada5 -u estava dan'ando e ele sempre no mesmo lu*ar. Ali, perto da esttua. ;l$ava-me com serenidade to protetora. 0uando vi... dan'vamos juntos. )in$a aca ado de c$e*ar da -uropa. -ra o $omem mais atraente na inau*ura'o deste palacete. O4im para me casarQ- disse. - como coisa evidente,
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escol$eu-me entre tantas mo'as lindas. O(or &ue me escol$eu!Q R per*untei. O(or&ue juntos continuaremos uma $istria &ue est tra'ada nas ruas, nas pedra, em cada palmo desta cidade.Q O5eus antepassados a riram camin$os pelo Brasil.Q O;s meusQ R respondi R Oplantaram cidades < eira deles. Como mil$ares de escravos, cru#aram rios, serras e avistaram os AndesQ. O;s meus... enc$eram o -stado de planta'=es e er*ueram capelas pelos vales. Denominaram ruas, pra'as e rios.Q O;s meus... er*ueram palcios e li*aram as cidades. Foram donos do tra al$o e de uma vida *entil. -screveram uma $istria no re. 7overnaram. Fi#eram leis... .i#eram... 42o suportando mais, Camila acende o lustre *al+5 Fi#eram ... leis.Q 'DIVERSAS L*MPADAS ESTA QUEIMADAS E AS POUCAS ACESAS FORAM SOM RAS ESTANHAS NAS PAREDES. TEIAS DE ARANHA LIGAM OS RAOS DO LUSTRE E O P EM AA OS CRISTAL DAS MANGAS. A PTINA DO TEMPO E DA LUZ TRANSFORMA O CENRIO. NO&MIA RECUA ASSUSTADA, PERCE ENDO, HORRORIZADA, O ESTADO DO PALACETE. PELA PRIMEIRA VEZ, V& AS PAREDES DE PAPIER PEINT RASGADO E AS PORTAS E FORRO ESTRAGADOS. NO&MIA, ANSIOSA, ANDA PELO CENRIO COMO SE PROCURASSE ALGUMA COISA. DE REPENTE, REAPARECE SEU SORRISO FUGIDIO, FICANDO A OLHAR O LUSTRE COM E"PRESSO PERDIDA. CAMILA A RAA NO&MIA , PROTETORA.+ NOMIA 4(erdida5 - Ainda $ pouco... parecia ril$ar como mil$ares de estrelas! 42um murm8rio5 O4im para me casar...!Q 'SU ITAMENTE, CAMILA ROMPE EM CHORO DOLOROSO. OS SOLUOS AGITAM SEU CORPO E ELA A RAA AINDA MAIS NO&MIA. ESTA ACARICIA LEVEMENTE CAMILA, COMO SE FOSSE UMA CRIANA.+ NOMIA 4Delicada5 - 3$isssss! 0ue + isto! A&ui, seu pai me disseA se tiver uma .il$a, um dia, vai se c$amar Camila. 2ome de $ero"na de Corneille...d e princesa medieval! 'NO&MIA E CAMILA, CAMINHAM PARA O FUNDO E DESAPARECEM. HLIO OLHA A SALA COM E"PRESSO DE LI ERTAO, VOLTANDO#SE PARA SAIR.+ GARCIA - ;nde vai! H!LIO - Di*a ao dele*ado titular &ue sou demissionrio. GARCIA - 4olta para Ja orandi mesmo! H!LIO - 2o. 2o serei outro 7arcia. GARCIA - 0ue &uer di#er! H!LIO 43aindo com resolu'o5 - 4oc, sa e. Boa noite. GARCIA 4Amar*o5 - Boa noite. MAR,A 4Astuciosa5 - 0ue .oi &ue aconteceu, doutor! GARCIA - 2ada. MAR,A - -la estava contando uma estria to onita... e de repente .icou com medo do lustre. Desejou tanto &ue acendesse! G0ARDA - (ode apa*ar, doutor 7arcia! GARCIA 4ol$a o lustre, incomodado5
BH

MAR,A - Apa*ue! Fica parecendo t8mulo! 43orri, eni*mtica, ol$ando o *uarda5 (ara ns, assim + mel$or, no +! 4Firme5 5el$or para todos! 'GARCIA OLHA O LUSTRE. MARTA SENTADA NO MEIO DO HALL, AINDA SORRINDO, A (LTIMA VISO DO CENRIO.+

DJ