A Arte de Contar Histórias Na Educação Infantil 3
A Arte de Contar Histórias Na Educação Infantil 3
A Arte de Contar Histórias Na Educação Infantil 3
Autor (a): MARILENE ROMA SOUZA ARAUJO Orientador (a): Msc. JUAREZ MOREIRA DA SILVA JUNIOR
Braslia - DF
Artigo apresentado ao curso de Ps-Graduao em Especializao em Educao Infantil da Universidade Catlica de Braslia, como requisito parcial para obteno do Ttulo de Especialista em Educao Infantil. Orientador (a):MSc. JUAREZ MOREIRA DA SILVA JUNIOR
Braslia 2010
Artigo de autoria de .MARILENE ROMA SOUZA ARAUJO, intitulado A ARTE DE CONTAR HISTRIAS NA EDUCAO INFANTIL: QUAL O PAPEL DO PROFESSOR MEDIADOR? , apresentado como requisito parcial para obteno do grau de Especialista em Educao Infantil da Universidade Catlica de Braslia, em ...... /06/2010, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:
Prof.MSc. . Juarez Moreira da Silva Junior Prof. Orientador (a) Especializao em Educao Infantil UCB
Braslia 2010
A ARTE DE CONTAR HISTRIAS NA EDUCAO INFANTIL: QUAL O PAPEL DO PROFESSOR MEDIADOR? MARILENE ROMA SOUZA ARAUJO JUAREZ MOREIRA DA SILVA JUNIOR RESUMO Na Educao Infantil as histrias fazem parte essencial no desenvolvimento fsico, psicolgico e social das crianas. So momentos nicos de reflexo e encantamento que estabelece relaes com a imaginao e o mundo em que vive, construindo assim saberes e experincias. E para entrar em contato com essas histrias, a criana necessitar da mediao de um profissional consciente da arte de contar histrias e que na maioria das vezes o professor de sala de aula que faz esse papel, e que ser na realidade a chave para esse mundo encantador de ouvir e contar histrias. Diante disso, o presente artigo traz como objetivos identificar o papel desse Professor/mediador e a importncia das ilustraes no ato da narrativa. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliogrfica entre escritores renomados como: Jonas Ribeiro, Maria Alice Faria, e Marta Morais da Costa, e em documentos norteadores que fundamentam a prtica da leitura na educao numa perspectiva reflexiva e qualitativa . Durante a pesquisa, foram observados alguns pontos de reflexes que levaram a perceber como resultado que o papel do mediador no s mediar as histrias mas, estar envolvido nela a ponto de estabelecer relaes significativas para quem as ouve, mantendo um compromisso com a leitura de forma a prepar-la antecipadamente para depois cont-las demostrando assim, um certo entrosamento com a leitura e alm disso, consolidou a importncia das ilustraes no momento de narrar as histrias no sentido de estabelecer para os ouvintes vrias possibilidades de interpretaes.
Palavras chave: EDUCAO INFANTIL, HISTRIAS,PROFESSOR/MEDIADOR SUMMARY In Childhood Education stories are an essential part in the physical, psychological and social development of children. Are moments of reflection and wonder who connects with the imagination and the world they live in, thereby building knowledge and experiences. And to get in touch with these stories, the child need the mediation of a professional awareness of the art of storytelling and that most often is the classroom teacher does that role, and that will actually be the key to this charming world to hear and tell stories. Thus, the present article aims to identify the role of teacher / facilitator and the importance of illustrations in the act of narration. For that, we performed a literature search from renowned writers such as Jonas Ribeiro, Maria Alice Faria, and Marta Morais DA Costa, and in guiding documents that underlie the practice of reading in education and reflective qualitative perspective. During the study, we observed some points of considerations which led to perceive the result that the role of the mediator is not only mediate the stories more, being involved in it enough to establish meaningful relationships for those who hear them, maintaining a commitment to reading order to prepare it beforehand and then tell them demonstrating so, a certain rapport with reading and further consolidated the importance of the illustrations at the time of narrating their stories in order to be setting for listeners to various possibilities of interpretation. Keywords: EARLY CHILDHOOD EDUCATION, HISTORY, PROFESSOR / MEDIATO
INTRODUO As histrias na educao infantil esto sempre relacionadas as prticas pedaggicas que entre contedos programados ao longo do ano age como complementos para introduzir ou explorar novos assuntos em sala de aula assim, esses momentos se tornam rotineiros no cotidiano das crianas deixando passar nas entre linhas dos textos vrios aspectos que poderiam ser explorados, como por exemplo, as ilustraes, onde se perde oportunidades nicas de interpretaes singulares das crianas em contato com as histrias. E para isso, a criana necessita da mediao do professor mais preparado para exercer essa funo de contar histrias na educao infantil. Essa mediao favorecer uma relao mais profunda entre as histrias e o ouvinte de forma prazerosa, significativa e diferenciada, estabelecendo uma relao entre o real e o imaginrio. Para tanto, esta pesquisa trar como objetivos, identificar a importncia do papel que o professor exerce ao ser mediador das histrias na educao infantil e demonstrar a importncia das ilustraes em articulao com o texto escrito e a oralidade da palavra. Essa maneira do professor trabalhar as histrias na educao infantil levando-as somente as prticas pedaggicas muitas vezes se d , ao achar dispensvel esse tipo de recurso ou ao ler as histrias, no dando nfase ao que se l. Com isso, deixa de dar a devida importncia que as histrias tem na formao do intelecto da criana, que est construindo uma sensibilidade para perceber e entender o mundo em sua volta, e assim, descobrir vrias formas de lidar com suas inquietaes. O mximo que se explora das histrias so pequenas conversas sobre o tema do livro, os personagens principais, a ao de cada um, as vezes comenta do autor do livro, editora, quem fez a capa etc. No que essas exploraes do livro no sejam importantes mais levamos em considerao, de como estas histrias esto sendo preparadas pelo professor/ mediador. Diante dessas inquietaes , a questo : Qual o papel do professor como mediador das histrias na educao infantil? Ou seja, a maneira mais adequada para se contar essas histrias. Ao escolher a arte de contar histrias na educao infantil para ser analisado dentro de uma pesquisa reflexiva esse trabalho se justifica duplamente. Primeiro, uma justificativa pessoal e a segunda acadmica. Na pessoal, foi a forma que o professor contava as histrias na minha infncia. No momento em que narrava no proporcionava a seus alunos a viso das ilustraes contidas nos textos e que s eram mostradas no fim da histria. Tudo bem, se a inteno da professora era fazermos imaginar utilizando no primeiro momento somente a oralidade. Mas, ela estava com o livro nas mos. E por alguns instantes deixava aparecer o colorido das pginas . Isso nos intrigava e nos deixvamos curiosos. E acabava por tirar a ateno na histria. E naqueles momentos em que escondia as ilustraes, poderamos estar imaginando e relacionando as ilustraes com o texto, e quando mostrava-os no fim da histria j no tinha a mesma significncia. Assim, privava aos seus ouvintes outras formas de ver as histrias de acordo com suas particularidades. Na justificativa acadmica, est relacionada com a parte pedaggica. A importncia de se fazer uma anlise reflexiva em relao de como essas histrias esto sendo preparadas pelo professor mediador essencial. Dependendo de sua atuao, pode gerar aos alunos uma averso as histrias a falta do gosto pela leitura. E no futuro, vir a prejudic-los como leitores e principalmente no momento de redigir os seus prprios textos. Para uma reflexo acerca desses assuntos, o presente artigo discorrer por meio dos seguintes aspectos: Em primeira instncia faz-se necessrio um resgate histrico da literatura voltada para crianas. Como eram contadas as histrias da oralidade a escrita. No segundo
momento, a utilizao da literatura infantil em sala de aula. Conceito de literatura e sua importncia. Em terceiro, o papel do professor como mediador das histrias na educao infantil. Uma anlise crtica e principalmente reflexiva sobre o papel do professor como mediador na arte de contar histrias. Pra isso, foi realizada uma pesquisa bibliogrfica entre escritores renomados como: Jonas Ribeiro, Maria Alice Faria e Marta Morais da Costa, e em documentos norteadores que fundamentam a prtica da leitura na educao numa perspectiva reflexiva e qualitativa contribuindo para o aperfeioamento e formao desses profissionais .
Este tpico tem como objetivo traar um resgate histrico de como surgiu as primeiras histrias tidas como contos populares passando da oralidade para o texto escrito e as primeiras idias de se fazer algo para as crianas ao longo da histria da literatura infantil. A arte de contar histrias muito antiga permeando de gerao em gerao vindo a se concretizar no papel por volta do sculo XVII a XIX com Charles Perrault, com os irmos Grimm entre outros. (Brasil,2006, p. 85 ). Para um melhor entendimento dessa trajetria vale a pena ouvir as autoras Eleonora Ablio e Margareth Mattos (2006) As narrativas da tradio so citaes populares feitas por autores annimos
que sobreviveram e se espalharam devido memria e habilidade de seus narradores que, de gerao em gerao, incumbiam-se de manter viva a tradio...homens, mulheres e crianas que no sabia ler e que se reunia, noite em redor de fogueiras e lareiras...para escutar o que viria a se tornar mais tarde , material registrado por estudiosos e folcloristas como Charles Perrault, no sculo XVII, e os irmos Grimm, no sculo XIX. (apud MEC,2006,p.85)
Mesmo fazendo parte de uma sociedade grafa, guardavam consigo as histrias contadas por seus familiares e gostavam de manter viva essa tradio. Era um passa tempo prazeroso para aquela sociedade simples, e cada um tinha sua maneira de cont-las. O encantamento pelas palavras contadas deu origem a uma grande corrente que se estendeu pelo mundo a fora. Vrios pesquisadores se engajavam nessa arte de ouvir e transcrever as histrias para depois cont-las. No Brasil, tambm a partir do sculo XIX vrios escritores como Slvio Romero, Mario de Andrade, Afrnio Peixoto, entre outros se destacavam com suas coletneas . Entre os contemporneos temos como exemplo,Ricardo Azevedo, Ana Maria Machado que passou a incluir as ilustraes para transcrever as histrias (Faria,2008,p. 23). A idia de se fazer algo para o universo infantil deu-se a partir do sculo XVIII e XIX em decorrncia do crescimento econmico da sociedade da poca, at ento a criana era tida como um ser incompleto e a sua educao era dever da famlia. Com a Revoluo Industrial houve uma exigncia intelectual dos operrios, comearam a exigir mais dos trabalhadores com relao aos saberes fazendo com que a questo educacional fosse revista, enfatizando a importncia da educao das crianas para um futuro promissor atendendo as necessidades da sociedade capitalista que crescia naquela poca. Nas palavras da autora Oliveira (2008): ...Nos sculos XVIII e XIX, enfatizou a importncia da educao para o desenvolvimento social. Nesse momento a criana passou a ser o centro do interesse educativo dos adultos( Oliveira,2008,p.62).
Com esse pensamento, a histria da educao infantil, foi marcada com grandes idias e concepes em torno da criana e principalmente em engaja-las na sociedade. Com a escolaridade obrigatria e a importncia da educao para o desenvolvimento social, a preparao da criana passou a ser considerada importante para atender os interesses dos adultos. Os livros voltados para as crianas eram na sua maioria escritos por professores, mas totalmente engajados nas prticas pedaggicas sociais e ao ensino de bons hbitos e eram considerados livros literrios de baixo valor (Alves, 2002 2009). Esses livros eram escritos em vrias lnguas geralmente vindos de escritores Europeus. Com o passar do tempo os professores perceberam a importncia de se escrever uma literatura brasileira, com cara e valores nacionais, no bastava que o tradutor dos livros estrangeiros fosse brasileiro mas que essa literatura tivesse sentimentos prprios de seu povo. Dentro dessa perspectiva destacavam-se vrios escritores como: Jos Verssimo e Olavo Bilac, como um dos maiores exemplos da literatura escolar do Brasil(SANDRONI, 1987,p.42) Em decorrncia disso, os contos populares passaram a relatar o folclore brasileiro, o cotidiano e o imaginrio dos povos africanos e indgenas. E as narrativas comearam a se transformar de acordo com o contador, as escritas e as orais passaram a ser tambm interpretada por meio de versos. ( Brasil,2006,p.48 ) Assim, as histrias para crianas tem origem nos contos populares. Segundo Faria(2008), hoje so encontrados vrios tipos de contos relacionados entre contos tradicionais e modernos. Os contos tradicionais seriam aqueles tidos como contos de fada os maravilhosos que encantam as crianas por seu aspecto imaginrio e simblico. A exemplo disso cita as idias de uma especialista francesa R. Lon, que diz que os contos populares tradicionais:
Tocam aspectos muito importantes de nossa natureza e de nossa histria [pois] o conto constri/estabelece o ser humano como um ser de linguagem e de cultura, para o qual todas as atividades de sobrevivncia (alimentos, roupas, relacionamento com animais e plantas) adquirem dimenses imaginrias e simblicas(Apud Faria 2008,p.24)
Portanto, as histrias so elementos fundamentais para um bom desenvolvimento psquico, cultural e intelectual da criana, assim como objeto de saberes entre o real e o imaginrio, formulando maneiras de se interpretar as instncias da vida e um execcio constante de aprender a ouvir, internalizar e depois expressar o que foi compreendido. Assim, as crianas na educao Infantil, ao adquirir hbitos de ouvir histrias estar disposta a aprender com elas. E esse contato com a literatura ser analisada a seguir onde sero traadas algumas formas de se utilizar estas histrias em sala de aula com o objetivo de proporcionar um melhor aproveito nos trabalhos pedaggicos.
Para algumas idias de como utilizar a literatura infantil em sala de aula este tpico aborda uma reflexo do que seria a literatura infantil e especificamente a importncia das ilustraes contidas nessa literatura em articulao com o texto escrito na arte da oralidade da palavra e imaginao.
O que a literatura infantil? Para ajudar-nos nesta reflexo recorremos a Zilberman (2005), onde diz que a literatura infantil so livros que lidos na infncia at chegar a idade adulta permanecem guardados em nossa memria bibliogrficas e que ao longo do tempo so relembrados porque foram tidos como bom e prazeroso e que fez parte da nossa formao de leitor. (2005,p. 10 11). Costa (2007) enfatiza tambm outro pensamento de Zilberman com relao a literatura infantil que se torna diferenciada da pedagogia a partir do momento que essas obras traz um valor artstico para as crianas, pois: ...atinge o estatuto de arte literria e se distncia de sua origem comprometida com a pedagogia, quando apresenta textos de valor artstico a seus pequenos leitores; e no porque estes ainda no alcanaram o status de adultos que merecem uma produo literria inferior (...) Em vista disto, a grande carncia ( da criana) o conhecimento de si mesma e do ambiente no qual vive, que primordialmente o da famlia, depois o espao circulante e por fim, a Histria e a vida social. O que a fico lhe concede viso de mundo que ocupa as lacunas resultantes de sua restrita experincia existencial, atravs de sua linguagem simblica. (apud Costa, 2007,p. 30). Portanto, uma literatura vista como arte literria voltada para o mundo infantil, caracteriza uma renovao no modo de escrever histrias para as crianas transformando-as em prazerosas e significativas, pois encontrar nas leituras algo concreto com a sua realidade de mundo, auxiliando na sua formao ou seja: A literatura infantil (...) levada a realizar sua funo formadora, que no se confunde com uma misso pedaggica (... ) ela se apresenta como elemento propulsor que levar a escola a ruptura com a educao contraditria e tradicional (Costa,2007,p.21) Assim, a literatura vai alm das prticas pedaggicas e de um simples recurso em sala de aula. Ela ferramenta a proporcionar o conhecimento e a realizar a formao de pensamentos crticos e reflexivos nos alunos. Cada leitor apesar de ler ou ouvir a leitura de um mesmo texto, ter uma viso diferenciada dos acontecimentos. Porque cada um tem sua capacidade de interpretao Ao escollher uma histria para ser contada, o mediador precisa fazer um convvio com a ahistria ou seja: Conviver com a historia significa passear por seus cenrios e em companhia de suas imagens ( Ribeiro 2001,p75) e assim, ter a oportunidade de conhecer a histria e imaginar livremente os enredos e seus personagens antes de contar afim de instigar e contribuir para o desenvolvimento da imaginao e oralidade da criana. Os textos que contm ilustraes vo contribuir para um papel importante no processo de viso diferenciada dos alunos com relao as histrias. Pois nos livros infantis as narrativas seguem juntas com as ilustraes, mas no so a mesma coisa, por terem elementos singulares descritivos que dizem muito sobre o enredo da histria e tem como caracterstica dar um ar de descanso nos textos mais longos. De modo que Faria (2008) exemplifica esse momento citando Poslaniec (2002) onde diz que:
A seqncia de imagens propostas no livro ilustrado conta frequentemente uma histria cheia de brancos entre cada imagem e que o texto de um lado e o leitor cooperando, de outro, vo preencher...Mas a histria que as imagens contam no exatamente aquela que conta o texto. Tudo se passa como se existissem dois narradores, um responsvel pelo texto, outros pelas imagens.(...) Nos livros em que o texto o elemento principal da narrativa, e portanto longo, a imagem leva ao arejamento da pgina, a um descanso do texto, que sempre obriga a um esforo maior de leitura, auxiliando o leitor a continu-la pelos caminhos mais suaves da imagem. (apud Faria 2008, p. 39-42)
Ao mesmo tempo em que a criana ouve a histria os seus olhos passeiam pelas ilustraes que imediatamente vo lhe dar outros significados para aquele momento narrado
surgindo ento a criatividade em imaginar e entender melhor os acontecimentos. Cada criana elaborar suas imagens no seu interior e isto lhe proporcionar um prazer em ouvir aquela histria e far uma leitura pessoal, uma relao com o seu universo sem qualquer regra, onde a imaginao flui naturalmente. A articulao das palavras ou seja a oralidade do professor mediador com o texto escrito e as ilustraes das cenas, levar a observao das crianas e o professor estar num momento de fazer essa releitura das imagens usufruindo das peculiaridades das crianas em cada ilustrao decorrente dos textos, mantendo um dilogo constante entre o ouvinte e o leitor, causando na turma desembaraos e interao com a histria. Dentro desse pensamento, Faria (2008) registra uma tcnica que os ilustradores fazem para explorar uma cena ilustrativa colocando o leitor hora dentro de uma casa outra fora a observar os acontecimentos de uma janela. Nas palavras do autor:
A janela pois uma tcnica dos ilustradores para ampliar o espao da narrativa, mostrando cenas diferenciadas e expressivas, ou fazendo o leitor ver de fora o que se passa dentro do cmodo em que acontece a histria. E d ao educador a oportunidade de conversar com as crianas sobre o que dizem esses dois espaos, ampliando a competncia em leitura de imagem . ( Faria 2008,p.50).
Com espontaneidade a criana vai destrinchando as ilustraes fazendo um ligao com a oralidade do professor que o mediador da histria e as imagens, construindo uma ponte entre eles. Costa enfatiza a importncia do trabalho do professor mediador quando diz que: Para que a literatura cumpra seu papel no imaginrio do leitor, fundamental a mediao do professor na conduo dos trabalhos em sala de aula e no exemplo que ele d a seus alunos lendo e demostrando, sempre o intelecto e a sensibilidade. (Costa ,2007:21) No entanto, no s ler uma histria que encacha no contedo que ser estudado em sala de aula. No s um recurso utilizado para se obter os objetivos traados. O professor precisa sentir o momento daquela leitura deixando transmitir o prazer de ler uma boa histria, porque se o professor mediador ao longo de sua vida no adquiriu o gosto pelas histrias, como ele vai conseguir transmitir a seus alunos os sentimentos o encantamento das palavras e a imaginao das cenas com espontaneidade e naturalidade? O professor mediador das histrias na educao infantil precisa sentir-se parte integrante, envolvido no enredo, para que aquela leitura atinja o ouvinte de maneira que ele tambm possa sentir- se parte e fazer com qu cresa a sementinha do prazer de se fazer uma boa leitura. Com a arte da oralidade das palavras nas mos, o contador de histrias Jonas Ribeiro apresenta um certo manifesto no seu livro Ouvidos Dourados onde deixa em evidncia sua indignao a respeito das histrias tidas como pretexto para uma proposta pedaggica sem deixar fluir as emoes dizendo: Abaixo as histrias utilitrias!(...) ns no contamos histrias para a interiorizao de regras gramaticais (...) Contamos histrias porque amamos cont-las,(...) porque temos a necessidade de tornar nossas vidas significativas.( Ribeiro 2001,p.12). Portanto, ao escolher uma histria para utilizar em sala de aula, o professor mediador, poder usufruir no s como instrumento de introduo aos contedos, mais trazer algo a mais com as leituras, destrinchando com seus alunos o mximo que puder as entre linhas do texto, proporcionando vrias formas de se interpretar e viver os temas abordados com prazer e significncia. Na arte de contar histrias exige do mediador uma certa postura diante das histrias, atitudes essas que poder proporcionar aos seus ouvintes um crescimento pessoal em relao as histrias e o gosto pela leitura ou tornar mais difcil o caminho pelas palavras causando no futuro dos seus alunos as dificuldades em lidar com a construo dos seus prprios textos
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pela falta da leitura. Assim, dentro desta perspectiva, o papel do professor mediador analisado a seguir de modo a sugeri um crescimento pessoal e profissional desse educador.
Este captulo faz uma reflexo do papel do profesor como mediador das histrias na educao infantil, afim de contribuir para um melhor aproveitamento das histrias nas prticas pedaggicas. Para que seja realizada a arte de contar histrias na educao infantil, de princpio a criana precisa da mediao de um contador, ou seja de uma pessoa que ajudar a abrir os horizontes do conhecimento por meio das leituras . Geralmente, esse papel exercido pela professora ou professor que est em sala de aula, o mesmo que est em contato com outras matrias como a matemtica , estudos sociais, em fim, o professor tido como tio ou tia pelas crianas. So poucas as escolas que tem um professor bibliotecrio exclusivo para as histrias, e esse, elabora as prticas de leituras para as crianas, sem relao com o contedo em sala de aula, somente pelo prazer de contar uma bela histria. Ou contrata-se contadores de histrias que tambm enfatizam essa arte de contar histrias simplesmente pela graa e beleza. Mas na sala de aula junto com o professor que as crianas tem maior contato com as histrias. Para termos uma viso mais ampla sobre o papel desse profissional tido como mediador das histrias contadas na educao infantil, faz necessrio uma reflexo sobre o que seria um mediador? Com o objetivo de mostrar a importncia de seu papel na arte de contar histrias na educao infantil. Segundo Feuerstein1, um mediador uma pessoa que trabalha interagindo com o aprendiz estimulando suas funes cognitivas, organizando o pensamento e melhorando processos de aprendizagem. Durante uma histria, o professor mediador interage positivamente elaborando formas e jeitos de articular as palavras dando vida aos personagens, seduzindo-os no intuito de prender a ateno do aluno, pois cada histria contada se far diferente no pelo texto, mas pela pessoa que est intermediando essa histria, onde cada contador tem suas peculiaridades ao narrar um texto assim, comenta Ribeiro(2001) quando diz: Teremos narraes totalmente diferentes com enfoques, recursos e ritmos tambm diferentes; porm, partindo da mesma histria ( Ribeiro,(2001)p. 98). Dessa forma, estimulase o desenvolvimento das habilidades na construo da imaginao. O professor precisa estabelecer um compromisso com a leitura, com as crianas e principalmente consigo mesmo, de forma a aperfeioar-se com novos saberes para transmitilos com segurana a seus alunos. As diretrizes implantadas no Plano Nacional de Educao - PNE aprovado no ano de 2000 trata da formao dos professores onde estabelece a importncia desse profissional
REUVEN FEUERSTEIN, Psiclogo judeu-israelense, seguidor de Vigotsky criador das teorias: Modificabilidade Cognitiva Estrutural, Experincia da Aprendizagem Mediada, e o programa de Enriquecimento Instrumental. Depois de desenvolver suas teorias e de aplicar uma srie intervenes prticas para mediao com crianas sobreviventes do holocausto. Feuerstein respondeu demanda de professores por mtodos que pudessem solidificar seu trabalho no formato curricular. Acesso 13/06/2010. Disponvel em: http://pt.wikipedia.org
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quando diz que : A formao dos profissionais da educao infantil merecer uma ateno especial dada a relevncia de sua atuao como mediadores no processo de desenvolvimento e aprendizagem(2001, p. 41). O Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil foi elaborado em 1996, com o objetivo de auxiliar os profissionais que atuam na educao infantil como um guia nas atividades pedaggicas. De acordo com esse documento, o papel do professor mediador definido da seguinte maneira:
O professor mediador entre as crianas e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaos e situaes de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criana aos seus conhecimentos prvios e aos contedos referentes aos diferentes campos de conhecimento. (1998, p. 30).
fundamental essa mediao do professor entre os objetos de conhecimentos e seus alunos na educao infantil. E as histrias fazem parte desse campo de conhecimento, portanto, a criana desde pequena precisa ouvir estrias para se socializar, sentir emoes e sentimentos como medo, alegria, segurana, descobrir outras culturas e lugares imaginrios e distantes de sua realidade. Assim, o professor mediador estar exercendo um papel essencial no processo de construo do hbito e o gosto pela leitura na educao infantil porque nesta fase que se constri a curiosidade pelo livro e pelas histrias que nas sries seguintes ajudar os alunos a ter uma boa leitura e um melhor envolvimento na elaborao dos prprios textos. O Programa de Formao de Professores Alfabetizadores2 ( PROFA, 2001 ), aponta a dificuldade dos jovens na hora de redigir os textos. Pelo fato de no terem tido um contato maior com as leituras desde a infncia, onde diz que: A aprendizagem de praticamente todos os contedos curriculares de 5- a 8- sries depende fortemente da capacidade de aprender a partir dos textos.( Profa, 2001, p. 13). Essas iniciativas do MEC em oferecer cursos que oferecem aos professores condies de aprimorar suas prticas de leituras e auxiliar na mediao desses conhecimentos favorece no s ao professor mais principalmente as crianas que estaro envolvidas nesse processo de conhecer o mundo por meio das letras, porque o prazer pelas leituras se constri no decorrer da vida dos alunos, e o profissional que exerce essa funo de mediar as histrias que tem incio na educao infantil, precisa ver a sua importncia, como educador das prticas pedaggicas e como pea importante no processo de construo de futuros leitores.
CONSIDERAES FINAIS O presente estudo, revela que a arte de contar histrias no passado , reflete de instncia, o prazer do contador em narrar esses contos exercitando suas habilidades no ato de interpretar com o intuito de satisfazer os ouvintes e lhes proporcionarem bons momentos de descontrao. No mbito educacional as leituras em sala de aula eram voltadas para as prticas pedaggicas e que hoje ainda as so, mas contudo, cabe ao professor mediador das histrias rever essas concepes e transformar esses momentos em algo a mais, que as
PROFA. programa de formao de professores um curso de aprofundamento criado pelo MEC, destinados a professores e formadores, que se orienta pelo o objetivo de desenvolver as competncias profissionais necessrias a todo o professor que ensina a ler e a escrever.
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palavras possam ecoar em sua sala de aula como prazerosas e significativas tanto para si como para as quem a ouve estabelecendo assim, uma relao entre o que se est ensinando e a beleza de uma boa histria. Contudo, o PNE, RCNEIe o PROFA3 mencionados, se posicionam como norteadores da funo de educar, intensificando a importncia do professor mediador, no processo de desenvolvimento da aprendizagem, no aspecto fsico, cognitivo, psicolgico e cultural das crianas, assim como, apoiar na formao do professor como condio bsica para um bom aproveitamento das prticas pedaggicas. Norteando e abrindo horizontes a novos saberes e proporcionando ao professor uma nova viso de mundo, podendo ele refletir sobre sua maneira de educar e de formar cidados conscientes, na escolha de bons livros, que possam auxili-lo na construo de uma boa prtica de leitura . Cabe ressaltar que para se ter um bom aproveitamento da histria, o professor mediador dever fazer uma leitura antecipada, para no correr o risco de tropear em palavras ou demostrar aos ouvintes a total falta de entrosamento com o texto. Assim, a leitura se far de forma natural e instigante, possibilitando a observao das sutilezas das palavras que esto nas entrelinhas do texto. Durante a pesquisa, o objetivo de demonstrar a importncia das ilustraes no ato da narrativa se consolidou pelo fato da imagem levar ao arejamento da pgina, e a um descanso do texto, que sempre obriga a um esforo maior de leitura, auxiliando o leitor a continu-la pelos caminhos mais suaves da imagem(apud Faria 2008, p. 39-42). Assim, conclumos que, os apontamentos levantados por meio da pesquisa bibliogrfica em torno da questo: Qual o papel do professor mediador das histrias na educao infantil? Teve como resoluo argumentos essenciais que possibilitou a resposta de como importante para a criana a funo do professor mediador. Pois essa mediao favorecer uma relao mais profunda entre as histrias e o ouvinte de forma prazerosa e significativa. Cabe ressaltar que para se ter um bom aproveitamento da histria, o professor mediador dever fazer uma leitura antecipada, para no correr o risco de tropear em palavras ou demostrar aos ouvintes a total falta de entrosamento com o texto. Assim, a leitura se far de forma natural e instigante, possibilitando a observao das sutilezas das palavras que esto nas entrelinhas do texto. Estabelecendo assim uma relao entre o real e o imaginrio onde possibilitar a criana a ter uma melhor compreenso de mundo, de situaes e conflitos e a formular maneiras de se lidar com as inquietaes. E para que isso acontea, o professor mediador ter que ter como compromisso preparar a leitura antecipadamente, envolver-se no enredo , nos personagens que inspiram a imaginao na histria, nas sutilezas das palavras, no cuidado ao manusear o livro na hora de ler, porque todos os pequenos detalhes so observados pelas crianas que estaro aprendendo com as aes do professor. Assim, o mediador, poder desenvolver nos pequenos ouvintes da educao infantil a motivao necessria nas prticas de ler e escrever que se constatou por meio do Programa de Formao de Professores Alfabetizadores mencionado no tpico que fala sobre o papel do professor mediador das histrias na educao infantil, que ao faltar
PNE. O Plano Nacional da Educao, foi sancionado pela Lei n 10.172, em 9 de janeiro de 2001.Trata-se de um plano nacional, Estadual e global, de toda a educao e est em consonncia com a Constituio Federal, com a LDB e com os compromissos internacionais firmados pelo Brasil.( Braslia, 2001, p. 91 RCNEI.O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAO INFANTIL, foi concebido de maneira a servir como um guia de reflexo de cunho educacional sobre objetivos, contedos e orientaes didticas para os profissionais que atuam diretamente com crianas de zero a seis anos, respeitando seus estilos pedaggicos e a diversidade cultural brasileira.(Brasil, 1998, p. 7) PROFA. PROGRAMA DE FORMAO DE PROFESSORES, foi elaborado pelo MEC e oferece aos professores brasileiros o conhecimento didtico de alfabetizao que vem sendo construdo nos ltimos vinte anos ( Brasil, 2001, p. 5)
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esse contato com a leitura desde a infncia a criana encontrar uma dificuldade nas sries seguintes onde precisaro escrever seus prprios textos. Nesse sentido, as histrias precisam ser vistas no s como subsdio para uma boa prtica de leitura, ou um recurso pedaggico, mais sim um instrumento para o professor mediador desenvolver em seus alunos o prazer pela leitura e o hbito de ouvir histrias tendo em visto que esse exerccio, se perpetua como indispensvel ao longo da vida do educando.
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