Obaluaê
Obaluaê
Obaluaê
Deus originário do Daomé. Obaluaiê é uma flexão dos termos Obá (rei) -
Oluwô (senhor) - Ayiê (terra), "rei, senhor da terra". Omulu também é uma
flexão dos termos: Omo (filho) - Oluwô (senhor) que quer dizer "filho e senhor".
Obaluaiê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu, o mais velho, é
o sábio, o feiticeiro, guardião. Porém, ambos têm a mesma regência e
influência, significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados
a mesma força da natureza.
Divide com Oia-Iansã a regência dos cemitérios, pois é o orixá que vem
como emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito
desencarnado. É ele que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquele
espírito. Obaluaiê também é o senhor da terra e das camadas do seu interior,
para onde vamos todos nós. Daí sua ligação com os mortos, pois é ele quem
vai cuidar do corpo sem vida. Também conhecido como Xapanã.
Obaluaiê está presente no nosso dia-a-dia, quando sentimos dores,
agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e
comichões na pele. Rege também o suor, a transpiração e seus efeitos. Rege
aquele que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os
doentes. Está presente nos hospitais, casas de saúde, ambulatórios, clínicas,
sempre próximo aos leitos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. Ele
proporciona a doença, mas principalmente a cura, a saúde. É o orixá da
misericórdia.
Filho de Nanã, que o abandonou por ser doente, foi criado por Iemanjá. Orixá
fundamentalmente Jeje, mas louvado em todas as nações por sua importância.
Conta-se que, abandonado por Nanã, foi cuidado por Iemanjá que o
alimentava com pipoca sem sal acrescida de mel para melhorar o gosto, e
passava azeite de dendê em suas feridas para aliviar a dor e coceira.
Omolu / Obaluaê
dia da semana
segunda-feira
cores
preto, branco, vermelho
símbolos
cajado (xaxará), búzios.
elemento
terra
plantas
cuféia (sete sangrias), erva-de-passarinho, canela de velho, quitoco. Zínia,
cravo de defunto.
animais
cachorro
metal
chumbo, barro
comida
pipoca, bife acebolado, bolinhos de milho, acaçá, olubajé. Banana da terra.
bebida
água, vinho tinto
sincretismo
São Lázaro (17.12) e São Roque (16.8).
domínio
a terra, as epidemias, a morte.
o que faz
castiga com doenças, mas também cura os males.
quem é
o Médico dos Pobres e o Senhor dos Cemitérios.
características
reservado, solitário, simples, trabalhador, serviçal, depressivo, doentio.
quizília
claridade, sapos
saudação
Atotô!
riscos de saúde
doenças de pele e problemas nas pernas e coluna.
presentes prediletos
velas, charutos, suas comidas e bebidas preferidas.
observação
o nome de Obaluaê às vezes é usado especificamente para o Omolu jovem,
que é mais agressivo; Omolu é o nome mais usado para o Omolu velho, mais
introvertido.
lendas:
(1)
Por causa do feitiço usado por Nanã para engravidar, Omolu nasceu todo
deformado. Desgostosa com o aspecto do filho, Nanã abandonou-o na beira da
praia,para que o mar o levasse. Um grande caranguejo encontrou o bebê e
atacou-o com as pinças, tirando pedaços da sua carne. Quando Omolu estava
todo ferido e quase morrendo, Iemanjá saiu do mar e o encontrou. Penalizada,
acomodou-o numa gruta e passou a cuidar dele, fazendo curativos com folhas
de bananeira e alimentando-o com pipoca sem sal nem gordura até que o bebê
se recuperou. Então Iemanjá criou-o como se fosse seu filho.
(2)
Omolu tinha o rosto muito deformado e a pele cheia de cicatrizes. Por isso,
vivia sempre isolado, se escondendo de todos. Certo dia, houve uma festa de
que todos os Orixás participavam, mas Ogum percebeu que o irmão não tinha
vindo dançar. Quando lhe disseram que ele tinha vergonha de seu aspecto,
Ogum foi ao mato, colheu palha e fez uma capa com que Omolu se cobriu da
cabeça aos pés, tendo então coragem de se aproximar dos outros. Mas ainda
não dançava, pois todos tinham nojo de tocá-lo. Apenas Iansã teve coragem;
quando dançaram, a ventania levantou a palha e todos viram um rapaz bonito
e sadio;e Oxum ficou morrendo de inveja da irmã.
(3)
Quando Obaluaê ficou rapaz, resolveu correr mundo para ganhar a vida. Partiu
vestido com simplicidade e começou a procurar trabalho, mas nada conseguiu.
Logo começou a passar fome, mas nem uma esmola lhe deram. Saindo da
cidade, embrenhou-se na mata,onde se alimentava de ervas e caça, tendo por
companhia um cão e as serpentes da terra. Ficou muito doente.Por fim,
quando achava que ia morrer, Olorun curou as feridas que cobriam seu corpo.
Agradecido, ele se dedicou à tarefa de viajar pelas aldeias para curar os
enfermos e vencer as epidemias que castigaram todos que lhe negaram auxílio
e abrigo.
Na África
Nomes
Dança
Sua dança o Opanijé (cuja tradução é: ele mata qualquer um e come), dança
curvado para frente, como que atormentado por dores, e imitam seu
sofrimento, coceiras e tremores de febre.
Emblemas
Tem como emblema o Xaxará (Sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de
nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas, em que ele
capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como "varre" as
doenças, impurezas e males sobrenaturais. Esta representação nos mostra
sua ligação a terra. Na Nigéria os Owo Érindínlogun adoram Obàluáyê e usam,
no punho esquerdo, uma tira de Igbosu (pano africano) onde são costurados
cauris esó (búzios).
Vestimenta
Festa
Tido como filho de Nanã, no Brasil, sua origem, forma, nome e culto na África é
bastante variado, de acordo com a região, essa variação de nomes é de
conformidade com a região, Obàluáyê/Xapanã em Tapá (nupê) chegando ao
território Mahi ao norte do Daomé; Sapata é sua versão fon, trazido pelos
nagôs na cidade de Savalu, Benin. Em alguns lugares se misturam, em outros
são deuses distintos, confundido até com Nànà Buruku; Omolu em ketu e
Abeokuta.