Como As Coisas São

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Como as coisas so

Como as coisas so Titulo original em alemo: Wie die Dinge sing Traduo e capa: Joachim Holz Copyright 2007, todos os direitos reservados ao autor. Coordenao: Maria Conceio Nunes Dornelles Projeto e editorao: Joo Batysta N. Almeida e Barbosa

Este livro uma produo independente de iniciativa do Centro Budista Caminho do Diamante de Porto Alegre. Os recursos para impresso desta obra foram doados por Buddhismus Stiftung Diamantweg proibda a reproduo total ou parcial sem a autorizao do autor.

Como as coisas so
Uma introduo contempornea ao ensinamento budista

Lama Ole Nydahl

SUMRIO
Prefcio ....................................................................................................................... 9 Introduo ................................................................................................................ 11 A vida e o ensinamento de Buda .......................................................... 21 A histria da vida de Buda ....................................................................................... 21 Os trs caminhos ...................................................................................................... 30 O pequeno caminho - as quatro nobres verdades ..................................................... 30 Carma - causa e efeito ............................................................................................... 36 O grande caminho - compaixo e sabedoria ............................................................ 39 O caminho do diamante - todos os mtodos em ao .............................................. 52 As metas dos caminhos - liberao e iluminao ..................................................... 65 Trilhar o caminho budista ..................................................................... 72 Utilizar o ensinamento na vida ................................................................................. 72 O edifcio do ensinamento ........................................................................................ 81 Superar o prprio sofrimento - o nvel dos auto-centrados ...................................... 85 Sabedoria e compaixo para o bem de todos o nvel dos idealistas ................................................................................................. 92 Espao e alegria ilimitados - o nvel dos realizadores ............................................... 99 A mais alta viso - o grande selo ............................................................................ 116 Meditaes ........................................................................................ 121 A meditao da luz de arco-iris ............................................................................... 123 A meditao na respirao ...................................................................................... 124 A meditao do dar e do receber ............................................................................ 125 A meditao no 16 Karmapa ................................................................................. 126 Glossrio ................................................................................................................. 131 Notas ....................................................................................................................... 140 Endereos ................................................................................................................ 142

Lopn Tsetchu Rinpoche

Este livro dedicado a todos que apiam o Budismo do Caminho do Diamante. Com profundo agradecimento ao nosso primeiro Lama Lopn Tsetchu Rinpoche. Ele tocou incontveis seres atravs do seu exemplo.

Hannah Nydahl

O Centro Budista Caminho do Diamante de Porto Alegre dedica a traduo deste livro em memria de Hannah Nydahl, nossa principal incentivadora. Valeu Hannah!

PREFCIO
Aprender com um ser humano, ao redor do qual tudo irradia de significado e vitalidade e tudo desabrocha aparentemente sem esforo, nos marca por toda uma vida. Tal sorte minha mulher Hannah e eu tivemos. Ns apreendemos e vivemos doze anos dentro do campo de energia do 16 Karmapa, a primeira reencarnao consciente de um Lama tibetano. At a sua morte em 1981, ele nos mostrava constantemente a sua alegria e iluminao. Atravs dele, as palavras de Buda se tornavam vivas, e o caminho para muitos estava ao alcance imediato. O seu exemplo ajudou inmeras pessoas a conhecer a natureza de suas mentes, e a sua fora sentida at hoje. As transmisses mais importantes ele nos deu pessoalmente. Para conseguirmos tambm manter e transmitir os mtodos e as experincias, ele nos mandou a uma dzia de mestres que, na sua maioria, tinham mais de trinta anos de experincia em meditao. Eles nos mostraram de maneira totalmente convincente que a mente ilimitada pode realizar tudo. Hoje o trabalho continua com a 17 reencarnao, Karmapa Thaye Dorje. Ter tais mestres grandiosos traz responsabilidade, e nada nos preenche mais do que passar adiante aquilo que enriquece profundamente a nossa prpria vida. A primeira edio deste livro surgiu no incio dos anos setenta. Traduzido para mais de 25 lnguas e lanado em numerosas edies, ele desdobra at hoje as sabedorias bdicas dos maiores mestres do Caminho do Diamante. A nova edio do Como as Coisas So mais abrangente e mais acessvel. Por isso eu agradeo minha maravilhosa parceira Caty Hartung e ajuda de vrios amigos. O fato de que a to vasta cultura luso-brasileira possa agora ter parte nesta riqueza, para mim uma imensa alegria. Possa ser de proveito para muitos! Lama Ole Nydahl
Centro Europeu, alpes alemes em novembro de 2007, no campo de beno de Sombrinha Branca, no dia de Manto Negro. 9

INTRODUO
As condies para ensinar que Buda teve h 2.500 anos eram nicas: Ele vivia na florescente e altamente avanada cultura do norte da ndia de ento e estava cercado de alunos muito talentosos. Assim ele pde, depois de sua iluminao, mostrar durante 45 anos os caminhos para a total liberao da mente. Por esse motivo, os seus ensinamentos tambm so to variados. O Kangyur o conjunto das palavras do prprio Buddha, transcritas aps sua morte consiste em 108 volumes, que contm 84.000 ensinamentos muito teis. Os comentrios pstumos dos seus alunos foram transmitidos em mais 254 grossos volumes o Tengyur. Isso torna compreensveis as ltimas palavras de Buda, quando com 80 anos ele deixou seu corpo: Eu posso morrer feliz. Eu no mantive nenhum ensinamento numa mo fechada. Tudo que lhes til, eu j dei. Como se pode deduzir de tal declarao, ele deu algo para o uso imediato, uma coisa para a vida. s perguntas sobre o porqu e o qu ele ensinava, ele sempre respondia: Eu ensino porque vocs e todos os seres querem ser felizes e evitar sofrimento. Eu ensino como as coisas so. Muitas escolas se desenvolveram desde ento, a partir dos seus ensinamentos, e todas elas tm em comum o fato de aspirarem a um desenvolvimento integral do ser humano. Elas buscam empregar corpo, fala e mente de modo sensato, assim como Buda vivia ou recomendava. Como o ensinamento de Buda to diversificado e se baseia em experincia e no em f, no basta descrever simplesmente seus contedos. S em contraste com outras cosmovises que aparecero plenamente as suas relevncias. Tambm muito proveitoso aproximar-se dele sem idias fixas muito slidas. Porque descrever a riqueza das sabedorias de Buda como este e no aquele impossvel. Muitas pessoas pensam, por exemplo, que o budismo uma filosofia. Isto verdade quanto ao fato de os ensinamentos serem
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totalmente compreensveis. A clareza e a liberdade dos pensamentos so pr-requisitos para o caminho budista e se aprofundam mais como resultado de um desenvolvimento bem sucedido. O ensinamento faz com que todas as potencialidades inerentes aos seres inclusive a lgica atinjam a plena florescncia. Mas por que ento no podemos cham-lo de filosofia? Porque ele nos modifica permanentemente. Na filosofia se trabalha no nvel externo dos conceitos e idias, nos alegramos com associaes lgicas bem sucedidas e depois colocamos os livros de volta na estante. O ensinamento de Buda, pelo contrrio, vai alm dos conceitos. Ele provoca no ser humano uma mudana permanente do corpo, da fala e da mente. Suas explicaes fornecem a chave para aquilo que diariamente acontece dentro e ao redor de ns nos tornamos conscientes. O uso da viso e dos mtodos budistas, que correspondem respectivamente s mais diversas condies de nossa vida, dissolve, em primeiro lugar, muitas idias fixas. Ento vem crescendo uma confiana de que os acontecimentos tm um sentido, e isso leva a uma mudana gradativa. Assim agimos cada vez mais de modo descontrado e a partir do nosso centro. Outras pessoas destacam efeitos visveis, assim como a equanimidade crescente, e por isso afirmam que o ensinamento seja uma psicologia. O que se pode dizer quanto a isso? O objetivo da psicologia claro: Todas as escolas desejam melhorar o cotidiano das pessoas. Seu objetivo que a sociedade possa tirar proveito de cada indivduo. Tambm no devemos causar dificuldades demais para ns mesmos e para os outros durante os setenta a noventa anos em que os cidados dos pases ocidentais atualmente permanecem aqui. O ensinamento de Buda tem metas bem parecidas, mas inclui ao mesmo tempo a existncia da impermanncia de tudo que condicionado. Por isso pe em jogo valores atemporais to logo que as pessoas consigam usar o pensamento abstrato e entend-los. Verdades s so reconhecidas como finais pelo budismo, quando elas conseguem nos levar atravs de doena, velhice, morte e perda.
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Basicamente Buda orientou sua psicologia para muitas vidas. Ele ensinou que acontecimentos e experincias, cujas causas no so compreendidas atravs desta vida, podem ser tambm resultados das aes de vidas anteriores. Por conseguinte, determinamos hoje, atravs de nossos pensamentos, palavras e aes, o futuro no qual renasceremos. Este princpio de causa e efeito que vai alm de uma vida chamado no budismo de carma. Ele explica por que as condies tanto externas como internas dos seres so to diferentes. Considerando que cada um experimenta seu prprio carma, exatamente os resultados de suas aes, palavras e pensamentos passados, o trabalho s comea a partir de um nvel alto de responsabilidade prpria e independncia. Isto no facilmente compreensvel para todos, principalmente quando as pessoas esto em uma condio de vida difcil. Mas o Buda ensina que a causa para o sofrimento no a maldade, mas sim a no compreenso. Por isso, trata-se a eliminao da ignorncia at que a atitude dos seres leve felicidade a longo prazo que, de qualquer jeito, todos procuram constantemente. Os ensinamentos de Buda so os respectivos indicadores do caminho. Ambos, psicologia e budismo, nos transformam. O tratamento psicolgico, no entanto, permanece no mbito cotidiano condicionado e termina quando a pessoa recebeu o excedente para a vida. Exatamente neste ponto o budismo comea a sua ao: alm de todos os opostos, ele aponta para o atemporal, no criado, o que reconhece tanto os mundos externos como os internos exatamente para o prprio experimentador: a mente que percebe. A meta no ento um pacfico ir vivendo at o fim da vida, mas um constante e crescente reconhecimento da mente. Somente nesse estado podemos confiar permanentemente. E a partir de quando as pessoas tm vontade de conduzir conscientemente a sua prpria vida? Isto vem por si mesmo, quando elas ou entenderam a lei de causa e efeito e querem evitar o sofrimento, ou quando armazenaram tantas boas impresses, que elas querem ser teis aos outros. A observao de que s se pode fazer
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pouco pelos outros, enquanto no se dominam os prprios sentimentos, pensamentos, palavras e aes, ajuda a comear a lidar com a vida de uma forma consciente. Outros, por sua vez, so to fascinados pelo exemplo vivo do professor que torna acessvel o livre jogo da mente aberta, capaz e ilimitada que eles simplesmente querem ser como ele. Quaisquer que sejam os motivos que nos impulsionam, os mtodos teis do budismo nos do coragem, alegria, vigor e todas as formas benficas de amor e fazem surgir constantemente toda riqueza na mente. Resulta automaticamente liberador, antes de tudo, o crescente reconhecimento de que tudo muda constantemente. No existe nem no corpo, nem nos pensamentos ou sentimentos um permanente e detectvel eu. Aqui tambm se pode, como auxlio, observar o quanto as metas dos seres so semelhantes: Todos procuram vivenciar coisas belas, evitar o que ruim, ficar com o que agradvel e tolerar o que difcil. Se, somado a isto, compreendemos que os seres so incontveis, enquanto ns mesmos somos s um, torna-se evidente pensarmos mais neles. Com isso nos tornamos, aos poucos, transpessoais e no nos sentimos mais to vulnerveis, como se fssemos o alvo dos acontecimentos. Se no somos mais permanentemente perturbados por aquilo que experimentamos, alcanamos o assim chamado estado da liberao. O fundamento para todas as emoes perturbadoras est, ento, eliminado. O segundo e definitivo passo a iluminao, a completa realizao da mente. Ela significa permanecer relaxado mas completamente consciente no aqui e agora. Este estado sem esforo, que surge espontaneamente, aparece depois da liberao, pela dissoluo de todas as idias e conceitos limitados. Quando o pensamento ou este ou o outro perde fora, e cria-se espao para um amplo tanto este como aquele, despertamos novas qualidades, inerentes mente. Muitos conhecem este sabor a partir de curtos e extremamente felizes momentos da vida. De repente estamos unidos com tudo. O espao que tudo cerca no mais algo que separa, mas um recipiente. Ele d sentido, concilia e abrange tudo. Com a iluminao, o
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momento da percepo se torna mil vezes mais claro e excitante que qualquer coisa concebida ou experimentada, e a vivncia do gozo e intuio no se interrompe nunca mais. Finalmente existe a idia de que o budismo seja uma religio. Mas a diferena fundamental j se mostra no significado original da palavra em latim. Re- significa voltar a e ligare significa ligar. As religies vindas do oriente mdio, predominantes no ocidente h mil anos, buscam assim reencontrar algo perfeito. No Budismo, pelo contrrio, no existe nada para reunificar, pois no existe nenhum paraso do qual tenha se cado. A mente, na sua natureza, tem estado confusa h tempos sem princpio e reconhece na iluminao simplesmente o experimentador das impresses sua essncia atemporal inerente. E como poderamos confiar em um estado restabelecido? Por um lado, significaria que na sua origem ele no era perfeito. Por outro lado, ns poderamos ento perd-lo novamente a qualquer momento. Se classificarmos o budismo como uma religio, devemos ainda diferenciar entre dois tipos de convices. Existem as religies de f, de forte interveno na vida das pessoas, como o judasmo, o cristianismo e, antes de todos, o islamismo, cujos deuses personalizados apresentam qualidades altamente humanas. Estas se encontram confrontadas com as no dogmticas religies de experincia, como o Advaita Vedanta no hindusmo, o taosmo e o budismo, cuja meta a realizao do ser humano. Esses dois tipos de religio so fundamentalmente diferentes, tanto no que se refere s suas metas como tambm aos seus mtodos. Todas as religies de f que predominam hoje no mundo originaram-se em uma pequena regio no oriente mdio. Seu foco poltico atualmente a cidade de Jerusalm. Sua raiz comum o Velho Testamento, que provavelmente encontrou sua forma atual h 2.500 anos. As sociedades do oriente mdio eram e o so at hoje determinadas por uma constante luta pela sobrevivncia. So, por isso, orientadas por paradigmas masculinos, procuram atrair adeptos para se fortalecer, e mantm tudo unido atravs de uma legislao deter15

minada pelo seu deus. Com base nestas condies, pde-se afirmar a representao de uma fora externa, criadora, castigadora e julgadora, cuja verdade deveria ser diferente daquela dos humanos. Como tal verdade no poderia, pela sua natureza, ser testada, vivenciada ou alcanada, ela teve que ser acreditada. A tarefa dos fiis consiste na realizao dos desejos de tais foras externas ou dos representantes destas foras. Para tanto, trabalha-se com dogmas, converses, proibies e mandamentos, e deve-se ater noo, que no corresponde vida, de que, para todos um caminho verdadeiro e bom, enquanto os outros so falsos e maus. As religies de experincia do extremo oriente surgiram mais ou menos na mesma poca no norte da ndia e da China, mas sob bem menos presso da luta pela sobrevivncia. As suas sociedades mais cultas eram muito menos pacficas do que muita gente gostaria de aceitar, mas eram certamente ricas culturas com excedente. Muitas linhas filosficas eram ento conhecidas, e prevalecia grande liberdade de pensamento. Sob tais condies, as religies ganham uma orientao totalmente diferente. A meta passa a ser, neste caso, a prpria mente, o desenvolvimento do ser humano. Existem, por isso, menos decretos de fora, para forar a todos em uma direo. Em lugar de dogmas indiscutveis, podem ser reconhecidas diversas verdades como sendo teis para diferentes condies e pessoas. Buda, por exemplo, preveniu seus alunos a simplesmente acreditarem nas suas prprias palavras. Ele queria que seus ensinamentos fossem sempre questionados e que, atravs da experincia pessoal, fossem testados e confirmados. O seu desejo para cada um era e a iluminao. Para quase todas as pessoas, o que compensa aqui um caminho gradual at que se tenha desenvolvido uma base inabalvel de resistncia, compaixo, alegria e conscincia. Depois disso, muita coisa vai cada vez mais rpido e como que automtico, porque a felicidade almejada habita dentro de cada um. No nada diferente do que a prpria mente. No caminho at esta experincia, Buda confiou continuamente na independncia e no talento das pessoas e simplesmente as confrontava com o espelho liberador do seu
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ensinamento, mostrando-lhes sempre de novo o que jaz oculto nelas mesmas. O potencial para a iluminao inerente a todos os seres humanos ele chamou de natureza bdica. Esta confiana caracterstica para o caminho e para a meta, e representa a diferena fundamental em relao a todas as outras religies. Igualmente, Buda evitou aquilo que hoje denominamos de esoterismo. Mesmo que a tentativa de salvar o calor humano dos anos 60 atravs das cromadas dcadas seguintes seja comovente, um acesso puramente sentimental para o mundo no basta. Devese saber claramente o que . Comercializar fragmentos de sabedoria espiritual das mais diversas fontes, bem misturadas, em nova embalagem e sem a confirmao de anos de experincia pessoal como sendo verdades atemporais s causa confuso. Em tais sabedorias podemos certamente confiar menos do que nos tradicionais ensinamentos das religies de f, que dispem de secular experincia prtica. E o que Buda ensinou de atemporal? Ele explica que uma verdade que seja a base para tudo tem que ser a mesma sempre e em todos os lugares para ser verdadeira. Que ela no pode ser criada, nem ampliada ou danificada, porque seno ela no seria definitiva. Pela sua natureza inseparvel do espao, ela permeia tudo que e o que no , e quem cria as condies necessrias pode reconhecer esta verdade. O fato de no conseguirmos, at a iluminao, experimentar isso, ou s experimentarmos de um modo parcial, se deve mcula principal de qualquer mente no iluminada: a incapacidade de reconhecer a si mesma. Ao invs disso, a mente no treinada trabalha de um modo similar ao olho. Ele percebe tudo que externo, mas no consegue enxergar a si mesmo. Todos os ensinamentos de Buda se direcionam para a mente e para o caminho at sua total realizao. Se procurarmos pelo atemporal, indestrutvel que est, neste momento, enxergando atravs dos nossos olhos, consciente e vivenciando coisas, no se encontrar nada substancial. Por isso, Buda descreve a natureza da mente como vazia. A expresso vazio de algo era usada ento, para dizer que a percepo analisada no possua qualida17

des definidas. Com isso, Buda no descreve um nada, nenhum buraco negro, mas simplesmente indica que a mente, o experimentador, no possui tamanho nem comprimento, largura ou peso, que a fizessem ser algo. Um matemtico provavelmente descreveria esta essncia da mente como sendo o elemento neutro da experincia. Um cientista falaria de possibilidade inerente, um operrio poderia dizer no uma coisa, e um amante ou um guerreiro que experimenta o mundo como a extenso dos seus sentidos experimentariam a mente como aberta como o espao. Tudo isso significa que, mesmo que os corpos morram e que pensamentos venham e vo, o experimentador no nasceu, nem foi composto ou feito. Por isto ele tambm fica alm da morte, desintegrao ou dissoluo. A mente como o espao um recipiente atemporal, que permite tudo aparecer, que tudo abrange e conecta. Por isso tambm no existe nada externo em que devemos acreditar. Isto facilita, para muitos, o acesso. As afirmaes de Buda so auxlios para nos conhecermos melhor e sermos permanentemente mais sossegados, amorosos e felizes. Cada um responsvel por si mesmo no caminho para o prprio desenvolvimento. O Buda incorpora atravs do seu exemplo uma meta definitiva, que atingvel por todos. Assim recebemos um verdadeiro refgio, do qual, desde o incio at a iluminao, nos conscientizamos sempre de novo. No budismo tomamos refgio no completo desenvolvimento da mente, o Buda ou a budeidade; nos seus ensinamentos, os mtodos que levam iluminao; nos amigos, que trilham o caminho junto de ns; e no mestre, que deve estar em condies de convencer atravs do seu exemplo, de fascinar, e de despertar a confiana na nossa prpria natureza bdica. Conhecer os ensinamentos de Buda ento a chave para felicidade duradoura. O Buda mesmo aparece como mestre, protetor e amigo dos seres. Com a ajuda de seus meios, podemos evitar sofrimento e alcanar felicidade duradoura. Conseguimos nos desenvolver de uma forma cada vez mais poderosa e ajudar tambm os outros nisso. O termo que descreve melhor o ensinamento
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de Buda ele mesmo escolheu h 2.500 anos: Dharma desde 1.000 anos Tch em tibetano, e agora j presente no ocidente significa: como as coisas so.

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