A Crise de 1383

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A CRISE DE 1383-1385

A época que se seguiu à morte de D. Dinis não foi nada


calma. O rei D. Fernando governou Portugal numa época em que
o nosso país e toda a Europa sofriam graves problemas.
Durante vários anos as chuvas muito irregulares causaram
más colheitas. Como havia menos alimentos, as pessoas
passavam fome e facilmente contraíam doenças. O número de
mortes foi tão grande que a população diminuiu. Como passou a
haver menos pessoas, eram menos os braços para trabalhar a
terra. A produção baixou e o país ficou mais pobre. Em 1348 a
peste negra entrou em Portugal e causou a morte de um terço
da população portuguesa.
Havia descontentamento em todos os grupos sociais e
atingia também os grandes senhores do clero e da nobreza.
Sendo donos dwe muitas terras, viram os seus rendimentos
diminuirem pela falta de mão-de-obra e pela subida dos salários.
Havia menos actividade comercial e os burgueses, embora ricos,
não tinham influência junto do rei, como o clero e a nobreza.

PAÍS MAIS POBRE NO SÉCULO XIV

Chuvas irregulares más colheitas fome e doença aumento do


número de mortes

MENOS PESSOAS A TRABALHAR

MENOR PRODUÇÃO

O rei português envolveu-se em guerras com Castela que


agravaram ainda mais as condições de vida da população. D. Fernando
foi derrotado e obrigado a aceitar, em 1383, um acordo de paz
bastante desfavorável. A sua única filha e herdeira do trono, D.
Beatriz, foi dada em casamento ao rei de Castela. Este poderia, deste
modo, vir um dia a governar Portugal, visto não haver outros
descendentes e ele ser marido da futura rainha do nosso país.
Mas sendo Portugal uma monarquia hereditária e tendo D.
Fernando uma filha, não deveria ter surgido nenhum problema.
O problema da sucessão ao trono aconteceu em 1383, quando D.
Fernando morreu. Não tendo outros filhos, D. Beatriz era herdeira do
trono. Mas, de acordo com o tratado celebrado, a rainha viúva, D.
Leonor Teles, ficou como regente – regente é aquele que dirige o
Reino temporariamente, em vez do Rei- .
Segundo a tradição, os nobres que deviam obediência e
fidelidade ao rei deviam dar o seu apoio ao herdeiro legítimo que,
neste caso, era D. Beatriz. Quase toda a nobreza e clero a aceitaram
como rainha e a sua mãe como regente.
Mas quando essa notícia chegou ao Reino, grande parte do povo
revoltou-se. Com D. Beatriz rainha, o povo tinha medo que o seu
marido, o rei de Castela, passasse a governar Portugal e perdesse a
independência. Mas o povo também não suportava a viúva regente, D.
Leonor Teles. Mesmo antes de ter enviuvado, tinha uma relação
duvidosa com um nobre galego, o conde Andeiro.

POSIÇÃO DOS GRUPOS SOCIAIS EM 1383

D. BEATRIZ MESTRE DE AVIS

 Alto clero  Baixo clero


 Alta nobreza  Baixa nobreza
 Burguesia
 Povo

Os burgueses aproveitaram-se do descontentamento que se


vivia para tentarem alcançar mais poder. Embora fossem mais ricos e
instruídos que o povo, não tinham os mesmos direitos do clero e da
nobreza.
Foram os burguese que, chefiados por Álvaro Pa8is, homem rico
e muito considerado, incitaram à revolta em Lisboa. Convenceram D.
João, Mestre de Avis, meio irmão do rei D. Fernando, que facilmente
podia entrar no paço real, e desembaraçar-se do conde Andeiro. O
Mestre de Avis matou-o com a sua espada. Mas, lá fora, corre a notícia
de que era o Mestre que estava morto. Logo o povo acudiu e mostrou
o ódio que tinha contra quem apoiava D. Beatriz.
Neste clima de instabilidade, D. Leonor Teles fugiu de Lisboa
para Santarém e escreve ao genro, o rei de Castela, pedindo-lhe
ajuda.
Os castelhanos preparam-se para invadir Portugal e D. João,
Mestre de Avis, aceitou defender e governar o Reino, ficando com a
função de Regedor e Defensor do Reino.
Para o ajudar no comando militar, nomeou um homem de
confiança, D. Nuno Álvares Pereira.
O rei de Castela invadiu Portugal e dirigiu-se a Lisboa. Durante
sete meses a cidade esteve cercada, mas os seus habitantes
resistiram aos ataques e à falta de mantimentos. Uma epidemia
provocou muitas mortes entre os castelhanos e estes retiraram-se
para Castela.
CRONOLOGIA

Logo que os castelhanos vencidos regressaram a Castela foi


necessário decidir sobre quem deveria ocupar o trono de Portugal. As
Cortes reuniram-se em 1385, em Coimbra para decidir quem deveria
reinar.
Quem representou os burgueses foi o Dr. João das Regras, a
favor do Mestre de Avis, que foi aclamado rei de Portugal.
Inicia-se uma nova dinastia, a dinastia de Avis.
Descontentes com estas decisões, os castelhanos voltam a
invadir Portugal. Foram derrotados em várias batalhas. Em
Aljubarrota, D. Nuno Álvares Pereira dispôs o seu exército em
quadrado. Os castelhanos, desorientados, retiraram-se.
A TÁCTICA DO QUADRADO

ALTERAÇÕES NA SOCIEDADE PORTUGUESA

Quando começou a governar, D. João I, recompensou os que o


apoiaram:
- a burguesia passou a ter mais influência na vida do país;
- alguns nobres e burgueses receberam terras, cargos e títulos.

Sabemos que todo este período foi um tempo de revolução, isto


é, de profundas mudanças na sociedade portuguesa.
Todos estes acontecimentos nos foram transmitidos por Fernão
Lopes, o cronista encarregado de narrar a história do reinado de D.
João I.
Fernão Lopes procurou a verdade dos factos em documentos e
em testemunhos.
A professora: Ana Pereira

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