Livro de Educação para A Saúde. Rodrigues, MA
Livro de Educação para A Saúde. Rodrigues, MA
Livro de Educação para A Saúde. Rodrigues, MA
SUMÁRIO
PRÓLOGO
INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS
INTRODUÇÃO
Como gerir esse precioso bem que é a saúde dos indivíduos, neste século XXI?
Esta é uma questão que hoje mais que nunca deve merecer a atenção das organizações,
das famílias, dos profissionais de saúde e de educação. Em boa verdade nunca soubemos tanto
sobre saúde como hoje, e no entanto, constata-se que um grande número dos problemas de
saúde continua a resultar de acções directas e por vezes intencionais dos Homens.
Cada cidadão é actor e autor de um percurso de vida, com implicações nas pessoas e
nos contextos com os quais interage. A leitura que cada um faz de si e do mundo, é
determinante para a forma como assume a responsabilidade social de contribuir para o bem
comum. Nesta medida, as políticas de saúde e de educação devem estar centradas nos
cidadãos, assumindo a visão prioritária de investir na sua educação e desenvolvimento
saudável ao longo da vida.
e Saúde são duas vertentes indissociáveis, se a educação falhar, quem ganha é a psiquiatria,
referiu Cury (2005) na sua obra “Pais brilhantes, professores fascinantes”.
Neste livro pretendemos por um lado colocar a ênfase na promoção e educação para a
saúde, e por outro enfatizar a importância da pedagogia da saúde, da psicologia da saúde e
das ciências da saúde em geral, as quais permitem a aplicação sistemática e eficaz dos
princípios educativos, numa perspectiva de mudança positiva das atitudes e comportamentos
de saúde das pessoas.
Esperamos que este livro cumpra uma função educativa, sirva de guia para a formação
de estudantes e profissionais interessados na prevenção e promoção da saúde e abra pistas de
diálogo entre interessados, sobre educação, investigação e intervenção em educação para a
saúde.
O texto está estruturado em cinco capítulos principais: Educar para a saúde no Séc.
XXI; Experiências inovadoras na formação de educadores de saúde; Teorias e
modelos com aplicação em educação para a saúde; Educação para a saúde na
prática; Investigação em educação para a saúde.
1 - EDUCAR PARA A SAÚDE NO SÉCULO XXI
A saúde de cada pessoa depende do seu projecto vida, do seu sentido de felicidade
e da sua forma específica de estar no mundo.
Tal como o conceito de normalidade não pode ser explicado senão na especificidade e
no contexto em que os comportamentos ocorrem, sendo necessário um espaço de relativa
ponderação, onde se validam variáveis culturais, sociais, pessoais, religiosas, de estatuto e
outras, também o conceito de saúde evoluiu para uma dimensão integradora de uma
multiplicidade de condições que se orientam para a auto-realização do indivíduo, mais que a
simples realização das necessidades humanas básicas. Ao descentrar a atenção na doença e na
patologia e ao focar o indivíduo na sua dimensão total e integradora, introduz-se uma reflexão
crítica de natureza epistemológica, abrindo o caminho de novas perspectivas de abordagem,
passando do primado das drogas e dos tratamentos para a prioridade da prevenção da doença e
da promoção da saúde.
O confronto de posições diferentes sobre o sentido e os processos de promover a
saúde, não é uma polémica exclusiva das sociedades contemporâneas, observou-se também ao
longo da História da Humanidade desde tempos remotos.
É nesta linha que se explica o papel da outra filha de Esculápio, Hygia, que ao
contrário da irmã, ao que se diz, recusou a manipulação de instrumentos de cura como
solução absoluta, e em alternativa defendeu os valores da moderação, das normas de
conduta e estilos de vida e bem estar, adequados a uma vida saudável, como método
de prevenir as doenças. Este (diferente) paradigma preocupa-se com o ser como um
todo, também na sua dimensão mental e espiritual, sugerindo o recurso a técnicas
menos agressivas e à prevenção da doença na busca do bem estar, cabendo ao
profissional de saúde o papel de orientador e interlocutor sobre as diferentes
dimensões da vida e da pessoa. Esta visão conduz-nos aos conceitos de bem-estar
social, importante determinante de saúde; bem-estar físico e mental, bem-estar
espiritual e uma concepção holística e ecológica de saúde (Martínez, Carreras, Haro,
2000).
Não deixa de ser curioso pensarmos que a ideia da procura da saúde está relacionada
com o esforço e engenho do Homem para compreender o Mundo e a Vida na busca de auto-
realização, e que estas ideias já foram defendidas por outras figuras perdidas no tempo.
Fernando Namora (1973) revive na obra “Deuses e demónios da medicina”, diferentes
filósofos e médicos, como é o caso de Hipócrates de Cós (460-377 a.C.), filho de Heraclido
que pertencia ao tronco genealógico de Esculápio, o qual, na sua sagacidade defendeu
princípios terapêuticos que continuam a revelar-se prioritários na actualidade, como seja, dar
atenção à especificidade de cada pessoa (utente/cliente), ao seu contexto social, bem como à
natureza das terapêuticas que podem ser tanto nocivas como eficazes, exigindo prudência no
diagnóstico, uso e avaliação. Hipócrates no seu tratado Dos Ares, das Águas e dos Lugares,
realça uma visão do Homem e Universo como um sistema integrado, cuja harmonia e
diversidade é necessário amar e respeitar.
Ao procurarmos nos tempos modernos uma conceptualização universal de saúde,
enfrentamos algumas dificuldades gnoseológicas, epistemológicas e terminológicas, pelo que,
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vários autores convergem para um conceito de saúde que integra diversas variáveis
(energia criativa, respostas adaptativas internas e externas, superação de contrariedades,
sentido de coerência interna, um estado de equilíbrio e harmonia, plenitude de vida a uma
dimensão pessoal, social, cultural e ecológica). No caminho do desenvolvimento saudável
enquanto processo de busca de harmonia, o Homem precisa de cuidar da sua relação com o
meio ambiente e modificar os seus comportamentos sempre que esteja em causa o equilíbrio
dinâmico dos sistemas. A saúde dos sistemas e do meio influencia de forma determinante a
qualidade de vida e os indicadores de satisfação e felicidade das pessoas «entende-se por
qualidade de vida, de acordo com o grupo de trabalho da OMS (1993), a percepção única e
pessoal que as pessoas têm da sua condição, do seu contexto, cultura e sistema de valores e
sua relação com seus objectivos, expectativas, normas e inquietações». Estado de saúde,
quantidade de vida e qualidade de vida estão assim incondicionalmente interligadas, uma vez
que implicam uma percepção positiva do eu no mundo, do ser, da cultura, do sistema de
valores, objectivos e expectativas, de modo a antecipar e projectar para uma vida com sentido,
independentemente das adversidades.
A evolução de novas concepções sobre a pessoa e a vida, fundamentadas pela
investigação científica, determinou a acção das políticas de saúde e das políticas de
educação nos últimos 30 anos. De acordo com o Ministério da Saúde (2004), as actuais
políticas de saúde têm referentes fundamentais na noção de cuidados de saúde primários,
expressos pela Conferência de Alma Ata em 1978, que estabelecia uma ordem prioritária na
prevenção da doença e na promoção da saúde; a adopção do conceito de metas para a saúde,
como elemento fundamental para a formulação de políticas de saúde para todos; e a ideia de
promoção de saúde, através da carta de Ottawa em 1986, em que se reconhece os
determinantes culturais da saúde, dos estilos de vida saudáveis e dos meios organizacionais
específicos, redes de cidades saudáveis, escolas promotoras de saúde, promoção de saúde nas
empresas. As políticas de saúde implicam a preocupação com os mecanismos que assegurem
uma visão prospectiva e resultados sustentados na qualidade de vida das populações,
assumindo o cidadão como referencial, com absoluto respeito pelas suas preferências e
necessidades, bem como pelos princípios da justiça, de cidadania e de coesão social.
A concretização de boas políticas de saúde depende de boas políticas de educação, do
desenvolvimento educativo das pessoas e comunidades. O ser humano precisa de viver na
sociedade do conhecimento e ter acesso à melhor informação; por outro lado, precisa de
adaptar-se continuamente, aprendendo a lidar com oportunidades e sucessos, mas também,
com dificuldades, obstáculos, limitações e frustrações. Esta capacidade resiliente de enfrentar
barreiras, depende muito frequentemente dos nossos estilos de lidar e do locus de controlo
interno, acreditando que os acontecimentos de vida dependem mais das nossas atitudes e
decisões que de factores externos de sorte ou azar. No sentido do crescimento saudável, talvez
desde pequeninos, devêssemos ser ensinados a agir em coerência com o quadro de valores de
referência e preferência, a ser capazes de lidar com as alterações correntes da vida, a gerir as
crises de desenvolvimento, a auto-conhecermo-nos e auto-regular as nossas cognições e
emoções (Goleman, 1995).
A saúde é um bem e a educação para a saúde é uma missão que deve ser
encarada com sentido pedagógico, didáctico e de investigação.
A Educação para a Saúde (EpS) tem vindo a ser internacionalmente reconhecida como
parte integrante dos esforços para a prevenção da doença e promoção da saúde. Temos
assistido à análise do conceito ao longo do tempo, devido sobretudo à evolução das ciências e
das técnicas, bem como da percepção dos factores ambientais, sociais e comportamentais que
afectam a saúde.
Em 1972, Griffiths, citado por Russel (1996, pág. 5), afirmava: “ a EpS tenta
encurtar a distância entre práticas de saúde óptimas e o que é presentemente
realizado”, processo que serve de ponte entre a informação de saúde e as práticas
de saúde, considerando o indivíduo como centro da educação para a saúde,
atendendo às suas características individuais no domínio afectivo, cognitivo,
cultural ou espiritual. Mais tarde Greene e Simons-Morton (1984), sublinham a
perspectiva de Darden, de 1973, ao focalizar a educação para a saúde na
personalidade, com vista a melhorar a auto-estima, o auto-conhecimento, na busca
do bem-estar. Em 1990, Tonnes, citado por Bennett e Murphy (1999, pág.11)
definiu EpS como “qualquer actividade planeada que promova a aprendizagem
relacionada com a saúde e a doença, isto é, qualquer alteração relativamente
permanente na competência ou disposição de um indivíduo”. Posteriormente, em
1991, Green e Kreuter citados por Russel (1996, pág. 5), apresentavam a seguinte
definição: “qualquer combinação planeada de experiências de aprendizagem,
realizada de forma a predispor, capacitar e reforçar o comportamento voluntário
que promove a saúde dos indivíduos, grupos e comunidades”. Educação para a
saúde pode também definir-se genericamente, como toda a combinação de
experiências de aprendizagem planeada, destinada a facilitar as mudanças
voluntárias para uma vida saudável (Rochon,1996). Ou ainda, como um processo
sistemático de ensino e aprendizagem orientado para a aquisição fácil, eleição e
manutenção de práticas saudáveis, evitando os comportamentos de risco (Costa e
López, 1996).
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Alma-Ata 1978 Otawa 1986 Adelaida 1988 Sundsvall 1991 Jakarta 1997 Mexico 2000
Educação para a - Escolas, famílias Necessária para a Papel do povo Para permitir a Para promover
a participação
Saúde - EpS e trabalho promoção de indígena pelo seu promoção de
da comunidade
saúde saber e saúde nas suas
questões de
conhecimento do
saúde
meio ambiente
Participação Os governos Fundamental Requer adequada Luta pelo meio Requer adequada Informar e
integrar a
Comunitária devem facilitar para a tomada de educação para a ambiente informação
População na
este dever e decisões e saúde prévia tomada de
decisões
direito do povo execução de
estratégias
As pessoas ainda que confrontadas com comportamentos de risco não gostam muito
de ser pressionadas para a mudança; apesar de conhecerem o risco persistem e
resistem no comportamento de rotina.
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No entanto, muitas destas metas parecem estar em muitos aspectos longe de poderem
ser almejadas por todos, pelo que assistimos a uma verdadeira encruzilhada, a um complexo
puzzle, onde nem tudo encaixa da melhor forma. Forças em sentido contrário, atitudes e
comportamentos paradoxais, falta de sentido na orientação do conceito de progresso, deixa-
nos na dúvida sobre as rotas que seguimos.
As assimetrias sócio-económicas
Temos que acreditar que é possível intervir na reconstrução social, no contexto das
pessoas mais desfavorecidas e nas comunidades com menos acessibilidades,
entendendo a saúde como um valor positivo de desenvolvimento das populações, para
uma vida plena de sentido.
O contraste entre pobres e ricos é uma verdadeira chaga que a humanidade, apesar da
sua inteligência e da sua tecnologia, não conseguiu exorcizar; um terço da população do Leste
Europeu vive ainda em condições de extrema pobreza e as diferenças nos rendimentos das
famílias reflectem uma grave injustiça social com implicações efectivas ao nível de saúde.
O International Council of Nurses (2004), declarou ser uma das preocupações da
profissão de enfermagem, as condições de saúde das populações, relacionadas com as
desigualdades sociais e a pobreza. Cerca de 1,2 biliões de pessoas vivem em pobreza extrema,
com menos de um dólar por dia, das quais 70% são do sexo feminino. Sabemos que em
Portugal cresce o número de pessoas a passar mal e é já preocupante a quantidade de pessoas
e famílias que passa fome.
As questões relacionadas com crises naturais e desertificação, o trabalho precário, o
desemprego (do total de 180 milhões de desempregados no mundo, 41% tem idades
compreendidas entre os 15 e os 25 anos), a imigração desregulada e as políticas que clivam
cada vez mais a barreira entre muito ricos e muito pobres, são as principais causas do
crescimento da pobreza e da doença. Pobreza e saúde precária caminham lado a lado. As
doenças dos mais pobres têm um menor investimento em gastos de pesquisa, e no entanto,
considerando o caso do VIH/SIDA, dos 42 milhões de infectados 39 milhões são de países
desfavorecidos.
Historicamente, os factores sócio-económicos têm estado ligados ao declínio da
mortalidade na Europa, como resultado da melhoria das condições de vida. No entanto,
actualmente, esses factores ainda são fontes de variação da saúde entre as populações da
Europa. Uma análise das desigualdades socio-económicas na mortalidade por causa de morte,
revela uma clara diferenciação entre o Norte e o Sul da Europa Ocidental.
Nos Países Nórdicos e na Inglaterra/País de Gales e Irlanda, metade ou mais, da
diferença da mortalidade total associada a factores sócio-económicos é devida a um excessivo
risco de doenças cardiovasculares nos grupos sócio-económicos mais baixos.
Em Portugal, França, Suíça, Itália, Espanha, as doenças cardiovasculares representam
apenas uma pequena porção do risco mais elevado de mortalidade prematura nos grupos
socio-económicos mais baixos, em contrapartida o cancro, as doenças gastrointestinais (como
a cirrose hepática) e as causas externas, assumem uma grande proporção dos riscos excessivos
nos grupos socio-económicos mais baixos (OMS, 1996).
Por toda a Europa há desigualdades socio-económicas substanciais. O consumo de
tabaco é mais frequente nos grupos sócio-económicos mais baixos, pelo menos no Norte e
Oeste da Europa Ocidental. Alterações ao longo do tempo e dados mais recentes sugerem que
os padrões estão a mudar rapidamente e que, por exemplo fumar, será em breve um hábito das
classes sociais mais baixas também no Sul da Europa Ocidental.
No que diz respeito ao consumo de álcool, muitos estudos revelam que tanto a
abstenção como o consumo excessivo de álcool são mais prevalentes nos grupos sócio-
económicos mais baixos, aplicando-se mais aos homens que ás mulheres, existindo também
grandes diferenças nestes padrões entre os países. Os padrões de nutrição estão também
fortemente padronizados, a prevalência da obesidade é mais elevada nos grupos sócio-
económicos mais baixos em quase todos os países europeus.
Há padrões sociais a indicar que uma abordagem individual à mudança de
comportamentos associados à saúde, por si só, é apenas parcialmente efectiva. Por isso, cabe
aos governos optar por políticas no sentido de reduzir as desigualdades nos determinantes de
saúde sócio-económicos, e implementar estratégias na redução das desigualdades em
determinantes específicos como comportamentos relacionados com a saúde ou exposições
ocupacionais a riscos de saúde, e aumentar a prestação dos cuidados de saúde aos grupos
sócio-económicos mais desfavorecidos.
Em Portugal, a esperança de vida à nascença aumentou praticamente para o dobro
durante o Século XX, quer nos casos das mulheres (40,0 anos em 1929; 77,3 anos em 1990)
quer no caso dos homens (35,8 anos em 1920; 70,2 anos em 1990). Apesar de esta tendência
se ter continuado a desenvolver favoravelmente nas últimas décadas, a esperança de vida da
população portuguesa ainda permanece abaixo da média da União Europeia.
A verdade é que o baixo rendimento das famílias nem sempre permite que os pais
assumam o sublime papel de primeiros educadores, sobretudo em regiões onde o emprego é
inseguro e instável, o que gera insegurança, medo, incapacidade de planeamento futuro. A
qualidade do emprego é um dos maiores contributos para a saúde mental das pessoas,
ajudando-as a desenvolver uma atitude optimista ao longo da vida no sentido de um
envelhecimento saudável.
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Sabendo que os alicerces de boa saúde na idade adulta implica cuidados na fase pré-
natal e na infância, é necessário que as famílias tenham condições para dar o necessário apoio
continuado e oportuno às mães e às crianças para esse início de vida saudável.
Tornou-se visível que a busca de condições de trabalho igualitárias pelas mulheres, foi
acompanhado da falta de tempo para cuidar dos seus filhos; as condições de stress no trabalho
e na luta pelas carreiras é frequentemente transferido para a educação dos filhos, com
implicações sérias no seu desenvolvimento cognitivo e emocional equilibrado. Ao delegar a
educação dos filhos a pessoas e sistemas alternativos, por vezes, os pais e as mães vão-se
afastando do diálogo com os filhos, perdendo a oportunidade de gerar laços de afecto fortes
no início da vida que perdurem ao longo das diferentes crises de desenvolvimento.
O consumo de tabaco
O consumo de tabaco é a principal causa evitável de morbilidade e mortalidade.
Segundo os dados do relatório da OMS (2002), o consumo de tabaco é a principal causa
isolada de peso de doença. Se realmente foi um mau princípio e um erro, durante décadas,
apoiar e valorizar socialmente comportamentos, como seja o fumo, é muito mais grave hoje,
que conhecemos os seus efeitos negativos sobre a saúde individual e colectiva, não
encontrarmos uma alternativa efectiva para esse problema.
Vivendo numa sociedade consumista, permissiva, repleta de apelos inadequados à
idade e desenvolvimento de adolescentes e jovens, estes, facilmente se deixa arrastar para
comportamentos que depressa se manifestam por dependências, como é o caso do tabagismo.
O tabaco é responsável por um elevado número de mortes e custa à Região Europeia
vários milhares de milhões de Euros por ano. Actualmente, cerca de um em cada quatro
adultos fuma; o consumo parece tender a crescer e estima-se que as mortes imputáveis ao
tabaco poderão subir para cerca de nove milhões em 2020, e chegar a dez milhões por volta
de 2030.
Para além dos factores sociais e comportamentais associados com o início do
tabagismo, observa-se uma clara dependência da nicotina na maioria dos fumadores crónicos.
De acordo com a OMS, as Assembleias Mundiais sobre tabagismo e o Conselho de Prevenção
do Tabagismo, acima de 50% dos jovens com 15 anos já experimentaram tabaco e quase um
terço de todos os jovens são fumadores antes dos 18 anos.
Em Portugal o consumo de tabaco tem vindo a diminuir situando-se em 19,5% a
prevalência de fumadores na população com mais de 15 anos (Portugal, Inquérito Nacional de
Saúde 1998/99, INSA 2001), sendo o sexo masculino o principal responsável por esta
diminuição (com excepção do grupo etário dos 35-44 anos, onde se regista um aumento da
prevalência dos fumadores). Está no entanto a aumentar o consumo de tabaco no sexo
feminino de forma preocupante.
Apesar das intervenções para a cessação tabágica serem reconhecidas como sendo de
elevado rácio custo-eficiência, não têm sido implementadas intervenções estruturadas nos
cuidados primários e restantes, bem como, não têm sido desenvolvidos serviços de
desabituação tabágica.
Em Portugal, em casa, nos locais de trabalho e em lugares públicos, os direitos dos não
fumadores não são reconhecidos, com graves consequências para a saúde, principalmente das
crianças. A legislação ainda é deficiente do ponto de vista de protecção dos não fumadores.
Os preços praticados em relação aos produtos tabágicos encontram-se a níveis que ainda não
representam um desincentivo ao seu consumo, quando comparado com o poder de compra
médio do cidadão português. De acordo com o Relatório da Primavera, do Observatório
Português dos Sistemas de Saúde (2004), em Janeiro foi oficialmente publicado o Programa
Nacional de Intervenção Integrada sobre determinantes de saúde relacionados com estilos de
vida, através do Despacho nº 1916/2004. DR II Série, nº 23, com um horizonte temporal de 10
anos que aguarda implementação.
Muitos adolescentes começam a fumar como recurso de integração social “por estilo”
“para parecer adulto”, reforço da “auto estima e auto imagem” bem como meio de afirmação
social e integração no grupo. Por isso se torna tão difícil intervir e as estratégias parecem
resultar com dificuldade, o que obriga os governos a introduzir medidas correctivas com
recurso aos métodos de proibição. Estes métodos de proibição deverão ser no entanto
acompanhados de medidas alternativas, que permitam desenvolver processos de
acompanhamento e evolução progressiva das situações de dependência.
O recurso, actualmente, a slogans gravados em negrito nos maços de tabaco “fumar
mata...” é outra medida da qual não sabemos ainda os efeitos, mas que representa mais um
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esforço de ataque ao problema. Historicamente sabemos que, em relação aos slogans que se
usaram inicialmente para desmoralizar o consumo de drogas, não só não teve efeitos
significativos, como em algumas situações, se fez acompanhar com o aumento do número de
casos, como se se tratasse de um efeito contrário, boomerang.
O Consumo de álcool
Genericamente, a população portuguesa parece caracterizar-se por ter um elevado
consumo de álcool; o consumo per capita de álcool puro foi de 15,6 litros em 1999, um valor
acima da média europeia, 11,7 litros (WHO, Health For All_Database, 2002). Segundo os
inquéritos nacionais de Saúde verificou-se que em 1999 houve uma descida na percentagem
de consumidores no Continente. O Observatório Português dos Sistemas de Saúde (200),
refere-se aos dados do World Drink Trends, que indica que Portugal em 2002 ainda se
mantém em quinto maior consumidor, com 9,7 l de álcool puro per capita. Contrariando a
expectativa de tendência de melhoria, ocorreu um aumento de consumidores do sexo
masculino, dos 15 aos 17 anos de idade. Verificou-se também um aumento importante nos
consumidores femininos, no Alentejo, entre os 15 e os 54 anos de idade. É de realçar que os
jovens são um grupo alvo das campanhas de publicidade e promoção de vendas.
Quanto aos padrões de consumo, constata-se um aumento significativo do consumo de
cerveja e de bebidas destiladas. Os jovens que consomem álcool têm o seu primeiro contacto
com as bebidas alcoólicas com cerca de 11 anos (8/15), predominando entre os 15 e 24 anos,
o consumo de cerveja e de bebidas destiladas fora das refeições, 2 a 3 vezes por semana e em
grandes quantidades, no âmbito social e de diversão nocturna, com mudanças nos padrões de
consumo agudo em detrimento do crónico. Em termos de mortalidade, já se reflecte um
decréscimo nos indicadores de mortalidade por doença hepática crónica e por cirrose hepática.
O álcool é também uma substância de uso comum na maioria das regiões do mundo.
Alguns indicadores relacionados com o consumo excessivo de álcool e contribuição da
produção de bebidas alcoólicas para o PNB da UE de 2001: a contribuição da produção de
bebidas alcoólicas para o PNB da UE é de 2%; por sua vez, o peso dos problemas derivados do
consumo de álcool sobre o PNB da UE é de 5-6 %.
Com uma taxa até 0,8 g/l, os efeitos do etanol sobre o sistema nervoso central, pode
determinar durante a condução diversos efeitos de alarme, como seja: visão estereoscópica,
erros de cálculo de distância, perturbações de adaptação à luz, dificuldades de adaptação,
excitação ligeira, alterações motoras, atrasos nos tempos de reacção e vigilância diminuída. A
combinação álcool/condução representa a causa de uma elevada taxa de acidentes. Se a estes
factores juntarmos a irresponsabilidade a agressividade, a falta de descanso e factores de
distractibilidade, temos a fórmula para justificar este verdadeiro clima a que já se chamou
“guerra civil das estradas”.
A Carta Europeia sobre o Álcool de 1995 e o Plano Europeu de Acção contra o álcool
definiram estratégias que abrangem impostos sobre bebidas alcoólicas, controlo de publicidade.
O consumo de álcool e noutra dimensão o consumo de drogas, não é apenas uma ameaça à
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saúde mental como contribui para a propagação da infecção do VIH e da hepatite. Os sujeitos
alcoólicos estão vulneráveis a doenças hepáticas, nutricionais e o seu comportamento social
interfere a longo prazo com a família e o meio laboral.
A população portuguesa é especialmente afectada por este problema uma vez que cerca
de 1 milhão e oitocentos mil são bebedores excessivos e doentes alcoólicos crónicos. O
consumo per capita no nosso país é dos mais elevados do mundo. A informação sobre os
efeitos das bebidas alcoólicas clarificação de falsos conceitos e capacitação para líder com
problemas de uso excessivo é um desafio da educação para a saúde, sobretudo nas comunidades
mais vulneráveis.
O Consumo de Drogas
Comportamentos alimentares
A par da pouca qualidade dos nutrientes, prejudicada por vezes pelo recurso excessivo a
aditivos alimentares como refere Ferreira (1998), os hábitos alimentares dos nossos jovens têm-
se caracterizado pelo fast food, fora de horas, pobre em vitaminas, demasiados farináceos, o
consumo exagerado de açúcares, de sal e de gordura poli saturadas, baixo consumo de sopa e
fruta.
Sexualidade
Roque (2001) aponta Portugal como o País da Europa com uma maior percentagem de
mães adolescentes. Curiosamente alguns estudos indicam que as adolescentes desejam
intencionalmente engravidar, muitas vezes como processo de afirmação e necessidade de serem
ouvidas. A angústia muitas vezes canalizada de forma auto-punitiva, pode no caso das raparigas
gerar luta interna e expressar-se através duma gravidez precoce. No caso dos rapazes a angústia
tende a ser projectada sob a forma de hostilidade para a exterioridade, visível em
comportamentos de violência.
As questões relacionadas com a sexualidade, ganham hoje um lugar particularmente
importante, contribuindo para decisões legislativas, que visam salvaguardar a educação sexual
e o trabalho das escolas promotoras de saúde. A única forma de resolver um problema é
enfrentá-lo através de estratégias concertadas, orientadas para a promoção duma consciência
social alargada.
Duque (2002), refere-se aos primeiros casos de uma epidemia anunciada, “nos Estados
Unidos da América do Norte; a epidemia da SIDA, começou de forma oficial em cinco de
Junho de 1981, com a publicação dos primeiros casos de pneumonia por “Pneumocystis
carinii no boletim do Centers for disease control, Morbidity and Mortality Weekly Report”
(pág.. 11).
Entretanto, as sucessivas revisões do número de pessoas infectadas, publicado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), reflectem a rápida progressão da epidemia do VIH no
mundo.
...um flagelo à proporção da Humanidade?...
A tendência que se observa é o predomínio da infecção nos países em vias de
desenvolvimento e nos grupos menos privilegiados dentro dos países desenvolvidos. Segundo a
OMS e ONUSIDA, existiriam no mundo no final de 1999, cerca de 33,6 milhões de pessoas
infectadas com o VIH, aos quais se tem vindo a somar 5,6 milhões de pessoas infectadas no
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decorrer do ano de 2000, das quais 570 mil crianças com menos de 15 anos. Estes valores
equivalem a 15 mil novas infecções em cada dia, ou seja, 625 por hora – 10 por minuto
(Caetano, 2000).
As doenças sexualmente transmissíveis varrem a Europa e o Mundo, muitas vezes
associadas à pobreza, à mobilidade social, mas também devido à subnutrição afectiva e cultural.
O Centro Europeu para a Vigilância Epidemiológica da SIDA, dirigido por Jean Brunet, e
situado em St. Maurice, França, referiu como notificados até Junho de 99, nos 48 países da
Região Europeia, um total de 224359 casos de SIDA, dos quais 60% já morreram. Aos países
da União Europeia correspondiam 134342 destes casos, apesar da epidemia estar em redução na
União Europeia, isso não acontece nos países de Leste (aumentos superiores a 400% no último
ano). Na União Europeia, Portugal e Espanha são os países mais afectados sendo o primeiro, o
país onde a epidemia não decresceu. No ano de 1998, a Espanha ficou em primeiro lugar no
número de casos por milhão de habitantes (90) seguindo-se Portugal (88) (Caetano, 2000).
A expansão destas doenças infecciosas resultou, em parte, do desenvolvimento
tecnológico contemporâneo. A mudança do ecossistema físico-químico e “vivencial” dos
humanos determinou pois o aparecimento de muitas doenças infecciosas, com grave
repercussão na vida das sociedades.
Com as nossas pequenas acções irreflectidas tecemos por vezes a malha da nossa
própria destruição. Um agricultor que pulveriza os seus vegetais com um insecticida momentos
antes de os transportar para o mercado, põe em risco a saúde do consumidor, que atraído pelo
aspecto fresco do produto, o consome sem uma margem de segurança para que o tóxico seja
eliminado. Hoje tornou-se generalizado o uso de químicos para limpar os terrenos de ervas
daninhas, quer para facilitar o crescimento dos frutos, vegetais e cereais, ameaçando a cadeia
alimentar e poluindo os solos e as águas. Contra esta acção do Homem insurge-se a natureza,
reagindo com novas pragas, de tal modo que hoje praticamente não se consegue colher nada
sem tratamento químico. Não está muito longe o tempo em que nas aldeias se podia colher fruta
das árvores que se desenvolviam espontaneamente sem tratamento; os campos eram arroteados
e lavrados e as águas dos ribeiros eram límpidas e frescas. Hoje os pequenos ribeiros da nossa
infância estão poluídos, turvos e sem peixes. A par da toxicidade provocada pelos homens e da
ruptura biológica, assistimos ao crescente leque de doenças que afectam os animais, os quais
entram na nossa cadeia alimentar, ex: Variante da doença de Creutzfeldt-Jakob no Homem,
variante da encefalopatia espongiforme bovina (EEB)); Frangos (nitrofuranos); Derivados
tóxicos da produção de peixe em aquacultura etc...).
Convém recordar que os maiores inimigos da saúde humana, não são as epidemias em
si, mas os próprios hábitos e comportamentos não saudáveis. A saúde é um valor positivo que
não pode ser prejudicado por uma concepção errada de progresso. Com iniciativa e boa
vontade, qualquer cidadão pode converter-se num agente educador de saúde. As grandes
mudanças começam a partir de pequenos gestos do nosso dia a dia.
Num país com baixo nível de formação e consciência ecológica, muitos contribuem
diariamente sem escrúpulos nem oposição, com doses massivas de poluentes que ameaçam a
natureza e a vida. Quando por exemplo acompanhamos a construção civil e verificamos como
trabalhadores, completamente alheios a questões fundamentais de saúde pública deixam
enterrados todo o tipo de materiais (garrafas, cartões, plásticos, tintas, latas, diluentes, papéis,
cartões, tubos, arame, resíduos alimentares etc...), ou simplesmente os abandonam em praça
pública sem qualquer tipo de protecção de pessoas ou animais.
A EpS é pois, por natureza, um campo eclético, delineado a partir de uma grande
variedade de disciplinas, onde se inclui a pedagogia, a psicologia, a sociologia, a biologia, a
antropologia, a história, a comunicação, o marketing, a medicina, a enfermagem, a
epidemiologia e a estatística (Russel 1996).
As actividades de EpS são amplas e englobam aconselhamento a doentes, formação
em serviço, educação formal, campanhas publicitárias, trabalho comunitário de intervenção
programada. Os locais onde se exerce são também os mais diversos, incluindo universidades,
escolas, hospitais, farmácias, zonas comerciais, organizações comunitárias, organizações
voluntárias de saúde, locais de trabalho, igrejas, prisões, serviços de saúde.
A Educação para a saúde ganha a dimensão de consciência pública, o que implica uma
visão transdisciplinar que permita a estruturação, coordenação e articulação de forma
sustentável das intervenções a nível macroestrutural ou dos sistemas de saúde local (Basto,
2000). Esta perspectiva vem ao encontro à declaração de Alma-Ata, que defende que para
além do sector de saúde devem estar envolvidos todos os sectores e aspectos correlativos de
desenvolvimento nacional e comunitários.
As diferentes abordagens ao conceito de educação para a saúde, como verificámos
anteriormente, apenas reforçam a ideia de alguma imprecisão compreensiva e de elevado grau
de problematização, sobre o âmbito de saber qual a área disciplinar específica em que se
integra.
Em Espanha, Martinez et al (2000) explicam que o desenvolvimento da educação para
a saúde está relacionado com a progressiva consolidação das Ciências da Educação e
especificamente da Pedagogia Social, caracterizadas pela pluralidade de perspectivas, de
referentes epistemológicos e interdisciplinaridade. A educação para a saúde na intersecção
das ciências da educação e das ciências da saúde, necessita de especificação e delimitação
gnoseológica e delimitação epistemológica, quanto ao seu objecto conceptual e identidade.
31
Macrosistema (atitude,
ideologias)
Exosistema (serviç
(serviços
assistenciais, vizinhos,
famí
família extensa)
Microsistema (famí
(família,
escola, colegas)
PESSOA
Como formar todos aqueles que se situam em pontos de influência e decisão na área da
educação e da saúde, de modo a que assumam a liderança de estratégias e programas de
intervenção em prevenção e promoção de saúde?
operative on the levels of the patients’s post operative anxiety (Mendes, et al, 2005). Numa
perspectiva de educação para saúde, o conceito eventualmente mais correcto poderia ser,
pedagogia para saúde ou pedagogia aplicada à promoção e educação para a saúde.
A experiência docente na Formação Pós Graduada em Pedagogia da Saúde, tem-nos
permitido compreender a importância do papel da formação de profissionais da área da saúde
e da educação, os quais devem assumir a liderança dos programas de apoio e mudança das
condutas de populações específicas.
O Curso de Pós-Graduação em Pedagogia da Saúde criado na Escola Superior de
Enfermagem Dr Ângelo da Fonseca em 1999, surgiu como resposta a necessidades objectivas
de carência de profissionais com competências pedagógicas especializadas na área da educação
para a saúde. No final do curso espera-se que os formandos sejam capazes, no plano prático, de
planear, executar e avaliar estratégias técnico-pedagógicas e comunicacionais como
formadores; identificar problemas prioritários na área da saúde, em função dos diferentes tipos
de populações com que trabalham; seleccionar e desenvolver estratégias de intervenção de
educação e aconselhamento para a promoção de estilos de vida saudáveis.
O programa orienta-se para a consecução dos seguintes objectivos: analisar políticas
integradoras de educação e saúde visando uma sociedade saudável; desenvolver a capacidade de
concepção e aplicação prática de estratégias pedagógicas; promover potencialidades de reflexão
e auto-análise orientadas para a resolução de problemas e tomada de decisão; desenvolver
competências de investigação na área de Pedagogia da Saúde; avaliar diferentes métodos e
técnicas educativas, dirigidas à promoção de comportamentos saudáveis. Ao longo de cinco
anos frequentaram o curso, formandos de diferentes licenciaturas: Enfermagem; Serviço Social;
Medicina; Psicologia; Tecnologia da Saúde; Biologia; Bioquímica; Ensino Português;
Geografia; Ciências da Educação; Matemática.
Ao longo de cada Curso procedemos a um trabalho de acompanhamento e avaliação, de
modo a entender a especificidade de cada formando e o nível de satisfação em relação ao
desenvolvimento do programa. Nas avaliações finais, a par das dificuldades e das insuficiências
que naturalmente existem, os formandos consideraram sempre muito enriquecedora a
experiência de partilha entre pessoas com diferentes formações estilos e projectos pessoais e
profissionais; a maioria dos formandos considerou o curso como um processo de mudança
positiva em relação à rotina de trabalho e aprendizagem que estavam habituados; e que ajudou a
uma efectiva mudança na conceptualização e aprendizagem experiencial, com previsíveis
efeitos positivos na sua condição de educadores de saúde.
2.2 - Formação de educadores de saúde: pressupostos pedagógicos
Einstein, afirmava que a arte mais importante de um professor é saber despertar nos
seus educandos a alegria de criar e de conhecer.
A educação ajuda as pessoas a gerar a força que as apoia na tomada de decisão tranquila e
responsável, em momentos problemáticos da vida, especialmente quando é necessário escolher,
decidir e mudar. A mudança positiva implica a procura de esclarecimento e o desenvolvimento
da atitude experiencial, enquanto caminho positivo de ver as coisas, enquanto poder pessoal de
focalizar sentimentos, sentir significados ou cognições dos outros, reconstruir conteúdos ao
nível da própria experiência.
Muitas vezes colocámos esta questão, como base de reflexão, no contexto da formação. A
questão é tanto mais pertinente, quanto sabemos que é frequente encontrarmos pessoas que
revelam um comportamento errado quando já conhecem o comportamento certo. Porque
não mudam efectivamente, se estão devidamente informados?
O que os educadores de saúde devem ter em conta, quanto aos processos de mudança:
b) Ter em conta o princípio do prazer: muitas pessoas afirmam que não desejam
mudar um comportamento que lhes dá prazer. Às vezes um vício é uma opção de
recurso onde a pessoa se apoia e compensa. Para quê mudar se me sinto bem?
Um ponto de vista não é mais que a vista a partir de um ponto, pelo que precisamos de
múltiplos pontos de vista para obter uma abordagem panorâmica divergente, de forma a
entender as questões de saúde, na sua diversidade, complexidade, oposição e contradição. A
realidade depende da percepção de cada um, do seu campo de experiência, da sua actividade
simbólica, do seu mundo fenomenológico e de valores, tornando-a uma pessoa única. Cada
pessoa, como ser irrepetível, goza de livre arbítrio, o que justifica o seu comportamento
específico. A maior riqueza dos grupos é precisamente a sua diversidade e pluralidade,
podendo contar com a especificidade e genuinidade de cada um.
Tomamos como exemplo a experiência de formação no contexto dos cursos de Pós
graduação em Pedagogia da Saúde, ao longo dos quais fomos verificando a enorme vantagem
dos grupos serem constituídos por formandos oriundos de campos disciplinares diversos
(Enfermeiros, Médicos, Técnicos de Serviço Social, Tecnologia da Saúde, Psicólogos,
Professores, Biólogos; Farmacêuticos, Veterinários, entre outros), todos com interesses na
área da educação para a saúde. Pela diversidade curricular e riqueza das experiências de vida
pudemos construir uma dinâmica de grupo mais motivante e sinérgica. Os grupos
diferenciados tendem a criar novos campos de análise, a discutir questões com mais
exaustividade e a enriquecer os pontos de vistas dos seus elementos numa dimensão
transversal, facilitadora da acção solidária e cooperativa na intervenção nas grandes questões
sociais.
Na perspectiva andragógica, os adultos são portadores de uma experiência que lhes
permite constituírem-se como recurso mais rico para as suas aprendizagens, o que os ajuda a
passar de uma lógica centrada em conteúdos para uma formação orientada para a resolução de
problemas concretos; os adultos são também sensíveis a estímulos de natureza externa, porém
os factores de ordem interna, a vontade de buscar a sabedoria e de a aplicar são determinantes
para o seu envolvimento.
43
Em boa verdade, vários são os escolhos que perturbam as nossas avaliações e não
deixam ver com clareza e mais longe. Sentimo-nos frequentemente frustrados perante as
nossas limitações e acabamos por agir da pior maneira, criando culpa virando a agressividade
contra si mesmo ou tornando-nos hostis lançando a agressividade para o mundo exterior. Esta
agressividade ou a falta de assertividade resulta muitas vezes de crenças erradas acerca das
nossas limitações pessoais. Devemos entender que nem tudo o que aprendemos acerca de nós
próprios é positivo, sobre nós nem todas as notícias são agradáveis, por vezes precisamos de
ser humildes sem perdermos a coragem, a vontade e a auto-estima. A pior forma de agir numa
perspectiva de saúde, quando temos notícias negativas sobre o nosso mundo físico ou mental,
é considerá-las como dados absolutos. A ditadura das ideias negativas afectam a nossa
linguagem e esta pela sua repetição torna-se um limite ao nosso campo vivencial.
No pólo oposto de um contínuo colocam-se as perspectivas da exterioridade, que
enfatizam as estratégias comunicacionais da reciprocidade. A reciprocidade é a chave do
sucesso do trabalho em grupo e implica que a pessoa se abra à experiência do outro e do
mundo, tomando a iniciativa de promoção de interacções e contextos de partilha, servindo-se
de habilidades de comunicação, negociação, para informar, convencer, motivar e obter
respostas positivas dos outros. Um bom funcionamento recíproco implica perceber que se
queremos ajudar alguém a construir a sua felicidade não podemos passar o tempo a dar-lhe
ordens, sendo sempre preferível elogiar a censurar. A abertura à experiência e a reciprocidade
com respeito pela especificidade e liberdade de cada um, dá-nos a possibilidade de
descobrirmos coisas interessantes sobre as pessoas e o mundo. Se aprendermos a partilhar
com os outros veremos o efeito positivo dessa acção, no milagre da própria realização.
Ao mesmo tempo, que neste século do cérebro, nos fascinam as descobertas sobre uma
previsível área do potencial humano ainda por explorar pela ciência, várias teorias defendem a
importância da caminhada do homem ao interior de si mesmo. Não parece ser possível ao
homem na sua Odisseia atingir um superior entendimento do mundo, se não souber navegar
nos mistérios da sua interioridade. Na perspectiva da comunicação para a interioridade Carl
Rogers refere-se à importância do diálogo interior, à experiência interior, enquanto realidade
subjectiva ou campo fenomenal, habitada por sentimentos e valores. Navegar nesta
interioridade subjectiva na senda da consciência dos verdadeiros sentimentos e experiências e
da congruência entre o eu real e o eu ideal. Rogers (1991) explica que nesta viagem de
esclarecimento interno, cada um deve procurar reflectir sobre os seus enigmas e compreender
melhor o significado presente da sua experiência. Deste modo, ganha uma atitude menos
defensiva para confessar as suas próprias dúvidas e assim encontrar novas resposta. A
comunicação, enquanto processo de clarificação, permite o desenvolvimento pessoal no
sentido da auto-realização, é inicialmente acerca de nós, da definição das nossas posses e
recursos, orientação e objectivos. Inevitavelmente para equilíbrio na relação com os outros,
precisamos de condições favoráveis à nossa harmonia interior.
de teste auto-interrogante, de Williams (1988, pág.. 22), que servem para focalizar
a acção do profissional educador de saúde, antes de qualquer intervenção:
- serão as nossas atitudes, valores e crenças que temos como educadores de
saúde adequados para os nossos doentes e clientes ?
- seremos nós professores, animadores, persuasores ou informadores ?
- quem conhecerá melhor os factos, nós ou os utentes ?
- que sabe a pessoa ou o doente sobre a sua saúde ?
- devemos ouvir o que ele tem a dizer e falar com seus familiares e amigos?
-existirão barreiras sociais (idade, classe social, sotaque, dialecto ou nível
educacional) que possam prejudicar uma efectiva educação para a saúde?
- estaremos perante um caso de «faça o que eu digo e não o que eu faço»?
- existirá um papel modelo que seria um mensageiro com mais credibilidade?
As grandes iniciativas são por vezes actos criativos de génios, porém, cada um de nós
pode acordar o seu próprio génio interior e aplicar toda a sua sabedoria. A imagem da pedra,
na parábola “ sopra de pedra”, é um exemplo como um acto simples, sem qualquer significado
especial aparente, pode desencadear uma acção criadora que gera uma onda de solidariedade,
traduzida no milagre da sopa abundante e saborosa para todos, no mesmo momento em que
todos se queixavam de nada ter que comer.
Actualmente, as soluções criativas começam a ser retomadas como necessidade
urgente, ao encontro da crise educativa, levando alguns Países a implementar programas
de promoção criativa, ao longo da escolaridade, para responder às exigências
competitivas da sociedade moderna. A necessidade de aprender processos de
reestruturação, adaptando-se a situações imprevisíveis, controlando acontecimentos
fortuitos, tomando iniciativas e decisões, criando alternativas de forma flexível, obriga
ao desenvolvimento de competências criativas.
Na procura de uma definição conveniente, sobre o que é ser criativo, encontramo-
nos perante um manancial inesgotável de tentativas de clarificação, pelo que tentar
defini-la é como tentar reter um mar de ideias com um continente de palavras (De La
Torre, 1995, pág. 271). A criatividade é uma necessidade humana, o pensamento criativo
é inevitável. Esse potencial escondido, organiza-se enquanto realidade dinâmica,
holística, envolvendo factores cognitivos, emocionais, e tensionais. A criatividade é algo
mais que pensamento; sentimento, tensão e cognição interactuam em qualquer actividade
humana.
O pensamento criativo é entendido como uma actividade cinética, relacional,
integrativa emergindo do profundo da natureza humana como característica de pessoas
que se libertam e auto realizam na plenitude da experienciação humana de abertura ao
mundo (Sandoval, 1987).
Como se gera a torrente criativa que nos permite mudar e crescer com saúde?
Os enfermeiros comungam da opinião, de que as pessoas afectadas por uma decisão têm de
fazer parte desse processo que conduz à tomada dessa decisão, e procuram transportar este
princípio para a sua prática de cuidados.
Na nossa experiência de formação, na disciplina de pedagogia da saúde, de acordo
com a uma estratégia pedagógica intencional, começamos por enunciar um conjunto de
princípios que derivam de um conjunto de teorias sócio-construtivas, e de seguida
analisamos e criticamos as implicações em saúde e na prática de cuidados desses marcos
teóricos.
1º - Existe um potencial natural dentro de cada Implica que os objectivos em saúde sejam
pessoa centrados na pessoa, no seu potencial natural
2º - A pessoa aprende na medida que se auto- Implica que o cliente possa clarificar as suas
conhece dúvidas, medos ou convicções
3º - A pessoa interessa-se quando descobre o que Implica que o enfermeiro compreenda o que é
é particularmente significativo para si significativo para o cliente e não propor
realidades externas incompatíveis com a sua
53
4º - A pessoa educa-se através de um processo de Em saúde não vale a pena impor mudanças sem
auto-conscientização que o cliente adquira a consciência da
necessidade da mudança
6º - Aprender e mudar é um processo evolutivo Não se pode esperar resultados imediatos das
acções realizadas; ajudar é um processo de
capacitação progressiva, como quem monta
andaimes para subir na construção
7º - Os contextos (pares, família, escola, O Enf. deve dar atenção aos diálogos partilhados
intituições...) são fundamentais para a educação entre pares; deve considerar os conteúdos
das pessoas culturais e os contextos vivenciais dos seus
clientes
8º - Educar é adequar a linguagem e os recursos No processo de relação o Enf. deverá dar uma
especial atenção aos processos de educação na
prática de cuidados
9º - As ajudas devem ser diversificadas e O Enf. deve diversificar as suas acções de ajuda
diferenciadas considerando a complexidade do ser humano e
atender as suas características específicas
EMPOWERMENT,
EMPOWERMENT, ENTENDIDO COMO UM CONTÍ
CONTÍNUO, NO PROCESSO
DE CONSCIENTIZAÇ
CONSCIENTIZAÇÃO DE SAÚ
SAÚDE
Utilizar a análise SWOT para confrontação de forças internas e externas face a um dado
problema ou questão
Esta técnica, ainda que complexa na sua execução, permite uma análise em profundidade das
forças que geram os movimentos de mudança, seu sentido, intensidade e dinâmica. Serve muito bem
os objectivos de compreender os jogos sinérgicos de interioridade e exterioridade que quando
equilibrados ajudam as pessoas a realizar os seus projectos. Numa perspectiva de educação para a
saúde, esta técnica precisa de ser muito bem gerida de modo que a pessoa a quem se deseja ajudar se
disponibilize para esta viagem a avaliação das linhas de força opostas que por vezes se interpõem no
decurso da vida.
Técnica adequada às estratégias de tomada de decisão, que parte de situações problema, para
as sujeitar a uma análise crítica, considerando “alternativas e suas consequências”.
1º passo: Apresentação da situação problema, a partir da qual se colocam várias alternativas ou opções
de resposta. A apresentação de estas situações pode fazer-se por escrito, através de filmes; estórias
contadas; parábolas...
ALTERNATIVAS CONSEQUÊNCIAS
1ª alternativa
2ª alternativa
3ª alternativa
...
O conceito e a teoria
O empowerment é um processo que desafia as concepções tradicionais acerca do
poder, da participação, da colaboração, da ajuda e da realização pessoal. A literatura define
empowerment como um processo social multidimensional que ajuda as pessoas a ganharem o
controlo sobre as suas próprias vidas. É um processo que aumenta a capacidade de realização
das pessoas, tendo em vista a melhoria das suas vidas e das suas comunidades, através da
acção sobre assuntos e problemas considerados importantes (Page e Czuba, 1999). No âmago
do conceito de empowerment está a ideia de que é possível e desejável que as pessoas
adquiram controlo sobre as suas próprias vidas e sejam capacitadas a colaborarem nos
processos de mudança das suas condições sociais e culturais.
O conceito começa a ser desenvolvido pela Ciência Política e pela Sociologia, na
década de 60, como resposta à necessidade de fornecer um suporte teórico aos movimentos
comunitários que visavam a libertação e a integração dos excluídos e das minorias (Lukes,
59
1994). O movimento pelos direitos cívicos, ocorrido nos EUA, nessa década, constituiu um
dos momentos marcantes na criação de programas de empowerment. Mais tarde, na década de
70, os programas de empowerment alargaram-se às minorias culturais e sexuais. Nos últimos
vinte anos, com a ocorrência da epidemia de SIDA, o conceito começou a entrar na literatura
médica e estendeu-se aos movimentos de doentes, tendo em vista um maior controlo dos
pacientes sobre os processos terapêuticos. Nos nossos dias, o conceito tem vindo a impregnar
praticamente todos os movimentos sociais de emancipação cultural, económica e social, com
particular relevo para a educação e saúde, e as relações humanas no trabalho e nas
organizações (Craig e Mayo, 1995).
Block (1987) refere que a essência do empowerment é ter uma visão e conseguir
(enquanto um elemento constitutivo do processo) realizá-la com a colaboração de outras
pessoas. A visão é entendida como uma meta a alcançar, algo que é importante para nós e
com capacidade para unir as pessoas. Essa visão tem algo de semelhante com o célebre
discurso de Martin Luther King, “I have a Dream” que galvanizou centenas de milhares de
afro-americanos, na luta pela igualdade racial. Em primeiro lugar, implica ter consciência de
que se quer mudar alguma coisa. Quando se pretende a mudança é porque não se está
satisfeito com o status quo (Lappe e Dubois, 1994). Criar uma visão nas pessoas e nas
comunidades é descrita por Nanus (1992) como uma força necessária à mudança de uma
organização ou de uma comunidade, movendo-as na direcção necessária. Para realizar uma
visão é preciso dar força às pessoas, colocá-las perto dos recursos necessários e estimulá-las a
realizarem actividades conducentes ao cumprimento das metas.
Page e Czuba (1999) defendem a existência de três componentes na definição de
empowerment: multidimensional, social e processual. É um processo multidimensional, que
ocorre numa dada sociedade, atravessado por dimensões psicológicas, culturais e económicas.
O empowerment ocorre a vários níveis: individual, grupal e social. O empowerment é uma
espécie de jornada feita em grupo, tendo em vista a chegada a determinadas metas, com o
concurso de todos e de cada um. O processo é, em si mesmo, educativo e capacitante, dando
consciência social às pessoas e dotando-as de competências de intervenção e de libertação.
A ideia do poder está no centro do conceito de empowerment (Cheater, 1999). A
possibilidade do empowerment depende de duas coisas. Primeiro, a ideia de que o poder pode
mudar e que não é uma coisa fixa e permanente. Se o poder fosse fixo e permanente, o
empowerment não seria possível, porque os que herdavam o poder seriam capazes de o
conservar para sempre, impedindo os destituídos de poder de ter acesso ao poder. Segundo, se
o poder pode mudar, então o empowerment é possível e os destituídos de poder podem ter a
esperança de o adquirir.
O clássico Max Weber (1946) definiu poder como a capacidade de alguém fazer com
que os outros façam aquilo que ele pretende, independentemente dos interesses e desejos
deles. A sociologia tem vindo a associar o poder ao controlo e à influência sobre os outros. O
poder não existe isolado. É, pelo contrário, criado a partir das relações entre as pessoas. Tal
como as relações podem mudar, assim também o poder se altera.
Quando pensamos em poder, pensamos, habitualmente, em controlo e dominação.
Mas, o empowerment não se pode confundir com o conceito tradicional de poder. O
empowerment caracteriza-se, sobretudo, pela colaboração, partilha e mutualidade. Ao
contrário da noção de poder, que está mais ligada à dominação e ao controlo, o empowerment
anda associado à libertação, à parceria e à colaboração, no sentido de se criarem relações mais
igualitárias e que escapem ao paradigma do dominador-dominado. Enquanto o poder é um
conceito que encerra uma visão hierárquica das relações entre as pessoas, o empowerment
encerra uma visão mais igualitária (Page e Czuba, 1999). Alguns investigadores (Lappe e
Dubois, 1994) chamam a este tipo de poder, o poder relacional ou poder generativo, ou ainda
poder integrativo. O empowerment ganha, então, um sentido diferente do conceito de poder,
uma vez que significa dar poder a quem não o tem em vez de o diminuir. Com o
empowerment, os destituídos de poder desenvolvem capacidades que lhes permitem
implementar, participar, colaborar e realizar e, nesse processo, esses indivíduos ganham
consciência das suas capacidades, aprendem a colocar os recursos comunitários ao seu serviço
e a ganharem autoconfiança. É um processo que permite dar voz aos que são, habitualmente,
silenciados.
Os benefícios
O conceito de empowerment tem vindo a ser adoptado pelas teorias organizacionais e,
hoje em dia, é consensual a ideia de que as organizações são melhor geridas quando existe
uma política de empowerment que percorre todas as esferas e componentes, desde as chefias
até aos funcionários mais modestos. Quando os funcionários partilham informação,
conhecimentos e capacidades, todos beneficiam: organização, clientes e trabalhadores. Por si
só, o empowerment é um factor de motivação e promove a partilha de uma cultura
organizacional comum.
Os benefícios do empowerment nas organizações incluem:
1) As organizações começam a ser vistas como comunidades aprendentes, em
constante transformação, de modo a conseguirem uma adaptação continuada à
realidade e às necessidades dos clientes/utentes. Para criar uma cultura de
aprendizagem permanente, com o objectivo de servir as necessidades dos
clientes/utentes, a organização deve possuir um programa de formação de pessoal
constantemente actualizado. A formação do pessoal é a base de qualquer
organização aprendente e pode ocorrer em cenários formais e informais.
2) O pessoal sente-se mais confiante e responsável quando participa no processo de
tomada de decisões. A partilha da responsabilidade entre a direcção e o resto do
pessoal faz aumentar os níveis de confiança e de motivação para a realização das
tarefas.
3) Numa organização que incorpore o conceito de empowerment, o objectivo é servir
as necessidades dos clientes/utentes. Como o pessoal se sente co-responsável pelas
decisões tomadas, a organização tem mais facilidade de proceder a avaliações
contínuas e a reajustes e mudanças nas suas práticas.
4) O pessoal é mais responsável e presta contas. Quando o empowerment está no
centro da cultura da organização, as decisões são tomadas em conjunto e, por isso,
é mais fácil desenvolver uma política continuada de prestação de contas.
63
Alguns estudos actuais vão nesse sentido e mostram interacções entre sucesso
académico e bem-estar, como os mencionados por Ames (1995), Auspaugh, et al. (1999) e
Dolgener & Hensley (1998). Cada estudante deverá prestar atenção ao seu próprio
69
Teoria da conscientização: Paulo Freire (1983) indica que a Educação deve ser um processo
orientado a conseguir uma mudança social que melhore as condições de vida das pessoas
oprimidas, processo esse que deve intervir nas medidas políticas de modo a reduzir as
desigualdades e a procurar um desenvolvimento em que a consciência crítica impere. O
desenvolvimento da consciência da comunidade, implica um processo activo, transformativo
assente na reflexão na acção, articulando-se em torno dum quadro de valores, atitudes,
normas, e relações sociais. Tal como Gransci, Freinet e outros construtivistas, Paulo Freire
fundamentou o princípio da consciência crítica, transformadora, de modo a que as populações
reconheçam as suas necessidades e adquiram as competências necessárias para as realizar.
Implica reflectir sobre uma realidade concreta, examinar as causas subjacentes, identificar as
implicações e desenhar um plano de acção.
Teoria dos estádios de mudança: Prochaska e DiClemente (1982) referem diferentes estádios
de mudança: pre-contemplação (o indivíduo não tem qualquer intenção de mudar pelo que
precisa de despertar para a consciência do problema); contemplação (o indivíduo reconhece o
problema e pensa seriamente em mudar); preparação para agir (prevê um momento preciso
para mudar); acção (beneficiando de reforços e apoios); manutenção (mantém o novo
comportamento há seis ou mais meses).
Apesar de ter os seus opositores, sobretudo no que concerne à crítica da fraca
valorização de factores estruturais e ambientais, este método inicialmente utilizado na
prevenção tabágica, tem vindo a ser aplicado nas práticas de risco de VIH/AIDS, sedentarismo,
e alimentação saudável (Guias de Educação e Promoção da Saúde, PAPPS, 2001, pág.. 13).
Teoria da acção racional: As variáveis desta teoria descrita por Fishbein et al (1994) são o
comportamento, a intenção, a atitude e as normas. Um determinado comportamento pode ser
definido pela combinação de quatro componentes, acção (por ex. Risco de infecção com VIH),
alvo (incentivando o uso de preservativos e populações de risco), contexto (bordéis) e tempo
(sempre que tiverem relações sexuais). A intenção expressa na tentativa de desempenhar um
comportamento é o melhor preditor de que o comportamento desejado ocorrerá realmente. As
atitudes são observáveis através dos sentimentos positivos ou negativos de uma pessoa em
relação ao desempenho de um determinado comportamento (crenças comportamentais). As
normas expressam a percepção de uma pessoa acerca das opiniões de outras pessoas no que
concerne ao comportamento definido (crenças normativas). Por exemplo, os comportamentos
visados pela (TAR) podem ser fumo, álcool, contracepção ou outros.
De acordo com Moreira (2001) houve três movimentos teóricos diferentes que foram
fundamentando os esforços preventivos: modelo Informativo-Comunicacional, Humanista e o
Neo-Behaviorista.
O Modelo Informativo-Comunicacional, enfatiza a importância dos factores cognitivos
na mudança de atitudes, valoriza a transmissão de informação.
73
Modelos de educação para a sexualidade saudável: qualquer que seja o modelo a utilizar na
educação sexual deve ter-se sempre em conta toda a comunidade, família, alunos, professores
e profissionais de saúde (López e Oroz, 1999).
De acordo com os autores citados, existem quatro formas de abordar a sexualidade
dos adolescentes, que podem ser consubstanciadas nos seguintes modelos: modelo moral ou
da educação do carácter que assenta no princípio de que é possível e desejável educar o
adolescente tendo em vista a abstinência sexual e a formação para o casamento; modelo
revolucionário, assenta no apoio e fomento da actividade sexual dos adolescentes à margem
da família, incutindo neles a ideia de que podem aceder às condutas sexuais sem riscos;
75
Modelo das crenças de saúde: Proposto por Becker, parte do princípio de que os
comportamentos saudáveis são racionalmente determinados pela percepção da vulnerabilidade
das pessoas às ameaças à sua saúde. Segundo Rosenststook, Strecher e Becker (1994), é
constituído por diferentes variáveis: Percepção individual da susceptibilidade a determinada
doença e percepção da gravidade (ameaça percepcionada); Numa perspectiva de probabilidade
de acção, são ainda comparados os benefícios percepcionados e as barreiras percepcionadas;
São factores modificadores as variáveis sociodemográficas e sociopsicológicas, a auto-eficácia
(conceito introduzido por Bandura), disposição para a acção e pistas da acção.
Couto (1998), efectua uma análise comparativa entre o modelo das crenças de saúde e a teoria
do comportamento planeado, salientando que a primeira prediz a probabilidade de
comportamento numa determinada direcção, enquanto que a teoria do comportamento planeado
só prediz o comportamento via intenção comportamental. Ressalta a ideia, de que estes modelos
colocam a ênfase na pessoa e por isso não seguem outras teorias ou modelos que apenas
colocam a ênfase na transmissão de informação.
“El modelo de las 7 esferas (M7E) es un camino a través del cual se puede ir
desvelando la naturaleza más intima de los comportamientos y estilos de vida.
Para el M7E, éstos son sucesos complejos, hechos de 7 esferas o dimensiones
que configuran «la galaxia del comportamiento. Dos de esas esferas, pertenecen
al entorno y las otras cinco son dimensiones personales. Los comportamientos
son ecológicos y transaccionales porque se producen en las interacciones
recíprocas con las circunstancias del entorno” (pág.. 108, 109).
Como tem vindo a ser enfatizado, as pessoas na maioria das vezes não mudam os seus
comportamentos de risco, apenas porque alguém lhe dá indicação da necessidade de mudança
ou lhe disponibiliza a informação actualizada. Os profissionais de saúde devem dar toda a
atenção a este princípio, porém, por vezes manifestam a tendência de encarar esta questão
com alguma superficialidade ou até com algum sobrancerismo, influenciados pela ditadura
dos conhecimentos ou pela cegueira da autoridade do técnico. Daqui resulta o recorrente
fracasso da sua acção educativa, em algumas áreas da prevenção, apesar de possuírem
conhecimentos científicos pertinentes e actuais. Na realidade, os conhecimentos científicos e
técnicos que os profissionais de saúde possuem são normalmente considerados necessários, e
ajudam a credibilizar as acções educativas, porém, podem ser insuficientes para que a
mudança de crença, atitude, ou comportamento aconteça de facto.
Em EpS a estratégia psicológica e pedagógica é determinante para a adesão dos
sujeitos ao significado da mensagem. Todo o comportamento humano tem um significado,
não existe rejeição gratuita nem motivação sem sentido. Esta complexa realidade que constitui
a galáxia dos comportamentos humanos, no que concerne a estilos de vida saudáveis, implica
da parte do educador de saúde, uma adequada preparação prévia, um rigoroso trabalho de
desenvolvimento de habilidades, capacidades e competências pessoais e sociais.
- Simulações
artifícios criativos sugestivos como condição necessária para uma adesão activa do formando,
gerando condições de execução, através do interesse e predisposição dos formandos.
O desenvolvimento de uma sessão de educação para a saúde não deve ser demasiado
longa. A organização, sequência, equilíbrio e fluidez são condições fundamentais para a
eficácia da intervenção educativa, através de um processo fluido de abertura, divergência,
expansividade, exploração criativa do tema e convergência integradora. Neste processo, é
importante alertar os formandos para o uso cuidado da analogia e da metáfora e uso
expressivo das mãos (treinar a coerência entre o gesto e a palavra é uma das competências mais
complexas). O uso de materiais desempenhando função de comparação objectiva (ex.: o
recurso a uma pilha, e com ela tocar a mucosa labial e a mão, para comparar a diferença entre a
sensibilidade da pele e das mucosas), estabelecendo de seguida uma analogia com os cuidados
de prevenção das doenças sexualmente transmitidas que passam pela necessidade de protecção
das mucosas; e de demonstração efectiva (ex.: colocação dum selo para diagnóstico da febre na
criança).
O processo de regulação implica que o educador de saúde, adapte a comunicação e
crie condições de relax mental. O processo educativo conduzido com base nos interesses e no
envolvimento das pessoas para quem comunicamos, ajuda a sintetizar as ideias e os esquemas
que devem ficar como compromisso da mudança de atitudes e comportamentos. A arte de
regular e construir sínteses significativas deve fazer parte da competência do educador de saúde.
Grelha de Heteroavaliação
Curso:
Grupo:
Tema:
Data:
Avalie este momento educativo, atribuindo uma pontuação variando entre (1 e 7), para cada
item:
A – FASE DE INICIAÇÃO:
1 – Precisão na indicação dos objectivos da acção educativa ( )
2 – Clareza na explicação dos métodos e técnicas a utilizar ( )
B – FASE DE DESENVOLVIMENTO
3 – Habilidade na exploração de ideias ( )
4 – Criatividade dos recursos didácticos ( )
5 – Ritmo da actividade ( )
6 – Recurso expressivo do corpo e da linguagem ( )
7 – Qualidade das intervenções de relação ( )
8 – Organização dos diferentes elementos do grupo ( )
9 – Gestão do tempo ( )
10 – Capacidade de integração de ideias ( )
C – FASE DE SÍNTESE PEDAGÓGICA
11 – Habilidade de fecho e conclusão ( )
12 – Pertinência das sugestões ( )
b) A importância de criar redes e integrar sistemas: Tal como pudemos verificar nas
propostas de alguns modelos e teorias anteriormente descritos, a criação de redes e parcerias, é
um factor importante no processo de intervenção programada (densidade, extensão, caminhos)
e apoia-se na teoria sistémica (interacção, totalidade, multidisciplinaridade,
multidimensionalidade, articulação, complexidade, reciprocidade, sinergias, regulação). A
Organização Mundial de Saúde na meta de saúde para todos n.º 29, afirmava o desejo de que
em todos os Estados membros, os sistemas de cuidados de saúde primários, se pudessem apoiar
na cooperação e no trabalho de equipa entre prestadores de cuidados de saúde, indivíduos,
famílias e grupos de comunidade. O processo de planificação deve prever sempre, desde o
início, os processos e recursos para se envolverem as pessoas ou grupos que se pretendem
capacitar.
As pessoas cujas vidas são afectadas por uma decisão têm de fazer parte desse processo
que conduz à tomada de decisão (Naisbiit, 1996)
Esta exigência, implica que os Estados, através das políticas de saúde, invistam na
formação dos profissionais de saúde e organização e gestão dos serviços de saúde, facilitando
o trabalho em equipa, a inter ajuda, promovendo a participação comunitária garantindo a
cooperação intersectorial. Dar incentivo a líderes empenhados capazes de gerir e coordenar
acções de forma integrada, e de promover a confiança e motivação dos diferentes elementos
das equipas que se envolvem para dinamizar projectos inovadores.
Por sua vez, a investigação rigorosa implica massa crítica e investimento em unidades
ou grupos de investigação devidamente reconhecidos. Nestes últimos anos emergiu o conceito
de Unidade de Investigação que assenta na existência de uma equipa cujos elementos
desenvolvem a sua actividade de I&D, num determinado domínio científico ou tecnológico ou
em domínios de intervenção multidisciplinar, partilhando um ou mais propósitos comuns. De
acordo com o Regulamento do Programa de Financiamento Plurianual de Unidades de I&D
(2002), cada Unidade deve possuir a massa crítica necessária para alcançar os seus objectivos,
o que, em princípio, requer que seja integrada, no mínimo por três doutorados com currículos
científicos de mérito, sendo um deles o coordenador científico, o qual assegura a liderança
científica e é responsável pelas actividades de gestão. Uma Unidade pode organizar-se por
linhas de investigação em função do tipo de projectos que a integram e devem ser acolhidas
por Instituições de Ensino Superior que demonstrem competência para disponibilizar
instalações, infra-estruturas e recursos humanos.
As Unidades de Investigação têm como finalidade a produção científica, em ramos
específicos do saber. No entanto, essa produção científica que emerge das Unidades de
Investigação deve ser obrigatoriamente avaliada por uma comissão de peritos, principalmente
estrangeiros, com base em critérios internacionalmente aceites. A acreditação de Institutos,
Laboratórios e Unidades de Investigação é crucial para o princípio da equidade.
De acordo com o DL nº 205/2002 que aprova a Lei Orgânica do Ministério da Ciência
e do Ensino Superior, indica como uma das atribuições deste ministério: “ Promover a difusão
da informação científica e técnica e a cultura científica dos cidadãos” artigo 2 alínea g). Por
sua vez cabe especificamente à Fundação para a Ciência e Tecnologia (artigo 20, 2) dar
continuidade a esse esforço de promover a cultura científica e tecnológica, apoiar e avaliar as
Unidades de Investigação.
Importa perceber que sem apoio e financiamento não há investigação científica viável
e útil. Comparando os dados relativos à percentagem do PIB dirigido à investigação,
verificamos que existe diferença entre a Europa (1,98%) em relação ao Japão (2,98%) ou
EUA(2,80%). Ao nível da Europa podemos verificar uma nítida desigualdade entre Portugal
(0,48%), Grécia (0,67%) e Espanha (0,96%) em contraste com a Suécia (4,27%), Finlândia
(3,49%) e Alemanha (2,49%).
A inovação em EpS deve merecer cada vez maior atenção da parte da massa crítica de
investigadores, das instituições, ao promover investigação cujos resultados sejam transferíveis
para a prática. Encontramos já, na área da antropologia, pedagogia, psicologia da saúde, das
ciências da saúde em geral e da enfermagem em particular, muitos estudos reveladores de
inovação criativa orientados para promoção de saúde e a educação para a saúde, como os que
meramente a título de exemplo resumimos de seguida:
Uma das estratégias para a formação de educadores de saúde, é importante que passe
também pela integração de equipas de investigação com projectos de investigação aplicada,
de forma a desenvolverem competências de investigação, de conceptualização, análise
reflexiva e intervenção fundamentada.
De seguida apresentamos o exemplo de um projecto de investigação em educação
para a saúde de crianças em idade escolar, que se enquadra nas orientações estratégicas dos
Programas Nacionais, estruturado de acordo com as indicações dos formulários de
candidatura a concursos de projectos de I&D, recomendados pela Fundação para a Ciência e
Tecnologia. Embora de uma forma resumida, e eventualmente questionável, explicitamos o
projecto em seus diferentes componentes, por se enquadrar na área da promoção e educação
em saúde, ter sido desenhado com a finalidade de diagnosticar situações de saúde de crianças
e em continuidade intervir de forma inovadora em educação para a saúde.
Este projecto inscreve-se na área das ciências da saúde e visa objectivos socio-
económicos de impacto na saúde humana. Está desenhado para um desenvolvimento temporal
de três anos, podendo ser replicado em anos posteriores sempre que se considerarem ganhos em
saúde significativos e interesse na área da produção de conhecimento científico.
projecto. Quatro dos investigadores possuem o grau de doutor e um o grau de mestre. Dois
residem na Região Centro do País, um reside no Sul, outro no Norte, e outro ainda em Espanha.
A localização geográfica dos investigadores é intencionalmente facilitadora do desenvolvimento
das actividades de investigação nesses mesmos contextos, ao longo do projecto. Para este
projecto foi considerada a necessidade de integrar, além da equipa principal, um conjunto de
consultores, especialistas em saúde infantil, psicologia e pedagogia, bem como colaboradores
que desenvolvem actividade em centros de saúde, especialmente enfermeiros de saúde escolar,
a fim de tornar exequível um modelo de intervenção significativo, participado e em contexto.
Relevância do Projecto: uma questão importante, que é preciso ter clara desde o início é
saber se o projecto se inscreve em eixos prioritários, que justificam o investimento, em
recursos humanos e materiais, considerando os resultados e repercussões que se esperam.
Estes estudos anteriores integram algumas ideias chave, comuns à maioria de outros
estudos de investigação realizados, disponíveis no universo do conhecimento e que seguem o
marco teórico (a primeira que o desenho é uma forma de expressão privilegiado da criança e
a segunda é que a percepção que a criança de 6 a 12 anos tem da sua própria saúde é um
indicador a considerar):
A criança é capaz de exprimir através dos desenhos ideias que não é capaz de
expressar por palavras:
Através dos desenhos a criança pode expressar sentimentos profundos bloqueados, resultantes de traumas
(Burgess AW e Hartman CR, 1993);
Pridmore (1996) desenvolveu no Botswana um método para explorar a expressividade da criança através do
método desenho-escrita;
Chinn and watson (1994) demonstram como se pode encorajar a criança a expressar ideias através de desenhos,
libertando os seus pensamentos e emoções;
Stafstrom CE, Rostasy K, Minster, a utilidade dos desenhos das crianças no diagnóstico da dor de cabeça
Sartain, Clarke e Heymen (2000) efectuaram um estudo qualitativo, entrevistando as crianças através da
técnica do desenho procurando entender os significados da palavra das crianças com doença crónica. Os
estudos com crianças hospitalizadas são diversificados, uma vez que a experiência de internamento é
normalmente uma experiência stressante.
Clatworth,, Simon e Tiedeman (1999) validaram instrumentos para medir o estado emocional da criança
em idade escolar, internada no hospital (Missouri Children’s Picture Séries (MCPS) de Sines et al e
Child Drawing: Hospital (CD:H).
Pridmore e Lansdown (1997), num estudo realizado numa escola primária de Londres, reflectem sobre o
desenho como uma forma de quebrar barreiras, facilitando a exploração das percepções de saúde das
crianças.
Parker e Logan (2000) estudaram as percepções das necessidades de saúde das crianças em idade escolar
e suas implicações na prática de cuidados de enfermagem.
95
A opinião que cada pessoa tem sobre o seu estado de saúde é um indicador
recomendado pela OMS para avaliação do estado de saúde das populações:
World Health Organization – Health interview surveys: towards international harmonization of methods and
instruments. Copenhagen: WHO Regional Publications European Series nº 58, 1996.
Riley, Anne W. et al (2004) – The Child Report Form of the CHIP-CE. Reliability and validity. Medical Care. V
42, nº 3
Objectivos do projecto:
- Avaliar as percepções de saúde e bem-estar das crianças em idade escolar com idades
compreendidas entre os 6 e 12 anos.
- Intervir em educação para a saúde das crianças, no contexto escolar, partindo do diagnóstico
das percepções de saúde e utilizando os princípios do método eduterapêutico
Instrumentos de medida
Exemplo de ligação em rede deste projecto a outros com afinidade. Se considerarmos como
ideia central a saúde das crianças, podemos organizar em rede 4 projectos de investigação
inscritos em 2005 na Unidade de Investigação UICiSa_dE:
99
Percepções de
saúde e
estratégias
E.S
A dor na criativas de
criança educação para a
saúde de
Neste livro colocámos a ênfase no papel determinante da educação para a saúde, para
ganhos efectivos em saúde. Numa tentativa de clarificação conceptual, analisámos o campo
teórico da educação para a saúde, o significado da educação para a saúde, e o que se entende
por educador de saúde.
O livro dedica ainda uma parte final à questão da investigação científica, como
exigência fundamental para a produção de conhecimento científico útil transferível para a
prática em educação para a saúde. O facto dos educadores de saúde desejarem integrar
101
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