Cuidados em Saúde Primário

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Índice

1. Introdução.................................................................................................................................1
1.1. Objectivos.........................................................................................................................2
1.1.1. Objectivo Geral..........................................................................................................2
1.1.2. Objectivos Específicos...............................................................................................2
1.2. Relevância da Pesquisa.....................................................................................................2
2. Metodologia..............................................................................................................................3
2.1. Método de abordagem.......................................................................................................4
2.2. Técnicas e instrumentos de investigação..........................................................................4
3. Revisão da Literatura................................................................................................................5
3.1. Evolução Histórica dos Cuidados de Saúde Primários em Moçambique.........................5
3.1.1. Conceito de cuidados de saúde primários..................................................................6
3.1.2. Características dos cuidados de saúde primários.......................................................7
3.1.3. Dimensão dos cuidados de saúde primários..............................................................8
3.2. Interação dos cuidados de saúde primários com outros sectores......................................9
3.3. Factores constituintes dos cuidados de saúde primários em Moçambique.....................11
3.4. Local de prestação dos cuidados de saúde primários (níveis de prestação de cuidados)12
4. Considerações Finais..............................................................................................................14
5. Referências Bibliográficas.....................................................................................................15
1. Introdução

O acesso aos serviços de saúde de qualidade é crucial para uma saúde boa e equilibrada. Este
trabalho tem por objectivo fornecer evidências científicas sólidas sobre os cuidados de saúde
primários e acesso ao sistema de saúde em Moçambique e as desigualdades sociais que afectam
esse acesso.

A assistência médica universal é um dos principais contribuintes para o bem-estar de um país,


pois melhora a equidade em saúde, cobrindo as necessidades de saúde de toda a população
(Organização Mundial de Saúde, 2013). O acesso aos serviços de saúde de qualidade é crucial
para uma saúde boa e equitativa. O sistema de saúde é um determinante social da saúde que é
influenciado e influencia outros determinantes sociais. A classe social, o género, a etnia e o local
de residência estão intimamente ligados ao acesso, experiências e benefícios das pessoas em
relação à assistência médica.

Os cuidados de saúde primários é conceptualizada em alguns princípios básicos que incluem


cuidados para todos (valores de justiça social), sustentáveis, com participação comunitária (as
pessoas não são somente receptores de cuidados mas actores no processo de promoção da sua
saúde e da dos outros) e acção intersectorial para a saúde. Durante os anos 80 os centros de saúde
emergiram como operacionalização da estratégia dos cuidados de saúde primários, mas foi-se
tornando evidente que necessitavam de apoio hospitalar. A evolução do pensamento sobre o
papel dos centros de saúde e dos hospitais levou a retomar o conceito de distrito de saúde. O
distrito de saúde é o nível administrativo mais periférico do Sistema Nacional de Saúde, com
área geográfica e população bem definidas, com centros de saúde e um primeiro nível de
referência (hospital distrital), com todos os recursos da comunidade e outros prestadores de
cuidados de saúde e com uma direcção que coordena todas as actividades de promoção,
prevenção, curativas e de reabilitação da saúde.

Os cuidados de saúde primários (CSP) são o primeiro nível de contacto com o sistema nacional
de saúde para os indivíduos, as famílias e a comunidade, trazendo os cuidados de saúde tão
próximo quanto possível para os locais onde as pessoas vivem e trabalham.

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1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral

O presente trabalho tem como objectivo geral: compreender a importância dos cuidados de saúde
primários em Moçambique.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Entende a Evolução Histórica dos Cuidados de Saúde Primários em Moçambique;
 Explicar a integração dos cuidados de saúde primários em outros sectores
 Entender quais factores constituintes dos cuidados de saúde primários em Moçambique
 Perceber onde são prestados os cuidados de saúde primários e que níveis de prestação
existem;

1.2. Relevância da Pesquisa


A saúde pode também ser entendida como um recurso e não apenas como um estado ou objetivo
de vida. A utilização da saúde enquanto recurso, pessoal e social, é fortemente influenciada por
crenças, etnia, idade, género, condições socioeconómicas, delimitações geográficas, entre outros
fatores, a que a Organização Mundial da Saúde denomina de determinantes da saúde. Uma
abordagem abrangente é, portanto, uma pré-condição necessária para alcançar um sistema justo
de saúde para todos e deve incluir os Cuidados de Saúde Primários (CSP) como o primeiro nível
de contato de indivíduos, família e comunidade com os sistemas nacionais de saúde. Os sistemas
de saúde produzem resultados de saúde muito melhores quando reflectem os Cuidados de Saúde
Primários (CSP), com uma referência adequada para níveis mais elevados de cuidados, onde a
prevenção e a promoção estão em equilíbrio com o investimento em intervenções curativas.
Evidências mostram que os Cuidados de Saúde Primários (CSP), contrariamente aos cuidados
especializados, estão associados a uma distribuição mais equitativa da saúde da população, uma
constatação que é consistente em estudos transnacionais e intra-nacionais.

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2. Metodologia
A escolha do delineamento deve considerar o pressuposto que orienta a pesquisa. Neste estudo,
definiu-se o seguinte pressuposto: Cuidados de Saúde Primários em Moçambique, tem impacto
no processo de controlo e prevenção de diversas doenças. Este trabalho constitui-se de uma
pesquisa bibliográfica, realizada através de uma monografia. Sendo assim, descrevemos alguns
conceitos. Segundo (GALLIANO, 1986, p. 18)“conhecer é estabelecer uma relação entre a
pessoa que se conhece e o objecto que passa a ser conhecido”.
Ainda para (GALLIANO, 1986, p. 19), “o conhecimento científico resulta da investigação
metódica, sistemática, da realidade. Ele transcende os fatos e os fenómenos em si mesmos,
analisa-os para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem”. O conhecimento se
faz necessário para que se entenda o significado de uma informação. Para se obter o
conhecimento, é preciso fazer uma pesquisa, pois esta parte de uma dúvida, estabelecendo uma
relação de identificação, entre o pesquisador e o objecto em estudo.

Para GIL (2008), pesquisa é “o processo formal e sistemático de desenvolvimento do método


científico. O objecto fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o
emprego de procedimentos científicos”. Neste sentido, a pesquisa é uma busca minuciosa para
averiguação da realidade, uma investigação, um estudo sistemático, com o intuito de descobrir
ou estabelecer factos relativos a um campo qualquer do conhecimento. As pesquisas são
qualitativas, uma vez que muitos profissionais de contabilidade e os próprios membros das
organizações mostram certa indisponibilidade para falar do assunto.

Segundo (ANDRADE, 2007); Pesquisa Qualitativa esta relacionada no levantamento de dados


sobre motivação de um grupo, em compreender e interpretar determinados comportamentos, a
opinião e as expectativas dos indivíduos de uma população.

Pesquisa bibliográfica, Segundo é a que se efectua para se resolver problema ou adquirir


conhecimentos a partir de consultas a livros, artigos, jornais, entre outros. Tem como objectivo
recolher, seleccionar, analisar e interpretar as contribuições teóricas já existentes sobre
determinado assunto.

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2.1. Método de abordagem
Segundo LAKATOS e MARCONI (2003), Método Indutivo é um método responsável pela
generalização, isto é, partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral. O
método dedutivo, de acordo com o entendimento clássico, é o método que parte do geral e, a
seguir, desce ao particular. A partir de princípios, leis ou teorias consideradas verdadeiras e
indiscutíveis, prediz a ocorrência de casos particulares com base na lógica. Método
Monográfico é aquele que é feito através de um trabalho de investigação científica e crítico sobre
os conhecimentos existentes sejam eles já publicados ou não. É formada por um conjunto de
actividades integradas, com uma unidade metodológica, visando alcançar determinados
objectivos claramente definidos.

Método Comparativo, consiste no confronto entre elementos, levando em consideração seus


atributos. Promove o exame dos dados a fim de obter diferenças ou semelhanças que possam ser
constatadas, e as devidas relações entre as duas.

Método Tipológico aquele onde o pesquisador compara fenómenos sociais e complexos, criando
tipos ou modelos ideais, construídos a partir de análises de aspectos essenciais do fenómeno.
(LAKATOS e MARCONI, 2003)

2.2. Técnicas e instrumentos de investigação


Para a realização desse trabalho serão usados livros, monografias, outras informações serão
encontradas através de uma pesquisa de campo e serão usados documentos digitais. Eis as
possíveis técnicas de investigação que o nosso trabalho girara em torno:

 Colecta documental
 Observação Directa

Para LAKATOS e MARCONI (2003), observação directa é uma técnica de colecta de dados
para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da
realidade. Não consiste apenas em ver ou sentir, mas também em examinar os factos ou
fenómenos que se deseja estudar.

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3. Revisão da Literatura
3.1. Evolução Histórica dos Cuidados de Saúde Primários em Moçambique
Segundo GULUBE (2003), uma análise histórica correcta das formas de prestação de cuidados
de saúde terá de se basear nas características económicas, políticas e ideológicas das respectivas
sociedades e na sua evolução dialética ao longo da história. Desde a partir das comunidades
primitivas, o desenvolvimento da capacidade de produção -determinando a criação de excedentes
e a sua apropriação para alguns membros da sociedade privada e das classes sociais, a medicina
foi sempre uma medicina de classe. Efectivamente, as soluções dadas pela sociedade aos casos
de doenças ou diminuição física e mental dos seus membros e o modo de os tratar, utilizando
experiencia e os conhecimentos que se iam acumulando, eram muito diferentes conforme o poder
económico da classe e que essas pessoas pertenciam.

Ainda para GULUBE (2003), os cuidados primários de saúde requerem o desenvolvimento, a


adaptação e a aplicação de uma tecnologia apropriada de saúde, física e financeiramente
acessível ao povo, que inclua um adequado suprimento de drogas, vacinas, produtos biol6gicos e
outros suprimentos e equipamentos essenciais e de boa qualidade, bem como facilidades
funcionalmente eficientes de apoio aos serviços de saúde, tais como centros de saúde e hospitais.
Essas facilidades devem ser reorientadas para as necessidades dos cuidados primários de saúde e
adaptadas ao ambiente socioeconómico.

De acordo com a MISAU (2002), é neste contexto que os cuidados de saúde primários aparecem
como a base em que assenta toda a nossa política de saúde e que se espelha, as imensas
transformações já operadas no domínio da saúde desde que, em 20 de setembro de 1974, se
instalou em Moçambique o primeiro governo dirigido pela FRELIMO. Neste período de
reconstrução nacional, foi necessário nacionalizar a medicina (24 de Julho de 1975) e interditar
qualquer forma de seu exercício privado.

Ainda para MISAU (2002), o objectivo da revolução era libertar o homem e estabelecer a justiça
social. A medida mais elementar era colocar a todo em pé de igualdade perante a adversidade e
impedir que a doença constituísse motivo de exploração. Pela nacionalização da medicina, o
estado passou a assumir a responsabilidade da prestação dos cuidados de saúde à totalidade da

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população e assim se da o primeiro grande passo para a ruptura do sistema discriminatório da
assistência colonial.

Para GULUBE (2003), em outubro de 1975 realizou-se o primeiro seminário, que reuniu durante
uma semana os responsáveis de saúde da Nação Moçambicana, analisa e compara as
experiencias das áreas libertadas com a situação das outras zonas do território nacional que só
foram libertadas quando a FRELIMO venceu. Foi nesse seminário que lançou-se a campanha de
Saneamento do Meio Ambiente que vem a ter execução prática em toda a extensão do território
nacional.

Para MONDLANE (1969), durante os anos 70, com base nos diferentes tipos de socialismo
africano e restrições económicas relacionadas com a geopolítica e assuntos sociais internos,
países como Moçambique lutaram para construir um sistema de saúde pública abrangente
baseado em agentes comunitários de saúde, postos e centros de saúde, hospitais rurais e hospitais
provinciais maiores.

De acordo com MISAU (2007), os cuidados de saúde primários foram criados pela lei 25/91 e
foi definido como o conjunto de unidades de saúde, incluindo aquelas nacionalizadas, que
dependem do MISAU e contribuem para a prestação de cuidados de saúde à população. Na
prática, nem sempre existe uma clara diferenciação entre as funções do SNS e do MISAU.

Ainda para MONDLANE (1969), inicialmente, a FRELIMO, partido de vanguarda e forca


dirigente da nação, sempre seguiu de perto o desenvolvimento das ideias respeitantes a Sistema
de Saúde que visam beneficio dos povos. Procurando constantemente aprender das suas
experiencias e da das organizações especializadas. Portanto, foram experiencias históricas do
povo moçambicano que constituíram factor decisivo das suas opções em matéria de cuidados de
saúde, no entanto, determinaram a elaboração do conceito de cuidados de saúde primários em
Moçambique, base essencial da política da saúde no país.

3.1.1. Conceito de cuidados de saúde primários


Para o Ministério da Saúde (2020) “os cuidados de saúde primários são a componente dos
sistemas de saúde que mais tem contribuído para a melhoria do estado de saúde da população,
em todo o mundo, quer nos países desenvolvidos, quer nos em vias de desenvolvimento.

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De acordo com GULUBE (2003), os cuidados de saúde primários, enquanto o primeiro nível de
contacto entre as pessoas e os cuidados de saúde, devem ser o local indicado para atuar em
benefício da mudança comportamental necessária “pela sua abrangência populacional e quase
gratuitidade.

Segundo GIRONÉS et al., (2018), os cuidados de saúde primários são os cuidados de saúde
essenciais baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente idóneas e socialmente
aceitáveis, tornadas universalmente acessíveis para os indivíduos e as famílias da comunidade
através da sua participação integral, e a um custo acessível à comunidade e ao país. Forma parte
integral do sistema de saúde de qualquer país.

Os CSP incluem todos os serviços que desempenham um papel na saúde, tal como os
rendimentos, alojamento, educação e ambiente. Inclui ainda os cuidados primários, ou seja, o
diagnóstico e tratamento de doenças e lesões. Inclui, além disso, os elementos críticos da
promoção da saúde e prevenção de doenças e de lesões. Uma das suas principais vantagens
consiste na participação do cidadão na identificação das necessidades e na prestação de serviços,
bem como no facto de trazer estes serviços, tanto quanto possível, para próximo das pessoas.

3.1.2. Características dos cuidados de saúde primários

Para GIRONÉS et al., (2018), os cuidados de saúde primários caracterizam-se pelos seguintes
elementos fundamentais: “acessibilidade, globalidade, coordenação, longitudinalidade,
responsabilização das entidades prestadoras de cuidados, participação comunitária, enfoque na
comunidade, aplicação de métodos epidemiológicos aos cuidados clínicos dos doentes e
autorresponsabilização dos cidadãos. As principais características são:

 Refletem e evoluem a partir das condições económicas e das características socioculturais


e políticas do país e das suas comunidades, e baseiam-se na aplicação dos resultados
relevantes da investigação social, biomédica e dos serviços de saúde e da experiência em
saúde pública;
 Abordam os principais problemas de saúde da comunidade, proporcionando serviços de
promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, conforme as necessidades;

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 Incluem pelo menos: educação para a saúde; promoção da distribuição de alimentos e
nutrição apropriada; provisão adequada de água potável e saneamento básico; prestação
de cuidados de saúde maternoinfantil; planeamento familiar; vacinação; prevenção e
controlo de doenças endémicas; tratamento apropriado de doenças e lesões comuns; e
fornecimento de medicamentos essenciais;
 Envolvem, além do setor saúde, todos os setores e aspetos relacionados com o
desenvolvimento nacional e comunitário, em particular, a agricultura, a pecuária, a
produção de alimentos, a indústria, a educação, a habitação, as obras públicas, as
comunicações e outros setores (GIRONÉS et al., 2018)
 Requerem e promovem a autoconfiança e a participação comunitária e individual no
planeamento, organização, funcionamento e gestão dos cuidados de saúde primários,
fazendo o mais pleno uso dos recursos disponíveis, locais, nacionais e outros, e, para esse
fim, desenvolvem, através da educação apropriada, a capacidade de participação das
comunidades;
 Devem ser apoiados por sistemas de referência integrados, funcionais e de apoio mútuo,
conduzindo à progressiva melhoria dos cuidados de saúde para todos, e dando prioridade
aos mais necessitados; (GIRONÉS et al., 2018)
 Baseiam-se, a nível local de encaminhamento, nos que trabalham no campo da saúde,
incluindo médicos, enfermeiras, parteiras, auxiliares e agentes comunitários,
convenientemente treinados, social e tecnicamente, para trabalharem ao lado das equipas
de saúde, e para responderem às necessidades de saúde da comunidade.
3.1.3. Dimensão dos cuidados de saúde primários

Para (GIRONÉS et al., 2018), os cuidados de saúde primários representam o primeiro nível de
serviços de saúde pessoais numa comunidade. Estes serviços preocupam-se com toda a
população, tanto na saúde como na doença, visando proteger e melhorar o seu estado de saúde,
promovendo comportamentos e atitudes saudáveis e prestando cuidados de saúde acessíveis,
contínuos e completos para as necessidades do indivíduo ao longo da sua vida. Este serviço passa
também pelo diagnóstico e tratamento de doenças e lesões, por elementos críticos da promoção
da saúde e prevenção de doenças e lesões.

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De acordo com GULUBE (2003) e (GIRONÉS et al., 2018), existem, assim, cinco dimensões do
cuidar em cuidados de saúde primários:

 É importante sensibilizar e educar o utente  – garantindo cuidados de saúde e serviços


relevantes para a comunidade, de acordo com as necessidades de cada população. A
participação da comunidade e a implementação das agendas de saúde devem ser
recorrentes.
 Usar uma comunicação eficaz  – sobre saúde, entre profissionais e utentes, sendo clara e
direta.
 Trabalho em equipa no momento da prestação de serviços de saúde  – As formas de
cuidado devem basear-se nas necessidades de saúde e ser adaptados de forma adequada
ao desenvolvimento social, económico e cultural da comunidade.
 Os cuidados devem ser centrados no utente  – compreender as necessidades
individuais do paciente – e a prática clínica. Não esquecer que os serviços de saúde
devem ser equitativos e universalmente acessíveis.
 Aprendizagem constante e investigação contínua  – práticas de investigação reflexiva
e manutenção da perícia profissional bem como procurar utilizar sempre a tecnologia
mais apropriada.
3.2. Interação dos cuidados de saúde primários com outros sectores

Para GULUBE (2003), nas primeiras formas de organização de comunidade primitiva em clãs e
tribos com um nível de desenvolvimento económico, social rudimentar, a diferença no
tratamento dos feridos e inválidos terá sido ditada pela necessidade de sobrevivência colectiva do
grupo social como um todo (Salvaguarda a existências dos membros mais experientes e
possuidores de maiores conhecimentos que transmitem pessoalmente; impossibilidade de
manutenção de doentes incuráveis e de pessoas estropiadas; etc. Neste período, as comunidades
recorriam as plantas, animais, minerais e outros recursos que a natureza oferece para a prática
das curas e tratamento.

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De acordo com GIRONÉS et al., (2018), Em moçambique, a visão do sector da saúde traz o
compromisso da cobertura universal de saúde, com enfoque nos cuidados de saúde primários,
cuja prestação de serviços de saúde é feita por três sectores.

Para GIRONÉS et al., (2018), o os cuidados de saúde primários do Sistema Nacional de Saúde
(SNS) em Moçambique compreende o setor público, o setor privado com fins lucrativos, o setor
privado com fins não lucrativos e o comunitário. Destes, o setor público, ou seja, o Serviço
Nacional de Saúde (SNS), é o principal prestador de serviços de saúde a nível nacional. Quanto
ao setor privado com fins lucrativos, está a desenvolver-se gradualmente, especialmente nas
grandes cidades. Contudo, o crescimento destes prestadores está condicionado ao aumento dos
rendimentos dos agregados familiares.

Não existe sector do desenvolvimento socioeconómico capaz de operar adequadamente por si só.
As atividades de um sector incidem sobre as metas de outro; dai a necessidade de constante
contato entre os principais setores económicos e sociais a fim de assegurar o desenvolvimento e
promover a saúde como parte integrante do mesmo. 0s cuidados primários de saúde também
requerem o apoio de outros setores, que podem servir de porta de acesso para o desenvolvimento
e a aplicação desses cuidados. (GULUBE, 2003)

 O setor agrícola é de particular importância na maioria dos países. Esse setor pode
assegurar não só que a produção de alimentos para consumo familiar passe a ser parte
integrante da política agrícola como também que a disponibilidade de alimentos seja real
para aqueles que os produzem, detalhe que, em certos países, talvez requeira alteração do
regime de posse da terra. Além disso, é possível melhorar o estado nutricional por meio
de programas de agricultura e economia doméstica orientados para o atendimento das
necessidades prioritárias da família e da comunidade. (GULUBE, 2003)
 O setor da educação tem a desempenhar no desenvolvimento e na operag50 dos
cuidados primários de saúde. O ensino comunitário ajuda o povo a fazer uma id6ia de
seus problemas de saúde, de suas possíveis soluções e do custo de diferentes opções. Por
meio do sistema educacional, é passível preparar e distribuir material didático.
Associações de pais e mestres podem assumir, no âmbito escolar e comunitário, certas
responsabilidades vinculadas aos cuidados primários de saúde, tais como programas de
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saneamento, campanhas de saúde e de alimentação ou cursos de nutrição e primeiros
socorros. (GULUBE, 2003)

 O setor industrial pode apoiar os cuidados primários de saúde mediante o


estabelecimento de indústrias que guardem relação com o setor, tais como as de
alimentos e medicamentos essenciais igualmente importantes são as pequenas indústrias
de âmbito local, que geram emprego e assim melhoram a base económica e o poder
aquisitivo local. (GULUBE, 2003).
3.3. Factores constituintes dos cuidados de saúde primários em Moçambique

Para (GULUBE, 2003), embora seja há muito conhecido que a saúde-doença se produz e
distribui na sociedade mediante fortes processos de determinação social, econômica, cultural,
ambiental, política, etc., só recentemente este conceito vem sendo incorporado ao arcabouço
conceitual e prático para a formulação de políticas e estratégias em direção à saúde.

De acordo com MISAU (2007), as condições econômicas e sociais influenciam decisivamente as


condições de cuidados de saúde primários de pessoas e populações. A maior parte da carga das
doenças assim como as iniquidades em saúde, que existem acontecem por conta das condições
em que as pessoas nascem, vivem, trabalham e envelhecem. Esse conjunto é denominado
“determinantes sociais da saúde”, um termo que resume os determinantes sociais, econômicos,
políticos, culturais e ambientais da saúde.

Ainda para MISAU (2007), os factores mais destacados são aqueles que geram estratificação
social os determinantes estruturais que refletem as condições de distribuição de riqueza, poder e
prestígio nas sociedades, como a estrutura de classes sociais, a distribuição de renda, o
preconceito com base em fatores como o gênero, a etnia ou deficiências e estruturas políticas e
de governança que alimentam, ao invés de reduzir, iniquidades relativas ao poder econômico.
Entre os mecanismos que geram e mantêm essa estratificação estão as estruturas de propriedade
dos meios de produção e a distribuição de poder entre as classes sociais, e as correspondentes
instituições de governança formais e informais; sistemas de educação, estruturas de mercado
ligadas ao trabalho e aos produtos; sistemas financeiros, o nível de atenção dado a considerações
distributivas no processo de formulação de políticas; e a extensão e a natureza de políticas

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redistributivas, de seguridade social e de proteção social. Esses mecanismos estruturais, que
alteram o posicionamento social dos indivíduos, são a causa mais profunda das iniquidades em
saúde. São essas diferenças que com seu impacto sobre determinantes intermediários como as
condições devida, circunstâncias psicossociais, fatores comportamentais e/ ou biológicos e o
próprio sistema de saúde dão forma às condições de saúde dos indivíduos.

Para (GULUBE, 2003), A abordagem dos determinantes sociais reconhece o fato de que as
iniquidades em saúde não podem ser combatidas sem que as iniquidades sociais também o
sejam. Para que a economia permaneça forte e a estabilidade social e a segurança global sejam
mantidas, é essencial que ações coordenadas em prol da saúde sejam implementadas.

Ainda para GULUBE (2003), é necessário enfatizar os determinantes sociais significa, portanto,
apoiar ações coerentes sobre algumas prioridades, tais como, por exemplo, a proteção social e as
mudanças climáticas. Ademais, essa abordagem leva em consideração a desigualdade
intergeracional, que vinha sendo ignorada, mas hoje é central para essas questões que desafiam
as políticas públicas. As mudanças climáticas um símbolo da degradação ambiental como um
todo ameaçam o bem-estar das gerações futuras. O aumento da incidência de doenças não
transmissíveis e a perda de oportunidades econômicas e benefícios da previdência social que se
observa em países de todos os níveis de renda já vêm causando iniquidades intergeracionais,
reduzindo a expectativa de vida e causando insatisfações na população.

3.4. Local de prestação dos cuidados de saúde primários (níveis de prestação de


cuidados)

Para MISAU (2020), o SNS está organizado em quatro níveis. Os Níveis I e II são os mais
periféricos, tendo como missão a prestação de cuidados primários e o encaminhamento dos
pacientes com condições clínicas mais graves - complicações no parto, traumas, emergências
médicas e cirúrgicas, entre outras - para os níveis seguintes. O Níveis III e IV estão basicamente
destinados à prestação de cuidados de saúde curativos especializados. Em geral, os cuidados
primários continuam a ser a estratégia dominante na intervenção na saúde, tendo como objetivo a
redução das altas taxas de mortalidade impostas por doenças transmissíveis. Os problemas de
saúde associados às altas taxas de mortalidade materna são igualmente áreas de intervenção
prioritárias. O Ministério da Saúde (MISAU) definiu, no diploma Ministerial 127/2002 de 31 de

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Julho, a Organização dos cuidados de saúde em 4 níveis de atenção e 11 tipos de Unidades
Sanitárias. Os níveis de atenção são nomeadamente:

 Nível Primário – com a função de executar a estratégia de Cuidados de Saúde Primários,


essenciais baseados em métodos e técnicas práticas, cientificamente validas e socialmente
aceitáveis, tornados universalmente acessíveis a todos os indivíduos, a todas as famílias e
a comunidade, com a sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país
possam assumir em qualquer etapa do seu desenvolvimento.

Ainda para MISAU, este nível é constituído por centros de Saúde urbanos e rurais tipo I e II,
Centros de Saúde Urbano tipo A, B e C com ou sem Maternidade. As unidades sanitárias deste
nível os cuidados de saúde possuem em geral as seguintes infra – estruturas: zona de
atendimento externo; Quartos com uma ou mais de duas camas para que os doentes, com
necessidades de evacuação para uma US de referencia, possam esperar a chegada do transporte
em centro de saúde urbano; Maternidade com sala de partos e pequena enfermeira, 3 leitos para
centro de saúde rural tipo I, salas de admissão, observação e posto de enfermagem; blocos de
internamento.

 Nível Secundário – com a função de prestar cuidados de Saúde, constituindo o primeiro


nível de referência para os doentes que não encontram resposta para seus problemas de
saúde nos centros de saúde de nível primário. Fazem parte deste nível os Hospitais
Rurais, Distritais e Gerais.
 Nível Terciário – constituem a referência para os doentes provenientes de hospitais
distritais e centros de saúde Hospitais Provinciais. Estes desenvolvem actividades: para
participação no controlo das principais doenças endémicas, com respeito pelas
respectivas estratégias de luta; supervisão e apoio logístico.
 Nível Quaternário – composto por Hospitais Centrais e Especializados e definiu a
equipe mínima de profissionais (quadro tipo) para cada tipo de unidade sanitário por
nível de atenção.

Para MISAU (2020), este nível constitui a referência para os doentes que não encontram
soluções ao nível dos Hospitais provinciais, Distritais, Rurais e Gerais, bem como, dos doentes

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provenientes de Hospitais Distritais e Centros de Saúde que se situam nas imediações do
Hospital e que não têm Hospital Geral para onde possam ser transferidos.

A prestação de serviços, embora varie de uma nação e de uma comunidade para outra, incluirá
pelo menos: promoção da nutrição apropriada e provisão adequada de água de boa qualidade;
saneamento básico; atenção materno-infantil, inclusive planeamento familiar; imunização contra
as principais doenças infecciosas; prevenção e controle de doenças localmente endémicas;
educação no tocante a problemas prevalentes de saúde e aos métodos para sua prevenção e
controle; e tratamento apropriado de doenças e lesões comuns. Os demais níveis do sistema de
saúde prestam serviços mais especializados cuja complexidade aumenta na razão direta de sua
maior centralização.

4. Considerações Finais

As maneiras de cuidar configuram-se nas mais variadas formas, o que reflete os aspectos
culturais de cada família. Há necessidade dos profissionais de saúde, em especial, o enfermeiro,
que apresenta maior contato com os cuidadores e doentes, atentarem para práticas que
contextualizem os saberes e vivências populares. Com isso, torna-se possível uma aproximação
dos setores de cuidado, o que pode auxiliar na produção de vínculos, estabelecer relações de
confiança que favoreçam a troca de saberes e ainda evitar que o cuidado no domicílio seja
solitário e angustiante para os cuidadores.

A saúde é um fator-chave para um amplo espectro de metas da sociedade. A abordagem dos


determinantes sociais identifica a distribuição da saúde medida pelo grau de desigualdade em
saúde como um importante indicador não só do nível de igualdade e justiça social existente numa
sociedade, como também do seu funcionamento como um todo. Portanto, as iniquidades em
saúde funcionam como um indicador claro do sucesso e do nível de coerência interna do
conjunto de políticas de uma sociedade para uma série de setores. Sistemas de saúde que
reduzem as iniquidades em saúde oferecendo um melhor desempenho e, assim, melhorando
rapidamente as condições de saúde de grupos carentes acabarão por oferecer um desempenho
mais eficiente também para todos os estratos sociais.

O Governo de Moçambique, através do Ministério da Saúde, adoptou os CSP como a sua

principal estratégia socio-sanitária para a melhoria da saúde da população. Esta orientação tem

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teoricamente servido de referência para todas as políticas de saúde, em consonância com as

recomendações estabelecidas pela própria OMS, que considera que os CSP podem resolver até
80% dos problemas de saúde da população.

Os cuidados de saúde primários podem promover uma direcção mais clara e uma maior unidade

no actual contexto de fragmentação dos sistemas de saúde, e constituem uma alternativa para

soluções improvisadas actualmente apresentadas como um remédio para os males do sector da


saúde.

5. Referências Bibliográficas

ANDRADE, M. M. (2007). Introduçãoà Metodologia do Trabalho Cíentifico (8ª ed.). São Paulo:
Atlas.

GALLIANO, A. G. (1986). O Método Cíentifico: teoria e Prática . São Paulo: Harba.

GIL, A. C. (2008). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social (5ª ed.). São Paulo: Atlas.

GIRONÉS et al., (2018). Desigualdades nos cuidados de saúde em Moçambique: necessidades,


acesso, barreiras e qualidade do atendimento. Maputo: Medicus Mundi.

GULUBE, Lucas Langue. (2003). Organização da Rede Sanitária Colonial no Sul do Save .
Maputo: Promédia.

LAKATOS e MARCONIe. (2003). Técnicas de Pesquisa (5ª ed.). São Paulo: Atlas.

MINISTÉRIO SAÚDE. (2020). Anuário Estatístico de Saúde.

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