Gestão Bancária
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PROGRAMA
Introduo 1. Enquadramento da Gesto Bancria 2. Gesto do Negcio Bancrio 3. Anlise da Performance Bancria 4. A Gesto do Risco na Banca 5. A Regulamentao Prudencial 6. A Gesto Operacional
Introduo
Introduo
A noo de sistema bancrio e financeiro assenta na existncia de entidades que possuem excedentes de liquidez e no tm apetncia para as aplicar e de outras entidades com carncia de liquidez, que esto dispostas a aplicar esses execedentes em determinadas finalidades. As entidades excedentrias optam, geralmente, por rendibilizar essa poupana e canaliz-la para o investimento financeiro. Do outro lado, esto as entidades que, pretendendo realizar operaes de investimento e de tesouraria, necessitam dessa poupana, comprometendose a pagar uma determinada taxa de juro pela sua utilizao.
Quem disponibiliza a poupana recompensado por isso e, por sua vez, quem necessita de fundos pagar o custo da sua utilizao. A ligao entre estes dois tipos de entidades as que possuem fundos em excesso e que no os aplicam e as que tm carncia de fundos e pretendem aplic-los feita pelas entidades pertencentes ao Sistema bancrio e financeiro. Podemos ento definir SISTEMA BANCRIO E FINANCEIRO como o conjunto de instituies, instrumentos e mercados que permitem canalizar o aforro para o investimento, bem como a aplicao dos meios financeiros necessrios ao desenvolvimento econmico e social.
As instituies que actuam nos mercados financeiros exercem por isso, operaes de intermediao financeira. de realar que os intermedirios financeiro tm assumido um papel cada vez mais importante na satisfao das necessidades e motivaes dos agentes aforradores e investidores, intervindo positiva e na realizao de operaes especializadas. Mas o que a intermediao financeira? o processo que consiste na capatao da poupana e na sua canalizao para os agentes econmicos que dela necessitam.
Onde vo os Bancos captar os fundos de que necessitam para responder s necessidades dos seus clientes? Os Bancos tm de proceder captao de fundos de diversas origens, recorrendo a determinados produtos (depsitos bancrios, emprstimos interbancrios e outros recursos prprios e alheios) que acarretam determinados custos. Estes produtos esto contabilizados no passivo dos Bancos. Esses recursos captados so depois canalizados para diversas utilizaes, que constituem produtos de aplicao de fundos, tais como, crdito sobre clientes, aplicaes interbancrias, aplicaes em ttulos e outras aplicaes remuneradas.
Estes produtos proporcionam uma remunerao e, por isso, so contabilizados no activo do banco. Deduzindo remunerao dos produtos de aplicao de fundos, o custo dos recursos utilizados, obtemos uma margem de lucro, que se designa por MARGEM DE INTERMEDIAO FINANCEIRA, ou mais simplesmente, MARGEM FINANCEIRA. MF = Remunerao do crdito concedido Custo dos Recursos Afectos A margem de intermediao financeira tambm pode ser obtida em termos percentuais. A TAXA DE INTERMEDIAO FINANCEIRA,ser: TF = Taxa de juro de crdito concedido Taxa dos recursos afectos
A par dos produtos activos e passivos (aplicao e captao de fundos), os bancos prestam tambm, a troco de comisses, uma infinidade de servios nos mais variados domnios servios esses que esto intimamente ligados s funes de gesto de riscos e de gesto da informao - cuja relevncia contabilstica aperece nas contas extrapatrimoniais, sendo de referir os seguintes:
Servios bancrios domsticas Servios bancrios nos mercados Servios bancrios internacionais Servios de consultadoria financeira
A gesto dos produtos e servios bancrios tem tendncia a ser exercida de forma cada vez mais integrada, procurando fazer uma repartio equilibrada do valor distribudo ao cliente.
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Para que isso suceda necessrio que os gestores dos produtos activos e passivos possam visualizar previamente os efeitos das decises tomadas no s em termso de rendibilidade, mas tambm nos efeitos sobre a liquidez, a solvabilidade e o risco. Os Bancos tm vindo a centrar a sua aco na venda cruzada de produtos e servios adapatados s necessidades dos clientes, integrando em simultneo operaes sobre ttilos, crdito, contas poupana, depsitos, etc.. Em concluso: Qualquer operao feita pelo Banco, quer seja uma operao de captao quer de aplicao de fundos ou at de servios, obriga a quantificar os efeitos da resultantes, os quais podero ser visualizados a partir de modelos apropriados. esse o objectivo principal desta cadeira: fornecer os instrumentos de gesto que permitam compreender a gesto de activos e passivos na Banca.
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PROGRAMA
Introduo 1. Enquadramento da Gesto Bancria 2. Gesto do Negcio Bancrio 3. Anlise da Performance Bancria 4. A Gesto do Risco na Banca 5. A Regulamentao Prudencial 6. A Gesto Operacional
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So Instituies de Crdito: Os Bancos As Caixas Econmicas A Caixa Central e as Caixas de Crdito Agrcola Mtuo As Sociedades de Investimento As Sociedades de Locao Financeira (Leasing) As Sociedades de Cesso Financeira (Factoring) As Sociedades Financeiras de Aquisies a Crdito As Sociedades de Garantia Mtua As Instituies de Moeda Electrnica Outras que sejam qualificadas como tal, pela Lei Alm do Banco Central, que pode emitir moeda, algumas instituies de crdito so tambm instituies monetrias (designadas por OIM), uma vez que podem depsitos receber, criando moeda:
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So Instituies Monetrias: Os Bancos as Caixas Econmicas as Caixas de Crdito Agrcola Mtuo, incluindo a respectiva Caixa Central As restantes instituies de crdito s podem efectuar as operaes permitidas pela Lei e pelos regulamentos que regem as suas actividades.
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B) Objecto e Actividade das Instituies de Crdito Em anexo (Anexo 2), pode encontrar o objecto e as principais actividades das seguintes instituies de crdito: Bancos Caixas de Crdito Agrcola Mtuo e Caixa Central Caixas Econmicas Sociedades de Investimento Sociedades de Locao Financeira (Leasing) Sociedades de Cesso Financeira (Factoring) Sociedades Financeiras de Aquisies a Crdito
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As Sociedades Financeiras no podem, por isso, realizar as seguintes operaes: receber depsitos ou outros fundos reembolsveis; efectuar operaes de leasing e factoring; efectuar consultoria a empresas; efectuar operaes sobre pedras e metais preciosos;
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tomar participaes de capital em sociedades; comercializar contratos de seguros; prestar informaes comerciais; alugar cofres e guardar valores.
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Existem as seguintes espcies de Sociedades Financeiras: Sociedades Corretoras e Sociedades Financeiras de Corretagem; Sociedades Mediadoras dos Mercados Monetrio e de Cmbios; Sociedades Gestoras de Fundos de Investimento; Sociedades Gestores ou Emitentes de Cartes de Crdito Sociedades Gestoras de Patrimnios; Sociedades de Desenvolvimento Regional; Sociedades de Capital de Risco; Sociedades Gestoras de Fundos de Titularizao de Crdito Agncias de Cmbios FINANGESTE - Empresa Financeira de Gesto e Desenvolvimento, S.A. Outras qualificadas por Lei.
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D) Objecto e Actividade das Sociedades Financeiras No Anexo 3 podemos encontrar o objecto e as principais actividades das sociedades financeiras anteriormente descritas. O Anexo 4 apresenta uma listagem completa das Instituies de Crdito e das Sociedades Financeiras que actuam em Portugal.
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E) Outras Entidades de Natureza Financeira De acordo com o RGICSF so ainda entidades financeiras mas que forma objecto de legislao especfica, as seguintes instituies: Empresas Seguradoras Sociedades de Titularizao de Crditos Sociedades de Gesto e Investimento Imobilirio Bolsas de Valores Comisso de Mercados de Valores Mobilirio
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Gesto dos Crditos Comerciais At aos finais do sculo XVIII, os banqueiros faziam apenas operaes de crdito para financiar aplicaes em bens reais que tinham por suporte ttulos comerciais, reembolsveis a prazos curtos, geralmente at um ano. Estes tinham que criar a riqueza suficiente para reembolsar as operaes dentro dos prazos estabelecidos. Os crditos concedidos de acordo com esta forma de gesto eram: auto-reembolsveis, tinham suporte em ttulos comerciais eram de curto prazo A gesto dos crditos comerciais no colocava em perigo o equilbrio da situao de liquidez do Banco.
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A instabilidade financeira resultava de circunstncias anmalas resultantes do no pagamento dos crditos a curto prazo, muitas vezes por crises nos sectores financiados. Essas situaes de incumprimento conduziam-se em carncias de liquidez no sistema. Gesto das Aplicaes Alternativas Para ultrapassar as situaes de incumprimento, desenvolve-se a gesto das aplicaes alternativas que apontava para a criao de um activo intermdio entre o crdito de curto prazo e as disponibilidades. Esse activo so os ttulos do Estado. Tem as seguintes vantagens: resolve o problema da liquidez dos Bancos: um Banco sem liquidez vende os ttulos a outro interessado na sua compra; financia os deficits financeiros do Estado.
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Qualquer das duas formas de gesto apresentadas no resolviam os problemas estruturais dos clientes dos bancos, muitos deles interessados em financiar investimentos com uma vida til superior a um ano. Gesto de Rendimentos Futuros Essa necessidade implica nova alterao na gesto do negcio bancrio. Passa a ser necessrio, face a aplicaes de fundos superiores a um ano, obter fundos que sejam compatveis com esse horizonte temporal. Por exemplo, se o investimento durar 3 anos, o perodo de reembolso do financiamento dever aproximar-se desse perodo. Isto explica-se porque so os rendimentos gerados pelo investimento que permitem liquidar as prestaes e os juros dos emprstimos.
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Para alm dos Ttulos de Estado e de Crditos a Curto Prazo, os balanos dos Bancos passam a apresentar Crditos a Mdio e Longo Prazo e Imobilizaes nas suas aplicaes de fundos. Para os financiar os Balanos que inicialmente apenas tinham Depsitos e Capital Prprio, passam agora a ter tambm depsitos a prazo. Esta alterao acarreta um maior risco na recuperao do crdito concedido, implicando a necessidade de contratar tcnicos especialistas em determinados sectores de actividade, profissionalizando a actividade bancria. Se at aqui ela era exercida fundamentalmente por comerciantes, a partir de agora a profissionalizao da actividade para a ser um facto.
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Gesto de Activos e Passivos Na segunda metade do Sculo XX, surge a teoria da gesto de activos e passivos. Segundo esta teoria, cabe ao banco fazer o enquadramento das operaes activas e das operaes passivas dos clientes em condies de equilbrio para ambas as partes nas pticas da rendibilidade mas tambm nas da liquidez e do risco. Esta viso apresenta entretanto uma limitao: no se refere a uma srie de servios que so realizados pelos Bancos e que o desenvolvimento e a complexidade da envolvente veio a tornar essenciais. Estamos a falar da: prestao de garantias e avales; colocao de valores mobilirios;
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prestao de servios de consultoria e aconselhamento nas reas econmica, financeira, cambial, fiscal, etc.; negociao de produtos derivados; realizao de operaes de Bolsa. Surge assim a necessidade de fazer uma Gesto Integrada da Actividade Bancria. O Banco passa a estar disponvel para satisfazer todas as necessidades dos clientes. Os Bancos alargam a sua actividade s operaes extrapatrimoniais. A Banca passa a actuar de forma universal e, por isso, a sua estrutura tem que reflectir essa postura...
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B) Tipos de Estruturas na Banca No sector bancrio encontramos trs tipos de estruturas: Estruturas Funcionais adoptadas quando a concorrncia era reduzida e o mercado relativamente estabilizado; as atribuies dos departamento so muito especializadas e rgidas, no permitindo introduzir mudanas e adaptaes rpidas; Estruturas Divisionais podem ser de trs tipos: por produtos e servios, por clientes e por regies. Qualquer delas prope-se criar departamentos especficos com maior autonomia, para melhor se adaptar s exigncias do mercado. Tm como desvantagem a dificuldade de coordenao entre os departamentos que seguem este tipo de organizao.
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Estruturas Matriciais consiste em cruzar as estruturas funcional e matricial, procurando juntar as vanbtagens destas duas formas. Este tipo de estrutura necessita de uma cultura participativa dentro da organizao bancria de forma a privilegiar o cliente e/ou o produto, mas tambm que a unidade de comando possa ser mantida. normal nestas estruturas estra dependente hierarquicamente de um rgo central e funcionalmente de um departamento divisionalizado. (Ex. Responsvel administrativo de um balco)
Sero umas estruturas melhores que outras? O que interessa ao Banco criar as estruturas que melhor se adaptam sua Estratgia, ou seja, aos seus objectivos e formas de agir.
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C) Etapas e Condicionantes da Estrutura Escolher uma estrutura implica: Delimitar responsabilidades, ou seja, definir o contedo das diversas funes; Delimitar a autoridade, ou seja, definir a hierarquia das tarefas para cumprir os objectivos; Delimitar as funes, ou seja, identificar claramente se correspondem a funes line ou staff.
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A criao de uma estrutura comporta normalmente as seguintes etapas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Divulgao dos objectivos e programas a realizar; Converso do programas em actividades; Distribuio das actividades pelos respectivos departamentos; Definio das responsabilidades e autoridade; Afectao de meios humanos, materiais e financeiros; Inventariao e afectao das tarefas a realizar pelos colaboradores; Colocao dos colaboradores nos respectivos postos de trabalho.
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So vrios os factores que condicionam as formas de estrutura dos Bancos. Assinalam-se: a dimenso, a concorrncia, os clientes, os produtos e servios e a estratgia seguida. Dimenso as estruturas de arranque so completamente diferentes das estruturas de um banco de mda ou grande dimenso. Enquanto nos primeiros, o Conselho de Administrao tem que decidir quase tudo dentro do Banco, nos segundos as estruturas so do tipo matricial. O Conselho de Administrao intervm apenas nas decises mais importantes. Concorrncia As estruturas variam tambm entre estruturas estticas (em pases onde o nmero de bnacos pequeno) e estruturas flexveis e dinmicas, onde a concorrncia agressiva.
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Clientes as estruturas variam de acordo com a natureza dos clientes. Se estes forem exigentes e o banco estiver atento, por certo que a sua estrutura reflectir essa postura. Produtos e servios A estrutura do banco deve adaptar-se s necessidades dos clientes em produtos e servios bancrios. normal encontrar na estrutura de um Banco departamentos que tratam de PMEs, de Grandes Empresas, de Crdito Habitao, de Cartes de Crdito, etc. Estratgia as estruturas so definidas em grande parte Bancos com fortes crescimentos tendem a descentralizadas com grande autonomia. pelas criar estratgias. estruturas
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D) Estrutura de um Banco Universal A estrutura de um banco universal de grande dimenso compreende normalmente as seguintes reas: Banca de Particulares; Banca Comercial de Empresas Banca Institucional Banca de Investimento Servios Financeiros Especializados Funes de Suporte e Logstica (Pessoal, Marketing, Organizao e Informtica, etc.)
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Analisemos as funes que a esto includas: Banca de Particulares destina-se a prestar servios bancrios a clientes particulares, tendo em conta a diversidade das suas necessidades ao longo da vida. Tem normalmente duas reas de actuao:
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Banca Comercial de Empresas visa prestar servios bancrios a empresas atendendo especificidade das suas necessidades, nas diferentes fases do seu ciclo de vida. Est normalmente segmentada em: Grandes Empresas tm geralmente necessidades muito sofisticadas,
recorrendo negociao de linhas de crdito com spreads muito baixos, devido sua grande capacidade de negociao;
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Banca Institucional dirige-se ao segmento dos clientes institucionais ou a entidades estatais ou supranacionais. Tem geralmente uma estrutura dividida por clientes. Por exemplo, Diviso de Relaes com Bancos Correspondentes (bancos que so gestores de negcios em praas onde o Banco no est localizado) e/ou Diviso Entidades Soberanas (Estados, Banco Mundial, Banco Europeu de Investimentos, etc.). Banca de Investimentos presta servios ligados ao investimento pblico e s alteraes na estrutura e propriedade dos capitais das empresas clientes. Esto normalmente dividida por produtos. Por exemplo: Fuses e Aquisies, Corporate Finance, Project Finance, Mercado Primrio, Mercado Secundrio, Consultadoria.
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Servios Financeiros Especializados inclui sociedades participadas pelas instituies de crdito que esto especializadas na prestao de servios financeiros especficos. So exemplo deste tipo de actividade, as Sociedades Gestoras de Fundos, Sociedades de Corretagem ou Financeiras de Corretagem, Sociedades de Capital de Risco, Sociedades Gestoras de Patrimnios e seguradoras. Funes de Suporte e Logstica so aquelas que envolvem a utilizao de um conjunto de recursos humanos, materiais e informticos para apoiar os departamentos operacionais na realizao das operaes bancrias. Exemplo: Direces Pessoal, Organizao e Informtica, Gesto de Activos e Passivos, Operaes, Planeamento e Controlo de Gesto, Marketing, Financeira, Risco, Crdito, Auditoria e Inspeco, Jurdica e Contencioso.
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A)
A principal dificuldade da poltica econmica portuguesa no princpio dos anos 90, foi a conciliao entre o ritmo de crescimento acima da mdia europeia e uma reduo da taxa de inflao. Como seria natural, uma das primeiras preocupaes da poltica econmica nessa dcada, foi o controlo da inflao. Para atingir esse objectivo, actuou-se ao nvel da poltica monetria. A prioridade foi o controlo da liquidez da Economia. Podemos dividir esse combate inflao em trs perodos: perodo de Controlo Directo (entre 1977 e Maro 1990) perodo de Transio (entre Abril 1990 e Incio 1991) perodo de Controlo Indirecto (aps 1991)
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Controlo Directo da Liquidez Consistia na imposio administrativa de limites de crdito a cada instituio financeira, por forma a atingir o montante global pretendido, ou seja, depois de definido o montante global de crdito economia, era atribuda uma quota de mesmo a cada instituio de crdito, com base no montante e estrutura dos recursos de cada uma delas. A penalizao pelo incomprimento era severa, pelo que todos os Bancos se esforavam por cumprir os limites. Principais inconvenientes deste sistema: no motivava a concorrncia entre os Bancos; a margem de intermediao era muito elevada; penalizava as pequenas e mdias empresas; motivava os Bancos maiores a encontra formas de tornear os limites (atravs da desintermediao).
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Perodo de Transio Durante esta fase, havia um objectivo recomendado para o crescimento do crdito bancrio, que no era imposto pelo Banco de Portugal, embora fosse conhecida de todos a vontade de ver cumprido esse objectivo. Foi um perodo curto de adapatao para as novas regras do controlo indirecto d liquidez. Controlo Indirecto Com o sistema do controlo indirecto, o Banco de Portugal conduz o controlo monetrio atravs de intervenes quotidianas nos mercados interbancrios. Os bancos e outras instituies de crdito ficam com liberdade para gerir as suas aplicaes de fundos sem limitao de carcter administrativo, para alm das que decorrem do Regime de Reservas Legais e do cumprimento do Racios Prudenciais. O crdito concedido por cada Banco fica circunscrito sua estratgia.
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Nas suas intervenes o Banco de Portugal, compra e vende ttulos. Quando compra ttulos est a injectar liquidez na Economia atravs dos Bancos no mercado monetrio; quando vende ttulos est a retirar liquidez excedentria nos Bancos. As taxas de juro que pratica so por isso reguladoras de todo o sistema. Em 1 de janeiro de 1999, foi criada a Unio Econmica e Monetria por 11 Estados membros da Unio Europeia: Alemanha, Austria, Blgica, espanha, Finlndia, Frana, Holanda, Irlanda Itlia, Luxemburgo e Portugal. A Grcia entrou em 2001. A partir dessa data, a poltica monetria passou a ser decidida pelo Banco Central Europeu, sendo executada localmente por cada um dos Bancos Centrais (em Portugal, o Banco de Portugal). O sistema implementado em 1991 , em tudo semelhante com aquele que est em funcionamento.
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O sistema de controlo indirecto foi implementado em quatro grandes etapas: 1) 2) 3) 4) reviso do regime de Disponibilidades Mnimas de Caixa esterilizao da liquidez excedentria no sistema; reviso da Lei Orgnica do Banco de Portugal; definio de medidas de superviso prudencial
Apresentemos uma descrio sumria de cada uma dessas fases. Reviso do Regime de Disponibilidades Mnimas de Caixa 1 fase: o objectivo prosseguido foi uniformizar o processo de imposio de reservas de caixa obrigatrias e retirar liquidez ao sistema. Havendo mais instituies no sistema (alargar as instituies a elas sujeitas) e alargando a base de incidncia (tipo de passivos sujeitos a reservas de caixa), haver mais dinheiro que fica retido no Banco de Portugal no estando disponvel para as instituies o aplicarem.
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O coeficiente de disponibilidades mnimas de caixa foi definido em 17%, isto , por cada 100 de recursos o Banco s poderia aplicar 83! Retomaremos este assunto quando falarmos nos Modelos de Gesto de Risco de Liquidez 2 fase: Liberalizao do regime, instituindo um coeficiente de reservas mnimas de caixa de apenas 2%; Esterilizao da Liquidez Excedentria Consistiu na emisso de dvida pblica para colocao junto do sistema Bancrio, para que as reservas passassem de 17% para 2%. Desta forma, consegui-se reduzir a liquidez das instituies bancrias, porque os montantes em causa eram enormes. Com esse dinheiro, o Estado, para alm de outros ttulos, liquidou antecipadamente dvida pblica externa.
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Reviso da Lei Orgnica do Banco Portugal Consistiu na aprovao de uma nova lei Orgnica. Essa reviso teve por objectivo autonomiz-lo face ao Estado e consagr-lo como entidade de superviso e inspeco das instituies financeiras. Assumiu uma importncia acrescida no mercado monetrio interbancrio. Medidas de Superviso Prudencial Consistiu na definio de vrias medidas, de forma a reduzir o risco das instituies de crdito, nomeadamente: definindo limites concentrao de riscos numa s entidade; definindo regras de constituio de provises; fixando montantes mximos para operaes de tomada firme; fixando as regras de clculo do rcio de solvabilidade
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B) Consequncias das Alteraes do Controlo de Crdito Estas medidas deram origem a uma grande intensificao da concorrncia, com consequncias a nvel: das polticas de captao de recursos com os Bancos a oferecerem taxas cada vez mais altas pelos recursos; das taxas de juro (activas e passivas) com o aumento das taxas de juro passivas e diminuio das taxas de juro activas; da margem financeira os spreads diminuem drasticamente; os bancos passam a dar uma importncia muito grande prestao de servios, cobrando comisses para refazer a rendibilidade; da gesto da tesouraria dos bancos devido dificuldade de obter fundos no mercado monetrio, visto que as autoridades monetrias retiram liquidez ao sistema. As taxas overnight atingiram valores muito elevados; da estrututa do balano aumento significativo dos ttulos de rendimento fixo de emissores pblicos (devido operao de esterilizao).
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C) A Poltica Cambial e a Unio Econmica e Monetria Com a provao do Relatrio Delors no Conselho Europeu de Madrid em 1989, os Estados-membros decidiram caminhar para uma Unio Econmica e Monetria, a implementar em 3 fases: 1 fase: 1 de Julho de 1990 a 31 de Dezembro de 1993 realizao do Mercado nico Europeu (livre circulao de pessoas, capitais, mercadorias e servios); reforo da coordenao das polticas econmicas e monetria com vista convergncia das economias dos diferentes pases),
2 fase: 1 de Janeiro de 1994 a 31 de Dezembro de 1998 consagrao da autonomia dos Bancos Centrais nacionais; criao do Instituto Monetrio Europeu (futuro Banco Central Europeu)
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preparao de terceira fase e criao do Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC); continuao do esforo de convergncia.
As funes do IME, formam: a promoo da cooperao entre os Bancos Centrais; o reforo da coordenao das polticas monetrias; a preparao dos instrumentos, normas e procedimentos para a criao da moeda nica; supervisionar o Sistema Monetrio Europeu.
Para garantir a aproximao das economias dos pases da Unio Monetria e para estabilizar as taxas de cmbio antes da sua fixao e converso definitiva para a moeda nica, foram definidos 4 critrios de convergncia baseados em variveis macroeconomicas, como condio de passagem 3 fase de Unio Econmica e Monetria:
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Critrio de Estabilidade Monetria Taxa Inflao: mdia dos 3 Estados-membros com menor infalo + 1,5% Taxa Juro nominal obrigaes de longo prazo: mdia dos 3 Estadosmembros com inflao mais baixa + 2%; Critrio Disciplina nas Finanas Pblicas Deficit oramental < 3% do PIB Dvida Pblica < 60% do PIB
Critrio de Estabilidade Cambial Moeda participante no mecanismo de taxas de cmbio do SME, na banda normal, nos 2 anos anteriores anlise, sem ter procedido a desvalorizao por iniciativa prpria.
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3 fase: Incio a 1 de Janeiro de 1999 No dia 2 de Maio de 1998, o Conselho europeu decidiu os 11 pases que criaram a moeda nica europeia: O EURO, definindo-se na altura qual seria as taxas de converso irrevogveis de cada moeda. Foi igualmente definido que as vrias moedas nacionais seriam subdivises do unidade comum. O euro entraria em circulao em 1 Janeiro de 2002. At essa data apenas existiria como moeda escritural. Com esta 3 fase, os poderes da conduo da Poltica Monetria e Cambial forma transferidos para o Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC). O principal objectivo do SEBC a estabilidade dos preos (definido como o aumento anual do ndice de preos harmonizado no consumidor, inferior a 2% ao ano). Foi atribudo um papel decisivo ao agregado monetrio alargado (M3), para o qual se passou a anunciar um valor de referncia.
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Recordando: O agregado M3 composto por: notas e moedas em circulao; depsitos ordem; depsitos a prazo at 2 anos; depsitos com pr-aviso at 3 meses; acordos de recompra; ttulos de dvida com prazo at 2 anos; unidades de participao em fundos do mercado monetrio; ttulos do mercado monetrio
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