DIREITO CIVIL PROF. CRISTIANO CHAVES DIA 22.

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Ou voc se compromete com o objetivo da vitria, ou no. Ayrton Sena DIREITOS DA PERSONALIDADE No possvel tratar de direitos da personalidade, sem, antes, abordar o que vem a ser personalidade jurdica. Personalidade Jurdica Historicamente, se conceituou personalidade como sendo a aptido para ser sujeito de direitos, aptido para titularizar relaes jurdicas. Relao implicacional: toda pessoa possui personalidade jurdica, ou seja, possui aptido para ser sujeito de direito. Pessoa

Personalidade Jurdica

Aptido para ser sujeito de direito Ocorre, contudo, que alguns autores, a exemplo de Pontes de Miranda, passaram a atacar o conceito histrico de personalidade jurdica. Pontes de Miranda foi o primeiro a se insurgir contra essa construo histrica. O condomnio edilcio pode ser contratante, parte no processo, empregador, etc. No h dvidas, portanto, que o condomnio edilcio, assim como todo e qualquer ente despersonalizado, titulariza relaes jurdicas. Como sustentar que os entes despersonalizados no possuem personalidade jurdica? Percebe-se, ento, a fragilidade do conceito histrico de personalidade jurdica. Atualmente, concebe-se a seguinte noo: toda pessoa possui personalidade jurdica e, por conseguinte, goza de uma proteo fundamental (essencial), qual seja, os direitos da personalidade. Os direitos fundamentais formam a categoria fundamental do sistema. O reconhecimento dos diretos da personalidade implicou na valorizao do conceito de personalidade jurdica. Pessoa

Personalidade Jurdica

Proteo Fundamental (essencial)

Direitos da Personalidade Os direitos da personalidade, que so de construo recente, tendem a proteger a pessoa. Para o direito, a pessoa s interessa se tiver personalidade. Somente as pessoas podem sofrer dano moral, os entes despersonalizados no. Ao lado do conceito de personalidade surge o conceito de capacidade jurdica, que a aptido para ser sujeito de direitos. A capacidade jurdica pode ser plena (quando o sujeito de direito puder praticar os atos pessoalmente) ou limitada (hiptese em que o sujeito de direito no pode praticar os atos da vida civil pessoalmente). Entes despersonalizados no so pessoas e, dessa forma, no possuem personalidade jurdica. No obstante, eles possuem capacidade jurdica e, consequentemente, so sujeitos de direito. Todo aquele que tem personalidade, tem capacidade, mas a recproca no verdadeira. Ou seja, nem todo aquele que possui capacidade tem personalidade. Toda pessoa tem capacidade, mas nem todo aquele que tem capacidade uma pessoa. Em sntese: Personalidade Relaes existenciais

Capacidade

Relaes patrimoniais

Os direitos da personalidade so: subjetivos, de construo recente, reconhecendo uma proteo mnima essncia da personalidade. Direitos subjetivos so aqueles que conferem ao titular a prerrogativa de exigir de algum comportamentos (positivos ou negativos). Exemplos de direitos da personalidade: honra, nome, imagem, integridade fsica e psquica. A partir do conceito supradescrito possvel perceber que o rol de direitos da personalidade exemplificativo. A esse respeito, vale dizer, que o direito brasileiro, na mesma linha do direito portugus e espanhol, estabeleceu uma clusula geral de proteo da personalidade (ou direito geral da personalidade), reforando a ideia de que o rol exemplificativo. No necessrio, dessa

maneira, que todos os direitos sejam tipificados por conta da clusula geral, e, esta clusula geral resume-se na dignidade da pessoa humana. Os direitos da personalidade reconhecem o direito a uma vida digna nas relaes privadas. Celso Antnio Bandeira de Melo, em sua obra O Contedo Jurdico do Princpio da Igualdade, dispe que os princpios fundamentais no possuem conceitos rgidos, entretanto, possvel estabelecer um ncleo mnimo. Contedo jurdico mnimo do princpio da dignidade da pessoa humana: 1. Integridade fsica e psquica; Lei 11.346/06: esta lei reconhece o direito alimentao adequada. 2. Liberdade e igualdade; REsp. 820.475/RJ: neste julgado o STJ reconheceu a possibilidade jurdica do pedido de unio familiar homossexual. 3. Direito ao mnimo existencial (ou direito ao patrimnio mnimo).
Lei 11.382/06: esta lei modificou o art. 649 do CPC. Esta lei implantou o conceito de

bem de famlia mvel com base no padro mdio de vida digna. Com o advento desta lei, ento, se tornou possvel a penhora de bens mveis de elevado valor. No se pode conceber bem de famlia de elevado valor, porquanto o conceito de bem de famlia parte integrante do mnimo existencial. Insta observar, que bens imveis de elevado valor no podem ser penhorados luz desta lei, tendo em vista que o Presidente da Repblica vetou o artigo que tambm estabelecia um conceito de bem de famlia imvel com base no padro mdio de vida digna. O STJ se alinhou s mesmas pegadas da Lei 11.382/06, afastando a tese do Professor Guilherme Marinoni segundo a qual seria possvel aplicar o princpio da dignidade da pessoa humana diretamente, para possibilitar a penhora de bens imveis de elevado valor. Nesse sentido, bens imveis de alto valor, na esteira da lei, no podem ser penhorados. No se pode confundir direitos da personalidade, direitos humanos e direitos fundamentais. Trata-se de categorias jurdicas distintas. Direitos da personalidade so direitos essenciais da pessoa observados nas relaes privadas. Direitos humanos dizem respeito s relaes jurdicas internacionais (perspectiva globalizada, internacional). Os direitos fundamentais so aplicveis no mbito pblico e privado. O STF, no julgamento do RE 201.819/RJ, reconheceu que os direitos fundamentais trazem consigo uma perspectiva vertical, assim como uma perspectiva horizontal (aplicao dos direitos fundamentais nas relaes privadas).
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Momento aquisitivo dos Direitos da Personalidade Trs teorias explicativas da natureza do nascituro: teoria natalista, teoria concepcionista e teoria condicionista. O momento aquisitivo dos direitos da personalidade a concepo, seja para a teoria concepcionista ou para a teoria condicionista. Historicamente, o conceito de concepo, inclusive harmonizando o Direito Civil com Direito Penal, a nidao (a fixao do embrio fecundado no tero materno no 14 dia). Pode-se dizer, pois, que com a nidao so adquiridos os direitos da personalidade. Questes polmicas relacionadas aquisio dos direitos da personalidade
1. Natimorto: quem foi concebido, mas no nasceu com vida. Natimorto possui direitos da

personalidade? Se o momento aquisitivo dos direitos da personalidade a concepo e, o natimorto foi concebido, evidente que ele possui direitos da personalidade. Ex.: direito ao nome, sepultura, imagem, etc. Nesse sentido, o enunciado n. 1 da jornada de direito 1 Art. 2: a proteo que o Cdigo defere ao civil.
nascituro alcana o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura.

2. Ao proposta na comarca do Rio de Janeiro, pleiteando a paralizao do uso indevido da imagem de exame de ultrasonografia, bem como indenizao por violao de direito da personalidade. Caso a deciso do juiz transite em julgado antes do nascimento do nascituro, ele no poder receber indenizao uma vez que ainda no pode ser titular de direitos patrimoniais. 3. O embrio congelado pode ser titular de direitos da personalidade? O enunciado n. 2 da Jornada de Direito Civil, enfrentando a questo, estabeleceu que o Cdigo Civil no seria a esfera adequada para cuidar desta questo. Deste modo, foi editada a Lei 11.105/05 (Lei de Biosegurana). Vale dizer que o art. 5 desta lei foi questionado no STF no bojo da ADI n. 3510/DF, a qual foi julgada improcedente. 2 Art. 2: sem prejuzo dos direitos da
personalidade nele assegurados, o art. 2 do Cdigo Civil no sede adequada para questes emergentes da reprogentica humana, que deve ser objeto de um estatuto prprio.

No direito brasileiro somente possvel preparar embries congelados para fins de reproduo humana (para fins cientficos no!). Todavia, o artigo 5 da lei no ignora que, ao preparar embries para fins reprodutivos, possvel haver uma sobra. Os embries remanescentes sero guardados pelo prazo de trs anos. Findo este prazo, o mdico notificar o casal para se manifestar acerca do interesse em uma nova reproduo e, caso a resposta seja negativa, os embries sero descartados e, encaminhados para realizao de pesquisas com clulas-tronco. De acordo com a declarao de constitucionalidade do referido art. 5, o embrio congelado no titular de direitos da personalidade, pois, se caso fosse, no poderia ser descartado.
Me recorde de o Min. Ayres Brito dizer que no h que se falar em direto vida do embrio congelado. Ao embrio somente ser assegurado o direito vida na hiptese em que ele for inserido do tero materno.

4. Direito sucessrio do embrio congelado cujo pai faleceu antes da implantao no tero (art. 1.798, CC). Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou j concebidas no momento da abertura da sucesso. O dispositivo supratranscrito estabelece o marco para a capacidade sucessria. Existem duas modalidades de concepo. A concepo uterina chamada de nidao. Fertilizao assistida a concepo laboratorial. Caio Mrio informa que o conceito de concepo uterino, negando, portanto, direito sucessrio ao embrio congelado.
Por outro lado, a Prof. Maria Berenice Dias e a Prof. Giselda Hironaka defendem o

direito sucessrio do embrio congelado com base no princpio constitucional da igualdade entre os filhos (se todos os filhos so iguais, o embrio possui direitos sucessrios). Esta corrente a que prevalece. Importa lembrar, que os direitos sucessrios so patrimoniais e, para titulariza-los no necessrio ser pessoa (obs.: o ente despersonalizado pode ser titular de direito patrimonial). Momento extintivo dos Direitos da Personalidade Os direitos da personalidade se extinguem com a morte. Se a morte extingue a personalidade, naturalmente, ela tambm extingue os direitos da personalidade. At porque no pode dispor de direitos da personalidade quem no possui personalidade. Assim, os direitos da personalidade so intransmissveis e vitalcios. Logo, os direitos da personalidade no so perptuos. Situaes polmicas relativas extino dos direitos da personalidade:
1. Sucesso processual (art. 43, CPC): na sucesso processual o titular de um direito da

personalidade (honra, imagem, nome, etc.) sofre um dano, uma leso, ainda vivo, ajuza a ao e falece no curso do procedimento. Neste caso, os seus sucessores se habilitaro no processo e daro continuidade. Note que esta questo eminentemente processual. Esse instituto da sucesso processual no implica a transmisso de direitos da personalidade.
2. Transmisso do direito reparao de danos (art. 943, CC): se o titular de um direito da

personalidade sofreu a leso ainda vivo, tendo falecido sem propor ao, transmite-se ao seu esplio o direito de requerer a indenizao em lugar do falecido. O direito da personalidade no transmitido. O que se transmite apenas o direito de requerer indenizao (transmitese apenas o direito patrimonial de requerer indenizao por violao de direito da personalidade). O esplio, portanto, recebe o direito de requerer a reparao. Dessa forma, o juiz fixar apenas uma indenizao (aquela que seria devida ao falecido). Este direito de exigir a reparao, que transmitido para o esplio, pressupe a no ocorrncia de

prescrio, isto porque ningum pode transmitir mais do que tem. O direito do esplio tem que ser exercido dentro do prazo prescricional que j se iniciou. Art. 943. O direito de exigir reparao e a obrigao de prest-la transmitem-se com a herana. 3. Lesados indiretos (art. 12, pargrafo nico, CC): se o dano a um direito da personalidade ocorre aps o bito do titular, atingir diretamente o morto. Ocorre que, nesse caso, o dano dirigido diretamente ao morto no produzir nenhum efeito jurdico (nada decorrer). Contudo, alm de atingir diretamente o morto, este dano atingir tambm indiretamente os seus familiares vivos. Os direitos que decorrem dessa circunstncia so titularizados pelos chamados lesados indiretos, que so os familiares do morto, os quais so atingidos indiretamente pelo dano dirigido diretamente ao morto. Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaa, ou a leso, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuzo de outras sanes previstas em lei. Pargrafo nico. Em se tratando de morto, ter legitimao para requerer a medida prevista neste artigo o cnjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral at o quarto grau. Nesta situao, os familiares atuam em nome prprio, defendendo direito prprio (o lesado indireto no substituto processual). Na hiptese dos lesados indiretos, eles reclamam um direito da personalidade prprio consistente em defender a personalidade dos seus parentes mortos. Os lesados indiretos so: o cnjuge, descendentes, ascendentes e colaterais at o quarto grau. Em uma interpretao civil
constitucional, deve-se acrescentar o companheiro e o parceiro homoafetivo.

Nesse ponto, no se observa a ordem de vocao sucessria. Isto significa dizer que os lesados indiretos possuem legitimao concorrente. A partir desse raciocnio, cada lesado dever demonstrar o dano provocado. Vale dizer, que nada impede a formao de litisconsrcio facultativo Todo litisconsrcio ativo (obviamente).
ativo facultativo.

O rol de lesados indiretos meramente exemplificativo e, por esta razo, admite-se a incluso de outras pessoas ligadas afetivamente ao morto. Ex.: namorada, noiva, enteado, entre outros. Ateno, o rol dos lesados indiretos sofrer a excluso dos colaterais at o quarto grau quando se tratar de violao do direito imagem. Isto se justifica pelo fato de que o cdigo entende que o direito imagem mais fludo e, como os colaterais no so to prximos, eles no teriam legitimidade. Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessrias administrao da justia ou manuteno da ordem pblica, a divulgao de escritos, a transmisso da palavra, ou a publicao, a exposio ou a utilizao da imagem de uma

pessoa podero ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuzo da indenizao que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Pargrafo nico. Em se tratando de morto ou de ausente, so partes legtimas para requerer essa proteo o cnjuge, os ascendentes ou os descendentes. Enunciado n. 5 da Jornada de Direito Civil.
REsp. 86.109: este primeiro julgado versa sobre o caso de Lampio e Maria Bonita.

A filha do casal descobriu que a imagem de seus pais estaria sendo indevidamente utilizada. Nesta hiptese, os irmos dos falecidos no possuem legitimidade para tanto, pois que se trata de leso imagem dos falecidos. REsp. n. : este julgado versa sobre o caso de Garrincha. Os filhos de Garrincha ajuizaram ao alegando violao ao direito da personalidade do morto. Neste caso, o STJ arbitrou indenizao de R$ 75.000,00 para cada filho do falecido.
possvel tutela judicial dos direitos do morto. Os lesados indiretos so

titulares da tutela judicial dos direitos da personalidade da pessoa morta. No se pode confundir: a pessoa morta no possui direitos da personalidade. Concluso: os direitos da personalidade no se transmitem. Fontes dos Direitos da Personalidade Fonte o nascedouro, a origem. Maria Helena Diniz e a doutrina amplamente majoritria sustentam que os direitos da personalidade so provenientes do jusnaturalismo1. Os direitos da personalidade ento emanariam de uma ordem natural preconcebida, motivo pelo qual no teriam natureza jurdica. O grande exemplo trabalhado por estes autores o Tribunal de Nuremberg: os oficiais nazistas foram condenados sob o argumento de que o cumprimento da lei no pode inobservar prescries naturalmente preconcebidas (obs.: os oficiais alegaram que cumpriram a lei). Minoritariamente, Pontes de Miranda e Gustavo Tepedino, sustentam o carter normativo dos direitos da personalidade e no naturalista. Argumentam, que se os direitos da personalidade fossem naturais, eles tambm teriam que ser tambm universais (vrios pases do mundo no observam os direitos da personalidade; ex.: alguns pases preveem a pena de morte). Assim sendo, os direitos da personalidade consistiriam em uma opo normativa. Obs.: se os direitos da personalidade so inatos, de onde que provm a autorizao para aplicar pena de morte em tempo de guerra no Brasil??? O princpio da proibio de retrocesso, de ndole constitucional, obsta qualquer tipo de sacrifcio futuro de direito da personalidade. No procede, assim, o argumento de que os direitos da personalidade, por possurem um carter normativo, poderiam ser facilmente suprimidos.
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O jusnaturalismo tem sua origem no cristianismo.

Direitos da Personalidade e Liberdades Pblicas Os direitos da personalidade so vistos por uma tica eminentemente privada, portanto, os direitos da personalidade asseguram o direito vida digna nas relaes privadas. Entretanto, no difcil perceber que eventualmente o exerccio de um direito da personalidade exige a imposio de obrigaes positivas ou negativas ao poder pblico. Toda vez que se impuser ao poder pblico uma obrigao positiva ou negativa para garantir o exerccio de um direito da personalidade, chama-se isso de liberdades pblicas. As liberdades pblicas so obrigaes impostas ao Estado para assegurar ao titular o exerccio de um direito da personalidade. Ex.: Direito de locomoo e habeas corpus. O direito de locomoo impe ao Estado a concesso de habeas corpus quando necessrio. A garantia do habeas corpus uma liberdade pblica disponibilizada para garantir o exerccio do direito de locomoo (direito de ir e vir). Os direitos da personalidade, assim como as liberdades pblicas, eventualmente, podem figurar no rol de direitos e garantias fundamentais previstos na Constituio Federal (Ex.: privacidade, imagem, habeas corpus2, etc.) DIA 10.03 Direitos da Personalidade da Pessoa Jurdica Vem-se discutindo se a pessoa jurdica titulariza ou no direitos da personalidade. Existem posicionamentos diversos sobre esse assunto na doutrina. O entendimento predominante, no entrechoque de ideias, resume-se noo de que os direitos da personalidade esto ancorados na clusula geral de proteo da dignidade da pessoa humana, de sorte que, por essa razo, eles no podem ser reconhecidos s pessoas jurdicas.
Enunciado n. 286. Os direitos da personalidade so direitos inerentes....

Percebe-se, pois, que os direitos da personalidade foram construdos com base na dignidade da pessoa humana, no se estendendo s pessoas jurdicas. A pessoa jurdica, de qualquer sorte, possui personalidade. Os direitos da personalidade foram concebidos a partir da ideia de que toda pessoa tem personalidade e, quem tem personalidade, possui direitos da personalidade. Ter personalidade jurdica significa ter proteo essencial, ter proteo dos direitos da personalidade. Nesse sentido, a pessoa jurdica possui personalidade e, em decorrncia disso, faz jus proteo. O art. 52 do CC no estabelece que as pessoas jurdicas dispem de direitos da personalidade, mas merece a proteo que provm desses direitos.
Art. 52, CC. Aplica-se s pessoas jurdicas, no que couber, a proteo dos direitos da personalidade.
Este artigo est a dizer que as pessoas jurdicas no so titulares de direitos da personalidade, mas so alcanadas pela proteo deles decorrentes, no que couber.

O habeas corpus consiste em uma liberdade pblica.

O dispositivo legal supra evidencia que os direitos da personalidade foram construdos pelo homem e para o homem. Os direitos da personalidade constituem uma categoria jurdica essencialmente humana, embora a proteo deles decorrentes alcance as pessoas jurdicas, por conta de um atributo de elasticidade. O atributo de elasticidade uma qualidade dos direitos da personalidade; o que permite que os direitos da personalidade, embora ordinariamente no alcancem as pessoas jurdicas, a sua proteo seja aplicvel a elas no que couber. No que couber significa: naquilo que a sua falta de estrutura biopsicolgica permita exercer. A proteo dos direitos da personalidade alcana as pessoas jurdicas naquilo que a sua falta de estrutura biopsicolgica permita exercer. Nessa linha de raciocnio, tem-se os seguintes exemplos: direito ao nome (a estrutura biopsicolgica da pessoa jurdica lhe permite ter essa proteo), direito privacidade (segredo empresarial), direito imagem, direito autoral, etc. Outros direitos da personalidade no podem ser reconhecidos s pessoas jurdicas, por conta da sua falta de estrutura biopsicolgica, dentre eles: direito integridade fsica e direito intimidade. Se a pessoa jurdica no possui direitos da personalidade, mas goza da proteo que deles decorre, possvel a pessoa jurdica sofrer dano moral? De acordo com a smula 227/STJ, a pessoa jurdica pode sofrer dano moral, no que couber (REsp. 433.954). Rememore-se que dano moral Protesto indevido de nada mais do que leso a direito da personalidade.
duplicata ensejou o reconhecimento de dano moral pessoa jurdica.

Conflitos entre direitos da personalidade e direito de comunicao social O direito de comunicao social abrange, a um s tempo, liberdade de imprensa e liberdade de expresso. Note, que possvel esses dois direitos estarem em rota de coliso. Explicitada essa possibilidade de conflito e de tenso entre direitos da personalidade e direito de comunicao social, de se indagar qual seria a soluo para o conflito. A soluo para esse conflito passa pela tcnica ponderao de interesses. Evite incorrer no seguinte erro: confundir ponderao de interesses com proporcionalidade. A proporcionalidade se apresenta com duas feies: como princpio interpretativo das normas ou como tcnica de soluo de conflitos normativos. Ateno. Quando a proporcionalidade se apresenta como princpio interpretativo, ela denominada por razoabilidade. Por seu turno, quando a proporcionalidade se apresenta como tcnica de soluo de conflitos, ela denominada como ponderao de interesses. Nesse sentido, saliente-se que toda ponderao de interesses proporcionalidade, mas nem toda proporcionalidade ponderao de interesses.
Viola o princpio da proporcionalidade a disposio condominial que probe

peremptoriamente a entrada de animais no condomnio. Esta norma desarrazoada, pois que nessa situao probe-se, inclusive, a entrada de peixes em aqurio. Proporcionalidade como princpio interpretativo.

 Utilizao de provas ilcitas em benefcio do ru. Ponderao da vedao das provas

ilcitas e a ampla defesa do ru. Ponderao como tcnica de soluo de conflitos. O eventual conflito entre direitos da personalidade e direitos de comunicao social resolve-se pela ponderao de interesses e, portanto, a soluo casustica, ou seja, depende do caso concreto. Deve-se colocar em uma balana hipottica os dois valores conflitantes (em coliso), para descobrir no caso concreto qual deles merece proteo. A soluo do conflito por meio da ponderao de interesses permite descobrir qual dos valores em coliso possui maior densidade valorativa no caso concreto, o direito da personalidade ou o direito de comunicao social. Percebe-se, a partir desse raciocnio, que no sistema brasileiro no existem direitos absolutos. Os direitos podem, portanto, sofrer mitigao. Obs.: dizer que a liberdade de imprensa no absoluta, no significa a repristinao da censura. Nesse particular, o direito brasileiro se afasta do direito norte americano (hate speech: discurso do dio ou da intolerncia; so as manifestaes de desprezo por outras pessoas ou por grupos sociais). O direito brasileiro no admite o hate speech. No Brasil, a liberdade de expresso no absoluta. STF/HC 82.424/RS: nessa deciso o STF admitiu o processamento de uma ao penal contra um descendente de alemo que publicou uma obra anti-semita, defendendo ideais nazistas (descaracterizando os judeus). Deve-se ter em mente que a soluo extrada pela ponderao de interesses casustica, isto , no caso particular. Vide as smulas 221 e 281, ambas do STJ.

Smula 221. So civilmente responsveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicao pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietrio do veculo de divulgao. Hiptese em que smula cria responsabilidade solidria. Smula 281. No se aplica indenizao por dano moral causado pela imprensa a limitao de tarifa imposta pela lei de imprensa. Obs.: a lei de imprensa no foi recepcionada pelo ordenamento brasileiro.

Frisa-se, a liberdade de imprensa no ilimitada. Ex.: Casseta e Planeta. Caractersticas dos Direitos da Personalidade
Art. 11. Com exceo dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade so intransmissveis e irrenunciveis, no podendo o seu exerccio sofrer limitao voluntria.

Verifica-se trs diferentes ideias em uma mesa frase. Os direitos Intransmissvel e irrenunciveis so espcies do gnero indisponveis.

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A redao do artigo 11 do Cdigo Civil pode ser substituda pela seguinte: os direitos da personalidade so relativamente indisponveis. Caractersticas eleitas pelo art. 11 para os direitos da personalidade so: intransmissibilidade e irrenunciabilidade. Esses direitos podem sofrer restrio voluntria nos casos previstos em lei. Exemplo de restrio voluntria: doao de rgos, doao de sangue, cesso de imagem, etc. Vide Enunciado n. 139 da Jornada de Direito Civil: a restrio dos direitos da personalidade no necessitam estar expressamente previstos em lei. Embora o art. 11 se refira a atos de restrio voluntria previsto em lei, a doutrina vem sustentando que os atos de restrio voluntria podem decorrer da autonomia privada, como ocorre no caso da doao de rgos.
139 Art. 11: Os direitos da personalidade podem sofrer limitaes, ainda que no especificamente previstas em lei, no podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente boa-f objetiva e aos bons costumes.

Admitido um ato de restrio voluntria aos direitos da personalidade, haveriam limites a esta restrio voluntria? Sim. Existem limites. Limites ao ato de restrio voluntria a direitos da personalidade:
1. O ato de restrio no pode ser permanente (tem de ser temporrio); Ex.: contrato de cesso

permanente do direito de imagem do jogador Ronaldo Nike (se este contrato existir, ele pode ser denunciado, buscando-se a sua interrupo). 2. O ato de restrio no pode ser genrico (tem que ser especfico); Ex.: as pessoas que esto confinadas no BBB cederam rede globo o seu direito imagem, e to somente; o direito a honra dessas pessoas no pode ser violado. 3. A restrio ao direito da personalidade no pode violar a dignidade do titular, mesmo que ele consinta; Ex.: arremesso de anes. Vide enunciado n. 4 da jornada de Direito Civil:
4 Art.11: o exerccio dos direitos da personalidade pode sofrer limitao voluntria, desde que no seja permanente nem geral.

Os direitos da personalidade so relativamente indisponveis, mas o seu exerccio admite restrio voluntria. Alm das caractersticas dos direitos da personalidade expressas no artigo 11 (intransmissibilidade e irrenunciabilidade), existem outras.
a) Absolutos: no sentido de oponveis erga omnes (os direitos da personalidade so relativos,

na medida em que admitem restrio). b) Inatos: decorrem de uma ordem preconcebida (do direito natural).

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c) Extrapatrimoniais: significa que o seu contedo no tem valor econmico (no possui expresso patrimonial). Dizer que os direitos da personalidade so extrapatrimoniais, no significa dizer que no resulta indenizao da sua violao. d) Vitalcios e intransmissveis: os direitos da personalidade extinguem com o titular. Obs.: o art. 943 permite a transmisso do direito reparao, e no a transmisso do direito da personalidade. e) Imprescritvies: no h prazo extintivo para o seu exerccio (no h prazo para que o titular exera o seu direito da personalidade). Haver sim prazo extintivo para que o titular reclame eventual indenizao por violao de direito da personalidade (o pleito indenizatrio prescreve em trs anos). H um caso em que o STJ estabelece a imprescritibilidade de uma pretenso reparatria: REsp. 816.209/RJ. Neste REsp. o STJ reconheceu a imprescritibilidade da pretenso reparatria decorrente de tortura. Entendeu o STJ que se a tortura imprescritvel, a reparao dela decorrente tambm o ser. Obs.: utilizando-se este entendimento, os negros e os quilombolas podero propor ao reparatria. Proteo jurdica dos Direitos da Personalidade Historicamente, a tutela jurdica dos direitos esteve baseada no fenmeno leso sano, ou seja, a proteo jurdica esteve ancorada na imposio de sano a toda e qualquer leso. Qual seria esta sano imposta? No sistema jurdico brasileiro, esta sano sempre foi, historicamente, perdas e danos. Todavia, desde o advento da reforma processual de 1994 e do Cdigo de Defesa do Consumidor em 1990, o sistema jurdico comeou a discutir a idoneidade do binmio leso/sano, de modo que se pretendia discutir se este binmio efetivamente protegia os direitos. Chegou-se ento concluso de que a vtima da leso no estava interessa somente na imposio de sano ao agente, muito mais do que isso a vtima almejava a proteo efetiva do seu direito (quando o nome de alguma pessoa inserido indevidamente nos rgos de cadastro de proteo ao crdito a primeira ato que vtima deseja a retirada do seu nome do referido registro). O CC 2002 rompeu o binmio leso/so em face da sua insuficincia. O cdigo civil passou a entender que a vtima da violao do direito da personalidade no pretendia apenas o ressarcimento. Desse modo, o Cdigo estabeleceu um novo sistema protetivo dos direitos da personalidade. A proteo jurdica dos direitos da personalidade se apresenta em duas vertentes: ela preventiva, sem prejuzo de ser tambm compensatria (preventiva e/ou compensatria).

Preventiva: processualmente, a proteo aos direitos da personalidade se d por meio da tutela especfica (art. 461, CC jurisdio individual; art. 84, CDC jurisdio coletiva). Compensatria: a proteo subsiste por meio de indenizao por danos morais (Art. 5, V, X e XII, CF).
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaa, ou a leso, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuzo de outras sanes previstas em lei. Tutela penal (crimes contra a honra, contra a pessoa), administrativas e os casos de autotula previstas em lei (art. 1.301 e 1.303, do CC e art. 931, CPC.)

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Pargrafo nico. Em se tratando de morto, ter legitimao para requerer a medida prevista neste artigo o cnjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral at o quarto grau.

Proteo preventiva de direitos da personalidade Tutela especfica dos direitos da personalidade

O reconhecimento de uma tutela preventiva para os direitos da personalidade induziu a uma despatrimonializao da proteo dos direitos da personalidade (a proteo dos direitos da personalidade deixa de subsistir apenas por meio de dinheiro). Tutela especfica consiste no provimento jurisdicional adequado para a soluo de um conflito de interesses especfico. Em outras palavras, a soluo concreta de um caso (o que a vtima busca uma soluo efetivamente especfica para um conflito especfico). Dentro da tutela especfica hospedam-se algumas providncias (diferentes possibilidades): tutela inibitria, tutela sub-rogatria, tutela de remoo do ilcito, etc. (o rol das hipteses de tutela Caso Daniela especfica exemplificativo).
Cicarelli.

Ex.: A insero do nome do devedor indevidamente no SERASA. O juiz determina a retirada do nome do SERASA impondo multa diria para tanto (astreintes).

O 5 do art. 461 do CPC consagra um rol exemplificativo. A tutela preventiva dos direitos da personalidade se materializa por meio da tutela especfica do art. 461 do CPC, cujo rol meramente exemplificativo (o juiz pode conceder diferentes providncias a ttulo de tutela preventiva).
Enunciado n. 140 Art. 12: A primeira parte do art. 12 do Cdigo Civil refere-se s tcnicas de tutela especfica, aplicveis de ofcio, enunciadas no art. 461 do Cdigo de Processo Civil, devendo ser interpretada com resultado extensivo. Art. 461. Na ao que tenha por objeto o cumprimento de obrigao de fazer ou no fazer, o juiz conceder a tutela especfica da obrigao ou, se procedente o pedido, determinar providncias que assegurem o resultado prtico equivalente ao do adimplemento. (Redao dada pela Lei n 8.952, de 13.12.1994) 1o A obrigao somente se converter em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossvel a tutela especfica ou a obteno do resultado prtico correspondente. (Includo pela Lei n 8.952, de 13.12.1994) 2o A indenizao por perdas e danos dar-se- sem prejuzo da multa (art. 287). (Includo pela Lei n 8.952, de 13.12.1994) 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficcia do provimento final, lcito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificao prvia, citado o ru. A medida liminar poder ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em deciso fundamentada. (Includo pela Lei n 8.952, de 13.12.1994) 4o O juiz poder, na hiptese do pargrafo anterior ou na sentena, impor multa diria ao ru, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatvel com a obrigao, fixando-lhe prazo razovel para o cumprimento do preceito. (Includo pela Lei n 8.952, de 13.12.1994) 5o Para a efetivao da tutela especfica ou a obteno do resultado prtico equivalente, poder o juiz, de ofcio ou a requerimento, determinar

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as medidas necessrias, tais como a imposio de multa por tempo de atraso, busca e apreenso, remoo de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessrio com requisio de fora policial. (Redao dada pela Lei n 10.444, de 7.5.2002) 6o O juiz poder, de ofcio, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. (Includo pela Lei n 10.444, de 7.5.2002)

O juiz pode conceder a tutela preventiva de ofcio, no necessrio o requerimento da vtima. O juiz pode conceder, revogar, ampliar, diminuir a tutela especfica ex officio. Ex.: caso Carolina Dickman X Pnico. Aspectos controvertidos sobre a tutela especfica:

Concesso de mandado de distanciamento (restrio da liberdade de ir e vir): possvel ao juiz conceder mandado de restrio de direitos de locomoo a ttulo de tutela especfica. Este mandado muito comum nas aes de separao de corpus. O STJ tem entendido, ao conceder o mandado de distanciamento, que a fixao da distncia de aproximao deve ser levada a efeito obedecendo-se s peculiaridades de cada lugar. Ex.: caso Dado Dolabella. Priso civil a ttulo de tutela especfica: o rol de possibilidades da tutela especfico exemplificativo. Dessa forma, surge a indagao: permite-se a priso civil? Os autores clssicos sustentam a impossibilidade da priso civil como tutela especfica por conta da vedao constitucional. Aps a smula vinculante n. 25, somente o devedor de alimentos pode ser preso civilmente por dvidas. Autores contemporneos (Marinoni e Didier), diferentemente, admitem o uso da priso civil como forma de tutela especfica, ao argumento de que neste caso o juiz no est determinando a priso por dvida, mas sim por descumprimento espontneo de uma deciso judicial. A segunda tese trs consigo um inconveniente, a saber: qual seria o prazo desta priso civil?
O Professor adota uma medida intermediria segundo a qual o juiz pode se valer

priso, quando nenhuma outra medida se mostrar suficiente e, em ponderao de interesses (quando o sacrifcio da liberdade do devedor for menor que o direito violado). Ex.: caso em que o juiz ordena a internao de um indivduo e o mdico recusa realiz-la. Tutela compensatria dos direitos da personalidade A indenizao por danos morais corresponde violao dos direitos da personalidade. Os direitos da personalidade esto sustentados na dignidade da pessoa humana. Em ltima anlise, a indenizao por danos morais corresponde violao da dignidade humana. Percebe-se, pois, uma aproximao entre direitos da personalidade e dano moral, de modo que o dano moral no mais dor, vexame, humilhao, sofrimento, vergonha (sentimentos negativos), mas sim violao da dignidade da pessoa humana. Se o rol de direitos da personalidade exemplificativo, o dano moral tambm o .
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Para configurar dano moral necessrio haver leso dignidade da pessoa humana. Meros aborrecimentos no acarretam dano moral. A prova do dano moral atualmente in re ipsa (nsita na prpria coisa). Sustentar que o dano moral se correlaciona com a dignidade da pessoa humana o mesmo que defender a autonomia do dano moral. Smula 37/STJ: so cumulveis as indenizaes por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. possvel cumular indenizao por dano moral com dano moral? No Brasil, a expresso dano moral utilizada como gnero e como espcie (violao honra: dano moral; violao imagem: dano imagem; violao integridade fsica: dano esttico). Assim sendo, plenamente possvel a cumulao de dano moral com outro dano moral, desde que se tratem de bens jurdicos distintos (categorias distintas de dano moral).
Smula 387/STJ. lcita a cumulao das indenizaes de dano moral e dano esttico.

Impossibilidade de concesso de dano moral de ofcio. A tutela compensatria no pode ser concedida ex officio. A concesso de indenizao por dano moral depende da provocao das partes, tendo em vista o seu carter econmico. Seguindo este raciocnio, o Ministrio Pblico no possui legitimidade para requerer indenizao por dano moral em substituio do interessado. H, no entanto, uma nica hiptese em que o Ministrio Pblico pode pleitear indenizao por dano moral: a hiptese de ao civil ex delicto (ao que decorre de uma condenao criminal). No julgamento do RE 135.328/SP, o STF construiu a tese da inconstitucionalidade progressiva, de sorte que a norma consubstanciada no art. 68 do CPP constitucional at que a Defensoria Pblica esteja instalada em todas as comarcas. Assim sendo, nas comarcas aonde ainda no houver defensoria pblica instalada, conserva-se a legitimidade do Ministrio Pblico. Aspectos controvertidos da tutela compensatria dos direitos da personalidade:

Haveria uma natureza punitiva na tutela compensatria? Genericamente, a indenizao por danos morais no possui uma natureza punitiva, mas sim compensatria. Desta feita, o Direito Brasileiro no admite o instituto norte americano denominado punitive damage. No entanto, ao fixar o valor da reparao o juiz deve levar em conta a teoria do desestmulo e estabelecer um valor que ostente um carter pedaggico. Em outros termos, o dano moral no possui natureza punitiva, mas pode e deve ser utilizado com natureza punitiva. Seria possvel falar em dano moral contratual? No, pois, ordinariamente, o inadimplemento contratual gera indenizao apenas por dano material. Entretanto, o inadimplemento contratual pode violar a dignidade. O STJ se manifestou sobre a questo no Resp. 202.564, admitindo a possibilidade de indenizao por dano moral nos casos em que o descumprimento contratual atingir a dignidade do contratante. Ex.: interrupo indevida do servio de fornecimento de gua. O dano moral possui natureza extracontratual, haja vista que a indenizao por este motivo pode suplantar o valor do contrato.

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 Dano moral difuso ou coletivo: estas modalidades de dano moral so admitidas pelo art. 6, VI, do CDC, bem como pelo art. 1, da Lei 7.347/85 (Lei da Ao Civil Pblica). Dano moral difuso aquele que viola os direitos de todos e de ningum a um s tempo. Dano moral coletivo aquele que viola os direitos de uma categoria. Ex.: dano moral ao meio ambiente difuso; o dano moral causado a uma categoria profissional coletivo. Tanto o dano moral difuso como o coletivo somente podem ser requeridos por meio de ao civil pblica, que deve ser intentada por um dos colegitimados do art. 5 da Lei 7.347/85. Cumpre esclarecer, que o valor da indenizao por dano moral coletivo reverter em prol do fundo previsto no art. 13 da Lei da ACP, nunca em favor uma pessoa. Obs.: no se pode esquecer que a ao civil pblica pode ser proposta para tutelar direitos individuais homogneos; se duas ou mais pessoas sofrerem o mesmo dano, cada uma delas pode propor ao individualmente ou, ento, ao civil pblica; neste ltimo caso, a liquidao e a execuo da sentena sero individuais. Todo dano moral difuso ou coletivo s pode ser cobrado por meio de ao civil pblica, com liquidao e execuo coletivas. O dano moral individual pode ser cobrado em ao individual ou, atingido a duas ou mais pessoas por ao civil pblica para a defesa de direito individual homogneo, com liquidao e execuo individuais (artigos 94 e seguintes do CDC).

DIA 11.03
DIREITOS DA PERSONALIDADE EM ESPCIE Direitos da Personalidade das Pessoas Pblicas Pessoas pblicas so as celebridades, pessoas notrias. Pessoas pblicas titularizam direitos da personalidade, todavia essas pessoas sofrem uma mitigao (uma relativizao) no seu exerccio dos direitos das personalidade, uma vez que o seu ofcio ou profisso exigem uma exposio de sua personalidade. Dessa forma, preciso deixar claro que as pessoa pblicas so titulares de direitos da personalidade. Ex.: direito de imagem. Imagine se a revista ou o jornal precisasse pedir autorizao s pessoas pblicas para usarem sua imagem. Os paparazzi podem ser responsabilizados por invadirem a privacidade das pessoas. A relativizao dos direitos da personalidade pressupe a inexistncia de desvio de finalidade. Apesar da imagem da pessoa notria ser pblica, no se pode realizar a sua explorao comercial sem autorizao. Junto com a mitigao dos direitos da personalidade de pessoas pblicas tambm sero relativizados os direitos das pessoas que acompanham as pessoas pblicas.

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A classificao dos direitos da personalidade no taxativa, uma vez que o direito brasileiro traz consigo uma clusula geral de proteo, qual seja, a dignidade da pessoa humana. No obstante, alguns direitos da personalidade foram tipificados a partir de um critrio tricotmico, que divide os Este critrio corresponde direitos da personalidade em trs perspectivas:
aos atributos da pessoa humana: corpo, alma e intelecto.

Integridade fsica: corresponde tutela jurdica do corpo humano. Integridade psquica: tutela jurdica dos valores humanos imateriais: Ex.: honra e privacidade. Integridade intelectual: inteligncia humana. Obs.: o direito vidas est presente nas trs perspectivas, porquanto os direitos da personalidade esto assentados sob a ideia de vida digna. Direitos da personalidade em espcie no Cdigo Civil: Art. 13: direito ao corpo vivo. Art. 14: direito ao corpo morto. Art. 15: autonomia do paciente (tambm chamada de livre consentimento informado). Artigos 16 a 19: direito ao nome civil. Art. 20: direito imagem. Art. 21: direito privacidade. Obs.: esta estrutura encontra-se em consonncia com o critrio tricotmico. Direito ao corpo vivo Compreende a proteo do corpo humano como um todo, mas tambm a proteo das partes separadas do corpo humano. A violao da integridade fsica (do corpo humano) caracteriza o dano esttico. Para a configurao do dano esttico no se exige a existncia de sequelas permanentes. No REsp. 575.576, o STJ confirmou a prescidibilidade de seqelas permanentes para caracterizao do dano esttico. No se pode olvidar que o dano esttico pode ser cumulado com o dano moral. H, portanto, uma autonomia no tratamento da integridade fsica, de modo que a violao da integridade fsica autnoma em relao a outros valores personalssimos. possvel a cumulabilidade do dano esttico com o dano moral.
Smula 387/STJ. lcita a cumulao das indenizaes de dano moral e dano esttico.

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 Embora no seja imprescindvel a existncia de seqelas permanentes para a caracterizao do dano esttico, cumpre deixar claro que a intensidade da seqela interfere na quantificao do dano moral.

O dispositivo legal abaixo transcrito est a dizer que a proibio do ato de disposio corporal condicionada. Nesse sentido, o ato de disposio do prprio corpo vlido quando no importar a diminuio permanente ou contrariar os bons costumes.
Art. 13. Salvo por exigncia mdica, defeso o ato de disposio do prprio corpo, quando importar diminuio permanente da integridade fsica, ou contrariar os bons costumes. Pargrafo nico. O ato previsto neste artigo ser admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.

Os bons costumes nesse caso so compreendidos como tica social (comportamentos socialmente esperados). Ex.: piercing e tatuagens so permitidos. A limitao de piercings e tatuagens a pessoas maiores de idade so questes que dizem respeito sade pblica. Ex.: e as situaes jurdicas dos Wannabe? Os Wannabe so pessoas que nutrem repulsa em relao a um determinado rgo humano. O art. 13 do CC, conforme se verifica, probe a situao jurdica dos Wannabe. Vale dizer que, por exigncia mdica, possvel amputar rgos e membros do corpo humano. Questes polmicas atinentes integridade fsica: Cirurgia de mudana de sexo: essa questo deve ser analisada luz da resoluo 1642/02 do Conselho Federal de Medicina; essa resoluo reconhece natureza patolgica ao transsexualismo, ou seja, transexualismo doena. Homossexualismo e bissexualismo diz respeito orientao sexual, no patolgico. O transsexualismo uma patologia fisiopsiquica, porquanto nesses casos h uma dicotomia entre o sexo fsico e o sexo psquico. Sob o ponto de vista da orientao sexual, o transexual heterossexual (na mente do transsexual ele mantm relao sexual com o sexo oposto). Nesse sentido, a medicina recomenda tratamento psicolgico ao transsexual. Se por ventura o psiclogo ou o psiquiatra atestarem a irreversibilidade do quadro realiza-se o tratamento fsico (primeiro, realiza-se um tratamento psicolgico; no sendo possvel a reverso, faz-se o tratamento fsico, que consiste na mudana de sexo). Presente o requisito do tratamento psicolgico possvel realizar a cirurgia.
Realizada a cirurgia o transsexual tem direito de modificar seu registro? O STJ, na

homologao de sentena estrangeira 1058/Itlia, firmou seu entendimento no sentido de que o transsexual operado tem direito de modificar tanto o seu nome quanto o seu estado sexual no novo registro, independentemente do motivo. A Professora Maria Berenice sustenta o entendimento de que os transsexuais podem modificar o registro civil mesmo que no tenham realizado a cirurgia.

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 possvel o transsexual casar com uma pessoa do sexo oposto. Nesse caso, se o outro cnjuge no conhecer a situao de transexual da pessoa com quem se est casando, possvel anular o casamento com base no art. 1.557, CC. necessrio autorizao apenas para promover alterao no registro civil. Para realizar cirurgia no necessrio autorizao. O pedido de autorizao para alterao do registro civil dever ser proposto na Vara da Famlia, haja vista que essa questo diz respeito ao estado das pessoas. Esta ao de estado e no uma ao registral. Neste caso, no existe um erro no registro, mas sim uma divergncia de sexo. permitida a barriga de aluguel, desde que se observe alguns limites, quais sejam: pessoas maiores e capazes, pessoas da mesma famlia, impossibilidade gestacional da me biolgica, gratuidade no procedimento (Resoluo n. 1.957 do Conselho Federal de Medicina). Considerando esses requisitos, a designao barriga de aluguel imprpria. O nome tcnico dessa situao gestao em tero alheiro. Presentes todos os requisitos, o mdico declarar a maternidade da me biolgica e no da me hospedeira. Diante de uma hiptese de conflito negativo, deve-se encaminhar a criana para adoo. No obstante a expresso diminuio permanente da integridade fsica constante no art. 13, a proteo que emana do artigo 13 no se dirige apenas ao corpo humano como um todo, mas tambm s suas partes. Ex.: caso Glria Trevis. O smen congelado, que compe o embrio j concebido, pertence a quem? A tutela do corpo vivo no se aplica aos transplantes, pois que est submetido a regra prpria. Requisitos que devem ser preenchidos para realizao de transplante: 1) rgos dplices ou regenerveis; 2) pessoas de uma mesma famlia (se no for da mesma famlia necessrio autorizao do conselho de medicina); 3) gratuidade; 4) interveno do Ministrio Pblico (no mbito administrativo; basta que se comunique o promotor da comarca do doador, a fim de que se verifique a presena dos requisitos). Essas regras no necessitam ser observadas quando se tratar de leite materno, smen, vulo, medula e sangue. Direito ao corpo morto Art. 14, CC. Este artigo autoriza a disposio gratuita do corpo para depois da morte.
Art. 14. vlida, com objetivo cientfico, ou altrustico, a disposio gratuita do prprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Pargrafo nico. O ato de disposio pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

Este artigo consagra a tutela jurdica do corpo morto, abrangendo o corpo como um todo e as partes separadas do todo.

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Os beneficirios dos transplantes post mortem no podem ser escolhidos, haja vista que a lei estabelece uma fila, de sorte que o beneficirio ser o primeiro da fila. Deste modo, nula a indicao de beneficirio de transplante post mortem. O ato pelo qual se dispe do corpo aps a morte revogvel a qualquer tempo. Questes controvertidas: De acordo com o art. 14 o ato de disposio sempre para depois da morte. Assim sendo, nula toda e qualquer disposio antes da morte (testamento vital ou living will caso em que o indivduo, em razo do seu estado, prefere a morte).

Coliso do disposto no art. 14 com o contedo do art. 4 da Lei 9.434 - transplantes (consentimento do titular X consentimento da famlia). Esse problema se resolve da seguinte forma: havendo declarao de vontade, prevalece a manifestao de vontade do titular; no havendo declarao do titular, a famlia dever decidir. Entrementes, o entendimento predominante o de que prevalece a de transplantes, ou seja, a famlia do morto quem decidir.

Em se tratando de indigente (pessoa morta sem identificao), no pode haver a retirada de rgos para fins de transplantes. Art. 15, CC. Toda e qualquer interveno mdica ou cirrgica depende do consentimento do paciente. Somente podendo haver interveno mdica forada na hiptese em que houver necessidade. O artigo 15 revela dois importantes efeitos jurdicos: 1) a impossibilidade de internao forada; no Brasil, a internao subsiste por vontade do paciente ou por exigncia mdica. 2) direito indenizao do paciente por violao do dever de informao; o dever de informao consiste em desdobramento da boa-f objetiva.
Art. 15. Ningum pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento mdico ou a interveno cirrgica.

O testemunho de Jeov tem direito de recusar a transfuso de sangue. Os testemunhos de Jeov realizam uma interpretao bblica pela qual no admitem a transfuso de sangue. Neste caso, ao contrrio do que se costuma sustentar, no h um conflito entre o direito vida e a liberdade de crena. O conflito neste caso se estabelece entre a integridade fsica X direito liberdade de crena. Segundo a opinio majoritria, esse conflito se resolve em favor da integridade fsica. No entanto, alguns doutrinadores (Tepedino, Ferreira Filho, Cristiano Chaves e Celso Ribeiro Bastos) sustentam o entendimento de que o testemunho de Jeov tem o direito de recusar a transfuso de sangue, ao argumento de que nessa hiptese a liberdade de crena possuiria um valor superior integridade fsica. Vale dizer, que este ltimo entendimento no se aplica aos casos de urgncia mdica e de menores incapazes. Direito ao nome civil No direito brasileiro, o nome direito da personalidade.

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O nome diz respeito individualizao da pessoa. Sendo o nome um direito da personalidade, a escolha personalssima. O Direito Brasileiro estabelece um prazo decadencial de um ano, contados a partir da maioridade civil, para pleitear a mudana imotivada do nome. Este o nico caso em que se permite a mudana imotivada do nome (artigos 56 a 58 da Lei de Registros Pblicos). O prazo decadencial reforma a natureza personalssima do direito ao nome. O procedimento para modificao imotivada e motivada judicial. Elementos componentes do nome civil: prenome, sobrenome (patronmico) e agnome. O prenome identifica a pessoa. O sobrenome identifica a origem ancestral ou familiar. O agnome a partcula diferenciadora de pessoas que so da mesma famlia e tem o mesmo nome (Ex.: jnior, neto, sobrinho). No caso de gmeos com o mesmo prenome, necessrio haver um segundo prenome Nome utilizado apenas diferenciador. para atividades
profissionais.

No elemento componente do nome: ttulos, pseudnimo (heternimo ou cognome). O pseudnimo no compe o nome, mas merece a mesma proteo. Ex.: Silvio Santos, Zez di Camargo, Jos Sarney (ele se chama Jos Ribamar). O pseudnimo no se transfere aos filhos. Pseudnimo no se confunde com hipocorstico. Pseudnimo uma identificao profissional. Hipocorstico um apelido notrio; um hipocorstico no se identifica no s no campo profissional, mas tambm no campo pessoal. O art. 57 da Lei de Registros Pblicos permite que o hipocorstico seja acrescentado ou substitua o nome. Nesse caso, o hipocorstico se torna elemento componente do nome. A competncia nessas hipteses da vara de registros pblicos. A firma (assinatura) no se confunde com o nome, sendo certo que poder ser diferente do nome. Princpio da inalterabilidade relativa do nome: possvel a mudana do nome. A inalterabilidade relativa, uma vez que somente se autoriza a mudana do nome nos casos previstos em lei ou por deciso judicial baseado em motivo, havendo justificao aceita judicialmente. Exemplos previstos em lei: Adoo. O ECA permite a mudana do nome (prenome e patronmico) na hiptese de adoo. Se o adotado contar com mais de doze anos de idade, necessrio o seu consentimento. Acrscimo de sobrenome de padrasto por deciso judicial, desde que haja consentimento das pessoas envolvidas (Lei 11.924/09).
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 Programa de proteo a testemunha (Lei 9.807/09). Casamento e unio estvel. Aps o advento da EC n. 66, o cnjuge somente perde o sobrenome se quiser. Exemplos no previstos em lei: Transsexualismo. Incluso de sobrenome de ascendente. Viuvez. Retirada de sobrenome no caso de abandono paterno. Obs.: todos os casos de alterao de nome dependem de deciso judicial. Direito imagem Direito identificao das pessoas. A pessoa pode ser identificada no s pelos traos fisionmicos. O direito imagem tridimensional, haja vista que envolve, a um s tempo a: Imagem retrato: caractersticas fisionmicas. Imagem atributo: qualificao pela adjetivao, pelas qualidades da pessoa. Costuma-se falar de imagem atributo em relao s pessoas jurdicas. Imagem voz: o timbre sonoro identificador. O direito imagem um s. No caso em que for violado a imagem retrato e a imagem voz ao mesmo tempo, o indivduo far jus a uma nica indenizao. A doutrina e a jurisprudncia so pacficas no sentido de reconhecer a autonomia do direito de imagem. No entanto, o artigo 20 do CC no acompanhou a autonomia constitucional do direito imagem. Nesse sentido, o referido art. 20 terminou por afirmar, equivocadamente, que o direito imagem s merece proteo quando houver explorao comercial ou violao da honra. O Cdigo Civil condicionou a proteo da imagem explorao comercial ou violao da honra. No se tratando desses casos especficos, a proteo da imagem decorre da Constituio.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessrias administrao da justia ou manuteno da ordem pblica, a divulgao de escritos, a transmisso da palavra, ou a publicao, a exposio ou a utilizao da imagem de uma pessoa podero ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuzo da indenizao que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Pargrafo nico. Em se tratando de morto ou de ausente, so partes legtimas para requerer essa proteo o cnjuge, os ascendentes ou os descendentes.

possvel a flexibilizao do direito imagem em dois casos:

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1. Funo social da imagem: quando necessria manuteno da ordem pblica ou administrao da Justia. Nessa hiptese, permite-se a utilizao da imagem alheia. Ex.: programa linha direta. 2. Consentimento do titular (autorizao): no precisa ser expressa (pode ser tcita o que ocorre na maioria dos casos). REsp. 595.600/SC: nesse caso o STJ reconheceu a inexistncia de violao do direito de imagem (caso do top less na praia) Direito privacidade Art. 21, CC. O direito privacidade trs consigo dois aspectos: segredo e intimidade. Privacidade so aquelas informaes particulares que pertencem ao titular e a mais ningum. Privacidade o aspecto mais recndito do ser; aquilo que dele e de mais ningum. Segredo so as informaes do titular, mas que, eventualmente, podem ser compartilhadas por terceiros em nome do interesse pblico (Ex.: movimentao bancria e fiscal). Intimidade so as informaes que pertencem exclusivamente ao titular, cujo compartilhamento depende da vontade do titular do direito. Ex.: opo sexual e religiosa. A teoria dos crculos concntricos demonstra que a privacidade encontra-se no crculo mais externo, o segredo e o sigilo esto localizados no crculo intermedirio e a intimidade se encontra no centro. O direito privacidade autnomo, significando isto dizer que o direito privacidade no depende da violao da honra. Ex.: caso do jogador Garrincha (nesse caso, houve violao da privacidade).

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