Bed and Breakfast No Brasil

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CENTRO UNIVERSITRIO SENAC

Danielly Hanashiro Tatiane Alves Thais Moane

Bed and Breakfast no Brasil

So Paulo 2009

Danielly Hanashiro Tatiane Alves Thais Moane

Bed and Breakfast no Brasil

Trabalho apresentado

de ao

concluso Centro

de

curso

Universitrio

SENAC Campus Santo Amaro, como exigncia parcial para obteno do grau de Bacharelado em Hotelaria.

Orientador Temtico: Jlio Csar Butuhy

So Paulo 2009

HANASHIRO, Danielly. ALVES, Tatiane. MOANE, Thais Bed and Breakfast no Brasil / Danielly Hanashiro, Tatiane Alves,Thais Moane So Paulo 2009. 102 p.

Trabalho de Concluso de Curso Centro Universitrio SENAC Campus Santo Amaro Bacharel em Hotelaria Orientador: Jlio Csar Butuhy 1. Bed and Breakfast 2. Hospitalidade 3. Sustentabilidade

Danielly Hanashiro Tatiane Alves Thais Moane

Bed and Breakfast no Brasil

Trabalho apresentado

de ao

concluso Centro

de

curso

Universitrio

SENAC Campus Santo Amaro, como exigncia parcial para obteno do grau de Bacharelado em Hotelaria.

Orientador Temtico: Jlio Csar Butuhy

A banca examinadora de Concluso de Curso em sesso pblica realizada em 05/10/ 2009, considerou o (a) candidato (a).

1. Examinador (a) 2. Examinador (a) 3. Examinador (a)

Aos nossos pais, que sempre nos auxiliaram nas dificuldades ao longo do curso. Aos nossos amigos e companheiros que de alguma forma nos compreenderam e auxiliaram na execuo deste importante projeto para nossas vidas.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos aqueles que sempre estiveram ao nosso lado durante os quatro anos que se seguiram e a elaborao deste projeto. Primeiramente s nossas famlias, pais, irmos e amigos que nos incentivaram a essa nova etapa de nossas vidas adulta, dando-nos todo suporte necessrio para a realizao, tanto acadmica quanto pessoal. Gostaramos de agradecer tambm a todos os profissionais que de alguma forma contriburam para esse projeto. A todos envolvidos da agncia Cama e Caf, Carlos Magno Cerqueira, gerente comercial, Ana Laura Lopes de Andrade, psicloga e responsvel por acolher a sede da agncia, Daniella Grego, gerente de operaes e a anfitri Flvia Garcia, que acrescentaram conhecimentos ao nosso projeto proporcionando novas perspectivas do mercado hoteleiro. Aos gerentes dos hotis que trabalhamos, por terem permitido nosso afastamento para pesquisa de campo na cidade do Rio de Janeiro e por nos ofereceram hospedagem gratuita no perodo da visita. de fundamental importncia expressar nossa gratido para com o nosso professor e orientador Jlio Csar Butuhy e nossa professora metodolgica Mnica Bueno, que ao longo do curso nos ofereceu conhecimento e habilidades.

Hospitalidade no significa mudar as pessoas, e, sim, oferecer-lhes o espao necessrio para que as transformaes possam ocorrer. () A hospitalidade no um convite sutil ao hspede para que adote o estilo de vida de seu anfitrio, mas a concesso ao hspede, de encontrar seu prprio estilo de vida. Henri Nouwen

A hospitalidade antes de mais nada uma disposio da alma, aberta e irrestrita. Ela, como o amor incondicional, em princpio, no rejeita nem discrimina a ningum. simultaneamente uma utopia e uma prtica. Leonardo Boff

RESUMO

Este trabalho aborda o encontro entre turistas e anfitries no modo de hospedagem domiciliar, especificamente o de tipo bed and breakfast (ou cama e caf) no bairro de Santa Teresa, na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo de examinar a relao de hospitalidade entre essas partes, estabelecida atravs desse sistema, o qual permite uma experincia interpessoal, alm de ser de grande importncia na constituio de vivncia integral de turismo, na perspectiva de sustentabilidade. A pesquisa, ainda, tem como objetivo ser uma referncia bibliogrfica para pesquisas e conhecimento geral, visto que hoje, no Brasil, escasso material sobre esse assunto. Alm disso, as autoras analisaram alguns locais que possuem caractersticas semelhantes com Santa Teresa, e que por sua vez tambm tenham foco no turismo histrico-cultural, mas acesso outras formas de turismo em sua proximidade, o que acarreta em um ganho tanto para a cidade, quanto para a comunidade, j que haver mais procura no local e a economia, portanto, ser beneficiada. Palavras chaves: Bed and Breakfast, hospitalidade, sustentabilidade.

ABSTRACT

This essay approaches the meeting between tourists and hosts in home lodging, specifically bed and breakfast in Santa Teresa, a neighborhood in the city of Rio de Janeiro. The goal is to examine the relationship of hospitality among the parts that is established by this system, allowing a different contact, know as interpersonal relationship, besides being of extreme importance in the constitution of a tourism experience, when it comes to viability. The research, also, has the intention to become a bibliographical reference, for researches and common knowledge, once, this kind of material is scarce in Brazil. In addition, the writers analyzed some spots that possess similar characteristics to Santa Teresa, which also focus on a cultural-historic tourism and are located near other forms of tourism, driving the city and the community to profit from that, for the interest in the place will be higher and the economy might develop.

Key words: bed and breakfast, hospitality, viability.

LISTA DE ILUSTRAES

Figura 1 - Casaro do Sculo XIX.........................................................................18 Figura 2 - Placa de Sinalizao do Meio de Hospedagem B&B............................20 Figura 3 - Busca Temtica Atravs do Site............................................................25 Figura 4 - Logo do Rio Home Stay e do Cama e Caf..........................................27 Figura 5 Pacote Romntico.................................................................................27 Figura 6 Mapa de Santa Teresa.........................................................................42 Figura 7 Bondinho...............................................................................................43 Figura 8 Igreja de Santa Teresa.........................................................................43 Figura 9 - Casa do Cama e Caf Estilo Castelo....................................................44 Figura 10 Parque das Runas.............................................................................45 Figura 11 - Vista do Mirante - Parque das Runas.................................................45 Figura 12 - Museu Chcara do Cu.......................................................................46 Figura 13 Quarto e Sala......................................................................................47 Figura 14 Quarto e Sala......................................................................................47 Figura 15 Hotel de Santa Teresa........................................................................48 Figura 16 - Caf da manh na casa da Ana Laura................................................57 Figura 17 - Pgina do Site Riotur...........................................................................60 Figura 18 Rio do Engenho..................................................................................72 Figura 19 Ouro Preto..........................................................................................75 Grfico 1- Hospedagem Domiciliar no Rio de Janeiro 2008...............................31 Grfico 2- Perfil do pblico 2005.........................................................................32 Grfico 3- Taxa de Ocupao nas Principais reas do Rio de Janeiro 2008.....37 Grfico 4- Distribuio Percentual dos Room Nights 2008.................................40 Grfico 5- Anfitries Cadastrados na Sede Cama e Caf.....................................51 Grfico 6- Quartos Existentes nas Casas Cadastradas.........................................52 Grfico 7- Categoria dos Apartamentos que so Oferecidos pelos Anfitries.......52 Grfico 8- Banheiros Privativos ou Coletivos.........................................................52 Grfico 9- Ocupao Mxima de Hspedes..........................................................53 Grfico 10- Mdia das Dirias Cobrada por categoria........................................53

LISTA DE TABELAS

1- Destinos de Continentes e Cidades Tursticas do B&b.....................................19 2- Perfil do Anfitrio................................................................................................30 3- Perfil do Turista Nacional e Estrangeiro 2003 a 2006....................................32 4- Taxa de Ocupao Trimestral 2001 a 2008....................................................36 5- Taxa Mdia de Ocupao 2000 a 2008..........................................................36 6- Taxa de Ocupao Segundo a Categoria de Uhs 2008................................36 7- Diria Mdia do Quarto Vendido........................................................................38 8- Tempo de Permanncia dos Hspedes 2008.................................................39 9- Percentual Mdio de Room Nights 2003 a 2008............................................40 10- Nmero de Turistas e sua Participao 2007 a 2008...................................41 11- PIB Real 1970 a 2003................................................................................. 69 12- Per Capita do Estado do Esprito Santo 1995 a 2003..................................69 13- Projeo do Emprego Formal do Turismo no Esprito Santo 2004 a 2005..70 14- Segmento x Mercado.......................................................................................71

SUMRIO

1. INTRODUO.............................................................................................14 2. CONCEITO DE BED AND BREAKFAST (b&b).....16


2.1 Histrico..........................................................................................................18 2.2 Hospedagem Domiciliar Aliado Sustentabilidade...................................27 2.3 Perfil do Anfitrio Brasileiro.........................................................................30

3. TURISMO CULTURAL...............................................................................34
3.1 A Cidade do Rio de Janeiro.........................................................................35 3.2 Procedncia dos Turistas.............................................................................40

4. O BAIRRO DE SANTA TERESA.............................................................42


4.1 Pontos Tursticos...........................................................................................43 4.2 Oferta Hoteleira no Bairro de Santa Teresa.................................................46

5. A HOSPEDAGEM DOMICILIAR EM SANTA TERESA.....................49


5.1 Agncia Cama e Caf.....................................................................................49 5.2 Experincia Vivida pelas Autoras.................................................................54 5.3 Comit Organizador dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro.........57 5.4 Divulgao do Produto por Entidades Pblicas.........................................60

6. PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO B&B NO BRASIL................63


6.1 Benefcios da Hospedagem Domiciliar........................................................63 6.2 Principais Dificuldades para Implantao da Hospedagem Domiciliar....64 6.3 Alternativas para Minimizar as Dificuldades de Implantao do B&b......65 6.4 Destinos..........................................................................................................67

6.5 Copa do Mundo de 2014................................................................................80 6.6 Jogos Olmpicos de 2016..............................................................................82

7. CONSIDERAES FINAIS..................................................................... 85 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................86 APNDICE A.....................................................................................................89 APNDICE B.....................................................................................................94 APNDICE C.....................................................................................................98

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1. INTRODUO
Muitas so as formas de hospedar e bem receber, mas somente a hospedagem domiciliar remete a sensao de estar em casa. O estudo desenvolvido apresentar um olhar sobre a implantao do bed and breakfast (b&b) no Brasil, como base o bairro de Santa Teresa R.J., tendo na hospitalidade do bairro o ponto central da anlise. Buscou-se compreender mais sobre o trabalho desenvolvido pelos fundadores da rede e pelo trabalho dos anfitries. A existncia da hospedagem domiciliar de modo estruturado e formal recente no Brasil. Sua prtica vem, aos poucos, despertando a curiosidade e o interesse do publico em geral e dos profissionais da rea de turismo. No entanto, esse um tema pouco explorado pela literatura tcnica e acadmica, principalmente em mbito nacional. Por sua novidade, esse no um campo com definies claras e demarcadas. Assim, para esse projeto, foi necessrio uma pesquisa de campo e um servio oculto para que, antes de qualquer anlise, fosse possvel avaliar o servio oferecido pelos anfitries e o trabalho executado pelos fundadores e colaboradores da rede. Acredita-se que o interesse da Prefeitura do Rio de Janeiro pelo projeto ir crescer por conta da exigncia de novos leitos para atender a demanda que ser gerada pela Copa do Mundo em 2014 e pelos Jogos Olmpicos em 2016, que ter o Rio de Janeiro como sede. Isso ser significativo para o projeto, pois os futuros eventos faro com que o sistema de hospedagem domiciliar venha a ser constantemente construdos e divulgados. Em sntese, o trabalho procurou contribuir para a construo de um referencial terico para servir de base a outros interessados que de alguma forma procuram obter esclarecimento sobre os projetos em andamento e suas expectativas, alm de analisar outros locais do Brasil onde seria vivel a implantao desse meio de hospedagem.

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Deste modo, para a realizao desta pesquisa, foram levantadas algumas questes para que se possa compreender como funciona o meio de hospedagem domiciliar, Cama e Caf: Porque se desenvolveu no Brasil de forma distinta do restante do mundo?, o surgimento em Santa Teresa aconteceu por necessidade ou oportunidade?, alm de saber como a descrio da experincia, com foco no anfitrio e hspede?. Este trabalho teve por objetivo concluir um estudo sobre o meio de hospedagem b&b e produzir uma referncia bibliogrfica sobre o assunto e entender como se d a operao do sistema (reserva, pagamento, regras, facilidades) atravs da vivncia da hospedagem. O trabalho tem por objetivo tambm indicar lugares que possuam caractersticas semelhantes ao do bairro de Santa Teresa, que possui o turismo histrico-cultural, no qual a comunidade pode contribuir com o turismo recebendo o visitante em suas casas. Para se obter o objetivo geral, foi necessrio Identificar os reais motivos do surgimento dos b&b em Santa Teresa, Identificar os motivos de seu desenvolvimento diferenciado no pas e qual o perfil dos anfitries e turistas e como se d a relao entre eles. Justifica-se a escolha deste tema, sobretudo, pela importncia desse segmento na hotelaria e no turismo. O b&b um meio de hospedagem alternativo, rentvel e sustentvel, que promove maior integrao do turista com o local visitado e proporciona intensa troca de experincias. Desenvolveu-se no Brasil diferentemente do resto do mundo, com maior qualidade e em menor quantidade. A maioria dos brasileiros no tem conhecimento sobre o assunto e no h grandes investimentos e divulgao no setor. Para realizar a anlise dos fatos descritos acima ao longo do trabalho, foram utilizados instrumentos de coleta de dados de bibliografias como livros na rea de hospitalidade domiciliar, turismo sustentvel, gesto de destinos tursticos, artigos jornalsticos e sites de jornais e rgos do governo foram altamente teis para a concluso de idias e definies tericas. Igualmente, foram realizadas pesquisa de campo, um cenrio de cliente oculto e entrevistas (ver apndices A, B e C) com profissionais diretamente ligados ao tema desenvolvido.

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2. CONCEITO DE BED AND BREAKFAST (b&b)


De acordo com o Art 23, Subseo II do Ministrio do Turismo (MTur):
Consideram-se meios de hospedagem os empreendimentos ou estabelecimentos, independentemente de sua forma de constituio, destinados a prestar servios de alojamento temporrio, ofertados em unidades de freqncia individual e de uso exclusivo do hspede, bem como outros servios necessrios aos usurios, denominados de servios de hospedagem, mediante adoo de instrumento contratual, tcito ou expresso, e cobrana de diria. (2009).

Bed and breakfast considerado um meio de hospedagem domiciliar, onde os moradores da cidade oferecem um ou mais cmodos de sua prpria residncia para receber visitantes.
A hospitalidade comercial em uma casa particular se refere a uma variedade de acomodaes, desde alojamento particulares com caf da manh at casas para hspedes, desde pequenos hotis at casas urbanas, desde casas campestres em que o hspede providencia sua prpria alimentao (self catering cottages) at famlias hospedeiras. Esses tipos de operao tm em comum o fato de que a instalao fsica a residncia principal para os hospedeiros. (LYNCH, 2004, p. 146)

No Brasil, o b&b se enquadra na categoria de meios de hospedagem sem exigncia de registro do hspede, onde o rgo oficial de turismo, o MTur no exige cadastramento para os estabelecimentos assim caracterizados. Este tipo de hospedagem pode assumir quatro diferentes modalidades: 1. Casas construdas e mantidas prioritariamente para aluguel de temporada. Neste caso elas s so ocupadas ocasionalmente pelos proprietrios, que tanto podem habitar na mesma cidade, quanto serem de fora e usarem a casa eventualmente, principalmente durante feriados ou frias. 2. Casas habitadas que so alugadas para temporada - os moradores deixam temporariamente suas casas para deixar espao para receber os turistas.

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3. Casas onde os moradores disponibilizam um cmodo para os turistas, mas no se preocupam em oferecer servios, como limpeza e arrumao e caf da manha. 4. Casas onde os moradores disponibilizam um cmodo da casa e se encarregam dos servios. A modalidade a ser explorada neste estudo a que o turista recebe os servios oferecidos pelo seu anfitrio, estando incluso em sua compra uma acomodao j devidamente especificada e o caf-da-manh. A prefeitura do municpio do Rio de Janeiro define hospedagem domiciliar como:

Uma modalidade especial de servio de hospedagem, em que o hspede utiliza um quarto na residncia do hospedeiro ou anfitrio, compartilhando alguns espaos da residncia. Para o hspede, uma maneira de se aproximar mais dos hbitos e da cultura local, usufruindo um servio de qualidade a preos acessveis. (2009).

O proprietrio e sua famlia, que vivem no local, o administram algumas vezes com a ajuda de associaes, cooperativas ou agncias que organizam as reservas e a poltica de marketing. O caf da manh normalmente a nica refeio servida, mas em alguns casos o anfitrio pode oferecer tambm outras opes, a serem feitas junto com a famlia ou isoladamente. A estrutura fsica das casas varia muito de acordo com as tradies de cada local, mas apresentam, normalmente, de um a trs quartos destinados (no sempre exclusivamente) atividade. A dupla funo da residncia - moradia e hospedagem de turistas aproxima o proprietrio e sua famlia dos hspedes, inclusive expondo naturalmente aspectos do dia-a-dia, como tarefas domsticas, preferncias pessoais, cultura, lazer e relacionamentos. Para Stankus (1987), o tempo que o proprietrio gasta com os hspedes reconhecidamente um dos principais motivos que atraem o turista para o b&b, sendo a maior diferena para as outras formas de acomodao.

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2.1 Histrico O meio de hospedagem domiciliar no surgiu apenas com um bom caf da manh e um confortvel quarto como se imagina. Segundo Smith & Smith (2002), tudo comeou nas Ilhas Britnicas - Reino Unido, aps a Segunda Guerra Mundial. Nessa altura, numerosos estrangeiros precisavam de um lugar para ficar e as populaes locais comearam a abrir suas casas para receber os viajantes, servindo almoo aos convidados overnight. Assim, uma cama e o almoo eram oferecidos. O almoo se resumia em um simples prato de comida caseira, normalmente servida na sala de jantar, no quarto ou em um ptio, no jardim da casa. Apesar das residncias serem grandes, a situao das acomodaes era precrio, possuindo apenas um banheiro coletivo que se encontrava muitas vezes ao lado de fora da casa. Devido grande quantidade de visitantes, as acomodaes da casa no eram suficientes para abrigar a todos, fazendo com que os anfitries disponibilizassem redes que eram colocadas na varanda da casa. Todos que chegavam a essas casas tinham uma permanncia obrigatria, porm curta, pois o motivo delas estarem ali era apenas pela suas necessidades fsicas.

Figura 1 - Casaro do Sculo XIX Fonte: Google Imagens

J segundo Pimentel (2003), o termo "Bed and Breakfast" nasceu na Inglaterra, durante o Sculo XIX, onde proprietrios de ricas manses, empobrecidos, comearam a cobrar uma taxa de seus hspedes, como um modo de ampliar sua renda. Aos poucos, a prtica foi se ampliando e tomando a forma

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de um verdadeiro servio turstico. Ou seja, alm de cama e caf da manh, o turista encontrava um sistema de recepo, apoio e informaes tursticas sobre a rea. Entretanto, nesse tipo de estabelecimento, o negcio de hspedes pagantes secundrio ao uso como residncia privada. Nesse perodo, surge uma grande necessidade econmica por parte dos anfitries que j tinham o costume de receber estrangeiros sem cobrar nada em troca, transformando o proprietrio e sua famlia, que vivem no local, administradores. As refeies oferecidas so substitudas pelo caf da manh, onde a nica refeio servida. As acomodaes e a estrutura fsica das casas variam muito de acordo com as leis e tradies de cada local, mas apresentam, normalmente, de um a trs quartos destinados (no sempre exclusivamente) atividade, onde os banheiros so coletivos, porm esto instalados dentro da residncia. Histrico do B&B no Mundo O b&b tem se desenvolvido cada vez mais no mundo todo. A frmula de hospedagem vem se espalhando por todos os continentes e cidades tursticas. A tabela abaixo uma fonte de pesquisa de b&bs do site bedandbreakfast.com.

Tabela 1: Destinos de continentes e cidades tursticas Fonte: www.bedandbreakfast.com

Londres - Inglaterra Segundo a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (2008), Londres considerada a cidade onde o servio de hospedagem domiciliar o mais desenvolvido em todo o planeta. Existe em Londres, aproximadamente 16.600 leitos em regime de b&b, o que equivale a aproximadamente 16% da oferta de

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hospedagem na cidade. Cerca de 90% desses leitos so oferecidos ao mercado turstico atravs de 21 agncias especializadas. Considerando se uma taxa mdia de ocupao de 52% ao ano, o faturamento do mercado pode ser estimado em 221.850 por noite, ou 81 milhes ao ano, revelando a grande importncia do segmento para o mercado turstico ingls. Os principais usurios do b&b londrinos so viajantes norte-americanos, franceses, alemes e holandeses, entre 25 e 55 anos de idade. A principal motivao da viagem o lazer, seguido de negcios e visitas a parentes e amigos. Outro segmento importante o estudante em curtas viagens para aprendizagem do idioma. A grande maioria dos estudantes considera este tipo de hospedagem a forma ideal de integrao com a populao e o principal modo de desenvolver o idioma local. Nesses casos, muitas escolas de idiomas indicam redes de hospedagem com as quais mantm parceria.

Figura 2 Placa de sinalizao do meio de hospedagem B&B Fonte: Google Imagens

O aumento dos fluxos tursticos e a relativa inelasticidade da capacitao hoteleira estimulou o surgimento de novos b&b na capital britnica, a partir dos anos 1990. Isso foi particularmente importante em bairros como Lambeth, Sutton e Islington, que entraram para o roteiro de hospedagem com a saturao das reas mais tradicionais do centro e oeste de Londres. Atualmente existem 560 TICs (Centros de Informao Turstica) em toda a Inglaterra e outros ainda operando na Esccia e no Pas de Gales. Em 1998, foi fundada a Bed and Breakfast & Homestay Association - BBHA, com o objetivo de manter e melhorar os servios de b&b oferecidos em Londres. Mas foi em abril de 2003, que o

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VisitBritain foi criado, tendo como misso divulgar a imagem da Gr Bretanha como um destino turstico mundial. Estados Unidos Segundo a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (2008), o sistema de b&b se desenvolveu nos Estados Unidos durante a grande depresso econmica dos anos 1930. Muitos americanos abriram suas casas para viajantes como forma de obter uma fonte extra de renda. Usava-se a expresso boarding house para classificar esse tipo de hospedagem. Passada a depresso econmica, a hospedagem domiciliar manteve-se como uma alternativa para muitas famlias continuarem a complementar sua renda. Com o aumento do nmero de norte-americanos viajando para a Europa, principalmente na dcada de 1980, aos poucos o sistema bed and breakfast foi redescoberto pelo mercado dos EUA. Em 1988, foi criada a Profissional Association of Innkeepers International - PAII, com o objetivo de dinamizar e aperfeioar a atividade nos Estados Unidos e pases vizinhos. A misso da PAII fornecer cursos, informao, contatos, assistncia jurdica, oportunidades de negcios e pesquisas relacionadas ao seguimento de b&b. O estudo da indstria realizado anualmente pela PAII a fonte de informaes do setor mais respeitado dos EUA sobre a gesto de b&b. A PAII foi criada por dois anfitries, Pat Hardy and Joann Bell, como desdobramento de sua publicao mensal de sucesso: a Innkeeping. De um modesto escritrio em Santa Barbara, Califrnia, a PAII cresceu para uma organizao nacional de 3 mil membros que, alm de manter a produo de vasto contedo sobre a indstria de b&b, promove educao continuada, troca de informaes e ofertas de aquisies de produtos. Dados da PAII mostram que, em 2004, o nmero de propriedades com servios de b&b nos EUA girava entorno de 20 mil, atendendo a aproximadamente 55 milhes de turistas e com uma taxa de ocupao mdia de 41,4%. O volume movimentado por esse setor de acomodao turstica alcanou US$ 3,04 bilhes em 2004, sendo que a diria mdia do setor est em torno de UR$ 143,90. Nmeros da PAII revelam que o perfil dos adeptos da modalidade nos EUA : 29% dos imveis que oferecem esse tipo de acomodao domiciliar esto situados em reas rurais, 16% em zonas urbanas, 3% em subrbios e 52%

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em cidades pequenas, no total, 83% dos da oferta de casas localizam-se em destinos tursticos conhecidos. Sobre os anfitries, a sondagem da PAII revela que 88% vivem no imvel e 55% dos proprietrios dependem de outra fonte de renda, alm da gerada pelo b&b. Itlia Segundo Linch (2004), a Itlia tambm conta com uma organizao nacional especifica para o setor de hospedagem residencial no pas. Em 1999, foi criada a Associazione Nazionale dei bed and breakfast e degli Affittacamere (ANBBA), entidade sem fins lucrativos cuja misso difundir, promover e organizar o segmento, alm de represent-lo diante das demais instituies e do pblico em geral. A intermediao do ANBBA permite aos proprietrios realizarem negociaes mais vantajosas com seus fornecedores, o que seria difcil acontecer individualmente. A organizao busca preservar ainda a tradio e a cultura italianas ao favorecer a difuso da hospitalidade turstica do tipo familiar. Cinco anos aps sua criao, em 2004, a ANBBA foi reconhecida pelo Ministro Attivit Produttive da Itlia, equivalente ao Ministrio da Indstria e Comrcio, como uma Entidade Turstica Qualificada e a organizao mais representativa do setor extra-hoteleiro. Para o governo italiano, o setor de bed and breakfast assumiu uma notvel importncia no quadro da revitalizao turstica do pas. A maior agncia de hospedagem domiciliar do pas a bed and breakfast Italia, fundada em 1995 por profissionais de marketing e turismo e que conta com aproximadamente 1.642 associados em mais de 546 localidades. No ano de 2005 a rede recebeu cerca de 7.500 hspedes, o que representou um crescimento de 20% em relao ao ano anterior. As atividades da rede dividem-se em duas reas principais: seleo e controle de casas e anfitries; e call center (central de atendimento), em cinco lnguas, para a realizao de reservas e fornecimento de informaes aos clientes. O website www.bbitalia.it foi o primeiro na Europa a possibilitar a reserva online com apenas quatro cliques. Graas a esse pioneirismo, em 2005 a b&b Itlia foi convidada pela municipalidade de Paris para desenvolver uma nova rede de b&b na cidade, uma vez que a Capital da Frana no considerada uma cidade que dispe da mais intensa ou tradicional rede de hospedagem domiciliar.

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Winnipeg Canad A cidade de Winnipeg que abrigou os Jogos Pan-americanos de 1999, j o havia feito em 1967. Estima-se que 110.000 visitantes tenham participado do evento, mobilizando todos os recursos de hospedagem da cidade, incluindo os b&b e locao temporria de domiclios. A cidade conta com 620 mil habitantes e a capital da provncia de Manitoba, na regio de pradarias que se estende a noroeste dos Grandes Lagos por todo o Canad central. uma antiga cidade de fronteira, fundada por comerciantes de peles franceses em 1738. De acordo com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (2008), para as famlias de Winnipeg, receber hspedes tem um valor semelhante ao que predomina no Reino Unido, reforado pelo fato de se tratar de uma cidade de fronteira. Seu cadastro de meios de hospedagem inclui 31 estabelecimentos de b&b, oferecendo cerca de 80 quartos para hospedagem (na provncia de Manitoba so 100 estabelecimentos). Na cidade, 2/3 das residncias participam de uma rede e o tero restante mantm-se de maneira independente. Existem duas associaes organizadas pelos anfitries com o objetivo de promover a divulgao e comercializao, bem como de zelar pelos padres de qualidade dos servios: a bed and breakfast Association of Manitoba e a Heritage bed and breakfast Homes of Winnipeg. Alm disso, foi organizada uma empresa auxiliar para prestar servios a esses estabelecimentos: a bed and breakfast of Manitoba Marketing Co-op. Sidney De acordo com Pimentel (2003), ao contrrio das experincias de outros pases, a rede de hospedagem domiciliar para as Olimpadas de Sidney em 2000 no foi organizada por agncias ou associaes do setor turstico, mas pelo segmento de intermediao imobiliria (real state agents). Fundada em 1902, o grupo Ray White detm uma das mais importantes empresas imobilirias da Austrlia, operando mais de 87 escritrios espalhados na Austrlia, Nova Zelndia, no sudeste da sia. A empresa emprega mais de 7 mil pessoas em sua atividade e foi escolhida pelo comit organizador dos jogos para administrar o programa oficial de acomodao residencial. Do lado da oferta, criou um programa de recrutamento de anfitries pela internet. Os hspedes potenciais podiam procurar entre diversos perfis e

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oramentos, usando uma ferramenta de busca do portal. Alm de hospedagem em residncias de famlia, podia-se optar tambm pelo aluguel do imvel por temporada, sendo que se estima uma relao de 70% para 30% entre duas modalidades, respectivamente. Para participar da rede, as residncias candidatas tiveram que submeter-se a uma inspeo da central de reservas, adequando-se as exigncias arcando com uma taxa de vistoria de 105 dlares americanos. Sobre as reservas para hospedagem e encaminhadas pela central de reserva, os anfitries foram descontados em 8% sobre o valor das dirias (comisso) e mais 6,25% sobre o valor da primeira diria (taxa de reserva). B&B no Brasil No Brasil, a prtica do b&b, assim como de outras formas de hospedagem domiciliar, ocorre j h alguns anos, embora de modo informal e desarticulado. Existem ofertas deste tipo de hospedagem no Rio de Janeiro e em diversos estados brasileiros, alm de episodicamente por ocasio de grandes eventos regionais, como o Boi Bumb em Paritins, Oktober Fest em Blumenau e o Frum Social Mundial em Porto Alegre. Estas experincias adaptaram a frmula b&b realidade brasileira. A situao legal e organizativa pode variar. As hospedagens domiciliares podem ser formais - com CNPJ e registro no Ministrio do Turismo; semi-formais - quando h uma instituio dando apoio, como o Sebrae, Associao de Moradores, Secretaria de Turismo Municipal ou Estadual, etc; ou completamente informal. No h ainda regulamentao jurdica ou definio oficial desenvolvida pelo governo federal que possa balizar uma conceituao. Esta vem sendo formada principalmente atravs das empresas existentes e iniciativas municipais isoladas, atravs de contatos dos empresrios com tcnicos e profissionais da rea e poder pblico e da divulgao a mais longo alcance pela mdia. O poder pblico comea aos poucos a prestar ateno a esse modo de hospedagem, mas ainda no h um posicionamento claro nesse sentido, se revestindo na formulao de polticas, principalmente a nvel nacional. Em 2006, o Ministrio do Turismo encomendou um estudo tcnico analtico sobre o tema, mas este bastante incompleto. E no se tem notcias de projetos ou polticas implementadas.

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Agncias promotoras e/ou divulgadoras no Brasil Existem poucas agncias especializadas na prestao de servios de reservas para a modalidade de hospedagem domiciliar no Brasil, uma delas a BBBrasil, que foi implantada no inicio de 2003 e atualmente conta com aproximadamente 115 casas (ou resorts, como so chamados no site) em atividade e 100 sendo avaliados. A rede tem abrangncia nacional, atuando no Amazonas, Cear, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Par, Rio de Janeiro e So Paulo. Est prevista a expanso para o Maranho, Santa Catarina e Gois. As reservas podem ser feitas de duas maneiras: por meio do site www.bbbrasil.info ou de um Call Center que rene 16 linhas ativas e atendentes capazes de dar informaes em cinco idiomas. Uma vez realizada a pr-reserva, o atendente verifica com os anfitries ou proprietrios a real disponibilidade do imvel e confirma a reserva, em um procedimento que leva no mximo 48h aps o inicio da compra. Apesar de o check-in ocorrer direto nas casas, rede conta com resorts managers, espcie de gerentes locais que do suporte aos hspedes, realizam as campanhas de afiliao e o controle de qualidade. O site do BBBrasil oferece uma srie de funcionalidades para facilitar a escolha do hspede, com recursos como busca temtica e geogrficas, alm da busca livre. Fornece ainda informaes teis para o viajante em cada localidade. O site tem quase todo o seu contedo disponvel em quatro idiomas: ingls, portugus, Italiano e Francs.

Figura 3 Busca temtica atravs do site Fonte: www.bbbrasil.info.br

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As residncias so classificadas em trs nveis distintos, de acordo com sua situao, caracterstica e servios oferecidos. Alm da hospedagem nos moldes de b&b, a rede oferece tambm residncias (casas ou apartamentos) para aluguel de curtos ou longos perodos. No site do BBBrasil o hspede pode encontrar servios extras, tais como transfers, tours e excurses organizadas por guias de cada uma das 20 localidades atendidas pela rede. O BBBrasil no exige exclusividade de seus anfitries por entender que muito deles praticavam antes a atividade de maneira independente. Sua remunerao pelo servio de agenciamento na forma de comisso, com percentagens variando entre 35% e 40% do valor das dirias. O BBBrasil possui uma forte relao de parceria com a rede italiana BBItalia, maior rede daquele pas. Atravs dessa cooperao, a rede BBItalia forneceu a rede brasileira seu know-how operacional, bem como disponibilizou a ferramenta de internet que estrutura o site www.bbbrasil.info.br e, ainda, a Carta de Qualidade utilizada como parmetro de atendimento. Alm disso, a forte presena da rede BBItalia na Europa potencializa a venda das acomodaes brasileiras, aumentando a atratividade do produto no mercado externo e transformando a Europa em um grande mercado para o BBBrasil. Com relao ao modelo de rede para o Rio de Janeiro, pode-se dizer que a hospedagem domiciliar vem crescendo em ritmo acelerado como primeira opo de milhares de viajantes em vrias partes do mundo, sem a necessidade de investimentos na construo de novos hotis, a exemplo de experincias bem sucedidas em diversas cidades como Londres e Paris. Trata-se de um novo mercado, que pode gerar renda, conhecimento e crescimento profissional para a populao. O bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, foi o primeiro a ganhar uma unidade de uma rede nacional. A procura cada vez maior fez o negcio comear se expandir para a zona sul carioca e para Olinda, em Pernambuco. Na zona sul do Rio, porm, recebeu o nome de Rio Homestay. A diferena entre o Cama e Caf e o Rio Homestay apenas uma: o lugar em que est localizado. Ou seja, se o bairro for histrico, o servio ter o nome de Cama e Caf.

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Figura 4 - Logo Rio Home Stay e Cama e Caf Fonte: GoogleImages

As redes Cama & Caf e Rio Homestay recebem cerca de 1000 hspedes por ano, entre brasileiros e estrangeiros. A expectativa para este ano que haja um crescimento de 20% no nmero de visitantes de acordo com funcionrios da agncia. Devido grande procura do meio de hospedagem b&b, os anfitries deixaram de oferecer apenas uma aconchegante cama e um bom caf, e resolveram inovar o servio prestado. A partir desse pensamento, foram surgindo os b&bs temticos, novos meios de hospedagem em barcos e avies, pacotes romnticos, pacote de npcias, sutes com ar-condicionado, casas com piscina e garagem com duas ou trs vagas, parceria com agncias de viagens, transfers, tours,excurses, aulas de mergulho e servio de guias tursticos.

Figura 5 - Pacote Romntico Fonte: bedandbreakfast.com

2.2 Hospedagem Domiciliar Aliado Sustentabilidade Segundo o Ministrio do Turismo (2006), o b&b apresenta-se integrado ao conceito de turismo sustentvel de acordo com os aspectos abaixo: Impacto ambiental reduzido: em sua maioria, a frmula no prev a construo de novas estruturas. A hospedagem se realiza nas casas dos

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habitantes locais, limitando a proposta somente capacidade de recepo do lugar; Integrao da renda: o dinheiro que deriva do movimento turstico vai diretamente s famlias e s comunidades locais, favorecendo a circulao de moeda em localidades de difcil acesso; Integrao: a estrutura em rede tambm estimula a troca de experincias e conhecimentos entre os habitantes de uma comunidade, favorecendo a integrao de servios das praticas profissionais: transporte, tours tursticos, artesanato, produo de produtos tpicos, etc; Intercmbio cultural: o b&b cria espaos de encontro entre os turistas e os habitantes locais, dando vida a um puro e espontneo intercmbio cultural, estimulado pela convivncia direta e cotidiana entre hospede e empreendedor. Caractersticas como a criao de oportunidades interpretativas e/ou educacionais, e a oferta de experincia de qualidade para o turista dependem mais de estrutura para estrutura, mas de modo geral, parecem estar mais presentes em b&b do que em outros meios de hospedagem tradicionais, como hotis.

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Entre elas o fato de que este no excede a capacidade de carga local, pois no exige novas construes; a renda distribuda entre a comunidade; o modo associativo estimulado; h um resgate dos modos tradicionais de moradia, alimentao, costumes, etc, o que se torna uma atrao a mais para o turista; h um aumento da auto-estima da populao local, a conservao urbana estimulada (atravs de reformas nas fachadas, jardins, etc); cria-se uma nova opo de renda para quem est fora do mercado de trabalho. Para os adeptos da modalidade no h uma exigncia que esta seja a nica ocupao, ou ocupao principal, dos moradores, ou seja, quem administra esse meio de hospedagem pode manter sua ocupao tradicional e no fica dependente exclusivamente do turismo; no cria concentrao de muitos turistas em um s local, pois se atende apenas pequenos grupos; no exige grandes investimentos iniciais; uma frmula menos formal e vinculadora para turistas mais independentes; oferece uma recepo personalizada em uma atmosfera informal e descontrada e geralmente tm preos mais baixos e acessveis. Uma caracterstica, no entanto, chama particularmente a ateno: a criao de um espao privilegiado de promoo do encontro de qualidade entre hspedes e anfitries. O b&b parece favorecer o intercmbio cultural entre os turistas e os habitantes locais, estimulado pela convivncia direta e cotidiana entre quem hospeda e quem hospedado. A recepo do turista em uma estrutura domiciliar pode facilitar a troca de informaes atravs de conversas, mas tambm, de um modo mais sutil, a observao do modo de vida de cada um.
A maior parte das famlias hospedeiras se prodigia com simptica disponibilidade a fazer conhecer ao turista os atrativos do territrio, sejam aqueles mais estritamente culturaisambientais, seja aqueles menos conhecidos, mais tnicos, menos tursticos, mais ntimos. (MASINI, 2001, p. 42).

Ainda segundo o autor, o turista interessado no b&b quer viver de maneira ativa o local no qual se encontra, respirar a cultura como uma interface autntica, como apenas uma famlia que vive ali pode garantir. Nessa lgica, o b&b constitui uma modalidade de organizao do sistema receptivo que, melhor do que qualquer outra permite capturar esta demanda. O b&b permite uma forte identificao com a natureza local; permite, ou melhor, obriga a sentir-se em um lugar especifico no em um lugar sem

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personalidade, como com freqncia acontece nos hotis (especialmente naqueles de grandes dimenses, subjugados forte homologao da cadeia a qual pertencem). 15 Lynch (2004, p. 162), refora essa idia quando demonstra que estudos, como os realizados por Stringer (1981) e Pearce (1990), identificaram insights acerca das realidades da vida familiar como uma atrao chave para os hspedes, particularmente para aqueles originrios do estrangeiro. Assim, a acomodao domiciliar pode servir como um cone cultural. O turismo realizado do ponto de vista cultural realizado na escala humana e significa aprendizagem, encontro de pessoas. Age como estimulante da vitalidade, como fator educativo, como realizao do direito ao lazer e como crescimento pessoal. 2.3 Perfil do Anfitrio Brasileiro De acordo com a Prefeitura do Rio de Janeiro o perfil dos anfitries segue a seguinte classificao: Perfil dos Anfitries
Faixa Etria Grau de instruo Idiomas Estrangeiros 70% entre 28 e 45 anos 30% entre 46 e 65 anos 90% ensino superior 10% ensino mdio 15% no falam outra lngua 65% falam um idioma estrangeiro 20% falam dois ou mais idiomas Estado Civil 35% so casados 65% so solteiros Tabela 2 Perfil dos Anfitries Fonte: Hospedagem Domiciliar - Rio de Janeiro, 2008.

De acordo com informaes disponibilizadas em slides no site da prefeitura do rio de janeiro sobre palestras do tema, os anfitries tm perfis culturais diferenciados sendo muitos deles msicos, artistas plsticos, profissionais liberais e mais de 60% j viajaram ao exterior e obtiveram conhecimento sobre o segmento de hospedagem.

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Grfico 1- Hospedagem domiciliar no Rio de Janeiro Fonte: Hospedagem Domiciliar - Rio de Janeiro, 2008

Sobre os reais motivos no qual os anfitries brasileiros decidiram integrarse a redes de agenciamento e oferecer suas casas pata turistas, 46% responderam que a escolha foi devido melhoria do balano familiar (renda familiar), 25% por identificarem uma forma vivel de comear uma atividade comercial, 16% optaram por terem a chance de conhecer novas pessoas e culturas diferentes e 11% somam outros motivos. O perfil do anfitrio varia de acordo com o tipo de turismo desenvolvido e atendido pelo sistema de Bed and Breakfast e de sua localidade. No caso de outros pases onde o principal pblico identificado so estudantes, passantes (viajantes que necessitam de um leito no meio da viajem) ou um grande fluxo turstico devido a algum evento especial (no caso olimpadas, jogos pan americanos, copa do mundo, frmula 1) os anfitries podem apresentar diferentes razes para aderir ao mtodo de hospedagem, em propores diferentes das estudadas no Brasil, por possurem uma situao diferente da brasileira, que o turismo cultural. Perfil do Turista de Bed and Breakfast O turista que escolhe ter uma hospedagem domiciliar no destino turstico que pretende visitar geralmente tem o interesse em conhecer afundo a cultura do local, os costumes de seus habitantes, a rotina da comunidade, os pontos tursticos histricos e conhecer restaurantes, galerias, museus, arquitetura e tudo que envolva a cultura local. O turista pode obter essas experincias de forma mais prxima quando est inserido naquela comunidade, fazendo parte da rotina

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das pessoas que ali moram e tendo a chance de ter os melhores guias tursticos para o propsito de sua viagem: "os habitantes locais" e principalmente os anfitries que o receberam em casa. Abaixo h uma representao grfica fornecida em formato de slides em uma apresentao da rede Cama e Caf no Seminrio Internacional realizado no Rio de Janeiro no ano de 2006.

Grfico 2- Perfil do Pblico Fonte: Seminrio b&b - Rio de Janeiro (2006).

O perfil do turista nacional que adere a hospedagem domiciliar no Brasil vem crescendo a cada ano. Este crescimento por ser analisado de acordo com a tabela a seguir:

Origem Nacional Estrangeiro

2003 13% 87%

2004 27% 73%

2005 32% 68%

2006 36% 64%

Tabela 3- Perfil do Turista Nacional e Estrangeiro Fonte: Prefeitura do rio de Janeiro (2006)

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O quadro abaixo apresenta a lista de alguns efeitos positivos e negativos analisados de acordo com o contato cultural entre anfitries e hspedes percebido no segmento de Bed and Breakfast.
Contatos culturais entre turistas e anfitries (Adaptado de Reinsiger, 1994) Efeitos Positivos Efeitos Negativos Desenvolvimento de atitudes positivas Desenvolvimento de atitudes negativas a respeito dos outros com os outros Aprendizado de culturas e costumes diferentes Tenso, hostilidade, desconfiana, preconceito e desentendimento

Reduo de esteretipos e percepes negativas Desenvolvimento de amizades

Isolamento, segregao e separao

Dificuldade na formao de laos e amizades Sentimento de inferioridade ou superiodade e choque cultural

Desenvolvimento de orgulho, apreciao, entendimento, respeito e tolerncia a outras culturas Aumento da auto-estima Satisfao psicolgica

Problemas de comunicao Insatisfao com interao mtua

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3. TURISMO CULTURAL
Devido aos muitos termos existentes de turismo e cultura, o Ministrio do Turismo (MTur), em parceria com o Ministrio da Cultura e o Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN) e com base na representatividade da Cmara Temtica de Segmentao do Conselho Nacional de Turismo, estabeleceu um recorte nesse universo e dimensionou o segmento na seguinte definio:
Turismo Cultural compreende as atividades tursticas relacionadas vivncia do conjunto de elementos significativos do patrimnio histrico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo dos bens materiais e imateriais da cultura. (MTUR, 2009).

A definio de Turismo Cultural est relacionada motivao do turista, especificamente a de vivenciar o patrimnio histrico e cultural e determinados eventos culturais, de modo experienci-los e a preservar a sua integridade. Vivenciar implica em duas formas de relao do turista com a cultura ou algum aspecto cultural: a primeira refere-se ao conhecimento (com busca em aprender e entender o objeto da visitao); a segunda corresponde a experincias participativas, contemplativas e de entretenimento, que ocorrem em funo do objeto de visitao. Se as diferenas fsicas so importantes, o aspecto mais intangvel das diferenas culturais que d as motivaes centrais do turismo. Alguns turistas procuram contato com diferentes modos de vida, identificados como uma grande variedade de signos culturais, incluindo comportamento social, lngua, vesturio, msica, artes e culinria. No turismo, as diferenas culturais so promovidas de forma a dar nfase a essas diferenas. Pode se ento concluir que a modalidade de hospedagem estudada, a hospedagem domiciliar, contribui para o entendimento deste segmento de turismo, onde os principais participantes, hspedes e anfitries, esto sempre em busca de uma vivncia turstica diferente do tradicional e que proporciona a troca de experincias e envolvimento com culturas distantes. O turismo cultural pode ser praticado em diversas cidades e bairros no Brasil, principalmente os que tm representatividade em acontecimentos histricos e os que desenvolveram

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particularidades culturais importantes que acabaram por influenciar os costumes locais, arquitetura, msica, economia e outros fatores que caracterizam o destino. Na cidade do Rio de Janeiro so identificados alguns lugares que possuem essa representatividade e que se diferenciam de outros pontos tursticos devido a sua grande bagagem histrica e cultural. 3.1 A Cidade do Rio de Janeiro A cidade do Rio de Janeiro conhecida mundialmente como um dos lugares mais bonitos para se conhecer, sendo 35 cidade mais visitada do mundo segundo a reportagem publicada em 14 de Dezembro de 2007 divulgada pela Folha Online. Isso se deve s suas praias, lagoas, ao carnaval e aos principais pontos tursticos, como o Cristo Redentor - uma das sete maravilhas do mundo moderno Po de Acar, Maracan, entre outros. Durante todo ano, de acordo com a Fecomrcio (2008), muitos turistas (nacionais e internacionais) chegam ao Rio de Janeiro e buscam conhecer de diferentes maneiras o que a cidade oferece. A cidade recebe por ano mais de 2 milhes de turistas, de acordo com pesquisas da ABIH, e pode ser considerada uma das cidades brasileiras com maior nmero de visitaes para fins tursticos. Mas alguns turistas buscam algo mais. Vo a cidade motivados pela cultura carioca que encontram principalmente regio central da capital. A viagem pode ser vista como uma atividade no apenas de lazer ou de ruptura do cotidiano, mas tambm como uma experincia de conhecimento do outro e da natureza e, ao mesmo tempo, como forma de autoconhecimento. Dados Estatsticos Hoteleiros do Rio de Janeiro A pesquisa realizada pela Fecomrcio em parceria com a Associao Brasileira de Indstria de Hotis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), mostram os dados estatsticos de hospedagem da cidade do Rio de Janeiro no ano de 2008. Taxa de Ocupao A ocupao mdia no ano de 2008 de 65,86%, s foi inferior s taxas dos anos de 2000 e 2001. O bom desempenho observado tanto no 1 quando no 4 trimestre do ano, conforme dados da Tabela 4, acabou influenciando positivamente o resultado anual. Tambm observa-se, na Tabela 5, a

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sazonalidade mensal, confirmando os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro como os perodos de maior taxa de ocupao.

Tabela 4- Taxa de ocupao trimestral Fonte: Fecomrcio - RJ

Tabela 5- Taxa mdia de ocupao Fonte: Fecomrcio - RJ

Atravs dos grficos apresentados pode-se constatar que o volume de turistas na cidade intenso, principalmente nos meses de alta ocupao, comprovando que a oferta de hospedagem na cidade do Rio de Janeiro consegue atender a sua demana turstica.

Tabela 6- Taxa de ocupao ao ano por categoria de uhs Fonte: Fecomrcio RJ (2008)

Pode-se constatar na tabela acima que a taxa de ocupao dos meios de hospedagens com classificao 3 e 4 estrelas so semelhantes ao longo do ano, e que nos perodos de alta ocupao Dezembro, Janeiro e Fevereiro a demanda por hotis 5 estrelas aumenta, sendo o tipo de hotel mais procurado

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pelos turistas. No ms de Fevereiro pode-se notar um grande aumento na taxa de ocupao dos hotis caracterizados como 2 estrelas. Esse aumento pode ser relativo ao perodo do carnaval carioca, aonde muitos turistas vo a cidade motivados por esse evento cultural. No ms de Junho, registrada a maior taxa de ocupao dos hotis de categoria 2 estrelas enquanto ao mesmo tempo notada a menor taxa nos hotis de categoria 5 estrelas. Pode-se afirmar que o segmento da demanda turstica diferente neste perodo devido grande procura por hospedagens de menor valor. A sazonalidade pode ser mais percebida nos hotis de categoria inferior, pois a variao da taxa de ocupao dos 2 estrelas chega a 40 pontos percentuais enquanto a dos 5 estrelas no passa de 17 pontos. A taxa de ocupao do setor tambm foi calculada por rea de localizao das unidades de hospedagem, de forma que, quatro reas da cidade do Rio de Janeiro foram definidas: rea 1: Barra da Tijuca e So Conrado rea 2: Ipanema e Leblon rea 3: Copacabana e Leme rea 4: Outros Bairros (no mencionados acima, como: Centro,

Glria, Flamengo, Santa Teresa etc).

Grfico 3- Taxa de ocupao nas principais reas do Rio de Janeiro Fonte: Fecomrcio- RJ (2008)

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As maiores taxas de ocupao, em 2008, foram verificadas nas unidades de hospedagem na rea 3, seguidas pelas que esto na rea 1, rea 4 e por ltimo rea 2. Podemos observar tambm que nos meses de Junho e Setembro, a rea 4 a mais procurada pelos turistas, e que a taxa de ocupao no ficou abaixo de 50% em todo ano. A rea 4 engloba o bairro de Santa Teresa, estudado para pesquisa sobre o desenvolvimento da hospedagem domiciliar no Brasil. Diria Mdia por Quarto Vendido Segundo a ABIH, para clculo da diria mdia do quarto vendido (em R$) so desconsideradas as taxas em geral, como os 10% de cobrana, ISS, PIS, COFINS e gastos com alimentao (como caf da manh / almoo) estacionamento e outros servios.

Tabela 7- Diria mdia do quarto vendido Fonte: Fecomrcio RJ (2008)

De acordo a tabela 5, observa-se que no caso das unidades habitacionais da maioria das categorias e localizaes, as dirias mdias com valores maiores foram cobradas, principalmente, em Dezembro e Fevereiro. Esses meses so considerados perodos de alta estao, portanto, os meses mais valorizados para os hotis da cidade, tanto na avaliao por categoria, quanto na anlise por localidade. As dirias nestes meses esto entre as mais elevadas, provavelmente

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pelo aumento de demanda no perodo de frias associados ao Rveillon e ao carnaval, considerados os maiores eventos da cidade. Podemos considerar, analisando a tabela 6 quanto a 7, que os bed and breakfast equivalem a hotis de categoria 2*. Isso se analisa de forma mais clara na ltima, pois as dirias mdias se equivalem aos valores de dirias que as casas oferecem para a hospedagem, que variam de R$80,00 a R$ 210,00. Tempo de Permanncia (em nmero de dias)

Tabela 8- Tempo de permanncia dos hspedes Fonte: Fecomrcio RJ (2008)

A mdia de permanncia do turista da cidade do Rio de Janeiro que se hospeda em hotis de categoria 2 estrelas ou b&b de 2,75 dias. Esta mdia no se diferencia muito das mdias de permanncia dos hspedes em hotis de outras categorias com exceo dos flats onde a permanncia maior devido categoria do meio de hospedagem.

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3.2 Procedncia dos Turistas Nas tabelas abaixo, podemos observar que em dez meses do ano, o turista nacional foi o principal cliente do setor, no sendo maior apenas nos meses de Maro a Agosto, quando o turismo internacional representou, respectivamente, 54,62% e 51,34% do total de room nights1 vendidos nestes meses. O grfico representa o percentual de room nights segundo a procedncia geral dos turistas.

Tabela 9- Percentual mdio de room nights Fonte: Fecomrcio RJ (2008)

Pode-se perceber que o nmero de turistas internacionais vem aumentando gradativamente, representando o crescimento da cidade do Rio de Janeiro como destino internacional. Em 2001, no ms de Janeiro por exemplo, o percentual de turistas estrangeiros era de apenas 38% enquanto no mesmo ms em 2008 foram registrados mais de 48%.

Grfico 4- Distribuio percentual dos room nights Fonte: Fecomrcio RJ (2008)

Room Night: expresso hoteleira que significa quarto vendido.

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Estima-se que, em 2008, 2,1 milhes de turistas, aproximadamente, instalados em unidades de hospedagem da cidade, tenham visitado o Rio de Janeiro. Destes, 53,37% so provenientes de outras localidades do Brasil, vindo primeiramente de So Paulo, depois de Minas Gerais e em terceiro do interior do Estado de So Paulo. O restante, correspondente a 46,63%, vieram de diversos pases, sendo que aproximadamente 358 mil tenham vindo da Europa, principalmente da Frana, Inglaterra, Espanha, Itlia e Alemanha.

Tabela 10- Nmero de turistas e sua participao Fonte: Fecomrcio - RJ

Com o crescimento do turismo na cidade apresentados nos grficos e tabelas anteriores, possvel acrescentar que os destinos tursticos do Rio de Janeiro vm a cada ano recebendo um maior nmero de visitantes. Entre os destinos, pode-se citar Santa Teresa, um bairro antigo de que atrai turistas interessados na particularidade de sua cultura e histria. O turismo cultural intenso neste bairro que possui diversos atrativos como museus, restaurantes tradicionais, arquitetura clssica, mirantes alm de ser o local onde o b&b representa a maior oferta de hospedagem do local.

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4. O BAIRRO DE SANTA TERESA


O bairro de Santa Teresa nasceu nos arredores de um convento no Morro do Desterro, no Rio de Janeiro, no sculo 18. O bairro ocupa uma colina no centro da cidade e parece ter parado no tempo, pois mantm h dezenas de anos aspectos preservados do Rio de antigamente, como casares, igrejas e todo o ambiente em si. A maioria das manses centenrias do bairro, inspirada em arquitetura francesa da poca, onde residiam a alta sociedade, no mudou quase nada. um bairro dividido entre classe mdia-alta, mdia e baixa.

Figura 6- - Mapa de Santa Teresa Fonte: FAPERJ - Ana Maria Moura (2005)

Faz limite com os bairros Glria, Catete, Botafogo, Laranjeiras, Cosme Velho, Silvestre, Humait, Centro, Catumbi e Rio Comprido. Escritores e artistas sempre foram atrados por Santa Teresa. A arte exibida nos muitos atelis que tomaram conta do bairro, alm de possuir tambm bares, restaurantes e lojinhas de artesanato. Pelas ruas estreitas e de paraleleppedos no circulam nibus ou caminhes, e a atrao principal do bairro so os velhos bondes, que segundo a Prefeitura do Rio de Janeiro so os nicos do modelo que ainda circulam em todo o Brasil. Comearam a circular no sculo passado, movidos por trao

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animal, depois substitudo por eletricidade e foram tombados como patrimnio histrico, passeando ainda por trilhas bem preservadas, levando o visitante a um city tour personalizado.

Figura 7- Bondinho Fonte: Revista Fator Brasil (2007)

O bonde sai do centro da cidade, passa sobre os Arcos da Lapa e segue a rota no sobe-e-desce das ladeiras de Santa Teresa, passando por toda rea verde e pelos pontos tursticos do local. E segundo o guia e maquinista Wanderson da Costa, que trabalha h 10 anos no bonde, nos horrios de pico o grande fluxo de passageiros formado por trabalhadores voltando ou saindo do bairro. Os turistas costumam freqentar o bonde das 11h s 16h. 4.1 Pontos Tursticos A Igreja e o Convento de Santa Teresa, responsveis pelo nome do bairro, pertencentes Ordem das Carmelitas Descalas, abriga religiosas que vivem isoladas e tm pouqussimo contato com o mundo exterior. A ordem prega a simplicidade, a humildade e a discrio.

Figura 8- Igreja de Santa Teresa Fonte: As autoras (2009)

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Na Rua Almirante Alexandrino, a mais antiga do bairro, se encontra a Casa Navio, inspirada no convs de uma embarcao. E nessa mesma rua que se tem a viso do Castelo de Valentim, uma fortaleza erguida em estilo neoromntico. Construdo no final do sculo 19, foi residncia do comendador Antnio Valentim, projetada por seu filho. O imvel est tambm inscrito na agncia Cama e Caf e disponvel para abrigar hspedes. Do topo da casa h um mirante com uma bela paisagem da Baa de Guanabara.

Figura 9- Casa do Cama e Caf estilo Castelo Fonte: Site Cama e Caf (2008)

No Largo do Guimares (rea nobre do bairro) se concentram os mais importantes restaurantes e bares do bairro, entre eles, Bar do Mineiro, Bar do Arnaudo (comida nordestina), Sobrenatural (frutos do mar) e Adega do Pimenta (alemo). Quando anoitece, o agito toma conta do lugar. Artistas e intelectuais passeiam por todos os lados apreciando a msica popular brasileira. Mais adiante o caminho do bonde chega ao Largo das Neves, onde se encontra um belo casario de 1850 e a Igreja de Nossa Senhora das Neves, de 1860, alm de mais uma srie de bares muito concorridos. O local o ponto final da conduo do bonde e por ali tambm h bares bem conhecidos, como o Bar do Goyabeira, o Caf das Neves e o Santa Saideira. O Parque das Runas tambm um mirante, pois de l, tem-se uma viso bem ntida do centro da cidade e de toda a orla do Rio desde o Aeroporto Santos Dumont at a Urca, alm de se ter a vista dos famosos Arcos da Lapa.

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Figura 10 - Parque das Runas Fonte: FAPERJ Ana Maria Moura (2005)

O parque possui uma sala de exposies, auditrio e cafeteria. Com trs andares, a casa chama ateno tambm por sua arquitetura e estilo - tijolos aparentes combinados com estruturas metlicas e de vidro.

Figura 11 Vista do Mirante - Parque das Runas Fonte: As autoras (2009)

Em uma das casas do bairro, foi inaugurado em 1979 o Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, para homenagear a mulher que no incio do sculo praticamente comandou a vida intelectual do bairro, promovendo saraus e dando vida e graa a Santa Teresa. O acervo fotogrfico da casa mostra Laurinda em atividade e transporta o visitante Santa Teresa dos tempos passados. O centro possui tambm salas de vdeo e espaos para exposies. A residncia de Benjamin Constant - lder do movimento republicano - foi transformada em museu e totalmente restaurada com mveis, livros, objetos,

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fotografias e acervos de artes plsticas. A rea que circunda o museu totalmente arborizada. O Museu Chcara do Cu possui um acervo com importantes obras de arte moderna, com destaques para as assinadas por Portinari, Di Cavalcanti, Guinard, Picasso, Matisse e Dal. Em pinturas, aquarelas e gravuras, o Brasil do sculo 19 mostrado por viajantes como Debret e Taunay.

Figura 12 - Museu Chcara do Cu Fonte: FAPERJ Ana Maria Moura (2005)

4.2 Oferta Hoteleira no Bairro de Santa Teresa De acordo com a revista Frana/Brasil (Edio Maio/Junho 2009 n 292), nos ltimos anos, vrios empreendedores franceses esto reformando antigos casares em Santa Teresa para instalar hotis boutique, com charme e personalizao, contribuindo para a revitalizao do bairro e aproveitando o clima buclico que o local proporciona para se sustentar. O proprietrio francs do Casa Amarelo, Laurent Gelis, adquiriu uma residncia logo na primeira visita a Santa Teresa, pois como ele afirma, Me encantei com a tranqilidade, paz e beleza de l. No foi preciso fazer muitas obras, somente alguns acabamentos. O edifcio, que teve apenas cinco donos em todo esse tempo, est muito preservado (2009, p.66). Gelis dono de uma agncia de design na Frana muito famosa, principalmente por trabalhar com estampas florais. O artista utilizou o espao para mostrar seu trabalho e isso fez com que seu trabalho aparecesse em muitas revistas de decorao e a dar destaque ao empreendimento. Hoje, 98% dos hspedes so estrangeiros, sendo 95% europeus e 30% franceses.

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A)
B)

Figura 13- Quarto e sala Fonte: Site Casa Amarelo

O proprietrio do Relair Solar - Solar de Santa, Gwanael Allan, outro estrangeiro (franco-canadense) que adquiriu um dos casares de Santa Teresa. O hotel abriu em Dezembro de 2006, aps ficar seis meses de reforma. O espao tem uma proposta diferente: alugado para grupos de at treze pessoas, que pagam entre R$ 2.000,00 a R$ 2.500,00, dependendo da temporada. Segundo Allan, esse conceito Villa Rental nica no Rio. A idia dar vida a casa e promover um turismo criativo.

A) B)

Figura 14- Quarto e sala Fonte: Site Solar de Santa

O nico hotel visitado pelas autoras, tambm no mesmo bairro, porm de propores bem maiores, o Hotel Santa Teresa, inaugurado em 2008, aps quatro anos de reforma. De acordo responsvel pelo projeto, Franois Delort, foram investidos R$ 14 milhes na transformao de do espao em um hotel boutique luxo. Em uma rea total de 5 mil m, so 44 sutes, um restaurante (Trse), um Spa e um bar com nome Bar dos Solteiros. A estrutura emprega cerca de 85 funcionrios.

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Figura 15- Hotel Santa Teresa Fonte: As autoras (2009)

De acordo com a Frana/Brasil (2009), o Santa Teresa o primeiro cinco estrelas no centro da cidade. Segundo Delort (2009), abrir um estabelecimento no nico bairro do Rio de Janeiro com arquitetura preservada um diferencial muito grande. A decorao interna do hotel tem influncias indgenas e africanas, todas adquiridas pelo prprio Delort, tudo para recriar um ambiente definido por trs aspectos: o mstico, o tnico e o sagrado. Ainda de acordo com Delort:
Os turistas ficam felizes de vir para c, conhecer algo diferente, mais autntico. Ipanema supervalorizada. A arquitetura feia. Copacabana j acabou h muito tempo. [...] Santa Teresa , sem dvida, o melhor lugar para se morar. Tem muito verde, vida artstica e cultural intensa (2009, p. 67).

Diferente dos outros dois hotis possui muitos clientes brasileiros, que freqentam mais as reas do bar, restaurante e SPA. Os franceses procuram o estabelecimento para hospedagem

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5. A HOSPEDAGEM DOMICILIAR EM SANTA TERESA


Para fins de pesquisa, as autoras deste trabalho de concluso de curso efetivaram uma pesquisa de campo no bairro de Santa Teresa, com o objetivo de coletar o maior nmero de informaes possveis sobre o bairro, o desenvolvimento da hospedagem domiciliar no local e suas caractersticas, entender a relao entre os turistas deste tipo de hospedagem e os anfitries e mapear os pontos positivos e negativos da atividade na cidade. Para tanto foram realizadas entrevistas com diversas pessoas envolvidas na rea, duas hospedagens em casas diferentes no bairro de Santa Teresa e visita aos pontos tursticos do local. 5.1 Agncia Cama e Caf Atravs da entrevista realizada com Carlos Magno Cerqueira, scio do Cama e Caf, a idia de trazer o meio de hospedagem domiciliar ao Brasil surgiu atravs de experincias vividas por ele e por mais dois scios, Leonardo Rangel e Joo Vergara no ano de 1995, quando viajam rumo Amrica do Norte e logo depois para a Europa para fazerem um intercambio. A idia era partir para acomodaes em Albergues como a maioria dos jovens de sua idade o faziam. Porm, ao chegarem, descobriram uma outra alternativa de hospedagem, o B&B. Uma forma de hospedagem desconhecida para os viajantes, onde famlias locais abriam suas casas fornecendo um quarto com total privacidade para acomodao, sem precisar dividir o espao com pessoas estranhas, como era o caso dos albergues. Ao chegarem ao B&B resolveram se instalar em um quarto triplo aderindo idia de ficarem somente por uma noite em carter de experincia, se a experincia fosse positiva para todos, renovariam por mais dias na nova descoberta de hospedagem pela Europa. Para a surpresa dos trs, descobriram que o anfitrio, ou seja, o dono da casa era o que havia de mais fascinante neste tipo de hospedagem. Quando podia servia como guia turstico e at mesmo como professor de idiomas. Como costumam dizer, ganharam um amigo embutido na diria. Isso fez com que os scios percebessem que esse novo meio de hospedagem deixava os hspedes mais prximos da cultura local.

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Aps 40 dias de viagem por 12 pases, retornam ao Brasil com fotos e muitas histrias para contar. Nasceu nos scios vontade de abrir uma Rede de B&B no Brasil, mas para isso precisavam de um lugar que reunisse atrativos culturais e, ao mesmo tempo histricos como o caso da maioria das cidades na Europa. Lembraram das ruas sinuosas de Santa Teresa, da arquitetura ecltica e suas diversidades nos casares e do velho bonde cruzando o bairro carioca. Os scios chegaram concluso que Santa Teresa era o lugar certo para inserir uma Rede de Hospedagem Domiciliar. Cerqueira, como turismlogo e guia turstico, Rangel como engenheiro atuante na rea de desenvolvimento sustentvel e Vergara como designer de produto atuante na rea de projetos especiais para preservao de patrimnio tanto histrico como cultural estavam preparados para desenvolver sustentavelmente a preservao cultural, histrica e social de Santa Teresa atravs do turismo como ferramenta principal. Santa Teresa a partir daquele momento se tornaria o bairro carioca conhecido como Destino Turstico Sustentvel. Em 2003, aps dois anos de pesquisa e catalogao do Projeto Piloto, fundaram a agncia Cama e Caf com 20 casas no bairro carioca. Sabiam que o projeto realmente poderia dar certo, mesmo sabendo que seria difcil por se tratar de um bairro de resistncia e vanguarda. Logo interagiram com a comunidade para conhecer melhor os moradores, e sugeriram parcerias com estabelecimentos, pontos de taxi, restaurantes, bares, atelis para que o projeto fosse bem aceito e trouxesse benefcios a todos, tanto aos moradores quanto aos turistas que visitariam o bairro. O Sebrae foi o primeiro parceiro a investir na idia. Com o passar dos anos o projeto foi ganhando a simpatia de mais parceiros e hoje conta apenas com o fruto do seu trabalho desses anos e o prestgio das principais entidades de classe do trade turstico. No Arte de Portas Abertas de 2002, evento cultural que faz parte do calendrio anual de eventos da cidade, comeam as inscries para os moradores que queriam fazer parte da Rede de Hospedagem local. Hoje, aps anos de caminhada, o projeto pioneiro no Brasil e presta consultoria para vrios projetos. O Laboratrio de treinamento para os anfitries fica na Sede no Cosme Velho onde h uma parte da casa com quarto, banheiro, sala de jantar, estar e cozinha para o treinamento de anfitries

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do Brasil. A Rede encontra-se atualmente em Santa Teresa e Olinda. Como projeo para os prximos destinos conta com Paraty para final de 2010, Petrpolis para 2011 e Ouro Preto para 2012 a principio. A central de reservas e operaes fica em Santa Teresa na casa de uma das anfitris da rede. A empresa trabalha a filosofia do baixo custo operacional e utiliza-se principalmente da internet como ferramenta principal para divulgao e venda. Casas Cadastradas na Sede do Cama e Caf em Santa Teresa O Cama e Caf conta com uma seleo de casas que podem ser escolhidas pelo design da residncia, pela sua localizao, pelo perfil do anfitrio e pelas vantagens e facilidades que oferece. As dirias variam de R$ 85,00 a R$ 210,00, o hspede pode escolher a casa que quer ficar hospedados atravs do site da agncia na internet, onde esto disponveis todas as informaes das casas cadastradas alm de fotos e preo da hospedagem. Hoje, so 50 casas cadastradas no servio, que soma cerca de 150 leitos. De acordo com a entrevista realizada com Daniella Grego, gerente de operaes do Cama e Caf, o grande diferencial da Rede Cama e Caf so as possibilidades de convvio dirio com os habitantes locais, seus hbitos e sua cultura. Atravs de dados coletados durante a entrevista foram obtidas informaes sobre a situao real das quantidades e valores do Cama e Caf.

Grfico 5 Anfitries cadastrados na Sede Cama e Caf Fonte: As autoras (2009)

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Grfico 6- Quartos existentes nas casas cadastradas Fonte: As autoras (2009)

Grfico 7 Categoria dos apartamentos Fonte: As autoras (2009)

Grfico 8 - Banheiros Privativos ou Coletivos Fonte: As autoras (2009)

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Grfico 9 Ocupao mxima de hspedes Fonte: As autoras (2009)

Grfico 10 Mdia das dirias cobradas Fonte: As autoras (2009)

Vantagens e Facilidades O Cama e Caf ultrapassa a hospitalidade convencional. Satisfazer as necessidades de um hspede, fazendo com que ele se sinta em casa nunca foi to fcil. Alm de uma cama, um caf da manh e a simpatia dos anfitries, os hspedes tambm encontram diversas vantagens e facilidades ao se hospedarem em uma casa agenciada pela rede. Os servios oferecidos pelos anfitries no se limitam apenas em uma cama e caf da manh. A experincia vivida por pessoas em suas viagens de turismo acaba sendo nica, pois o Cama e Caf oferece em questo de facilidades proporciona uma localizao prxima ao centro da cidade, acesso internet (wi-fi), garagem, televiso a cabo, ventilador, ar-condicionado, hidromassagem, biblioteca, jardim e vista panormica. Com relao s vantagens,

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podemos citar a estrutura fsica, segurana, comodidade, diria com caf incluso e um anfitrio que acaba se tornando um guia turstico e um grande amigo, na maioria das vezes, de acordo com a anfitri Ana Laura Lopes de Andrade. 5.2 Experincia Vivida pelas Autoras A experincia vivida no Cama e Caf aconteceu em duas fases. Duas das autoras se hospedaram na casa da anfitri Ana Laura Lopes, como estudantes de hotelaria para conhecer o meio de hospedagem e a Rede Cama e Caf, onde foram obtidos informaes atravs de entrevistas. No mesmo perodo, a terceira autora se hospedou na casa da anfitri Flvia Garcia sem revelar o principal motivo da sua estada. A deciso de conhecer o Cama e Caf de formas diferentes possibilitou as pesquisadoras comparar o servio prestado. O resultado dessa pesquisa se resume na qualidade da hospitalidade de ambas as casas que ofereceram servios compatveis ao esperado. Os relatrios a seguir, realizados como hspede oculto e como estudantes mostraro dados e caractersticas do anfitrio e da casa. Relatrio de Hospitalidade - Modelo de Hspede Oculto Anfitri: Ana Laura Endereo: Rua Andres Bello, 15 - Santa Teresa Anfitrio Extra: Alexandre (esposo) Profisso: Advogada Idiomas: Ingls/ Espanhol Momentos de lazer: Ir praia, jantar fora, jogar baralho, fazer compras, navegar na web, assistir televiso, sair com amigos, praticar esportes, ir ao cinema, ler, ouvir msica Quartos reservados para hospedagem: Trs quartos, porm apenas dois possuem ar-condicionado e a internet pode ser disponibilizada para o hspede caso seja necessrio. Quantidade de leitos: Duas camas de casal e quatro camas de solteiro. - SINGLE: R$ 120,00 - DOUBLE: R$ 160,00 - TRIPLE: R$ 200,00

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Todos os quartos possuem banheiro privativo com itens bsicos de higiene como, sabonete e papel higinico e as camas so confortveis (colches novos) O enxoval composto por tolha de banho, lenis, manta e travesseiros. Decorao e Estrutura: No momento, a ateno da anfitri est voltada para a parte estrutural. Ela quer resolver todos os problemas de encanamento, construo e espao para depois pensar na decorao dos quartos. A rea para fumantes fica em um espao reservado no quintal que por sua vez grande e aberto. Itens do Caf da manh: - Leite - Caf - Iorgurte - Suco de laranja natural - Bisnaguinha - Dois sabores de bolo - Manteiga - Gelia - Queijo fatiado -Presunto fatiado - Frutas - Biscoito Relatrio de Hospitalidade - Sistema de Viagem de Estudantes Anfitri: Ana Laura Endereo: R. Laurinda dos Santos Lobo, 124 - Santa Teresa Anfitrio Extra: Augusto (caseiro) Profisso: Psicloga e analista de sistemas Idiomas: Ingls/ Espanhol Momentos de lazer: Jantar fora, assistir televiso, danar, ir ao cinema, teatro, viajar, ler, ouvir musica

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Quartos reservados para hospedagem: Trs quartos, porm apenas dois com banheiro privativo dentro do quarto. Quantidade de leitos: Duas camas de casal e cinco camas de solteiro. - SINGLE: R$ 120,00 - DOUBLE: R$ 160,00 - TRIPLE: R$ 200,00 O banheiro oferecido como privativo possua itens bsicos de higiene como, sabonete e papel higinico e creme dental. Todos os produtos porm, de marcas de segunda linha. O enxoval composto por tolha de banho, lenis, manta e travesseiros. A rea para fumantes fica em um espao reservado no quintal que por sua vez grande e aberto. H tambm na casa uma piscina com rea para churrasco e uma grande varanda com vista para a rua. Itens do Caf da manh: - Leite - Caf - Iorgurte - Suco de laranja natural - Frios (presunto, queijo) - Bolo caseiro - Manteiga - Gelia - Frutas: manga e abacaxi. - Achocolatado - Po francs - Biscoitos doces e bolachas salgadas variadas

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Figura 16 - Caf da manh na casa da Ana Laura Fonte: As autoras (2009)

5.3 Comit Organizador dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro Por se tratar de um novo modelo de hospedagem no Brasil, a primeira interveno do poder pblico para divulgao e estmulo a hospedagem domiciliar foi na organizao dos Jogos Panamericanos de 2007 na cidade do Rio de Janeiro. A prefeitura do Rio de Janeiro sob a coordenao da Secretaria Municipal do Turismo, implementou um projeto com o objetivo de informar e estimular a populao carioca a aplicar a hospedagem domiciliar, tendo em vista o aumento do nmero de turistas esperados com o evento dos XV Jogos Panamericanos em Julho de 2007. Quando foi firmado o convnio entre o Municpio do Rio de Janeiro e o Ministrio do Turismo, em dezembro de 2004, j existiam no Rio experincias de hospedagem domiciliar, que para serem fortalecidas, o plano de trabalho do convnio previa iniciativas com o objetivo de: Conhecer melhor essa modalidade, atravs de experincias de outras cidades; Estabelecer parmetros de qualidade para a prestao dos servios; Incrementar a divulgao e distribuio do servio; Estimular a cooperao entre as iniciativas existentes no interesse comum.

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A Prefeitura elaborou com o apoio da consultoria da ONG Lunuz2, um extenso levantamento sobre as experincias de hospedagem domiciliar em diversos locais onde o servio desenvolvido como Fernando de Noronha, Santa Catarina, Frana, Estados Unidos, Inglaterra, Itlia entre outros. Foram pesquisadas tambm cidades que utilizaram a hospedagem domiciliar como recurso para aumentar a oferta de leitos durantes grandes eventos esportivos como o caso dos jogos de Sidney (Austrlia) e Winnipeg (Canad). Um seminrio internacional foi realizado no Rio de Janeiro em outubro de 2006, com o objetivo de reunir as experincias de outras localidades que adotaram esse tipo de hospedagem e propiciando um debate que orientaria aes futuras no caso dos jogos no Rio. Foi tambm estudado neste seminrio aspectos normativos, tributrios e econmicos, procurando orientar a ao do poder pblico e das pessoas interessadas em desenvolver essa atividade. A pesquisa foi concluda com a elaborao de manuais com orientaes para os anfitries e agncias (ou profissionais autnomos). Foi elaborado tambm um manual sobre os direitos e obrigaes do consumidor dos servios. A maior parte dos estudos foi publicada em um livro lanado pela Prefeitura do Rio de Janeiro Hospedagem Domiciliar: Turismo Integrado e Sustentvel do qual serviu de referncia para afirmao de tais fatos. Em maio de 2007 o programa municipal de estmulo hospedagem domiciliar foi lanado oficialmente com a presena de representantes do setor turstico e do Comit Organizador dos Jogos Panamericanos atravs de um site na internet que publicou os dados das pesquisas desenvolvidas, informaes diversas sobre a hospedagem domiciliar e uma pesquisa de mercado em formato de questionrio para os anfitries da rede Cama e Caf, usurios de hospedagem domiciliar, no usurios de hospedagem domiciliar, mas que pensam em utiliz-la e no usurios que no pensam em utiliz-la. A pesquisa foi resultado de uma parceria entre a Secretaria Especial de Turismo do Rio de Janeiro (SETUR) e o Ministrio do Turismo, sendo reallizada pelo Instituto GPP. Nota-se que a pesquisa com os anfitries se restringiu apenas aos afiliados da rede Cama e Caf, no incluindo os anfitries das outras duas redes do municpio. Foi elaborado um documento com nome de Carta Carioca de
2 ONG Lunuz criada para desenvolver o projeto Santa Teresa: Territrio Turstico Sustentvel em parceria com a empresa privada Cama e Caf.

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Hospitalidade3, com o objetivo de criar um compromisso entre os envolvidos na hospedagem domiciliar no Rio de Janeiro alm de estipular uma padronizao do servio oferecido. Ainda em maio de 2007, as trs redes estabelecidas no Rio de Janeiro Cama e Caf, BBBrasil e Favela Receptiva assinaram a Carta Carioca de Hospitalidade, assumindo os compromissos mnimos de qualidade para o sistema. Alm da carta carioca de hospitalidade, foram criados e distribudos tambm manuais e mtodos para os anfitries, agentes e hspedes. Existem atualmente trs manuais e so eles: Manual do Anfitrio No manual do anfitrio esto disponveis dicas que vo desde como receber o hspede at questes como asseio da casa, manuteno, procedimentos, apresentao pessoal, apresentao do ambiente, horrios, regras de convvio, uso de equipamentos da casa, confeco do caf da manh, armazenamento e manuseio de alimentos, procedimentos de governana, habilidades essenciais para receber bem o hospede, exposio de possveis situaes adversas em uma hospedagem e resoluo de possveis problemas. Manual do Agente No manual do agente esto dispostos alguns procedimentos que o profissional envolvido na hospedagem domiciliar deve executar alm de informaes bsicas que so indispensveis para quem trabalha neste rea, como tarefas, organizao do negcio, canais de distribuio, conhecimento do mercado, como formar uma rede de agenciamento, requisitos mnimos de qualidade que deve-se oferecer ao turista. Manual do Hspede O manual do hspede foi feito para ajudar os hspedes a desfrutar com conforto e segurana da rede de hospedagem domiciliar no Rio de Janeiro, e que tambm torna-se muito til para anfitries e agentes, que devem estar abertos para entenderem o ponto de vista do turista. Neste manual esto dispostos os direitos e deveres do hspede e dicas sobre como manter a relao com o

Disponvel no Anexo A.

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anfitrio agradvel sempre, respeitando as regras da casa e levando em considerao fatores como: privacidade, tranqilidade no ambiente, caf da manh, horrios, chaves da casa, uso de equipamentos, economia de energia, etc. 5.4 Divulgao do produto por entidades pblicas Atualmente, no site4 oficial da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro h um link de acesso chamado Turismo, onde se acessado, o internauta direcionado automaticamente para a pgina onde esto todas as notcias sobre o turismo na cidade e inclusive sobre hospedagem domiciliar5.

Figura 17- Pgina do Site Riotur Principais redes de hospedagem domiciliar Fonte: Riotur (2006)

H uma pgina inicial onde esto dispostas as principais redes de hospedagem domiciliar da cidade com um link de acesso para seus respectivos sites. Um outro site aberto caso o internauta deseje ter informaes sobre o que hospedagem domiciliar, como preparar sua casa para receber turistas e um campo de perguntas e respostas, no qual se obtm resposta de funcionrios da secretaria do turismo do Rio de Janeiro via email.

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www.rio.rj.gov.br www.rio.rj.gov.br/hospedagemdomiciliar/

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Este servio foi testado pelas autoras do trabalho, alm de ter servido como referncia para elaborao da pesquisa. Um dos dizeres do site da prefeitura sobre hospedagem domiciliar cita:
Antes de mais nada preciso deixar bem claro: hospedagem domiciliar um negcio estritamente privado entre pessoas . A Prefeitura no se dispe a intermediar essas relaes comerciais, nem oferecer servios ou financiamentos. Nosso objetivo o de informar, estimular e ajudar os interessados. Leia e comente, se quiser, os textos explicativos "O que Hospedagem Domiciliar" e "Preparando sua casa". Pesquise nos "links" sobre experincias em outros lugares. Tire suas dvidas na rea de "Perguntas & Respostas" (2005)

O interesse do poder pblico no segmento de hospedagem domiciliar ainda no tem tanta representatividade, visto que o setor no se desenvolveu no Brasil de forma ampla como em outros pases j citados. No h uma regulamentao especfica e nem incentivos para empresas e anfitries interessados em ingressar na modalidade. O site criado pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro que fala sobre b&b teve incio no ano de 2006 somente por conta dos Jogos Panamericanos, onde os governantes e responsveis pelo turismo da cidade previam que a oferta de hospedagem no ia ser suficiente para abrigar toda a demanda de turistas que viriam por conta do evento. De acordo com Alfredo Lobo presidente da ABIH em nota ao Etur, era esperada a taxa de ocupao acima dos 90% na cidade, e por isso foram investidos recursos na capacitao de atendentes em bares, hotis e restaurantes, promoo dos destinos tursticos e culturais e criao de mais 3000 leitos na cidade. Alm dessas aes, foi nesta poca que foi realizado o primeiro seminrio para discusso da implantao e apoio a hospedagem domiciliar na cidade. A taxa de ocupao no ms de Julho em 2007 teve aumento de somente 10% em comparao com o ano anterior de acordo com um estudo feito pela Fundao Getulio Vargas (FGV) com o ttulo Movimentao Econmica dos Jogos Panamericanos e que j representa um resultado positivo em termos de movimentao financeira na cidade. Em entrevista com Cerqueira, o scio da rede Cama e Caf explicou que a expectativa pela alta ocupao no perodo dos jogos era muito grande, porm, houve um desapontamento por parte dos membros da agncia, que esperavam

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100% de ocupao no perodo e no obtiveram. Aps esse perodo, no houve uma continuao no trabalho e hoje se pode notar que todo o esforo de marketing e investimento no segmento vem de iniciativas isoladas e de empresas privadas. Acredita-se que o poder pblico deve estar atento s experincias de implementao desse tipo de meio de hospedagem no Brasil, dando suporte e apoio s iniciativas existentes, assim como estimulando o desenvolvimento de novos projetos. Para tanto, foram propostas idias e metas para ampliao e mapeamento das aes que devem ser implantadas para o crescimento e desenvolvimento da hospedagem domiciliar a mbito nacional.

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6. PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO B&B NO BRASIL


A hospedagem domiciliar um segmento de hospedagem que traz consigo diversos benefcios aos envolvidos na atividade, porm, foi identificado que no Brasil o seu desenvolvimento restrito se comparado com outros pases no mundo, no qual j promovem o tipo de hospedagem h anos e recebem um grande nmero de turistas. No Brasil, foi possvel identificar o seu crescimento no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro, atravs da agncia Cama e Caf, que teve maior divulgao somente no perodo dos Jogos Panamericanos na cidade em 2007, com a ajuda do poder pblico, interessado em aumentar o nmero de leitos da cidade para receber a grande demanda turstica esperada devido aos jogos. Existem no Brasil dois eventos futuros que geraro grandes investimentos no setor turstico. So eles: a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpadas em 2016. Eventos grandiosos como esses podero trazer grandes chances de desenvolvimento e crescimento do b&b no Brasil, visto que os jogos so realizados em diversas cidades do pas e que muitas delas no possuem a oferta de hospedagem condizente com a demanda turstica esperada. Alm dos eventos, o caso de sucesso em aceitao da modalidade em Santa Teresa remete a idia de que em localidades tursticas com atrativos histricos e culturais tem grandes chances em se adequar a hospedagem domiciliar, e que por conseqncia desenvolver de forma sustentvel uma maior movimentao turstica no local trazendo consigo benefcios a todos os envolvidos. 6.1 Benefcios da Hospedagem Domiciliar So listados os benefcios identificados com o desenvolvimento da hospedagem domiciliar: Aumento da oferta de leitos do local A hospedagem domiciliar capaz de promover o aumento do nmero da oferta de hospedagem de um destino turstico de forma sustentvel, ou seja, contribuindo para que no haja danos ao meio ambiente onde se instalado.

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Neste caso, o benefcio pode ser visto como uma alternativa em situaes onde existe o aumento momentneo do nmero de turistas no local devido a algum evento grande como por exemplo jogos olmpicos. Contribui de forma mais saudvel nesses casos, onde a construo de vrios meios de hospedagem evitada, impactando de forma menos agressiva a taxa de ocupao dos hotis aps a desocupao da cidade depois destes grandes eventos. Turismo sustentvel Dentre os principais benefcios, pode-se salientar que no necessria a construo de estruturas para abrigar novos meios de hospedagem, pois o quarto para hospedagem do turista j est construdo e localizado dentro das casas dos moradores da regio, impactando o mnimo em quesitos ambientais. Gerao de renda A movimentao financeira com o aumento do nmero de turistas pode trazer benefcios a todos os envolvidos da regio, desde profissionais autnomos como taxistas, escritores, pintores, at os envolvidos no comrcio da regio com bares, restaurantes, lojas, e principalmente os donos das casas que oferecem um quarto para o visitante e recebem um valor referente diria cobrada do turista em sua casa. Cumprimento dos objetivos do turista cultural A vivncia da cultura local o que o turista da modalidade procura, e em todos os casos, possvel cumprir seu objetivo, pois este est inserido no dia-adia do local durante toda sua estada ou a maior parte dela. Todos os benefcios citados remetem a idia de que o b&b traz muitos benefcios s partes envolvidas. Um trabalho para seu desenvolvimento poderia ser feito para trazer o sucesso de seu mercado em outros pases para o Brasil. 6.2 Principais Dificuldades para Implantao da Hospedagem Domiciliar A hospedagem domiciliar no amplamente conhecida pelos brasileiros, por se apresentar em pequena escala no pas e no haver divulgao do produto. O Brasil considerado um pas hospitaleiro, porm pode haver certa resistncia em alguns moradores em receber desconhecidos em suas prprias casas. A

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desconfiana e o medo pode ser uma barreira para a implantao da modalidade em alguns locais. Os noticirios anunciam todos os dias casos de violncia, roubos e situaes indesejveis por qualquer cidado. A idia de trazer um estranho para dentro de casa pode representar um grande empecilho para aumentar o nmero de anfitries dispostos a se associar a alguma rede de hospedagem domiciliar. Os hotis e pousadas em cidades tursticas pequenas podem encarar a implantao do b&b como um forte concorrente, podendo tambm representar uma ameaa no desenvolvimento da atividade. Se os turistas decidirem por motivos de maior integrao com a comunidade ou pelo valor praticado ficar em casas agenciadas ao invs de hotis e pousadas, pode haver uma recusa por parte desses empreendimentos a aceitar a implantao do meio de hospedagem no local. A criao de uma agncia de b&b de mbito nacional prev uma estrutura que consiga suportar as exigncias para sua administrao e qualidade. So necessrios funcionrios que estejam presentes em todos os locais onde h residncias credenciadas para constante avaliao do servio prestado e para adeso de novas residncias. Para tanto necessria uma estrutura organizacional capaz de administrar de forma eficaz as casas em todas as regies do pas onde seja implantada a hospedagem domiciliar. 6.3 Alternativas para Minimizar as Dificuldades de Implantao do B&b Depois de identificadas as dificuldades para implantao de desenvolvimento da atividade de hospedagem domiciliar no Brasil, foram listadas algumas possveis alternativas que podem minimizar os problemas encontrados: Responsvel por localidade Nomeao de um anfitrio para cada regio que ir cuidar da avaliao do servio prestado no local, monitorando as casas e avaliando a receptividade oferecida pelos anfitries. Ter uma pessoa responsvel no local para cuidar de situaes adversas e problemas que pode vir a ocorrer envolvendo o turista pode ajudar no tempo em que ir se resolver a situao, ocasionando tambm em um maior suporte ao visitante. A casa deste anfitrio ter prioridade em receber turistas e ser descontada da diria uma porcentagem menor de comisso para a agncia de b&b em forma de contribuio ao seu trabalho.

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Apoio do poder pblico O apoio das secretarias de turismo das cidades e do MTur para divulgao da idia pode acrescentar maior credibilidade e aceitao por parte dos moradores e envolvidos com o turismo, alm de haver uma maior divulgao para os turistas interessados. Esse apoio pode ser feito de modo semelhante ao que foi realizado pela Secretaria do Turismo do Rio de Janeiro no caso dos Jogos Panamericanos em 2007, onde houve a criao de um link na internet no site da prefeitura da cidade. Este link dar acesso ao visitante para site da agncia responsvel pelas reservas dos quartos disponveis para hospedagem domiciliar do local. Preos compatveis Praticar preos compatveis com a oferta de hospedagem dos locais onde pode haver resistncia por parte do hotis e pousadas pode diminuir a concorrncia por preo de diria na cidade ou bairro e contribuir para a aceitao da atividade no local. Os responsveis pela administrao dos hotis e pousadas da regio poderiam se sentir ameaados caso as dirias praticadas fosse mais barata do que nesses meios de hospedagem, podendo prever a perca de hspedes para o b&b. Promover treinamentos e orientao Desenvolver palestras e treinamentos de capacitao para os envolvidos com o turismo no local pode auxiliar na relao destes com os turistas, contribuindo para que recebam bem o turista. Treinamentos e palestras para os anfitries podero auxiliar na padronizao de algumas variveis como limpeza, segurana, receptividade e apresentao dos deveres e obrigaes do anfitrio. Os treinamentos e orientaes oferecidos aos anfitries contribuem para a garantia de qualidade do servio e maior credibilidade com os turistas adeptos ao b&b. A imagem da rede fortalecida caso o padro de qualidade seja elevado e constante. Incentivo ao consumo local Incentivar o consumo dos turistas na localidade contribui diretamente para a gerao de renda e movimentao da economia local. Uma alternativa seria a

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distribuio de cartes de descontos e cortesias para os turistas adeptos do b&b, contribuindo para o consumo em restaurantes, bares, lanchonetes e demais estabelecimentos da regio. Regulamentao oficial Ainda no existe uma regulamentao oficial para a hospedagem domiciliar no Brasil que defina os direitos e deveres dos envolvidos na atividade. A existncia de algo mais consistente nas polticas pblicas traria primeiramente uma maior credibilidade ao b&b e poderia contribuir em termos legais em sua definio, regras e diretrizes. 6.4 Destinos Considerado atualmente um setor econmico dos mais dinmicos, apresentando para o futuro as perspectivas mais promissoras, segundo o MTur, o turismo caracteriza-se por ser altamente competitivo, decorrncia da melhoria dos equipamentos e produtos tursticos e da modernizao nos transportes e das comunicaes. tambm crescente o desejo das pessoas em conhecer lugares novos, outras culturas. Vivemos em uma sociedade de avanos tecnolgicos, de facilidades de comunicao e de deslocamento de pessoas, de integrao econmica, poltica e cultural, em que a globalizao tornou-se algo comum em nossas vidas. Nosso ambiente do dia a dia est cada vez mais padronizado. E esse um dos motivos pelos quais as diversidades culturais tm importncia na sociedade em que vivemos. Hoje em dia h um redescobrimento do local em contraposio do global, estamos aprendendo a olhar para o patrimnio como um bem que representa identidade e que exalta o valor de uma cultura, de algo que o retrato de um tempo histrico, e de manifestaes culturais. Com o crescimento do turismo no Brasil nos centros urbanos, as cidades so obrigadas a melhorar a infraestrutura local com obras de melhorias urbanas para manter a atratividade local. Na realidade, tais melhorias esto voltadas, especificamente, para o mercado turstico, de construo de um lugar que chame ateno e ative o imaginrio dos turistas. Lugares que se diferenciem do cotidiano, da realidade, para serem apenas lugares de lazer.

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As pessoas que buscam locais para se hospedar prximo aos autctones e que almejam conhecer de perto a cultura local, procuram principalmente esses lugares para se aprofundar em seus estudos ou desejos de saber como era ou o cotidiano daquelas pessoas. Por essa razo, cidades que possuam caractersticas histrico-culturais, com infraestrutura bsica e turstica e que nela haja pessoas capazes (e dispostas) a receber o hspede em suas casas j enxergando quantos benefcios isso poder trazer a sua comunidade podem comear um novo mtodo de desenvolvimento sustentvel em sua cidade. Dentre as muitas cidades que possuem locais histricos, algumas, por possurem infraestrutura melhor, serem de mais fcil acesso e com autctones capazes de hospedar estrangeiros, alguns locais que poderiam ter a oferta hoteleira de b&b por estarem recebendo projetos e estudos do governo para melhoria do local. A comunidade, em muitos dos casos, esto presentes na realizao dos projetos e estudos para conhecer como o turista que vai at sua cidade e entender sua necessidade. Esprito Santo O turismo capixaba iniciou novas fases histricas, baseadas no profissionalismo e no planejamento estratgico. Em 2004, o Governo do Esprito Santo lanou o Plano de Desenvolvimento do Turismo 2004-2013. Dele, constavam polticas e projetos elaborados a partir do planejamento estratgico de governo e alinhados com o Plano Nacional do Turismo. Num segundo passo de avano nessa rea, lanou o Plano de Desenvolvimento Sustentvel do Turismo 2025. O Plano foi elaborado sob a coordenao da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econmico e Turismo, por meio do Conselho Estadual de Turismo (Contures). Dele constam projetos para estruturao do setor, como a melhoria da competitividade do arranjo produtivo, atravs da revitalizao dos centros tursticos; melhoria da infra-estrutura; criao de centros de eventos; consolidao das rotas tursticas; qualificao de empreendedores e trabalhadores; desenvolvimento do turismo regional; diversidade da oferta turstica; e qualificao dos produtos tursticos. A economia do Esprito Santo vem melhorando, conforme mostram as tabelas 11 e 12, PIB real e per capita do Estado.

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Tabela 11 PIB real Fonte: IPES

Tabela 12 Per Capita do Estado do Esprito Santo Fonte: IPES

O cenrio de crescimento abrir oportunidades para o desenvolvimento do turismo internacional e nacional. De acordo com o governo (2007), atravs do site oficial de Esprito Santo, entre diversas atividades econmicas possveis para o Esprito Santo, o turismo desponta como uma alternativa vivel e importante, principalmente quando se pensa em gerao de emprego e renda (como mostra a tabela 13), j que o Estado rene diversos atributos necessrios ao desenvolvimento da atividade turstica. O turismo, portanto, deve ser visto como um instrumento valioso na busca do desenvolvimento econmico local, principalmente quando comparado com outros setores.

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Tabela 13- Projeo do emprego formal do turismo no Esprito Santo 2004-2025 Fonte: IPES

Demanda De acordo com o Governo (2007), o estado do Esprito Santo identifica uma demanda turstica com fluxos sazonais originrios, na sua maioria, de ncleos emissores nacionais dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, So Paulo, Distrito Federal, sul da Bahia e de visitantes capixabas que viajam internamente. Devido concorrncia turstica de outros Estados do Brasil como So Paulo, Rio de Janeiro e o Nordeste, para poder competir com outros produtos ofertados por outros estados, o governo, empresrios e a sociedade, em conjunto, analisaram o mercado atual e definiram o foco de atuao para o direcionamento das aes de desenvolvimento do turismo. Os mercados prioritrios O Plano de Desenvolvimento Sustentvel do Turismo do Esprito Santo 2025 estar focado prioritariamente nos seguintes segmentos de mercado a serem considerados como focos principais das aes: Turismo de negcios e eventos Turismo de sol e praia Turismo rural/agroturismo Turismo nutico Turismo de pesca Turismo de aventura

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Ecoturismo Turismo cultural

Tabela 14 Segmento x Mercado Fonte: IPES

Com todas as aes que o governo do Esprito Santo est tomando para que o turismo seja um fator gratificante na economia, a implantao de b&b s trar mais benefcios, j que um meio de hospedagem que no impacta bruscamente o meio ambiente e a comunidade (interessada desde o incio do Projeto) poder atender os turistas em suas casas, diminuindo a distncia que normalmente existe entre autctones e visitantes, podendo mostrar de perto como a cultura capixaba. Rio do Engenho O distrito do Rio do Engenho, um dos patrimnios da histria de Ilhus e do Brasil, est sendo preparado para ser um dos principais destinos tursticos da Bahia. O trabalho faz parte de um projeto realizado pelo Sebrae na Bahia, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), prefeitura municipal, Instituto de Estudos Scio-Ambientais do Sul da Bahia (IESB), Capitania dos Portos do Estado e uma empresa multinacional. De acordo com o gerente da agncia do Sebrae em Ilhus, Eduardo Benjamim Andrade (ANO), A proposta desse trabalho de capacitao preparar a comunidade local para o promissor mercado do turismo, observando a vocao que o espao j possui. A idia implantar no povoado do Rio do Engenho equipamentos de lazer de qualidade para que se transforme no primeiro destino turstico-histrico-cultural

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de Ilhus verdadeiramente formatado, para que o local possa atrair muitos turistas. O secretrio de Turismo considera a capacitao como uma etapa de fundamental importncia nesse projeto e acrescenta que estas atividades visam qualificar a comunidade para aes de gerao de renda e a recepo dos turistas que visitam o local. A comunidade est integrada e ser qualificada para receber o turista, o que indica que muitas pessoas comearo a enxergar a possibilidade de receb-los em suas casas, pensando tambm na possibilidade de renda que ganhariam com isso.

Figura 18- Rio do Engenho Fonte: Ecoviagem

Olinda O Centro Histrico de Olinda abrange a rea histrica do municpio brasileiro de Olinda, no estado de Pernambuco. Quase um tero da rea total do municpio tombado pelo patrimnio histrico. A preservao desse stio histrico comeou na dcada de 1930, quando os principais monumentos foram tombados (WIKIPEDIA). A partir da foram promovidas vrias aes no sentido de preservar todo o patrimnio histrico, cultural e arquitetnico do municpio. O stio foi declarado, em 1980, Monumento Nacional, pelo Congresso Nacional e, em 1982, reconhecido como patrimnio mundial pela UNESCO. Segundo site viagem Uol, a cidade possui um traado irregular, sendo influenciada pela arquitetura religiosa. Entre as construes existentes atualmente, se destacam a Catedral de Olinda, o Mosteiro de So Bento, o Convento de So Francisco, com a Igreja de Nossa Senhora das Neves, e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, entre outras. A arquitetura civil, ao contrrio

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da religiosa, recebeu influncia da arquitetura portuguesa, como construes com sacada em pedra ou madeira, fachadas contguas e grandes quintais, adaptada ao clima tropical do local. O carnaval de Olinda um atrativo turstico para muitos e ganhando importncia no mercado. Ele representa uma oportunidade nica para o desenvolvimento de setores como hotelaria, alimentos e bebidas, transportes e servios em geral. Segundo as pesquisas realizadas pela Prefeitura de Recife, o ndice de satisfao dos turistas que estiveram no Carnaval Multicultural do Recife 2009 foi elevado: 97% dos visitantes desejam voltar em 2010 e 99% iro indicar o evento para parentes e amigos. Segundo o presidente do Recife Convention & Visitors Bureau e da Associao Brasileira da Indstria Hoteleira (ABIH-PE), Jos Otvio Meira Lins, os hotis trabalharam com uma ocupao prxima dos 97,5%, vrios com lotao completa. Para garantir que os municpios tenham uma estrutura eficiente para receber os visitantes e estimular a divulgao cultural da regio, as prefeituras dos dois municpios faro investimentos integrados no setor, atravs do Complexo Turstico e Cultural Recife-Olinda. A proposta promover uma requalificao urbana da rea central da Regio Metropolitana do Recife e desenvolver os produtos culturais das cidades-irms. Para promover o local, durante o ano de 2009, Olinda vem recebendo diversos fantours promovidos pela empresa area TAM. O projeto uma parceria da Prefeitura de Olinda com a EMPETUR e Recife Convention & Visitors Bureau. O fantour um passeio de familiarizao do turismo. O objetivo convidar grupos de agentes de viagens para visitao dos principais pontos tursticos da cidade e assim, promover a divulgao do turismo local. So essas aes que mostram o quo vivel pode ser a implantao de b&b em Olinda. Mesmo com uma certa restrio que h dos hotis e pousadas j instaladas (de acordo com Daniela, da agncia Cama e Caf), a comunidade e o governo podem analisar que ser uma renda adicional dos participantes que oferecerem suas residncias e se cadastrarem em agncias de b&b Esse meio de hospedagem seria a melhor soluo para atrair mais pessoas somente em eventos especiais, que no caso de Olinda, o carnaval.

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Ouro Preto A urbanizao precedente ocorre na maior parte das localidades tursticas consolidadas do mundo. Nesses casos, o aparecimento do turismo no territrio ocorreu quando a localidade j existia como cidade (WIKIPEDIA). Em Ouro Preto, por exemplo, o turismo desenvolveu-se principalmente, na dcada de oitenta, quando a cidade foi tombada pela Unesco como Patrimnio Cultural da Humanidade e obteve grande destaque internacional com a veiculao de uma imagem vinculada ao patrimnio (MTur). Segundo pesquisa realizada pelos autores Valdir Silva, Cristiano Borges e Virginia Rosa, ex-alunos da Faculdade de Turismo de Formiga (FATUR, 2006), a populao ouropretana sente-se completamente a parte do processo de desenvolvimento turstico. A exceo fica por conta de alguns comerciantes que so diretamente atingidos pelos efeitos econmicos da atividade. Atravs do trabalho realizado pelos ex-alunos, pode se constatar que o turista, que geralmente vem motivado pelo aspecto histrico cultural, est em busca de compreender suas razes, compreender o seu passado que entende estar ali registrado. Porm, a estadia deles normalmente rpida e o contato com essa histria superficial. Essa relao superficial ainda mais acentuada porque ele normalmente passa apenas um dia na cidade. Isso ocorre devido a grande proximidade de Belo Horizonte e as opes de hospedagem, entretenimento, gastronomia, espetculos que a capital oferece. O Estudo de Competitividade dos Destinos Indutores do Turismo Nacional6, apresentado pelos consultores do Ministrio do Turismo e da FGV (Fundao Getlio Vargas), destacou que os aspectos culturais, cooperao regional, marketing e atrativos tursticos foram os principais destaques de Ouro Preto. O diagnstico apontou que, em uma escala de 1 a 5, Ouro Preto alcanou nvel 4, devido a esses aspectos. Nas demais dimenses avaliadas (infraestrutura geral, acesso, servios e equipamentos tursticos, polticas pblicas, monitoramento, economia local, capacidade empresarial, aspectos sociais e ambientes) h aes que precisam ser implementadas para aumento competitividade turstica do destino e da regio. Com esse estudo para melhoria
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A inteno que os destinos contemplados pelo estudo (que so 65) ajudem a promover o desenvolvimento da regio em que esto localizados, gerando uma rede para o crescimento sustentvel das cidades atravs do turismo.

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dos pontos fracos que a cidade possui, a implantao de hospedagem domiciliar em Ouro Preto pode trazer benefcios para todos, tanto pela comunidade autctone quanto aos comerciantes, e a participao do turismo na economia local ser mais significativa. Esse meio de hospedagem no precisar esperar todas as aes que devem ser tomadas referentes s dimenses para ser implantada no local.

Figura 19- Ouro Preto Fonte: destino-brasil.net

So Joo Del Rei Segundo dados do Plano Diretor de Turismo do municpio (UFSJ, 2004), a natureza da regio favorece a realizao de programas tanto para os que gostam de atividades leves e curtas (trekking, ciclismo passeios a cachoeiras e trilhas), como para adeptos de aventuras mais radicais, como montanhismo. Bem estruturada para o turismo, segundo dados do levantamento da oferta turstica (IPTAN, 2003), a cidade possui vrios meios de hospedagem, totalizando 878 leitos. O turismo receptivo do local atendido por agncias de turismo cujos roteiros incluem visitas ao patrimnio histrico e arquitetnico, museus de arte barroca e passeios. O tipo de turismo que mais se destaca no municpio o histrico, embora se encontra alguns stios arqueolgicos. Nas serras, predominam as atividades de montanhismo e caminhadas. A Serra do Lenheiro o local de treinamento da nica escola de montanhismo do Exrcito brasileiro que se localiza em So Joo Del Rei.

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Uma pesquisa realizada por Silvana Toledo de Oliveira7 e Marcus Vinicius da Costa Janurio8 teve como objetivo analisar o perfil do turista que vai a So Joo Del Rei. Do total dos entrevistados, 52% do sexo feminino e 48% do sexo masculino; em relao idade, 63% tm acima de 36 anos. Sobre os hbitos de hospedagem, 51% dos entrevistados afirmaram utilizar algum meio de hospedagem na cidade e 29% no utilizaram nenhum meio, por permanecerem na cidade menos de 24 horas. A principal motivao turstica dos entrevistados foi a histria e cultura da cidade: 84%. J a motivao natureza aparece em segundo lugar com 5% das respostas. Em relao s expectativas, 92% dos entrevistados disseram estar satisfeitos e muito satisfeitos. Inverno Cultural O Inverno Cultural um programa de extenso que a Universidade Federal de So Joo Del-Rei (UFSJ) realiza, desde 1988, atravs de oficinas, exposies, shows e seminrios nas mais variadas linguagens da cultura e da arte. O evento visa promover a valorizao da cultura e da educao, com a atualizao de conhecimentos e o intercmbio entre os profissionais da rea. Considerado sinnimo de revitalizao, promoo e incentivo s variadas formas de manifestaes artstico-culturais, desde suas primeiras edies, segundo site da UFSJ, tornou-se referncia para o campo da cultura em geral. A implantao da hospedagem domiciliar na cidade de So Joo Del Rei pode ser um novo meio dos turistas conhecerem de perto a comunidade autctone, alm de possuir valores de dirias reduzidos para o pouco tempo que eles permanecem no local, alm de atender a demanda em grandes eventos, como o Inverno Cultural. Diamantina De acordo com o Ministrio do Turismo (2008), os turistas que vo Diamantina (que tambm Patrimnio Cultural da Humanidade tombado pela Unesco) so pessoas de vrias idades e estilos diversos que procuram a cidade pelos vrios atrativos que ela oferece. A oferta so as mercadorias e servios oferecidos, que so estimulantes para os turistas visitarem a cidade. Existem
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Mestre em Cultura e Turismo pela UESC/UFBA. Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional pela UESC/UFBA.

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atrativos naturais, histricos, culturais e eventos que fazem com que o municpio receba esse variado pblico demandante. De acordo com o site oficial da cidade (www.diamantina.mg.gov.br), as principais atraes tursticas so: igrejas, cachoeiras, Caminho dos Escravos, Cruzeiro do Centenrio, Pico do Itamb, Museu do Diamante, Casa de Chica da Silva, Passadio da Glria, Mercado Municipal, Casa do Padre Jos da Silva Rolim, Casa de Juscelino Kubitschek, Prdio do Frum, Chafariz do Rosrio, entre outros, alm dos eventos como o carnaval, Festival de Inverno, Semana Santa, Festa do Divino Esprito Santo, Festa de Santo Antnio, Dia da Seresta, Festa do Rosrio e a Vesperata9, que movimentam grande fluxo de turistas. O Estudo de Competitividade do Ministrio do Turismo tambm mostra Diamantina como um dos principais destinos indutores do turismo nacional no aspecto cultura. Localizada no Circuito Turstico dos Diamantes, tem 77,6% de aproveitamento nos aspectos culturais nas variveis: produo cultural associada ao turismo, patrimnio histrico e cultural. A mdia nacional no aspecto cultural foi de 54,7%. A secretria de Estado de Turismo de Minas Gerais afirma:
Este estudo confirma o que Diamantina tem de bom. Vamos direcionar nossas aes para atrair mais turistas para o municpio e todo o seu entorno. Vamos buscar recursos junto aos governos estadual e federal, ampliar nossas parcerias com a iniciativa privada buscando a soluo para nossos problemas e a promoo para o que est dando certo.(DRUMOND, 2007).

O municpio tambm se destacou no Estudo nas dimenses infraestrutura geral e cooperao regional. Diamantina obteve ndice de 70,2%, acima da mdia nacional (63,3%) e em servios considerados essencial para atividade turstica como saneamento bsico, eletricidade, comunicao, sade e segurana. J na avaliao sobre o envolvimento dos atores de turismo, sociedade, governos, empresrios, trabalhadores, instituies de ensino, turista e comunidade, Diamantina alcanou 60,8%, tambm acima da mdia nacional que de 48,9%. Ainda de acordo com o site, o municpio de Diamantina, em uma parceria do Governo Federal, Governo de Minas e Banco Interamericano de Desenvolvimento, recebeu do Programa de Desenvolvimento do Turismo
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Concerto ao ar livre tendo a orquestra da Polcia Militar nas sacadas das casas.

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Nordeste

(PRODETUR-NE/II)

R$15,7

milhes

para

investimento

em

infraestrutura. De acordo com o prefeito de Diamantina, Gustavo Botelho Jr (2008), At o final de 2009, teremos 100% de nossa rede urbana de esgoto tratada. Com todos os estudos e investimentos do governo para melhor receber o turista, a implantao da hospedagem domiciliar no municpio seria um recurso de fazer com que o turismo passe a ser um fator importante na economia local, no tendo que se preocupar com mais investimentos para implantaes de novos hotis para atender a demanda e no terem preocupaes com a degradao ambiental, valorizando ainda mais o ambiente cultural que Diamantina possui. Gramado Segundo o site oficial da cidade (www.gramado.rs.gov.br), Gramado tem a melhor estrutura turstica do Rio Grande do Sul e hoje o principal destino turstico do Estado e o quarto do Brasil. Com uma economia voltada ao turismo, o municpio de pouco mais de 28 mil habitantes recebe anualmente cerca de 2,5 milhes de turistas. Gramado tem a maior infraestrutura receptiva do Rio Grande do Sul, como aproximadamente 11 mil leitos, distribudos em 145 hotis e pousadas; cerca de 1.140 estabelecimentos comerciais e mais de 120 bares e restaurantes, capazes de atender em torno de 11 mil pessoas simultaneamente (dados do site oficial de Gramado de 2008). O turismo base da economia gramadense. A hotelaria, a gastronomia e o comrcio em geral o potencial turstico da cidade. Mveis, chocolate, couro, malhas, ferramentas e a construo civil tambm contribuem de forma expressiva no incremento da economia e na gerao de emprego e renda em Gramado. Pesquisa realizada pela Universidade de Caxias do Sul UCS, aponta que o Produto Interno Bruto - PIB da cidade de US$ 133 milhes, e a arrecadao total do municpio chega a R$ 24 milhes/ano. Gramado seria um dos locais onde a implantao de b&b seria mais difcil, por j ser bem-estruturada e a oferta de hotis e pousadas grande, que podem no aceitar a idia devido a concorrncia. Caberia, ento, verificar se seria vivel para a cidade, com o incentivo de promover mais o turismo cultural, pelos turistas estarem mais prximos da comunidade.

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Paraty De acordo com o site da prefeitura de Paraty (www.pmparaty.rj.gov.br, 2007), a cidade passou Bzios e agora a segunda cidade mais visitada no Estado do Rio de Janeiro. Dalva Lacerda, secretria de Turismo e Cultura, conta que as polticas adotadas pela cidade no buscam aumentar o nmero de turistas, mas sim aumentar o nvel desse turista. De acordo com as concluses de Dalva Lacerda (2007), "A gente no quer uma superpopulao em Paraty. No cabe, estraga a cidade e ela tem que ser preservada". Segundo o consultor internacional Joseph Chias (2007) da Chias Marketing, contratada para traar o Plano de Desenvolvimento do Turismo Cultural de Paraty, a cidade recebeu 352 mil turistas nacionais e 48 mil internacionais em 2006. Em 2010, o objetivo receber 336 mil nacionais e 64 mil internacionais. Com isso, o nmero anual continuaria em 400 mil, sem nenhum aumento. A inteno, porm, que esse turista passe a gastar mais e a ficar mais tempo na cidade. Paraty tambm um dos 65 destinos do Estudo de Competitividade dos Destinos Indutores do Desenvolvimento Turstico Regional, e tem como objetivo transformar a cidade em um foco de turismo cultural, alm do turismo natural e ecolgico. Para dar corpo ao Projeto, o ministrio contratou a Associao Casa Azul, Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico que tambm uma das responsveis pela produo da Flip (Festa Literria Internacional de Paraty). De acordo com as concluses feitas pelo diretorpresidente da Casa Azul, Mauro Munhoz (2007), "Em Paraty, cultura fator agregador e d sustentabilidade ao processo de desenvolvimento do turismo da regio, que passa por dificuldades com problemas urbanos". Problemas urbanos, inclusive, que esto na pauta das melhorias da cidade. Um dos principais problemas a falta de gua e de luz que ocorre quando h superlotao na cidade. O saneamento bsico outro fator que precisa de investimento, assim como a preocupao com a limpeza urbana. Um fator que estimula os moradores a dar importncia s melhorias a possibilidade de a cidade ser declarada Patrimnio Cultural da Humanidade pela Unesco. Segundo site oficial, Paraty est sendo analisada e tem tentado se enquadrar nas exigncias feitas pelo rgo internacional. Uma das principais exigncias j foi cumprida, o cabeamento subterrneo.

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Entre os atrativos culturais de Paraty, seu patrimnio histrico, museus, manifestaes artsticas, festas populares, gastronomia, eventos culturais e entretenimento, a paisagem visual faz parte da paisagem cultural. De acordo com Joseph Chias (ano), "Uma cidade que no boa para o morador no pode ser boa para o turismo". Ele procura deixar isso claro para cutucando a sociedade sobre a importncia de o cuidado com a cidade partir dela prpria. A implantao b&b em Paraty ser mais um meio de hospedagem que o turista encontrar na cidade para pernoitar. A diferena, porm, ser no contato que ter com a comunidade (e assim conhecimento da cultura local), e no menor impacto ambiental. 6.5 Copa do Mundo de 2014 A Copa do Mundo voltar a ser realizada na Amrica do Sul aps 36 anos, j que a Argentina sediou o evento em 1978. Dezoito cidades candidataram-se para sediar as partidas da Copa, porm a FIFA limita o nmero de cidades-sedes entre oito e dez, entretanto, dada a dimenso continental do pas sede, a organizao cedeu aos pedidos da CBF (Seleo Brasileira de Futebol) e concedeu permisso para que se utilizem 12 sedes no mundial, nas quais foram escolhidos So Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Braslia, Cuiab,Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre e Recife. Alm dos estdios, aspectos como a rede hoteleira, sistema de transporte urbano, aeroportos, segurana pblica e opes de lazer foram levados em conta na hora da escolha. Segundo o jornalista Rodrigo Mattos do Jornal Folha de S. Paulo (2009), a hotelaria s conseguir a expanso necessria para o evento caso tenha apoio do governo. o que pede a entidade representante do setor sobre a expanso exigida pela FiFA. Pelo relatrio da entidade que dirige o futebol, o Mundial requer 55 mil quartos do pas-sede. A marca no problema para o Brasil. A dificuldade est na distribuio, pois determinadas cidades tm deficincias nos patamares para o evento. De acordo com o pronunciamento do diretor da Associao Brasileira da Indstria de Hotis (ABIH), Alexandre Sampaio (2009), A participao do governo para alavancar o nmero de hotis necessria. Temos que saber se os problemas oramentrios vo afetar. O governo vai ter que tomar uma deciso.

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Duas cidades, que sediaro os jogos de abertura e final, tero exigncias maiores de nmero mnimo de quartos, que possivelmente ser realizado em So Paulo (abertura) e no Rio de Janeiro (encerramento). So Paulo dispe hoje de 42 mil quartos e no Rio de Janeiro, 28 mil. A capital fluminense precisaria ter um mnimo de 25 mil para receber a final, mas como isso poder ser um empecilho, a cidade contar com outros meios de hospedagem, como o Cama e Caf com sede prximo ao centro. Expectativas para a Copa de 2014 Segundo um estudo preliminar realizado pelo Ministrio do Turismo (2009), esperado 600 mil turistas estrangeiros no Brasil durante o Mundial de 2014. Alm do legado em infra-estrutura com as melhorias em diversos setores como transporte, segurana e sade, o turismo durante a Copa do Mundo ir gerar muitos recursos para a economia. Durante um debate do Frum Internacional de Futebol, o presidente da Embratur concluiu:
Em um clculo conservador, considerando que eles fiquem em mdia dez dias no pas e gastem 160 dlares por dia vai gerar um receita de 2,2 bilhes de dlares (cerca de R$ 5,1 bilhes) limpos para a economia, fora os gastos que esses turistas devero ter com a hospedagem.(2009).

Para receber os turistas, as cidades-sedes precisam melhorar no apenas a infra-estrutura de aeroportos e hotis, por exemplo. Mas tambm investir para a criao de uma mo-de-obra qualificada nos servios. Para tanto, foi criado uma parceria entre o Ministrio do Turismo e a Fundao Roberto Marinho para qualificar profissionais ligados ao setor de turismo nos idiomas espanhol e ingls. O investimento ser de R$ 13,9 milhes e o governo espera que at 2010, 80 mil pessoas tenham sido atendidas pela iniciativa. De acordo com Carvalho:
A Copa do Mundo um mundo de oportunidades para os negcios. A previso do Ministrio do Turismo que 80 mil pessoas sejam capacitadas e qualificadas para trabalhar diretamente com o turismo durante a Copa do Mundo. Por isso, o Ministrio de Turismo j comeou, por exemplo, um programa com a Fundao Roberto Marinho para qualificar essas pessoas. Em So Paulo, taxistas j fazem cursos de ingls e espanhol. (2009).

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Segundo o projeto da Confederao Brasileira de Futebol (CBF, 2007), seria possvel vender em 2014 um total de 3 milhes de ingressos. A entidade comandada pelo presidente Ricardo Teixeira fez ainda a considerao especial de que parte dos bilhetes deveria ser comercializada a preos significativamente inferiores aos praticados no mercado para garantir o acesso de torcedores locais. No entanto, a Comisso de Inspeo da Fifa acredita que, para atingir seu objetivo, o Brasil precisaria esgotar os ingressos de todos os jogos a um preo significativamente superior ao praticado no mercado. Segundo Teixeira:
Os torcedores brasileiros precisariam compreender a expectativa que se cria sobre uma Copa do Mundo. uma oportunidade nica na vida de se ver um jogo de Copa do Mundo em sua cidade e, por isso, comparecer em grande nmero aos jogos das 32 selees e no somente nas partidas do Brasil. (2007).

6.6 Jogos Olmpicos de 2016 O Rio de Janeiro foi escolhido pelo Comit Olmpico Internacional (COI) no dia 02 de Outubro de 2009, em Copenhague, Dinamarca, como sede dos Jogos Olmpicos de 2016. s justas comemoraes pela conquista da primeira Olimpada a ser realizada na Amrica do Sul foi comemorada com satisfao, porm, somam-se as necessrias aes que precisam ser realizadas a fim de que o evento marque uma virada na capital carioca e deixe um legado positivo, para seus habitantes, para o incremento do turismo e ao pas. Um dos desafios da cidade do Rio de Janeiro para consolidar a confiana do Comit Olmpico Internacional (COI) at a votao, em outubro de 2009, da cidade-sede dos Jogos Olmpicos de 2016 o item Acomodaes. O Rio tem hoje em torno de 22.500 quartos no nvel de hotelaria aceito pelo COI, que varia de duas a cinco estrelas. Com o objetivo de sediar as Olimpadas, o plano do Comit de Candidatura Rio 2016 , alm da construo de novos empreendimentos previstos, alcanar a adeso das redes hoteleiras j existentes na cidade. Nos hotis de 5 estrelas da cidade, entre os quais Copacabana Palace, Fasano e Windsor, a taxa de adeso j atinge 90% do total de quartos. Alm destes, 6 mil quartos de hotis de 2 a 4 estrelas, como Sol Ipanema, Rio Copa, Copa Sul e Mar Ipanema, j esto comprometidos com o projeto olmpico. Entre as aes a serem tomadas, o planejamento o fator essencial para a realizao

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bem-sucedida dos Jogos Olmpicos 2016, a exemplo do que aconteceu em Barcelona 1992 e vem acontecendo em Londres, em sua preparao para sediar as Olimpadas 2012. No caso brasileiro, h a feliz coincidncia de o Rio de Janeiro ser uma das sedes da Copa 2014 e muitas das obras que sero realizadas para o Campeonato Mundial de Futebol devem necessariamente ser pensadas para aproveitamento nos Jogos Olmpicos, especialmente aquelas ligadas infraestrutura urbana, como metr, corredores de nibus, estacionamentos, aeroviria, de porto e ampliao do meio de hospedagem no estado. Expectativas para as Olimpadas de 2016 Em 2010, previsto um aumento de 10% no nmero de turistas em todo o pas. E at 2016, a tendncia que o crescimento continue, incentivando os investimentos externos nos mais variados setores. O aumento da oferta de vos diretos para o Rio a primeira referncia para o aumento e a ampliao da rede hoteleira. A realidade no momento que mo-de-obra ser necessria, o que significa mais emprego, maior renda e estabilidade social, e tambm planos para capacitar os profissionais que iro receber uma enorme demanda turstica, espalhados por todos os pases do globo. O portal do Ministrio do Turismo na internet informou que o projeto de qualificao voltado para Copa do Mundo de 2014 tambm beneficiar o Rio nas Olimpadas de 2016. Sero cursos distncia de ingls e espanhol para qualificar cerca de 80 mil trabalhadores. O Ministrio dos Esportes fez uma estimativa de quanto ser o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro at as Olimpadas, e informou que chegar a US$ 11 bilhes (R$ 22 bilhes) entre 2009 e 2016, e o Rio de Janeiro ser o estado que mais ter contribudo com esse crescimento. O estudo prev a criao de 120.833 empregos por ano. Entretanto, o Comit Olmpico Internacional apontou dois problemas que a cidade precisa solucionar at o incio dos jogos olmpcos: transporte e hotelaria. O prazo dado para alcanar a cota mnima (40 mil quartos) vai at 2014. O secretrio de Desenvolvimento do municpio, Felipe Goes, revelou em entevista para o jornal O Globo que os hotis Mridien (da rede Windsor) e o Glria sero reinaugurados em 2010. O Rio de Janeiro pode alugar iates para suprir parte de sua demanda, mas a possibilidade ainda colocada em questo. O plano

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apresentado pelo COB tambm prev a construo de uma vila para abrigar os visitantes em b&bs.

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7. CONSIDERAES FINAIS
Aps serem realizados os estudos sobre a hospedagem domiciliar e seu desenvolvimento no mundo, pode-se perceber que no Brasil o seu crescimento limitado. Foram identificadas oportunidades de implantao da modalidade em diversas cidades do pas, tendo como base o desenvolvimento do turismo cultural atrelado ao b&b, sendo proposto depois de analisado o perfil dos turistas e dos envolvidos na hospedagem (anfitries, moradores, comerciantes). Pode-se concluir que o segmento de b&b tem grandes chances de se desenvolver em territrio brasileiro, baseado em seu crescimento e popularidade no restante do mundo. Grandes eventos esportivos, desenvolvimento do turismo cultural, comunidades hospitaleiras e quebra de paradigmas fazem parte dos componentes ideais para o aperfeioamento e crescimento do mercado de hospedagem domiciliar no Brasil. Para desenvolver e implantar um projeto de b&b de mbito nacional, podese obter maior facilidade e controle com a fundao de uma agncia que controle todo o seu desenvolvimento, e que sejam cumpridas as sugestes citadas para resoluo de possveis problemas. O apoio do poder pblico poderia ser um grande passo para o crescimento deste mercado em solo brasileiro, onde ajudaria na divulgao do modelo aos usurios e contribuiria com seu crescimento e desenvolvimento. O b&b se implantado, traz benefcios a todos os envolvidos. Sua implantao no Brasil possvel e pode ser vista como uma alternativa sustentvel em perodos que sejam necessrias a criao de mais leitos para turistas e que em um futuro (ps eventos esportivos) contribuir ativamente com a economia local, gerao de renda e crescimento do turismo, dando continuidade ao ato de receber turistas e a troca de experincias to procurada entre os anfitries e seus hspedes.

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REFERNCIA BIBLIOGRFICA
Livros: COOPER, Chris; et all. Turismo: Principios e Prtica. Traduo: Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Brookman, 2001. Prefeitura do Municpio do Rio de Janeiro: HOSPEDAGEM DOMICILIAR: Turismo Integrado e Sustentvel. Rio de Janeiro, 2008. LYNCH, Paul. Setting and its significance in the homestay sector: explorations In: CHME Hospitality Research Conference, Division of Hospitality Management, The University of Huddersfield, Abril, 2000. MAGALHES, Claudia Freitas. Diretrizes para o Turismo Sustentvel em Municpios. So Paulo: Rocca, 2002. MAGALHES, Srgio. Sobre a cidade: Habitao e democracia no Rio de Janeiro. So Paulo: Pro editores, 2002. MASINI, Fabio. "Bed and Breakfast in Italia: dallemergenza alla politica turistica" In: Turistica, Ano X, n 1-2, Jan/fev 2001, Firenze: Mercury S.r.l. NETZ, Sandra. Guia de desenvolvimento do turismo sustentvel. Porto Alegre: Bookman, 2003. PIMENTEL, Ana. Bed and Breakfast Um Projeto de Desenvolvimento Turstico sustentvel no Sul da Itlia. Caderno Virtual de Turismo do Rio de Janeiro, 2003. SMITH, Edward L. & SMITH, ann K. Business managenent and marketing: bed and breakfast. Tourism educational materials, Michigan: Michigan State University Extension, 2002. STANKUS, J. How to open and operate a bed and breakfast home. Chester, Connecticut: The Globe Pequot Press, 1987 VIGNATI, Frederico. Gesto de Destinos Tursticos: como atrair pessoas para plos, cidades e pases. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2008. Mdia Impressa: Reportagem: Primeiro Hotel 5 Estrelas de Santa Tereza. Jornal Folha do Turismo. Mercado e Eventos - Outubro 2008 -2 quinzena - Ano V - n.114. WALTER, Yann. Reportagem: Montmartre Carioca. Revista Frana/Brasil. Hospedagem. Maio/Junho 2009. N 292

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IG http://carnaval.ig.com.br/noticias/recife-eolinda/2009/02/25/carnaval+incrementa+turismo+do+recife+4331966.html (acessado em Outubro/2009) Governo do Estado de Minas Gerais http://www.desenvolvimento.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view &id=37&Itemid=51 (acessado em Outubro/2009) Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais http://www.turismo.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=417 (acessado em Outubro/2009) Prefeitura de Diamantina http://www.diamantina.mg.gov.br (acessado em Outubro/2009)

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APNDICE A
ENTREVISTA

CAMA & CAF SANTA TERESA

Indicado pelo respeitado guia Lonely Planet como um dos cinco melhores lugares para se hospedar no Rio, o Cama e Caf oferece uma experincia nica, altamente personalizada, promovendo o intercmbio cultural e o verdadeiro contato com o cotidiano brasileiro. Em trs anos de funcionamento, recebeu mais de 4.000 hspedes, com 100% de ocupao no carnaval e Rveillon de 2007.

Carlos Magno, gerente de relacionamento do Cama e Caf um dos responsveis pela criao da rede em Santa Teresa.

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De onde surgiu idia de criar o Cama e Caf junto com seus dois scios? Carlos Magno: O Cama e Caf foi criado atravs de experincias vividas pelos scios, que tiveram a oportunidade de se hospedar em alguns Bed and Breakfast pelo mundo a fora. O fato de voc estar em contato direto com os donos da casa torna tudo mais fcil porque querendo ou no ele acaba se tornando seu amigo, seu guia turstico e at mesmo seu professor de idiomas. Acaba-se percebendo que esse meio de hospedagem te deixa muito mais prximo da cultura deles, sem falar da sensao boa que se tem, ao contrrio de um hotel que possui um servio personalizado e frio. Dificilmente um hspede sair com seu concierge para tomar uma caipirinha ou para ser apresentado aos melhores bares e restaurantes, j no conceito cama e caf isso existe. Em 1995, eu e meus scios fizemos um intercmbio em uma cidade com -20c e isso me fez ver o quanto o brasileiro feliz e no sabe, o quanto hospitaleiro e cativante, o que no deixa de ser um grande diferencial para a hospedagem no Brasil. Passamos tambm um tempo na Europa e acabamos ficando em Bed and Breakfast, no s pela questo financeira, mas tambm pelo conhecimento e experincia. Por que voc e seus scios escolheram Santa Teresa? Carlos Magno: Ns vimos que Santa Teresa recebia muitos turistas aventureiros que chegavam com suas mochilas nas costas e com necessidade de encontrar um meio de hospedagem. O que se encontrava muito na poca eram pessoas querendo dividir um quarto, ou alugando um quartinho nos fundos da casa. Observando tudo isso, aproveitamos o evento artes portas abertas que aconteceu em 2002, para abrir inscries para que pessoas se tornassem anfitries e conhecessem melhor o conceito cama e caf. O mais surpreendente que tivemos 20 inscries s nesse dia e a partir disso vimos outras oportunidades, sentimos que o projeto poderia realmente dar certo, mesmo sabendo que no fundo no seria fcil, por ser um bairro de resistncia, de vanguarda com moradores que se orgulhavam muito de morar ali. Logo, ns tivemos que interagir com a comunidade, conhecer melhor os moradores, os estabelecimentos, pontos de taxi e traar parcerias com comerciantes e artistas.

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A idia foi bem aceita ou houve alguma resistncia? Carlos Magno: Foi muito bem aceita at mesmo porque isso iria trazer beneficio a todos, gerando uma renda extra para a comunidade e iria movimentar a economia do bairro. O nico problema que ns tnhamos a idia, mas no sabamos quanto ns iramos cobrar. O carnaval de 2003 chegou e acabamos colocando nossa idia em prtica e logo na primeira temporada conseguimos fechar nossa ocupao com 100%. Vendo que estava dando tudo certo, resolvemos levar a coisa mais a srio e comeamos a preparar um treinamento de qualidade no atendimento para os anfitries, para que todos entendessem a fundo o conceito Cama e Caf e que soubessem como receber os futuros hspedes, como preparar e servir o caf da manh, o que estar incluso na parte de governana, como preparar o quarto e o que fazer em situaes inesperadas. O SEBRAE foi um grande parceiro, nos ajudou com toda parte de treinamento desde o incio. Como foi feita a divulgao do Cama e Caf? Carlos Magno: No incio nos usamos muito a internet e panfletos que eram distribudos nos restaurantes, lojas, pontos de taxi, rodovirias, aeroportos entre outros, e isso de fato funcionava porque havia muitos turistas chegando de Parati e Ilha Grande sem ter onde ficar. Depois de algum tempo estvamos nas pginas das melhores revistas de hospedagem e turismo. Qual o pblico alvo do Cama e Caf? Carlos Magno: Sem sombra de dvida so os casais e estrangeiros. Em primeiro lugar os alemes, em segundo os franceses, em terceiro os irlandeses, e uma infinidade de outros turistas estrangeiros, como espanhis, canadenses, holandeses, dinamarqueses, australianos, italianos e por ltimo os americanos. Mas isso uma seleo de turistas estrangeiros, se eu for falar do turista como um todo, posso dizer que dentro do quadro geral eles ocupam 75% enquanto os brasileiros somente 25%. Entre os brasileiros, posso destacar So Paulo com

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10%, Minas Gerais com 5%, e os 10% que restam se divide entre outros estados como Esprito Santo, Santa Catarina, Braslia e Bahia. Voc como um dos fundadores do Cama e Caf acha que esse conceito pode se expandir para todo o pas ou voc acha que os outros estados no esto preparados como esteve Santa Teresa? Carlos Magno: Pode ser que sim. Eu s acho que se deve tomar muito cuidado porque no Cama e Caf se administra dois tipos de clientes, o cliente hspede e o cliente anfitrio. Tem que tomar cuidado para no prejudicar a relao por causa da demanda. Existem lugares que no possuem uma demanda muito alta e se o anfitrio no tiver conscincia disso, tudo pode ir por gua abaixo. No adianta criar muita expectativa se no h clientes. Mas o Cama e Caf a caba sendo uma alternativa para lugares que no possuem uma indstria hoteleira apropriada e voc pode usar isso ao seu favor. Ao invs de construir, o que se pode fazer instruir as pessoas que moram naquele bairro ou cidade, dando capacitao, mostrando a eles a riqueza do lugar e o valor histrico arquitetnico. Fazendo isso, voc estar juntando o til ao agradvel, o que no deixa de ser uma soluo inteligente e ambientalista. Como feita a seleo das casas? Carlos Magno: O fato de fazer parte do Cama e Caf no s bom quando o assunto renda extra, mas tambm um trabalho especial e prazeroso e para tudo correr bem precisamos ter casas confortveis e principalmente anfitries que amem o que esto prestes a fazer. Os moradores j existentes no Cama e Caf foram escolhidos a dedo por mim. Depois da inscrio eu vou at a casa da pessoa para entrevist-la e conhecer melhor a estrutura fsica da casa. Durante todo esse tempo de Cama e Caf eu recusei mais do que aceitei moradores a fazerem parte da rede. Para mim, um morador tem que ter atributos simples, como saber receber bem uma pessoa, ser simptico, ter tempo e disponibilidade para preparar um caf da manh especial, tem que ser paciente deve que gostar de pessoas, o famoso calor humano, tem que gostar de trocar experincias, saber aceitar as diferenas, tem que ser caprichosa e principalmente ser responsvel e

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ter noo de como agir em situaes difceis. Eu sempre procuro fazer visitas semestrais, marcar um caf da manh na casa do anfitrio para saber como andam as coisas, quais so as dificuldades e necessidades deles.
atravs deste cruzamento de perfil que ns temos certeza que o nosso hspede vai estar muito bem acompanhado, porque o anfitrio j tem um perfil similar. Isso facilita muito essa integrao

Voc se preocupa com a quantidade de casas, para que fique uma proporo que no prejudique ningum caso haja uma grande demanda de casas a oferecer para poucos turistas? Carlos Magno: Sim. Ns temos uma grande preocupao com relao a isso, justamente para no haver um crescimento desenfreado. Hoje, ns temos 40 casas na rede e procuramos no ultrapassar muito para no prejudicar ningum. Vocs tm apoio de outros rgos, como Ministrio do Turismo? Carlos Magno: Sim. Ns temos o apoio do Ministrio do Turismo, do Riotur, da prefeitura at mesmo porque no tem nem como eles irem contra um projeto que beneficia toda a cidade. No entanto, a prefeitura nos procurou para dar suporte nas olimpadas do pan. Infelizmente no foi o que espervamos porque achamos que o rio iria ficar saturado de hspedes, mas na verdade s recebemos 750 mil pessoas. Houve certa expectativa por parte dos anfitries que acabou em desiluso. Existe uma legislao voltada s para o Cama e Caf como existe para pousadas e hotis? Carlos Magno: Sim. Em Santa Teresa, por exemplo, ns podemos trabalhar apenas com trs quartos por casa, j em parati o limite de seis quartos. A determinao da quantidade de quartos por casa depender da legislao do municpio. By Thais Moane

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APNDICE B
ENTREVISTA

CAMA & CAF SANTA TERESA

A anfitri Flvia Garcia de 35 anos advogada e ps-graduada em direito da economia. Reside em Santa Teresa h sete anos e h seis conveniada a rede cama e caf, fundada em 2003.

H quanto tempo voc recebe hspedes em sua casa? Flvia: Comecei a receber hspedes desde 2003, quando o Cama e Caf foi inaugurado. Qual foi o principal motivo de aderir hospedagem domiciliar? Flvia: Convivncia com novas pessoas, novas culturas e tambm por causa da renda, ainda mais porque a grande maioria dos hspedes so estrangeiros, poucos brasileiros conhecem e/ou buscam o cama e caf, mas quando isso acontece, geralmente so paulistas. Como foi feita a abordagem pela agncia para adeso do programa? J conhecia esse tipo de hospedagem?

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Flvia: Eu mesma tive a iniciativa de procurar o Cama e Caf, ainda mais sabendo que no teria que abrir mo do que fao para comear a fazer parte de algo to prazeroso e rentvel. Como trabalho prximo ao centro da cidade, tudo fica mais fcil porque tenho mais facilidade de voltar para casa. Quem so os turistas que se hospedam em sua casa? Flvia: Posso dizer que 95% so estrangeiros e a grande maioria so casais. Geralmente so pessoas entre 20 a 40 anos que ficam de 4 a 5 dias , porm tem alguns hspedes que acabam ficando entre 15 a 20 dias. Pela experincia que j adquiri recebendo pessoas de vrios lugares do mundo, pude perceber que a escolha desse meio de hospedagem acontece pelo acolhimento e no por questo financeira. Eu tenho um caso muito curioso de um casal de alemes que vieram passar alguns dias aqui no rio. A principio, eles ficaram hospedados dois dias em um hotel de luxo, mas devido a alguns problemas que aconteceram, resolveram passar os ltimos dias no Cama e Caf e desde ento, quando eles vm ao Brasil acabam ficando aqui. Eu chamo isso de fidelidade e para mim, isso muito gratificante. Ouve alguma adaptao na casa ou reforma para o recebimento dos hspedes? Flvia: A renda obtida com o Cama e Caf possibilitou o incio das obras e o pagamento em menos de um ano, como por exemplo, a construo de mais dois quartos, varanda, ampliao do quarto que j existia, lembrando que os novos quartos possuem ar-condicionado, e a construo de um teto solar. Em alta temporada acabo alugando meu quarto e contrato uma pessoa para me ajudar com a casa. Qual foi sua experincia mais positiva e a mais negativa? Flvia: Como positivo eu posso citar o Sebastian, um alemo com alma de brasileiro, que chegou minha casa como hspede e que hoje praticamente um

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membro da famlia. A amizade que foi construda foi to forte que cheguei at a construir um quarto s para ele e quando ele est aqui, faz questo de receber os hspedes e acordar mais cedo s para preparar o caf que servido. Como negativo eu tenho somente um caso, foi com um casal de brasileiros. Eles tinham que sair super cedo, porm no avisaram sobre o horrio e eu tambm no avisei sobre o horrio do caf. Logo, por causa da falta de comunicao entre ambos, o casal saiu sem tomar caf e chateado. Qual o maior impedimento de crescimento da atividade no Brasil em sua opinio? Flvia: Crise e preconceito por parte dos prprios hspedes brasileiros. Santa Teresa um bairro muito hospitaleiro. A disponibilidade de dar informao, de ajudar, de explicar e apresentar o bairro muito grande. Como se d a questo da privacidade nos perodos em que h hspedes em casa? Flvia: Pelo contrrio, o problema estar sozinha. O anfitrio que faz parte do Cama e Caf geralmente uma pessoa que sempre teve a casa cheia, convivendo com amigos e parentes. Pelo menos, foi assim comigo e isso de fato me ajudou muito a ser uma pessoa mais feliz e disposta acolher qualquer pessoa de qualquer lugar na minha casa. O mais legal no saber que voc se sente bem fazendo isso, mas sim, saber que voc faz outras pessoas se sentirem bem. A interao entre anfitrio e hspede to grande que j cheguei a sair com eles para barzinhos, jantares, passeios tursticos dentre outros lugares. Recomendaria para seus familiares e amigos que recebessem turistas em suas prprias casas? Flvia: Sim, porm no se sabe se aceitariam ou fariam devido o preconceito. Voc notou algum crescimento do nmero de hspedes recebidos?

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Flvia: O crescimento foi muito grande, chegamos a triplicar a quantidade de hspedes, do incio do projeto at agora.

By Tatiane Alves

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APNDICE C
ENTREVISTA

CAMA & CAF SANTA TERESA

A anfitri Ana Laura Lopes de Andrade de 38 anos formada em psicologia e analise de sistemas. Reside em Santa Teresa e conveniada a rede que est instalada na sua residncia.

A sede do Cama e Caf sempre existiu ou a construo foi pensada depois que a rede foi formada? Ana Laura: No incio, o espao fsico do Cama e Caf no existia, foi quando eu resolvi ceder um pedao do meu terreno para que a sede fosse construda. Compartilhar espao nunca foi problema para mim, mesmo sabendo que o movimento iria aumentar, a disposio seria maior, sem falar do custo que a obra iria gerar. Mas tudo isso foram coisas que eu fui ponderando e que deram certo at mesmo porque ns precisvamos de um porto seguro e a construo da sede veio nos trazer isso. Eu sentia que os hspedes se sentiam rfos, mas com a construo da sede, eu percebi que comeamos a passar mais segurana para eles, dando mais credibilidade a rede. No entanto, um dos meus desejos conhecer o Cama e Caf de Olinda, saber como o trabalho deles, como eles esto se desenvolvendo e at mesmo para compartilhar experincias. Voc j teve problemas com hspedes na sua casa?

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Ana Laura: Problemas graves no. O que acontece muito o hspede querer usar a cozinha para cozinhar, fazer festinha entre outras coisas, mas nada grave. Alguns anfitries no gostam de liberar a cozinha, para evitar baguna. Eu, particularmente acabo liberando o forno microondas para ser preparado um lanche. Como funciona a relao hspede e anfitrio? Ana Laura: A relao entre ambos to grande que na maioria das vezes que eu saio para tomar um chope em um barzinho eles acabam indo junto e a partir disso nasce uma amizade. Uma vez, chegou um grupo de angolanos para ficar uma semana, no final da estada deles eu resolvi viajar para Sorocaba, nisso eles ficaram sabendo e quiseram ir junto, e de fato foram. A viagem foi muito agradvel. J chequei a fazer festa de aniversrio, j liberei a minha churrasqueira, j houve casamento com lua de mel e tudo mais. Quais so as maiores dificuldades que voc enfrenta? Ana Laura: Minha maior dificuldade receber grupos. Eu no consigo receb-los porque eu acabo me sentindo uma estranha dentro da minha prpria casa. Um grupo j chega com uma cultura diferente, uma postura diferente, com uma opinio j formada e isso cria um campo de fora muito grande. Eles acham que podem fazer o que quiserem, ficam comparando um quarto com o outro, querem mudar de quarto toda hora e acham que os quartos devem ser iguais para todos. Algum hspede j quis trocar de casa por no se adaptar a sua? Ana Laura: Sim. J tivemos muitos casos de troca, mas na maioria das vezes eles se arrependem at mesmo porque uma casa nunca ser igual outra. Quando o pedido da troca feito, ns procuramos atender o desejo do hspede imediatamente at mesmo porque a nossa inteno que ele se sinta bem como se estivesse na sua prpria casa e que saia falando bem da rede. por isso que a rede existe, caso no haja adaptao, a sede disponibiliza outra casa para esse hspede.

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Se voc morasse sozinha, sua casa seria diferente do que ela hoje? Ana Laura: Acredito que sim. Eu sou uma pessoa que gosta de ambientes pequenos, no tenho a menor necessidade de conviver em lugares grandes. Meu quarto suficiente para mim, l dentro eu tenho minha cama, minha tv, meu aparelho de som, meus livros, meu frigobar, meu escritrio e meu material de trabalho. Algum hspede j chegou a quebrar ou danificar alguma coisa na sua casa? Ana Laura: Sim. Eles sempre acabam quebrando alguma coisa. Na minha casa, j chegaram a quebrar copos, pratos, ou seja, coisas pequenas. Eu me lembro de um casal que quebrou a cabeceira da cama de outra anfitri. Ela havia comprado a cabeceira recentemente. Casos como esses no tem muito que se fazer. Ns tentamos cobrar do hspede, mas nem sempre temos o retorno do prejuzo. Voc j passou por alguma situao constrangedora? Ana Laura: Desagradvel sim, mas constrangedora ainda no. Foi desagradvel para eu receber um grupo de angolanos, onde todos eram homens. Eles vieram para ficar trs meses, mas em um ms pedi para troc-los, mas para isso, tive que inventar uma histria para no chate-los. A postura cultural dos angolanos muito agressiva, possuem preconceito com relao mulher brasileira e o limite para mim, como j havia dito antes, me sentir uma estranha dentro da minha prpria casa. Teve outro caso engraado em que eu estava com a perna engessada e com trs ingleses, uma mulher e dois homens. Os dois ingleses foram para o Maracan e a mulher ficou em casa porque no estava se sentindo bem, e para completar colocou na cabea que estava com malria e que iria morrer porque havia acabado de chegar da Amaznia. Como no podia dirigir, liguei para a emergncia e uma mdica pelo telefone conseguiu tranqiliz-la. Os hspedes quando voltam a Santa Teresa, preferem ficar na mesma casa ou gostam de conhecer outras famlias?

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Ana Laura: Depende, tem hspedes que voltam e querem ficar na mesma casa, outros preferem ir para outras casas para terem experincias diferentes, como por exemplo, o Rafael, um paulista super simptico que vem curtir o carnaval aqui em Santa Teresa h 4 anos, e toda vez que ele vem fica em uma casa diferente. Mas temos outros casos, como o msico pombas. J o 3 carnaval que ele passa em Santa Teresa e tem preferncia de ficar na minha casa. Quem o turista do Cama e Caf? Ana Laura: Ns recebemos muitos estrangeiros e dentre eles os que mais se destacam so os alemes, franceses, angolanos e irlandeses. O brasileiro no nosso pblico alvo. No que o Cama e Caf no queira que ele seja, mas simplesmente pelo fato de recebermos poucos turistas brasileiros, o que uma pena porque os poucos que chegam a conhecer Santa Teresa se encantam, como aconteceu com o Rafael. Ele nos procurou para saber quanto custa um imvel em Santa Teresa porque a inteno dele vir morar aqui e fazer parte da rede. Tem um caso muito interessante, a histria do Sebastian. Ele foi o primeiro hspede do Cama e Caf e toda vez que ele vem ao Brasil fica na casa da Flvia e a relao entre eles ficou to forte que a Flvia acabou construindo um quarto s para ele. O mais interessante que ele passou a fazer parte da vida dela porque aonde ela ia, ele ia tambm. Ele chegou at a conhecer toda a famlia e na ausncia dela e do Alexandre (esposo) era ele quem preparava o caf da manh, era ele quem recebia os hspedes. Acredito que ele tenha morado com eles durante 1 ano. O que ns aprendemos com tudo isso que pessoas que se hospedam no Cama e Caf buscam algo mais, buscam o famoso calor humano. O Sebastian por ser alemo acabou nos surpreendendo. Ele poderia ter escolhido um hotel, mas de fato buscava algo mais. Ns sempre brincamos ao dizer que ele poderia ser alemo, mas tinha alma e corao de brasileiro. Existem pessoas que usam esse meio de hospedagem como nica fonte de renda, mas no faz parte da rede? Ana Laura: Sim. Ficamos sabendo de vrias casas que usam esse meio de hospedagem para sobreviver, mas no so agenciadas.

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Voc acha que isso pode afetar a rede? Ana Laura: No acredito que isso afete a rede porque o hspede sabe diferenciar bem o verdadeiro Cama e Caf de uma casa qualquer. Essas casas no possuem a filosofia cama e caf, elas no tm um porto seguro ou algum a quem recorrer em um caso de emergncia. Sem falar da questo de adaptao, se o hspede no se adaptar ele no ter opo para ir para outra casa. Isso o deixar insatisfeito, levando-o a nunca mais voltar. Outra coisa fantstica a questo de no mexer com a parte burocrtica, isso torna a relao entre anfitrio e hspede mais humana, sem falar da dor de cabea que evitamos que o dono da casa tenha.

By Danielly

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