Apostila - Resist en CIA Dos Materiais - Parte II

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Resistência dos Materiais – Parte II

CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

RESISTÊNCIA
DOS
MATERIAIS

(PARTE II)

Prof. Glauco José de Oliveira Rodrigues


Resistência dos Materiais – Parte II

Índice

1. TORÇÃO ____________________________________________________________________________2

1.1. TORÇÃO DE BARRA CIRCULAR _________________________________________________________2


1.2. TORÇÃO DE BARRA CIRCULAR VAZADA _________________________________________________5
1.3. TORÇÃO EM SEÇÕES NÃO CIRCULARES __________________________________________________6
1.4. TORÇÃO EM SEÇÕES DE PAREDES FINAS _________________________________________________8

2. ENERGIA DE DEFORMAÇÃO: APLICAÇÃO AO CÁLCULO DE DESLOCAMENTOS________9

2.1. INTRODUÇÃO ________________________________________________________________________9


2.2. TRABALHO EXTERNO DE DEFORMAÇÃO – O TEOREMA DE CLAPEYRON ______________________10
2.3. ESTADO TRIPLO DE TENSÕES _________________________________________________________12
2.4. COEFICIENTE DE POISSON ____________________________________________________________12
2.5. LEI DE HOOKE GENERALIZADA _______________________________________________________13
2.6. TRABALHO INTERNO DE DEFORMAÇÃO. ENERGIA DE DEFORMAÇÃO (UI) _____________________15
2.7. TRABALHO INTERNO NA FLEXÃO (M)___________________________________________________16
2.8. TRABALHO INTERNO NA SOLICITAÇÃO AXIAL (N) ________________________________________17
2.9. TRABALHO INTERNO NO CISALHAMENTO (V) ____________________________________________18
2.10. TRABALHO INTERNO NA TORÇÃO (T) __________________________________________________19
2.11. ENERGIA INTERNA TOTAL (UI): ______________________________________________________20

3. O TEOREMA DE CASTIGLIANO _____________________________________________________30

3.1. INTRODUÇÃO _______________________________________________________________________30


3.2. COEFICIENTES DE INFLUÊNCIA ________________________________________________________30
3.3. DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE CASTIGLIANO _________________________________________31
3.4. OBSERVAÇÕES _____________________________________________________________________32
3.5. EXPRESSÃO DO TEOREMA DE CASTIGLIANO APLICÁVEL AOS PÓRTICOS PLANOS _______________33
3.6. DETERMINAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS MÁXIMOS NAS VIGAS FUNDAMENTAIS ________________34

4. LINHA ELÁSTICA DE VIGAS FLETIDAS ______________________________________________43

4.1. INTRODUÇÃO _______________________________________________________________________43


4.2. PROCESSO DA INTEGRAÇÃO DA EQUAÇÃO DIFERENCIAL DA LINHA ELÁSTICA __________________43
4.3. CONDIÇÕES DE CONTORNO DEVIDAS AOS APOIOS _________________________________________44
4.4. CÁLCULO DE DESLOCAMENTOS EM VIGAS ATRAVÉS DA ANALOGIA DE MOHR __________________48

Bibliografia Recomendada:
 Resistência dos Materiais – Beer / Russel – 3a edição – Ed. Makron Books
 Resistência dos Materiais – R. C. Hibbeler – 5a edição – Ed. Pearson / Prentice Hall

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Resistência dos Materiais – Parte II

1. TORÇÃO
1.1. TORÇÃO DE BARRA CIRCULAR

Considere-se uma barra de seção transversal circular sofrendo torção por pelos momentos torçores de
módulo T, mesma direção e sentidos contrários, que atuam em suas extremidades como mostrado na figura
abaixo.

Uma barra carregada desse modo está sob


torção pura. Pode-se demonstrar que as seções
transversais da barra circular giram como corpos
rígidos, em torno do eixo longitudinal, cujos raios
permanecem retos e as seções continuam circulares
se o ângulo total de torção for pequeno.
Considera-se ainda que nestas circunstâncias
não haverá variação do comprimento da barra.
Durante a torção, haverá rotação em torno do
eixo longitudinal, de uma extremidade da barra em
relação à outra. Considera-se então que uma extremidade da barra gira num ângulo φ em relação à outra
extremidade, como na figura anterior. Ao mesmo tempo, uma linha longitudinal na superfície da barra, tal
como nn, gira num pequeno ângulo para a posição nn’. Como conseqüência, um elemento retangular na
superfície da barra, tal como o que se vê na figura entre as duas seções transversais, na distância dx, sofre
um distorção.

Na figura ao lado, esse elemento aparece


novamente sobre um disco, isolado do restante da
barra. A configuração inicial do elemento está
designada por abdc. Durante a torção, a seção
transversal da direita gira, e os pontos b e d
movem-se para b’ e d’, respectivamente.

O comprimento do elemento não varia


durante esta rotação, porém os ângulos dos vértices
não continuam retos. Vê-se, então, que o elemento
está em estado de cisalhamento puro e que o valor
da deformação de cisalhamento, γ, é igual ao
decréscimo do ângulo bab’.
bb '
Para um ângulo muito pequeno podemos escrever que: γ =
ab
A distância bb’ é o comprimento de um pequeno arco de raio r, subtendido pelo ângulo dφ, que é o
ângulo de rotação de uma seção transversal em relação à outra. Então bb’ = rdφ. A distância ab é igual a
dx, comprimento do elemento.
rdφ
Com esses valores na equação anterior temos: γ= (a)
dx

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Resistência dos Materiais – Parte II

Quando um eixo está sujeito à torção pura, a taxa de variação dφ do ângulo de torção é constante ao
longo do comprimento dx da barra. Esta constante é o ângulo de torção por unidade de comprimento que
será designado por θ. Então, θ = φ/L, onde L é o comprimento da barra.

Da Eq.(a), vem: γ = rθ = (b)
L
As tensões de cisalhamento, τ, que agem nos lados do elemento têm os sentidos vistos na primeira
figura. No caso de material linearmente elástico, a intensidade da tensão de cisalhamento é pode ser
definida pela Lei de Hooke Generalizada da seguinte forma:
τ = Gγ = Grθ (c)
As Eqs. (b) e (c) relacionam as deformações e tensões na superfície do eixo com o ângulo de torção
por unidade de comprimento.
O estado de tensão no interior do eixo pode ser
determinado de modo análogo ao que foi feito para a
superfície. Como os raios das seções transversais
permanecem retos e sem distorção durante a torção, vê-se
que é válida a discussão precedente, feita para um elemento
abcd da superfície lateral como, também, para um elemento
semelhante, situado na superfície de um cilindro interior de
raio ρ, visto na figura ao lado.
Assim, este elemento está também, em torção pura e
tanto a deformação como a tensão de cisalhamento podem
ser calculadas pelas expressões seguintes:

γ = ρθ ; τ = Gρθ (d)
Estas equações mostram que a deformação e a tensão de cisalhamento variam linearmente com o raio
ρ, tendo seus valores máximos na superfície do eixo. A distribuição da tensão está representada na anterior
pelo diagrama triangular de tensões.

As tensões de cisalhamento, dadas pela Eq. (d/2), agem no plano da seção transversal e são
acompanhadas por tensões de cisalhamento iguais, que atuam em planos longitudinais do eixo. Isto resulta
do fato de sempre haver tensões de cisalhamento iguais atuando em planos ortogonais. Se o material for
mais fraco ao cisalhamento longitudinal do que ao lateral (por exemplo, madeira), as primeiras fissuras no
eixo aparecerão na superfície, na direção longitudinal.

O estado de cisalhamento puro na superfície do eixo é equivalente a tensões iguais de tração e


compressão em um elemento a 45º. Se um material mais fraco à tração do que ao cisalhamento for torcido,
a falha ocorrerá por tração ao longo de uma hélice com inclinação de 45° em relação ao eixo. Este tipo de
falha pode facilmente ser demonstrado pela torção de um pedaço de giz.

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Resistência dos Materiais – Parte II

Será estabelecida agora a relação entre o torque (momento de torção), T, aplicado e o ângulo de
torção que ele ocasiona. A resultante das tensões de cisalhamento deve ser estaticamente equivalente ao
torque total, T. A força de cisalhamento que atua num elemento de área dA (hachurado na figura abaixo) é
τdA, e o momento desta força em torno da linha de centro da barra é τρdA.
Substituindo o valor τ = Gρθ na equação do momento, vê-se que este momento infinitesimal
causado pela força sobre a área dA é igual a Gθ ρ2dA.
O torque total T é dado pela integral desse momento elementar sobre toda a área da seção transversal,
isto é:
T = ∫ Gθρ2 dA = Gθ∫ ρ2 dA = GθJ (e)

Onde J = ∫ ρ2 dA é o momento de inércia polar da seção transversal circular. Para um círculo de


πr 4 πd 4
raio r e diâmetro d, o momento de inércia polar é: J = =
2 32
T
Rearranjando a Eq. (e) temos que: θ=
GJ
Mostrando que o ângulo de torção por unidade de comprimento, θ, é diretamente proporcional ao
torque T e inversamente proporcional ao produto GJ, conhecido como módulo de rigidez à torção do eixo.
O ângulo total de torção, φ, igual a θL, substituindo na Eq.(e) θ por φ/L temos:
TL
φ=
GJ
Esta equação é de grande utilidade na verificação experimental da teoria e tem sido confirmada por
inúmeras experiências, que justificam as hipóteses feitas na sua dedução. Deve-se notar também que a
torção é usada em experiências para determinação do módulo de elasticidade transversal, G, de vários
materiais. Medindo-se o ângulo de torção produzido por um determinado torque no eixo, o valor de G pode
facilmente ser calculado pela Eq. anterior
Entrando com θ, da Eq. (3.7), na Eq. (3.2), obtém-se uma expressão para o cálculo da tensão máxima
de cisalhamento em eixos circulares sujeitos a torção:
T
Entrando com θ = na equação τ = Grθ expressão para o cálculo da tensão máxima de
GJ
cisalhamento em eixos circulares sujeitos a torção:
Tr
τ má x. =
J
Mostrando que a tensão máxima de cisalhamento é diretamente proporcional ao torque, T, aplicado e
inversamente proporcional ao momento de inércia polar da seção transversal.
A tensão de cisalhamento em qualquer ponto da seção transversal, numa distância ρ do centro pode
então ser definida como:

τ=
J

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Resistência dos Materiais – Parte II

1.2. TORÇÃO DE BARRA CIRCULAR VAZADA

A tensão de cisalhamento numa barra de seção circular, como foi visto é máxima na superfície e nula
no centro. Em conseqüência, grande parte do material trabalha com tensões bem inferiores à admissível. Se
a redução de peso e a economia de material forem fatores importantes, é preferível usar eixos vazados.
A análise da torção de barras circulares vazadas baseia-se nas mesmas hipóteses levantadas
anteriormente. Como os raios da seção transversal permanecem retos, as expressões para as tensões e
deformações de cisalhamento deduzidas podem ser utilizadas.
É claro que a distância radial, ρ, que aparece naquelas expressões está limitada ao intervalo r1, r2
onde r1 é o raio interno e r2, o externo, da seção transversal do tubo, conforme a figura ao lado.

r2
r1

As relações entre o torque, T, aplicado e o ângulo de torção por unidade de comprimento, θ, podem
ser encontradas nas, tomando-se os limites de integração como ρ = r1 e ρ = r2. Assim, a expressão T = GθJ
ainda é válida, sendo J agora o momento de inércia polar da área da coroa circular:
π 4 4 π 4
J= ( r2 − r1 ) = (d 2 − d14 )
2 32
As equações básicas para θ, φ e τ podem ser empregadas desde que J seja calculado pela expressão
acima.

Exemplo 1.1
Para a coluna da figura de diâmetro constante igual a 60 mm e cujos comprimentos estão em metros,
pede-se:
 Calcular a tensão cisalhante em um ponto da seção à meia altura da
base da coluna que dista 15 mm do centro de gravidade da seção;
 Calcular a tensão cisalhante máxima atuante.
Solução:
3kN
π × 30 4
JP = ∴ J P = 1272345.03mm 4
2
3 × 10 6
τ= × 15 ∴ τ = 35.37 MPa
1272345.03
3 × 10 6
τ max = × 30 τ = 70.74 MPa
1272345.03

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Resistência dos Materiais – Parte II

Exemplo 1.2
AB BC
Considere a estrutura mostrada na figura abaixo, sujeita à torção pura, onde τ =τ = 80 MPa :

Traçar o diagrama de momentos torçores e verificar se a estrutura atende ou falha.


Solução:

T 100 × 10 6
τ AB = r ∴τ AB = × 100 ∴τ AB = 64 MPa
JP π × 200 4
32
T 400 × 10 6 400 × 10 6
τ BC = r ∴τ BC = × ∴ τ = × 250 ∴τ BC = 108MPa
JP (
π 500 4 − 480 4) 250 BC
924397930,4
32
O trecho AB atende, o trecho BC falha.

1.3. TORÇÃO EM SEÇÕES NÃO CIRCULARES

T TL
τ max = eθ=
Wt GJ
Onde:

Wt é o módulo de seção;
J é o momento de inércia polar da seção transversal.

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Resistência dos Materiais – Parte II

Retangular J Wt

h βb 3 h αb 2 h

No caso particular da seção transversal retangular, tem-se que:


τ max , ocorre na metade do lado maior (h).

h/b 1,0 1,5 1,75 2,0 2,5 3,0 4,0 6,0 8,0 10,0 ∞

α 0,208 0,231 0,239 0,246 0,258 0,267 0,282 0,299 0,307 0,313 1/3

β 0,141 0,196 0,214 0,229 0,249 0,263 0,281 0,299 0,307 0,313 1/3

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Resistência dos Materiais – Parte II

1.4. TORÇÃO EM SEÇÕES DE PAREDES FINAS

T
τ=
2eAm
Onde:
e = espessura da parede
Am = Área do núcleo da seção

Exemplo 1.3
Calcular a tensão cisalhante máxima (T=20kNm)

100mm
1

60mm 80mm Am = 779700m2

2 4

120mm

τ1 =
( )
20 10 6
= 0,13MPa
2 × 100 × 779700

τ2 =
( )
20 10 6
= 0,21MPa ←
2 × 60 × 779700

τ3 =
( )
20 10 6
= 0,11MPa
2 × 120 × 779700

τ4 =
( )
20 10 6
= 0,16 MPa
2 × 80 × 779700

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Resistência dos Materiais – Parte II

2. ENERGIA DE DEFORMAÇÃO: APLICAÇÃO AO CÁLCULO DE


DESLOCAMENTOS
2.1. INTRODUÇÃO

Considere um corpo deformável, como por exemplo, uma barra de uma estrutura metálica,
submetido à ação de uma carga externa estaticamente aplicada, isto é, com valor gradualmente crescente,
sem a produção de impacto ou vibrações.
O conceito de carga estaticamente aplicada pode ser melhor entendido, se for imaginada uma viga
que servirá de suporte para uma caixa d’água. Se esta caixa d’água for colocada vazia sobre esta viga e for
sendo enchida com uma mangueira, pode-se dizer que, quando cheia, esta caixa d’água será uma carga
estaticamente aplicada. Caso contrário, se a mesma for posicionada já cheia sobre a viga de suporte, não se
pode dizer o mesmo, pois haverá a produção de impacto ou vibração na viga mencionada.
Durante o processo de deformação da viga, os pontos de aplicação das cargas se deslocam, à
medida que estas cargas crescem. Como existe uma força (P), bem como um deslocamento ( ∆ ) segundo a
linha de ação desta força, diz-se que houve a produção de um trabalho ( W = P∆ ), denominado Trabalho
Externo (trabalho das cargas externas).

Simultaneamente à aplicação das cargas externas, e como conseqüência delas, são despertadas
tensões internas no material, que correspondem a forças elementares internas (produto das tensões pelas
áreas elementares dos pontos em que atuam), que se deslocam em virtude das deformações que sempre
acompanham as tensões. Na figura temos, por exemplo, dFz = σ z (dxdy ) .

Consequentemente ocorre produção de Trabalho Interno (trabalho dos esforços internos), originado
do produto das forças elementares internas pelos deslocamentos mencionados anteriormente
( W = dFz ∆d z ). Este trabalho fica armazenado sob a forma de Energia de Deformação.
Em Resistência dos Materiais, os sistemas são considerados conservativos, ou seja, são desprezadas
quaisquer formas de dissipação de energia, de tal forma que a energia de deformação depende,
exclusivamente, dos estados inicial e final do processo de carregamento, e não de estados intermediários.

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Resistência dos Materiais – Parte II

Isto posto, segundo o Princípio da Conservação de Energia, podemos estabelecer que:

“Um sistema estrutural em equilíbrio conservativo está em equilíbrio, se a energia de deformação


armazenada é igual a trabalho realizado pelas cargas externas”.

U i = We
Nos estudos que se seguem, este princípio será aplicado às estruturas de comportamento linear, isto
é, aquelas para as quais seja válida a Lei de Hooke (linearidade física, tensões diretamente proporcionais às
deformações), sendo as cargas proporcionais aos deslocamentos (linearidade geométrica), caso em que se
pode aplicar o Princípio da Superposição dos Efeitos (exceção feita ao cálculo da Energia de Deformação.
Conforme se verá adiante, é uma função quadrática não linear).

2.2. TRABALHO EXTERNO DE DEFORMAÇÃO – O TEOREMA DE CLAPEYRON

Conforme definido anteriormente, é o trabalho realizado pelas cargas externas no processo de


deformação. Para sua determinação, considere a viga da figura abaixo:

Conforme se pode observar, sendo as cargas proporcionais aos deslocamentos (linearidade


geométrica), pode-se escrever:
∆ = αP , onde α é uma constante que evidencia a relação de proporcionalidade direta entre as
cargas aplicadas e os respectivos deslocamentos.

d∆ = αdP

Quando a carga P sofrer um acréscimo dP ao longo do seu processo de crescimento lento e gradual
(carga estaticamente aplicada, vide exemplo da caixa d’água), o deslocamento a ela correspondente, ao
longo da sua linha de ação, sofrerá um acréscimo d∆ , realizando-se neste instante o trabalho elementar:

dWe = (P + dP )d∆ ∴ dWe = (P + dP )αdP ∴ dWe = αPdP + α (dP )


2

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Resistência dos Materiais – Parte II

Desprezando-se o infinitésimo de ordem superior vem:

dWe = αPdP
Logo, o trabalho das cargas externas ao final do processo de deformação será:

P
P2
We = ∫ αPdP = α
0 2
Daí o enunciado do Teorema de Clapeyron:

“O trabalho realizado por cargas agindo estaticamente, isto é, de forma lenta e gradual, é igual à
metade da soma dos produtos dos valores finais das cargas pelos valores finais dos deslocamentos de seus
pontos de aplicação, segundo suas linhas de ação”.

Portanto:

α=
P
Temos:
1
We = P∆
2

O que sugere que o trabalho total realizado durante o processo de deformação de uma estrutura, ou
parte dela, corresponde à área hachurada do gráfico apresentado na figura mostrada a seguir, que,
conforme se pode observar, corresponde a um triângulo.

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Resistência dos Materiais – Parte II

2.3. ESTADO TRIPLO DE TENSÕES

O estado triplo de tensões em um ponto infinitesimal (paralelepípedo elementar), caracteriza-se


pela existência de tensões (normais e cisalhantes), oriundas de esforços solicitantes (Solicitação Axial – N,
Momento Fletor – M, Força Cortante – V, e Momento Torçor – T) atuantes em mais de um plano de
carregamento. Diz-se, neste caso, que qualquer ponto da seção transversal, no qual estes esforços
solicitantes estejam sendo analisados estará submetido, de forma geral, a estado triplo de tensões,
conforme mostram as figuras a seguir.

Ponto P

dz

(ampliando)
dx
dy

Pode-se observar o surgimento de tensões normais σ (perpendiculares às facetas do paralelepípedo


elementar) e tangenciais τ (paralelas, ou seja, contidas no plano das facetas do paralelepípedo elementar).

2.4. COEFICIENTE DE POISSON

Considerando-se o paralelepípedo elementar da figura anterior, em estado triplo de tensões. Sejam


ε x ,ε y ,ε z γ ,γ ,γ
as deformações lineares, e xy yz xz as deformações angulares (também denominadas
distorções) do ponto considerado.

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Resistência dos Materiais – Parte II

z εz
2
σx σx

εz
2
εx εx
2 dx 2

A figura anterior, que corresponde a uma vista lateral no plano xz do paralelepípedo elementar (ou de
qualquer outras facetas ou planos do paralelepípedo elementar que se queira analisar), mostra a ação
individual da tensão trativa σ x , bem como as deformações correspondentes, ε x (alongamento) e ε z
(encurtamento).
Pode-se então concluir que, para que um corpo (ou um ponto deste corpo) se deforme linearmente
em uma dada direção cartesiana, por ação de uma correspondente tensão normal, com volume (massa)
constante, é necessário que haja uma “compensação ortogonal”. Em outras palavras, do alongamento na
direção x, decorre o encurtamento na direção z, que é ortogonal à anterior, e que também está contida no
plano da tensão original.
Define-se então como Coeficiente de Poisson (ou Razão de Poisson) a constante que relaciona de
maneira proporcional deformações lineares longitudinais, com suas deformações lineares transversais
decorrentes. Esta relação de proporcionalidade se traduz matematicamente, pelos módulos de elasticidade
longitudinal (E) e transversal (G), a partir da seguinte equação:

E
G=
2(1 + ν )

Onde ν , representa o Coeficiente de Poisson do material, que se define matematicamente como


uma constante e, assim como E e G, é propriedade específica de cada material, determinada por meio de
ensaios de laboratório.

2.5. LEI DE HOOKE GENERALIZADA

A partir do Coeficiente de Poisson definido anteriormente, podemos concluir que a Lei de Hooke,
na sua forma mais clássica ( σ = Eε ), nada mais é que a simplificação (ou particularização) de uma lei
mais geral, para o caso de deformações de barras esbeltas nas seguintes condições:

Dimensões da seção transversal, insignificantes na presença do comprimento da mesma;


Solicitadas exclusivamente de forma axial (força normal N de tração ou compressão).

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Resistência dos Materiais – Parte II

Uma relação de proporcionalidade que faça a relação entre tensões e deformações, deve levar em
conta os efeitos de encurtamento transversal em caso de alongamento (e vice e versa). Define-se então a
Lei de Hooke Generalizada, aplicável diretamente às vigas prismáticas (que não possuem dimensões da
seção transversal, insignificantes em relação ao seu comprimento), bem como despertam tensões normais
provocadas por Momentos Fletores (M), além das provocadas pela força axial (N):

εx =
1
E
[ ]
σ x − ν (σ y + σ z )

εy =
1
E
[ ]
σ y − ν (σ x + σ z )

εz =
1
E
[ ]
σ z − ν (σ x + σ y )

Esta relação é extensiva às distorções (provocadas pelas tensões tangenciais τ ), porém de forma
simplificada, uma vez que, em ensaios de laboratório, verificou-se que uma deformação angular ocorrida
em um determinado plano de tensões, não influencia em distorções em planos ortogonais, tornando válidas
as mesmas hipóteses simplificadoras da Lei de Hooke, em cada plano de observação ( τ = Gγ ):
τ xy τ xz τ yz
γ xy = γ xz = γ yz =
G G G

Com a observação da figura anterior, percebe-se que é inteiramente válido o Princípio da


Reciprocidade das Tensões de Cisalhamento, ou seja, quando atuar uma tensão cisalhante
perpendicularmente à aresta de um paralelepípedo elementar, atuará ortogonalmente à mesma aresta, em
um plano ortogonal, tensão cisalhante de igual intensidade.

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Resistência dos Materiais – Parte II

2.6. TRABALHO INTERNO DE DEFORMAÇÃO. ENERGIA DE DEFORMAÇÃO (UI)

Considerando o paralelepípedo elementar em estado triplo de tensões, apresentado anteriormente.


Baseando-se na definição de Trabalho Interno, podemos separar as parcelas deste devidas, respectivamente
às tensões normais e tangenciais:

(a) Trabalho interno correspondente às tensões normais:


σ ε σ yε y σ zε z 
(dU i )σ =  x x + + dxdydz
 2 2 2 
(b) Trabalho interno correspondente às tensões tangencias:
 τ xyγ xy τ xzγ xz τ yzγ yz 
(dU i )τ =  + + dxdydz
 2 2 2 

Observa-se que o coeficiente ½, advém do Teorema de Clapeyron, definido anteriormente.


O trabalho elementar interno total será:

(dU i ) = (dU i )σ + (dU i )τ


(dU i ) = 1 (σ xε x + σ yε y + σ zε z + τ xyγ xy + τ xzγ xz + τ yzγ yz )dxdydz
2

Aplicando-se a Lei de Hooke Generalizada e considerando dv = dxdydz , temos:

υ
 1
dU i =  ( )
σ x2 + σ y2 + σ z2 − (σ xσ y + σ yσ z + σ xσ z ) +
1 2
(
τ xy + τ xz2 + τ yz2 ) dv
 2E E 2G 
υ
 1
U i = ∫ dU i = ∫  ( )
σ x2 + σ y2 + σ z2 − (σ xσ y + σ yσ z + σ xσ z ) +
1 2
(
τ xy + τ xz2 + τ yz2 ) dv
v v  2E E 2G 

Devido à natureza extremamente particular da ação dos efeitos mecânicos (M, N, V e T) sobre os
componentes estruturais por eles solicitados, pode-se particularizar o cálculo da Energia de Deformação
produzida por tais efeitos, quantificando-os da seguinte forma:

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2.7. TRABALHO INTERNO NA FLEXÃO (M)

Neste caso, tem-se:


M
σx = y
I
σ y = σ z = τ xy = τ xz = τ yz = 0
Logo,
σ x2
[U i ]M = ∫ dv
2E v

1  M 2 y2 
[U i ]M =∫  2 dv
v 2 E  I 

1 M2
[U i ]M = ∫ 2
dx ∫ y 2 dA
2 l EI A

Desdobra-se a integral de volume em duas integrais, respectivamente ao longo do comprimento ( l )


e da superfície da seção transversal de área (A) e, observa-se que, no integrando ao longo de A, devem
permanecer todas as grandezas que possam variar ao longo da seção transversal.
Por definição I = ∫ y 2 dA (momento de inércia em relação à linha neutra gerada pela flexão, ver
A
Mecânica);
1 M2
[U i ]M
2 ∫l EI
= dx

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Resistência dos Materiais – Parte II

2.8. TRABALHO INTERNO NA SOLICITAÇÃO AXIAL (N)

Neste caso, tem-se:


N
σx =
A
σ y = σ z = τ xy = τ xz = τ yz = 0
Logo,
σ x2
[U i ]N = ∫ dv
2E v

1  N2 
[U i ]N =∫  2 dv
v 2E  A 

1 N2
[U i ]N
2 ∫l EA2 ∫A
= dx dA

Desdobra-se a integral como no caso anterior, ou seja, mantendo na integral de comprimento as


grandezas que veriam ao longo do comprimento e, na integral de área as grandezas que veriam ao longo da
área de seção transversal.
Por definição, A = ∫ dA (área da seção transversal);
A

1 N2
[U i ]N
2 ∫l EA
= dx

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Resistência dos Materiais – Parte II

2.9. TRABALHO INTERNO NO CISALHAMENTO (V)

Neste caso, tem-se:


Vme
τ xy =
bI
σ x = σ y = σ z = τ xz = τ yz = 0
Logo,
τ xy2
[U i ]V = ∫
2Gv

1 V 2 me2
[U i ]V =∫ 2 2
dv
v 2G b I

1 V2 me2
[U i ]V
2 ∫l GI 2 ∫A b 2
= dx dA ,

Mas:
I = Ai 2
Onde i é o raio de giração da seção transversal, podendo-se escrever:
1 V2 1 me2
[U i ]V
2 ∫l GA Ai 4 ∫A b 2
= dx dA

1 me2
f c = 4 ∫ 2 dA
Ai A b
Verifica-se que o fator (fc) é uma constante que somente depende da forma da seção transversal,
denominado Fator de Cisalhamento. Portanto, pode-se escrever então:

fc V 2
[U i ]V = ∫ dx
2 l GA

Exemplos de fatores de cisalhamento:

Forma da seção transversal fc

Retangular 6/5=1,2

Circular 10/9=1,1

tw A
d
twd
Perfil “I”

18
Resistência dos Materiais – Parte II

2.10. TRABALHO INTERNO NA TORÇÃO (T)

Neste caso, tem-se:


T
τ xy = r
J
σ x = σ y = σ z = τ xz = τ yz = 0
Logo,
τ2
[U i ]T = ∫ xy
2G
v

2
[U i ]T = ∫ 1 T 2 r 2dv
2G J
v

1 T2
2 ∫l GJ 2 ∫A
UT = dx r 2 dA

J = ∫ r 2 dA
Por definição, A (momento de inércia em relação à linha neutra gerada pela flexão, ver
Mecânica);
1 T2
[U i ]T
2 ∫l GJ
= dx

Exemplos de momento de inércia à torção (J) de algumas seções transversais:

Forma da seção
J
transversal

πD 4  d4 
d 1 − 4 
D 32  D 

1  0,052  3
 λ − 0,63 + 4 b h
3λ  λ 
h
h
λ=
b b

a a 3 4
a
80
a

19
Resistência dos Materiais – Parte II

2.11. ENERGIA INTERNA TOTAL (UI):

Para a ação simultânea de M, N, V e T, a expressão da energia interna é definida como sendo:

U i = [U i ]M + [U i ]N + [U i ]V + [U i ]T
Ou seja,
1 M2 1 N2 fc V 2 1 T2
Ui = ∫ dx + ∫ dx + ∫ dx + ∫ dx
2 EI 2 EA 2 GA 2 GJ

E Módulo de elasticidade longitudinal do material (Módulo de Young);


G Módulo de elasticidade transversal do material (Módulo de Coulomb);
I Momento de inércia da seção em relação à linha neutra da flexão;
A Área da seção transversal;
J Momento de inércia à torção da seção transversal;
EI Rigidez à flexão (Rigidez flexional);
EA Rigidez axial (Rigidez longitudinal);
GA Rigidez ao cisalhamento (Rigidez transversal);
GJ Rigidez à torção (Rigidez torcional).

Em casos onde há predominância de atuação de um determinado efeito em detrimento de outro (por


exemplo, em barras de treliças, o efeito predominante é a solicitação axial, seja de tração ou de
compressão), a energia de deformação armazenada, será considerada de forma particular, conforme a ação,
da forma mostrada na tabela a seguir:

As integrais são estendidas a todo comprimento da estrutura, podendo ser calculada membro a
membro, conforme mostram os exemplos a seguir:

20
Resistência dos Materiais – Parte II

Exemplo 2.1

1. Calcular a energia de deformação armazenada na estrutura devida ao carregamento indicado no


pórtico de seção constante da figura;
2. Calcular a translação vertical (flecha) da seção C, utilizando o “Princípio da Conservação da
Energia”.

E = 2,1(108) kN/m2
ν = 0,3

Solução:

As integrais serão realizadas barra a barra, considerando-se os inícios dos intervalos de integração,
conforme indicado na figura acima. Não há necessidade de se estabelecer qualquer convenção de sinais,
uma vez que as funções variáveis (M, N e V), aparecem elevadas ao quadrado na expressão da energia de
deformação. Observe que não haverá o efeito da torção, uma vez que se trata de uma estrutura plana com
cargas externas no seu próprio plano.
A partir da análise dos diagramas solicitantes, pode-se descrever a variação das solicitações ao
longo de cada barra.

21
Resistência dos Materiais – Parte II

DM
DN DV

Barra M
(kNm) (kN)
N
(kN)
V

2

BC 100x 0 100 ∫
0

AB 200 100 0 ∫
0

1 M2 1 N2 fc V 2
2 ∫ EI 2 ∫ EA 2 ∫ GA
Ui = dx + dx + dx

22
Resistência dos Materiais – Parte II

Barra BC:
1 M2 fc V 2
[U i ]BC
2 ∫ EI 2 ∫ GA
= dx + dx

1 2 (100 x )
2
1,2 2 100 2 1 2 1,2 2
[U i ]BC = ∫
2 ∫0 GA 2 EI ∫0 2GA ∫0
dx + dx = 10000x 2
dx + 10000dx
2 0 EI
2
10000 x 3 1,2 × 10000 2
[U i ]BC = + x0
2 EI 3 0 2GA

[U i ]BC =
40000 12000
+
3EI GA

Barra AB:
2
1 N2
[U i ]AB = 1 ∫ M
2 ∫ EA
dx + dx
2 EI
1 (200 ) 1 (100 )
4 2 4 2
[U i ]AB = ∫ dx + ∫ dx
2 0 EI 2 0 EA

[U i ]AB = 40000 x 04 + 10000 x 04


2 EI 2 EA
[U i ]AB =
80000 20000
+
EI EA

Energia total armazenada:


U i = [U i ]AB + [U i ]BC
 80000 40000  20000 12000
Ui =  + + +
 EI 3EI  EA GA
280000 20000 12000
Ui = + +
3EI EA GA

Cálculo da Rigidez:
 0,10 × 0,403 
EI = 2,1 × 108 ×   = 112000kNm 2
 12 
EA = 2,1 × 10 × (0,10 × 0,40 ) = 8400000kN
8

E 2,1 × 108
G= =
2(1 + ν ) 2(1 + 0,3)
2,1 × 108
GA = (0,10 × 0,4) = 3230769kN
2,6

Logo;

23
Resistência dos Materiais – Parte II

280000 20000 12000


Ui = + +
3 × 112000 8400000 3230769
U i = 0,8333 + 0,0023 + 0,0037
U i = 0,8393kNm = 839,3J

Pode-se observar que as parcelas da energia de deformação devidas à solicitação axial (2,3J) e ao
cisalhamento (3,7J) representam, respectivamente, 0,27% e 0,44% da energia interna total armazenada no
processo de deformação. Pode-se concluir então, que para estruturas planas em pórtico (assim como nas
vigas), nas quais a solicitação predominante é a flexão, é bastante razoável que apenas a energia de
deformação a ela correspondente necessita ser considerada.
Entretanto, em barras cujas seções transversais retangulares apresentam altura maior que 20% do
respectivo vão, os efeitos de cisalhamento e de solicitação axial devem ser considerados.

Cálculo da flecha em C:

Sob a ação da carga vertical de 100kN no nó C (extremidade em balanço), espera-se que o pórtico
se deforme conforme indicado na figura abaixo. Será aplicado o Princípio da Conservação da Energia, em
conjunto com o Teorema de Clapeyron, para a determinação da translação vertical (flecha) do ponto C
(extremidade em balanço), δ c :

1
We = Pδ c
2
1 1
We = U i ∴ Pδ c = 0,8393 ∴ 100δ c = 0,8393
δc 2 2
δ c = 0,016786m

δ c ≅ 1,7cm

Caso se optasse por desprezar os efeitos da solicitação axial e do cisalhamento, teríamos:

24
Resistência dos Materiais – Parte II

1 1
Pδ c = 0,8333 ∴ 100δ c = 0,8333
2 2
δ c = 0,016666m
δ c ≅ 1,7cm

O que comprova ser insignificante sobre o resultado final, a consideração ou não de outros efeitos,
além dos correspondentes à flexão, no caso de pórticos planos, conforme anteriormente afirmado.

Observação:

Quando ocorrem várias cargas atuando simultaneamente na estrutura, não se pode, para fins de
cálculo da Energia Interna de Deformação (Ui), aplicar o Princípio da Superposição de Efeitos.
Desta forma, a energia acumulada por ação simultânea das cargas não é igual à soma das energias
acumuladas por ação acumulada de cada uma das cargas.
Isto decorre do fato de a Energia Interna de Deformação, não ser uma função linear das cargas, e
sim uma função quadrática. Deste fato, decorre ainda que o cálculo de deslocamentos aplicando-se o
Princípio da Conservação de Energia, da forma como apresentado anteriormente, está limitado aos casos
em que apenas uma força P, se encontre aplicada à estrutura. Esta limitação deixa de existir quando se
aplica o Teorema de Castigliano, que será visto adiante.

25
Resistência dos Materiais – Parte II

Exemplo 2.2

Calcular a Energia de Deformação armazenada na treliça da figura, após a atuação do carregamento


horizontal de 150kN no nó B, e, em seguida, calcular a translação horizontal do nó C,sabendo-se que:
E=200GPa
ABC=ACD=1500mm2
ABD=2000mm2
B

D
C

Solução:

Trata-se de uma treliça, onde o único tipo de esforços que se manifesta é a solicitação axial. Desta
forma, toda energia de deformação armazenada no processo, dependerá única e exclusivamente da
solicitação axial. Como a solicitação axial é constante nas barras da treliça, não haverá necessidade de
integrar como no caso anterior.

Reações de apoio:

Cálculo dos esforços nas barras pelo método dos nós:

26
Resistência dos Materiais – Parte II

α tgα =
1,2
( )
= 2,4 α = 67,38 0 ∴ senα = 0,92 ∴ cos α = 0,39
NBD 0,5

NBC

ΣH = 0 ΣV = 0
150 N BD cos α − N BC = 0 ∴ N BC = 162,5 × 0,39
150 − N BD senα = 0 ∴ N BD =
0,92 N BC = 63,6kN
N BD = 163,04 N

N CD = 150kN
U i = [U i ]CD + [U i ]BD + [U i ]BC
2
1 1500002 × 1200
[U i ]CD = 1 N CD LCD = = 45000 Nmm
2 EACD 2 200000 × 1500
2
LBC 1 63600 2 × 500
[U i ]BC =
1 N BC
= = 3369,4 Nmm
2 EABC 2 200000 × 1500

LBD = 1,2 2 + 0,52 = 1,3m


2
LBD 1 163043 2 × 1300
[U i ]BD =
1 N BD
= = 43197,7 Nmm
2 EABD 2 200000 × 2000
U i = 45000 + 3369,4 + 43197,7
U i = 91567,1Nmm = 91,6 J

Cálculo da translação horizontal do nó C:


U i = We
1
91,6 = Pδ HC
2
2 × 91,6
δ HC =
P
2 × 91,6
δ HC =
( )
150 10 3

δ HC = 0,001221m
δ HC = 1,22mm

27
Resistência dos Materiais – Parte II

Exemplo 2.3

Determinar a Energia de Elástica devida à flexão da viga em balanço, supondo que ela seja
submetida a uma carga uniformemente distribuída w. Considerar EI constante.

Solução:

Determina-se o momento interno na viga, definido a coordenada x com origem no lado esquerdo,
lado este representado na figura abaixo:

x
M = wx
2
wx 2
M =
2
1 M2
2 ∫ EI
Ui = dx
2
 wx 2 

L 
 L 2 4
2
Ui = ∫   dx ∴ U = 1 w x dx
2 EI ∫0 4
i
0 EI
L L
w2 w2 x 5
8 EI ∫0
Ui = x 4
dx ∴ U i =
8 EI 5 0

w2 L5
Ui =
40 EI

28
Resistência dos Materiais – Parte II

Exemplo 2.4

A barra tubular da figura abaixo, está engastada na parede e sujeita a dois momentos torçores
(T), conforme mostrado abaixo. Determinar a energia de deformação nela armazenada em virtude da
solicitação atuante. Adotar G=75GPa.

A B

Solução:
Inicialmente, deve-se determinar o valor do momento torçor (T), atuante em cada trecho. Vale
lembrar, que assim como a solicitação axial, o momento torçor costuma ser constante ao longo de cada
trecho das barras.

Temos:

TAB = 40 Nm;TBC = 15 Nm
π π
J AB = J BC =
32
(D 4
)
−d4 ∴J =
32
(160 4
)
− 130 4 ∴ J = 36300121mm 4

1 T2
2 ∫ GJ
Ui = dx
2 2
T AB L AB TBC LBC
Ui = +
2GJ AB 2GJ BC

Ui =
(
40 2 × 750 10 −3 )
+
15 2 × 300 10 −3 ( )
( ) ( )
2 × 75 10 9 × 363001211 10 −12 ( )
2 × 75 10 9 × 363001211 10 −12 ( )
U i = 2,2038(10 -4 ) + 0,12397(10 )∴U -4
i ( )
= 2.32777 10 -4 J

29
Resistência dos Materiais – Parte II

3. O Teorema de Castigliano
3.1. INTRODUÇÃO

O teorema a seguir estudado permite que se determine o deslocamento (translação ou


rotação) de uma seção transversal de uma estrutura, em que se encontre aplicada uma carga
concentrada (força ou momento).
Trata-se do 2º Teorema de Castigliano, a saber:

“A derivada parcial da energia de deformação de um sistema, relativamente a uma carga P


concentrada, é igual ao deslocamento da seção de aplicação desta carga, segundo sua linha de ação.”

Para a demonstração deste teorema, considere o sistema abaixo, ao qual se aplica a


superposição de efeitos indicada.

(a) Sistema dado, sendo δ1 e δ 2 os deslocamentos (translações), correspondentes às cargas P1 e P2


atuando simultaneamente;
(b) Carga P1 atuando com valor unitário (P1=1), isoladamente. Nas seções 1 e 2, os deslocamentos
são δ11 e δ 21 ;
(c) Carga P2 atuando com valor unitário (P2=1), isoladamente. Nas seções 1 e 2, os deslocamentos
são δ12 e δ 22 .

Observa-se que, a fim de que a superposição indicada recomponha o sistema dado, as cargas P1
e P2 têm que ser aplicadas com os seus verdadeiros valores. Tendo sido aplicadas com seus valores
unitários, os resultados parciais das fases (b) e (c), deverão ser multiplicados por P1 e P2
respectivamente.
Em outras palavras, aplicar uma carga de valor P tem o mesmo significado que aplicá-la com
valor 1, multiplicando-se todos os resultados (reações de apoio, esforços solicitantes e deslocamentos)
por P.
Observando-se a figura anterior, pode-se concluir que:

δ1 = δ11P1 + δ12 P2



δ 2 = δ 21P1 + δ 22 P2

3.2. COEFICIENTES DE INFLUÊNCIA

A partir da análise do sistema de equações apresentado anteriormente, pode-se definir o


coeficiente δ ij , denominado coeficiente de influência ou coeficiente de elasticidade, que representa o
deslocamento da seção i, devido à ação de uma carga unitária aplicada na seção j.

30
Resistência dos Materiais – Parte II

Estes coeficientes são amplamente utilizados na determinação dos esforços seccionais para
traçado de diagramas de esforços solicitantes em estruturas hiperestáticas, a partir da utilização do
Método das Forças, visto na disciplina de Hiperestática (também denominada Análise Estrutural ou
Teoria da Estruturas).
O Método das Forças assim como o Princípio dos Trabalhos Virtuais, também são
fundamentados em critérios de trabalho e energia de deformação, assim como o Teorema de
Castigliano.

3.3. DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE CASTIGLIANO

Calculemos, a seguir, o trabalho realizado pelas cargas em decorrência dos deslocamentos


ocorridos. Para tanto, consideremos isoladamente as fases (b) e (c).
Considerando a ação isolada de P1 (fase (b)),

Sabendo-se que o deslocamento do ponto de aplicação da força será δ11P1 trabalho realizado
pela carga P1=1, estaticamente aplicada (que implica na multiplicação por ½, conforme visto na
demonstração do Teorema de Clapeyron) será:

P1 (δ11P1 )
1
2
Aplicando-se em seguida a carga P2=1

O trabalho das cargas será constituído por:

P1 (δ12 P2 ) Parcela correspondente ao trabalho da carga P1 que já se encontrava aplicada


desde a fase (b), não mais considerada como estaticamente aplicada (portanto,
não multiplicada por ½). Observa-se ainda que, ao atuar a carga P2=1, o
deslocamento do ponto de aplicação de P1 será δ12 P2 ;

P2 (δ 22 P2 )
1
Parcela correspondente ao trabalho da carga P2 =1, estaticamente aplicada.
2
O trabalho total das cargas externas realizado, correspondente à ação simultânea das cargas será:

P1 (δ11P1 ) + P1 (δ12 P2 ) + P2 (δ 22 P2 )
1 1
We =
2 2
31
Resistência dos Materiais – Parte II

1 1
We = δ11P12 + δ12 P1P2 + δ 22 P22
2 2

We =
1
2
(
δ11P12 + 2δ12 P1P2 + δ 22 P22 )

Mas, pelo Princípio da Conservação da Energia, sabemos que We = U i , logo pode ser escrito:

Ui =
1
2
(
δ11P12 + 2δ12 P1P2 + δ 22 P22 )

Derivando-se a expressão da Energia de Deformação parcialmente, em relação às cargas P1 e


P2, obtém-se o seguinte:
 ∂U i
 ∂P = δ 11 P1 + δ 12 P2 = δ 1
 1

 ∂U i = δ P + δ P = δ
 ∂P2 12 1 22 2 2

Conclui-se, portanto que, de maneira geral, tem-se que:

∂U i
= δk
∂Pk

O que constitui a expressão do 2º Teorema de Castigliano.

3.4. OBSERVAÇÕES

(a) O Teorema de Castigliano permite que se calcule o deslocamento de uma seção da estrutura,
onde ocorra uma carga concentrada; o deslocamento calculado será o que ocorre na direção da
linha de ação desta carga. Quando se deseja obter o deslocamento de uma seção, em uma dada
direção, e nenhuma carga se encontre aí concentradamente aplicada, basta que se suponha a
existência de uma carga fictícia P , aplicada na direção na qual se deseja obter o valor do
deslocamento. O valor desta carga será nulo, posto que ela não existe. Porém seus efeitos são
incluídos no cálculo de Ui, após o que se calculará:
∂U i
δ =
∂P
Nesta expressão de δ , ocorrerão termos contendo P ; substituindo-se nestes termos o valor de
P, qual seja P = 0 , obter-se-á a expressão de δ em função das demais cargas realmente
existentes.

32
Resistência dos Materiais – Parte II

(b) Para aplicação do Teorema de Castigliano, o cálculo de Ui deverá ser efetuado, expressando-se
literalmente a carga P, correspondente ao deslocamento procurado. Somente após a obtenção
da derivada, é que se poderá substituir P, por seu valor numérico que, conforme visto no item
(a), poderá assumir, inclusive, o valor nulo.

3.5. EXPRESSÃO DO TEOREMA DE CASTIGLIANO APLICÁVEL AOS PÓRTICOS PLANOS

Neste caso, sabendo-se que:

1 M2 1 N2 fc V 2 1 T2
2 ∫ EI 2 ∫ EA 2 ∫ GA 2 ∫ GJ
Ui = dx + dx + dx + dx

Tem-se que:

∂U i 1  ∂ M 2 ∂ N2 ∂ V2 ∂ T2 
l l l l
δ = =  dx 
2  ∂P ∫0 EI ∂P ∫0 EA ∂P ∫0 GA ∂P ∫0 GJ 
dx + dx + X dx +
∂P

Como os limites das integrais são constantes (integrais definidas), a operação de derivação
pode ser aplicada sobre o integrando, ou seja:

1 ∂ M2  ∂  N2  ∂ V 2  ∂ T2  
δ= ∫  dx + ∫  dx + f c ∫  dx + ∫  dx 
2  ∂P  EI  ∂P  EA  ∂P  GA  ∂P  GJ  

Como os esforços solicitantes (M, N, V e T) são proporcionais às cargas, podendo ser escritos
como funções lineares destas, tem-se que:

1 1 ∂M  1 1  ∂N  fc 1  ∂V  1 1  ∂T 
δ= ∫  2M dx + ∫  2N dx + ∫ GA  2V ∂P dx + 2 ∫ GJ  2T ∂P dx
2 EI  ∂P  2 EA  ∂P  2

Ou, finalmente:

M ∂M N ∂N V ∂V T ∂T
δ =∫ dx + ∫ dx + f c ∫ dx + ∫ dx
EI ∂P EA ∂P GA ∂P GJ ∂P

33
Resistência dos Materiais – Parte II

3.6. DETERMINAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS MÁXIMOS NAS VIGAS FUNDAMENTAIS

Para determinação do deslocamento de uma seção em uma viga fundamental utilizando-se o


Teorema de Castigliano, seja considerado o caso da viga com uma extremidade engastada e outra
livre, com carga concentrada na extremidade livre, conforme mostra a figura a seguir, considerando-se
apenas o efeito da flexão:

Conforme visto anteriormente, podemos considerar apenas o efeito da flexão para


calcular a Energia de Deformação armazenada durante o processo de carregamento em vigas e
pórticos planos. Desta forma temos que:
1 M2
2 ∫ EI
Ui = dx

No caso em estudo, têm-se que M=Px (lembrando-se sempre que não há necessidade de se
convencionar sinal para o momento fletor, pois o mesmo se encontra elevado ao quadrado na
expressão a utilizar no cálculo de δ ).

Logo:
L
1 L P2 x2 P 2 x3 P 2 L3
Ui = ∫ dx = =
2 0 EI 2 EI 3 0
6 EI

Portanto, o deslocamento segundo a linha de ação de P, será:


∂U i 2 PL3
δ= =
∂P 6 EI

δ =
PL3
3EI
(↓) (o sinal positivo significa que o deslocamento tem o mesmo sentido da carga
aplicada).
Determinar a flecha máxima para a viga bi – apoiada, com carregamento uniformemente
distribuído ao longo de todo o vão, conforme mostra a figura abaixo, aplicando-se o Teorema de
Castigliano, considerando-se apenas o efeito da flexão:

34
Resistência dos Materiais – Parte II

Conforme mencionado anteriormente, quando se deseja obter o deslocamento de uma seção na


qual não se encontra aplicada nenhuma carga concentrada, deve-se supor uma carga concentrada
fictícia P , e calcular a variação do momento fletor incluindo-se a referida carga fictícia. Em seguida,
deve-se derivar este momento fletor em função da carga fictícia, para, finalmente, substituí-la pelo seu
valor real, que neste caso será nulo.

∂M ∂M
Trecho M
M ∫
∂P ∂P

qL + P x
x − qx = L
2 2 1 qL 2 P 2 q 3 2
x + x − x
AC
qL P q 2
x
4 4 4 ∫
= x + x − x2 0
2 2 2
L
qL P q 1 qL 2 P 2 q 3 2
x + x − x2 x + x − x
BC
2 2 2 2
x
4 4 4 ∫
0

Sabendo-se que P = 0 , tem-se que:


qL 2 0 2 q 3 qLx 2 q 3
x + x − x = − x e, pelo Teorema de Castigliano sabe-se que
4 4 4 4 4
1 M ∂M
δ = ∫ dx
2 EI ∂P
 L2   L2 L

2  qLx 2
q 3  1  qLx 2 2
qx 3 
δ=
EI  ∫0 4 EI  ∫0 2
 − x dx =  −∫ dx (onde o fator multiplicador 2, significa que
4  0
2 
   
os trechos AC e BC são iguais).
 L L

1  qLx 3  ∴ δ = 1  qL − qL  ∴ δ =  8qL − 3qL 
4 2 4 4 4 4
2 qx
δ = −    
EI  6 8  EI  48 128   384 
 0 0


δ =
5qL4
384 EI
(↓)

De forma análoga, é possível determinar os deslocamentos para casos particulares de


carregamentos de vigas fundamentais, apresentados na tabela a seguir:

35
Resistência dos Materiais – Parte II

Viga Deslocamento máximo

PL3
δ max = −
48 EI

δ max = −
Pba 2
6 EIL
(
L − b2 − a2 )

M 0 L2
δ max = −
243EI

5qL4
δ max =−
384 EI

36
Resistência dos Materiais – Parte II

Viga Deslocamento máximo

PL3
δ max = −
3EI

5 PL3
δ max = −
48 EI

M 0 L2
δ max =−
2 EI

qL4
δ max = −
8 EI

37
Resistência dos Materiais – Parte II

Exemplo 3.1
Determinar o deslocamento vertical do ponto C, da viga de aço mostrada na figura. Adotar
E=200GPa e I=125(10-6)m4.

Solução:

Substituir a carga vertical de 5kN, por uma carga fictícia (literal) P e em seguida, calcular as
reações de apoio, bem como os esforços seccionais (M1 e V1) em função desta carga P.

∑M A =0 ∑V = 0
VB × 10 + 18 − P × 6 −
(4 × 6) × 4 = 0 VA + VB −
(4 × 6) − P = 0
2 2
30 + 6 P VA = 12 + P − (3 + 0,6 P ) ∴ VA = 9 + 0,4 P
VB = ∴ VB = 3 + 0,6 P
10

1 x 
M 1 + x12  1  − (9 + 0,4 P )x1 = 0
3 3

M 1 = (9 + 0,4 P )x1 − x13


1
9
∂M 1
= 0,4 x1
∂P

18 + (3 + 0,6 P )x2 − M 2 = 0
M 2 = 18 + (3 + 0,6 P )x2
∂M 2
= 0,6 x2
∂P

38
Resistência dos Materiais – Parte II

Sabendo-se que P = 5kN e, aplicando-se o Teorema de Castigliano, e, tem-se que:

M 1 = (9 + 0,4 P )x1 − x13 ∴ M 1 = (9 + 0,4 × 5)x1 − x13 ∴ M 1 = 11x1 − x13


1 1 1
9 9 9
M 2 = 18 + (3 + 0,6 P )x2 ∴ M 2 = 18 + (3 + 0,6 × 5)x2 ∴ M 2 = 18 + 6 x2

M ∂M
δ =∫ dx
EI ∂P
 1 3
11x1 − x1 (0,4 x1 )
6
δc = ∫ 
9 
4
dx1 + ∫
(18 + 6 x2 )(0,6 x2 )dx
2
0 EI 0 EI

∴ δ c = 0,0164m = 16,4mm(↓ )
410,9
δc =
( ) (
200 10 × 125 10 − 6
6
)

39
Resistência dos Materiais – Parte II

Exemplo 3.2
Calcular a translação do apoio D do pórtico da figura, considerando apenas o efeito da flexão.
Adotar IAB=ICD=0,5(10-3)m4; IBC= (10-3)m4; E=2,1(105) MPa.

Solução:

Uma vez que não se encontra nenhuma carga concentrada em D, aí aplicaremos uma carga P
fictícia na direção da translação procurada. Observa-se que a translação horizontal é a única possível
de ocorrer, devido à natureza do apoio.
Por outro lado, como ao longo da barra AB existe uma descontinuidade no momento fletor,
devida à aplicação da carga concentrada horizontal, o intervalo de integração deverá ser parcelado em
A1 e 1B. Este procedimento deverá ser adotado, sempre que ocorra, ao longo de uma barra,
modificação da natureza das cargas atuantes.
A figura a seguir, indica as reações de apoio, e o início de cada intervalo de integração. Ao
contrário do capítulo anterior, neste caso é necessário utilizar a convenção de sinais para consideração
dos momentos fletores, uma vez que os termos aqui não estão elevados ao quadrado. Será adotado
como positivo, todo momento fletor marcado na parte “interna” do pórtico.

40
Resistência dos Materiais – Parte II

∑M A =0
VD × 8 − 100 × 3 = 0 ∴ VD = 37,5kN
∑V = 0
VD − VA = 0 ∴ VA = 37,5kN
∑H = 0
H A − P − 100 = 0 ∴ H A = 100 + P

∂M ∂M
Barra M
∂P
M
∂P

100 x 2 + Px 2 =
(100 + P )x = 3

A1
= 100 x + Px
x = 100 x 2

0

(100 + P )x − 100(x − 3) = 6
Px 2 + 300 x =
1B = 100 x + Px − 100 x + 300 = x
= 300 x

3
= Px + 300

(100 + P )6 − 100(3) − 37,5x = 8


36 P − 225 x + 1800
BC = 600 + 6 P − 300 − 37,5 x = 6
= 1800 − 225 x

0
= 6 P − 37,5 x + 300

6
Px 2 =
CD Px x
=0

0

Sabendo-se que, P = 0 e aplicando-se o Teorema de Castigliano, tem-se que:

M ∂M
δ =∫ dx
EI ∂P
1 3 1 6 1 8 1 6
δD = (1800 − 225x )dx +
EI AB ∫0 EI AB ∫3 EI BC ∫0 EI CD ∫0
100 x dx +
2
300 xdx + 0dx

41
Resistência dos Materiais – Parte II

100 3 3 150 2 6 1800 8 225 2 8


δD = x + x + x0 − x
3EI AB 0 EI AB 3 EI BC 2 EI BC 0
100 × 27 150(36 − 9 ) 1800(8) 225(64 ) 900 4050 14400 7200
δD = + + − ∴δD = + + −
3EI AB EI AB EI BC 2 EI BC EI AB EI AB EI BC EI BC
4950 7200
δD = + = 0,0471 + 0,0343
( ) (
8
2,1 10 0,5 10 )
−3
( )( )
2,1 108 10 − 3
δ D = 0,0814m
δ D = 8,15cm(→ )

42
Resistência dos Materiais – Parte II

4. Linha Elástica de Vigas Fletidas


4.1. INTRODUÇÃO

Conforme estudado nos capítulos 9 e 10 anteriores, concluímos que os elementos estruturais


planos (tais como pórticos e vigas), se deformam. Estas deformações provocam deslocamentos nas
infinitas seções que compõe as barras e, traduzindo-se para um modelo simplificado unifilar, pode-se
se dizer que, determinados “pontos”, das barras sofrem translações (e/ou rotações), devidas às
deformações estruturais, decorrentes da ação dos carregamentos.
A partir do Princípio da Conservação de Energia, generalizado pelo Teorema de Castigliano,
aprendemos a quantificar numericamente os deslocamentos, dando-se ênfase às translações.
Neste capítulo, são apresentados mais dois processos destinados à determinação destes
deslocamentos. O primeiro deles, por intermédio da Integração da Equação Diferencial da Linha
Elástica, preconiza a formulação de uma função que descreva, de forma analítica, o comportamento
deformável de vigas, dadas condições de contorno, inerentes aos tipos de vínculos da estrutura
(apoios). O segundo, baseado na observação análoga de efeitos mecânicos, daí a denominação
Analogia de Mohr, tem como fundamento o conceito de viga real e viga conjugada.

4.2. PROCESSO DA INTEGRAÇÃO DA EQUAÇÃO DIFERENCIAL DA LINHA ELÁSTICA

A equação da linha elástica de uma viga fletida, em sua forma diferencial é dada por:
d 2 y M (x )
=
dx 2 EI
Onde M(x), corresponde à função que descreve o comportamento analítico do momento fletor,
no trecho no qual se deseja escrever a equação da linha elástica. A equação da linha elástica do
referido trecho, será a função y=f(x), solução da equação diferencial apresentada anteriormente.
E corresponde ao módulo de elasticidade do material com o qual é constituída a viga, e I, o
momento de inércia da seção transversal.

43
Resistência dos Materiais – Parte II

Para a determinação da função y=f(x) que traduz a estrutura deformada, ou seja, a função que
defina o deslocamento vertical de uma dada seção (ou ponto) como função de sua posição ao longo do
eixo horizontal (eixo dos x), basta que se integre sucessivamente a equação diferencial de segunda
ordem apresentada anteriormente. Haverá que se efetuar, portanto, duas integrações:

1ª Integração:
d 2 y d  dy  M ( x )
=  =
dx 2 dx  dx  EI
d  dy  M ( x )  dy  M ( x )
 = ∴ d  = dx
dx  dx  EI  dx  EI

 dy   M (x )  dy  M ( x ) 
∫ d  dx  = ∫EI
dx  + C1 ∴
 dx  ∫ EI
= dx  + C1

2ª Integração:
 M (x ) 
dy =  ∫ dx  dx + C1 dx
 EI 
 M (x ) 
y = ∫ dy ∴ y = ∫  ∫ dx  dx + ∫ C1 dx + C 2
 EI 
C1 e C2, são constantes de integração (uma vez que se trata de integração indefinida), que são
determinadas através das condições de contorno da viga, descritas pelos tipos de apoio da mesma.

4.3. CONDIÇÕES DE CONTORNO DEVIDAS AOS APOIOS

Descrição Representação Condições de Contorno

Extremidade Apoiada (
y = 0 translação vertical )
Extremidade Engastada y = 0(translação vertical )

= 0(rotação )
dy
dx

Continuidade de barra esq dir


y Sesq = y Sdir
S esq dir
dy dy
=
dx S dx S

44
Resistência dos Materiais – Parte II

Exemplo 4.1
Determinar a equação da linha elástica da viga em balanço da figura. Em seguida, utilizando a
expressão determinada, calcule a flecha máxima na extremidade em balanço, comparando o resultado
com o obtido pela tabela de cálculo de deslocamentos nas vigas fundamentais apresentada no capítulo
10.

y
Dados:
E = 2,0 x 108 kN/m2
x
y I=2,25 x 10-4m4
P=20kN
L=3,0m
Solução:
PL3 20 × 3,0 3
δ= = ∴ δ = 0,004m ∴ δ = 4mm
( ) (
3EI 3 × 2,0 × 10 8 × 2,25 × 10 − 4 )
M ( x) = −20 x

d 2 y M ( x ) d 2 y (− 20 x ) d2y
= ∴ = ∴ EI = (− 20 x )
dx 2 EI dx 2 EI dx 2

1ª Integração: EI
dy
dx
= ∫ (− 20 x )dx ∴ EI
dy
dx
(
= − 10 x 2 + C1 ) Eq.01

2ª Integração: EIy = ∫ [( ) ]  10 x 3 
− 10 x + C1 dx ∴ EIy =  −
2

3 
 + C1 x + C 2 Eq.02

Condições de contorno:
Eq.01 (a rotação é nula no engaste)
dy
dx
( )
= 0(x = 3,0) ⇒ EI × 0 = − 10 × 3,0 2 + C1 ∴ C1 = 90

Eq.02 (a translação vertical é nula no engaste)


 10 × 3,0 3 
y = 0( x = 3,0) ⇒ EI × 0 =  −  + 90 × 3,0 + C 2 ∴ C 2 = −180
 3 
 x3   10 x 3  90 x 180
A equação da linha elástica será: EIy =  −  + 9 x − 18 ∴ y =  −  + −
 3   3EI  EI EI

Cálculo do deslocamento vertical da extremidade em balanço, utilizando-se a equação da linha


elástica:
 10 × 0 3  90 × 0 180  180 
y = δ =  −  + − ∴δ =  − 
 3EI  EI EI  EI 

(2,0 × 10 8 )(2,25 × 10 −4 )  ∴ δ = 0,004m ∴ δ = 4mm(↓)


 180 
δ =  − 
 

45
Resistência dos Materiais – Parte II

Sugestão: Utilizando o processo da integração diferencial, escrever a equação da linha elástica,


para os demais casos apresentados na tabela de deslocamentos de vigas fundamentais apresentados no
capítulo 10.

Exemplo 4.2
Determinar a equação da linha elástica da viga da figura e, em seguida, determinar o
deslocamento vertical nas seções S1, S2 e C, a partir da equação determinada. E=2,0x107kN/m2.

Solução:

 0,12 × 0,40 3 
EI = 2,0 × 10 7 ×   = 12800kNm 2
 12 
Trecho AB:
M ( x ) = −4 x

d 2 y M ( x ) d 2 y (− 4 x ) d2y
= ∴ 2 = ∴ EI 2 = (− 4 x )
dx 2 EI dx EI dx
 dy 
( )
EI   = − 2 x 2 + C1 Eq.01
 dx 
 2 
EIy =  − x 3  + C1 x + C 2 Eq.02
 3 
Condições de contorno:
Eq.02 (a translação vertical é nula no apoio A)
 2 
y = 0( x = 0 ) ⇒ EI × 0 =  − × 0 3  + C1 × 0 + C 2 ∴ C 2 = 0
 3 
Eq.02 (a translação vertical é nula no apoio B)
 2 
y = 0( x = 6 ) ⇒ EI × 0 =  − × 6 3  + C1 × 6 + 0 ∴ C1 = 24
 3 

46
Resistência dos Materiais – Parte II

A equação da linha elástica no trecho AB, será:


 2 
EIy =  − x 3  + 24 x
 3 

 2 x 3  24 x
y AB =  −  +
 3EI  EI

Trecho BC:
M ( x ) = −24

d 2 y M ( x ) d 2 y (− 24 ) d2y
= ∴ = ∴ EI = (− 24 )
dx 2 EI dx 2 EI dx 2
 dy 
EI   = (− 24 x ) + C 3 Eq.03
 dx 
(
EIy = − 12 x 2 + C 3 x + C 4) Eq.04
Condições de contorno:
Eq.03 (O valor da rotação na seção B é o mesmo, tanto pela esquerda, quanto pela direita )
esq dir
 dy   dy 
  =  (x = 6,0)
 dx   dx 
O lado esquerdo da seção B, corresponde ao trecho AB, portanto, a rotação é dada pela Eq.01:
 dy 
(  dy 
)
EI   = − 2 x 2 + C1 ∴ EI   = − 2 x 2 + 24 ( )
 dx   dx 
(− 2 x ) + 24 = (− 24 x ) + C
2
3 ∴ C 3 = 24 + 24 x − 2 x 2 ∴ C 3 = 24 + 24 × 6,0 − 2 × 6,0 2 ∴ C 3 = 96
Eq.04 (a translação vertical é nula no apoio B)
( )
y = 0( x = 6) ⇒ EI × 0 = − 12 × 6,0 2 + 96 × 6,0 + C 4 ∴ C 4 = −144
A equação da linha elástica no trecho BC, será:
( )
EIy = − 12 x 2 + 96 x − 144

y BC =
(− 12 x ) + 96 x − 144
2

EI
Cálculo dos deslocamentos das seções:
 2 × 2,03  24 × 2,0
y xS=12,0 =  −  + = 0,00333m = 3,33mm(↑)
 3 ×12800 12800
 2 × 4,0 3  24 × 4,0
y S2
x = 4,0 =  −  + = 0,00417m = 4,17mm(↑)
 3 ×12800  12800

y xC=8, 0 =
(− 12 × 8,0 ) + 96 × 8,0 − 144 = −0,01125m = −11,25mm(↓)
2

12800

47
Resistência dos Materiais – Parte II

Linha Elástica:

3,33mm 4,17mm B
A
C

11,25m
m

 2 x 3  24 x =
(− 12 x ) + 96 x − 144
2

y AB =  −  + y BC
EI
 3 EI  EI

4.4. CÁLCULO DE DESLOCAMENTOS EM VIGAS ATRAVÉS DA ANALOGIA DE MOHR

Conforme sugerido pelo título, consiste em um processo de analogia (comparação), entre a


condição de carregamento de uma viga e a variação do momento fletor produzido ao longo do vão da
viga.
Sugere-se que a linha elástica de uma viga, seja o diagrama de momentos fletores da sua viga
conjugada, quando solicitada por um carregamento que tenha as características de seu diagrama de
momentos fletores original, dividido por sua rigidez.

M (x ) Variação do momento fletor (M) em uma viga;


dM ( x )
V (x ) = Variação do esforço cortante (V) em uma viga;
dx
dV ( x ) d 2 M ( x )
q(x ) = = Carregamento que ocasiona M e V.
dx dx 2

Comparando-se:
M (x ) d 2 y d 2 M (x )
= 2 (equação diferencial da linha elástica) com q ( x ) = (que descreve o
EI dx dx 2
carregamento em uma viga em função da distribuição de momentos fletores), conclui-se que:
M (x )
q(x) (carregamento) é análogo à , assim como d2M(x) (derivada segunda do momento
EI
fletor) é análogo a d2y (derivada segunda do deslocamento). Ou seja, ao carregarmos uma viga,
M (x )
denominada viga conjugada, com , que representa o diagrama de momentos fletores na sua
EI
configuração original, os valores dos momentos fletores seccionais obtidos, equivalerão aos
deslocamentos seccionais desta viga, em sua configuração original.

48
Resistência dos Materiais – Parte II

Resumo:
Objetivo: Determinação de translações verticais (ou deslocamentos verticais) de determinadas
seções de vigas, a partir do processo da Analogia de Mohr.

 Viga Real – Traçar o diagrama de momentos fletores (DMF), considerando sua forma,
como o tipo de carregamento que atuará na viga conjugada;
 Viga Conjugada – Definição da Viga Conjugada em função de suas condições de apoio ou
extremidade;
 Viga Conjugada – Aplicar o DMF da Viga Real (incluindo seu sinal), como carregamento,
dividindo os valores pela rigidez flexional (EI) da viga;
 Para determinar o valor da translação vertical de uma determinada seção transversal da
Viga Real, basta que se calcule o valor do momento fletor nesta mesma seção na Viga
Conjugada, e se estará obtendo a translação procurada na Viga Real;
 O “espelho” do diagrama de momentos fletores da Viga Conjugada representa a linha
elástica da Viga Real.

Viga Real Viga Conjugada

apoio extremo apoio extremo

extremidade em balanço engaste

engaste extremidade em balanço

rótula apoio interno

apoio interno rótula

Exemplo:

Viga Real

Viga Conjugada

49
Resistência dos Materiais – Parte II

Exemplo 4.3
Calcular a translação vertical da extremidade em balanço do Exemplo 11.1, utilizando-se o
Processo da Analogia de Mohr.

Dados:
E = 2,0 x 108 kN/m2
I=2,25 x 10-4m4

 60 
−  × 3,0
 EI   90 
R= ∴ R = − 
2  EI 
 180 
M A = R × 2,0 ∴ M A =  − 
 EI 
 180 
M A =  − 
 (2,0 × 10 )(2,25 × 10 ) 
8 −4 

M A = −0,004m = 4mm(↓ )

50
Resistência dos Materiais – Parte II

Exemplo 4.4
Determinar o deslocamento vertical nas seções S1, S2 e C, do exemplo 11.2, utilizando-se a
Analogia de Mohr. E=2,0x107kN/m2.
 24 
q = − 
 EI 
Determinação das reações de apoio na Viga Conjugada:

 24 
−  × 6,0
 EI   72 
R1 = ∴ R1 =  − 
2  EI 
 24   48 
R2 =  −  × 2,0 ∴ R2 =  − 
 EI   EI 

∑M esq
B = 0(rótula )

R1  24 
V A × 6,0 − R1 × 2,0 = 0 ∴V A = ∴V A =  − 
3  EI 

∑V = 0
 96 
V A + VC − R1 − R2 = 0 ∴VC =  − 
 EI 

∑M C =0

M C + V A × 8,0 − R1 × 4,0 − R2 × 1,0 = 0

M C = 4 R1 + R2 − 8V A

 ∴ M C = −0,01125m = 11,25mm(↓ )
 144   144 
MC = − ∴MC = −
 EI   12800 

51
Resistência dos Materiais – Parte II

Determinação dos momentos nas seções S1 e S2 da Viga Conjugada (equivalentes aos


deslocamentos nas respectivas seções da Viga Real), pelo lado esquerdo:

 24 
−  × 2,0
 3EI   8 
R1 =
'
= − 
2  EI 
 ' 1   24   8   1   42,67 
1 = V A × 2,0 −  R1 ×  × 2,0   ∴ M S 1 = 2 −
M Sesq  −  −  ×  × 2,0  ∴ M S1 =  −
esq esq

 3   EI   EI   3   EI 

 ∴ M S1 = −0,003333m = 3,333mm(↓ ) (espelho)


 42,67 
1 = −
M Sesq esq

 EI 

 2 × 24 
−  × 4,0
 3EI   32 
R1 =
"
= − 
2  EI 
 1   24   32   1   53,33 
M Sesq2 = V A × 4,0 −  R1" ×  × 4,0  ∴ M Sesq
1 = 4 −  −  −  ×  × 4,0  ∴ M S 1 =  −
esq

 3   EI   EI   3   EI 

 ∴ M S1 = −0,004167 m = 4,167 mm(↓ ) (espelho)


 53,33 
1 = −
M Sesq esq

 EI 

52

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