Os Grandes Vultos Do Espiritismo (Paulo Alves Godoy)
Os Grandes Vultos Do Espiritismo (Paulo Alves Godoy)
Os Grandes Vultos Do Espiritismo (Paulo Alves Godoy)
ÍNDICE
Algumas Palavras do Autor
Nota da Editora
Nota da editora
É gritante a falta de informações biográficas de muitos seareiros que
desempenharam papel de relevância na Terra. Alguns livros surgiram
recentemente, os quais ensejaram a oportunidade de projetar na posteridade,
os nomes de alguns dos mais salientes militantes espíritas, no entanto, um
elevado número de outros obreiros permanece relegado ao esquecimento.
Embora reconhecendo que muitos Espíritos desencarnados não dão
qualquer apreço às homenagens terrenas, é óbvio que os nossos pósteros não
podem e não devem ignorar, ainda que de forma bastante resumida e
apagada, a obra por eles deixada na Terra, pois muitos deles por aqui
passaram como verdadeiros rasgos de luz a iluminar os horizontes do mundo.
Alguns órgãos da imprensa espírita, num trabalho hercúleo, têm procurado
pesquisar e difundir ligeiros dados biográficos de muitos espíritas que
desempenharam tarefas de projeção na Terra, o que tem contribuído, de algum
modo, para preencher essa lacuna.
As "Edições FEESP", da Federação Espírita do Estado de São Paulo,
sentindo a extensão desse problema, deliberou lançar um ou mais livros desse
gênero, tendo, para tanto, encarregado o jornalista Paulo Alves Godoy, de
prepará-los, uma vez que aquele companheiro tem desenvolvido uma tarefa,
que perdura há mais de 20 anos, no campo da pesquisa e publicação de
informes biográficos de grandes vultos do Espiritismo.
Neste livro houve a preocupação de circunscrever ao menor espaço
possível esses dados, para que maior número de personalidades espíritas
pudesse ser nele enfeixado, e o fato de não ter sido possível abranger a todos,
no que não vai nenhuma desconsideração pelas tarefas por eles
desempenhadas, esperamos que, futuramente, novos volumes sejam
lançados, nos quais mais alguns vultos espíritas tenham sua vida e obra
registradas.
A Federação Espírita do Estado de S. Paulo presta, assim, o seu tributo,
lançando a lume esta obra que, temos a certeza, virá satisfazer a aspiração de
elevado número de espíritas.
A EDITORA
5
1
ADÉLIA RUEFF
Nascida em Pinhal, Estado de São Paulo, no dia 5 de Junho de 1868
e desencarnada na mesma cidade, no dia 2 de Fevereiro de 1953, com 84
anos de idade.
sessão declamando: "Deus nosso Pai, que sois todo poder e bondade... e ao
encerrar: Sublime estrela, farol das imortais falanges...
Nasceu no dia 5 de junho de 1868, ali mesmo em Pinhal, predestinada a
somente servir, não casou. Durante toda a sua fértil existência, amou e deu
tanto de si aos outros, que formou em seu derredor uma auréola de inenarrável
admiração. Médium de exuberantes proporções bastava a imposição de suas
compassivas mãos, para aliviar instantaneamente as pessoas, que a
procuravam com tanta avidez, sem lhe permitir sossego ou descanso.
Certa feita ela viajou. E nós, que aos domingos aproveitávamos para dormir
até bem mais tarde, sem nenhuma alegria ou boa vontade, atendemos 17
pessoas que a procuraram para tomar passes, das 8 às 12 horas. Uma
ocasião, um confrade de Jacutinga - Minas Gerais -, viajou, a pé, 26
quilômetros para presenteá-la com um saquinho de feijão verde, numa atitude
de comovedora gratidão.
A mesa diretora dos trabalhos era formada. Na cabeceira principal sentava
Tia Adélia, sob uma iluminada Estrela de lâmpadas coloridas, símbolo do
Centro. Na outra cabeceira, o Vice-Presidente, Zé Café. As laterais para os
médiuns, Dona Ordalha, Tereza, Idalina, Dona Eugênia, e a extraordinária
Dona Adélia Neto, que quando recebia o Guia Espiritual do
Centro "Irmão Silviano", se colocava de pé, abria os olhos, e de uma
criatura tímida e simples, embora bela, se transformava num tribuno imponente
e erudito. Pudera, médium inconsciente dando passividade ao Espírito Dr.
Francisco Silviano de Almeida Brandão, médico, Presidente do
Estado de Minas Gerais. Na porta de entrada, controlando com vigilância e
severidade a admissão dos freqüentadores, a Mariana e a Rosa Domiciano,
zeladoras do grupo.
Viajando em charretes, excepcionalmente em automóveis e quase sempre
a pé, lá ia Tia Adélia, à periferia Pinhalense e aos sítios vizinhos, cumprindo a
predestinação de sua encarnação como lídima missionária do Cristo:
atendendo aos aflitos, curando os obsediados, levantando os caídos, vestindo
as viúvas, alimentando as crianças e amparando os velhos.
Que criatura extraordinária! Doce, mansa, boa. Jamais a vimos
encolerizada, jamais a vimos levantar a voz. À medida que envelhecia, fruto de
dois acidentes graves, se curvava, se encarquilhava, tornando-se menor. Fatos
que nunca a fizeram perder a paciência. Olhos vivos, argutos, mente clara,
pensamento limpo, conselheira oficial de quase toda a população pinhalense.
Fato que lhe proporcionou tributo de grande admiração, respeito e afeição por
seus contemporâneos.
Descrever fatos do desenvolvimento espírita de "Tia Adélia" no campo da
benemerência, seria tarefa que preencheria um enorme livro.
Médium de determinação na crença do trabalho doutrinário, deixava
sempre para segundo plano a necessidade de repouso físico, aproveitando
todo tempo disponível no atendimento dos mais necessitados do caminho.
Por ocasião das festividades comemorativas no "Estrela da Caridade", Tia
Adélia, com muito carinho e inteligência, preparava seus discursos e em pé,
inflamada, erecta, impressionava os presentes ao transmitir seus inequívocos
conhecimentos a respeito da Doutrina. Empolgava tanto as suas palestras, que
os menos avisados, desconhecedores das virtudes mediúnicas, não
conseguiam reconhecê- la na oradora.
7
2
ADOLFO BEZERRA DE MENEZES
Nascido na antiga Freguesia do Riacho do Sangue, hoje
Solonópole, no Ceará, aos 29 dias do mês de agosto de 1831, e
desencarnado no Rio de Janeiro, a 11 de abril de 1900.
Em 1867 foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado em lista tríplice para
uma cadeira no Senado.
Quando político, levantou-se contra ele, a exemplo do que ocorre com
todos os políticos honestos, uma torrente de injúrias que cobriu o seu nome de
impropérios. Entretanto, a prova da pureza da sua alma deu-se quando,
abandonando a vida pública, foi viver para os pobres, repartindo com os
necessitados o pouco que possuía.
Corria sempre ao tugúrio do pobre, onde houvesse um mal a combater,
levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da ciência de
médico e o auxílio da sua bolsa minguada e generosa.
Desviado interinamente da atividade política e dedicando-se a
empreendimentos empresariais, criou a Companhia de Estrada de Ferro
Macaé, a Campos, na então província do Rio de Janeiro. Depois, empenhou-se
na construção da via férrea de S. Antônio de Pádua, etapa necessária ao seu
desejo, não concretizado, de levá-la até o Rio Doce. Era um dos diretores da
Companhia Arquitetônica que, em 1872, abriu o "Boulevard 28 de Setembro",
no então bairro de Vila Isabel, cujo topônimo prestava homenagem à Princesa
Isabel. Em 1875, era presidente da Companhia Carril de S. Cristóvão.
Retornando à política, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato
até 1880. Foi ainda presidente da Câmara e Deputado Geral pela Província do
Rio de Janeiro, no ano de 1880.
O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras
de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de "O Livro dos
Espíritos". Logo que esse livro saiu do prelo levou um exemplar ao deputado
Bezerra de Menezes, entregando-o com dedicatória. O episódio foi descrito do
seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres: "Deu-mo na cidade e eu morava
na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não
tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir
para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta
filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim,
abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não
encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era
novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no "O Livro
dos Espíritos".
Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia:
parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente,
de nascença".
No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas
da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na rua da
Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em
silêncio, emocionado, atônito, a palavra sábia do eminente político, do
eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de
Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo.
Bezerra era um religioso no mais elevado sentido. Sua pena, por isso,
desde o primeiro artigo assinado, em janeiro de 1887, foi posta a serviço do
aspecto religioso do Espiritismo.
Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico e religioso,
quer pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de
Propaganda da União Espírita do Brasil, incumbiu-o de escrever, aos
domingos, no "O País" tradicional órgão da imprensa brasileira, a série de
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***
***
3
ALLAN KARDEC
Nascido em Lyon, França, no dia 3 de outubro de 1804 e
desencarnado em Paris, no dia 31 de março de 1869.
4
AMÉRICO MONTAGNINI
PROF. AMÉRICO MONTAGNINI Nascido na cidade de São João da
Boa Vista, Estado de S. Paulo, no dia 1º de maio de 1897, e desencarnado
em S. Paulo, no dia 29 de novembro de 1966.
5
ANÁLIA FRANCO
Nascida na cidade de Resende, Estado do Rio de Janeiro, no dia 1º
de fevereiro de 1856, e desencarnada em S. Paulo, no dia 13 de janeiro de
1919.
ser objeto de consideração em rodas políticas, nas farmácias. Mas rugiu a seu
favor um grupo de abolicionistas e republicanos, contra o grande grupo de
católicos, escravocratas e monarquistas.
Com o decorrer do tempo, deixando algumas escolas maternais no Interior,
veio para S. Paulo. Aqui entrou brilhantemente para o grupo abolicionista e
republicano. Sua missão, porém, não era política. Sua preocupação maior era
com as crianças desamparadas, o que a levou a fundar uma revista própria,
intitulada "Álbum das Meninas", cujo primeiro número veio a lume a 30 de abril
de 1898. O artigo de fundo tinha o título "Às mães e educadoras". Seu prestígio
no seio do professorado já era grande quando surgiram a abolição da
escravatura e a República. O advento dessa nova era encontrou Anália com
dois grandes colégios gratuitos para meninas e meninos. E logo que as leis o
permitiram, ela, secundada por vinte senhoras amigas, fundou o instituto
educacional que se denominou "Associação Feminina Beneficente e Instrutiva",
no dia 17 de novembro de 1901, com sede no Largo do Arouche, em S. Paulo.
Em seguida criou várias "Escolas Maternais" e "Escolas Elementares",
instalando, com inauguração solene a 25 de janeiro de 1902, o "Liceu
Feminino", que tinha por finalidade instruir e preparar professoras para a
direção daquelas escolas, com o curso de dois anos para as professoras de
"Escolas Maternais" e de três anos para as "Escolas Elementares".
Anália Franco publicou numerosos folhetos e opúsculos referentes aos
cursos ministrados em suas escolas, tratados especiais sobre a infância, nos
quais as professoras encontraram meios de desenvolver as faculdades afetivas
e morais das crianças, instruindo-as ao mesmo tempo. O seu opúsculo "O
Novo Manual Educativo", era dividido em três partes: Infância, Adolescência e
Juventude.
Em 1º de dezembro de 1903, passou a publicar "A Voz Maternal", revista
mensal com a apreciável tiragem de 6.000 exemplares, impressos em oficinas
próprias.
A Associação Feminina mantinha um Bazar na rua do Rosário nº 18, em S.
Paulo, para a venda dos artefatos das suas oficinas, e uma sucursal desse
estabelecimento na Ladeira do Piques nº 23.
Anália Franco mantinha Escolas Reunidas na Capital e Escolas Isoladas no
Interior, Escolas Maternais, Creches na Capital e no Interior do Estado,
Bibliotecas anexas às escolas, Escolas Profissionais, Arte Tipográfica, Curso
de Escrituração Mercantil, Prática de Enfermagem e Arte Dentária, Línguas
(francês, italiano, inglês e alemão); Música, Desenho, Pintura, Pedagogia,
Costura, Bordados, Flores artificiais e Chapéus, num total de 37 instituições.
Era romancista, escritora, teatróloga e poetisa. Escreveu uma infinidade de
livretos para a educação das crianças e para as Escolas, os quais são dignos
de serem adotados nas Escolas públicas.
Era espírita fervorosa, revelando sempre inusitado interesse pelas coisas
atinentes à Doutrina Espírita.
Produziu a sua vasta cultura três ótimos romances: "A Égide Materna", "A
Filha do Artista", e "A Filha Adotiva". Foi autora de numerosas peças teatrais,
de diálogos e de várias estrofes, destacando-se "Hino a Deus", "Hino a Ana
Nery", "Minha Terra", "Hino a Jesus" e outros.
Em 1911 conseguiu, sem qualquer recurso financeiro, adquirir a "Chácara
Paraíso". Eram 75 alqueires de terra, parte em matas e capoeiras e o restante
ocupado com benfeitorias diversas, entre as quais um velho solar, ocupado
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durante longos anos por uma das mais notáveis figuras da História do Brasil:
Diogo Antônio Feijó.
Nessa chácara fundou Anália Franco a "Colônia Regeneradora D.
Romualdo", aproveitando o casarão, a estrebaria e a antiga senzala, internando
ali sob direção feminina, os garotos mais aptos para a Lavoura, a horticultura e
outras atividades agropastoris, recolhendo ainda moças desviadas,
conseguindo assim regenerar centenas de mulheres.
A vasta sementeira de Anália Franco consistiu em setenta e uma Escolas, 2
albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças
órfãs, uma Banda Musical Feminina, 1 orquestra, 1 Grupo Dramático, além de
oficinas para manufatura de chapéus, flores artificiais, etc., em 24 cidades do
Interior e da Capital.
Sua desencarnação ocorreu precisamente quando havia tomado a
deliberação de ir ao Rio de Janeiro fundar mais uma instituição, idéia essa
concretizada posteriormente pelo seu esposo, que ali fundou o "Asilo Anália
Franco".
A obra de Anália Franco foi, incontestavelmente, uma das mais salientes e
meritórias da História do Espiritismo.
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6
ANTÔNIO GONÇALVES DA SILVA BATUÍRA
Nascido a 19 de março de 1839, em Portugal, na Freguesia de
Águas Santas, hoje integrada no Conselho da Maia, e desencarnado em
São Paulo, no dia 22 de janeiro de 1909.
Completada a sua instrução primária, veio para o Brasil, com apenas onze
anos de idade, aportando no Rio de Janeiro, a 3 de janeiro de 1850.
Seu nome de origem era Antônio Gonçalves da Silva, entretanto, devido a
ser um moço muito ativo, correndo daqui para acolá, a gente da rua o apelidara
"o batuíra", o nome que se dava à narceja, ave pernalta, muito ligeira, de vôo
rápido, que frequentava os charcos na várzea formada, no atual Parque D.
Pedro 2º, em S. Paulo, pelos transbordamentos do rio Tamanduateí. Desde
então o cognome "Batuíra" foi incorporado ao seu nome.
Batuíra desempenhou uma série de atividades que não cabe registrar nesta
concisa biografia, entretanto, podemos afirmar que defendeu calorosamente a
idéia da abolição da escravatura no Brasil, quer seja abrigando escravos em
sua casa e conseguindo-lhes a carta de alforria, ou fundando um jornalzinho a
fim de colaborar na campanha encetada pelos grandes abolicionistas Luiz
Gama, José do Patrocínio, Raul Pompéia, Paulo Ney, Antônio Bento, Rui
Barbosa e tantos outros grandes paladinos das idéias liberais.
Homem de costumes simples, alimentando-se apenas de hortaliças,
legumes e frutas, plantava no quintal de sua casa tudo aquilo de que
necessitava para o seu sustento. Com as economias, adquiriu os então
desvalorizados terrenos do Lavapés, em S. Paulo, edificando ali boa casa de
residência e, ao lado dela, uma rua particular com pequenas casas que
alugava a pessoas necessitadas. O tempo contribuiu para que tudo ali se
valorizasse, propiciando a Batuíra apreciáveis recursos financeiros. A rua
particular deveria ser mais tarde a Rua Espírita, que ainda lá está.
Tomando conhecimento das altamente consoladoras verdades do
Espiritismo, integrou-se resolutamente nessa causa, procurando pautar seus
atos nos moldes dos preceitos evangélicos. Identificou-se de tal maneira com
os postulados espíritas e evangélicos que, ao contrário do "moço rico" da
narrativa evangélica, como que procurando dar uma demonstração eloqüente
da sua comunhão com os preceitos legados por Jesus Cristo, desprendeu-se
de tudo quanto tinha e pôs-se a seguir as suas pegadas. Distribuiu o seu
tesouro na Terra, para entrar de posse daquele outro tesouro do Céu.
Tornou-se um dos pioneiros do Espiritismo no Brasil. Fundou o "Grupo
Espírita Verdade e Luz", onde, no dia 6 de abril de 1890, diante de enorme
assembléia, dava início a uma série de explanações sobre "O Evangelho
Segundo o Espiritismo".
Nessa oportunidade deixara de circular a única publicação espírita da
época, intitulada "Espiritualismo Experimental" redigida desde setembro de
1886, por Santos Cruz Junior. Sentindo a lacuna deixada por essa interrupção,
Batuíra adquiriu uma pequena tipografia, a que denominou
"Tipografia Espírita", iniciando a 20 de maio de 1890, a publicação de um
quinzenário de quatro páginas com o nome "Verdade e Luz", posteriormente
transformado em revista e do qual foi o diretor- responsável até a data de sua
desencarnação. A tiragem desse periódico era das mais elevadas, pois de 2 ou
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7
ARTUR LINS DE VASCONCELOS LOPES
Nascido a 27 de março de 1891 na cidade de Teixeira, Estado da
Paraíba, e desencarnado em São Paulo, no dia 21 de março de 1952.
Seu sepultamento ocorreu na cidade de Curitiba, capital do Estado
do Paraná.
8
AUGUSTO MILITÃO PACHECO
Nascido no dia 13 de junho de 1866 e desencarnado em São Paulo,
a 7 de julho de 1954.
9
AURORA A. DE LOS SANTOS DE SILVEIRA
Aurora A. de los Santos de Silveira, pioneira espírita uruguaia,
nasceu no dia 28 de agosto de 1890 e desencarnou no dia 10 de agosto de
1969, em Montevidéu.
10
BENEDITO GODOY PAIVA
Nascido em S. Paulo no dia 19 de abril de 1885, e desencarnado na
mesma cidade, aos 17 de maio de 1962.
***
"Salvação pela Fé", "O Sonho da Princesa" e, com Cid Franco, escreveu o
poema "Avatar".
Revisou "A Grande Síntese", livro mediúnico de Pietro Ubaldi e, em
parceria com Emílio Manso Vieira, escreveu o "Manual do Dirigente de
Sessões Espíritas".
No dia de sua desencarnação, à sua cabeceira estiveram presentes três
representantes de correntes religiosas: um pastor evangélico, um bispo da
Igreja Católica Brasileira e um membro da Federação Espírita do Estado de
São Paulo. Todos lhe tributaram adeus com o mesmo carinho.
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CAÍRBAR SCHUTEL
Nascido na cidade do Rio de Janeiro, a 22 de setembro de 1868 e
desencarnado em Matão, Estado de S. Paulo, no dia 30 de janeiro de 1938.
A política, no entanto, não era o seu objetivo, por isso, tão logo ele teve a
sua Estrada de Damasco, representada pela sua conversão ao Espiritismo,
abandonou esse campo, passando a dedicar-se inteiramente à nova Doutrina.
Conheceu o Espiritismo através de Manoel Pereira do Prado, mais
conhecido por Manoel Calixto, que na época era um dos poucos e o mais
destacado espírita do lugar. Embora não sendo profundo conhecedor dos
princípios básicos da Codificação Kardequiana, Manoel Calixto conseguiu
impressionar o futuro apóstolo, com uma mensagem mediúnica de elevado
cunho espiritual, recebida por seu intermédio.
Em seguida a esse episódio, Caírbar integrou-se no conhecimento das
obras fundamentais da Doutrina Espírita e, tão logo se sentiu compenetrado
daquilo que ela ensina, fundou, no dia 15 de julho de 1904, o primeiro núcleo
espírita da cidade e da zona, denominando-o "Centro Espírita Amantes da
Pobreza".
Não satisfeito com essa arrojada realização, no mês de agosto de 1905,
lançou a primeira edição do jornal "O Clarim", órgão esse que vem circulando
desde então e que se constituiu, de direito e de fato, num dos mais tradicionais
e respeitáveis veículos da imprensa espírita.
Numa época quando pontificava verdadeira intolerância religiosa e quando
o Espiritismo e outras religiões sofriam o impacto da ação exercida pela religião
majoritária, Caírbar Schutel também teve o seu Calvário: um sacerdote
reacionário e profundamente intolerante, resolveu promover gestões no sentido
de fechar as portas do Centro Espírita, usando como arma ardilosa uma
campanha persistente no sentido de fazer com que a farmácia de Caírbar fosse
boicotada pelo povo.
Com o apoio do delegado de polícia, conseguiu deste a ordem para o
fechamento do Centro onde se difundia o Espiritismo. Caírbar Schutel, no
entanto, não era dos que se intimidam e, contra o padre e o delegado,
levantou a barreira da sua autoridade moral e da sua coragem. A ordem do
delegado não foi respeitada por atentar contra a letra da Constituição Federal
de 1891, e o valoroso espírita foi à praça pública protestar contra tamanho
desrespeito. O padre, não tolerando aquela manifestação promovida por
Caírbar, também promoveu uma passeata de desagravo. Outros sacerdotes,
nessa época, já estavam em Matão, apregoando a necessidade de se manter o
"herético" circunscrito, de nada se adquirirem sua farmácia, e, sobretudo
proibindo a todos a freqüência ao Centro Espírita.
Em face da tremenda pressão exercida, Caírbar anunciou que falaria ao
povo em praça pública, refutando ponto por ponto todas as acusações gratuitas
que lhe eram atribuídas pelos sacerdotes. O delegado proibiu-o de falar.
Caírbar não acatou a proibição do delegado e, estribando-se na
Constituição, dirigiu-se para a praça pública, falando aos poucos que, não
temendo as represálias do padre, tiveram a coragem de lá comparecer.
Este, por sua vez, expressou a idéia de que, se a liberalíssima Constituição
brasileira permitia esse direito a Caírbar, a Igreja de forma alguma consentiria
e, aliciando um grupo de homens fanatizados, marchou para a praça pública,
cantando hinos e cantorias fúnebres, portando, além disso, vários tipos de
armas. O objetivo da procissão noturna era de abafar a voz do orador e
atemorizar o povo.
Essa barulhenta manifestação provocou a repulsa de algumas pessoas
cultas da cidade, as quais, dirigindo-se à praça, pediram a aquiescência do
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12
CAMILLE FLAMMARION
Nascido em Montigny-Le-Roy, França, no dia 26 de fevereiro de
1842, e desencarnado em Juvissy no mesmo país, a 4 de junho de 1925.
Flammarion foi um homem cujas obras encheram de luzes o século 19. Ele
era o mais velho de uma família de quatro filhos, entretanto, desde muito jovem
se revelaram nele qualidades excepcionais. Queixava-se constantemente que
o tempo não lhe deixava fazer um décimo daquilo que planejava. Aos quatro
anos de idade já sabia ler, aos quatro e meio sabia escrever e aos cinco já
dominava rudimentos de gramática e aritmética.
Tornou-se o primeiro aluno da escola onde freqüentava.
Para que ele seguisse a carreira eclesiástica, puseram-no a aprender latim
com o vigário Lassalle. Aí Flammarion conheceu o Novo Testamento e a
Oratória. Em pouco tempo estava lendo os discursos de Massilon e Bonsuet.
O padre Mirbel falou da beleza da ciência e da grandeza da Astronomia e
mal sabia que um de seus auxiliares lhe bebia as palavras. Esse auxiliar era
Camille Flammarion, aquele que iria ilustrar a letra e a significação ítalo-romana
do seu nome - Flammarion: "Aquele que leva a luz".
Nas aulas de religião era ensinado que uma só coisa é necessária: "a
salvação da alma", e os mestres falavam: "De que serve ao homem conquistar
o Universo se acaba perdendo a alma?".
Foi dura a vida dos Flammarions, e Camille compreendeu o mérito de seu
pai entregando tudo aos credores. Reconhecia nele o mais belo exemplo de
energia e trabalho, entretanto, essa situação levou-o a viver com poucos
recursos.
Camille, depois de muito procurar, encontrou serviço de aprendiz de
gravador, recebendo como parte do pagamento casa e comida. Comia pouco e
mal, dormia numa cama dura, sem o menor conforto; era áspero o trabalho e o
patrão exigia que tudo fosse feito com rapidez. Pretendia completar seus
estudos, principalmente a matemática, a língua inglesa e o latim. Queria obter o
bacharelado e por isso estudava sozinho à noite. Deitava-se tarde e nem
sempre tinha vela. Escrevia ao clarão da lua e considerava-se feliz. Apesar de
estudar à noite, trabalhava de 15 a 16 horas por dia.
Ingressou na Escola de desenho dos frades da Igreja de São Roque, a qual
freqüentava todas as quintas-feiras. Naturalmente tinha os domingos livres e
tratou de ocupá-los. Nesse dia assistia as conferências feitas pelo abade sobre
Astronomia. Em seguida tratou de difundir as associações dos alunos de
desenho dos frades de São Roque, todos eles aprendizes residentes nas
vizinhanças. Seu objetivo era tratar de ciências, literatura e desenho, o que era
um programa um tanto ambicioso.
Aos 16 anos de idade, Camille Flammarion foi presidente da Academia, a
qual, ao ser inaugurada, teve como discurso de abertura o tema "As Maravilhas
da Natureza". Nessa mesma época escreveu "Cosmogonia Universal", um livro
de quinhentas páginas; o irmão, também muito seu amigo, tornou-se livreiro e
publicava-lhe os livros. A primeira obra que escreveu foi "O Mundo antes da
Aparição dos Homens", o que fez quando tinha apenas 16 anos de idade.
Gostava mais da Astronomia do que da Geologia. Assim era sua vida: passar
mal, estudar demais, trabalhar em exagero.
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13
CARLOS GOMES DE SOUZA SHALDERS
Nascido no dia 3 de outubro de 1863, e desencarnado em S. Paulo,
no dia 10 de dezembro de 1963, com 100 anos de idade.
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CLÉLIA SOARES DA ROCHA
Mais conhecida por Clélia Rocha, nasceu na cidade de Barra
Mansa, Estado do Rio de Janeiro, no dia 18 de outubro de 1886 e
desencarnou, com 50 anos de idade, no dia 16 de fevereiro de 1936.
15
CORINA NOVELINO
Nascida na cidade de Delfinópolis Estado de Minas Gerais, no dia
12 de agosto de 1912, e desencarnada em Sacramento, naquele mesmo
Estado, no dia 10 de fevereiro de 1980.
***
16
COSME MARIÑO
Nascido em Buenos Aires, República Argentina, no dia 27 de
setembro de 1847, e desencarnado no dia 18 de agosto de 1927, tendo
sido um dos mais destacados propagadores espíritas naquela nação.
17
EMMA HARDINGE BRITTEN
Desencarnada em 1889.
18
EURÍPEDES BARSANULFO
Nascido em 1º de maio de 1880, na pequena cidade de Sacramento,
Estado de Minas Gerais, e desencarnado na mesma cidade, aos 38 anos
de idade, em 1º de novembro de 1918.
19
FRANCISCO ANTÔNIO BASTOS
Nascido em São Paulo, no dia 6 de janeiro de 1850 e desencarnado
no dia 19 de agosto de 1929, com a idade de 79 anos.
20
FREDRICH MYERS
Nascido em Keswick (Cumberland), Inglaterra, a 6 de fevereiro de
1843, e desencarnado em Roma, Itália, a 17 de janeiro de 1901.
Fredrich William Henry Myers, mais conhecido por Fredrich Myers, foi
erudito literato inglês, famoso pelos seus escritos notáveis e estudos sobre os
fenômenos espíritas.
Educou-se no Colégio da Trindade, de Cambridge, e, após ter colimado
uma série apreciável de triunfos, foi nomeado professor do mesmo instituto de
ensino e, em 1872, inspetor de todas as escolas do Distrito. Nessa época já
havia publicado um poema intitulado "São Paulo". Nos anos de 1870 e 1872
lançou mais dois volumes de poesias. Em 1883 publicou seus "Ensaios
Clássicos e Modernos" (Essays Classical and Modern), obra que alcançou
notável valor literário.
No ano de 1882, após vários ensaios, estudos e discussões, figurou, em
primeiro lugar, na lista dos fundadores da "Sociedade de Investigações
Psíquicas de Londres", tornando-se o porta-voz da mesma sociedade, dando
sua contribuição valiosa na revisão da magistral obra "Fantasma dos Vivos"
(1886), cuja introdução escreveu. De sua autoria é ainda a obra "A Ciência e a
Vida Futura".
Posteriormente à sua desencarnação foi publicado seu livro "Human
Personality and its Survival of Bodily Death", vertido para o português com o
título "A Personalidade Humana" obra que constituiu, de direito e de fato,
preciosa contribuição no campo das investigações psíquicas e que foi
qualificada pelo saábio William James como a primeira tentativa de se
considerar os fenômenos de alucinação, hipnotismo, automatismo e dupla
personalidade como partes de um só todo.
A sua obra "A Personalidade Humana" foi dedicada a Henry Sidgwick e a
Edmond Gurney, constituindo um repositório de fulgurantes ensinamentos.
Nessas Myers proclama que "assim como Sócrates fez descer a Filosofia
do Céu para a Terra, o médium Emmanuel Swedenborg foi quem levantou a
Filosofia da Terra para o Céu".
O Espiritismo muito deve a Fredrich Myers pelo interesse que sempre
demonstrou pelas pesquisas dos fenômenos psíquicos e pelo idealismo que o
norteou, procurando convencer muita gente mediante um trabalho metódico e
de divulgação das verdades espíritas, através de obras que tiveram o mérito de
sensibilizar muitas pessoas de notória influência, dentre elas Sir" Arthur Conan
Doyle, o genial criador de "Sherlock Holmes", que chegou a afirmar num dos
seus relatos que a obra de Fredrich Myers "A Personalidade Humana" foi
aquela que mais o impressionou, contribuindo decisivamente para a sua
conversão ao Espiritismo. Em sua obra "História do Espiritismo", Conan Doylc
presta testemunho sobre Myers, asseverando:
"A Fé que F. W. H. Myers havia perdido no Cristianismo foi restaurada pelo
Espiritismo". Em seu livro "A Fé Final", diz ele: "Não posso, num sentido
profundo, contrastar a minha crença atual com o Cristianismo. Considero-a
antes um desenvolvimento científico da atitude e do ensino do Cristo".
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REV. GEORGE VALE OWEN
Célebre médium inglês desencarnado a 9 de março de 1931.
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GUILHERME TAYLOR MARCH
Nascido no planalto da Serra dos Órgãos, atualmente cidade de
Teresópolis, no Estado do Rio de Janeiro, no dia 21 de agosto de 1838, e
desencarnado na cidade de Niterói no mesmo Estado, no dia 21 de junho
de 1922.
grande e modelar educandário por ela fundado, onde estão abrigadas mais de
100 meninas.
Esta é, portanto, a súmula muito apagada de sua grande vida. De um
homem que, imobilizado em seu leito de dor durante 20 anos, mesmo assim
socorria a todos aqueles que o procuravam. Trabalhou para minorar os
sofrimentos alheios, sem encontrar quem pudesse suavizar os seus próprios
sofrimentos.
Na sua vida profissional havia assumido consigo mesmo o compromisso
solene de cuidar dos aflitos e dos doentes, e assim a todos atendeu, não
apenas receitando, mas doando os próprios medicamentos, no que era
ajudado pela sua própria família que chegava muitas vezes a se privar de
muitas coisas.
Imobilizado sobre o leito, este virtuoso homem, cuja bondade o santificou
em vida, nunca esboçou um murmúrio contra a justiça do Criador, jamais teve
uma imprecação contra as provações que o acometiam.
(Subsídios fornecidos por Alfredo D'Alcântara)
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INÁCIO BITTENCOURT
Nascido a 19 de abril de 1862, na Ilha Terceira, Arquipélago dos
Açores, Freguesia da Sé de Angra do Heroísmo (Portugal), e
desencarnado no Rio de Janeiro a 18 de fevereiro de 1943.
Bem cedo, com trinta anos de idade, sua personalidade alcançou grande
destaque nos meios espíritas e mesmo fora deles. Poderia ter alcançado
culminância na política, desde que aceitasse a indicação de seu nome para
uma chapa de deputado, uma vez que era apoiado por vários senadores da
República. Sua vitória na eleição não sofreria dúvida. Porém, sempre humilde,
fugindo aos movimentos alheios à caridade, preferiu viver no seu mundo, no
qual reinava a figura exponencial e amorosa de Jesus Cristo.
Fundou a 1º de maio de 1912, e dirigiu-o durante mais de trinta anos, o
semanário "Aurora", que se tornou conhecido e apreciado veículo de
divulgação doutrinária. Sob sua presidência foi fundado em 1919 o "Abrigo
Tereza de Jesus", tradicional obra assistencial até hoje em pleno
funcionamento, com larga soma de benefícios a crianças desamparadas, de
ambos os sexos.
Fundou o Centro Cáritas, juntamente com Samuel Caldas e Viana de
Carvalho, presidindo-o até a data da sua desencarnação. Tomou parte ativa na
fundação da "União Espírita Suburbana" e do "Asilo Legião do Bem", que
acolhe vovozinhas desamparadas. Durante alguns anos exerceu também a
Vice-Presidência da Federação Espírita Brasileira, presidiu o "Centro
Humildade e Fé", onde nasceu a "Tribuna Espírita", por ele dirigida durante
alguns anos.
A mediunidade receitista e curadora de Inácio Bittencourt mereceu diversas
opiniões. Algumas vezes chegou a ser processado "por exercício ilegal da
medicina", mas sempre foi absolvido. Em 1923 houve um acordão importante
do Supremo Tribunal Federal, a respeito.
Certa vez, no Centro Cáritas, ao ensejo de uma prece, ouviram-se na sala,
de forma bastante nítida, acordes de um violino. O artista invisível executava
estranha e belíssima melodia, envolvendo a todos em profunda emoção.
Bittencourt, então, salientou que aquela audição representava magnânima
manifestação da graça de Jesus Cristo, permitindo que chegasse ao grupo o
de que mais ele necessitava, para compreender a ressonância de uma prece
sincera no plano divino.
Manifestações dessa natureza não eram raras no Centro Cáritas,
possibilitando sempre vibrações amorosas dos encarnados, protegidas pelos
Mentores Espirituais, de maneira que essas forças ali chegavam para as
sensibilizantes demonstrações de afeto e carinho.
Não foi somente como médium receitista e curador que Inácio Bittencourt
grangeou a notoriedade, a estima e a admiração de todos, mas igualmente
como médium apto a receber do Alto maravilhosa inspiração que, durante larga
fase do seu mediunato, se manifestou notória e admirável, sempre que ele
assomava às tribunas doutrinárias, principalmente à da Federação Espírita
Brasileira, a cujas sessões de estudos comparecia com bastante assiduidade.
Embora não fosse dotado de cultura acadêmica, escrevia artigos
doutrinários de forma surpreendente, e fazia uso da palavra em auditórios
espíritas de forma bastante eloqüente. O simples fato de dirigir um jornal de
grande penetração como o foi "Aurora", demonstra a fibra e o valor desse
seareiro incomparável e incansável.
Com 80 anos de idade, retornou à patria espiritual, após lenta agonia.
Dias antes da sua desencarnação, com a coragem e a serenidade de um
justo, ditara para os seus familiares os termos do convite para os seus funerais:
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24
JOÃO BATISTA PEREIRA
O Dr. João Batista Pereira foi notável advogado, nascido na cidade
de Cachoeiro do Itapemirim, Estado do Espírito Santo.
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JOÃO FUSCO (JOFUS)
João Fusco, mais conhecido por Jofus, nasceu na cidade de
Araraqüara, Estado de São Paulo, no dia 1º de junho de 1895, e
desencarnou em S. Paulo, com 50 anos de idade a 6 de julho de 1945.
26
JOÃO LEÃO PITTA
Nascido no dia 11 de abril de 1875, na Ilha da Madeira, Portugal e
desencarnado no dia 11 de fevereiro de 1957, no Brasil.
João Leão Pitta fez os seus primeiros estudos em sua terra natal, cursando
um colégio particular e alcançando um grau de instrução equivalente ao nosso
curso secundário. Terminados esses estudos deliberou ir para o continente a
fim de se aperfeiçoar e escolher uma carreira.
Nessa altura surgiu um imprevisto: seus pais alimentavam a idéia de fazer
com que ele seguisse a carreira eclesiástica e se ordenasse padre católico.
Entretanto, a sua propensão era norteada no sentido de ser admitido na
marinha portuguesa. Não conseguindo estudar o que aspirava, veio para o
Brasil sem o consentimento de seus pais, aportando no Rio de Janeiro com
apenas 16 anos de idade e com quatrocentos réis no bolso.
Não tendo conhecidos nem parentes, empregou-se numa padaria, onde,
pelo menos, tinha acomodação e alimentação. Não se sentindo bem na antiga
Capital Federal, deliberou transferir-se para a cidade de Piracicaba, no Estado
de S. Paulo, onde se casou com D. Maria Joaquina dos Reis, de cujo consórcio
teve 12 filhos. Posteriormente voltou para o Rio de Janeiro, onde se ocupou da
profissão de tecelão, chegando a ser contramestre da fábrica.
Um acontecimento, no entanto, mudou o rumo de sua vida. Uma de suas
filhas ficou bastante doente, e ele, sem recursos para sustentar sua numerosa
prole e atender à enfermidade da filha, resolveu procurar um Centro Espírita.
Não estava animado do propósito de haurir os benefícios doutrinários do
Espiritismo, mas sim, de obter a cura de sua filha. Foi ali que conheceu um
médium receitista.
Pitta tinha o hábito de discutir. Porém, o médium não admitia discussões
com referência à Doutrina Espírita e deu-lhe alguns livros para que os lesse.
Fez as primeiras leituras com manifesta má vontade, mas, aos poucos, foi
tomando interesse e estudou as obras básicas da codificação kardequiana.
Com a desencarnação de três de suas filhas, vítimas de uma epidemia, sua
esposa, cumulada de profundos desgostos, fez com que a família voltasse de
novo para Piracicaba. Conhecedor do Espiritismo, não perdeu tempo e logo
descobriu que, na cidade, as reuniões espíritas eram realizadas mais por
curiosidade de que por apego aos estudos. Tomou então a deliberação de
conclamar alguns amigos, demonstrando-lhes a responsabilidade moral de
cada um, após o que conseguiu, em companhia de outros confrades,
compenetrados do caráter sério e nobilitante da Doutrina dos Espíritos, fundar,
no ano de 1904, a "Igreja Espírita Fora da Caridade não há
Salvação", a pioneira das instituições espíritas da cidade.
Logo após a fundação do Centro Espírita, o clero católico moveu-lhe acerba
campanha e, como decorrência não conseguiu emprego na cidade e ficou sem
crédito por mais de um ano. Todos lhe negavam serviço, apesar de ser homem
honesto e trabalhador. Nesse período crítico de sua vida, sua esposa costurava
para ganhar algum dinheiro, conseguindo assim amparar a família e superar a
crise.
Logo após, conseguiu arranjar emprego numa loja de ferragens de
propriedade de Pedro de Camargo, que mais tarde se tornou o famoso
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27
JOSÉ PETITINGA
Nascido no dia 2 de dezembro de 1866 e desencarnado a 25 de
março de 1939.
28
JÚLIO ABREU FILHO
Nascido na cidade de Quixadá, Estado do Ceará, a 10 de dezembro
de 1893, e desencarnado em S. Paulo, no dia 28 de setembro de 1971.
29
JUVÊNCIO DE ARAÚJO FIGUEIREDO
Nascido a 27 de setembro de 1865, em Coqueiros, Florianópolis,
Estado de Santa Catarina, e desencarnado a 6 de abril de 1927, na mesma
cidade.
30
MIGUEL VIVES Y VIVES
de sua terra, apesar de viver num país de profundas tradições católicas, onde
homens e livros foram queimados no decorrer de muitos séculos.
Miguel Vives foi notável espírita. Foi um homem que se dignificou pela
prática das boas obras e pelo desempenho de verdadeira missão de tolerância
e de amor.
Num dos seus escritos, publicados na revista "A Doutrina" órgão da
"Federação Espírita do Paraná", de cuja instituição era sócio honorário,
escreveu em 1906: "Os Centros Espíritas devem ser a catedra do Espírito de
Verdade, porque a não ter o Espírito de luz a sua cátedra, teria sua influência o
Espírito do erro e infelizes deses Espíritos que se acham sob a influência do
Espírito das trevas, porque pouco, muito pouco se adiantam na senda do
progresso.
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PEDRO DE CAMARGO VINÍCIUS
Nascido no dia 7 de maio de 1878, na cidade de Piracicaba, Estado
de S. Paulo, e desencarnado no dia 11 de outubro de 1966, na cidade de
São Paulo.
***
32
PEDRO LAMEIRA DE ANDRADE
Nascido na cidade do Rio de janeiro, em 16 de setembro de 1880, e
desencarnado em São Paulo, no dia 1º de março de 1938.
33
UMBERTO BRUSSOLO
Nascido em Veneza Itália, no dia 30 de junho de 1877, veio para o
Brasil em 1889. Sua desencarnação ocorreu em S. Paulo, no dia 8 de
setembro de 1938.
34
VIANA DE CARVALHO
Nascido na cidade de Icó, Estado do Ceará, aos 10 de dezembro de
1874, era filho do professor Tomás Antônio de Carvalho e de D. Josefa
Viana de Carvalho. Desencarnou a bordo do navio "Íris", sendo o seu
corpo sepultado na Bahia, aparentemente em Salvador. Era o dia 13 de
outubro de 1926.
35
WILLIAM STAINTON MOSES
Nascido a 5 de novembro de 1839, em Domington, Lincolnshire,
Inglaterra, e desencarnado a 5 de setembro de 1892.
William Stainton Moses
Seu pai, William Moses, era reitor da Escola de Gramática, e sua mãe era
filha de Thomas Stainton d'Alford. O jovem William Stainton Moses iniciou os
seus estudos sob a direção de seu pai e foi em seguida confiado a um
professor particular que, maravilhado pelas suas aptidões, se empenhou
fervorosamente com seu genitor para que enviasse o filho a uma escola
pública. Em 1855, ingressou na Escola de Gramática de Bedford, onde estudou
durante três anos, merecendo dos mestres os mais francos elogios, pois a par
da sua dedicação aos estudos revelava acendrado sentimento do dever. Após
receber numerosos prêmios deixou essa escola.
De Bedford, Stainton Moses entrou para o "Exeter College", de Oxford, no
ano de 1858. A sua vida de estudante foi digna dos maiores encômios, tendo
mesmo adoecido gravemente devido ao demasiado apego às matérias
escolares.
A fim de convalecer da enfermidade, viajou durante um ano pelo continente
europeu e, na volta, passou seis meses no velho mosteiro grego do Monte
Athos. A curiosidade e sobretudo uma grande necessidade de meditação e de
isolamento o obrigaram a permanecer todo esse tempo no convento. Alguns
anos após o seu mentor espiritual, conhecido por Imperator, explicou-lhe que
desde essa época ele vinha sendo influenciado por entidades espirituais,
interessadas em ajudar a sua educação espiritual ...
Com 23 anos de idade, Stainton Moses voltou para Oxford. Ali, recebendo
o diploma, deixou a Universidade em 1863. Embora estivesse desfrutando de
melhor saúde, a necessidade de viver uma vida no campo, levou-o a aceitar
um curato em Maughold, perto de Ramsay, Ilha de Man, permanecendo ali
durante cinco anos, substituindo o reitor que, devido à sua idade avançada,
não podia mais exercer essas funções. Isso levou Moses a exercer tarefa
dupla.
Uma epidemia de varíola, que se manifestou nessa região, pôs em relevo a
sua dedicação e intrepidez. Como não havia médico no lugar, o jovem, que
tinha alguns conhecimentos de medicina, tratou dos corpos e das almas dos
habitantes da região. Dia e noite ele se desdobrava, porém a epidemia
progredia lentamente, fazendo com que ele além de pastor religioso se
transformasse no médico e no coveiro daquele núcleo populacional. A sua
extrema dedicação fez com que se tornasse ainda mais querido por parte dos
seus paroquianos. Entretanto, a sua saúde, que não podia suportar as
obrigações impostas pela administração de duas paróquias, obrigou-o a
procurar uma nova residência. Apesar de uma petição que lhe foi dirigida pelos
habitantes do local, Stainton Moses retirou-se pesaroso, para ocupar em 1868,
o curato de Saint-Georges, Douglas, Ilha de Man, onde caiu gravemente
enfermo, sendo tratado pelo Dr. Stanhope Speers, que residia em Douglas com
sua esposa, e que já não exercia a sua profissão.
Em setembro de 1869, abandonou o curato, deixando ali profunda
impressão pela prédica e caridade praticadas. Decorridos alguns meses, nos
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A sua obra "Ensinos Espiritualistas" foi vertida para o português por Oscar
D'Argonnel. Trata-se de uma obra que encerra uma série de ensinamentos
ministrados pelo Espírito Imperator, e que Stainton Moses, que também usava
o pseudônimo de A. Oxon, publicou, e que a Aliança Espiritualista de Londres,
através do seu Conselho, fez publicar em edição comemorativa, prestando
efusiva homenagem ao seu inolvidável fundador.
Em sua vida de relação, Stainton Moses era um homem cordato, justo, que
sempre exercia julgamentos retos, modesto, sem vaidade, que jamais dirigia
palavras ásperas aos seus detratores e que, em resumo, possuía um conjunto
de qualidades raras entre os homens.
Fim