Pedro Nunca Foi Papa! [com Comentários]
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Pedro Nunca Foi Papa! [com Comentários] - Ex-padre Anibal Pereira Dos Reis
PEDRO
NUNCA
FOI
PAPA!
[com comentários]
FINALIDADE DESTA OBRA
Este livro como os demais por mim publicados tem o intuito de levar os homens a se tornarem melhores, a amar a Deus acima de tudo e ao próximo com a si mesmo. Minhas obras não têm a finalidade de entretenimento, mas de provocar a reflexão sobre a nossa existência. Em Deus há resposta para tudo, mas a caminhada para o conhecimento é gradual e não alcançaremos respostas para tudo, porque nossa mente não tem espaço livre suficiente para suportar. Mas neste livro você encontrará algumas respostas para alguns dos dilemas de nossa existência.
AUTORES: Ex-padre Aníbal Pereira dos Reis e o Escriba de Cristo que é licenciado em Ciências Biológicas e História pela Universidade Metropolitana de Santos; possui curso superior em Gestão de Empresas pela UNIMONTE de Santos; é Bacharel em Teologia pela Faculdade das Assembléias de Deus de Santos; tem formação Técnica em Polícia Judiciária pela USP e dois diplomas de Harvard University dos EUA sobre Epístolas Paulinas e Manuscritos da Idade Média. Radialista profissional pelo SENAC de Santos, reconhecido pelo Ministério do Trabalho. Nasceu em Itabaiana/SE, em 1969. Em 1990 fundou o Centro de Evangelismo Universal; hoje se dedica a escrever livros e ao ministério de intercessão. Não tendo interesse em dar palestras ou participar de eventos, evitando convívio social.
CONTATO:
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55 13 996220766 com o Escriba de Cristo
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Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)
M543 Ex-padre Aníbal Pereira dos Reis – Central
de Ensinos Bíblicos 1969 –
Pedro nunca foi Papa! [com comentários]
Campos do Jordão /SP, Livrorama
Bibliomundi, Amazon.com, 2023, 412 p. ; 21 cm
ISBN: 9798856546391 Edição 1°
Teologia 2. Bíblia 3. Ex-padre Aníbal P dos Reis
4. Apóstolo Pedro 5.Igreja católica 6. Papa
CDD 220
CDU 22
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Sumário
INTRODUÇÃO
DEDICO
CONSAGRO
PRÓLOGO
EXPERIÊNCIA AMARGA DE UM PADRE DEVOTO DO PAPA
A CARACTERÍSTICA BÁSICA DA IGREJA
A NATUREZA DA AUTORIDADE PONTIFÍCIA
ORIGEM DA PRIMAZIA JURISDICIONAL DO SUMO PONTÍFICE
TU ES PETRUS ET SUPER HANC PETRAM AEDIFICABO ECCLESIAM MEAM!
METÁFORAS NA BÍBLIA
O FILHO DO HOMEM NAS VISÕES DE DANIEL
A PEDRA NA SIMBOLOGIA JUDAICA
O TEMPLO, METÁFORA DO CORPO DE CRISTO
EXEGESE LITERAL DE MATEUS 16.18
NO FRAGOR DA BATALHA
NEM O ARAMAICO SALVOU MINHA FÉ NO PRIMADO JURISDICIONAL DE PEDRO
O INCONSISTENTE SUPORTE DA TRADIÇÃO
PEDRO, FUNDAMENTO DA IGREJA
O PODER JURISDICIONAL REVELADO NO SIMBOLISMO DAS CHAVES
TU SERÁS CHAMADO KEPHAS
O PRIMEIRO SIMÃO, CHAMADO PEDRO
A INVESTIDURA DE PEDRO NO PRIMADO DA IGREJA
ONDE A PRIMAZIA DE PEDRO ENTRE OS DOZE?
E A PRIMAZIA DE PEDRO NA IGREJA APOSTÓLICA?
PEDRO E PAULO: QUAL O MAIOR?
PERPETUOU-SE, PORVENTURA, O PRIMADO DE PEDRO NUMA LINHA ININTERRUPTA DE SUCESSORES?
O LEGÍTIMO VIGÁRIO DE CRISTO NA IGREJA
INTRODUÇÃO
Este livro serve para desmitificar a crença que o apostólo Pedro foi o primeiro Papa. Não havia papa no cristianismo nem nos tempos de Jesus, nem nos tempos apostólicos e nem nos tempos pós-apostólicos. Esta aberração estrutural do cristianismo se formou lá pelo quarto século. Nesta obra literária o genial ex-padre Anibal Pereira do Reis que faleceu em 1991 liquida a fatura em termos de boas argumentações sobre a questão de Pedro ser Papa. Sempre que lemos ou ouvimos coisas que vão contra nossa fé ou crença, criamos uma defesa para não se convencer. Fica a seu critério ler este livro com honestidade intelectual, ou simplesmente esquecer que teve esta oportunidade de confronto consigo mesmo. Qualquer leigo de inteligência mediana, ao ler o livro de Atos dos Apóstolos que é na verdade o livro da história dos primeiros anos do cristianismo, verá que até um terço do livro de Atos vários personagens se alternam em importância no seio cristão, entre eles, Pedro, Filipe, Estevão, mas dois terço do livro se dedica a conta as proezas do apóstlo Paulo. Se fosse para colocar na posição de papa, com certeza o apóstolo seria Paulo porque ele centraliza as atenções no livro de Atos e depois boa parte dos livros do Novo Testamento foram escritos por Paulo. Pedro escreveu somente duas epístolas. A criação do papado foi uma forma de uma elite criar um cargo para centralizar o poder sobre os cristãos. Estudando antropologia, veremos que sempre se formam autocratas nas sociedades para tentar manter um grupo coeso, só que no cristianismo o que faz a liga entre os cristãos é o próprio Cristo.
DEDICO
A Elias,
A Jeremias,
A Isaías,
A todos os PROFETAS do Senhor, valentes servos da Causa, sempre dispostos ao martírio pela VERDADE...
A João Batista, que não era uma cana abalada pelo vento, mas que, pela VERDADE, renunciou às comodidades legítimas da vida e se expôs ao sacrifício...
A Paulo Apóstolo, o promotor de sedições
, posto para a defesa do EVANGELHO...
A todos os homens sérios e sinceros, herdeiros dos sete mil, cujos joelhos não se dobram a Baal. A Baal das conveniências sociais. A Baal da détente religiosa. A Baal de uma prudência criminosa. A Baal do falso amor, sinônimo de conivência com o erro e com o pecado. A Baal das ondas da moda. A Baal da subserviência aos oligarcas elegantes, de unhas polidas, empoados e carminados. A Baal da tolerância com o modernismo teológico. A Baal da ação ecumenista...
CONSAGRO
A JESUS CRISTO, o Filho Unigênito de Deus encarnado, que padeceu e morreu na cruz em resgate pelos nossos pecados e que, à destra do Pai, é o Advogado daqueles que nEle confiam...
A JESUS CRISTO, cuja palavra vigorosa lançou objurgatórias duríssimas aos religiosos do Seu tempo, comprometidos com as tradições dos homens...
A JESUS CRISTO, a VERDADE personificada que exige integral fidelidade...
A JESUS CRISTO, que promete aos Seus seguidores a cruz dos sofrimentos e as Seus íntegros fiéis a bem-aventurança das perseguições...
.oOo.
PRÓLOGO
Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança, e não pende para os arrogantes, nem para os afeiçoados à mentira
(Salmo 40.4)
NON SUM SOLUS,
SED VERITAS MECUM!!!
Este livro, obra de consciência, é depoimento. É estudo. E é contestação.
Como depoimento, relata uma experiência vivida e vívida.
O depoimento é atual porque a experiência foi vivida nestes dias.
Rios de tinta, assevera-se, correram sobre o versículo 18 de Mateus 16, o texto capital da Teologia Vaticana. Por causa dele verti muitas lágrimas em indizíveis sofrimentos e agonias imensas.
Amei estranhamente o papa
. Servi-o em absoluta sujeição com entusiasmo inexcedível. Em consequência, no doloroso processo de minha conversão a Jesus Cristo, o dogma sobre a sua primazia jurisdicional, foi o último a se desfazer no complexo de minhas crenças católicas.
Na contextura destas páginas, como fio a aproximar, a unir e a concatenar os argumentos, salienta-se a minha experiência de sacerdote dedicado ao soberano pontífice.
***
Exige-se da experiência religiosa – se a desejarmos válida e autêntica – um enraizamento na Razão.
Acompanhá-la, como condimento, poderão as emoções. Abstraindo-se, porém, do raciocínio, evaporar-se-á com a transitoriedade dos sentimentos inconsistentes.
O estudo é o labor da Inteligência, cujo norte é a Verdade.
Estas experiências de doridos padecimentos entreteceram os longos e árduos estudos na insopitável ânsia da Verdade.
Obra de acurado e paciente exame exegético das Escrituras arroladas pela Teologia Dogmática na defesa da tese pontifícia, ao refutá-la, objetiva exaltar JESUS CRISTO, como o ÚNICO E EXCELSO PRIMAZ da Igreja por ser dela A ROCHA FUNDAMENTAL, INCONCUSA E ETERNA.
O seu propósito é reivindicar a PRIMORDIALIDADE EXCLUSIVA E ABSOLUTA DE JESUS CRISTO sobre a Sua Igreja, a qual dirige, orienta e governa pelo Seu Vigário, o Espírito Santo, nela presente até a consumação dos séculos.
*** Contestação?
Acaso ficaria bem contestar-se uma autoridade
empenhada no estabelecimento da paz entre os homens? Não seria conveniente dar-lhe um crédito de confiança quando deseja juntar sua voz à daqueles que clamam pela paz nesta hora de tanta conturbação e terror de uma eminente guerra?
Não seria, por acaso, inoportuno, o levantar-se contra o pontífice diligente em harmonizar todas as áreas religiosas, sobretudo as cristãs?
Duas razões, contudo, revelam a atualidade deste livro como contestação à primazia do papa
:
PRIMEIRA:- A Palavra de Deus é indefectível. Imutável. E, à sua luz, os erros sempre merecem ser profligados. Desprovida de fundamentação bíblica, mas edificada em inescrupulosas falsificações de passagens sagradas e da História, falece ao pontífice vaticano autoridade para falar em paz.
Paz se define com a tranquilidade da ordem. Mas haverá ordem fora da Verdade?
O erro, em si mesmo, é desordem.
Sem o prestígio da Verdade, como poderá o papa
reclamar a paz e sugerir normas à sua procura e estabelecimento?
***
Tanto o profeta como o sacerdote usam de falsidade. Curam superficialmente a ferida do Meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz
(Jeremias 6.13-14).
No contexto do erro, com a boca fala cada um de paz com o seu companheiro, mas no interior lhe arma ciladas
(Jeremias 9.8).
Sem a Verdade, impossível a Ordem. E sem esta, impossível a Tranquilidade. Sem a Tranqüilidade, torna-se inexequível a Paz.
Sem a Verdade torna-se absurdo o pregar-se a Paz. É incongruência. É demagogia.
O Concílio Vaticano II de inovador só teve a fachada e o palanfrório para apalermar os basbaques. Nunca a hierarquia manifestou desejo de ceder o seu ponto-de-vista quanto à unidade dos cristãos sob o báculo do pontífice romano.
Resultado de tremenda falsificação de textos bíblicos, cuja interpretação força, torce e retorce, não trepida o papado na mistificação do presente para se impor como centro de unidade cristã.
Acastelado na hipocrisia solerte e armado da mentira deslavada, aproveita-se ele da maldita cumplicidade dos bons e da atuação dos fantoches predicantes de fraternidade para, com a sua guerra gentil intitulada de ecumenismo, solapar, de manso, os redutos adversários e obliterar o senso evangélico dos crentes em Cristo.
***
Desde 20 de dezembro de 1949, quando promulgada a Instrução DE MONITIONE OECUMENICA, pelo papa
Pio XII, a ação ecumenista põe em destaque a autoridade pontifícia como êxito do seu propósito.
O Decreto UNITATIS REDINTEGRATIO, de 21 de novembro de 1964, emanado do Concílio Vaticano II, simplesmente reedita as orientações do papa
Pacelli, quando, na alínea 24, lembra o objetivo primacial do ecumenismo, qual seja o de conciliar todos os cristãos na unidade de uma só e única Igreja de Cristo
. E, conforme a Constituição Dogmática LUMEN GENTIUM, aprovada, decretada e estatuída naquele mesmo dia de 1964, pelo Vaticano II, esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele
(§ 8).
Nisto, de resto, a hierarquia clerical de Roma tem sido muito clara:
o movimento ecumenista se centraliza na autoridade do papa
a cuja égide todos os cristãos devem se congraçar.
Sob a inspiração deste intento, os bispos do Vaticano II salientam no item 3 do Decreto REDINTEGRATIO UNITATIS, o documento específico sobre as normas adotadas na ação ecumenista: os irmãos de nós separados, quer como indivíduos, quer como Comunidades e Igrejas, não gozam daquela unidade que Jesus quis prodigalizar a todos os que regenerou e convivificou num só corpo e em novidade de vida e que as Sagradas Escrituras e a venerável Tradição da Igreja professam. Pois só pela Igreja Católica de Cristo, instrumento geral de salvação, pode ser atingida toda a plenitude dos meios de salvação. Cremos também que o Senhor confiou todos os bens do NT só ao Colégio Apostólico, a cuja testa está Pedro, com o fim de constituir na terra um só corpo de Cristo. É necessário que a Ele se incorporem plenamente todos os que de alguma forma pertencem ao povo de Deus
.
SEGUNDA:- A subreptícia ação ecumenista, atual e atuante ao diluir convicções, esclerosa as consciências, amoldando-as e jungindoas ao intento unionista sob a tiara papal.
***
Contestar contra a guerra, contra as injustiças sociais, contra a corrida armamentista, contra a fome, contra o racismo, contra a carestia, é muito simpático e rende aplausos.
Contestar contra a imoralidade dos costumes, contra o aborto, contra a hipocrisia da détente, contra a filosofia da sibarita sociedade de consumo, contra a corrupção da Arte, contra o desbragamento das modas, porém, é extremamente antipático e provoca escárnio.
E contestar a mentira religiosa?
Isso, então se constitui em crime de lesa-liberdade de consciência a merecer as mais escusas masmorras do desprezo. Quem apostrofa o erro religioso, supõe-se, cristalizou-se no passado. Está fora de época. É um quadrado
. Ultrapassado, suas palavras devem ecoar no deserto para não importunar as mútuas louvaminhações dos engajados sincretistas.
Pregando em certa cidade do País, os evangélicos comprometidos com o contubérnio ecumenista, do lado de fora do templo, clamavam:
Esse pastor precisa morrer!
A todos contrasteia o meu espírito de rebeldia.
Prefiro estar na companhia de um Elias, o perturbador de Israel
(1º Reis 18.17). De um Jeremias, coluna de ferro
(Jeremias 1.18). De um João Batista, contestário da situação (Lucas 3.1-20). De um Paulo Apóstolo, o promotor de sedições
(Atos 24.5).
Prefiro estar com Jesus Cristo, perversor da nação (Lucas 23.2) e rebelde contra os líderes religiosos contemporâneos (Mateus 23.1-39).
Prefiro estar com a Bíblia, Palavra de Deus, única e exclusiva Regra de Fé e Prática religiosas.
Prefiro estar com as pessoas sérias, eretas na sua fidelidade à Bíblia, de têmpera de aço porque não se deixam embodocar às imposições dos ventos de doutrinas e das fábulas profanas e de velhas (1ª Timóteo 4.7).
Prefiro estar com a Verdade. A Verdade sempre atual porque sobranceira às ondas fugazes das novidades.
Estando com a Verdade não estarei só!
NON SUM SOLUS, SED VERITAS MECUM...
***
Estando com a Verdade, emparceiro-me com os de conduta retilínea, com os fortes, com Elias, com João Batista, com Jeremias, com Paulo...
Estando com a Verdade, serei fiel a Jesus Cristo, a VERDADE encarnada (João 14.6).
***
Dentre os indícios da Segunda Vinda de Jesus se distingue o da apostasia porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos
(Mateus 24.24).
O ecumenismo é o movimento, o regime de cambalachos, suscitado com o objetivo de reunir todos os apóstatas e acomadrar os desfibrados.
Nenhuma novidade o assinala porque em seu bojo traz como bagagem todo o acervo da dogmática do Vaticano.
Em meu livro O ECUMENISMO, ao estender-me em demonstrar ser o catolicismo romano o mesmo de sempre, provo ser único o ecumenismo, pois, é disparate e resultado de ignorância supor-se a existência de vários movimentos ecumênicos, dentre os quais destacarse-iam o evangélico e o católico.
Este único ecumenismo insiste em obter por métodos solertes o que a Santa Inquisição
deixou de alcançar com a violência.
Ele ambiciona fazer valer o pontificado romano como o centro da unidade – centrum unitatis – de todos os cristãos.
A hierarquia clerical, a poderosa e aristocrática organização internacional, sempre pleiteou instalar a unidade ecumênica sobre o dogma da preeminência do papa
(cf. Cardeal Belarmino, marcado pela sua postura de apologista católico em oposição às doutrinas protestantes, in Bel. Op., tomo II, lib. IV, De Not. Eccle., em 1620; Petrus Dens, Teol. Dog., tomo II, pg. 120; De Not. Eccle., qua dicitur uma, Dublin, 1832).
A Igreja ou há de ser papocêntrica ou não é Igreja. Facilis et certa ad inveniendam veram Christi Ecclesiam est via primatus.
UBI PETRUS IBI ECCLESIA!
Esta é a única Igreja de Cristo que no símbolo confessamos uma, santa, católica, apostólica; que nosso Salvador, depois da Sua Ressurreição, entregou a Pedro para a apascentar (João 15.17)
, proclama SINTONIZADO e SINCRONIZADO com a velha doutrinária o Concílio Ecumênico Vaticano II.
À vista deste escopo da ação ecumenista infere-se, além da oportunidade deste livro, a necessidade e a urgência de ser ele lido, meditado e estudado.
Por ser vívida a experiência e a exegese inamolgável dos textos bíblicos.
No percurso destas páginas discutiremos princípios, oporemos argumentos a argumentos, doutrinas a doutrinas, a fim de realçar, diáfana e límpida, a VERDADE.
Desassombrados dissecaremos, escalpelo da Palavra de Deus em punho, o Tratado DE ROMANO PONTIFICE, objetivando reivindicar a integridade da soberania absoluta e exclusiva de JESUS CRISTO.
UBI CHRISTUS IBI ECCLESIA!!!
São Paulo, 8 de dezembro de 1974
Dr. Aníbal Pereira dos Reis
.oOo.
EXPERIÊNCIA AMARGA DE UM PADRE DEVOTO DO PAPA
Este ano de 1974 assinala o 25º aniversário de minha ordenação sacerdotal ocorrida em Montes Claros, Estado de Minas Gerais, aos 8 de dezembro de 1949.
Destes 25 anos, 15 e alguns meses dediquei-os ao exercício intransigentemente fiel daquele ministério.
Formado pelo trabalho sedimentário de aluviões doutrinários, ao papa
submeti-me com toda docilidade – perinde ac baculius, perinde ac cadáver.
Servia-o com entusiasmo inexcedível e terníssima devoção.
[O ex-padre Aníbal ficou conhecido no século XX como um combativo pastor batista de grande saber e de um vocabulário rico, não era um padre qualquer, era um intelectual, vê-se pelo linguajar dos seus textos.]
Com todas as veras d’alma procurei atender ao juramento de fidelidade em sua primazia soberana feito na noite anterior à minha unção sacerdotal assinado com o meu próprio sangue.
Nascido num lar profundamente católico, com o leite materno bebi, a largos sorvos, o amor ao SANTO PADRE
. Educado na mais estrita observância dos preceitos e princípios daquela religião, incondicionado, submeti-me-lhe por encontrar nele o lastro da hegemonia espiritual da minha Igreja Católica Apostólica Romana
.
Perduram em meus ouvidos os acentos suaves e ternos da voz da minha avó materna, quando, em sua cantante língua italiana, dizia, ao se referir ao papa
: Il dolce Christo in terra
(o doce Cristo na terra).
A repetir, na minha infância emoldurada das mais ridentes paisagens, aquelas rezas estereotipadas, em sua intenção, sempre rezava pelo menos uma Ave Maria
.
Com meus confrades marianos, estuante de entusiasmo, cantava o seu hino marcial – Viva o papa...
– ao desfraldar nas procissões a sua bandeira alvi-ouro, destinada a ser, conforme então sonhava, o único pavilhão do mundo a congraçar todos os povos porque deveria haver um só chefe, o papa
, soberano e monarca supremo de todas as nações e de todas as raças.
Incontido, em arroubos de entusiasmo pronunciava o nome de Pio XI, ao cantar o hino do nosso sodalício: Mocidade brilhante e sadia...
.
Quando, em 1938, faleceu este pontífice, alma enlutada, enchi-me de mágoa.
Durante os dias de consistório de que sairia eleito o seu sucessor, rezei com fervor e impus-me árduos sacrifícios em proveito dos cardeais conclavistas e do novo sucessor de Pedro.
Explodi em jubilosas manifestações com os meus irmãos congregados marianos quando se noticiou a eleição do cardeal Eugênio Pacelli, o papa
Pio XII.
Estávamos em vésperas da Segunda Conflagração Mundial e via em Pio XII a PAX COELLI – a paz do Céu – para a terra se os homens lhe quisessem ouvir e acatar a voz.
No decurso de minha infância e de minha adolescência, a fé no santo padre
se acendrava em devoção profunda. E, no decorrer do Seminário católico, também em amor vibrante.
Com enorme expectativa aguardava as notícias sobre a guerra na Itália transmitidas pelo reitor do nosso Seminário, pois era-nos vedado o uso do rádio. Relatou-nos ele, de certa feita, um fato enternecedor. Logo após um bombardeio contra Roma, informou-nos, Pio XII saíra às ruas a levar consolo às multidões espavoridas, senão quando salpicaralhe a sotaina branca o sangue de um jovem ferido.
***
Apeado de sua sede gestatória, nivelado entre o povo esmagado de dor, ereto, magro, faces encovadas, braços estendidos, fronte erguida para o alto, batina enodoada de sangue, Pio XII, em pleno centro de Roma, a clamar pela paz entre os homens.
PAX COELLI!!! Paz do Céu!!! PACELLI!!!
***
Fascinado pela personalidade de Pacelli, como lembrança da minha ordenação sacerdotal, distribuí o seu retrato a significar-lhe este amor vibrante e a vassalagem do meu sacerdócio à sua autoridade primacial e ao seu serviço.
***
A segurança espiritual na certeza de minha salvação eterna constituía-se-me em supremo anseio no sacerdócio.
Conquanto sacerdote muito dedicado e em extremo zeloso, jamais obtive essa paz tão anelada e ansiosamente procurada desde a infância, conforme relato em minha autobiografia ESTE PADRE ESCAPOU DAS GARRAS DO PAPA!!!
Em maio de 1961, num instante de encruzilhada quando me escurentaram todos os horizontes d’alma, às mãos chegou-me a Bíblia Sagrada.
Leniu-me o coração esmagado a sua leitura. E, na busca de alívio duradouro, em constância diuturna, lia-lhe trechos esparsos, encontrados sobretudo entre os Salmos.
***
Muitas pessoas leem a Bíblia e se obstinam na incredulidade... Olhos vendados, nela não descobrem o plano de salvação estabelecido por Deus em Jesus Cristo, o único e todo-suficiente Salvador, a comunicar a vida eterna pela instrumentalidade exclusiva da fé nEle.
Tantos outros recalcitrantes em seus enganos religiosos nos textos sagrados buscam justificativas para neles permanecerem.
E outros, almas aflitas, a procurarem em passagens bíblicas consolo para as suas torturas e desilusões...
Da língua original, certo sacerdote traduziu para o nosso vernáculo o NT inteiro. E se emaranhou no tremedal do panteísmo...
O que falta a essa gente?
Falta-lhe disposição de acatar a Soberana Vontade de Deus registrada nas Sagradas Páginas.
Dispensa-se a iluminação do Espírito Santo do Senhor e se supõe encontrar na Bíblia passagens que coonestem e justifiquem enganos religiosos...
***
Vencida a rudeza daquele sofrimento íntimo, decidi-me prosseguir na leitura da Bíblia. Sempre apreciei a leitura. E lera tantas obras dos clássicos. Por que, então, escusar-me de ler a Bíblia?
Este exercício, porém, de pronto, começou a causar-me espanto pelas dúvidas a levantar em minha consciência. Dúvidas sobre os dogmas da minha religião.
Seguiram-se, então, meses de indizíveis sofrimentos.
Exigiu-me o Senhor doloríssimo processo de conversão.
Quantas dúvidas! Vacilações, incertezas, conflitos em minha pobre alma...
Ao benzer uma imagem... Ao batizar
uma criança... Ao ungir um enfermo... Ao celebrar missa... Ao distribuir a comunhão... Ao rezar o breviário... Ao promover as novenas do santos
... Ao dar a bênção do santíssimo
... Ao desfiar as contas do rosário...
Quantas suspeitas sobre a verdade e a validade de tudo aquilo! Que horror de incertezas!!!
Há sacerdotes que primeiro se afastaram do ministério clerical, tendo em vista contrair núpcias, e depois se converteram. De certo, sofreram.
Reservou-me Deus caminhos mais abrolhosos.
Lia, examinava as Escrituras. Estudava-as. Confrontava textos com textos. Perscrutava. Esquadrinhava versículos. Sondava palavras. Analisava. Investigava. Ansiava pela Verdade!
Armava-me de todo material de idéias e de fórmulas. Axiomas e postulados, teses, interpretações, comentários, consensos patrísticos, frases campanudas e o respeito feiticista pelos ídolos tradicionais.
Ansiava pela Verdade. Queria-a, porém, na estruturação do catolicismo.
Queria verdadeiro o culto de imagens.
A missa? Desejava-a legítima participação ou renovação do sacrifício cruento e vicário de Cristo.
O purgatório? Anelava encontrar nas Escrituras base de sua existência.
Devotíssimo de Maria, valia-me de todos os textos a ela referidos na sofreguidão de encontrar a Verdade sobre a sua co-redenção, a sua mediação universal, o seu poder de advogada nossa.
Queria biblicamente legítimos todos os sacramentos. Em número de 7, consoante peremptório definição do Concílio Tridentino.
E os santos
? Até à exaustão, procurei no Livro Sagrado a demonstração apodíctica da legitimidade do seu culto.
Sim, ambicionava com sofreguidão incontida encontrar na Bíblia toda a dogmática católica!!!
E fui procurá-la com ardor insopitável. E sofrimento desesperador!!!
***
Lia as Sagradas Escrituras. Profligavam elas determinado dogma da minha religião.
Desesperava-me e rasgava o seu volume, atirando os seus pedaços ao fogo. Propunha-me a atender o meu bispo a quem, com sinceridade, recorria e que me recomendava deixasse aquela leitura se não quisesse acabar louco.
Passados dois ou três dias, arrependido, adquiria outro exemplar da Bíblia. Retornava à sua leitura. Assaltava-me a mesma sofreguidão de procurar elementos capazes de justificar minha fé nos dogmas característicos do romanismo.
Frustrado e contraditado pela Palavra de Deus, outra vez estraçalhava o volume da Bíblia e o queimava, como se as chamas pudessem consumir os meus cruéis conflitos.
E assim, no cúmulo da angústia, rasguei e queimei dezoito exemplares da Bíblia.
Recordando-me hoje daquelas horas de torturantes padecimentos, com gratidão, verifico como Deus, em Seus amoráveis desígnios, me perseguiu.
Como Bom Pastor, Jesus encalçou-me até me vencer. Até me vergar. Até me salvar e me dar paz!
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Toda a atual dogmática católica romana se alicerça na autoridade papal, transubstanciada pelo Concílio Vaticano II em Novíssimo Testamento.
Torna-se evidente, por conseguinte, que, se alguém deixa, à luz da Bíblia, de aceitar como legítima essa autoridade, rejeitar-lhes-á, outrossim, os ensinos e a suposta infalibilidade ex-cathedra.
Enraizara-se a fé nessa autoridade em meu íntimo de padre formado pelo trabalho sedimentário de aluviões doutrinários que, exceto a convicção da missa, foi a última a se desmoronar.
Se, de pronto, houvesse no processo de minha conversão desacreditado da primazia jurisdicional do papa
e de sua infalibilidade, num instante, todo o complexo dos dogmas especificamente romanistas transformar-se-ia em enunciados quiméricos ou devaneios extravagantes.
Se Deus tem um propósito definido para cada servo Seu, acato submissamente tudo o que Ele me reservou.
Rendo-Lhe ainda graças porque assim minha conversão a Jesus Cristo procede das convicções mais íntimas e firmes, sem quaisquer laivos de crença na doutrinária vaticana.
De certo que, por haver sido tão estranhamente devoto do papa
, o Senhor quis desintoxicar-me por completo e, por isso, exigiu-me estudos sérios, sob o enfoque da Sua Palavra, a respeito do supremo pontificado romano, para me revelar que SÓ O SENHOR É DEUS.
[Não devemos cair no engodo de homens que substituem Deus na terra. Sumo Sacerdote do cristianismo é Jesus, não há linhagem sucessória como no Antigo Testamento no judaísmo e ficou o exemplo como horrível era aquele modelo, porque todos os homens estão corrompidos.]
Ao longo deste livro, a Bíblia será a nossa única armadura.
Dissecaremos os textos arrolados pela dogmática romanista em abono de suas pretensões.
E a primordialidade de Jesus Cristo esplenderá translúcida e luminosa!!! Diante dEle, como Isaías, clamaremos: NÃO, NÃO HÁ OUTRA ROCHA QUE EU CONHEÇA
(44.8).
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A CARACTERÍSTICA BÁSICA DA IGREJA
Conhecer o adversário é a primeira providência a se tomar antes da refrega.
1)- Em sua eclesiologia, a doutrinária romana logo de começo enuncia a hierarquia da Igreja. Afirma ser ela uma sociedade hierárquica de vez que Cristo prometeu e conferiu aos apóstolos especiais e exclusivos poderes em vista da salvação das almas.
Christus instituit Ecclesiam in societatem hierarchicam, solis apostolis promittendo et conferendo in salutem animarum.
Perpetuar-se-ia essa natureza hierárquica em virtude da transmissão sucessiva da autoridade do Colégio Apostólico aos bispos. Auctoritas hierarchica apostolorum perpetua erat et ad successores transitura (D. 960, 966, 967).
Por esta razão
, ressalta o Concílio Ecumênico Vaticano II, em sua Constituição Dogmática Lumen Gentium (§ 20), por esta razão os apóstolos cuidaram de instituir sucessores nesta sociedade hierarquicamente ordenada (...). Constituíram, pois, tais varões e deram-lhes depois a ordenação, a fim de que, quando eles morressem, outros homens íntegros tomassem o seu ministério. Entre aqueles vários ministérios, que desde os primeiros tempos são exercidos na Igreja, conforme atesta a Tradição, o lugar principal é ocupado pelo múnus daqueles que, constituídos no Episcopado, conservam a semente apostólica por sucessão que vem ininterrupta desde o começo (...). Portanto, ensina o Sagrado Sínodo que os Bispos, por instituição divina, sucederam aos Apóstolos como pastores da Igreja...
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Valemo-nos desta alínea da Constituição Dogmática Lumen Gentium no objetivo de demonstrar a sintonia da ante e da pós-conciliar teologia vaticana também sobre o aspecto hierárquico e, portanto, aristocrático da Igreja.
Todo o NT, contudo, desmonta esse arrazoado. O espírito democrático das Igrejas Neotestamentárias repele a hierofania. Em próximo livro, se Deus