Cartilha Bullying FMU
Cartilha Bullying FMU
Cartilha Bullying FMU
2
2010 Conselho Nacional de Justiça
EXPEDIENTE
Porta-voz do CNJ Pedro Del Picchia
Assessor-chefe da Marcone Gonçalves
Comunicação Social do CNJ
Produção de texto Ana Beatriz Barbosa Silva
Médica psiquiatra, diretora técnica da Medicina
do Comportamento SP e RJ, escritora e autora do
livro “BULLYING: Mentes Perigosas nas Escolas”
Revisão Geysa Bigonha
Maria Deusirene
Fotos Gláucio Dettmar
Luiz Silveira
Projeto Gráfico Leandro Luna
Arte, Designer Divanir Junior
e Editoração Marcelo Gomes
5
6
CARTILHA BULLYING PROFESSORES E PROFISSIONAIS DA ESCOLA
1. O QUE É BULLYING?
7
3. EXISTE ALGUMA FORMA DE BULLYING QUE SEJA MAIS MALÉFICA? O
CYBERBULLYING É PIOR DO QUE O BULLYING TRADICIONAL?
Uma das formas mais agressivas de bullying, que ganha cada vez mais espaços sem
fronteiras é o cyberbullying ou bullying virtual. Os ataques ocorrem por meio de ferramentas
tecnológicas como celulares, filmadoras, máquinas fotográficas, internet e seus recursos
(e-mails, sites de relacionamentos, vídeos). Além de a propagação das difamações ser pra-
ticamente instantânea o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas é imensurável. O
cyberbullying extrapola, em muito, os muros das escolas e expõe a vítima ao escárnio
público. Os praticantes desse modo de perversidade também se valem do anonimato e,
sem nenhum constrangimento, atingem a vítima da forma mais vil possível. Traumas e
consequências advindos do bullying virtual são dramáticos.
8
2. Outros carecem de um modelo de educação que seja capaz de associar a autorrea-
lização com atitudes socialmente produtivas e solidárias. Tais agressores procuram
nas ações egoístas e maldosas um meio de adquirir poder e status, e reproduzem os
modelos domésticos na sociedade.
3. Existem ainda aqueles que vivenciam dificuldades momentâneas, como a separação
traumática dos pais, ausência de recursos financeiros, doenças na família etc. A vio-
lência praticada por esses jovens é um fato novo em seu modo de agir e, portanto,
circunstancial.
4. E, por fim, nos deparamos com a minoria dos opressores, porém a mais perversa.
Trata-se de crianças ou adolescentes que apresentam a transgressão como base es-
trutural de suas personalidades. Falta-lhes o sentimento essencial para o exercício do
altruísmo: a empatia.
9
7. COMO PERCEBER QUANDO UMA CRIANÇA OU ADOLESCENTE ESTÁ SOFRENDO
BULLYING? QUAL O COMPORTAMENTO TÍPICO DESSES JOVENS?
10
8. E O CONTRÁRIO? O QUE SE PODE NOTAR NO COMPORTAMENTO DE UM
PRATICANTE DE BULLYING?
Muitas vezes o fenômeno começa em casa. Entretanto, para que os filhos possam ser
mais empáticos e possam agir com respeito ao próximo, é necessário primeiro a revisão do
que ocorre dentro de casa. Os pais, muitas vezes, não questionam suas próprias condutas
e valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores. O exemplo dentro de casa é
fundamental. O ensinamento de ética, solidariedade e altruísmo inicia ainda no berço e se
estende para o âmbito escolar, onde as crianças e adolescentes passarão grande parte do
seu tempo.
O bullying existe em todas as escolas, o grande diferencial entre elas é a postura que
cada uma tomará frente aos casos de bullying. Por incrível que pareça os estudos apontam
para uma postura mais efetiva contra o bullying entre as escolas públicas, que já contam
com uma orientação mais padronizada perante os casos (acionamento dos Conselhos Tute-
lares, Delegacias da Criança e do Adolescente etc.).
11
11. O
ALUNO VÍTIMA DE BULLYING NORMALMENTE CONTA AOS PAIS E
PROFESSORES O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
13. C
OMO É O BULLYING NAS ESCOLAS BRASILEIRAS, EM COMPARAÇÃO A
OUTRAS, DOS ESTADOS UNIDOS OU DA EUROPA? ALGUMA CARACTERÍSTICA
ESPECÍFICA?
12
bullying tende a se manifestar na forma de segregação social a até da xenofobia. No Brasil,
observam-se manifestações semelhantes às dos demais países, mas com peculiaridades
locais: o uso de violência com armas brancas ainda é maior que a exercida com armas
de fogo, uma vez que o acesso a elas ainda é restrito a ambientes sociais dominados
pelo narcotráfico. A violência na forma de descriminação e segregação aparece mais em
escolas particulares de alto poder aquisitivo, onde os descendentes nordestinos, ainda que
economicamente favorecidos, costumam sofrer discriminação em função de seus hábitos,
sotaques ou expressões idiomáticas típicas. Por esses aspectos é necessário sempre anali-
sar, de maneira individualizada, todos os comportamentos de bullying, pois as suas formas
diversas podem sinalizar com mais precisão as possíveis ações para a redução dessas
variadas expressões da violência entre estudantes.
14. Q
UAL A INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE ATUAL NESTE TIPO DE
COMPORTAMENTO?
O individualismo, cultura dos tempos modernos, propiciou essa prática, em que o ter é
muito mais valorizado que o ser, com distorções absurdas de valores éticos. Vive-se em
tempos velozes, com grandes mudanças em todas as esferas sociais. Nesse contexto, a
educação tanto no lar quanto na escola se tornou rapidamente ultrapassada, confusa, sem
parâmetros ou limites. Os pais passaram a ser permissivos em excesso e os filhos cada vez
mais exigentes, egocêntricos. As crianças tendem a se comportar em sociedade de acordo
com os modelos domésticos. Muitos deles não se preocupam com as regras sociais, não
refletem sobre a necessidade delas no convívio coletivo e, nem sequer se preocupam com
as consequências dos seus atos transgressores. Cabe à sociedade como um todo transmitir
às novas gerações valores educacionais mais éticos e responsáveis. Afinal, são estes jovens
que estão delineando o que a sociedade será daqui em diante. Auxiliá-los e conduzi-los na
construção de uma sociedade mais justa e menos violenta, é obrigação de todos.
13
15. C
OMO OS PAIS E PROFESSORES PODEM AJUDAR AS VÍTIMAS DE BULLYING A
SUPERAR O SOFRIMENTO?
14
w w w.cnj.jus.br