O poema descreve que a poesia não deve ser sobre eventos pessoais ou sentimentos, mas sim penetrar no reino das palavras onde os poemas aguardam para ser escritos. O poeta deve conviver com os poemas antes de escrevê-los e esperar que cada um se realize através do poder das palavras e do silêncio. A poesia elimina o sujeito e o objeto e não deve dramatizar ou invocar, mas sim contemplar as palavras secretas.
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O poema descreve que a poesia não deve ser sobre eventos pessoais ou sentimentos, mas sim penetrar no reino das palavras onde os poemas aguardam para ser escritos. O poeta deve conviver com os poemas antes de escrevê-los e esperar que cada um se realize através do poder das palavras e do silêncio. A poesia elimina o sujeito e o objeto e não deve dramatizar ou invocar, mas sim contemplar as palavras secretas.
O poema descreve que a poesia não deve ser sobre eventos pessoais ou sentimentos, mas sim penetrar no reino das palavras onde os poemas aguardam para ser escritos. O poeta deve conviver com os poemas antes de escrevê-los e esperar que cada um se realize através do poder das palavras e do silêncio. A poesia elimina o sujeito e o objeto e não deve dramatizar ou invocar, mas sim contemplar as palavras secretas.
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A PROCURA DA POESIA Não recomponhas
Não faças versos sobre acontecimentos. tua sepultada e merencória infância.
Não há criação nem morte perante a Não osciles entre o espelho e a poesia. memória em dissipação. Diante dela, a vida é um sol estático, Que se dissipou, não era poesia. não aquece nem ilumina. Que se partiu, cristal não era. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. Penetra surdamente no reino das palavras. Não faças poesia com o corpo, Lá estão os poemas que esperam ser esse excelente, completo e confortável escritos. corpo, tão infenso à efusão lírica. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de Ei-los sós e mudos, em estado de dor no escuro dicionário. são indiferentes. Convive com teus poemas, antes de Nem me reveles teus sentimentos, escrevê-los. que se prevalecem do equívoco e tentam a Tem paciência se obscuros. Calma, se te longa viagem. provocam. O que pensas e sentes, isso ainda não é Espera que cada um se realize e consume poesia. com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. Não cantes tua cidade, deixa-a em paz. Não forces o poema a desprender-se do O canto não é o movimento das máquinas limbo. nem o segredo das casas. Não colhas no chão o poema que se Não é música ouvida de passagem, rumor perdeu. do mar nas ruas junto à linha de espuma. Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e O canto não é a natureza concentrada nem os homens em sociedade. no espaço. Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam. Chega mais perto e contempla as palavras. A poesia (não tires poesia das coisas) Cada uma elide sujeito e objeto. tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, Não dramatizes, não invoques, pobre ou terrível, que lhe deres: não indagues. Não percas tempo em Trouxeste a chave? mentir. Não te aborreças. Repara: Teu iate de marfim, teu sapato de ermas de melodia e conceito diamante, elas se refugiaram na noite, as palavras. vossas mazurcas e abusões, vossos Ainda úmidas e impregnadas de sono, esqueletos de família rolam num rio difícil e se transformam em desaparecem na curva do tempo, é algo desprezo. imprestável.