Lugares para A História - Farge 02

Lugares para a Histria
O livro intitulado Lugares para a Histria, de autoria de Arlette Farge, trs at ns uma discusso recente sobre o historiador e o ue est diretamente relacionado ! pes uisa" O historiador, como Foucault comentava, trabalha com as descontinuidades e estas atravessam constantemente os temas" #essa $orma, a cada cap%tulo uma uesto importante a ser observada pelo historiador apresentada& #o so$rimento, #a viol'ncia, #a guerra, #a $ala, #o acontecimento, #a opinio, #a di$eren(a dos se)os e #os historiadores *ouvard e +cuchet" Arlette Farge, nascida em ,-., em /harleville, uma historiadora dedicada a pes uisas sobre a rela(0es de g'nero, comunidades podres, escrita da Histria, entre outros, as uais podem ser sentidas ao longo do livro na $orma como vai tratando e e)empli$icando o assunto" A autora come(a $alando sobre o so$rimento, di1endo logo ser esse um tema di$%cil para o historiador, pois en uanto tal ele no estudado, mas usado como sinali1ador para a observa(o dos eventos 2 ditos geralmente como descontinuidades 2 ue atrairo a nossa aten(o, como revolu(0es, guerras, acidentes, dentre outros" O so$rimento em si parece pouco $a1er parte da Histria at pelo menos o momento da Histria do 3empo +resente" O so$rimento, esse res%duo de $ormas imutveis no deve ser es uecido" Ao contrrio, a autora de$ende ue esses relatos de vida deveriam se mesclar ! ueles da disciplina histrica" As emo(0es so ento, observadas a partir de suas $alas, gestos e a(0es pelo historiador ue permitir a inser(o delas entre os atores sociais" #a mesma $orma, podemos perceber com a viol'ncia em ue guerras, con$litos, discrdias, so assim demarcados pelos su4eitos desses acontecimentos" A viol'ncia trs a desordem para a comunidade ao mesmo tempo ue a torna resistente e a une pela luta" O historiador ir, portanto, analisar uais as racionalidades surgidas da viol'ncia e no se e)iste ra1o ou no" 5m seguida Farge uestiona& onde encontrar essas $ormas de racionalidade6 ao passo ue responde em vrios lugares, nos discursos, nas $alas singulares, nas prticas sociais ou por bai)o dos discursos, pois a histria se $a1 identi$icando ue os acontecimentos so 7nicos e singulares" Observando, a partir de Foucault os 4ogos e rela(0es de poder, a autora nos $a1 perceber ue a viol'ncia alm de ser uma conse u'ncia social pode tambm ser o principal ob4eto de uma pol%tica" +or isso a$irma& preciso compreender as $ormas de racionalidade ue $a1em 4orrar a viol'ncia" A respeito da guerra, dita mort%$era mas inevitvel, a autora uestiona por ue inevitvel ou mesmo por ue a consideramos como algo normal" As guerras, as batalhas, se relacionam com os cap%tulos anteriores, pois elas provocam medo, so$rimento, morte, viol'ncia" 5las v'm para desmultiplicar os n7meros, parar mudar o rumo das pessoas, ao mesmo tempo ue as re7nem em prol de uma ideia de luta pela pa1, a guerra 4amais aparece como uma $atalidade, e
sim como um princ%pio declarado de solu(o de con$litos entre pr%ncipes 8p" 9,:" A ui tambm novas abordagens para o trabalho sobre a guerra so pensadas como, por e)emplo, por ue no analisar sobre as emo(0es ou motiva(0es ue levaram as pessoas a estarem na guerra, ou por ue no levantar novas uest0es sobre convic(0es preestabelecidas6 /omo seria poss%vel trabalhar diante de algo ue seria uma surpresa6 #e ual uer $orma, para $echar a discusso acerca da guerra, a autora $inali1a com a seguinte $rase& a guerra, de $ato, uma loucura, um ob4eto ue se inventa" /om rela(o a $ala, percebemos a preocupa(o da autora em a$irmar ue dentro dos relatos histricos se encontram embutidas as $alas, a oralidade, pois muitos dos documentos ue o historiador se detm vieram pela tradi(o oral" ; preciso dar lugar a outras $ormas de histria e nesse percurso as $alas podero ser utili1adas como $ontes de pes uisa do historiador ue tambm se au)iliar de outros tipo de documentos" <a verdade, a abertura para a leitura dos documentos provindos da oralidade permitem ao historiador levantar novas indaga(0es ue devem, contudo, ser cautelosas para evitar ue acabem caindo da singularidade, na individualidade" As $alas aparecem nos trabalhos histricos no para ilustrar, mas para provocar problemas, incitando na busca por outras $ontes ue se relacione com o descont%nuo" A histria deve, ento, criar espa(os para ue seus relatos, em parceria com a literatura, possam desprender novas uest0es, permitam a observa(o da dor, do medo, dos sentimentos 8coisas ditas como do campo da literatura:" +ois a histria e a literatura so como dois g'neros ue necessitam um do outros" =m peda(o de tempo como a autora entende inicialmente o acontecimento" 5nto, desde o in%cio o acontecimento seria uma desordem, algo heterog'neo, organi1ado pelas $alas, a$irma(0es, comentrios" O $ato e a $ala sobre o $ato so dois materiais di$erentes ue e)igem ue re$litamos sobre sua incluso no relato" O historiador ama e procura com $re u'ncia o acontecimento assim como procura relatos ue comprovem ou legitimem seu discurso" Ao mesmo tempo, uando o historiador escolhe um determinado acontecimento outros so es uecidos, mas a este acontecimento escolhido ele dar um espa(o notvel, singular pela maneira como ser constru%do, interrogado e analisado" O acontecimento !s ve1es pode ser au)iliado pelos testemunhos de vida, a memria da ueles ue viveram o acontecimento, e isso usado principalmente pelos historiadores do tempo presente, mas devemos ter cuidado ao utili1>las para ue no pare(a uma anedota ou uma verdade certa" A imposi(o desses limites cabe ao historiador" A opinio um emaranhado de memrias, saberes e in$orma(0es, $abricadas pelas $alas, pelos ritos e mesmo pelo sil'ncio" As emo(0es tambm podem ser 4ulgadas, pois o pensamento tambm pode tomar ou no um caminho $also" Observando como e)emplo a reale1a $rancesa do sculo ?@AAA analisa tambm a uesto do belo, pois este tambm deve estar nas mo de uem detm a moral e o poder" #essa $orma, ad4etivos como belo e $eio ou bem e mal uali$icam os acontecimentos"
5m #a di$eren(a dos se)os a autora escolhe alguns livros, re$er'ncia no campo dos estudos de g'nero e principalmente sobre a Histria da Bulher, para $a1er anlises" Levantando considera(0es sobre a aus'ncia de livros at ser lan(ada a primeira proposta com a Histria da Bulher no Ocidente, ela trilha um percurso ue nos leva a ver ue homens e mulheres $oram e so tratados de $ormas di$erentes, ue e)iste discuss0es sobre igualdade entre os se)os, mas as di$eren(as ainda so muito observadas" /omo e)emplo, ela cita o livro de /atherine Ceinberg>3homas $alando sobre as satis da Dndia" +ara ela, a linguagem, as perguntas e hipteses levantadas pela autora do livro dei)a entender essa di$erencia(o entre os se)os como algo ainda muito comum, pois ela prpria a $a1" +ara $echar a discusso sobre os Lugares para a Histria, a autora nos depara com personagens do livro de Flaubert" +ersonagens esses ue buscam um signi$icado para a historia nas suas vidas, colecionando arte$atos, lendo livros, ou, posteriormente, escrevendo seus prprios livros" A cada nova etapa, *ouvard e +cuchet se encantam inicialmente, se debru(am com tamanha intensidade sobre o ue dese4am e ao $inal percebem ser um tanto lacunar a uela maneira de uerer conhecer a histria, pois eles acreditavam, ou ueriam, conhecer tudo de histria" Besmo seu momento de escrita se mostrou descone)o, com vrios trechos dispersos no papel" 5nto eles percebem ue a histria no pode e)istir, ela pode ser $bula, $ic(o, mas no um relato do todo e do tudo" #iante desse breve resumo dos cap%tulos para orientar nossas anlises, podemos nos deter a $a1er algumas considera(0es" A autora, Arlette Farge, prop0e em seu livro uma $orma dinEmica de narrativa ue perpassa os diversos lugares para a Histria, com uem a Histria se au)ilia, buscando apoio em eventos diversos, tempos diversos, temas diversos, autores diversos" 5m um cap%tulo ela dialoga com a monar uia $rancesa do sculo ?@AAA, as emo(0es e o seu conceito de bele1a e no outro ela se volta para a Dndia e as prticas ritual%sticas das vi7vas logo aps a morte do marido" 5sse caminho tra(ado por ela se $a1 poss%vel por seu interesse maior ser a Histria em si, as novas abordagens, mtodos e prticas dos historiadores, as novas problemticas ue surgem, as novas $ontes 2 os relatos orais, os documentos ue $a1em sentir a oralidade em seu cerne"

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