PUC RIO HISTRIA DAS CIDADES PROF.

ANA LUIZA NOBRE

TIJUCA HISTRIA E URBANIZAO

BEATRIZ RODRIGUES E FILIPA PORTO

2012.2

TIJUCA HISTRIA E URBANIZAO

O INCIO E A POCA RURAL
Na poca do descobrimento do Brasil, os primeiros exploradores que chegaram nesta regio ouviram dos ndios a expresso "Tijuca", nome de origem tupi (Ty-iuc) que significa lquido podre, lama, atoleiro e lameiro. De fato toda rea ao p do macio da Tijuca e da serra do Andara era um grande pntano. Nos primrdios da cidade, esta rea pertencia aos jesutas. Sob influncia de Mem de S, que esperava que os padres pudessem tirar sustento dessas terras para assim levar adiante os trabalhos da igreja, os Jesutas receberam a Sesmaria de Iguau, que ia desde o que hoje o Rio Comprido at o bairro atual de Inhama.

Em rosa, a rea da Sesmaria de Iguau, por volta de 1583.

Donos de tantas terras, os padres estenderam suas plantaes s regies adjacentes com canaviais. Eles montaram ento, por volta de 1583, trs engenhos de acar na regio: o primeiro passou a se chamar Engenho Velho; o segundo, Engenho Novo; e o terceiro, So Cristvo. Ao lado do Engenho Velho os padres fundaram, na mesma poca, a igreja de So Francisco Xavier, que est de p at hoje. Assim surgiram grandes plantaes cultivadas pelos ndios e pelos escravos, ocupando a regio da Sesmaria. Os jesutas nunca consentiram em dividir suas propriedades, embora nelas existissem inmeras chcaras beneficiadas por particulares que se instalavam nas terras em troca de um pagamento anual, produzindo renda para a Companhia de Jesus. Em 1759, os jesutas foram expulsos do pas, e a grande sesmaria, batizada de Iguau, foi vendida pelo governo a centenas de novos sitiantes. A estrutura territorial da regio se transformou, fragmentando a regio em diversas propriedades rurais. Assim, posteriormente, surgiram mais dois engenhos que foram denominados de Fazenda de So Cristvo e Fazenda do Engenho Novo, e o primitivo engenho passou a se chamar So Francisco Xavier do Engenho Velho.

Em 1760, foi introduzido o caf no Rio de Janeiro, e isso permitiu uma ocupao mais intensa da Tijuca. O clima ameno da floresta exercia verdadeiro fascnio no europeu e atraa para l uma colnia de nobres, principalmente franceses, que se dedicaram plantao. Esses cafezais foram plantados ao extremo, ao ponto em que se devastou uma grande rea de Mata Atlntica, assustando o A Igreja So Francisco Xavier em 1817. Imperador Dom Pedro II, que, no dia 11 de dezembro de 1861, determinou o replantio total da floresta, ato que resultou na criao da maior floresta urbana do mundo. A prpria Imperatriz Leopoldina, dada a estudos de botnica, passou a subir pelo antigo caminho da fazenda depois chamado de Estrada Velha, Estrada Nova, e hoje, Avenida Edson Passos para aproveitar a beleza e a tranquilidade da floresta. O que fez a regio se transformar no Bairro da Tijuca foi a conjuntura econmica criada em 1840 com a cultura cafeeira do Vale do Paraba, que trouxe para o porto do Rio de Janeiro a cultura do caf e parte da riqueza por ele gerada, fazendo com que a cidade se expandisse em todas as direes e novos bairros surgissem, como: Glria, Catete, Flamengo, Laranjeiras e Botafogo Zona Sul e Catumbi, Rio Comprido, Estcio e o assunto deste trabalho, a Tijuca Zona Norte.

A IMPORTNCIA DO BONDE E OUTROS MEIOS DE TRANSPORTE

Em 1859, foi implantada a primeira linha de veculos sobre trilhos a trao animal, ligando a atual Praa Tiradentes ao alto da Tijuca. Esta mesma desapareceu em 1866, por motivo de insolvncia financeira, fazendo com que seja geralmente atribudo ao ano de 1868 o incio do servio de carris de burro no Rio de Janeiro. Em maro de 1870, foi inaugurado o servio da Rio de Janeiro Street Railway Company (posteriormente Companhia So Cristvo), servindo aos bairros de So Cristvo, Andara Pequeno (Tijuca), Sade, Santo Cristo, Gamboa, Caju, Catumbi e Rio Comprido. J nesse ano os bondes dessa companhia transportavam mais de 3.000.000 passageiros, notadamente nas linhas de So Cristvo e Tijuca. Controlados em grande parte pelo capital estrangeiro, trens e bondes tiveram um papel indutor diferente no que diz respeito expanso fsica da cidade. Os primeiros passaram a servir reas ainda fracamente integradas cidade, que se abriram ento queles que podiam se dar ao luxo de morar fora da rea central, mas no podiam arcar com os custos, j elevados, dos terrenos da Glria, Botafogo ou Tijuca; os bondes permitiram o xodo cada vez maior dos que podiam arcar com esse nus, mas mantinham-se no centro por falta de meio de transporte rpido e regular.

 importante ressaltar que os bondes no s vieram a atender uma demanda j existente como, em atendendo a essa demanda, passaram a ter influncia direta no apenas sobre o padro de ocupao de grande parte da cidade, como tambm sobre o padro de acumulao do capital que circulava proveniente de grande parte dos lucros da aristocracia cafeeira, dos comerciantes e financistas que passou cada vez mais a ser aplicado em propriedades imveis nas reas servidas pelas linhas de bonde. Esse meio de transporte tem grande importncia para a infraestrutura dos bairros. A esse respeito diz Noronha Santos, escrevendo, em 1900, sobre a freguesia do Engenho Velho e Tijuca: Bons prdios de apurado gosto, tm sido, de 1870 para c, construdos nas ruas servidas pelos bondes das Companhias de So Cristvo e Vila Isabel, dando novo aspecto freguesia que, antes daquela data, s possua casas de recreio e de campo, nas terras das fazendas e stios, em que foram abertos, os logradouros pblicos que hoje vo ter Tijuca, ao Andara e Vila Isabel. Tantos so os prdios de belas construes, espalhados por vrios pontos de Engenho Velho, nas chcaras e jardins de vegetao luxuriante, que difcil, seno impossvel, a tarefa de quem se propuser a colher dados sobre as melhores edificaes que existem no territrio desta freguesia". Em 1870, a regio da Tijuca foi considerada Zona Urbana, adquirindo melhores condies de transporte, gua encanada, esgoto, iluminao. Em 1872, passou a ter transporte movido a vapor e em 1898 foi criada a primeira linha frrea movida eletricidade: a Estrada de Ferro da Tijuca.

O sucesso dos bondes foi tal que levou falncia os antigos meios de transporte da cidade (gndolas, diligncias, etc.). Charge de 1868, Vida Fluminense.

Vrios pontos da Tijuca ganharam seus nomes graas ao bonde. A Muda se chama assim por causa da parada que se fazia ali para que os animais cansados fossem trocados por outros, e se pudesse seguir caminho para o Alto da Boa Vista. A Usina, outro local famoso, tem este nome porque naquele trecho se situava uma usina termoeltrica. Era l onde os bondes davam a volta para percorrer o bairro novamente. A partir de ento as chcaras comearam a desaparecer lentamente, e teve incio a abertura das ruas, que transformariam a paisagem da Tijuca, que se consolidou na primeira metade do Sculo XX como centro de toda a Zona Norte. Grandes loteamentos permitiram a construo de manses e casas em centro de terreno com quintal localizadas, em sua maioria, nas ruas Conde de Bonfim, Haddock Lobo, So Francisco Xavier, Baro de Itapagipe e Professor Gabizo. Surgiram tambm casas de aluguel, construdas aproveitando-se os lotes estreitos de grande profundidade, que geraram as vilas, habitadas por famlias de menos recurso, em ruas como General Roca; Carlos de Vasconcelos; Jos Higino e Marqus de Valena.

A chegada do bonde eltrico foi em 1892, numa linha que pertencia Companhia Ferro-Carril do Jardim Botnico, e levava os passageiros do largo da Carioca at a Rua Dois de Dezembro. A populao se assustou com a inovao, e uma inscrio teve que ser colocada nos espaldares dos bancos: "a corrente eltrica nenhum perigo oferece aos senhores passageiros". A cidade do Rio de Janeiro passou, na segunda metade do sculo XIX, por diversos "surtos" de industrializao. Estes, entretanto, se identificavam muito pouco com o processo de acumulao capitalista. Esta reproduo era afetada, ainda, pela inexistncia de fontes regulares de produo de energia; pela dificuldade de recrutamento de fora de trabalho qualificada; pela concorrncia de produtos estrangeiros; pela dependncia, em alguns setores, da mo-de-obra escrava em extino; e pelas constantes epidemias de febre amarela, que atacavam preferencialmente os quarteires operrios da cidade. Apesar desses entraves, a atividade industrial conseguiu se expandir. Em fins do Sculo XIX, a Tijuca possua diversas fbricas algumas com at cem empregados e nelas fabricava-se tecidos, roupa branca, chapus, rap, cigarros, cerveja, laticnios, conservas, gelo, papel e papelo. A Fbrica de Rap e Tabaco, por exemplo, se transformou na Fbrica Borel e deu origem ao Morro do Borel.

O SCULO XX E A MUDANA DE CLASSES SOCIAIS

No incio do sculo XX, os morros da Tijuca comearam a ser ocupados, tendo surgido a primeira favela do Bairro: a do Morro do Trapicheiro, depois denominado Morro do Salgueiro; as Favelas do Borel e da Formiga surgiram logo depois. O Salgueiro teve a sua ocupao estimulada pelo prprio proprietrio do Morro: o portugus Domingos Alves Salgueiro. As caractersticas do stio permitiam compreender o surgimento das favelas, porque o bairro se situa num imenso vale que possibilitou a ocupao das encostas que no eram valorizadas para a construo de moradias para as classes mais ricas. Ao longo dos anos 30, 40 e 50, a Tijuca deixou de ser local de residncia das classes mais endinheiradas que passaram a ocupar a orla ocenica carioca para Rua So Miguel. Ao fundo o Morro do Borel e a ser ocupada por uma classe mdia formada por quadra da Unidos da Tijuca em azul e amarelo. funcionrios pblicos, militares, comerciantes e 2005 profissionais liberais de bom poder aquisitivo.

O passado da Tijuca como local de moradia da elite, deixou no bairro uma marca elegante e aristocrtica que fora um atrativo para a classe mdia. Esta adquiriu um modo de vida e uma viso do mundo conservadores e criou uma identidade coletiva, qual costumamos nos referir atravs da expresso "tijucanos", e caracteriza os moradores do bairro, coisa que no ocorreu em nenhuma outra regio da cidade. Essa inverso dos moradores de uma classe por outra pode ter sido muito menos instintiva e natural do que parece, ao que podemos apontar como influncia o Plano Agache de 1927. O Plano Agache a realizao mxima da administrao Prado Jnior. Ele constitui o exemplo mais importante da tentativa das classes dominantes da Repblica Velha de controlar o desenvolvimento da forma urbana carioca, j por demais contraditrias. O Plano propriamente dito jamais foi implantado, ainda que vrias obras nele sugeridas fossem realizadas nas dcadas seguintes. Resumidamente, o Plano pretendia ordenar e embelezar a cidade segundo critrios funcionais e de estratificao social do espao. Quanto s reas residenciais, os bairros ocenicos da Zona Sul seriam destinados s classes abastadas, especialmente Ipanema, Leblon e a Gvea, que ainda estavam esparsamente ocupados e que deveriam se transformar numa "cidade-jardim dos desportes". J os bairros mais antigos da Zona Sul deveriam abrigar juntamente com Andara, Vila Isabel, Tijuca, Aldeia Campista e Rio Comprido as residncias "burguesas de classe mdia", restando So Cristvo e os subrbios para a populao operria. Oficializava assim um comportamento que j era por demais conhecido na cidade. As contradies da cidade (e, por extenso, da formao social brasileira nessa poca), tambm podem ser amplamente encontradas na anlise que Agache faz sobre as favelas em bairros ricos, onde a aproximao de duas classes socioeconmicas distintas resultaria na imposio de externalidades negativas s classes dominantes, tanto no que diz respeito sua segurana e qualidade de vida, quanto manuteno da ordem social estabelecida.

O SCULO XX E A MUDANAS URBANISTICAS

Depois da Segunda Guerra Mundial e at o final da dcada de 1960, ocorreu uma expanso da construo civil, primeiro na Zona Sul do Rio e depois na Tijuca, que proporcionou a construo de grande nmero de prdios de at quatro andares. Durante este perodo as manses da Haddock Lobo e Conde de Bonfim foram sendo transformadas em penses familiares, estabelecimentos de ensino ou clubes sociais. A Tijuca manteve-se por mais tempo com prdios de 3 e 4 pavimentos, o que contrastava com o crescimento vertical de bairros da orla martima, como Copacabana que j possua grande quantidade de edifcios mais altos. A partir da dcada de 1960 a escassez de espao originou uma verticalizao mais intensa; na Rua Pareto foi construdo o primeiro prdio de dez andares do bairro e a partir da os grandes edifcios tomaram conta das ruas mais importantes, como a Conde de Bonfim, a Haddock Lobo, a Antnio Baslio e a Desembargador Izidro, e foi atingindo todo o bairro. Esta verticalizao foi intensificada pela abertura dos tneis Santa Brbara e Rebouas, nos anos 60, que facilitou o acesso ao bairro e intensificou o fluxo de trfego na regio.

Em 1976 foram iniciadas as obras do Metr na Tijuca, que durariam seis longos anos de grandes incmodos, mas que hoje est totalmente incorporado ao cotidiano do tijucano e do bairro. A Tijuca tambm fez histria com os seus cinemas. Em outubro de 1907, era inaugurado na Rua Haddock Lobo o primeiro cinema da regio, o Path Cinematogrfico. At o final daquela dcada, mais nove cinemas foram abertos na Tijuca. Confirmava-se a fama do bairro de Broadway tupiniquim. O auge aconteceu na dcada de 1940, quando foi inaugurado, na Praa Saens Pea, o cinema Olinda, o maior do Brasil, com 3.500 lugares. Nos anos 1970, a praa tinha em seus arredores cerca de doze cinemas (dois a mais que a Cinelndia). Na dcada seguinte a Tijuca veria a decadncia dos cinemas e o apogeu do futebol. Principalmente porque em 1950 inaugurado no bairro vizinho o estdio Mrio Filho, o Maracan, o maior do mundo. Alm disso, o bairro em si j recebia grandes clssicos do futebol no estdio do Amrica Futebol Clube, na Rua Campos Sales.

ATUALMENTE

O bairro Tijuca atual.

Hoje, junto com os edifcios, a Tijuca convive melhor com a grande cadeia de montanhas, e faz com que atualmente e desde os anos 80 mais da metade da populao da Tijuca viva nos morros que circundam o bairro. Porm, aps os anos 1990, o bairro se tornou um dos polos de criminalidade do Rio de Janeiro, tendo registrado o maior decrscimo populacional da cidade entre 1991 e 2000. A relao entre o bairro e as favelas que o cercam como o Borel e o Salgueiro se tornou conflitante principalmente pela omisso do Poder Pblico na rea. Em junho de 2010, uma UPP foi instalada na favela do Bordel, o que, resumidamente, melhorou a segurana no bairro e deu um fim aos tiroteios que antes eram frequentes.

A Tijuca conta com um expressivo setor de comrcio, servios, hospitais, clnicas, escolas e universidades, e, em termos de transporte, atendida por dezenas de linhas de nibus e por quatro estaes de metro.

CONCLUSO Ns no escolhemos o assunto desse trabalho aleatoriamente. Mesmo que nenhuma de ns duas tivesse grande conhecimento sobre o bairro da Tijuca, sabamos que este bairro tem uma grande importncia histrica para o Rio de Janeiro. De fato, isso foi reforado para ns aps a pesquisa, por mais que muitos fatos ineressantes relacionados mesma rea no sejam considerados aqui como parte da Tijuca atual, por conta da confusa da dinmica de limites dos bairros cariocas. Um ponto que atraiu nossa ateno para este objeto de estudo foi o interesse pela seguinte caracterstica: a Tijuca era uma bairro rico que entrou descenso. E essa informao circula entre ns sem mesmo sabermos exatamente por que isso aconteceu. E, felizmente, esta foi outra questo que pudemos esclarecer melhor. Sobre a atual Tijuca e nossos pensamentos sobre ela, tal se conclui muitas observaes positivas: apesar de um bairro com srios problemas de infraestrutura pblica, a vida social muito ativa e suas ruas, aos domingos que em muitos outros bairros costumam ficar vazias , so lotadas de crianas, idosos e famlias em geral. As praas, por mais deficientes e pequenas que sejam, so usadas pelos moradores. Isso demonstra a vontade dos tijucanos de buscar o lazer no prprio bairro e o valor que do ao espao pblico (com relao a isso, apontamos em especial a Praa Saens Pea). A relao do bairro com a natureza tambm muito forte. O Parque Nacional da Tijuca, criado em 1961, atualmente o parque nacional mais visitado do Brasil, recebendo mais de 2 milhes de visitantes por ano. Com as mltiplas interfaces entre cidade e floresta, a gesto do territrio apresenta-se de maneira complexa e intensa. O dia a dia da unidade permeado pela coexistncia de temas to diversos quanto segurana pblica, prticas religiosas, produes cinematogrficas, esportes, turismo, assistncia social, educao ambiental, fiscalizao, poltica etc. infortuno, porm de uma viso arquitetnica , como muito de uma histria to rica no foi mantida em edifcios e de como deixada de lado no bairro qualquer relao mais bem considerada com a arquitetura.

ESPAO EM DESTAQUE

A PRAA SAENS PEA

Na dcada de 1820, ainda em um meio rural marcado pela presena de chcaras, existia uma fbrica de chitas, uma das primeiras do Brasil. Esta gerava um ncleo conhecido como Bairro da Fbrica das Chitas e foi o primeiro foco de urbanizao da regio. A Fbrica na realidade no fabricava nada, nela apenas se estampava tecidos vindos da ndia. Ela se manteve em atividade por apenas vinte
Largo da Fbrica de Chitas. 1910

anos, mas seu nome permaneceu por um sculo.

Em abril de 1911, o velho e abandonado Largo da Fbrica das Chitas, se transformou na elegante Praa Saens Pea, tendo em sua inaugurao, contado com a presena do Prefeito Bento Ribeiro. O nome da Praa foi dado em homenagem ao Presidente da Argentina. O projeto original da praa de Jos da Silva Azevedo Neto. A praa j foi conhecida como "Cinelndia da Tijuca", por causa dos cinemas da regio. Nos anos de 1970, ela tinha em seus arredores cerca de doze cinemas, dois a mais que a Cinelndia. O seu entorno foi marcado pelas construes em estilo Art Dco. No entanto, hoje, nenhum destes cinemas existe mais, e os trs existentes no bairro esto localizados no Shopping Center Tijuca. Nos anos de 1950 foi inaugurado o Caf Palheta, tradicional ponto de encontro do bairro por muitos anos. Um dos ltimos estabelecimentos realmente tradicionais da Tijuca, o Palheta teve um desfecho diferente. Durante certo tempo, um acordo entre os proprietrios e a Subprefeitura da Tijuca tentou manter o estabelecimento aberto e instaurado. Mas mesmo assim, o Caf Palheta hoje se restringe a uma pequena bancada dentro de uma drogaria instalada no mesmo lugar.

Cinema Carioca. Anos 60

Entre as dcadas de 1970 e 1980 registrou-se o gradual fechamento das salas de cinema tijucanas, das quais nenhuma chegou aos nossos dias. O Metro Tijuca, por exemplo, foi fechado e demolido em 1976, para dar lugar loja da cadeia C&A. O antigo prdio do Cinema Carioca um dos nicos que no foram demolidos, mas mesmo assim, perdeu qualquer relao com o passado e atualmente um templo da Igreja Universal do Reino de Deus.

Em 1976, foi iniciada a obra do Metr na praa, alterando completamente. ltima parada da Linha 1 do metro, a Estao Saens Pea foi inaugurada em 1982 e a quarta estao mais movimentada do sistema. Mas por um longo perodo, a praa esteve reduzida a um enorme canteiro de obras. Na dcada de 1990, a praa foi novamente interditada, desta vez para uma interveno paisagstica que ampliou o espelho do lago, trocou o calamento, rearranjou a posio dos brinquedos e do mobilirio urbano e instalou um local coberto para jogos de mesa. A praa ganhou tambm grades e portes que vieram a ser retirados apenas em novembro de 2011. A praa j foi at tema de filme. De 2008, do gnero drama, o longa Praa Saens Pea foi dirigido e escrito por Vincius Reis e conta a histria de uma tpica famlia carioca. CONCLUSO A praa um dos pontos mais importantes da Tijuca, cultural, histrica e economicamente. Impossvel encontrar um carioca que tenha um mnimo de experincia na Zona Norte mas no tenha uma memria ligada a esse espao pblico. E mais importante ainda a quantidade de pessoas que no possui s memorias, mais planos e usos dirios para esse lugar. Por mais que muita coisa tenha sido perdida ao longo dos anos, o que torna a Praa Saens Pea to interessante e fundamental dinmica carioca exatamente como ela se manteve ativa desde sua criao e a maneira como os seus frequentadores a valorizam.

Praa Saens Pea, 2012

OBSERVAES:

Esta afirmao est correta, mas, ao mesmo tempo, essa denominao estava mais ligada ao
outro lado da Serra, na Lagoa da Tijuca na Baixada de Jacarepagu.

Essa igreja possui importantes relquias religiosas, como um fragmento de osso de um dos
braos de So Francisco Xavier, doado pelo Papa Pio XI na ocasio em que a Igreja Carioca foi agregada em 1931 Baslica de So Joo de Latro, Roma. Tambm possui uma Pia Batismal mrmore de Lioz, trazida da Frana pelos jesutas em 1627 a mais antiga ainda em uso no Rio e a imagem de N. S. das Dores trazida da Europa e doada pela Imperatriz D. Thereza Cristina, em 1880.

A popularizao pelos cariocas da palavra "bonde" para designar estes veculos decorreu dos
cupons (bonds) que a empresa concessionria vendia ao pblico para contornar problemas de falta de troco. A empresa passou, ento, a ser conhecida como "Companhia dos bonds".

Seu prdio foi demolido em 1972. Hoje, onde havia o Cinema Olinda, funciona o Shopping 45,
que foi o primeiro Shopping da Tijuca, hoje pequeno, em comparao a outros.

No regime militar, a Tijuca, que sempre teve representantes do conservadorismo entre seus
moradores (talvez por causa da estreita relao com a nobreza imperial no sculo XIX), abrigou alguns captulos negros da histria do Brasil. L se localizava o 1 Batalho da Polcia do Exrcito, onde os soldados eram treinados para a represso.

Numa mensagem de 30/08/1927, o prefeito pedia autorizao para abrir os crditos

necessrios para a elaborao de um plano urbanstico, estipulados posteriormente em R$1.300.000,00, e contratado a um grupo de tcnicos franceses sob a orientao de Alfred Agache.

REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS:
BAIRROS DO RIO - TIJUCA E FLORESTA. Rio de Janeiro: Fraiha Editora, 1999. ABREU, Maurcio de. EVOLUO URBANA DO RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro, IPLANRIO/J. Zahar, 1987 DEZOUZART, Elizabeth. HISTRIA DOS BAIRROS: TIJUCA. Rio de Janeiro, Index Editora. http://www.marcillio.com/rio/entijuca.html#his. Acesso em 18/11/2012 http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/ Acesso em 01/12/2012 http://www.oriodejaneiro.net/bairros/tijuca.htm Acesso em 01/12/2012