As Dimensões Do Amor
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As Dimensões Do Amor - E. A. Fontanell
AS DIMENSÕES DO AMOR
A GAROTA DOS MEUS SONHOS
[Título do livro], por [Nome do autor]
AS DIMENSÕES DO AMOR
A GAROTA DOS MEUS SONHOS
E. A. FONTANELL
[ 2 ]
[Título do livro], por [Nome do autor]
À minha esposa, quem me apresentou ao amor.
À minha filha, pelos momentos memoráveis que me proporciona.
[ 3 ]
[Título do livro], por [Nome do autor]
O final de tudo, está onde tudo começou, o restante são as consequências de nossas escolhas, falhas e acertos, tudo o que vamos entregando, ou conquistando ao longo da jornada.
E. A. FONTANELL
[ 4 ]
[Título do livro], por [Nome do autor]
Sumário
PRÓLOGO ...................................................................................... 06
CAPÍTULO 1..................................................................................... 07
CAPÍTULO 2..................................................................................... 22
CAPÍTULO 3..................................................................................... 27
CAPÍTULO 4...................................................................................... 34
CAPÍTULO 5...................................................................................... 54
CAPÍTULO 6...................................................................................... 61
CAPÍTULO 7...................................................................................... 68
CAPÍTULO 8...................................................................................... 77
CAPÍTULO 9.....................................................................................107
CAPÍTULO 10................................................................................. 115
CAPÍTULO 11.................................................................................. 124
CAPÍTULO 12.................................................................................. 146
CAPÍTULO 13.................................................................................. 156
EPÍLOGO ..........................................................................................163
[ 5 ]
[Título do livro], por [Nome do autor]
PRÓLOGO
O vento forte pela passagem da locomotiva seguida pelos vagões quase me atira ao solo da plataforma.
De repente o trem para quase bruscamente, esfumaçando a estação. Dentre tantas pessoas no embarque e desembarque, aparece a silhueta de uma bela jovem a segurar o chapéu com a mão direita em luva, enquanto na outra empunha uma pequena mala oval, deixando tudo o mais em segundo plano como desfocado.
Seus olhos esbugalham-se parecendo desbravar novos mundos em busca de algo novo, tendo tão somente uma pequena dúvida guardada bem no fundo de sua mala.
Dou o primeiro passo na esperança de não deixar passar essa nova oportunidade de falar com ela, perguntar seu nome, saber um pouco mais sobre sua vida. Mas logo atrás um cavalheiro sisudo de vasto bigode escuro trazendo consigo mais algumas malas. Fico a observá-la até ser percebido. Abaixo o olhar, mas logo volto a fitá-la andando ao lado do homem em direção da escada do vagão.
O apto avisa sobre a partida e, lá está ela novamente na janela do trem, olhar fixo sobre mim. Desta vez me esforço para não desviar os olhos, enquanto a locomotiva volta a fazer um grande barulho para se locomover e, soltar muita fumaça.
Num toque de suavidade, os dedos se erguem encostando no vidro com se fizesse um gesto de despedida, acenando em minha direção.
Acordo assustado, com a certeza de ser continuidade do outro sonho que tive há alguns dias.
[ 6 ]
[Título do livro], por [Nome do autor]
1
LAWYNTER
O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente
Sigmund Freud
Quando me lembro daquele dia, é com exatidão cirúrgica que as cenas me veem a memória e, quando relato a respeito, é como se tudo estivesse acontecendo exatamente como foi, sem deixar passar um só momento. Era um domingo de temperatura agradável, dia dezesseis de julho de dois mil e dezessete, o acontecimento tinha como melodia uma canção soando pelos quatro cantos da casa, sem deixar um cômodo se quer sem ser atingido por ela, era tão suave quanto à brisa à beira mar num final de tarde, quando a água de coco se finda, o sol começa a se recolher pacientemente tingindo o horizonte, como se despedisse antes de se recolher, para na manhã seguinte se prostrar em alerta. Sentado na espreguiçadeira observo pacientemente tendo os pés tocados pelas frágeis espumas das ondas, tão leves quanto o voo das aves que passeiam diante de meus olhos, num céu enrubescido a queimar minha face, dando um efeito a bruma leve vindo em minha direção, tocando minha pele atrevidamente. Por certo ela atravessa minha vida sem a devida permissão, ao despertar me dou conta que a sensação se deveu ao fato de estar à janela da sala de jantar entre aberta, mas a música era verdadeira e embalou meu cochilo.
-... nesta data querida... – entoada por Clarisse Violante Lawynter na mais aveludada voz, na mesma sintonia e suavidade da garota do coral da igreja; aquela quase transparente que conheci, numa tarde agradável de sábado, na verdade, não a conheci nesse dia, mas esse passou a ser um dia inesquecível, tão importante para nós.
[ 7 ]
[Título do livro], por [Nome do autor]
Ensaiávamos com toda dedicação, nos preparando para a apresentação que aconteceria no dia seguinte pela manhã; foi assim que a vi pela primeira vez, ou melhor, havia a percebi com mais atenção.
Confesso que, das outras vezes não a tinha olhado com os mesmos olhos daquela tarde, no ensaio tudo acontecia de forma diferente, ela se apresentava como se fosse outra pessoa.
De repente a vi amadurecida, ou, talvez, não sei, parece que seis meses amadurecem uma pessoa, sim, creio nisso.
Depois das vagas lembranças e o breve cochilo, vejo escorregando pelo mármore do piso da casa, trazendo suspenso nas mãos o meu favorito bolo de creme, com muitas cerejas por cima e, ao redor, feito com capricho e amor maternal, daqueles que não é fácil de ser encontrado. Esse carinho de Violante me laçou.
Todos em casa já sabem que essa sobremesa é e sempre será a minha favorita, e para me empurrar algo diferente, tem que ter argumentos convincentes.
Clarisse Violante sabe que toda vez que saímos para um almoço ou jantar, é necessário ter no restaurante esse tipo de sobremesa, caso contrário, não receberá de mim a nota máxima, seja o prato de excelente paladar, afinal terei que me deslocar para a loja mais próxima que disponha dessa sobremesa.
Falando um pouco mais sobre quem sou, apesar de tímido, escolhi a psiquiatria como estrada profissional, à qual estou trilhando há um bom tempo. Meu nome é James Gustavy Lawynter, ou, Dr.
Lawynter, confesso em segredo, não gostar do rótulo de outdoor, sim daqueles feitos só para os outros observem; essa é uma coisa que ainda me incomoda, não tanto quanto outrora, por não me ver como um, mesmo tendo concluído minha tese de doutorado recentemente.
Não acho legal ser medido pelos diplomas conquistados ao final de um curso, ou pelos que fiz ao longo da carreira.
[ 8 ]
[Título do livro], por [Nome do autor]
Não creio em se conseguir medir um homem por seus diplomas; a meu ver não passam de títulos. Mesmo assim os enquadrei, fiz isso depois de muita insistência de Violante e, contrariado pendurei nas paredes do consultório. Só o fiz por causa dela,
compreendi
ser
importante
para
meus
pacientes
compreenderem quem os está ajudando.
Os colegas de profissão sempre me questionaram e pressionaram sobre as ausências deles e a necessidade de enfeitar as paredes. Confesso, preferir mesmo boas obras a diplomas para esse fim.
Entre outras, uma das teses de alguns colegas é de que depois de anos nos bancos escolares, sacrifícios, estudos, livros e pesquisas, eles não poderiam ficar engavetados.
Mas como as formalidades exigem, não teimei por muito tempo, aliás, já se passaram tantos anos desse tratamento que, posso afirmar que só no começo ficava um pouco perturbado.
Então como tudo na vida é só falta de costume vamos lá.
Tenho por garantia uma linda família, sem falsa modéstia, extraordinária, uma esposa admirável e compreensiva, dois filhos maravilhosos, sei que fui abençoado.
E por falar desses pequenos, a pequena Sarah, a mais velha, é uma garotinha de cabelos lisos e negros, escorrem pelas costas quase chegando à cintura, não podemos nem cogitar a ideia de tocá-los com uma tesoura, nem que seja de brincadeira, desde pequena age dessa maneira negativa; avessa às tesouradas; às vezes se rende à cabeleireira, mas esse fato ocorre raramente.
O pequeno Hecktor, caçula de oito anos, arteiro até quando dorme, sim, até mesmo dormindo ele fala bastante, às vezes acorda assustado no meio da noite, procurando por nossa cama.
Isso se deve aos jogos de terror que teima em jogar no celular; já foi advertido, até punições foram dadas, nada adiantou, continua sonhando com essas coisas, sem desistir de assisti-las.
Bem... mesmo assim continuamos nossas vidas.
[ 9 ]
[Título do livro], por [Nome do autor]
Confesso que em um primeiro momento, fui surpreendido com o som de parabéns a você, eu não lembrava dos meus quarenta, ou, na verdade, gostaria mesmo era de me esquecer, mas é impossível, sou agora um quarentão, ainda mais quando olho no espelho e vejo os cabelos brancos aparecendo, só me restando aguardar pelo aumento das rugas que sei não tardarão.
Exagerado, sim, é assim que Violante me chama quando falo sobre o assunto, mas levando em consideração que o tempo passa célere, só me resta mesmo esperar por elas.
Fico mais feliz quando vejo que logo atrás de Clarisse Violante, a acompanhar na cantata vêm meus dois filhos, os quais dão fôlego e alegria à música.
- Parabéns papai! – Sarah exclama entusiasmada, arrumando o chapéu de festas, dando-me um forte abraço seguido de um beijo no rosto, passando para minhas mãos rapidamente o presente que até então segurava firme.
- Obrigado, querida! – Retribuo com um breve sorriso, sempre ajo dessa maneira quando fico grato.
– Não são mais as coisas que fazíamos no colégio, mas acho que o senhor vai gostar. – Retruca Sarah cheia de orgulho, afinal agora é uma quase ex-colegial.
- Obrigado! – Agradeço novamente.
O sorriso me escapa junto à lágrima a umedecer minha face, tento disfarçar, se é que precisamos disfarçar nossas alegrias. Abro rapidamente o embrulho que deixa aparente a caixa onde está a gravata e as abotoaduras.
- É realmente algo fantástico! – Exclamo entusiasmado -, prometo usá-los tão logo surja oportunidade.
Passo pelo pescoço a gravata, dou um frouxo nó; hoje sei fazer nó em gravata, diferente do dia da minha formatura, quando estava no quarto em frente ao espelho, atrasado me esforçando para mostrar minha independência, tentando esconder minha fraqueza
[ 10 ]
[Título do livro], por [Nome do autor]
Contida num sufoco horrível, quando para meu alívio, fui surpreendido pelo meu pai.
Ele pacientemente me ensinou como deveria fazer. Nuca mais esqueci desse dia, nem como se dá um nó na gravata.
- Como estou?
- Lindo papai! – Exclama Hecktor com voz estridente, entre o assoprar de língua de sogra.
Deixa a mão esquerda estendida dizendo ser essa a sua vez de presentear-me, com o presente feito com a ajuda de Clarisse. –
Esse é o meu para o senhor.
Os olhos continuam marejados, disfarço e seguro com firmeza, sabendo é claro, não poder fazer de forma diferente, mostrando o mesmo entusiasmo pelo presente de Sarah. As crianças são assim, qualquer diferença para menos é claro, em nossa expressão para com eles é motivo de ciúme.
Deixo estampado um largo sorriso, pensando ainda quão bom é sermos presenteados por quem amamos.
Saco discretamente do bolso da calça, enquanto ninguém me olha, um lenço, o qual tem bordado as iniciais do meu nome, trazido da casa de meus pais, quando minha mãe era obrigada a bordar para separar o que era de cada um dos filhos, então, enxugo as lágrimas, antes de começar meu discurso.
– Vocês realmente são tudo para mim. Fazem com que eu me esqueça dos cabelos brancos se esforçando para nascer em minha cabeça, fazendo da tristeza de mais um ano se tornar em alegria.
- Por que tristeza, querido?
- Obrigado querida, você sempre com alto astral.
Ela sorri.
- Vocês me fazem sentir o homem mais feliz da galáxia.
Principalmente por ter a melhor família do universo. Então podemos cortar o bolo! – Finalizo.
[ 11 ]
[Título do livro], por [Nome do autor]
Agradeço com poucas palavras, o discurso me foge inesperadamente como a presa de seu predador.
- Acho que ainda não meu amor –, interveio Clarisse num olhar de soslaio.
- Hã? – Refuto deixando claro ter sido pego de surpresa.
Levo a mão à costa empertigando a coluna, me arrumando lentamente até ficar ereto, coisa que não fazia até alguns anos.
- Calma querido!
- Me diga, por que não? Estamos todos aqui querida! – Argui sem tentar esconder meu decepcionante sorriso.
É claro que Violante percebe, mas prefere calar-se, como sempre, agindo da mesma maneira que sua mãe havia me contado sobre seu pai.
- Os parabéns já foram cantados, só resta comermos! – Jogo a última cartada restante.
- Francamente doutor! – Exclama Clarisse sem conseguir continuar indiferente –, vamos com calma aí, não seja apressadinho -
continua antecipando-se em pegar a espátula, escondendo-a em baixo da toalha, finjo não perceber –, tenha calma que, ainda temos mais uma surpresa.
Nesse momento caio paralisado na cadeira, pensando depois de tantas surpresas ainda tinha lugar para mais?
- Tem mais alguma surpresa? – Questiono absorto.
Clarisse se retira por um instante mínimo e quase imperceptível, só sendo percebido por causa do tamanho do embrulho. Não é um embrulho qualquer, sim um embrulho grande e brilhante, aos olhos de qualquer criança poderia ser considerado algo fabuloso, não que para mim não pareça.
- O que é isso querida? – Indago assustado quase despencando da cadeira.
Tenho que confessar sentir meus olhos arregalados tanto que estou sentindo que eles querem saltar das órbitas.
[ 12 ]
[Título do livro], por [Nome do autor]
As palavras não saem da minha boca, ficam represadas em rouquidão em meu peito, como acontecia quando era criança e ficava muito entusiasmado.
- Este é o presente da sua família, para o melhor marido e pai do universo! – Exclama Clarisse em sequência das escalas ascendentes diatônicas. - Nos unimos e acreditamos ser este o melhor presente para esta data tão especial. – Completa confiante.
- É isso mesmo! – Disseram quase em uníssono, Sarah e Hecktor, unindo-se a Clarisse, como se tivessem ensaiado a semana inteira para esse momento.
Entrelaço os dedos na mais pura ansiedade em poder abrir o embrulho que a essa altura brilha aos meus olhos como estrela cadente. Acredito seja efeito da luz sobre o invólucro.
Os três seguram o embrulho e me entregaram ao mesmo tempo.