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A Arquitetura do Medo e os contrastes sociais e urbanos
A Arquitetura do Medo e os contrastes sociais e urbanos
A Arquitetura do Medo e os contrastes sociais e urbanos
E-book136 páginas1 hora

A Arquitetura do Medo e os contrastes sociais e urbanos

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Sobre este e-book

A paisagem urbana atual é marcada pela presença da "Arquitetura do Medo", instalada nas cidades, em razão da expansão desordenada dos centros urbanos e o aumento significativo da violência, fatores que impactam diretamente a sociedade e, via reflexa, a segurança pública como um todo.

Dessa forma, a presente obra, intitulada "A Arquitetura do Medo e os contrastes sociais e urbanos", apresenta como principal objetivo analisar de que forma a "arquitetura do medo" se faz presente considerando o nível social e econômico dos seus moradores.

Nesse contexto, é inegável que a mencionada arquitetura também influencia na construção dos condomínios fechados, nas grades que invadiram as janelas, nas câmeras e na segurança privada, cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas. O referido fenômeno social urbano representado por um tipo de arquitetura tornou-se paradigma de proteção residencial.

Por meio do presente estudo, considerando os fatores sociais ora reportados, verificou-se que as moradias se modificam com a implementação de grades, muros altos, arames, câmeras, a fim de possibilitar maior segurança aos seus habitantes, tornando o espaço urbano hostil e segregador.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de abr. de 2024
ISBN9786527009092
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    A Arquitetura do Medo e os contrastes sociais e urbanos - Leandro da Costa Barreto

    CAPÍTULO 1: INTRODUZINDO O TEMA

    A arquitetura do medo e os contrastes sociais e urbanos relata acerca da proteção das moradias e em relação ao aparato de proteção como instalação de grades, muros altos, alarme e outras ações, a fim de resguardar os seus moradores. O referido estudo, baseado na literatura afim e em imagens captadas por este pesquisador, em incursões de campo por percursos em vias públicas, serão posteriormente, apresentadas e analisadas.

    Ainda se propõe em coletar dados, produzir informações e conhecimentos acerca do tema dentro do período compreendido entre 2020 a 2022, com a intenção de contribuir para a construção de um espaço urbano mais integrado.

    Segundo Lira (2012):

    [...] não existe uma causa única que explique o fenômeno multifacetado da violência, sobretudo, a sua face mais grave, os crimes de homicídios. O desenvolvimento de estratégias para alcançar a efetiva redução dos índices criminais, a partir do modelo gerencial das políticas públicas, perpassa uma maior - integração - desses atores e da sociedade nas instâncias institucionais, religiosas e familiares. É por isso que o artigo 144 da Constituição Federal remete ao direito e responsabilidade de todos (LIRA, 2012, p. 21).

    Para melhor situar o leitor, segue na íntegra o Artigo 144 da Constituição Federal (CF) de 1988:

    Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, sob a égide dos valores da cidadania e dos direitos humanos, através dos órgãos instituídos pela União e pelos Estados.

    Portanto, considerando os termos do Artigo 144 da CF (1988), que afirma que a segurança pública é dever de Estado, direito e responsabilidade de todos, incluindo neste espectro, tanto os entes públicos como também os cidadãos, o presente trabalho tem como escopo contribuir de alguma forma para que seja concretizado o mandamento constitucional referido anteriormente, consolidando assim, o direito de todos a uma cidade mais humanizada.

    Nesse sentido, para viabilizar a segurança pessoal e patrimonial, surge então, a constante procura por dispositivos de proteção. Há por parte da sociedade uma busca por segurança, especificamente via instalação de equipamentos que provavelmente reduzem a criminalidade, mas não eliminam totalmente o medo. Por essa razão, o temor da violência é fonte inesgotável e oportuna para a indústria do medo e o capital imobiliário, que poderá continuar a se reproduzir, negociando imóveis pretensamente seguros, afetando acriticamente espaços urbanos (ARAGÃO, 2017).

    A arquitetura do medo tornou-se paradigma da proteção residencial nas cidades, tendo em vista que o fenômeno da criminalidade atrelada à sensação de insegurança contribui para o surgimento de uma arquitetura que explicita o medo, induz a sociedade procurar e investir em mecanismos de segurança como forma de proteção.

    Entende-se como espaço urbano a organização das atividades humanas de maneira justaposta no meio geográfico, cujas composições são responsáveis pela formação/organização das cidades e as atividades nelas desenvolvidas e necessárias, bem como o seu sistema de organização socioespacial. A cidade, por outro lado, é a materialização do urbano, com aglomerações populacionais: conjuntos e/ou condomínios de casas, prédios e áreas comuns de lazer.

    A paisagem atual, modernamente conhecida como arquitetura do medo, encontra-se instalada nas cidades em razão da expansão desordenada dos centros urbanos e o aumento significativo da violência, fatores que impactam diretamente a sociedade e, via reflexa, na segurança pública como um todo. Importante ressaltar que é inegável a importância de estudos sobre essa nova configuração urbana que envolve a arquitetura do medo, tendo em vista que, a sociedade vem consumindo cada vez mais, objetos de segurança voltados para a proteção individual e patrimonial.

    Tal processo deu-se com a industrialização, êxodo rural e o crescimento urbano, onde as pessoas começaram a deslocar-se e aglomerar-se a fim de encontrar trabalho na zona urbana, pela expectativa de conforto que as cidades oferecem, sem perceber-se a complexidade lá instalada.

    No Espírito Santo a expansão da economia nos anos de 1960, com a implantação dos grandes projetos, possibilitou o crescimento dos núcleos urbanos, especialmente aqueles localizados na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), ocasionando a ampliação dos problemas ligados à cidade.

    Dois episódios foram marcantes na história do Espírito Santo e contribuíram para que o Estado assumisse as configurações econômicas e sociais atuais. Apresentando uma economia predominantemente agrária e concentrada na produção de café, o Espírito Santo foi fortemente afetado pelas políticas federais voltadas para a erradicação de cafezais nos anos 60. Diante dos impactos dessas políticas na economia o estado se voltou para uma busca de novos rumos econômicos. E o rumo, sob os auspícios de um governo autoritário e desenvolvimentista, foi a industrialização. A isso, deu-se o nome de Grandes Projetos (COSTA, 2016, p. 139).

    Ademais,

    A partir da década de 1970, marco do processo de modernização da economia estadual (antes agroexportadora, centrada na cultura cafeeira, passando para um novo padrão de acumulação – o industrial), intensifica-se o acirramento da segregação socioespacial, processo que se alargou evidenciando a forte correlação entre a desigualdade social e a violência urbana (MATTOS, 2013, p. 17).

    Dessa forma, esse processo se estabeleceu nas cidades e o medo e a violência foram ocupando espaços, uma vez que as mudanças no panorama econômico trouxeram também transformações sociais, pois, com a industrialização e o desenvolvimento do comércio, as cidades assumiram certo protagonismo no desenvolvimento da economia brasileira.

    Vale ressaltar que:

    No Espírito Santo, o projeto industrial implantado a partir dos anos de 1970, na lógica da desestruturação do tradicional modelo agrário-exportador associada a grandes projetos industriais urbanos, promoveu um amplo movimento migratório em direção à capital (Vitória). O processo acelerado de industrialização/urbanização sem planejamento estratégico do ponto de vista dos impactos sociais e ambientais mudou o perfil urbano da cidade, deflagrando uma mudança socioespacial com a expansão da ocupação de espaços periféricos sem infraestrutura urbana e sem condições de habitação na região metropolitana da Grande Vitória (MATTOS, 2003, p. 18-19).

    Tal fato pode ser entendido na medida em que, inicialmente as indústrias foram instaladas nas zonas urbanas e a população rural passou a visualizar a cidade com outras perspectivas, já que deslumbrava a possibilidade de mudança de vida, empregos mais rentáveis e conforto urbano, levando a criminalidade no meio urbano.

    Segundo Mattos, 2013, p. 17):

    Muitos fatores devem ser levados em consideração por fomentar a criminalidade no meio urbano, tais como: a expansão urbana desigual, com a criação de espaços habitacionais periféricos caracterizados como subnormais, sem condições de proporcionar vida digna aos moradores – espaços segregados com ausência do poder público –; a desintegração dos laços sociais, que diante dos ideários predominantes de uma sociedade capitalista competitiva se fragilizam pela própria instabilidade social, pela agressividade e pela indiferença à ausência de raízes sociais.

    A arquitetura do medo, fenômeno social urbano, também influencia na construção das cidades: os condomínios fechados ganharam mais espaço no cenário urbano e as grades invadiram as janelas, as

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