A Arquitetura do Medo e os contrastes sociais e urbanos
()
Sobre este e-book
Dessa forma, a presente obra, intitulada "A Arquitetura do Medo e os contrastes sociais e urbanos", apresenta como principal objetivo analisar de que forma a "arquitetura do medo" se faz presente considerando o nível social e econômico dos seus moradores.
Nesse contexto, é inegável que a mencionada arquitetura também influencia na construção dos condomínios fechados, nas grades que invadiram as janelas, nas câmeras e na segurança privada, cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas. O referido fenômeno social urbano representado por um tipo de arquitetura tornou-se paradigma de proteção residencial.
Por meio do presente estudo, considerando os fatores sociais ora reportados, verificou-se que as moradias se modificam com a implementação de grades, muros altos, arames, câmeras, a fim de possibilitar maior segurança aos seus habitantes, tornando o espaço urbano hostil e segregador.
Relacionado a A Arquitetura do Medo e os contrastes sociais e urbanos
Ebooks relacionados
Cidades pequenas no semiárido cearense: ocupação, expansão e produção do espaço urbano em Catunda/CE Nota: 5 de 5 estrelas5/5Direito, Urbanismo e Política Pública Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPolítica urbana e garantismo constitucional: uma perspectiva para além da crise Nota: 0 de 5 estrelas0 notasModernidade no Sertão: a experiência do I Plano Diretor de Montes Claros Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Regularização Fundiária Urbana sob a ótica da Análise Econômica do Direito Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCidade Quebrada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasServiço Social - pesquisas sobre demandas fundamentais: Volume 1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasColeção Diálogos Jurídicos FDCL: Vol. 2: usos e abusos da democracia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA cidade dos ricos e a cidade dos pobres Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDireito à cidade: direito e garantia fundamental a ser desvendado e explorado em seu sentido jurídico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAssociativismo em rede na Favela Santa Marta (RJ) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDireitos Emergentes na Sociedade Global: Programa de Pós-Graduação em Direito da UFSM Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA cidade republicana na Belle Époque capixaba: Espaço urbano, poder e sociedade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHabitação social e desenvolvimento urbano em cidades médias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDireito do trabalho e globalização: mercado global de normas e normas globais do mercado Nota: 0 de 5 estrelas0 notas(Sub)desenvolvimento, economia solidária e sustentabilidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDireito À Cidade E Sustentabilidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasArquitetura e flexibilidade: em habitação social digna Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDesigualdades Urbanas, Segregação, Alteridade e Tensões em Cidades Brasileiras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMobilidade Urbana: Conceito e Planejamento no Ambiente Brasileiro Nota: 5 de 5 estrelas5/5Serviço Social e Trabalho Social em Habitação:: requisições conservadoras, resistências e proposições Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDireito à moradia no Brasil e a Copa do Mundo de 2014 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRelativização dos Direitos Sociais na perspectiva das crises econômicas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMilitarização no Rio de Janeiro:: da pacificação à intervenção Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ciências Sociais para você
Manual das Microexpressões: Há informações que o rosto não esconde Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo sobre o amor: novas perspectivas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Coragem é agir com o coração Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLiderança e linguagem corporal: Técnicas para identificar e aperfeiçoar líderes Nota: 4 de 5 estrelas4/5Um Poder Chamado Persuasão: Estratégias, dicas e explicações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Os Segredos De Um Sedutor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Prateleira do Amor: Sobre Mulheres, Homens e Relações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Detectando Emoções: Descubra os poderes da linguagem corporal Nota: 4 de 5 estrelas4/5Psicologia Positiva Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Criação do Patriarcado: História da Opressão das Mulheres pelos Homens Nota: 5 de 5 estrelas5/5Apometria: Caminhos para Eficácia Simbólica, Espiritualidade e Saúde Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pele negra, máscaras brancas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mulheres que escolhem demais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mulheres na jornada do herói: Pequeno guia de viagem Nota: 5 de 5 estrelas5/5As seis lições Nota: 3 de 5 estrelas3/5Segredos Sexuais Revelados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA perfumaria ancestral: Aromas naturais no universo feminino Nota: 5 de 5 estrelas5/5Coisa de menina?: Uma conversa sobre gênero, sexualidade, maternidade e feminismo Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Arte de Conquistar uma Mulher Você Aprenderá a Escolher uma boa Mulher e a Conquistá-la Nota: 0 de 5 estrelas0 notasComo Melhorar A Sua Comunicação Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Ocultismo Prático e as Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria Nota: 5 de 5 estrelas5/5Teoria feminista Nota: 5 de 5 estrelas5/5Anseios: Raça, gênero e políticas culturais Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Poder Da Auto Hipnoterapia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Código Dos Homens Nota: 5 de 5 estrelas5/5Grau do Mestre Macom e Seus Mistérios Nota: 4 de 5 estrelas4/5Mulheres e deusas: Como as divindades e os mitos femininos formaram a mulher atual Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs homens explicam tudo para mim Nota: 5 de 5 estrelas5/5O martelo das feiticeiras Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Avaliações de A Arquitetura do Medo e os contrastes sociais e urbanos
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
A Arquitetura do Medo e os contrastes sociais e urbanos - Leandro da Costa Barreto
CAPÍTULO 1: INTRODUZINDO O TEMA
A arquitetura do medo e os contrastes sociais e urbanos
relata acerca da proteção das moradias e em relação ao aparato de proteção como instalação de grades, muros altos, alarme e outras ações, a fim de resguardar os seus moradores. O referido estudo, baseado na literatura afim e em imagens captadas por este pesquisador, em incursões de campo por percursos em vias públicas, serão posteriormente, apresentadas e analisadas.
Ainda se propõe em coletar dados, produzir informações e conhecimentos acerca do tema dentro do período compreendido entre 2020 a 2022, com a intenção de contribuir para a construção de um espaço urbano mais integrado.
Segundo Lira (2012):
[...] não existe uma causa única que explique o fenômeno multifacetado da violência, sobretudo, a sua face mais grave, os crimes de homicídios. O desenvolvimento de estratégias para alcançar a efetiva redução dos índices criminais, a partir do modelo gerencial das políticas públicas, perpassa uma maior - integração - desses atores e da sociedade nas instâncias institucionais, religiosas e familiares. É por isso que o artigo 144 da Constituição Federal remete ao direito e responsabilidade de todos
(LIRA, 2012, p. 21).
Para melhor situar o leitor, segue na íntegra o Artigo 144 da Constituição Federal (CF) de 1988:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, sob a égide dos valores da cidadania e dos direitos humanos, através dos órgãos instituídos pela União e pelos Estados.
Portanto, considerando os termos do Artigo 144 da CF (1988), que afirma que a segurança pública é dever de Estado, direito e responsabilidade de todos, incluindo neste espectro, tanto os entes públicos como também os cidadãos, o presente trabalho tem como escopo contribuir de alguma forma para que seja concretizado o mandamento constitucional referido anteriormente, consolidando assim, o direito de todos a uma cidade mais humanizada.
Nesse sentido, para viabilizar a segurança pessoal e patrimonial, surge então, a constante procura por dispositivos de proteção. Há por parte da sociedade uma busca por segurança, especificamente via instalação de equipamentos que provavelmente reduzem a criminalidade, mas não eliminam totalmente o medo. Por essa razão, o temor da violência é fonte inesgotável e oportuna para a indústria do medo e o capital imobiliário, que poderá continuar a se reproduzir, negociando imóveis pretensamente seguros, afetando acriticamente espaços urbanos (ARAGÃO, 2017).
A arquitetura do medo
tornou-se paradigma da proteção residencial nas cidades, tendo em vista que o fenômeno da criminalidade atrelada à sensação de insegurança contribui para o surgimento de uma arquitetura que explicita o medo, induz a sociedade procurar e investir em mecanismos de segurança como forma de proteção.
Entende-se como espaço urbano a organização das atividades humanas de maneira justaposta no meio geográfico, cujas composições são responsáveis pela formação/organização das cidades e as atividades nelas desenvolvidas e necessárias, bem como o seu sistema de organização socioespacial. A cidade, por outro lado, é a materialização do urbano, com aglomerações populacionais: conjuntos e/ou condomínios de casas, prédios e áreas comuns de lazer.
A paisagem atual, modernamente conhecida como arquitetura do medo
, encontra-se instalada nas cidades em razão da expansão desordenada dos centros urbanos e o aumento significativo da violência, fatores que impactam diretamente a sociedade e, via reflexa, na segurança pública como um todo. Importante ressaltar que é inegável a importância de estudos sobre essa nova configuração urbana que envolve a arquitetura do medo
, tendo em vista que, a sociedade vem consumindo cada vez mais, objetos de segurança voltados para a proteção individual e patrimonial.
Tal processo deu-se com a industrialização, êxodo rural e o crescimento urbano, onde as pessoas começaram a deslocar-se e aglomerar-se a fim de encontrar trabalho na zona urbana, pela expectativa de conforto que as cidades oferecem, sem perceber-se a complexidade lá instalada.
No Espírito Santo a expansão da economia nos anos de 1960, com a implantação dos grandes projetos
, possibilitou o crescimento dos núcleos urbanos, especialmente aqueles localizados na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), ocasionando a ampliação dos problemas ligados à cidade.
Dois episódios foram marcantes na história do Espírito Santo e contribuíram para que o Estado assumisse as configurações econômicas e sociais atuais. Apresentando uma economia predominantemente agrária e concentrada na produção de café, o Espírito Santo foi fortemente afetado pelas políticas federais voltadas para a erradicação de cafezais nos anos 60. Diante dos impactos dessas políticas na economia o estado se voltou para uma busca de novos rumos econômicos. E o rumo, sob os auspícios de um governo autoritário e desenvolvimentista, foi a industrialização. A isso, deu-se o nome de Grandes Projetos
(COSTA, 2016, p. 139).
Ademais,
A partir da década de 1970, marco do processo de modernização da economia estadual (antes agroexportadora, centrada na cultura cafeeira, passando para um novo padrão de acumulação – o industrial), intensifica-se o acirramento da segregação socioespacial, processo que se alargou evidenciando a forte correlação entre a desigualdade social e a violência urbana (MATTOS, 2013, p. 17).
Dessa forma, esse processo se estabeleceu nas cidades e o medo e a violência foram ocupando espaços, uma vez que as mudanças no panorama econômico trouxeram também transformações sociais, pois, com a industrialização e o desenvolvimento do comércio, as cidades assumiram certo protagonismo no desenvolvimento da economia brasileira.
Vale ressaltar que:
No Espírito Santo, o projeto industrial implantado a partir dos anos de 1970, na lógica da desestruturação do tradicional modelo agrário-exportador associada a grandes projetos industriais urbanos, promoveu um amplo movimento migratório em direção à capital (Vitória). O processo acelerado de industrialização/urbanização sem planejamento estratégico do ponto de vista dos impactos sociais e ambientais mudou o perfil urbano da cidade, deflagrando uma mudança socioespacial com a expansão da ocupação de espaços periféricos sem infraestrutura urbana e sem condições de habitação na região metropolitana da Grande Vitória (MATTOS, 2003, p. 18-19).
Tal fato pode ser entendido na medida em que, inicialmente as indústrias foram instaladas nas zonas urbanas e a população rural passou a visualizar a cidade com outras perspectivas, já que deslumbrava a possibilidade de mudança de vida, empregos mais rentáveis e conforto urbano, levando a criminalidade no meio urbano.
Segundo Mattos, 2013, p. 17):
Muitos fatores devem ser levados em consideração por fomentar a criminalidade no meio urbano, tais como: a expansão urbana desigual, com a criação de espaços habitacionais periféricos caracterizados como subnormais, sem condições de proporcionar vida digna aos moradores – espaços segregados com ausência do poder público –; a desintegração dos laços sociais, que diante dos ideários predominantes de uma sociedade capitalista competitiva se fragilizam pela própria instabilidade social, pela agressividade e pela indiferença à ausência de raízes sociais.
A arquitetura do medo
, fenômeno social urbano, também influencia na construção das cidades: os condomínios fechados ganharam mais espaço no cenário urbano e as grades invadiram as janelas, as