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Um diário para recomeçar: Às vezes a vida pode ser implacável
Um diário para recomeçar: Às vezes a vida pode ser implacável
Um diário para recomeçar: Às vezes a vida pode ser implacável
E-book200 páginas2 horas

Um diário para recomeçar: Às vezes a vida pode ser implacável

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Sobre este e-book

""Talvez este diário explique as coisas melhor do que eu jamais conseguiria. Se puder, leia."
Depois de um término repentino com Matt Harrison, Katie encontra, na porta de sua casa, um pacote com um diário, deixado por Matt. Ao folhear aquelas páginas, ela descobre coisas que não esperava sobre o passado de seu namorado.
Um diário para recomeçar é uma emocionante história de amor que se constrói página a página. Cada revelação é mais uma nuance
sobre seus personagens. Cada descoberta é mais um fio a ligar vidas que o destino entrelaçou.

E mais um ponto positivo para James Patterson: sua experiência com a escrita de thrillers policiais caiu muito bem aqui. O leitor nunca vai imaginar como a história de Um diário para recomeçar termina.
– The New York Times

Patterson é um autor incrível (neste livro, sua escrita
brilha pela forma como ele cria histórias dentro de
histórias e versos). Esse salto de James Patterson para
outro gênero literário não prejudica em nada sua reputação
como mestre da ficção policial.
– Publishers Weekly

Dessa vez, James Patterson escreveu uma história de
amor tão cheia de reviravoltas quanto qualquer thriller.
– Revista People"
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de fev. de 2020
ISBN9786580435531
Um diário para recomeçar: Às vezes a vida pode ser implacável

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    Um diário para recomeçar - James Patterson

    titulotitulo

    Sumário

    Capa

    Folha de rosto

    Às vezes a vida pode ser implacável!

    Sobre o autor

    Créditos

    Landmarks

    Capa

    Folha de rosto

    Créditos

    titulotitulo

    Katie Wilkinson estava mergulhada na água quente em seu apartamento em Nova York. A banheira de louça era antiga e fora de moda, mas ainda assim maravilhosa. O apartamento tinha um ar vintage romântico e funcional. Guinevere, sua gata persa, se encarapitara na pia como um casaco de lã cinza que Katie tivesse acabado de tirar. Merlin, seu labrador preto, estava deitado no chão em frente à porta que dava para o quarto. Os dois a observavam com um ar de preocupação.

    Katie abaixou a cabeça quando terminou de ler o diário encadernado em couro e o colocou sobre o banquinho de madeira ao lado da banheira. Sentiu o corpo estremecer. Então começou a soluçar e viu que suas mãos tremiam. Estava perdendo o controle e isso não era algo que acontecia com frequência. Ela era uma pessoa forte, sempre fora. Sussurrou as palavras que ouvira uma vez na igreja do pai em Asheboro, na Carolina do Norte:

    "Senhor, ah, Senhor, onde o Senhor está?"

    Jamais imaginaria o efeito perturbador que aquelas páginas poderiam ter sobre ela. É claro que não havia sido apenas o diário que a deixara tão confusa e tensa.

    Não, não havia sido apenas o diário de Suzana para Nicolas.

    A imagem de Suzana lhe veio à cabeça. Katie a vira em sua casa tão singular na Beach Road, em Martha’s Vineyard.

    Então pensou no pequeno Nicolas com um ano de idade, seus olhos azuis absolutamente brilhantes.

    E, por fim, visualizou Matt.

    Pai de Nicolas.

    Marido de Suzana.

    E ex-namorado de Katie.

    O que ela pensava de Matt agora? Poderia algum dia perdoá-lo? Não tinha certeza. Mas finalmente compreendia um pouco do que havia acontecido. O diário tinha apontado pequenos traços do que ela precisava saber, bem como lhe revelara segredos dolorosos de que talvez não quisesse tomar conhecimento.

    Katie afundou um pouco mais na água e se viu pensando no dia em que havia recebido o diário: 19 de julho.

    A lembrança fez com que começasse a chorar novamente.

    Na manhã do dia 19, Katie sentira-se atraída ao rio Hudson e acabara indo até o píer da empresa que vendia passeios de barco ao redor da ilha de Manhattan. Uma vez, de brincadeira, ela e Matt haviam feito aquela pequena viagem. Mas acabaram gostando tanto que a repetiram muitas vezes.

    Embarcou no primeiro passeio do dia. Estava triste, mas com raiva também. Deus do céu, ela não sabia o que estava sentindo.

    Naquele horário, o barco não ficava tão cheio de turistas. Pegou um lugar perto do parapeito do deque superior e observou Nova York de sua posição privilegiada.

    Algumas pessoas a notaram sentada ali sozinha – principalmente os homens.

    Katie normalmente se destacava em meio à multidão. Era alta – quase um metro e oitenta – e tinha olhos azuis amistosos e simpáticos. Sempre pensara em si mesma como desajeitada e tinha a sensação de que chamava atenção por todos os motivos errados. As amigas discordavam. Garantiam que ela era de tirar o fôlego, um arraso. Katie sempre reagia dizendo: Ah, tá. Quem me dera. Não se via dessa maneira e sabia que jamais veria. Era uma pessoa comum, como outra qualquer. No fundo, era só uma menina que crescera em uma fazenda da Carolina do Norte.

    Costumava prender os cabelos castanhos numa longa trança, algo que fazia desde os oito anos. Antes isso a deixava com uma aparência de moleca, mas agora lhe dava um quê de garota descolada da cidade grande. Sem querer, seu penteado estava na moda. Toda a maquiagem que usava se resumia a um pouco de rímel e, às vezes, batom. Naquele dia, não passara nada. Definitivamente não estava de tirar o fôlego de ninguém.

    Sentada no deque superior, lembrou-se de uma de suas falas preferidas do filme Uma aventura na África: Cabeça erguida, queixo para cima, cabelos ao vento, a imagem perfeita da heroína, Humphrey Bogart provocava Katharine Hepburn. Esse pensamento a alegrou um pouco – um tiquinho, como a mãe dizia.

    Seus olhos estavam inchados depois de tantas horas chorando. O homem que amava havia terminado com ela na noite anterior – de repente e sem explicação. Tinha sido um golpe. Não esperava por aquilo. Quase não podia acreditar que Matt a deixara.

    Desgraçado! Como pôde fazer isso? Mentiu para mim todo esse tempo – durante tantos meses? É claro que mentiu! Filho da mãe! Cretino!

    Queria pensar no que havia acontecido para separá-los, mas eram só os bons momentos que tinham passado juntos que lhe vinham à mente.

    Mesmo a contragosto, tinha de admitir que sempre conseguira conversar abertamente com ele sobre qualquer coisa, sem dificuldades. Falava com Matt como batia papo com as amigas. Até elas, que sabiam ser implicantes quando queriam e que não tinham muita sorte com homens, gostavam de Matt. O que aconteceu? Era o que queria desesperadamente saber.

    Ele era atencioso – ao menos tinha sido. Em junho lhe enviara uma rosa por dia porque era seu mês de aniversário. Sempre parecia perceber se ela havia usado aquela blusa ou aquele casaco antes, sempre notava os sapatos dela, seus humores – os bons, os maus e, de vez em quando, os péssimos.

    Gostavam das mesmas coisas – ou pelo menos era o que ele dizia. Ally McBeal, O desafio, Memórias de uma gueixa, Moça com brinco de pérola. Sair para jantar no One if by Land, Two if by Sea e depois beber alguma coisa. Comer no Waterloo em West Village, no Coup em East Village ou no Bubby’s na Hudson Street. Ver filmes estrangeiros no cinema Lincoln Plaza. Apreciar fotos antigas em preto e branco e pinturas a óleo que encontravam em mercados de pulgas. Ir a Nolita e Williamsburg.

    Nas manhãs de domingo ele ia à igreja com Katie, onde ela dava aulas de catecismo para as crianças em idade pré-escolar. À tarde ficavam no apartamento dela – Katie lendo o Times de cabo a rabo e Matt revisando os poemas dele, que ficavam espalhados na cama e pelo chão do quarto e até mesmo sobre a mesa de madeira da cozinha.

    Deixavam música tocando baixinho ao fundo. Tracy Chapman ou Macy Gray, às vezes Sarah Vaughan. Delicioso. Perfeito de todas as maneiras.

    Ele fazia com que ela se sentisse em paz consigo mesma, ele a completava, parecia alguma coisa boa e certa. Ninguém a fizera se sentir daquele jeito antes. Inteira e abençoadamente em paz.

    O que poderia ser melhor do que estar apaixonada por Matt?

    Nada que Katie conhecesse.

    Uma noite, pararam num barzinho com jukebox na Avenida A. Os dois dançaram e Matt cantou All Shook Up no ouvido dela, imitando Elvis de um jeito divertido e inesperadamente bom. Depois Matt fez um Al Green ainda melhor, deixando-a de queixo caído.

    Ela queria ficar com ele o tempo todo. Era piegas, mas era verdade.

    Quando ele estava em Martha’s Vineyard, onde morava e trabalhava, os dois se falavam por telefone durante horas todas as noites ou trocavam e-mails bem-humorados. Chamavam isso de caso de amor à distância. Só que ele nunca deixava Katie ir visitá-lo. Teria sido esse o sinal de alerta?

    De alguma forma, tinha funcionado bem – foram onze maravilhosos meses que pareceram passar num instante. Katie esperava que em breve ele a pedisse em casamento. Estava segura disso. Tinha até contado para a mãe. Mas havia se enganado. Muito. Chegava a ser patético. Sentia-se uma idiota – e se odiava por isso.

    Como podia ter estado tão absurdamente errada a respeito dele? A respeito de tudo? Como não tinha sido alertada por seus instintos? Eles costumavam funcionar. Ela era uma pessoa inteligente. Não se enganava assim.

    Até agora. E, Deus do céu, ela havia cometido um erro daqueles.

    Katie de repente se deu conta de que estava soluçando e de que todos ao redor a encaravam.

    Desculpem, disse, fazendo um sinal para que eles, por favor, parassem de olhar para ela. Corou. Estava envergonhada e se sentindo idiota. Eu estou bem.

    Mas ela não estava bem.

    Nunca se sentira tão magoada em toda a vida. Nada se comparava a isso. Havia perdido o único homem que amara. Nossa, como amava Matt.

    Katie não conseguiu ir trabalhar naquele dia. Não conseguiria encarar o pessoal do escritório. Ou um estranho no ônibus. Já tinha sido alvo de muitos olhares curiosos no barco.

    Quando voltou para casa, havia um pacote encostado na porta da frente.

    Pensou que fosse um manuscrito enviado pela editora. Xingou baixinho. Será que não podiam deixá-la em paz um minuto? Tinha o direito de tirar um dia para si de vez em quando. Eles sabiam que ela se dedicava, que amava seus livros. Sabiam quanto se importava com o trabalho.

    Era editora sênior numa prestigiada editora de Nova York especializada em poesia e romances literários. As pessoas eram simpáticas e o ambiente, agradável. Ela adorava seu trabalho. Foi lá que conhecera Matt. Fazia cerca de um ano que se entusiasmara ao ler o manuscrito do primeiro livro de poesia dele e comprara seus direitos de publicação de uma pequena agência literária de Boston.

    Os dois se deram bem logo de cara, muito bem. Poucas semanas depois, estavam apaixonados – ou pelo menos era nisso que acreditava do fundo do coração, da alma, do corpo, da mente, da intuição feminina.

    Como podia estar tão errada? O que havia acontecido? Por quê?

    Quando se abaixou para pegar o pacote, reconheceu a caligrafia. Era de Matt. Não havia dúvida quanto a isso.

    Quase deixou o pacote cair. Teve vontade de atirá-lo longe. Mas não foi o que fez.

    Controlada demais, esse era o problema dela. Um dos problemas. Katie ficou olhando fixamente para o pacote durante algum tempo. No fim, respirou fundo e rasgou o embrulho de papel pardo.

    O que encontrou foi um pequeno diário com jeito de antigo. Katie franziu a testa. Não estava entendendo. Então começou a sentir o estômago revirar.

    Na capa estava escrito à mão Diário de Suzana para Nicolas. Escrito à mão, mas não com a letra de Matt.

    Seria a letra de Suzana?

    De repente, Katie sentiu a cabeça girando. Mal conseguia respirar. Também não conseguia raciocinar direito. Matt sempre fora reservado e reticente sobre seu passado. Uma das poucas coisas que ela havia descoberto era o nome da esposa dele: Suzana. A informação escapara numa noite, depois de duas garrafas de vinho. Mas Matt não quisera falar mais nada sobre o assunto.

    As únicas discussões deles eram motivadas pelo silêncio de Matt a respeito de seu passado. Katie insistia em saber mais e isso só o fazia se calar, o que não era típico dele. Depois de uma briga de verdade, ele lhe garantira que já não estava casado com Suzana. Ele jurara. Depois dissera que aquilo era tudo o que iria contar sobre o assunto.

    Quem era Nicolas? E por que Matt havia mandado aquele diário? Por que agora? Estava perplexa e mais do que perturbada.

    Os dedos tremeram ao abrir o diário na primeira página. Havia um bilhete de Matt preso a ela. Os olhos de Katie começaram a se encher de lágrimas, que ela secou com raiva. Leu o que ele havia escrito.

    Querida Katie,

    Nada do que eu dissesse ou fizesse poderia chegar perto de expressar o que estou sentindo. Foi tudo culpa

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