E por falar em Linguística...: da origem à aplicação
De Talita Txai
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E por falar em Linguística... - Talita Txai
1. O NASCIMENTO DAS LÍNGUAS
É essencial procurar obter mais conhecimentos de questões relacionadas ao passado remoto da humanidade, como a origem dos ancestrais e a origem da linguagem da humanidade, já são realizadas de diversas formas, e isso acontece em diferentes períodos da história, e também vem sendo objetivo de explicações de diversas áreas de estudos, por diferentes povos. A Bíblia é uma das fontes que oferece relatos sobre essas questões. No Livro do Velho Testamento, o mundo tem origem com a palavra de Deus, a partir da palavra Deus dá origem aos animais. Adão tem origem e já é munido de linguagem. Deus, o Ser Criador também consegue dominar a fala. É exatamente a capacidade de falar e de dar nome às coisas que diferenciam os seres humanos e os demais animais (MAXWELL, 2021).
Ao analisar que a língua é uma forma da humanidade se expressar e comunicar suas ideias e pensamentos as colocando em forma de palavras, essa característica tão importante torna possível distinguir os homens dos animais, assim é preciso que a ciência estude a língua a partir da evolução da mesma, que se encontra em utilização, e dissolução, fazendo com que se surja à linguística.
Buscar aspectos internos e externos que envolvem a constituição da história de uma língua tem sua importância na relação que já teve comprovação com a influência de fatores sociais e geográficos no desenvolvimento da língua. Já o estudo histórico da língua engloba as mudanças fonológicas, morfológicas e sintáticas, pois em diversas vezes as semelhanças e diferenças internas presentes em vocábulos são explicadas em movimentos ocorridos no passado (SILVA, 2015).
Anteriormente ao episódio da torre de Babel que será citada mais a frente, a diversidade de línguas já existiam, durante a época em questão se achava que a língua, a princípio era única, mas que então foi subdividida em 72 línguas diferentes. É um número que não estava correto, pois já se supunha que existiam diversas línguas, e de forma principal, línguas que poderiam ser consideradas como exóticas aos falantes de línguas europeias e quem dominava as línguas antigas.
No livro no capítulo "Antes da História", o autor conceitua meios que podem ter feito surgir à língua, a Bíblia é um exemplo da teoria da evolução, além do sistema linguístico das línguas que eram usadas pelos coletores-caçadores de povos que viviam na região correspondente pela Austrália. Janson cita as línguas como a khoisan exemplificando uma família linguística que é detentora de diversos falantes, só que não muito explorada por conta de não ser provida da escrita, uma língua só consegue reconhecimento quando é nomeada, a língua é um fato social e político, é a identidade e cultura de um povo.
Existem diversas maneiras de estudar a língua humana, pois essa é natural e a consequência do uso da mesma também, porém, atividades de escrita tornam mais fáceis o estudo, pois a partir dela é possível tentar representar os sons a partir da modalidade escrita, ou seja, a sociedade passa a ter um novo mecanismo observando atentamente a forma como se produz sons de forma que o estudo da língua se desenvolva baseando-se em fatores sociais e culturais, levando em conta a diferença de classes, a aproximação entre comunidades diferentes, às comunicações estabelecidas e suas intenções, a filosofia de quem fala a língua e etc.
Durante o decorrer do tempo, a linguagem foi considerada como um dom provindo de Deus e isso acontecia por ser perfeita e complexa, ela não teria como ser uma produção provinda do homem ‘primitivo’, com imperfeições. Essa elucidação com base divina tem nela mesma uma circularidade teológica: não se tendo linguagem não tem como haver razão; sem razão, o homem não tem capacidade de entender os ensinamentos de Deus; sem ensinamento divino, o homem não consegue ter razão, e não desenvolve a linguagem.
Para Basso e Gonçalves (2014, p. 15) se a língua que falamos é o que somos, ou no mínimo faz parte indelével da nossa mente, do nosso mundo, estudar sua história nesses termos é não somente saber de onde viemos, mas é fundamentalmente saber quem somos
. Considerando a característica cultural, a língua pode ser analisada a partir de sua perspectiva histórica, pois também faz parte de um acontecimento histórico. A partir desses fatores se tem o surgimento da linguística como ciência no século XIX a linguística histórica é colocada em prática com análises históricas observando sucessivamente o desenvolvimento da língua, estudos que se basearam inicialmente em fenômenos linguísticos que existem naturalmente na língua e de forma posterior da influência da filosofia. Porém, a abordagem histórica já acontece desde o século XVII quando se iniciou os estudos de comparação a partir da visão histórica do desenvolvimento, que deu origem a visão de que uma língua pode ser capaz de originar outras diversas. É uma abordagem que deu início com estudos desenvolvidos pelo pesquisador Rask e aperfeiçoada por estudos desenvolvidos por Franz Bopp, Jakob Grimm, e Friedrich Diez. Esses estudos relacionam dados de uma determinada língua à outra da mesma família buscando traços de sua origem e a partir dos dados levantados elucidar os metaplasmos, modificações de significado e também os motivos que levaram a essas transformações.
Não tem como saber de forma exata como as línguas do mundo se originaram. Inicialmente, se acreditava na hipótese monogenética, nela todas as línguas foram derivadas pelo hebraico, essa daria origem a todas as línguas que se tem conhecimento atualmente posteriormente ao episódio da Torre de Babel. É uma crença que surgiu a partir de escritas bíblicas. A partir do avanço da descrição das línguas, observou que a hipótese monogenética não tem como ser confirmada, por conta da grande diferença entre as estruturas das línguas (CASTILHO, 2017).
Os métodos de estudo já citados para estudos de origem das línguas são úteis para a reconstituição de línguas faladas no passado e que fizeram com que novas línguas que hoje são utilizadas surgissem, pois se constata o fato de que a linguagem é uma herança social, em que a história já está ocorrendo há séculos. Dessa maneira, obter uma visão completa, conhecimento elucidado de forma detalhada sobre como se dá o seu funcionamento, da estrutura que a compõe, sua semântica e como foi construída a sua ortografia, são dados que conseguem ser resgatados a partir de pesquisa diacrônica, onde são observados fatores que indicam transformações externas como questões econômicas, políticas, sociais e culturais, também de fatores internos como a fonética, morfologia, sintaxe, que geram influências na evolução de uma língua a partir de termos que podem ser substituídos com o decorrer do tempo.
Existem diversas teorias sobre a origem da linguagem humana. Uma delas cita que as palavras têm origem a partir da tentativa de imitar os sons que são realizados pelos animais e da natureza que circula os humanos, entre eles o som do farfalhar das folhas, as águas que circulam o som da movimentação do vento e da chuva. A imitação seria a ação que daria o nome ao objeto. Essa teoria é denominada como onomatopaica, onde se coloca a existência de onomatopeias em todas as línguas.
Com o decorrer do tempo, as línguas de forma geral sofrem modificações. O português do século XV, por exemplo, tem grandes diferenças do português presente no século XXI. É a partir dessas modificações que a linguística histórica estuda fazendo uso de comparações e descrições, e também da análise de fatores externos e internos que podem influenciar a mesma, buscando dar solução ao quebra-cabeça que é a história de formação de uma língua.
A língua pode ser analisada de forma sincrônica, fazendo uma abordagem da sua forma em um determinado momento, fazendo um levantamento das características fundamentais que constituem seu sistema que tem ligação com os estudos da gramática geral, nela estão demarcadas as diferentes relações linguísticas presentes no sistema linguístico. O estado da língua não é somente o ponto que se realiza um estudo, mas um dado momento em que as modificações são reduzidas e sem relevância.
Outra possibilidade na busca por identificar a origem da linguagem é nas interjeições. Os primeiros sons gerados pelo indivíduo são as exclamações de dor, alegria, desespero, espanto, surpresa. É uma teoria que não consegue explicar, porém, como evoluiu do estágio de expressão dos gritos ao expressar emoções para a linguagem articulada. Outra teoria, também desenvolvida a partir de processos de produção de sons, traz a sugestão de que os primeiros sons seriam os sons envolvidos no processo de acasalamento, o comer, as lutas e as ocasiões de comemoração, dando ressignificação para essas ocorrências.
Ao se estimar o tempo que existe uma determinada língua que é utilizada se faz uso de evidências históricas retiradas de estudos de arqueologia. Porém, povos que desenvolveram ferramentas e davam origem a obras de arte com datas de mais de quarenta mil anos tendo a necessidade de se comunicar para expressar sua arte e povos que também construíam ferramentas há mais de dois milhões de anos não necessitando se comunicarem a partir da fala, dessa maneira fica evidente a distinção sobre o surgimento da língua, fazendo um questionamento sobre o papel da fala como um instrumento necessário para que se de o processo de comunicação com satisfação. Ambas as situações citadas são reais, ou seja, podem acontecer e assim a conclusão sobre a origem da língua é inconclusiva, diversos estudos sobre o surgimento da língua ainda se encontram em andamento.
Outros estudos desenvolvidos também trazem a ideia da visão pancrônica que sofre diversos questionamentos, onde os pontos particulares podem sofrer observação de forma sincrônica e as transformações que acontecem sucessivamente podem sofrer análise diacronicamente. Dessa forma pode-se considerar que as particularidades não conseguem ser alcançadas, pois a pancrônica se relaciona com conceitos de sincronia e diacronia a fim de estabelecer as leis que regem o funcionamento e a estrutura de uma determinada língua.
Os linguistas perceberam que antes de responder sobre qual é a origem da língua, é necessário continuar o processo de descrição e comparação das línguas, tendo como objetivo fazer a identificação das grandes famílias linguísticas ressaltando a comparação entre elas, outro objetivo também é a descrição das consideradas línguas-filha
, estabelecendo também as tipologias linguísticas. Dessa maneira o estudo da origem das línguas não foi muito desenvolvido por algum tempo, por conta da dificuldade de se chegar a uma resposta que fosse aceitável no meio científico. Atualmente no mundo existem pelo menos 6.000 línguas que são utilizadas, assim se compreende a dificuldade do mesmo (CASTILHO, 2017).
O processo de estudo da evolução de uma língua se baseia na observação das transformações geradas pela substituição, acréscimo, supressão e transposição de fonemas causadores de mudanças fonéticas em palavras e que assim geraram no idioma inteiro, que são proporcionadas a partir de etimologia popular onde o contato com a população desencadeia transformações linguísticas. Esse contato também pode ocasionar transformações analógicas que tentam gerar uma uniformização de palavras com menor frequência para as que têm maior frequência, assim ocorre uma modificação sucedida de unificação das palavras.
O filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), no clássico intitulado como o Ensaio sobre a origem das línguas, em 1781, denota que a linguagem humana é