Uma Carta Aberta a Stephen King e Outros Ensaios
De Jenny Twist
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Sobre este e-book
Uma coleção de ensaios populares, artigos de revistas e blogs sobre a vida, o universo e tudo mais.
Esta é minha primeira publicação de não ficção e é uma espécie de experimento. Estou lançando-o apenas como e-book, mas se for bem recebido, também o publicarei como livro impresso.
Os ensaios tratam da Espanha, questões femininas, escrita e alguns ensaios gerais, incluindo algumas anedotas autobiográficas. Bem, você queria saber sobre a escapologia, não é?
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Uma Carta Aberta a Stephen King e Outros Ensaios - Jenny Twist
Dedicatória:
Para meu filho, Andy, que certo dia me confessou preferir meus artigos aos meus contos.
––––––––
Escrever não é sobre ganhar dinheiro, ficar famoso, namorar, transar ou fazer amigos. No final, trata-se de enriquecer a vida daqueles que lerão o seu trabalho e também de enriquecer sua própria vida. É sobre levantar, melhorar e superar. Ficar feliz, ok? Ficar feliz. .... Escrever é mágico, tanto na água que chamamos de vida quanto em qualquer outra arte criativa. A água é grátis. Então beba. Beba e sinta-se cheio.
― Stephen King, On Writing: A Memoir of the Craft
ÍNDICE
Uma Carta Aberta a Stephen King
O Que é o Romance, Exatamente?
A Estrada Rumo à Publicação
Os Artigos de Streetwise
Sedella
Canillas de Aceituno
A Estrada Para Salares
Natal na Espanha
O Que a Liberdade Das Mulheres Fez Por Nós?
Classes de Vida
Por Que Uma Mulher Não Pode Ser Mais Parecida Com um Homem?
Após Ter Sido Publicada
A Gênese de um Romance
Gramática - Quem Precisa Dela?
Ainda Precisamos de Editores Convencionais?
Borboletas
Os Sabotadores
Edição por Números
Um Sorriso Torto
Quer Viver Para Sempre?
Relações Anglo-Americanas
O Massacre de Sandy Hook
O Debate Das Armas
Quem é Controlado Pelo Controle de Armas?
As Armas na América e na Inglaterra
O Direito do Porte de Armas - Está Certo?
A Cultura das Armas
Vampiros
Defendendo o Mal
Sem Sexo, Por Favor! Somos Britânicos
As Perguntas Curiosas de Tim
Falando de Entrevistas...
Reconhecimentos
Sobre a Autora
Vítima da Fortuna
Uma Carta Aberta a Stephen King
Você não foi meu primeiro amor, Stephen.
Foi Enid Blyton quem me ensinou a amar livros. Lembro-me de minha mãe lendo Noddy and Big Ears para mim e de como me senti frustrada quando ela parava de ler para fazer outra coisa. Lembro-me de olhar para os pequenos riscos negros na folha branca, sabendo que de alguma forma elas continham a magia da história, mas estava escrita em um código secreto.
Minha mãe batalhadora de longa data provavelmente me ensinou a ler em sua legítima defesa. Eu sei que aprendi a ler muito antes de começar a ir para a escola e desde então passei muito tempo da minha vida naquele mundo mágico dentro das páginas dos livros.
Li tudo o que Enid Blyton escreveu ou pelo menos tudo que havia em nossa biblioteca local. E quando fiquei sem Enid Blyton, eu li tudo que me agradou. Ninguém censurou minha leitura porque meu irmãozinho estava doente e precisava de toda a atenção de minha mãe. Eu li vorazmente. Li clássicos infantis e depois passei para livros de adultos. Eu tive um longo flerte com Dennis Wheatley, mas ele era apenas um de vários. Eu amei todos eles – escritores de ficção histórica, mistérios, suspenses, espionagem. Mas os que eu mais amava eram os escritores de terror. Não existia nada tão bom quanto me acalentar com um H.P. Lovecraft ou um Edgar Allan Poe e ter a luz do dia expulsada do meu próprio quarto! Eu li todos os Pan Book of Horror Stories, descobri M. R. James e me apaixonei novamente, além do incrivelmente assustador Robert Aickman. Por alguma razão, ele nunca recebeu a atenção que merecia. Eu iria adorar ler toda a coleção de suas obras, mas elas infelizmente estavam muito além do meu poder financeiro.
Quando ainda jovem, descobri John Wyndham, que continua sendo meu companheiro constante desde então. A maior parte de seu trabalho é mais para ficção científica do que para terror, mas uma ficção científica bastante perturbadora e instigante. Eu li seus livros várias vezes e continuo lendo-os de vez em quando. Quando ele morreu, senti como se tivesse perdido um amigo querido e sofri muito por ele. De forma egoísta, meu primeiro pensamento foi: nunca mais haverá um novo livro de John Wyndham. Nunca mais sentirei o prazer de abrir um de seus livros pela primeira vez. E meu segundo pensamento foi: eu nunca escrevi para ele. Eu nunca disse a ele quanto prazer as suas histórias me proporcionaram, e agora é tarde demais. Eu ainda continuo sem escrever cartas para ninguém. Esta é a minha primeira, Stephen, e você provavelmente nunca a lerá. Quantas cartas você recebe todos os dias, me pergunto?
Não, você não foi o meu primeiro amor, mas você é o maior deles.
Quando te conheci, Stephen, eu sabia que havia encontrado minha alma gêmea. Você realmente consegue fazer isso comigo. Você consegue me pegar pela mão e me levar para aquele lugar sombrio onde coisas indescritíveis acontecem. Quando estou com você, perco toda a consciência do meu entorno e vivo dentro da história.
Você consegue fazer isso. Você escreve histórias maravilhosas e assustadoras. Às vezes leio algum trecho seu e a beleza da escrita me deixa sem fôlego. Mas, na maioria das vezes, eu nem percebo a escrita porque estou vivendo dentro da sua história.
Você não precisa recorrer a descrições sangrentas revoltantes ou a cenas explícitas de sexo. Você é muito mais sutil. Você dá uma pista do que está escondido nas sombras atrás da porta. Podemos ouví-lo sussurrar ou ouvir o som das suas unhas arranhando a madeira, mas raramente vemos o seu rosto.
Você realmente consegue fazer isso.
E você fez algo que nenhum outro conseguira fazer. Você me ensinou como fazer isso por mim mesma.
Eu comprei o seu livro, On Writing, logo depois que vim morar na Espanha.
Eu só consegui a versão em espanhol e – talvez você esteja interessado em saber disso – é hilário. Acredito que a editora decidiu repentinamente que você era mais literatura
do que ficção popular, e eles deram a você um tradutor do estilo da alta literatura espanhola. Consequentemente, alguns dos seus adendos maravilhosos ficaram absurdos pela maneira como foram apresentados. Por exemplo, há uma página inteira enfatizando que, para ser agradável, uma história deve ser mantida simples e apresentada em suma, facilmente visualizada cos parágrafos oculares, no estilo de tabloide em vez de folha larga. O tradutor colocou uma página inteira em um único e longo parágrafo! Ele, na verdade, pegou uma citação em que você introduz uma descrição perfeita em três frases curtas e as apresentou em uma única frase!
Mas eu discordo.
O ponto é que você me ensinou. Você me disse como fazer e me preparou um exercício para provar a mim mesma que eu conseguia. Você me deu um cenário e me disse para finalizar. E eu o fiz. Foi a minha primeira tentativa de escrever com seriedade e eu a publiquei em minha primeira submissão. Caso você se interesse em ler, Stephen, é a última história de Take One at Bedtime - Waiting for Daddy. Eu acho que você vai gostar do fim. Estou muito orgulhosa disso.
Você me disse para escrever para você e contar como havia me saído, mas quando fui ao seu website, não estava mais aceitando envios. Eu imagino que milhares de pessoas escreveram versões das suas histórias. O seu website deve ter inundado com os supostos Stephen Kings.
Eu agora escrevo todos os dias. Ainda leio vorazmente, mas também escrevo. Não é tudo sobre terror, mas a maioria das minhas histórias possui algo de estranho nelas. Eu consigo me levar a esse lugar agora.
Há algo inexprimivelmente empolgante em sentar-me na frente de meu computador, colocar as mãos no teclado e entrar em minha própria história. Quando vai bem, apenas flui. É como esquiar em uma ladeira íngreme, andar de canoa por uma cachoeira, ou levantar o cobertor muito lentamente da coisa que está sobre a mesa na sala escura.
Você não foi meu primeiro amor, Stephen, mas eu queria que você soubesse que você é definitivamente o maior deles.
O Que é o Romance, Exatamente?
Eu sempre soube que seria uma escritora um dia. Era apenas uma questão de encontrar tempo. Tenho a cabeça cheia de histórias desde que consigo me lembrar.
Mas eu sempre presumi que escreveria histórias de fantasmas ou de ficção científica, no estilo John Wyndham. Talvez um pouco de terror suave. Por isso, fiquei surpresa quando eu finalmente comecei a escrever minhas histórias para só então descobrir que elas se negavam a se encaixar especificamente nesses gêneros. Ou, de fato, em qualquer outro gênero.
Recentemente, fui convidada a categorizar meu primeiro livro de contos e, quando confessei a eles que estava perplexa por não saber, o website da crítica perguntou: Como o seu editor o categoriza?
.
Boa pergunta. Eu nunca me atentei a isso. Sentindo-me um tanto tola, procurei no website do meu editor e descobri que ele é classificado como 'ficção especulativa'. Que inteligente da parte deles! Eu sempre usarei isso no futuro.
Veja bem, o problema com a escrita é que você sabe exatamente o que vai escrever e como tudo isso vai acabar. Então, a história parece ganhar vida própria e sair em outras direções, com o pobre autor correndo atrás dela, esperando pegá-la antes que ela se meta em algum tipo de problema, tentando desesperadamente parecer estar no controle.
Uma das coisas que a maioria das minhas histórias bastante peculiares tem em comum é um elemento de romance. Percebi que raramente gosto de ler um livro que não tenha ao menos um pouco de amor nele. Não precisa ser um amor romântico. Pode ser o amor dos pais por um filho, o amor por um animal de estimação, um amor de amigos. Mas é muito mais interessante para mim se os personagens se amam. Isso surge quando estou escrevendo.
Eu estava tentando escrever uma história de viagem no tempo e descubro que tudo se resume a um casal que se ama e que está passando por um mau momento, ou a uma mulher que é suicida depois de descobrir a infidelidade do marido e que encontra um novo amor de maneira inesperada no meio do caminho.
Com isso decidi que poderia tentar então escrever um romance propriamente dito. Na verdade, eu escrevi duas histórias que foram feitas para serem romances e que se mantiveram firmes a isso – 'A Castle in Spain' e 'Jess's Girl', ambas da antologia 'Take One To Bedtime'. Mas as outras histórias saíram vagando por diferentes caminhos.
Observe 'Domingo's Angel', uma história perfeitamente objetiva de um pastor espanhol se apaixonando por uma garota inglesa. O que poderia ser mais simples que isso?
Bem, tudo teria terminado bem se uma tal velha mandona não tivesse entrado na trama e assumido o controle dela. Antes que eu percebesse, eu estava fascinada por ela e queria conhecer a