Os Contos Com Nenhuma Dignidade
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Os Contos Com Nenhuma Dignidade - GABRIELA GRAUDENZ ERNANDORENA
Contents
Title Page
CONTOS COM ZERO DIGNIDADE
De Gabriela Graudenz Muller Ernandorena
Contos Com Nenhuma Dignidade
Gabriela Graudenz Muller Ernandorena
Prologo
Todos tiveram um primeiro amor. Até os seres humanos que melhor poderiam ser caracterizados como ¨curvas de rio¨ tiveram o seu. Eu, não. Eu tive minha primeira humilhação. Note bem: PRIMEIRA. Não única, não última, primeira.
Eu era a gorda da turma, mas não a burra. Bem pelo contrário, sempre fui bem inteligente, e inteligente o suficiente para saber que o bonitinho da turma não ia gostar de mim, a vida é assim mesmo, então fui baixando meus padrões. E continuei diminuindo conforme notava a não reciprocidade. Nesse momento aparece na minha vida o Ney , diminutivo de Endrisney, coleguinha novo de aula.
Ney era um garoto alto demais para a idade, tímido, raquítico e cheio de espinhas. Para completar, não era muito inteligente, quase o sonho de consumo de uma menina de 13 anos. Em razão de uma prova em dupla, com as duplas sorteadas, nosso relacionamento foi iniciado. Fiz a prova inteira sozinha porém feliz da vida de ter um menino ao meu lado
No dia seguinte fui declarar meu eterno amor à Ney. Tinha encontrado minha metade da laranja, minha alma gêmea, o Ying do meu Yang. O iaiá do meu ioiô. Encontrei com ele no pátio, ao sinal do recreio, numa aparente tentativa de desviar de mim. Não me importei e fui até ele.
¨Ney, eu te amo¨, eu disse.
Como eu sempre causo variadas sensações nas pessoas ele peidou alto e em seguida se cagou nas calças.
Até hoje não entendi por que nunca mais o vi.
Micropenis do?
Posso ter uma caralhada de defeitos, mentirosa não é um deles. Bem pelo contrário, sou extremamente sincera, o que nem sempre é uma virtude, visto que muitas vezes eu me coloco em situações constrangedoras em decorrência disso. Comecemos então com uma medida de pura sinceridade: eu não lembro o nome de todos os pênis que já me foderam. Nem de todas as bocetas que comi. Me morda. Nomes não são nem nunca serão meu forte.
Estava eu com meus 18 aninhos e indo viajar com uns amigos, sozinha, pela primeira vez. Não poderia estar mais empolgada de ir acampar na praia – sim, na ânsia de viajar sem supervisão eu optei por ignorar os detalhes que me faziam ODIAR ACAMPAR, pensando que seria já bom o fato em si de não ter adultos pra incomodar ou regrar. AH-HAM.
De partida, comecei bem: fui acampar na praia e esqueci de levar biquíni. Passei os 2 dias seguintes ouvindo: ¨mas por que tu não trouxe biquíni?.
Porque eu gosto de sofrer, animal, não é porque eu esqueci". Como meu contado dinheiro da época era para me alimentar de cerveja, curti a praia de saia jeans e camiseta.
De quem consistia a galera: eu, fedelha fedendo à fraldas ainda, querendo fazer tudo que não podia fazer; meu irmão mais velho que não podia beber pois estava dirigindo; a ficante fanha e bulímica dele, que também só levou sapatos de salto agulha e bico fino, pra um acampamento; o amigo metido a pegador que tomava anabolizante e por isso também não podia beber e aquele amigo que ninguém nunca lembra. Assim, éramos 5.
Logo de cara, um problema lógico, só descoberto quando já estávamos no local: éramos 5 e para uma barraca de 3 pessoas. Que ninguém sabia montar. Após resolvermos nosso pequeno revés pedindo para os escoteiros de 12 anos que estavam ali perto ajuda para montar, precisávamos descobrir o que faríamos depois. Decidimos por ir pra um bar frente ao mar , comer algo e/ou beber. Resolvi me alimentar de cevada, sempre uma excelente ideia para quem já quase não se humilha sem o fator álcool.
Certa hora da noite resolvi que era meu momento de criar asas e sair por aí, conversar com pessoas que nunca tinham me visto, queimar meu filme onde eu não o