Mitos Cristãos
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Mitos Cristãos - José Pinheiro de Souza
Kardec & Chico : dois missionários - Copyright©2016.
Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução desta obra, em seu todo ou em parte, por qualquer
meio, sem a prévia autorização da Ethos Editora.
Produção do Ebook: CITEC
Editora : Ethos Editora
GEEC - Grupo Educação, Ética e Cidadania
Catalogação na Publicação (CIP) - Brasil
S719c Souza, José Pinheiro de
Mitos Cristãos: desafios para o diálogo religioso/ José Pinheiro de Souza. 1. ed. – Divinópolis : Ethos , 2016.
ISBN: 978-85-98107-43-1
1. Religião. 2. Cristianismo. 3. Ecumenismo. 4.Mitos Cristãos I. Título.
CDD 280.042
Divinópolis - 2016
Sumário
AGRADECIMENTOS
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
O CRISTIANISMO DE JESUS E O DOS CRISTÕES
CAPÍTULO 2
CONCEITOS DE MITOS ,MITOLOGIA
E MITOS CRISTÃOS
CAPÍTULO 3
FÉ E RAZÃO
CAPÍTULO 4
A QUESTÃO DA VERDADE
CAPÍTULO 5
CONCEITO DE DEUS
CAPÍTULO 6
INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
CAPÍTULO 7
ANÁLISE CRÍTICA DOS PRINCIPAIS
MITOS CRISTÃOS
CAPÍTULO 8
OS MITOS CRISTÃOS E A REENCARNAÇÃO
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos às seguintes pessoas e/ou instituições : Centro Espírita Simples como a Fé, Fortaleza-Ceará, na pessoas de seu presidente, Sr. Salim Ibraim Said, pelo convite que me fez para ministrar uma palestra que gerou a produção deste livro.
Grupo Espírita GEEC (Grupo Ética e Cidadania), na pessoa de seu Diretor Executivo , Jomar T. Gontijo, Divinópolis- MG, por ter assumido a publicação desta obra. Minha esposa, Laci, por me haver inspirado com suas palavras e seu testemunho de vida a ideia maior de meus dois livros ecumênicos de que a verdadeira religião é a prática do amor.
Meus filhos, Jocely, Joacy e Joceny.
Meus agradecimentos a todos aqueles que leram os originais desta obra e me fizeram comentários, entre os quais destaco os seguintes nomes : o escritor judeu Vicente Francismar de Oliveira (residente em Fortaleza -CE),o escritor mineiro José Reis Chaves (residente em Belo Horizonte -MG), o irmão espírita Alberto de Albuquerque Cordeiro, do Centro Espírita Simples como a Fé (residente em Fortaleza -CE),o escritor, e ex-padre selesiano, Paulo Cabral da Rocha (residente em Fortaleza -CE), o irmão espírita Jomar T. Gontijo, apresentador e editor desta obra (residente em Divinópolis-MG), o Prof. José Alves Fernandes (residente em Fortaleza -CE) e o advogado Raul Gomes Serafim (residente em Fortaleza -CE), por ter me presenteado com o libro Breve história das religiões, de Ambrogio Donini, Obra muito utilizada na pesquisa deste livro.
Franciana Pequeno, pelo suporte na digitação e diagramação eletrônica do livro.
Não posso esquecer, finalmente, de agradecer a Deus, a Jesus e a outros amigos espirituais, por terem me dado inspiração e coragem de escrever este livro de natureza bastante polêmica, mas cujo objetivo último é contribuir para promover a verdadeira paz e a fraternidade, mediante a prática, cada vez mais necessária, do diálogo ecumênico e inter-religioso.
APRESENTAÇÃO
Na introdução de sua obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec afirma :
Podem dividir-se em cinco artes as matérias contidas nos Evangelho : os atos comuns da vida de Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As quatro primeiras têm sido objetivo de controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente inatacável.
Nessa mesma obra, Kardec concentra seu esforço na análise e reflexão da quinta parte, essência do ensinamento de Jesus. Em seu último livro, A Gênese ; os milagres e as predições segundo o Espiritismo, Kardec se aventura em buscar explicações mais científicas para a segunda e a terceira partes. A quarta parte, porém, a que diz respeito às palavras (as quais ele não afirma serem de Jesus) que foram tomadas pela Igreja para o fundamento de seus dogmas, não foi o objetivo de seus estudo.
Ele não se preocupava com essas questões, visto que entendia o Espiritismo com Ciência e Filosofia com consequências morais, como nesta resposta publicada na Revista Espírita de Junho em 1859, ao Sr. Abade Chesnel :
O Espiritismo, como eu disse, está fora de todas as crenças dogmáticas, com as quais não se preocupa; não o considerando senão como uma ciência filosófica, que nos explica uma multidão de coisas que não compreendemos, e, por isso mesmo, em lugar de abafar em nós as ideias religiosas, como certas filosofias, fá-las nascer naqueles em que elas não existem; mas se quereis, por toda a força, elevá-lo à categoria de uma religião, vós mesmo o empurrais para um caminho novo.
Infelizmente, ou felizmente, não sei avaliar, pois o Espiritismo científico/filosófico não sobreviveu na França; o Espiritismo elevado
à categoria de uma religião foi o que floresceu no Brasil. Agora, porém, é necessário restabelecer seu sentido original, buscando a universalidade possível apenas à Ciência e à Filosofia. Para isto, é necessário que deixemos de achar que temos a única, exclusiva e verdadeira interpretação dos assuntos religiosos
. Somente com este espírito de alteridade e respeito a todas as crenças é que poderemos vivenciar o preceito do amor pregado por todas as religiões, inclusive pelo Espiritismo.
Os livros do Prof. Pinheiro avançam neste terreno escorregadio e cheio de armadilhas. Ele o faz com maestria. Grande conhecedor de Teologia e da História das Religiões, caminha com segurança em temas polêmicos e instigantes , referenciando as fontes e autores para quem quiser se aprofundar, e discorrendo de maneira clara e simples. No mínimo, dois efeitos são notáveis quando terminamos de ler uma de suas obras : o aumento considerável de nossa cultural religiosa e histórica e um respeito a todas as ideias, mesmo aquelas com as quais não concordamos, visto que a essência defendida em suas obras é a mesma que defendeu Jesus (o histórico), o amor como norteador das ações humanas.
Neste livro, Mitos Cristãos: Desafios para o Diálogo Religioso, que o leitor tem em mãos, o Prof. Pinheiro reflete sobre os fundamentos dos dogmas
das diversas igrejas, complementando o que não foi refletido por Kardec nas obras citadas, buscando eliminar o exclusivismo religioso, defendendo a possibilidade de ecumenismo e do macroecumenismo fundamentados no amor. Em nenhum momento defendo o Espiritismo como crença ou religião. Defende, sim, alguns princípios, que não são propriedades do Espiritismo, que são defendidos por diversas doutrinas ou religiões.
Reafirmo minha opinião segundo a qual o movimento espirita, enquanto movimento social que busca melhorar o mundo; o leitor seja espírita ou não, enquanto ser que busca conhecimento e aprimoramento para melhor dirigir suas ações no mundo; a Doutrina Espírita, enquanto acervo de informações que busca subsídios para melhor compreender o sentido da vida e auxiliar o homem a se tornar um homem de bem
e todas as religiões e movimentos ecumênicos que buscam a alteridade e a paz entre os homens têm muito a agradecer por mais esta obra do Prof. Pinheiro.
PREFÁCIO
Sou professor universitário, aposentado da Universidade Estadual do Ceará e da Universidade Federal do Ceará, PhD em Linguística e Mestre no Ensino de Inglês como Língua Estrangeira pela Universidade de Illinois (USA).
Até meus 57 ano de idade, fui católico convicto, tendo estudado para padre no Seminário Salesiano, Durante 12 anos. Atualmente, sou espiritualista reencarnacionista independente, Simpatizante do espiritismo kardecista. Depois que me aposentei, há 10 anos, procurei uma maneira de ocupar bem o meu tempo, estudando as religiões.
Como fruto de meus estudos, escrevi o livro Entrevistas com Jesus: Reflexões Ecumênicas, cuja 1° edição foi lançada em 2005, sua 2° edição (revista e ampliada) se acha atualmente disponível no meu site; www.pinheiro.souza.non.br(Cf.SOUZA,2005 / 2007) e a sua 3° edição será brevemente lançada pela Editora Panorama Espírita de Divinópolis, Minas gerais.
O presente livro (Mitos Cristãos: Desafios para o Diálogo Religioso) foi extraído e adaptado de algumas partes de meu livro anterior (Entrevistas com Jesus: Reflexão Ecumênica).
Uma das expressões-chaves desta obra é diálogo religioso
, que empregarei em três sentidos:
1) O diálogo sobre temas religiosos entre pessoas da mesma religião ou de religiões diferentes, ou até mesmo entre pessoas que não estejam filiadas a qualquer instituição religiosa particular;
2) O diálogo ecumênico
, isto é, o diálogo para reaproximação dos cristãos divididos;
3) O diálogo inter-religioso
(ou macroecumênico
), ou seja, o diálogo entre seguidores de religiões diferentes, particularmente o diálogo entre o cristianismo histórico e as religiões ou filosofias tradicionalmente não –cristas.
O subtítulo deste livro(Desafios para o Diálogo Religioso) expressa o meu interesse pelo ecumenismo. Por que esse meu interesse tão grande pelo ecumenismo e o diálogo inter-religioso? Interesso-me pelo diálogo entre religiões, porque, ao estuda-las, percebi que elas são muito exclusivistas, cada uma tendo a pretensão de ser dona exclusiva da verdade religiosa.
Nesse sentido, concordo plenamente com o teólogo católico Faustino Teixeira, quando ele chega a declarar que fora do diálogo ,não há futuro possível para o cristianismo
(TEIXEIRA, 1995, p. 128) (negrito meu).
A respeito da necessidade do diálogo inter-religioso, o Arcebispo; Dominique Mamberti, ministro das Relações Exteriores do Vaticano, fez recentemente a seguinte afirmação: O papa Bento XVI tem dito repetido:
o tema do diálogo entre as culturas e as religiões e um dos pontos cruciais desta era'." (Jornal O Povo, Fortaleza, CE., 16 de setembro de 2006, p. 32.)
Nesse contexto da necessidade atual do diálogo entre as religiões este livro Objetiva contribuir com o diálogo religioso entre cristãos e não cristãos, abordando um tema comum a todas as religiões, ou seja,mitos
em que se fundamentam.
Mas o que é mito
? Essa palavra (como veremos no capítulo 2) pode ter muitos significados e, até hoje, ainda não existe consenso na literatura religiosa sobre o seu conceito.
Platão opunha o mito (mythos), enquanto mentira, ao logos que, exprime a verdade
(BRUNEL, Dicionário de Mitos Literários, p. xv).
Segundo um dos maiores especialistas em mitologia (o escrito romeno Mircea Eliade), a palavra mito
é
hoje empregada tanto no sentido de ficção
ou ilusão
, como no sentido familiar sobretudo aos etnólogos, sociólogos e historiadores das religiões de tradição sagrada, revelação primordial, modelo exemplar
(ELIADE 2006, p. 7-8).
John Hick, o maior filósofo e teólogo pluralista do mundo, defina mito
nos seguintes termos:
Um mito é uma história contada, mas não é literalmente verdadeira; é uma ideia ou uma imagem que é aplicada a alguém ou a algum coisa, mas não pode ser literalmente interpretada, pois quer somente despertar uma atitude particular nos seus ouvintes (HICK, 1977, p. 17, (negrito meu).
Sem querer agredir a fé cristã tradicional (a qual merece todo o nosso respeito), nem diminuir o valor histórico do cristianismo e da Igreja católica, mas apenas contribuir para o conhecimento da verdade que nos liberta (Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará
), adoto neste livro, esses quatro sentidos de mito, uma vez que um sentido não exclui necessariamente o outro: 1) o conceito platônico de mito
como mentira
; 2) o seu conceito moderno de ficção
ou ilusão
; 3) o seu conceito proposto por Hick de uma história (uma crença, uma doutrina) que não pode ser literalmente interpretada e 4) o sentido arcaico de mito como tradição sagrada, revelação primordial, modelo exemplar
(ELIADE, 2006, p. 8).
Em busca da verdade que nos liberta, refletirei crítica e ecumenicamente neste livro sobre os chamados mitos cristãos
, à luz da filosofia espírita da fé raciocinada
(aquela que pode encarar a razão a face, em todas as épocas da Humanidade
), bem como à luz da teologia liberal/pluralista contemporânea.
Todos os estudiosos das religiões são unânimes em afirmar que os mitos fizeram (ou fazem) parte de todas as religiões. Logo, o cristianismo não pode ter a pretensão de ser uma religião sem mitos (Cf. ELIADE. 2006, p. 10; p. 141 -150). No dizer desse mesmo autor, veremos que o cristianismo, tal qual foi compreendido e praticado nos dois milênios de sua história, não pode ser completamente dissociado do pensamento mítico
(ld. lbid., p. 143).
O famoso teólogo alemão Rudolf Bultmann (1886-1968), um dos maiores nomes e líderes da teologia protestante em todo o mundo, sempre defendeu a tese de que os evangelhos, se interpretados literalmente, como eventos históricos, nada mais são que uma coleção de mitos. Eis o que escreveu Eliade (p. 42) sobre Rudolf Bultmann:
Em nossos dias, um Rudolf Bultmann afirma que nada se pode conhecer sobre a vida e a pessoa de, Jesus, embora não duvide de sua existência histórica. Essa posição metodológica supõe que os Evangelhos e os outros testemunhos primitivos estão impregnados de elementos mitológicos
(tomando o termo na acepção daquilo que não pode existir
). Não há dúvida que, nos Evangelhos, abundam elementos mitológicos
.
O mesmo autor, ao escrever sobre a importância do mito vivo
, nos esclarece a distinção entre o conceito usual de mito como fábula
,invenção
. ficção
e o conceito arcaico de mito como uma história verdadeira
e extremamente preciosa por seu caráter sagrado, exemplar e significativo
:
Há mais de meio século, os eruditos ocidentais passaram a estudar o mito por uma perspectiva que contrasta sensivelmente com a do século XIX, por exemplo. Ao invés de tratar, como seus predecessores, o mito na acepção usual do termo, isto é, como fábula
, invenção
, ficção
, eles o aceitaram tal qual era compreendido pelas sociedades arcaicas, onde o mito designa, ao contrário, uma história verdadeira
e, ademais, extremamente preciosa por seu caráter sagrado, exemplar e significativo (ELIADE, p. 7-8) (negrito meu).
Neste livro, não posso deixar de reconhecer e respeitar o conceito arcaico e tradicional de mito como tradição sagrada, revelação primordial, modelo exemplar
. Mas defendo igualmente, com o maior filósofo e teólogo pluralista do mundo, o inglês John Hick (Cf. HICK, 1977), que é preciso saber distinguir mitos de fatos históricos e interpretar os mitos metaforicamente, e não literalmente, pois, repetindo a definição de mito dada por ele,
um mito é uma história contada, mas não é literalmente verdadeira; é uma ideia ou uma imagem que é aplicada a alguém ou a alguma coisa, mas não pode ser literalmente interpretada, pois quer somente despertar uma atitude particular nos seus ouvintes (HICK, 1977, p. 178) (negrito meu).
Nesse sentido, os dogmas cristãos
, rotulados pelos teólogos cristãos liberais/pluralistas de mitos cristãos
, tradicionalmente Intocáveis, estão sendo, atualmente, cada vez mais discutidos e debatidos, até mesmo por famosos teólogos católicos. Lembro-me, por exemplo, que, no dia 8 de abril deste ano de 2007, vi e ouvi, no Programa Fantástico da Rede Globo de Televisão, o famoso teólogo e ex-padre católico John Dominic Crossan (autor do livro O Jesus Histórico), sendo entrevistado e afirmando que a ressurreição de Cristo deve ser interpretada metaforicamente, e não literalmente. Nesse contexto, os dogmas cristãos constituem hoje sérios desafios para o diálogo Inter- religioso, mas creio que é chegado o tempo de os cristãos sentirem a necessidade de dialogar abertamente (com os seguidores de outras religiões) sobre a inegável dimensão mítica de suas crenças religiosas.
Fortaleza, 23 de julho de 2007
José Pinheiro de Souza
INTRODUÇÃO
Convicto da necessidade atual do diálogo entre as religiões, reafirmo que escrevi este livro para incentivar o diálogo religioso entre cristãos e não cristãos, sobre um tema comum a todas as religiões, ou seja, os mitos
em que se fundamentam. Se os mitos são a base de todas as religiões, o cristianismo, como afirmei no Prefácio, não pode ter a pretensão de ser uma religião sem mitos. Mais explicitamente, pretendo atingir nesta obra os seguintes objetivos:
1) Defender, numa perspectiva religiosa pluralista, a equivalência funcional (não doutrinal) de todas as crenças religiosas (NÃO IMPORTA O CAMINHO!), em oposição aos pontos de vista religiosos que sustentam a exclusividade, unicidade e superioridade de UM CAMINHO, isto é, de um credo religioso, em relação aos demais. Por essa tese da equivalência funcional de todos os credos religiosos, o catolicismo é tão bom, válido e verdadeiro para os católicos, quanto o judaísmo o é para os judeus, o budismo para os budistas, o espiritismo para os espíritas e assim por diante. Essa tese não afirma, porém, que todas as religiões são igualmente verdadeiras do ponto de vista de suas crenças, de seus dogmas ou de seus mitos, uma vez que, em questões de doutrina, elas se contradizem em muitos pontos. Daí, a necessidade do diálogo religioso aberto e sincero para se saber quem está com a verdade.
2) Fazer uma análise crítica dos mitos (ou dogmas) cristãos mais exclusivistas, porque eles erguem uma barreira intransponível entre o cristianismo dogmático e as outras religiões deste planeta, impedindo a paz, o amor, a fraternidade e o diálogo religioso de igual para igual. Nesse sentido, o livro combate, sobretudo, o chamado mito da unicidade cristã, ou seja, a pretensão do cristianismo tradicional de ser a única fé verdadeira para toda a humanidade
(Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo, de agora em diante DRCO, MATHER & NICHOLS, 2000, verbete cristianismo) e a pretensão da Igreja Católica de ser a única Igreja de Cristo
(RATZINGER, 2001, n. 16).
3) Mostrar a incompatibilidade entre vários mitos cristãos e a reencarnação, doutrina comum a muitas religiões e filosofias (antigas e modernas) que admite a preexistência da alma e o seu renascimento em novo corpo físico, que explica as diferenças entre os seres humanos e os seus sofrimentos, além de se coadunar com a justiça e a misericórdia divinas e ser, hoje, aceita pela maioria das crenças religiosas e filosóficas do mundo: dois terços da população mundial acreditam em reencarnação
(Van PRAAGH, 1999, p. 100; Cf. também BLAVATSKY, 2000, p. 562-563).
4) Meu quarto e último objetivo deste livro é estimular o diálogo e o debate bimilenar (e cada vez mais atual) sobre a verdadeira identidade de Jesus: QUEM FOI JESUS? Justifico a abordagem desse tema, porque a maior polêmica cristã de todos os tempos sempre foi (e continua sendo) sobre a verdadeira identidade (ou natureza) de Jesus (Cf. CHAVES, 2006c).
Por isso mesmo, Jesus é a personagem sobre a qual mais se tem escrito livros neste planeta - segundo uma estatística recente, publica- se uma média de quatro livros por dia sobre Jesus
(WOODWARD, 2000, p. 97) - mas que, mesmo depois de dois mil anos de cristianismo, ainda não se chegou a um consenso (nem mesmo entre os cristãos) acerca de sua verdadeira identidade.
Em face das concepções contraditórias a respeito da personagem central do cristianismo, podemos e devemos perguntar: JESUS NÃO É UM SÓ? QUAL É, ENTÃO, O VERDADEIRO JESUS?
Respeito o direito de cada grupo religioso (ou mesmo de cada indivíduo) de defender o seu Jesus
como sendo o verdadeiro Jesus
e, por isso mesmo, espero que você, prezado leitor, respeite igualmente o meu direito de defender, neste livro, aquele que é, na minha opinião, O VERDADEIRO JESUS DE NAZARÉ.
Quero esclarecer, finalmente, que não sou teólogo (no sentido acedêmico do termo), mas um autodidata, um estudioso critico das religiões, em busca da verdade religiosa, disposto a aderir a ela onde quer que mais me pareça encontrar-se, seguindo obviamente os ditames de minha consciência.
Nesse sentido, refletirei critica e ecumenicamente sobre diversos mitos cristãos
(apoiando-me em diversos autores), sem ter medo de me posicionar a respeito das questões examinadas, mas sem a pretensão de ser o dono da verdade
.
Por conseguinte, prezado