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Caim, o Primeiro Vampiro
Caim, o Primeiro Vampiro
Caim, o Primeiro Vampiro
E-book76 páginas1 hora

Caim, o Primeiro Vampiro

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Sobre este e-book

Caim vivia dos frutos de seu trabalho. Seus dias eram praticamente os mesmos até um sonho chamar sua atenção: uma oferenda era tudo o que Deus pedia. Mas, ao contrário do que imaginava, não seria a sua a ser aceita por Ele, e sim a de seu irmão, Abel.Um momento de loucura. Morte. Caim é marcado para sempre. Agora, não somente o céu o rejeita, como a própria terra e o que ela tem a oferecer. Caim então é obrigado a vagar por ela com apenas uma coisa capaz de saciá-lo: sangue.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de jul. de 2016
ISBN9788542808940
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    Caim, o Primeiro Vampiro - Georgina Cavendish

    também.

    1

    As gotas escorrem por meu rosto, ensopando minha pele. Suor… Passo a mão pela testa. Quanto tempo falta? Ergo o olhar ao sol, cobrindo levemente os olhos dos raios; quase meio-dia. Volto o olhar para a terra sob meus pés. Isso acaba logo. Pelo menos, por hoje.

    – Caim! – ela chama meu nome.

    Volto-me na direção de sua voz e sorrio. Minha mãe. Os cabelos dourado-avermelhados banhados pelo sol, caindo sobre um dos ombros, e aquela expressão feliz desenhada em seus lábios de modo a alcançar os olhos.

    – Sim? – Sorrio.

    – O almoço… Está na hora. Chame Abel. – Ela sorri.

    Minha mãe volta-se na direção de onde viera: para perto da nossa casa, que é simples, de madeira – o material que tínhamos à nossa disposição.

    Largo meus instrumentos de trabalho, observando-os colidirem com a terra. Levanto o olhar, em direção ao horizonte, em busca daquele exato ponto, até que o vejo: Abel pastoreia as ovelhas, parecendo compenetrado; talvez nem tenha percebido o tempo passar. Olho para suas mãos, tão limpas… Diferentemente das minhas, calejadas. Sorrio de leve, sentindo um toque de desgosto. Enquanto ele brinca com as ovelhas, eu faço o trabalho duro.

    Como se sentisse meu olhar, vejo-o erguer o dele em direção a mim. Disfarço, sorrindo para ele. Ele sorri de volta. Dou passos em sua direção. Percebendo, ele toma o caminho para vir ao meu encontro.

    – Caim?

    Abel olha-me, como que à espera de uma resposta àquilo que eu tenho a dizer.

    – Mamãe pediu para eu chamá-lo. O almoço está pronto.

    – Estou indo.

    Abel volta-se em direção a suas ovelhas, carregando uma delas. É um filhote, deve ter poucos dias apenas. E, com ela nos braços, segue na direção de casa.

    Eu o observo por um tempo, vendo-o passar com seu rebanho, e então o sigo.

    Após alguns minutos, chegamos perto de casa. Minha mãe o recebe com um beijo no rosto e vem em minha direção em seguida, beijando minha testa molhada. Ela olha-me nos olhos.

    – Coma alguma coisa, Caim. Depois, vá tomar um banho. Você parece cansado.

    Eu concordo. Sim, cansado… Estou cansado… Olho a comida, posta sobre a grama: frutas, legumes… É o que comemos. Mamãe costuma colocar algo extra para mim quando percebe meu cansaço. Hoje, é um desses dias. Há uma fruta a mais.

    Abel senta-se na grama, na posição que lhe é habitual. Eu tomo meu lugar. Pegando a primeira fruta que vejo, eu a giro na minha mão, observando-a. Verde, arredondada em uma extremidade, ficando mais fina em outra. Uma pera. Mas não importa quanta fome eu tenha, papai não está presente ainda e devemos esperá-lo. Sendo assim, boto a fruta no lugar novamente. Mamãe se senta conosco e sorri ao nos olhar.

    – Seu pai está chegando. Não precisarão esperar muito tempo – ela diz, e depois olha para mim, como se soubesse o que eu estou pensando.

    Eu sorrio de leve. Gosto dessa compreensão por parte dela. É mais fácil assim. Viver assim é mais fácil.

    Algumas folhas se agitam perto de nós, e, de trás delas, meu pai surge. Ao vê-lo, minha mãe se levanta, beija seus lábios e, em seguida, as mãos. Ele sorri levemente. Um sorriso cálido, até mesmo paternal. Senta-se no seu lugar de costume e minha mãe faz o mesmo. Para, olhando para nós, Abel e eu.

    – Como foi o dia de vocês? Espero que bom.

    – Foi bom – Abel responde, sorrindo a ele.

    Meu pai o retribui. Depois, volta-se para mim, como se esperando uma resposta, uma afirmação similar à de Abel. Eu o fito por alguns segundos.

    – Consegui plantar todas as sementes – respondo, sem desviar os olhos dele.

    – Bom, Caim. Muito bom. – Suspira. – Vamos agradecer agora e, então, poderemos comer.

    Meu pai abaixa o olhar para os frutos à sua frente, cruza as mãos e faz uma breve oração. Nós o acompanhamos e, ao fim, podemos comer a refeição.

    2

    Ela desliza pelo meu corpo lentamente… Eu suspiro. Pareço conseguir, finalmente, um pouco de paz. Volto o olhar para a água límpida, visualizando meu reflexo: gotas caem dos meus cabelos em direção à água, distorcendo-o levemente, mas ainda assim sou capaz de vê-lo bem… De ver-me bem. Meus ombros são largos; a pele, levemente queimada pelo sol; os músculos do torso, desenvolvidos pelo trabalho. Meus cabelos são castanho-escuros, de cor similar à dos meus olhos, que, por

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