Caim, o Primeiro Vampiro
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Caim, o Primeiro Vampiro - Georgina Cavendish
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1
As gotas escorrem por meu rosto, ensopando minha pele. Suor… Passo a mão pela testa. Quanto tempo falta? Ergo o olhar ao sol, cobrindo levemente os olhos dos raios; quase meio-dia. Volto o olhar para a terra sob meus pés. Isso acaba logo. Pelo menos, por hoje.
– Caim! – ela chama meu nome.
Volto-me na direção de sua voz e sorrio. Minha mãe. Os cabelos dourado-avermelhados banhados pelo sol, caindo sobre um dos ombros, e aquela expressão feliz desenhada em seus lábios de modo a alcançar os olhos.
– Sim? – Sorrio.
– O almoço… Está na hora. Chame Abel. – Ela sorri.
Minha mãe volta-se na direção de onde viera: para perto da nossa casa, que é simples, de madeira – o material que tínhamos à nossa disposição.
Largo meus instrumentos de trabalho, observando-os colidirem com a terra. Levanto o olhar, em direção ao horizonte, em busca daquele exato ponto, até que o vejo: Abel pastoreia as ovelhas, parecendo compenetrado; talvez nem tenha percebido o tempo passar. Olho para suas mãos, tão limpas… Diferentemente das minhas, calejadas. Sorrio de leve, sentindo um toque de desgosto. Enquanto ele brinca com as ovelhas, eu faço o trabalho duro.
Como se sentisse meu olhar, vejo-o erguer o dele em direção a mim. Disfarço, sorrindo para ele. Ele sorri de volta. Dou passos em sua direção. Percebendo, ele toma o caminho para vir ao meu encontro.
– Caim?
Abel olha-me, como que à espera de uma resposta àquilo que eu tenho a dizer.
– Mamãe pediu para eu chamá-lo. O almoço está pronto.
– Estou indo.
Abel volta-se em direção a suas ovelhas, carregando uma delas. É um filhote, deve ter poucos dias apenas. E, com ela nos braços, segue na direção de casa.
Eu o observo por um tempo, vendo-o passar com seu rebanho, e então o sigo.
Após alguns minutos, chegamos perto de casa. Minha mãe o recebe com um beijo no rosto e vem em minha direção em seguida, beijando minha testa molhada. Ela olha-me nos olhos.
– Coma alguma coisa, Caim. Depois, vá tomar um banho. Você parece cansado.
Eu concordo. Sim, cansado… Estou cansado… Olho a comida, posta sobre a grama: frutas, legumes… É o que comemos. Mamãe costuma colocar algo extra para mim quando percebe meu cansaço. Hoje, é um desses dias. Há uma fruta a mais.
Abel senta-se na grama, na posição que lhe é habitual. Eu tomo meu lugar. Pegando a primeira fruta que vejo, eu a giro na minha mão, observando-a. Verde, arredondada em uma extremidade, ficando mais fina em outra. Uma pera. Mas não importa quanta fome eu tenha, papai não está presente ainda e devemos esperá-lo. Sendo assim, boto a fruta no lugar novamente. Mamãe se senta conosco e sorri ao nos olhar.
– Seu pai está chegando. Não precisarão esperar muito tempo – ela diz, e depois olha para mim, como se soubesse o que eu estou pensando.
Eu sorrio de leve. Gosto dessa compreensão por parte dela. É mais fácil assim. Viver assim é mais fácil.
Algumas folhas se agitam perto de nós, e, de trás delas, meu pai surge. Ao vê-lo, minha mãe se levanta, beija seus lábios e, em seguida, as mãos. Ele sorri levemente. Um sorriso cálido, até mesmo paternal. Senta-se no seu lugar de costume e minha mãe faz o mesmo. Para, olhando para nós, Abel e eu.
– Como foi o dia de vocês? Espero que bom.
– Foi bom – Abel responde, sorrindo a ele.
Meu pai o retribui. Depois, volta-se para mim, como se esperando uma resposta, uma afirmação similar à de Abel. Eu o fito por alguns segundos.
– Consegui plantar todas as sementes – respondo, sem desviar os olhos dele.
– Bom, Caim. Muito bom. – Suspira. – Vamos agradecer agora e, então, poderemos comer.
Meu pai abaixa o olhar para os frutos à sua frente, cruza as mãos e faz uma breve oração. Nós o acompanhamos e, ao fim, podemos comer a refeição.
2
Ela desliza pelo meu corpo lentamente… Eu suspiro. Pareço conseguir, finalmente, um pouco de paz. Volto o olhar para a água límpida, visualizando meu reflexo: gotas caem dos meus cabelos em direção à água, distorcendo-o levemente, mas ainda assim sou capaz de vê-lo bem… De ver-me bem. Meus ombros são largos; a pele, levemente queimada pelo sol; os músculos do torso, desenvolvidos pelo trabalho. Meus cabelos são castanho-escuros, de cor similar à dos meus olhos, que, por