Ângulo de guinada
De Ben Lerner
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Sobre este e-book
Ben Lerner – um dos mais criativos autores de sua geração – investiga o destino do espaço e do discurso públicos, e como as tecnologias de visualização – fotos aéreas em especial – criam em nossa cultura uma imagem de si própria; uma imagem espetacular.
Lerner faz parte de uma geração assombrada pela ideologia da Guerra ao Terror. Política, tecnologia e a construção de discursos e imagens são temas urgentes que não escapam ao olhar nada previsível deste instigante artista.
"O PRIMEIRO CONSOLE DE JOGOS foi a chama domesticada. Os videogames contemporâneos permitem selecionar o ângulo desde onde se vê a ação, inspirando uma sucessão de massacres escolares. Os novos jogos, que usam pequenas pinceladas para simular o reflexo da luz, resultam quase incompreensíveis para os jogadores mais velhos. Em nossos simuladores, abstraímos os aviões com a esperança de manipular o voo como tal. Os macetes, códigos secretos que transformam o personagem em invisível ou rico, alteram o clima ou permitem pular de fase, são para o videogame o que a prece é para o mundo real. As crianças, chegada a hora, tentarão aplicar os macetes ao mundo fenomênico. Pressione para cima, para baixo, para cima, para baixo, esquerda, direita, esquerda, direita, a, b, a, para que saia o sol. Esquerda, esquerda, b, b, para manter-se aquecido."
Tradução de Ellen Maria.
Ben Lerner
Ben Lerner was born in Topeka, Kansas, in 1979. He has received fellowships from the Fulbright, Guggenheim, and MacArthur Foundations, and is the author of two internationally acclaimed novels, Leaving the Atocha Station and 10:04. He has published three poetry collections: The Lichtenberg Figures, Angle of Yaw, and Mean Free Path. Lerner is a professor of English at Brooklyn College.
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10:04 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTopeka School Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
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Ângulo de guinada - Ben Lerner
Sumário
1 – Engendrar estádios
2 – Ângulo de guinada
3 – Elegia didática
4 – Ângulo de guinada
5 – Vinte e um disparos em honra a Ronald Reagan
Agradecimentos
Sobre o autor
Para meus pais
Para meu irmão
À memória de Rose
A escrita, que no livro impresso havia encontrado um asilo onde levava sua existência autônoma, é inexoravelmente arrastada para as ruas pelos reclames e submetida às brutais heteronomias do caos econômico. Essa é a rigorosa escola de sua nova forma. Se há séculos ela havia gradualmente começado a deitar-se, da inscrição ereta tornou-se manuscrito repousando oblíquo sobre a escrivaninha, para afinal acamar-se na impressão, ela começa agora, com a mesma lentidão, a erguer-se novamente do chão. Já o jornal é lido mais a prumo que na horizontal, filmes e reclames forçam a escrita a submeter-se de todo à ditatorial verticalidade.
Walter Benjamin, Rua de mão única.
Olhos cobertos de gelo levantavam altares; e silenciosas respostas se arrastavam entre as estrelas.
Hart Crane, Em frente à tumba de Melville.
1
Engendrar estádios
Para Marjorie Welish
Exigências indefinidamente especificadas,
exigências incompatíveis com a vida coletiva
engendram estádios
com infinitos assentos
alinhados delicadamente.
Recordando sua forma
e sugerindo, portanto, sua função:
uma onda.
Ou repetindo sua forma
e desfazendo, portanto, sua função:
uma onda,
a qual tentarei aqui situar
no processo cognitivo mais amplo
de virar a página.
Que estas lágrimas estejam em sua face
não significa que sejam suas.
A árvore em sua mente
é minha.
A redistribuição das lágrimas
reflete nosso compromisso coletivo
com a tempestade e a extenuação
com atitudes condizentes ao mundo do esporte
e do jornalismo esportivo.
As convenções que regem o choro nos romances
não se aplicam ao choro diante da câmera
ou em equipes.
Os primogênitos despojados de lágrimas ancestrais
zombam das lágrimas dos novos ricos.
É isso o que vocês chamam de choro?
Chamamos de entretenimento esportivo
porque se paga mais ao perdedor,
porque perder é arriscado,
porque o risco é para perdedores
na economia coletiva
do estrelato inconstante.
Atores racionais vestindo máscaras de luta livre,
prefeririam perder coletivamente
para coletivizar a derrota
no setor terciário.
Eu ofereço um serviço valioso
(eu perco)
e trabalho de casa.
Por acaso não tenho direito de tomar seis cervejas
e ver um pouco de derrota encenada com elegância?
O aprendiz de feiticeiro é um rato animado
que perde o controle das vassouras que carregam água.
Pois bem, o que isso nos diz sobre limpeza?
Não há raios que partam ou gordura ou vidro que não se rendam à feitiçaria!
Pois bem, quem vai secar toda essa água?
O que vamos usar para eliminá-la
de nossas camisetas? Sugiro feitiçaria.
Na minha equipe da Liga Infantil participam ratos animados
que perdem o controle de suas camisetas
e atrasam a partida com raios
à moda de Fabius e Disney.
O General Disney torce a roupa (com feitiçaria).
O Frango do General Disney (com molho de feitiçaria).
O romance que é lançado ao chão se parte em versos
e alcança uma síntese perfeita
da Bíblia e da lista telefônica,
uma síntese fortuita
que lembra o trabalho de X
no uso da cereja e do advérbio.
Um ramo de advérbios negativamente rendidos
é típico de um período
em que a lista telefônica possuía todos os elementos da épica
mais ou menos três.
X é dessa geração que se deleitava na síntese
realizada no privado,
em misericordiosa síntese a benefício das cerejeiras.
Lancei abaixo as condições de verdade das cerejeiras
com uma síntese fortuita,
com uma lista telefônica em uma mão
e uma Bíblia na outra
e a outra.
Configurado para devolver ao lançador quando este arremessa
e configurado para devolver o lançado à massa,
um tiro intencional