Desculpa...
Queria escrever-te uma carta neste final de dia, onde rompesse os receios e escrevesse amor, com um sorriso reconfortante.
Mas não sou capaz.
Nesta mudança de parágrafo, olho para o Mediterrâneo e vejo sepulturas aquíferas, nas águas de fugas sem destino.
Vejo crianças com choros questionadores, sem brinquedos para partilhar e quantos colos sem serem pertença directa.
Vejo mulheres e homens, que buscam o lado natural de um viver, e lutam numa guerra indefinida, sem coordenadas, ou sóis rubricadores de possíveis jardins.
Vejo esforços, mãos, discursos, apelos...mas muitas indefinições que me boicotam um final de dia tranquilo.
Vejo tanto amor esbanjado, países e lavagens nas encostas de torres luxuosas, pontapés que erguem ouros, diamantes, estruturas, páginas e comunicados acesos, quando simples colheres de pau, alguns tachos, alguma fruta, algumas pescas perdidas, algumas hortas floridas e simples nascentes, eram suficientes para regar a fragilidade de quem foge, para tentar morrer um pouco mais tarde. Porque no deserto do nascer deles, o verbo viver é um inútil esforço.
Desculpa meu amor. Hoje não consigo colorir o final do dia, quando vejo mundos feridos de irregularidades, entre guerras obscuras e contos de almejos vendidos nas praças dos interesses ao desbarato da conveniência.
Custa-me ver estas contabilidades de milhares salvos, não sei de quê, contra milhares de mortos, não sei porquê.
Sei que amanhã o cenário vai ser o mesmo...oxalá como realizador me enganasse no enredo e abrisse um novo plano sedutor.
Desculpa, hoje as minhas palavras são preocupantes. Há matemáticas, que não entendo. Teorias que não vislumbro. Filosofias muito duvidosas. Magias denunciadoras. Marketing maldito... do venha a mim, porque os outros terão de esperar.
É este o mundo, que vamos deixar aos nossos filhos e aos nossos netos?
Será que fazer amor, ainda é um acto lógico de crescimento, desenvolvimento e sustentabilidade...ou será apenas um mero exercício dos tempos da maçã de Adão e Eva, para não esquecer...e depois logo se vê.
Desculpa meu amor, mas hoje mergulhei em águas sofredoras e estou muito pensativo. Lembras-te? As mesmas águas onde já mergulhámos felizes, são hoje cemitérios ou corredores de sofrimento. Impossível !
Desculpa.
José Luís Outono
( ao abrigo dos direitos de autor)
Mas não sou capaz.
Nesta mudança de parágrafo, olho para o Mediterrâneo e vejo sepulturas aquíferas, nas águas de fugas sem destino.
Vejo crianças com choros questionadores, sem brinquedos para partilhar e quantos colos sem serem pertença directa.
Vejo mulheres e homens, que buscam o lado natural de um viver, e lutam numa guerra indefinida, sem coordenadas, ou sóis rubricadores de possíveis jardins.
Vejo esforços, mãos, discursos, apelos...mas muitas indefinições que me boicotam um final de dia tranquilo.
Vejo tanto amor esbanjado, países e lavagens nas encostas de torres luxuosas, pontapés que erguem ouros, diamantes, estruturas, páginas e comunicados acesos, quando simples colheres de pau, alguns tachos, alguma fruta, algumas pescas perdidas, algumas hortas floridas e simples nascentes, eram suficientes para regar a fragilidade de quem foge, para tentar morrer um pouco mais tarde. Porque no deserto do nascer deles, o verbo viver é um inútil esforço.
Desculpa meu amor. Hoje não consigo colorir o final do dia, quando vejo mundos feridos de irregularidades, entre guerras obscuras e contos de almejos vendidos nas praças dos interesses ao desbarato da conveniência.
Custa-me ver estas contabilidades de milhares salvos, não sei de quê, contra milhares de mortos, não sei porquê.
Sei que amanhã o cenário vai ser o mesmo...oxalá como realizador me enganasse no enredo e abrisse um novo plano sedutor.
Desculpa, hoje as minhas palavras são preocupantes. Há matemáticas, que não entendo. Teorias que não vislumbro. Filosofias muito duvidosas. Magias denunciadoras. Marketing maldito... do venha a mim, porque os outros terão de esperar.
É este o mundo, que vamos deixar aos nossos filhos e aos nossos netos?
Será que fazer amor, ainda é um acto lógico de crescimento, desenvolvimento e sustentabilidade...ou será apenas um mero exercício dos tempos da maçã de Adão e Eva, para não esquecer...e depois logo se vê.
Desculpa meu amor, mas hoje mergulhei em águas sofredoras e estou muito pensativo. Lembras-te? As mesmas águas onde já mergulhámos felizes, são hoje cemitérios ou corredores de sofrimento. Impossível !
Desculpa.
José Luís Outono
( ao abrigo dos direitos de autor)