Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
Feliz 2008 é o que desejamos para todos nós
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
... olho o céu e revejo
o esboçado discreto sorriso da lua
relembrando a beleza sem par...
de viver a vida em toda sua plenitude !
Um presente da amiga Mestiça Samarino
"Silêncio...
é preciso ouvir o grito de quem grita calado;
é preciso sentir a morte de quem anda vivo;
é preciso amar quem não sabe o que é o amor"...
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
Rita Lee
Foto: Regresso em mim mesmo - Paulo Cesar
Espio a noite
enquanto você dorme.
Vou onde não há sorrisos,
onde vivem almas perturbadas.
Espio a noite,...
leio pensamentos,
escrevo relatos de quem observa
aqueles que buscam alguma saída.
Vou onde permanece o silêncio,
onde tentam se agarrar à vida,...
abro portas que você nem imagina existirem.
Busco fantasias,...
contemplo a beleza da noite narrada,
a frieza das lágrimas soltas,
as conseqüências de saudades.
Vou onde as palavras são embaladas em felicidade
ou seladas de sofrimentos.
Mergulho de alma...e,
à medida que mais me entranho
nesta escuridão palavras,
de perdidos e desejados sentimentos,
mais quero desvendar os segredos.
Enquanto você dorme
eu espio a noite.
Enquanto você dorme
mergulho de alma
e escrevo poemas.
O natal acontece interiormente, quando é acolhido e compartilhado, numa vivência única oferecida a todos, num ato de abertura e receptividade à luz e à verdadeira consciência.
Paulo Braccini
enfim é o que tem pra hoje...
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
(nem ia postar hoje, mas esta idéia foi um presente do Zi - amicê)
Ah, pedaço de mim
Ah, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Ah, pedaço de mim
Ah, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Ah, pedaço de mim
Ah, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Ah, pedaço de mim
Ah, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Ah, pedaço de mim
Ah, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus
Chico Buarque de Holanda na voz de Zizi Possi
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
A vontade é impotente perante o que está para trás dela.
Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo,
é a angústia mais solitária da vontade.
Friedrich Nietzsche
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
(estranho isto - torre banesp, nunca dá para entrar, impressionante. ou o elevador está com problemas de funcionamento, ou é domingo, ou o horário já passou das 17h. enfim, vou embora sem ver uma das vistas mais impressionantes de toda esta metrópole. isto é bom, penso comigo sempre, na próxima vez eu entro), bolsa de valores e seus engravatados, praça do patriarca, rua direita, o grande marco que inaugura esta grande metrópole opátio do colégio
(lugar onde foi fundada a cidade de são paulo, em 1554), praça da sé
(e sua imponente catedral gótica), viaduto santa “ifigênia”
(lindamente cantado por adoniram), padaria santa tereza (sempre o mesmo pedido - um pedaço de pizza com coca cola), vale do anhangabaú e seu charmoso viaduto do chá,
seguindo a trilha e lá está ela, famosa, cantada, seja em prosa ou em verso, cruzo av. ipiranga com av. são joão
e sua referência maior, o bar brahma (boemia que não se extingue com o tempo). os caminhos continuam, vem a estação da luz
com seus trens de subúrbio e o museu da língua portuguesa (fantástico), a sala são Paulo, a pinacoteca, o mercado da cantareira
(que vontade de comer pastel e sanduíche de mortadela... aff...). rua 25 de março (o comércio popular. quanta loucura), largo de são bento
com o magestoso mosteiro onde se ouve aos domingos os cantos gregorianos, praça da república
e suas árvores centenárias, sua feira de artesanato, sua charmosa estação de metrô, suas prostitutas e seus michês. bairro do bexiga
com suas raízes italianas, a igreja de nossa senhora acherupita, sua tradição de boemia, suas cantinas e seus ares de adoniram, avenida paulista
e sua imponência arquitetônica e seu frenesi financeiro, jardins, pinheiros, Higienópolis (nobre região residencial), vila mariana, vila madalena, santa cecília, são judas, brás, moca, ahhh! a liberdade
(um pouquinho do japão nos trópicos tupiniquins), o ibirapuera
(o grande pulmão da metrópole - o refúgio do paulistano de toda agitação típica da cidade). lugares outros existem, cada um com sua particular beleza, mas todos “integrados na” e “integrantes da” paisagem humana e urbana desta cidade, síntese de um país como o brasil. cidade cosmopolita onde raças, culturas, religiões, costumes, cozinhas, diversidades, tudo se harmoniza. assim é são paulo, assim eu sinto são paulo, assim eu amo são paulo. com maior intimidade - Sampa.
paulistanos de origem, paulistanos por adoção, paulistanos por amor, não se cansam de cantar toda a magnitude desta terra que a todos acolhe com seu calor e sua generosidade. registro aqui trechos de alguns destes depoimentos, os mais lúdicos, que me falam fundo n’alma e bem definem todo meu amor por esta cidade:
Sampa - Caetano Veloso
Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João É que quando cheguei por aqui, eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas Ainda não havia para mim Rita Lee A tua mais completa tradução Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto mau gosto É que Narciso acha feio o que não é espelho E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho Nada do que não era antes quando não somos mutantes E foste um difícil começo, afasto o que não conheço E quem vem de outro sonho feliz de cidade Aprende depressa a chamar-te de realidade Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas Da força da grana que ergue e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas Eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços Tuas oficinas de florestas teus Deuses da chuva Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do Samba Mas possível novo quilombo de zumbi E os novos baianos passeiam na tua garoa E novos baianos te podem curtir numa boa.
São Paulo - Tom Zé
“São, São Paulo meu amor São, São Paulo quanta dor São oito milhões de habitantes De todo canto e nação Que se agridem cortesmente Morrendo a todo vapor E amando com todo ódio Se odeiam com todo amor São oito milhões de habitantes Aglomerada solidão Por mil chaminés e carros Caseados à prestação Porém com todo defeito Te carrego no meu peito São, São Paulo Meu amor São, São Paulo Quanta dor Salvai-nos por caridade Pecadoras invadiram Todo centro da cidade Armadas de ruge e batom Dando vivas ao bom humor Num atentado contra o pudor A família protegida Um palavrão reprimido Um pregador que condena Uma bomba por quinzena Porém com todo defeito Te carrego no meu peito São, São Paulo Meu amor São, São Paulo Quanta dor Santo Antonio foi demitido Dos Ministros de cupido Armados da eletrônica Casam pela TV Crescem flores de concreto Céu aberto ninguém vê Em Brasília é veraneio No Rio é banho de mar O país todo de férias E aqui é só trabalhar Porém com todo defeito Te carrego no meu peito São, São Paulo Meu amor São, São Paulo Quanta dor
Te amo São Paulo - Tom Jobim
São Paulo, te amo Te amo, São Paulo Na tarde tão fria Busquei teu calor, teu amor em São Paulo São Paulo, te amo Pasión de mi vida I love you, querida Je t'aime São Paulo Io ti amo São Paulo I love you Te amo, São Paulo Te amo Te adoro, te adoro São Paulo, São Paulo, São Paulo Laiala laia la Sonhei com você em São Paulo.
Outras pequenas suítes:
Viaduto Santa Ifigênia - Adoniran Barbosa e Alocin
Venha ver, venha ver Eugênia,Como ficou bonito o viaduto Santa Ifigênia
Triste Margarida (Samba do Metrô) - Adoniran Barbosa
Eu disse a ela que trabalhava de engenheiro E que o metrô de São Paulo estava em minhas mãos.(...) Tudo ia indo muito bem, até que um dia, até que um dia,ela passou de ônibus pela via 23 de Maioe da janela do coletivo me viuplantando flores no barranco da avenida.
Trem das Onze - Adoniran Barbosa
Não posso ficar nem mais um minuto com você Sinto muito amor, mas não pode ser Moro em Jaçanã Se eu perder esse trem Que sai agora às onze horas Só amanhã de manhã.
Praça da Sé - Adoniran Barbosa
Praça da Sé, Praça de Sé, Hoje você é, Madame Estação Sé.
Avenida Paulista - Rita Lee e Roberto de Carvalho
Gosto de quem gosta De arrancar um sorriso Se eu curto a "fossa"Eu perco o juízo
Na Avenida Paulista Na Avenida Paulista
Rua Augusta - Billy Blanco
Tem coisas da Ipiranga, Da Itapetininga, Até da São João, Às vezes também dá, O Chá, o show, o chops, Uísque, boa pinga, E o molho das mulheres, Que transam por lá. Rua Augusta, e agora, Já é hora, E ninguém vai embora, Embora de lá.
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
Nietzsche
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...
Ah, o diferente, esse ser especial!
Diferente não é quem pretenda ser.
Esse é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser diferente.
Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados para os outros.
Que riem de inveja de não serem assim.
E de medo de não agüentar, caso um dia venham a ser.
O diferente é um ser sempre mais próximo da perfeição.
O diferente nunca é um chato.
Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas.
Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas; esperanças, mortas.
Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou.
Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem.
Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro.
Diferente que se preza entende o porquê de quem o agride.
Se o diferente se mediocrizar, mergulhará no complexo de inferioridade.
O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores. O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual, a inveja do comum, o ódio do mediano.
O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo.
O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais, de mãos dadas, e até mesmo alguns adultos, por omissão, se unem para transformar o que é peculiaridade e potencial em aleijão e caricatura.
O que é percepção aguçada em: “Puxa, fulano, como você é complicado”.
O que é o embrião de um estilo próprio em: “Você não está vendo como todo mundo faz?”
O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações os quais acaba incorporando.
Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram (e se transformam) nos seus grandes modificadores.
Diferente é o que vê mais longe do que o consenso.
O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber.
Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno, agridem e gargalham.
É o que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda onde outros burram.
Quer onde outros cansam.
Espera de onde já não vem.
Sonha entre realistas.
Concretiza entre sonhadores.
Fala de leite em reunião de bêbados.
Cria onde o hábito rotiniza.
Sofre onde os outros ganham.
Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera.
Aceita empregos que ninguém supõe.
Perde horas em coisas que só ele sabe importantes.
Engorda onde não deve.
Diz sempre na hora de calar.
Cala nas horas erradas.
Não desiste de lutar pela harmonia.
Fala de amor no meio da guerra.
Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar.
Ele aprendeu a superar riso, deboche, escárnio, e consciência dolorosa de que a média é má porque é igual.
Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados, magros demais, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha, de malícia ou de baba.
Aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.
A alma dos diferentes é feita de uma luz além.
Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender.Nessas moradas estão tesouros da ternura humana.
De que só os diferentes são capazes.
Não mexa com o amor de um diferente.
A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois.
Artur da Távola
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...