segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Novo dia - novos caminhos

são 23:45 horas do dia 31 de dezembro de 2007 . finda um novo ciclo de nossas vidas . mas a caminhada continua pois um novo dia vai nascer e novos caminhos se abrirão à nossa frente . cabe a nós as escolhas . que a emoção e a razão sejam a motivação de nossas escolhas .

“é uma escolha que se faz
o passado foi lá atrás
e nasce de novo o dia
nesta nave de Noé
um pouco de fé”
felicidades a todos os amigos neste dia que se inicia





Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Ano Novo

Eu estava pensando em alguma mensagem de ano novo para postar aqui, algo que refletisse meus sentimentos, mas a inspiração falhou, tinha até desistido e resolvido que não ia mais postar esse ano . Porém, recebi (da prima Larissa) esse primor (mais um) de Arnaldo Jabor, que resume bem o que eu desejava expressar.
O grande barato da vida é olhar para trás e sentir orgulho. É viver cada momento e construir a felicidade aqui e agora. Claro que a vida prega peças. O bolo não cresce, o pneu fura, chove demais (perdemos pessoas que amamos)... Mas, pensa só: tem graça viver sem rir de gargalhar, pelo menos uma vez ao dia? Tem sentido estragar o dia por causa de uma discussão na ida pro trabalho? Eu quero viver bem... e você? 2007 foi um ano cheio. Foi cheio de coisas boas, mas também de problemas e desilusões, tristezas, perdas, reencontros. Normal... Às vezes, se espera demais. A grana que não veio, o amigo que decepcionou, o amor que acabou. Normal... 2008 não vai ser diferente. Muda o século, o milênio muda, mas o homem é cheio de imperfeições, a natureza tem sua personalidade que nem sempre é a que a gente deseja, mas, e aí? Fazer o quê? Acabar com o seu dia? Com seu bom humor? Com sua esperança? O que eu desejo para todos nós é sabedoria. E que todos nós saibamos transformar tudo em uma boa experiência. O nosso desejo não se realizou? Beleza... Não estava na hora, não deveria ser a melhor coisa para esse momento... Me lembro sempre de uma frase que adoro: ("cuidado com seus desejos, eles podem se tornar realidade"). Chorar de dor, de solidão, de tristeza, faz parte do ser humano... Mas, se a gente se entende e permite olhar o outro e o mundo com generosidade, as coisas ficam diferentes. Desejo para todo mundo esse olhar especial! 2008 pode ser um ano especial, se nosso olhar for diferente. Pode ser muito legal, se entendermos nossas fragilidades e egoísmos e dermos a volta nisso. Somos fracos, mas podemos melhorar. Somos egoístas, mas podemos entender o outro. 2008 pode ser o bicho, o máximo, maravilhoso, lindo, especial! Depende de mim e de você!

Feliz 2008 é o que desejamos para todos nós

Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Poetas Gerais das Minas

João Roberto de Oliveira é professor de Filosofia... faz da palavra uma espada, atingindo a consciência de uns, a sensibilidade de outros e o coração de todos... Seus poemas estão no livro "POETAS GERAIS DAS MINAS".

... olho o céu e revejo

o esboçado discreto sorriso da lua

relembrando a beleza sem par...

de viver a vida em toda sua plenitude !

Um presente da amiga Mestiça Samarino

"Silêncio...

é preciso ouvir o grito de quem grita calado;

é preciso sentir a morte de quem anda vivo;

é preciso amar quem não sabe o que é o amor"...





Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Santa Rita de Sampa




Defensora dos frascos e comprimidos
De nós malucos, sois a beleza
Protetora dos animais abatidos
Prato cheio de sobremesa

Deolina dos sem rainha Deusa pagã do butantã
Heavy petal de Santa Izildinha
Joana Dark do Lexotan

Bendita rita da lua cheia
Rogai por mim nesse começo de fim
O espinho nosso de cada testa
Milagrosa seja vossa festa
Sois o lazer de quem trampa
Bendita
SANTA RITA DE SAMPA

Desvairada da Paulicéia
Virgem e Mártir de toda a gentalha
Mãe menina da Pompéia
Fogo de camile paspaglia


Marginal de Vila Mariana
Tia tiete do Tietê
Sofredora Corintiana
Padroeira de São Gererê

Rita Lee


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

domingo, 23 de dezembro de 2007

Publicidade

Dizem que a propaganda ...
é a alma do negócio ...
então ...






Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sábado, 22 de dezembro de 2007

Reflexão

Hoje é o prenuncio de um pequeno recesso aqui no blog. Amanhã dia do meu aniversário, depois o Natal, período que me deixa meio que introspectivo, por isto gosto de aproveitar para refletir um pouco sobre meus caminhos - percorridos e a percorrer.
Então optei por postar hoje algo bem meu eu, bem minha cara, bem meus sentimentos...


Foto: Regresso em mim mesmo - Paulo Cesar

Espio a noite

enquanto você dorme.

Vou onde não há sorrisos,

onde vivem almas perturbadas.

Espio a noite,...

leio pensamentos,

escrevo relatos de quem observa

aqueles que buscam alguma saída.

Vou onde permanece o silêncio,

onde tentam se agarrar à vida,...

abro portas que você nem imagina existirem.

Busco fantasias,...

contemplo a beleza da noite narrada,

a frieza das lágrimas soltas,

as conseqüências de saudades.

Vou onde as palavras são embaladas em felicidade

ou seladas de sofrimentos.

Mergulho de alma...e,

à medida que mais me entranho

nesta escuridão palavras,

de perdidos e desejados sentimentos,

mais quero desvendar os segredos.

Enquanto você dorme

eu espio a noite.

Enquanto você dorme

mergulho de alma

e escrevo poemas.




Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Borrão Vermelho de Sangue



Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.

Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.

Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.

Clarice Lispector



Wagner - Cavalgada das Valkírias

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Natal


De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre recomeçando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto devemos fazer da interrupção um caminho novo ...
Da queda um passo de dança ...
Do medo, uma escada ...
Do sonho, uma ponte ... Da procura, um encontro ...

Fernando Pessoa


UM FELIZ NATAL E UM ANO NOVO DE MUITAS ALEGRIAS.



O natal acontece interiormente, quando é acolhido e compartilhado, numa vivência única oferecida a todos, num ato de abertura e receptividade à luz e à verdadeira consciência.

Paulo Braccini

enfim é o que tem pra hoje...



quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Benditas

bendita seja zélia
bendita seja mart'nália
bendita seja a canção


Benditas

Benditas coisas que eu não sei
Os lugares onde não fui
Os gostos que não provei
Meus verdes ainda não maduros
Os espaços que ainda procuro
Os amores que eu nunca encontrei
Benditas coisas que não sejam benditas
A vida é curta
Mas enquanto dura
Posso durante um minuto ou mais
Te beijar pra sempre o amor não mente, não mente jamais
E desconhece do relógio o velho futuro
O tempo escorre num piscar de olhos
E dura muito além dos nossos sonhos mais puros
Bom é não saber o quanto a vida dura
Ou se estarei aqui na primavera futura
Posso brincar de eternidade agora
Sem culpa nenhuma





Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

Poema do Amor



Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...

Cora Coralina

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Sensibilidade Goiana


Voz viva da cidade de Goiás, personagem e símbolo da tradição da vida interiorana, Cora Coralina nasceu em 20 de agosto de 1889, na casa que pertencia à sua família há cerca de um século e que se tornaria o museu que hoje reconta sua história. Filha do Desembargador Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto e Jacita Luiza do Couto Brandão, Cora, ou Ana Lins dos Guimarães Peixoto (seu nome de batismo), cursou apenas as primeiras letras com mestra Silvina e já aos 14 anos escreveu seus primeiros contos e poemas. Tragédia na Roça foi seu primeiro conto publicado.
Em 1934 casou-se com o advogado Cantídio Tolentino Bretas e foi morar em Jabuticabal, interior de São Paulo, onde nasceram e foram criados seus seis filhos. Só voltou a viver em Goiás em 1956, mais de vinte anos depois de ficar viúva e já produzindo sua obra definitiva. O reencontro de Cora com a cidade e as histórias de sua formação alavancou seu espírito criativo.

Tradições e festas religiosas, a comida típica da região, as famílias e seus 'causos', tudo motivava a escritora fazer uma ponte entre o passado e presente da cidade, numa tentativa de registrar sua história e entender as mudanças. Nas suas próprias palavras: "rever, escrever e assinar os autos do Passado antes que o Tempo passe tudo ao raso". Com a mesma rica simplicidade de seus personagens, Cora fazia doces cristalizados para vender.

Seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e outras histórias mais , foi publicado em 1965, e levou Cora, aos 75 anos, finalmente a ser reconhecida como a grande porta-voz de uma realidade interiorana já afetada pelo avanço da modernidade. O poeta Carlos Drummond de Andrade, surpreendido com a obra de Cora, escreveu-lhe em 1979: "(...) Admiro e amo você como a alguém que vive em estado de graça com a poesia. Seu livro é um encanto, seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais (...)".
Cora Coralina faleceu em Goiânia a 10 de abril de 1985. Logo após sua morte, seus amigos e parentes uniram-se para criar a Casa de Coralina, que mantém um museu com objetos da escritora.


Admiração de Carlos Drumond de Andrade pela Obra de Cora Coralina "Minha querida amiga Cora Coralina: Seu "Vintém de Cobre" é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia ( ...)."
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Sou . És . Serei . Serás. Seremos



E desde então, sou porque tu és
E desde então és sou e somos...
E por amor Serei... Serás...Seremos...
Pablo Neruda
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

domingo, 16 de dezembro de 2007

Memórias de um Cineasta


A beleza é a única coisa preciosa na vida.
É difícil encontrá-la.
Mas, quem consegue,
descobre tudo.

Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre.
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é “muito” pra ser insignificante.
Charlie Chaplin






Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sábado, 15 de dezembro de 2007

Eu e o Papel







este papel de parede
ou ele se vai
ou eu me vou

Oscar Wilde








Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

Pedaço De Mim

(nem ia postar hoje, mas esta idéia foi um presente do Zi - amicê)


Ah, pedaço de mim
Ah, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Ah, pedaço de mim
Ah, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Ah, pedaço de mim
Ah, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Ah, pedaço de mim
Ah, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Ah, pedaço de mim
Ah, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

Chico Buarque de Holanda na voz de Zizi Possi





Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Eterno



A cada instante se criam novas categorias do eterno.
Eterna é a flor que se fana
se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe dêem nome
e lhe comuniquem o sentimento do efêmero
é o gesto de enlaçar e beijar
na visita do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata
é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se pensa em nós se estamos loucos
é tudo que passou,
porque passou é tudo que não passa, pois não houve
eternas as palavras, eternos os pensamentos; e passageiras as obras.
Eterno, mas até quando? é esse marulho em nós de um mar profundo.
Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos afundamos.
É tentação a vertigem; e também a pirueta dos ébrios.

Eternos! Eternos, miseravelmente.
O relógio no pulso é nosso confidente.

Mas eu não quero ser senão eterno.
Que os séculos apodreçam e não reste mais do que uma essência ou nem isso.
E que eu desapareça mas fique este chão varrido onde pousou uma sombra
e que não fique o chão nem fique a sombra
mas que a precisão urgente de ser eterno bói e como uma esponja no caos
e entre oceanos de nada
gere um ritmo.
Carlos Drummond de Andrade
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...


quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Les nuages


De quem gostas mais?, diz lá, estrangeiro.
De teu pai, de tua mãe, de tua irmã ou do teu irmão?
Não tenho pai, nem mãe, nem irmãos.
Dos teus amigos?
Eis uma palavra cujo sentido sempre ignorei.
Da tua pátria?
Não sei onde está situada.
Da beleza?
Amá-la-ia de boa vontade se a encontrasse.
Do ouro?
Odeio-o tanto quanto vós a Deus.
Então que amas tu singular estrangeiro?
Amo as nuvens… as nuvens que passam…
lá, ao longe… as maravilhosas nuvens!
Les nuages - Charles Baudelaire, O Estrangeiro

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O Solitário


Não: uma torre se erguerá do fundo do coração e eu estarei à borda:
onde não há mais nada, ainda acorda o indizível,
a dor, de novo o mundo.
Ainda uma coisa, só, no imenso mar das coisas,
e uma luz depois do escuro,
um rosto extremo do desejo obscuro
exilado em um nunca-apaziguar,
ainda um rosto de pedra,
que só sente a gravidade interna, de tão denso:
as distâncias que o extinguem lentamente
tornam seu júbilo ainda mais intenso.
Apaga-me os olhos, ainda posso ver-te.
Tranca-me os ouvidos, ainda posso ouvir-te,
e sem pés posso ainda ir para ti,
e sem boca posso ainda invocar-te.
Quebra-me os ossos, e posso apertar-te com o coração como com a mão,
tapa-me o coração, e o cérebro baterá,
e se me deitares fogo ao cérebro,
hei-de continuar a trazer-te no sangue.

Rainer Maria Rilke

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Vontade



A vontade é impotente perante o que está para trás dela.

Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo,

é a angústia mais solitária da vontade.

Friedrich Nietzsche

Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

São Paulo . tributo a uma terra

então, “alguma coisa acontece no meu coração” quando de alguma forma me aporto nesta cidade. razão não sei. tudo em mim pulsa mais rápido e com maior intensidade. seus cheiros, suas cores, seus sabores e suas gentes. tudo é diferente, vibrante, frenético, alucinante, inebriante. razão, não sei. defeitos há, que me importa, não os vejo. só sinto o pulsar que me consome, que me emociona. seja congonhas, seja tietê, a trilha sei de cor. as imagens se sucedem num piscar de olhos. chego ao porto seguro e busco o aconchego para depositar malas. malas, nem se desarruma. é perder tempo, e aqui, não perco o tempo. tempo no compasso do tempo de sampa. os primeiros “ei” para os já amigos e para os que ainda serão, quem sabe. um café, um “cigarro” (hoje não tem mais). um bar, um cinema, um show, uma boate. já é tarde e o sono já incomoda. novos dias virão. acordo e percebo onde estou. o banho, o café da manhã, uma caminhada, vitrines, pessoas, prosas, conhecimento. tudo é belo, tudo é novo, mesmo o que já se conhece, pois a cada novo olhar tudo ganha uma nova perspectiva. centro histórico com a torre do banespa


(estranho isto - torre banesp, nunca dá para entrar, impressionante. ou o elevador está com problemas de funcionamento, ou é domingo, ou o horário já passou das 17h. enfim, vou embora sem ver uma das vistas mais impressionantes de toda esta metrópole. isto é bom, penso comigo sempre, na próxima vez eu entro), bolsa de valores e seus engravatados, praça do patriarca, rua direita, o grande marco que inaugura esta grande metrópole opátio do colégio

(lugar onde foi fundada a cidade de são paulo, em 1554), praça da sé

(e sua imponente catedral gótica), viaduto santa “ifigênia”



(lindamente cantado por adoniram), padaria santa tereza (sempre o mesmo pedido - um pedaço de pizza com coca cola), vale do anhangabaú e seu charmoso viaduto do chá,

seguindo a trilha e lá está ela, famosa, cantada, seja em prosa ou em verso, cruzo av. ipiranga com av. são joão

e sua referência maior, o bar brahma (boemia que não se extingue com o tempo). os caminhos continuam, vem a estação da luz

com seus trens de subúrbio e o museu da língua portuguesa (fantástico), a sala são Paulo, a pinacoteca, o mercado da cantareira

(que vontade de comer pastel e sanduíche de mortadela... aff...). rua 25 de março (o comércio popular. quanta loucura), largo de são bento

com o magestoso mosteiro onde se ouve aos domingos os cantos gregorianos, praça da república

e suas árvores centenárias, sua feira de artesanato, sua charmosa estação de metrô, suas prostitutas e seus michês. bairro do bexiga

com suas raízes italianas, a igreja de nossa senhora acherupita, sua tradição de boemia, suas cantinas e seus ares de adoniram, avenida paulista

e sua imponência arquitetônica e seu frenesi financeiro, jardins, pinheiros, Higienópolis (nobre região residencial), vila mariana, vila madalena, santa cecília, são judas, brás, moca, ahhh! a liberdade

(um pouquinho do japão nos trópicos tupiniquins), o ibirapuera

(o grande pulmão da metrópole - o refúgio do paulistano de toda agitação típica da cidade). lugares outros existem, cada um com sua particular beleza, mas todos “integrados na” e “integrantes da” paisagem humana e urbana desta cidade, síntese de um país como o brasil. cidade cosmopolita onde raças, culturas, religiões, costumes, cozinhas, diversidades, tudo se harmoniza. assim é são paulo, assim eu sinto são paulo, assim eu amo são paulo. com maior intimidade - Sampa.

paulistanos de origem, paulistanos por adoção, paulistanos por amor, não se cansam de cantar toda a magnitude desta terra que a todos acolhe com seu calor e sua generosidade. registro aqui trechos de alguns destes depoimentos, os mais lúdicos, que me falam fundo n’alma e bem definem todo meu amor por esta cidade:

Sampa - Caetano Veloso
Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João É que quando cheguei por aqui, eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas Ainda não havia para mim Rita Lee A tua mais completa tradução Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto mau gosto É que Narciso acha feio o que não é espelho E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho Nada do que não era antes quando não somos mutantes E foste um difícil começo, afasto o que não conheço E quem vem de outro sonho feliz de cidade Aprende depressa a chamar-te de realidade Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas Da força da grana que ergue e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas Eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços Tuas oficinas de florestas teus Deuses da chuva Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do Samba Mas possível novo quilombo de zumbi E os novos baianos passeiam na tua garoa E novos baianos te podem curtir numa boa.


São Paulo - Tom Zé
“São, São Paulo meu amor São, São Paulo quanta dor São oito milhões de habitantes De todo canto e nação Que se agridem cortesmente Morrendo a todo vapor E amando com todo ódio Se odeiam com todo amor São oito milhões de habitantes Aglomerada solidão Por mil chaminés e carros Caseados à prestação Porém com todo defeito Te carrego no meu peito São, São Paulo Meu amor São, São Paulo Quanta dor Salvai-nos por caridade Pecadoras invadiram Todo centro da cidade Armadas de ruge e batom Dando vivas ao bom humor Num atentado contra o pudor A família protegida Um palavrão reprimido Um pregador que condena Uma bomba por quinzena Porém com todo defeito Te carrego no meu peito São, São Paulo Meu amor São, São Paulo Quanta dor Santo Antonio foi demitido Dos Ministros de cupido Armados da eletrônica Casam pela TV Crescem flores de concreto Céu aberto ninguém vê Em Brasília é veraneio No Rio é banho de mar O país todo de férias E aqui é só trabalhar Porém com todo defeito Te carrego no meu peito São, São Paulo Meu amor São, São Paulo Quanta dor

Te amo São Paulo - Tom Jobim
São Paulo, te amo Te amo, São Paulo Na tarde tão fria Busquei teu calor, teu amor em São Paulo São Paulo, te amo Pasión de mi vida I love you, querida Je t'aime São Paulo Io ti amo São Paulo I love you Te amo, São Paulo Te amo Te adoro, te adoro São Paulo, São Paulo, São Paulo Laiala laia la Sonhei com você em São Paulo.

Outras pequenas suítes:

Viaduto Santa Ifigênia - Adoniran Barbosa e Alocin
Venha ver, venha ver Eugênia,Como ficou bonito o viaduto Santa Ifigênia

Triste Margarida (Samba do Metrô) - Adoniran Barbosa

Eu disse a ela que trabalhava de engenheiro E que o metrô de São Paulo estava em minhas mãos.(...) Tudo ia indo muito bem, até que um dia, até que um dia,ela passou de ônibus pela via 23 de Maioe da janela do coletivo me viuplantando flores no barranco da avenida.

Trem das Onze - Adoniran Barbosa
Não posso ficar nem mais um minuto com você Sinto muito amor, mas não pode ser Moro em Jaçanã Se eu perder esse trem Que sai agora às onze horas Só amanhã de manhã.

Praça da Sé - Adoniran Barbosa
Praça da Sé, Praça de Sé, Hoje você é, Madame Estação Sé.

Avenida Paulista - Rita Lee e Roberto de Carvalho
Gosto de quem gosta De arrancar um sorriso Se eu curto a "fossa"Eu perco o juízo
Na Avenida Paulista Na Avenida Paulista

Rua Augusta - Billy Blanco
Tem coisas da Ipiranga, Da Itapetininga, Até da São João, Às vezes também dá, O Chá, o show, o chops, Uísque, boa pinga, E o molho das mulheres, Que transam por lá. Rua Augusta, e agora, Já é hora, E ninguém vai embora, Embora de lá.

Paulo Braccini

enfim, é o que tem pra hoje...



domingo, 9 de dezembro de 2007

Ódio

foto: sergi...ronald...


"Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade."

Nietzsche


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...


sábado, 8 de dezembro de 2007

A alma dos diferentes


... na sequência
o caminho da felicidade
pela diferença...








Ah, o diferente, esse ser especial!
Diferente não é quem pretenda ser.
Esse é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser diferente.
Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados para os outros.
Que riem de inveja de não serem assim.
E de medo de não agüentar, caso um dia venham a ser.

O diferente é um ser sempre mais próximo da perfeição.
O diferente nunca é um chato.

Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas.
Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas; esperanças, mortas.
Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou.
Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem.
Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro.
Diferente que se preza entende o porquê de quem o agride.
Se o diferente se mediocrizar, mergulhará no complexo de inferioridade.
O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores. O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual, a inveja do comum, o ódio do mediano.
O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo.
O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais, de mãos dadas, e até mesmo alguns adultos, por omissão, se unem para transformar o que é peculiaridade e potencial em aleijão e caricatura.

O que é percepção aguçada em: “Puxa, fulano, como você é complicado”.
O que é o embrião de um estilo próprio em: “Você não está vendo como todo mundo faz?”
O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações os quais acaba incorporando.

Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram (e se transformam) nos seus grandes modificadores.
Diferente é o que vê mais longe do que o consenso.

O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber.
Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno, agridem e gargalham.
É o que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda onde outros burram.
Quer onde outros cansam.
Espera de onde já não vem.
Sonha entre realistas.
Concretiza entre sonhadores.
Fala de leite em reunião de bêbados.
Cria onde o hábito rotiniza.
Sofre onde os outros ganham.
Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera.

Aceita empregos que ninguém supõe.
Perde horas em coisas que só ele sabe importantes.
Engorda onde não deve.
Diz sempre na hora de calar.
Cala nas horas erradas.
Não desiste de lutar pela harmonia.
Fala de amor no meio da guerra.
Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar.
Ele aprendeu a superar riso, deboche, escárnio, e consciência dolorosa de que a média é má porque é igual.
Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados, magros demais, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha, de malícia ou de baba.
Aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.
A alma dos diferentes é feita de uma luz além.

Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender.Nessas moradas estão tesouros da ternura humana.
De que só os diferentes são capazes.
Não mexa com o amor de um diferente.

A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois.

Artur da Távola

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

Viver


...."Se por um instante Deus esquecesse de que sou uma marionete de pano e me presenteasse com mais um pouco de vida,
possivelmente não diria tudo o que penso, mas definitivamente pensaria em tudo o que digo.
Daria valor às pequenas coisas, não pelo que valem, mas sim, pelo que significam...
Dormiria pouco, sonharia mais, entendendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.
Andaria quando os demais se deteriam, despertaria quando os demais dormem.
Escutaria quando os demais falariam, e como iria saborear um delicioso sorvete de chocolate!
Se Deus me concedesse mais um pouco de vida, vestir-me-ia simplesmente.Deitaria de bruços ao sol, deixando descoberto, não somente meu corpo, senão minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu horror ao frio, e esperaria que saísse o sol.
Pintaria como em um sonho de Van Gogh, sobre as estrelas, um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat.Seria a serenata que ofereceria à lua.
Regaria com minhas lágrimas as rosas, para sentir a dor de seus espinhos, e o beijo vermelho de suas pétalas.
Deus meu, se eu tivesse um pouco mais de vida...
Não deixaria passar um só dia sem dizer a toda gente, que as quero muito.
Viveria apaixonado pelo amor.
Aos homens, provaria o quanto estão equivocados ao pensar que deixam de apaixonar-se quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de apaixonar-se.
A uma criança, daria asas, mas deixaria que ela sozinha aprendesse a voar.
Aos idosos, ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas sim, com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês homens...
Aprendi que quando um recém-nascido aperta com seu pequeno punho, pela primeira vez, o dedo de seu pai, o tem conquistado para sempre.
Aprendi que um homem somente tem direito de olhar outro de cima para baixo, quando for ajudá-lo a levantar-se.
Sempre diga o que sentes e faça o que pensas.
Se soubesse que hoje seria a última vez que te veria dormir, te abraçaria fortemente e rezaria ao Senhor para poder ser o guardião de tua alma.
Se soubesse que esta seria a última vez que te veria sair pela porta, te daria um abraço, um beijo e te chamaria novamente para dar-te mais.
Se soubesse que esta foi a última vez que escutaria tua voz, gravaria cada uma de tuas palavras para poder ouvi-las uma à uma outra vez, indefinidamente.
Se soubesse que estes são os últimos minutos que te veria, diria...”te quero” e assumiria completamente o que já sabes.
Sempre há um amanhã e a vida nos dá mais uma oportunidade para fazermos as coisas bem; mas se não me engano, hoje é tudo que nos resta, então gostaria de dizer-te o quanto te quero e que nunca te esquecerei.
O amanhã é incerto.
Velho ou jovem, ninguém tem certeza se o viverá.
Hoje pode ser a última vez que você verá as pessoas que ama. Por isso não espere mais para demonstrar amor.Faça-o hoje, já que o amanhã nunca chega.
Com certeza lamentarás o dia que não tomastes tempo para um sorriso, um abraço, um beijo e que estivestes muito ocupado para conceder à quem amas, um último desejo.
Mantém a todos que amas perto de ti.
Diga-lhes ao ouvido, o quanto precisa deles, o quanto os quer e trate-os bem.
Tome tempo para dizer-lhes “sinto muito”, “perdoe-me”, “obrigado”, e todas as palavras de amor que você conhece.
Ninguém lembrará de você, por seus pensamentos secretos.
Pede ao Senhor a força e a sabedoria para expressá-los.
Demonstra a teus amigos quanto você se importa com eles.
Lembre-se sempre:
Viva hoje intensamente!
Coloque em prática os seus sonhos.
O momento é este!..."
Gabriel Garcia Marques

...viver na maioria das vezes é ser diferente do comum, é ser diferente do óbvio, é ser alguém que se vê e vê o outro...

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Borrão Vermelho de Sangue

Quero escrever o borrão vermelho de sangue com as gotas e coágulos pingando de dentro para dentro. Quero escrever amarelo-ouro com raios de translucidez. Que não me entendam pouco-se-me-dá. Nada tenho a perder. Jogo tudo na violência que sempre me povoou, o grito áspero e agudo e prolongado, o grito que eu, por falso respeito humano, não dei. Mas aqui vai o meu berro me rasgando as profundas entranhas de onde brota o estertor ambicionado. Quero abarcar o mundo com o terremoto causado pelo grito. O clímax de minha vida será a morte. Quero escrever noções sem o uso abusivo da palavra. Só me resta ficar nua: nada tenho mais a perder.


A tela e o pincel foram outros instrumentos utilizados por Clarice para expressar toda a sua sensibilidade. Escolhi, para ilustrar esta maravilha de poema, a tela Tentativa de Ser Feliz (muito linda).




Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Homofobia - Preconceito como tantos outros


Tema pesado e dificil de ser abordado. Mas vale um registro pois mais simples que seja... Posto uma crônica interessante que aborda as raízes desta "peste" com simplicidade, objetividade e clareza. Também posto uma sequência de dois vídeos que prestam um tributo a cineasta israelense que, em tres produções, explora a homossexualidade de forma séria, dígna e com enorme sensibilidade.Parabéns e que sirva de exemplo.

Machos, sexismo e homofobia

Apesar do que as mulheres pensam, ser homem também é muito complicado. O mundo dos heteros é habitado por fantasmas que provocam enormes amargos de boca: o medo de broxar, o trauma do pirilau pequeno ou, quem sabe, a ejaculação precoce. Mas a coisa não fica por aí.
O maior pavor do hetero comum é que alguém duvide da sua masculinidade. Não pode haver qualquer suspeita sobre a sua “macheza”. Se por acaso alguém um dia duvidar da sua orientação sexual, é o caos total. O hetero entra em colapso. O medo é tanto que os caras passam cada minuto da vida a tentar mostrar o quanto são machos.

Coisa de macho

O vestiário masculino, em especial depois da peladinha de futebol, é o pior lugar do mundo. É lá que os caras assumem o lado brucutu sem o menor pudor. Passam o tempo a falar de mulheres, mesmo as mulheres dos amigos (desde que os amigos não estejam presentes, claro), como se elas fossem simples figurantes do universo masculino. Coisa de macho, algo que nunca falta é o relatório das ocorrências sexuais. O vestiário masculino mais parece um estábulo, tal o número de garanhões.
– Tu sabe quem anda comendo a mulher do Juca?
– Não é o Ricardo?
– Não, o Ricardo transou com ela no ano passado, mas já acabou.
– Quem é então?
– O Marcelo, aquele casado com a Vanessa... aquela boazuda lá do country club.
– Essa Vanessa é um avião. Pô, esse Marcelo sabe se tratar bem.
– Pera aí. Não foi esse cara que andou com uns problemas esquisitos?
– Claro. Ele até andou fazendo psicanálise.
– Pô, isso de psicanálise é uma frescura... pra mim isso é coisa de quem tem o bilau pequeno.
– Tu já andou a olhar para o bilau do cara?!
– Tá me estranhando, cumpadre? É apenas uma forma de expressão...
– Eh... isso de falar na ferramenta dos outros é meio suspeito.
– Manera aí, mermão. Eu sou espada, pô.

Homofobia e macheza

O mais engraçado é que nesses ambientes os níveis de sexismo e homofobia sobem à estratosfera. Não importa se o cara é um fracassado na cama, se nunca conseguiu dar um orgasmo a uma mulher ou se elas fogem dele como fogem da lepra. Lá no vestiário ele é o macho e está no topo da cadeia alimentar de um mundo onde as mulheres (qualquer uma delas) são simples objetos.
Afinal, numa sociedade machista, ser macho é uma moeda de troca: quanto mais macho eu for, mais os outros machos vão me respeitar. É claro que essa lógica só vale para os imbecis... e são justamente esse os que acabam por se tornar também homofóbicos.
Aliás, sem querer freudianizar a coisa, sou capaz de apostar que quanto mais homofóbico é um sujeito, menor é a confiança que ele tem na própria virilidade.
É como diz o velho deitado: “Eles estão tão preocupados em mostrar aos outros machos o quanto são machos... que se esquecem das mulheres”.

Crônica de José Antônio Baço – Jornal “A Notícia”
Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...





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