RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo central discutir a criacao poetica de Manoel de Bar... more RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo central discutir a criacao poetica de Manoel de Barros sob a egide da daemonizacao. Dentro do conjunto criado por Bloom, Daemon implica uma contraresposta a influencia, isto e, o poeta apos ter sido influenciado pelo precursor, assume uma postura de assimilar sua heranca, sem nega-la ou aceita-la, mas agora em um movimento hiperbolico, elevar sua criacao ao grau demiurgico escondendo suas apropriacoes poeticas para uma formacao poetica singular. Com esse movimento, torna-se um Daemon, ou seja, humaniza seu precursor e torna-se a si mesmo, um novo Atlântico. Para tanto, discutir-se-a, em um primeiro momento, o tema da influencia poetica. Na sequencia, apresentar-se-a a criacao poetica de Manoel de Barros a partir de seu trabalho de estreia – Poemas Concebidos Sem Pecados (1937) – e o caminho que o poeta abre para seguir ate a daemonizacao poetica. Palavras-chave: Daemonizacao. Influencia. Poesia brasileira contemporânea ABSTRACT: The pres...
O nosso objetivo e examinar o alcance dos abalos identitarios da personagem do conto “No seu pesc... more O nosso objetivo e examinar o alcance dos abalos identitarios da personagem do conto “No seu pescoco” (2017), da escritora nigeriana Chimamanda N. Adichie, a partir do movimento de deslocamento migratorio. Para tanto, analisamos o processo de composicao narrativa a partir do movimento marcado pelo percurso da personagem Akunna e pela voz narrativa, ambas portadoras da experiencia equivalente a experiencia do sujeito contemporâneo, fraturado, em movencia e fragmentacao. Se a nacao e o centro geografico a partir do qual os sujeitos se reconhecem e constroem suas identidades, frequentemente a vivencia do migrante altera a percepcao desse “chez soi” e enfraquece a posicao da nacao imaginada. Vivendo em regime migratorio, uma jovem se muda de sua terra natal na Nigeria para viver nos EUA e logo passa a enfrentar o modo precario da cidade e seus codigos, na condicao de migrante exposta a experiencia do estrangeiro. Nas relacoes do eu da personagem com o outro entreve-se a situacao do suje...
Em 1950, Oswald de Andrade publicou dois textos cruciais para se pensar o teor político-filosófic... more Em 1950, Oswald de Andrade publicou dois textos cruciais para se pensar o teor político-filosófico de sua obra: “A crise da filosofia messiânica” e “Um aspecto antropofágico da cultura brasileira: o homem cordial”. O presente texto tem como objetivo compreender o movimento de transformação do fazer poético de Oswald em exercício filosófico, transformação articulada tanto no plano da prática poética quanto no plano da reflexão teórica e crítica. Para tanto, acreditamos que o esforço do poeta em pensar as categorias de matriarcado e patriarcado ressoa como um exercício teórico fundamental para sua concepção filosófica do mundo, ainda que de maneira utópica.
A poesia de guerra pode ser considerada um gênero autêntico da primeira metade do século XX, como... more A poesia de guerra pode ser considerada um gênero autêntico da primeira metade do século XX, como afirma Murilo Marcondes de Moura. Face Imóvel, obra publicada em 1942, de Manoel de Barros, pode ser lida diante de uma tradição oriunda da poesia de guerra. Nesse sentido, é uma obra que enfrenta a história dialogando, especialmente, com os poetas que produziram nas décadas de 1940 e 1950. Destaca-se, no diálogo com a tradição, uma aproximação às poéticas de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, em suas obras consideradas mais engajadas, e Carlos Drummond de Andrade, em A rosa do povo, de 1945.
Ana Martins Marques tem três títulos publicados até agora, a saber: A Vida Submarina (2009); Da A... more Ana Martins Marques tem três títulos publicados até agora, a saber: A Vida Submarina (2009); Da Arte das Armadilhas (2011); O Livro das Semelhanças (2015); além de duas obras em conjunto, uma com Marcos Siscar, Duas Janelas (2016), e outra com Eduardo Jorge, Como se Fosse a Casa (uma correspondência) (2017). Neste artigo, nos propomos a pensar, a partir de poemas de O Livro das Semelhanças, como se constroem as metáforas da escrita e do pensamento a partir do discurso metapoético.
O presente estudo analisa os poemas de Roberta Estrela D’alva e Bell Puã, publicados em Querem no... more O presente estudo analisa os poemas de Roberta Estrela D’alva e Bell Puã, publicados em Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta (2019). Tais poemas desafiam as noções de representação, de mimese, bem como do próprio conceito de poética, em seus sentidos clássicos, e abordam os sentidos do poético como espaço performático naquilo que remonta ao vínculo entre corpo e fala, voz e performance, canto e ritmo. Sob a égide da não representação ou da anti-mimese, as vozes insurgentes das minas apontam para uma reexistência social tanto do poeta quanto da própria poesia, as quais integram o movimento de ressignificação da poesia brasileira contemporânea em contexto urbano, de rua, periférico por meio da conjuntura do poetry slam.
Chamada para submissão de artigos à Revista de Letras (UTFPR), v.26, n.49, 2024. Organizadores: M... more Chamada para submissão de artigos à Revista de Letras (UTFPR), v.26, n.49, 2024. Organizadores: Michel Mingote (UFJF), Nabil Araújo (UERJ), Paulo Benites (UTFPR). Prazo para submissão: 30/06/2024.
Resumo O historiador e crítico de arte francês Georges Didi-Huberman tem um vasto e profundo perc... more Resumo O historiador e crítico de arte francês Georges Didi-Huberman tem um vasto e profundo percurso teórico dedicado a examinar o papel das imagens na legibilidade da história. Em vários de seus ensaios dedicou-se a pensar os problemas em torno da representação da Shoah e os modos com que as imagens relativas a esse eventolimite adensam os sentidos daquilo que se mostra. Nosso objetivo é propor uma leitura do conto "Helga", de Lygia Fagundes Telles, à luz do conceito de imagem depreendida por Didi-Huberman em textos dedicados à experiência da Shoah. Nosso foco recai, sobretudo, na centralidade do corpo no conto de Lygia Fagundes como uma imagem-sintoma, a qual confere peso de significado à narrativa pelo que falta, por aquilo que foi mutilado.
Revista 2i: Estudos de Identidade e Intermedialidade
O trabalho tem como objetivo discutir a relação entre texto verbal e texto imagético na obra Geog... more O trabalho tem como objetivo discutir a relação entre texto verbal e texto imagético na obra Geografia íntima do deserto, de Micheliny Verunschk. Nossa proposição procura demonstrar que a relação entre essas duas modalidades de texto, especificamente no que tange ao contato entre poesia e artes visuais, a partir das discussões que apontam para uma mudança do paradigma da imagem, pode ser sustentada a partir da ideia da poética do iconotexto, definição de Liliane Louvel, que atua como uma fator de ampliação dos sentidos de uma obra de arte. Com base nesta conceituação, endossada pelas propostas da chamada “virada icônica”, propomos uma análise de poemas que apresentam esta relação, buscando demonstrar como a noção de iconotexto amplia os sentidos da composição dos poemas.
A presente análise debruça-se sobre o poema “Caramujo”, da poeta brasileira Orides Fontela (1940-... more A presente análise debruça-se sobre o poema “Caramujo”, da poeta brasileira Orides Fontela (1940-1998). O poema foi publicado em seu livro de estreia, Transposição (1966-1967). A proposta deste ensaio é ler o poema numa tentativa de cotejo e aproximação com a tradição brasileira na qual se pode reconhecer o que estamos pensando como a reconfiguração do sujeito lírico. O que há de comum nos poetas aqui escolhidos é uma tensão no modo como o sujeito se apresenta, um estado limiar no qual se observa o não reconhecimento de si, uma negação do eu, portanto, e a preocupação em rejeitar uma projeção atravessada pelo externo de si. Trata-se, portanto, de poetas que constroem o “eu-mínimo”, a metamorfose do sujeito em outros seres e coisas através da linguagem, de modo que é a palavra, a lida com a linguagem, que aparece em primeiro plano, e não o eu lírico. Para fundamentar nossa leitura, retomamos a indagação de Jacques Ranciére (2017) quanto a necessidade de repesarmos uma política do lir...
This work aims to analyze the figurative things in poems, recurring theme in the poetry of Ana Ma... more This work aims to analyze the figurative things in poems, recurring theme in the poetry of Ana Martins Marques. By means of metaphorical procedures and aesthetic features of poetic image creation the author for a speech metalanguage and explores the materiality of the poem. The hypothesis is that the metaphorical features point to a poet's attempt to show his own poem as an object able to condense by means of language, to experience the world.
Este artigo tem como objetivo propor uma leitura de alguns poemas da obra Poesias, de 1956, de Ma... more Este artigo tem como objetivo propor uma leitura de alguns poemas da obra Poesias, de 1956, de Manoel de Barros. Esta obra, terceira publicada por Manoel de Barros, ao lado das duas primeiras, marca a fase inicial de Manoel de Barros. Ademais, em 1951, na antologia Panorama da nova poesia brasileira , organizada por Fernando Ferreira de Loanda, ha a presenca de onze poemas de Manoel de Barros, seis deles jamais publicados em outros livros, os outros, incluidos na obra de 1956. Insistimos na leitura das obras iniciais de Manoel de Barros por perceber que, mesmo sob a influencias de outras correntes esteticas, o poeta ja demonstra marcas de um projeto estetico singular, que aparecerao como imagens importantes na poetica de Manoel de Barros ao longo de consagradas pela critica. Alem disso, sao os restos que garantem a presenca e o dialogo de Manoel de Barros com a Modernidade.
A proposta deste trabalho é discutir a ressignificação do rubái na obra Geografia íntima do deser... more A proposta deste trabalho é discutir a ressignificação do rubái na obra Geografia íntima do deserto (2003), de Micheliny Verunschk. Este gênero poético fora consagrado pelo poeta persa Omar Khayám, e em um poema de Micheliny Verunschk nota-se a retomada desta estrutura poética. Busca-se demonstrar que, para além da intertextualidade com o erotismo do poeta persa, a recriação de Verunschk dá ênfase à subjetividade e à intimidade. Neste sentido, ampliam-se os sentidos possíveis de leitura e esta nova ressignificação cria um discurso literário dissonante.Palavras-chave: Subjetividade; tradição; ressignificação; discurso dissonante.
Livro organizado pela Coleção Pós-Graduação da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Publicado... more Livro organizado pela Coleção Pós-Graduação da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Publicado pela EDUFRO (Editora da Universidade Federal de Rondônia).
O nosso objetivo é examinar o alcance dos abalos identitários da personagem do conto “No seu pesc... more O nosso objetivo é examinar o alcance dos abalos identitários da personagem do conto “No seu pescoço” (2017), da escritora nigeriana Chimamanda N. Adichie, a partir do movimento de deslocamento migratório. Para tanto, analisamos o processo de composição narrativa a partir do movimento marcado pelo percurso da personagem Akunna e pela voz narrativa, ambas portadoras da experiência equivalente à experiência do sujeito contemporâneo, fraturado, em movência e fragmentação. Se a nação é o centro geográfico a partir do qual os sujeitos se reconhecem e constroem suas identidades, frequentemente a vivência do migrante altera a percepção desse “chez soi” e enfraquece a posição da nação imaginada. Vivendo em regime migratório, uma jovem se muda de sua terra natal na Nigéria para viver nos EUA e logo passa a enfrentar o modo precário da cidade e seus códigos, na condição de migrante exposta à experiência do estrangeiro. Nas relações do eu da personagem com o outro entrevê-se a situação do sujeito contemporâneo e vice-versa. Alguns autores em especial colaboram na construção desta leitura, como Néstor Canclini (2001), Homi Bahbha (1998), Eduardo Viveiros de Castro (2012), Stuart Hall (2011) e Jacques Derrida (2000).
Resumo: O presente trabalho se propõe a analisar poemas que representam a figuração das coisas, t... more Resumo: O presente trabalho se propõe a analisar poemas que representam a figuração das coisas, tema recorrente na poética de Ana Martins Marques. Por meio de procedimentos metafóricos e recursos estéticos de criação da imagem poética a autora se vale de um discurso metapoético e explora a materialidade do poema. A hipótese que se levanta é a de que os recursos metafóricos apontam para uma tentativa da poeta em mostrar o próprio poema como um objeto capaz de condensar, por meio da linguagem, a experiência do mundo. Palavras-chave: Ana Martins Marques; Imagem poética; Metáfora; Poesia brasileira contemporânea. Introdução: a tradição das coisas A presença de coisas, objetos, trecos, não é novidade na literatura. A professora Maria Esther Maciel, em ensaio sobre a figuração das coisas na poesia de Drummond (2004), cita Rilke e a poética da refração do mundo dos objetos fabricados, Francis Ponge com a ideia do "mundo mudo", em que a linguagem dá vazão à criação poética das plantas, da natureza, dos bichos e das pedras, Borges, com uma escrita que nos faz acreditar na permanência das coisas concretas para além do nosso esquecimento, e assim, as inventou, catalogou em poemas como uma forma de manter viva a memória do mundo. Diante desta longa tradição situa-se a poesia Carlos Drummond de Andrade, em que, segundo Maria Esther Maciel, "as coisas ocupam um topos especial, abrangendo praticamente todas as esferas possíveis de significação" (Maciel 2004:
Ana Martins Marques tem três títulos publicados até agora, a saber: A Vida Submarina (2009); Da A... more Ana Martins Marques tem três títulos publicados até agora, a saber: A Vida Submarina (2009); Da Arte das Armadilhas (2011); O Livro das Semelhanças (2015); além de duas obras em conjunto, uma com Marcos Siscar, Duas Janelas (2016), e outra com Eduardo Jorge, Como se Fosse a Casa (uma correspondência) (2017). Neste artigo, nos propomos a pensar, a partir de poemas de O Livro das Semelhanças, como se constroem as metáforas da escrita e do pensamento a partir do discurso metapoético.
O presente estudo analisa os poemas de Roberta Estrela D’alva e Bell Puã, publicados em Querem no... more O presente estudo analisa os poemas de Roberta Estrela D’alva e Bell Puã, publicados em Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta (2019). Tais poemas desafiam as noções de representação, de mimese, bem como do próprio conceito de poética, em seus sentidos clássicos, e abordam os sentidos do poético como espaço performático naquilo que remonta ao vínculo entre corpo e fala, voz e performance, canto e ritmo. Sob a égide da não representação ou da anti-mimese, as vozes insurgentes das minas apontam para uma reexistência social tanto do poeta quanto da própria poesia, as quais integram o movimento de ressignificação da poesia brasileira contemporânea em contexto urbano, de rua, periférico por meio da conjuntura do poetry slam.
Resumo O presente artigo investiga, no romance A Ocupação (2019), de Julián Fuks, a construção de... more Resumo O presente artigo investiga, no romance A Ocupação (2019), de Julián Fuks, a construção de certas imagens como sintoma do ocultamento do passado que retorna muito tempo depois na condição de fantasmas à consciência do presente. A obra mescla três narrativas concomitantes, cujas experiências das personagens apresentam, por meio dos sentidos de ocupação e resistência, a tensão entre os espaços internos e externos. Utilizaremos o aporte teórico de Aby Warburg (2015) e Georges Didi-Huberman (2012; 2014) sobre o caráter fantasmático das imagens. Os resultados dessa leitura evidenciaram que a relação entre o que está perdido de maneira irremediável e o fantasma imagético da perda traz à tona as muitas maneiras em que a vida, e o circuito dos afetos que a envolve pela política do passado e do presente, pode ser percebida como um modo de sublimação. Palavras-chave: Imagem,
RESUMO: A proposta deste trabalho é discutir a ressignificação do rubái na obra Geografia íntima ... more RESUMO: A proposta deste trabalho é discutir a ressignificação do rubái na obra Geografia íntima do deserto (2003), de Micheliny Verunschk. Este gênero poético fora consagrado pelo poeta persa Omar Khayám, e em um poema de Micheliny Verunschk nota-se a retomada desta estrutura poética. Busca-se demonstrar que, para além da intertextualidade com o erotismo do poeta persa, a recriação de Verunschk dá ênfase à subjetividade e à intimidade. Neste sentido, ampliam-se os sentidos possíveis de leitura e esta nova ressignificação cria um discurso literário dissonante. Palavras-chave: Subjetividade; tradição; ressignificação; discurso dissonante. ABSTRACT: The purpose of this work is to discuss the ressignification of the rubái in Geografia íntima do deserto, by Micheliny Verunschk. This poetic genre outside consecrated by the Persian poet Omar Khayám, and in a poem by Micheliny Verunschk we note the resumption of this poetic structure. Our proposal seeks to demonstrate that, in addition to an Intertextuality with the Persian poet, rebuilding of Verunschk takes place through the representation of eroticism, of subjectivity and intimacy. In this sense, extend the possible way of reading and this new ressignification creates a dissonant literary discourse. Clássico não é um livro que necessariamente possui este ou aquele mérito, é um livro que as gerações humanas, atendendo a diversas razões, leem com prévio fervor e com uma misteriosa lealdade. Jorge Luis Borges 1 Notas introdutórias A motivação deste texto, em um primeiro instante, recai sobre o modo pelo qual duas produções poéticas separadas por séculos dialogam e se fazem próximas. No acionamento da tradição na contemporaneidade, o que se pode observar, em termos de produção poética, são os ciclos dialéticos em movimentos de negação que retomam peculiaridades estéticas, cuja negação já ocorrera. Desta forma, ao passo que houve um afastamento de referenciais clássicos, ao longo do tempo, houve também um processo de recriação no que tange ao amadurecimento dos
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo central discutir a criacao poetica de Manoel de Bar... more RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo central discutir a criacao poetica de Manoel de Barros sob a egide da daemonizacao. Dentro do conjunto criado por Bloom, Daemon implica uma contraresposta a influencia, isto e, o poeta apos ter sido influenciado pelo precursor, assume uma postura de assimilar sua heranca, sem nega-la ou aceita-la, mas agora em um movimento hiperbolico, elevar sua criacao ao grau demiurgico escondendo suas apropriacoes poeticas para uma formacao poetica singular. Com esse movimento, torna-se um Daemon, ou seja, humaniza seu precursor e torna-se a si mesmo, um novo Atlântico. Para tanto, discutir-se-a, em um primeiro momento, o tema da influencia poetica. Na sequencia, apresentar-se-a a criacao poetica de Manoel de Barros a partir de seu trabalho de estreia – Poemas Concebidos Sem Pecados (1937) – e o caminho que o poeta abre para seguir ate a daemonizacao poetica. Palavras-chave: Daemonizacao. Influencia. Poesia brasileira contemporânea ABSTRACT: The pres...
O nosso objetivo e examinar o alcance dos abalos identitarios da personagem do conto “No seu pesc... more O nosso objetivo e examinar o alcance dos abalos identitarios da personagem do conto “No seu pescoco” (2017), da escritora nigeriana Chimamanda N. Adichie, a partir do movimento de deslocamento migratorio. Para tanto, analisamos o processo de composicao narrativa a partir do movimento marcado pelo percurso da personagem Akunna e pela voz narrativa, ambas portadoras da experiencia equivalente a experiencia do sujeito contemporâneo, fraturado, em movencia e fragmentacao. Se a nacao e o centro geografico a partir do qual os sujeitos se reconhecem e constroem suas identidades, frequentemente a vivencia do migrante altera a percepcao desse “chez soi” e enfraquece a posicao da nacao imaginada. Vivendo em regime migratorio, uma jovem se muda de sua terra natal na Nigeria para viver nos EUA e logo passa a enfrentar o modo precario da cidade e seus codigos, na condicao de migrante exposta a experiencia do estrangeiro. Nas relacoes do eu da personagem com o outro entreve-se a situacao do suje...
Em 1950, Oswald de Andrade publicou dois textos cruciais para se pensar o teor político-filosófic... more Em 1950, Oswald de Andrade publicou dois textos cruciais para se pensar o teor político-filosófico de sua obra: “A crise da filosofia messiânica” e “Um aspecto antropofágico da cultura brasileira: o homem cordial”. O presente texto tem como objetivo compreender o movimento de transformação do fazer poético de Oswald em exercício filosófico, transformação articulada tanto no plano da prática poética quanto no plano da reflexão teórica e crítica. Para tanto, acreditamos que o esforço do poeta em pensar as categorias de matriarcado e patriarcado ressoa como um exercício teórico fundamental para sua concepção filosófica do mundo, ainda que de maneira utópica.
A poesia de guerra pode ser considerada um gênero autêntico da primeira metade do século XX, como... more A poesia de guerra pode ser considerada um gênero autêntico da primeira metade do século XX, como afirma Murilo Marcondes de Moura. Face Imóvel, obra publicada em 1942, de Manoel de Barros, pode ser lida diante de uma tradição oriunda da poesia de guerra. Nesse sentido, é uma obra que enfrenta a história dialogando, especialmente, com os poetas que produziram nas décadas de 1940 e 1950. Destaca-se, no diálogo com a tradição, uma aproximação às poéticas de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, em suas obras consideradas mais engajadas, e Carlos Drummond de Andrade, em A rosa do povo, de 1945.
Ana Martins Marques tem três títulos publicados até agora, a saber: A Vida Submarina (2009); Da A... more Ana Martins Marques tem três títulos publicados até agora, a saber: A Vida Submarina (2009); Da Arte das Armadilhas (2011); O Livro das Semelhanças (2015); além de duas obras em conjunto, uma com Marcos Siscar, Duas Janelas (2016), e outra com Eduardo Jorge, Como se Fosse a Casa (uma correspondência) (2017). Neste artigo, nos propomos a pensar, a partir de poemas de O Livro das Semelhanças, como se constroem as metáforas da escrita e do pensamento a partir do discurso metapoético.
O presente estudo analisa os poemas de Roberta Estrela D’alva e Bell Puã, publicados em Querem no... more O presente estudo analisa os poemas de Roberta Estrela D’alva e Bell Puã, publicados em Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta (2019). Tais poemas desafiam as noções de representação, de mimese, bem como do próprio conceito de poética, em seus sentidos clássicos, e abordam os sentidos do poético como espaço performático naquilo que remonta ao vínculo entre corpo e fala, voz e performance, canto e ritmo. Sob a égide da não representação ou da anti-mimese, as vozes insurgentes das minas apontam para uma reexistência social tanto do poeta quanto da própria poesia, as quais integram o movimento de ressignificação da poesia brasileira contemporânea em contexto urbano, de rua, periférico por meio da conjuntura do poetry slam.
Chamada para submissão de artigos à Revista de Letras (UTFPR), v.26, n.49, 2024. Organizadores: M... more Chamada para submissão de artigos à Revista de Letras (UTFPR), v.26, n.49, 2024. Organizadores: Michel Mingote (UFJF), Nabil Araújo (UERJ), Paulo Benites (UTFPR). Prazo para submissão: 30/06/2024.
Resumo O historiador e crítico de arte francês Georges Didi-Huberman tem um vasto e profundo perc... more Resumo O historiador e crítico de arte francês Georges Didi-Huberman tem um vasto e profundo percurso teórico dedicado a examinar o papel das imagens na legibilidade da história. Em vários de seus ensaios dedicou-se a pensar os problemas em torno da representação da Shoah e os modos com que as imagens relativas a esse eventolimite adensam os sentidos daquilo que se mostra. Nosso objetivo é propor uma leitura do conto "Helga", de Lygia Fagundes Telles, à luz do conceito de imagem depreendida por Didi-Huberman em textos dedicados à experiência da Shoah. Nosso foco recai, sobretudo, na centralidade do corpo no conto de Lygia Fagundes como uma imagem-sintoma, a qual confere peso de significado à narrativa pelo que falta, por aquilo que foi mutilado.
Revista 2i: Estudos de Identidade e Intermedialidade
O trabalho tem como objetivo discutir a relação entre texto verbal e texto imagético na obra Geog... more O trabalho tem como objetivo discutir a relação entre texto verbal e texto imagético na obra Geografia íntima do deserto, de Micheliny Verunschk. Nossa proposição procura demonstrar que a relação entre essas duas modalidades de texto, especificamente no que tange ao contato entre poesia e artes visuais, a partir das discussões que apontam para uma mudança do paradigma da imagem, pode ser sustentada a partir da ideia da poética do iconotexto, definição de Liliane Louvel, que atua como uma fator de ampliação dos sentidos de uma obra de arte. Com base nesta conceituação, endossada pelas propostas da chamada “virada icônica”, propomos uma análise de poemas que apresentam esta relação, buscando demonstrar como a noção de iconotexto amplia os sentidos da composição dos poemas.
A presente análise debruça-se sobre o poema “Caramujo”, da poeta brasileira Orides Fontela (1940-... more A presente análise debruça-se sobre o poema “Caramujo”, da poeta brasileira Orides Fontela (1940-1998). O poema foi publicado em seu livro de estreia, Transposição (1966-1967). A proposta deste ensaio é ler o poema numa tentativa de cotejo e aproximação com a tradição brasileira na qual se pode reconhecer o que estamos pensando como a reconfiguração do sujeito lírico. O que há de comum nos poetas aqui escolhidos é uma tensão no modo como o sujeito se apresenta, um estado limiar no qual se observa o não reconhecimento de si, uma negação do eu, portanto, e a preocupação em rejeitar uma projeção atravessada pelo externo de si. Trata-se, portanto, de poetas que constroem o “eu-mínimo”, a metamorfose do sujeito em outros seres e coisas através da linguagem, de modo que é a palavra, a lida com a linguagem, que aparece em primeiro plano, e não o eu lírico. Para fundamentar nossa leitura, retomamos a indagação de Jacques Ranciére (2017) quanto a necessidade de repesarmos uma política do lir...
This work aims to analyze the figurative things in poems, recurring theme in the poetry of Ana Ma... more This work aims to analyze the figurative things in poems, recurring theme in the poetry of Ana Martins Marques. By means of metaphorical procedures and aesthetic features of poetic image creation the author for a speech metalanguage and explores the materiality of the poem. The hypothesis is that the metaphorical features point to a poet's attempt to show his own poem as an object able to condense by means of language, to experience the world.
Este artigo tem como objetivo propor uma leitura de alguns poemas da obra Poesias, de 1956, de Ma... more Este artigo tem como objetivo propor uma leitura de alguns poemas da obra Poesias, de 1956, de Manoel de Barros. Esta obra, terceira publicada por Manoel de Barros, ao lado das duas primeiras, marca a fase inicial de Manoel de Barros. Ademais, em 1951, na antologia Panorama da nova poesia brasileira , organizada por Fernando Ferreira de Loanda, ha a presenca de onze poemas de Manoel de Barros, seis deles jamais publicados em outros livros, os outros, incluidos na obra de 1956. Insistimos na leitura das obras iniciais de Manoel de Barros por perceber que, mesmo sob a influencias de outras correntes esteticas, o poeta ja demonstra marcas de um projeto estetico singular, que aparecerao como imagens importantes na poetica de Manoel de Barros ao longo de consagradas pela critica. Alem disso, sao os restos que garantem a presenca e o dialogo de Manoel de Barros com a Modernidade.
A proposta deste trabalho é discutir a ressignificação do rubái na obra Geografia íntima do deser... more A proposta deste trabalho é discutir a ressignificação do rubái na obra Geografia íntima do deserto (2003), de Micheliny Verunschk. Este gênero poético fora consagrado pelo poeta persa Omar Khayám, e em um poema de Micheliny Verunschk nota-se a retomada desta estrutura poética. Busca-se demonstrar que, para além da intertextualidade com o erotismo do poeta persa, a recriação de Verunschk dá ênfase à subjetividade e à intimidade. Neste sentido, ampliam-se os sentidos possíveis de leitura e esta nova ressignificação cria um discurso literário dissonante.Palavras-chave: Subjetividade; tradição; ressignificação; discurso dissonante.
Livro organizado pela Coleção Pós-Graduação da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Publicado... more Livro organizado pela Coleção Pós-Graduação da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Publicado pela EDUFRO (Editora da Universidade Federal de Rondônia).
O nosso objetivo é examinar o alcance dos abalos identitários da personagem do conto “No seu pesc... more O nosso objetivo é examinar o alcance dos abalos identitários da personagem do conto “No seu pescoço” (2017), da escritora nigeriana Chimamanda N. Adichie, a partir do movimento de deslocamento migratório. Para tanto, analisamos o processo de composição narrativa a partir do movimento marcado pelo percurso da personagem Akunna e pela voz narrativa, ambas portadoras da experiência equivalente à experiência do sujeito contemporâneo, fraturado, em movência e fragmentação. Se a nação é o centro geográfico a partir do qual os sujeitos se reconhecem e constroem suas identidades, frequentemente a vivência do migrante altera a percepção desse “chez soi” e enfraquece a posição da nação imaginada. Vivendo em regime migratório, uma jovem se muda de sua terra natal na Nigéria para viver nos EUA e logo passa a enfrentar o modo precário da cidade e seus códigos, na condição de migrante exposta à experiência do estrangeiro. Nas relações do eu da personagem com o outro entrevê-se a situação do sujeito contemporâneo e vice-versa. Alguns autores em especial colaboram na construção desta leitura, como Néstor Canclini (2001), Homi Bahbha (1998), Eduardo Viveiros de Castro (2012), Stuart Hall (2011) e Jacques Derrida (2000).
Resumo: O presente trabalho se propõe a analisar poemas que representam a figuração das coisas, t... more Resumo: O presente trabalho se propõe a analisar poemas que representam a figuração das coisas, tema recorrente na poética de Ana Martins Marques. Por meio de procedimentos metafóricos e recursos estéticos de criação da imagem poética a autora se vale de um discurso metapoético e explora a materialidade do poema. A hipótese que se levanta é a de que os recursos metafóricos apontam para uma tentativa da poeta em mostrar o próprio poema como um objeto capaz de condensar, por meio da linguagem, a experiência do mundo. Palavras-chave: Ana Martins Marques; Imagem poética; Metáfora; Poesia brasileira contemporânea. Introdução: a tradição das coisas A presença de coisas, objetos, trecos, não é novidade na literatura. A professora Maria Esther Maciel, em ensaio sobre a figuração das coisas na poesia de Drummond (2004), cita Rilke e a poética da refração do mundo dos objetos fabricados, Francis Ponge com a ideia do "mundo mudo", em que a linguagem dá vazão à criação poética das plantas, da natureza, dos bichos e das pedras, Borges, com uma escrita que nos faz acreditar na permanência das coisas concretas para além do nosso esquecimento, e assim, as inventou, catalogou em poemas como uma forma de manter viva a memória do mundo. Diante desta longa tradição situa-se a poesia Carlos Drummond de Andrade, em que, segundo Maria Esther Maciel, "as coisas ocupam um topos especial, abrangendo praticamente todas as esferas possíveis de significação" (Maciel 2004:
Ana Martins Marques tem três títulos publicados até agora, a saber: A Vida Submarina (2009); Da A... more Ana Martins Marques tem três títulos publicados até agora, a saber: A Vida Submarina (2009); Da Arte das Armadilhas (2011); O Livro das Semelhanças (2015); além de duas obras em conjunto, uma com Marcos Siscar, Duas Janelas (2016), e outra com Eduardo Jorge, Como se Fosse a Casa (uma correspondência) (2017). Neste artigo, nos propomos a pensar, a partir de poemas de O Livro das Semelhanças, como se constroem as metáforas da escrita e do pensamento a partir do discurso metapoético.
O presente estudo analisa os poemas de Roberta Estrela D’alva e Bell Puã, publicados em Querem no... more O presente estudo analisa os poemas de Roberta Estrela D’alva e Bell Puã, publicados em Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta (2019). Tais poemas desafiam as noções de representação, de mimese, bem como do próprio conceito de poética, em seus sentidos clássicos, e abordam os sentidos do poético como espaço performático naquilo que remonta ao vínculo entre corpo e fala, voz e performance, canto e ritmo. Sob a égide da não representação ou da anti-mimese, as vozes insurgentes das minas apontam para uma reexistência social tanto do poeta quanto da própria poesia, as quais integram o movimento de ressignificação da poesia brasileira contemporânea em contexto urbano, de rua, periférico por meio da conjuntura do poetry slam.
Resumo O presente artigo investiga, no romance A Ocupação (2019), de Julián Fuks, a construção de... more Resumo O presente artigo investiga, no romance A Ocupação (2019), de Julián Fuks, a construção de certas imagens como sintoma do ocultamento do passado que retorna muito tempo depois na condição de fantasmas à consciência do presente. A obra mescla três narrativas concomitantes, cujas experiências das personagens apresentam, por meio dos sentidos de ocupação e resistência, a tensão entre os espaços internos e externos. Utilizaremos o aporte teórico de Aby Warburg (2015) e Georges Didi-Huberman (2012; 2014) sobre o caráter fantasmático das imagens. Os resultados dessa leitura evidenciaram que a relação entre o que está perdido de maneira irremediável e o fantasma imagético da perda traz à tona as muitas maneiras em que a vida, e o circuito dos afetos que a envolve pela política do passado e do presente, pode ser percebida como um modo de sublimação. Palavras-chave: Imagem,
RESUMO: A proposta deste trabalho é discutir a ressignificação do rubái na obra Geografia íntima ... more RESUMO: A proposta deste trabalho é discutir a ressignificação do rubái na obra Geografia íntima do deserto (2003), de Micheliny Verunschk. Este gênero poético fora consagrado pelo poeta persa Omar Khayám, e em um poema de Micheliny Verunschk nota-se a retomada desta estrutura poética. Busca-se demonstrar que, para além da intertextualidade com o erotismo do poeta persa, a recriação de Verunschk dá ênfase à subjetividade e à intimidade. Neste sentido, ampliam-se os sentidos possíveis de leitura e esta nova ressignificação cria um discurso literário dissonante. Palavras-chave: Subjetividade; tradição; ressignificação; discurso dissonante. ABSTRACT: The purpose of this work is to discuss the ressignification of the rubái in Geografia íntima do deserto, by Micheliny Verunschk. This poetic genre outside consecrated by the Persian poet Omar Khayám, and in a poem by Micheliny Verunschk we note the resumption of this poetic structure. Our proposal seeks to demonstrate that, in addition to an Intertextuality with the Persian poet, rebuilding of Verunschk takes place through the representation of eroticism, of subjectivity and intimacy. In this sense, extend the possible way of reading and this new ressignification creates a dissonant literary discourse. Clássico não é um livro que necessariamente possui este ou aquele mérito, é um livro que as gerações humanas, atendendo a diversas razões, leem com prévio fervor e com uma misteriosa lealdade. Jorge Luis Borges 1 Notas introdutórias A motivação deste texto, em um primeiro instante, recai sobre o modo pelo qual duas produções poéticas separadas por séculos dialogam e se fazem próximas. No acionamento da tradição na contemporaneidade, o que se pode observar, em termos de produção poética, são os ciclos dialéticos em movimentos de negação que retomam peculiaridades estéticas, cuja negação já ocorrera. Desta forma, ao passo que houve um afastamento de referenciais clássicos, ao longo do tempo, houve também um processo de recriação no que tange ao amadurecimento dos
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Homi Bahbha (1998), Eduardo Viveiros de Castro (2012), Stuart Hall (2011) e Jacques Derrida (2000).
Homi Bahbha (1998), Eduardo Viveiros de Castro (2012), Stuart Hall (2011) e Jacques Derrida (2000).