domingo, 28 de outubro de 2012

Ruim para São Paulo, bom para o Brasil

Raramente o que prejudica São Paulo, pode ser bom para o Brasil. Mas é exatamente este o caso do resultado das urnas neste domingo.


Por vias dolorosas, a perda da “joia da coroa” vai obrigar o PSDB a uma imensa renovação. Que já deveria ter sido operada quando José Serra perdeu para Lula, em 2002 – e não foi.  Que já deveria ter sido operada quando Geraldo Alckmin perdeu para Lula, em 2006 – e não foi. Que já deveria ter sido operada quando Serra perdeu para Dilma, em 2010 – e não foi. 

Agora, o PSDB se renova ou morre. 

Logo, a tragédia que se desenha para São Paulo poderá ser a oportunidade da década para o país.  A crise que permitirá surgir, enfim, uma oposição com condições de ganhar eleições presidenciais. Sem insistir nos mesmos candidatos, no mesmo marqueteiro, na mesma leitura errônea das pesquisas, na mesma tendência mórbida de entregar a agenda da campanha nas mãos dos adversários.

Não se enganem: a competência do “Pense Novo” gestado por João Santana tinha menos a ver com a idade de Serra e Haddad e mais, muito mais, com a fadiga material da imagem de José Serra. É óbvio que as qualis que antecederam o planejamento das campanhas apontaram isso – tanto para o PT quanto para o PSDB. 

Santana usou a informação com primor. O fato de Haddad ser jovem e, mais importante, uma cara nova para as urnas, foi fundamental. Mas a propaganda, começando pelo site e culminando com a linguagem dos programas, exalava o conceito do “novo”. 

No PSDB, decidiram não dar atenção ao aviso. Com a arrogância de sempre, subestimaram o adversário. Acharam que suas velhas e carcomidas fórmulas de marketing dariam conta do recado – mesmo quando a base delas, “a entrega”, a gestão de Gilberto Kassab, apresentava índices alarmantes de insatisfação.
O resultado se viu hoje. Péssimo para São Paulo. Promissor para país. 

Talvez, num futuro próximo, estejamos comemorando o fim das candidaturas decididas à mesa do Fasano. O fim do enredo de sempre, no qual um partido que deveria ser nacional impõem sempre os mesmos candidatos paulistas à presidência simplesmente porque é incapaz de fazer germinar lideranças em qualquer outro canto do país. Nenhuma delas, nos últimos anos, teve força contra os projetos pessoais do alto tucanato paulista. 

Pergunte a Eduardo Paes. Pergunte a Gustavo Fruet. Ou, melhor ainda, aponte uma notável e promissora liderança nacional do PSDB na faixa dos 40 anos.