sábado, 30 de junho de 2007
sexta-feira, 29 de junho de 2007
Pra fechar a semana e o mês.
Os mais sensíveis já desconfiavam que uma semana como esta só poderia terminar com uma péssima notícia.
O No Mínimo está saindo do ar por falta de patrocínio.
Quem, como esta que vos fala, está na web há tempo suficiente para já ter criado raízes, sabe que aquela moçada foi pioneira.
Voltei... Já volto.
Eu poderia aproveitar a ocasião para fazer um charme, dizendo que fiquei enojada com a República - que Roriz, Calheiros e Quintanilha embrulharam meu estômago de tal maneira, que acabei por cair doente... Qualquer coisa assim, no melhor estilo vitimista, tão em voga nos últimos tempos.
Mas deixo o dramalhão para a corja que precisa dele para escapar das algemas. Foi só excesso de trabalho mesmo. Ou excesso de "vida extra-blog", como gosta de dizer o Ruy.
Vou ler as notícias... Já volto.
quarta-feira, 27 de junho de 2007
Nascido em 1971, pelas talentosas mãos do publicitário Ruy Perotti, o personagem Sujismundo não tomava banho e jogava lixo em quaquer lugar. Carregando consigo o slogan "Povo desenvolvido é povo limpo", tornou-se um dos maiores recalls da propaganda brasileira.
Personagem e slogan foram criados para impulsionar a "Campanha da Limpeza", promovida pelo governo federal. De fato, foi um sucesso estrondoso. Mas a simpatia do personagem era tanta que, em determinado momento, chegou-se a cogitar se não estaria provocando um efeito contrário: o povo gostava tanto de Sujismundo que, talvez, passasse a mimetizá-lo. Porém, pesquisas foram realizadas e, para alívio de seus criadores, ficou comprovado que embora os brasileiros simpatizassem com Sujismundo, não queriam ser como ele.
Desde então - e, em especial, nos últimos cinco anos -, o Brasil mudou muito. A considerar as últimas pesquisas, o senso crítico popular está tão abalado que, fosse lançado hoje, Sujismundo nos atolaria em meio ao lixo. E só não seria simbolicamente eleito presidente por obra e graça da urna eletrônica.
Sempre o PT
"A saída de Sibá Machado (PT-AC) da presidência do Conselho de Ética ontem ocorreu por uma razão principal: o PT e os outros partidos lulistas no Senado ainda não sabem como proceder para encaminhar o nome do sucessor de Renan Calheiros (PMDB-AL). A presidência do Senado é vital para a manutenção da aliança governista no Congresso."
Quem conta é Fernando Rodrigues e você pode ler o artigo completo clicando aqui.
terça-feira, 26 de junho de 2007
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Marcio Gouveia, cadê você?
No final de maio, este blog recebeu a emocionada visita de um leitor que se assinava Marcio Gouveia.
Dizendo-se pai de estudantes da "USP ocupada" -, Gouveia veio até aqui para defender a legitimidade do movimento de ocupação. Entusiasmado com os arroubos revolucionários de sua prole - e indignado comigo porque os chamei de foras-da-lei - ele declarou, à época, que estava "disposto a permanecer na frente da reitoria (eu e vários pais) se a PM ousar invadí-la". Nos dias que se seguiram, apareceu mais uma vez para postar manifestos do movimento - que foram bloqueados, já que este blog se nega a fazer apologia do crime.
Pois eu gostaria que o Marcio Gouveia viesse até aqui agora para nos explicar a depredação promovida por seus rebentos e os companheirinhos deles nas instalações daquela universidade. Desconfio, porém, que mesmo que o Gouveia exista, ele não vai aparecer. Porque é evidente que ele ou criou marginais - que ajudaram a destruir instalações públicas de ensino superior - ou criou covardes - que não impediram ou denunciaram o vandalismo quando ele estava em curso.
A minha voz continua a mesma! Mas a minha cabeça...
Enquanto Lula acha que oferecer 250.000 vagas pelo PROUNI - quando faltam 3.500.000 vagas todos os anos nas universidades - é grande coisa... Enquanto o PT defende a torra do dinheiro público para abrir universidades federais até em Garanhuns... Enquanto, enfim, o PSDB permite que a USP seja invadida e depredada por meia dúzia de fedelhos, uma deputada comunista, em primeira legislatura, apresenta um projeto consistente, inteligente e de alta repercussão.
É de Manuela D'Ávila (PCdoB/RS) o Projeto de Lei 253/07, que permite o uso de recursos do FGTS para o pagamento de mensalidades de cursos superiores reconhecidos pelo Ministério da Educação. Algo muito simples, que vai permitir que milhares de jovens possam ingressar ou retornar à universidade.
Será que estamos diante de um fenômenos isolado ou o velho partidão, ao renovar seus quadros, renovou também sua cabeça?
Enquanto a resposta não vem, este blog parabeniza à deputada Manuela e reafirma a sua posição de apoiar as boas idéias - não importando de onde elas venham.
domingo, 24 de junho de 2007
Domingo in love...
Na Folha de S. Paulo, Mônica Veloso. No Estadão, Verônica Calheiros.
Está parecendo que as mulheres de Renan - fiéis a quem paga suas contas - acionaram as respectivas assessorias de imprensa a fim de dar seguimento à operação abafa... Aquela que expõe a vida íntima para que a questão que de fato interessa - a origem do dinheiro - desapareça.
Ps.: não sei qual é o nome pitoresco que a gripe da moda recebeu... Mas sei que ela me pegou de cheio: febre, dores o corpo e vontade para nada. Daí o ritmo lerdo, quase parando, do blog. No pico de efeito do antigripal, apareço.
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Aliás...
O conteúdo dos dois últimos post, renascido agora por conta do depoimento de Silvia Pfeiffer à CPI, era a base de uma matéria publicada pela edição de 21 de abril da Revista IstoÉ.
A edição da revista foi proibida de circular por conta de uma liminar concedida pelo juiz Sérgio Jorge Domingos, da 22ª Vara Cível de Curitiba, que favoreceu o deputado federal Cássio Taniguchi ,do DEM, citado pela matéria.
À época, fiquei praticamente sozinha falando a respeito da matéria e da estapafúrdia censura que nos estava sendo imposta. Então, a bloguesfera esta toda encantada com a celeuma Franklin Martins-Kennedy Alencar-Diogo Mainardi. Como resultado, temos que Fraklin segue ministro, Mainardi e Alencar estão bem empregados e ninguém ainda deu a devida atenção ao que diz Silvia Pfeiffer. "Ninguém" menos eu, claro, que falei à época e vou continuar falando.
Sobre Valter Sâmara
Compadre Forte
O presidente Lula está decidido a nomear um jurista paranaense para o STF. Deve ir Luiz Edson Fachin, 47 anos. É indicação de um compadre de Lula, Valter Sâmara, dono de cartório em Ponta Grossa e velho amigo da primeira-dama Marisa. Pitoresco, ele anda de chapelão texano, paga contas em dólar e viaja em seu próprio avião.
(Revista IstoÉ Dinheiro, dezembro de 2005)
E mais:
Valter Sâmara leva o prefeito de Ponta Grossa à reunião com Lula. Aqui
Teria sido Valter Sâmara quem apresentou a Lula o famoso Nilton Cezar Servo - apontado como um dos chefes da máfia dos caça-níqueis e preso durante a Operação Xeque-Mate. Sâmara foi, também, o principal articulador do "Movimento Independente Lula Presidente", que tinha por objetivo arregimentar apoio a Lula de políticos abrigados em partidos fora da aliança feita pelo PT.Aqui.
Para saber porque nos interessamos, de uma hora para outra, por Valter Sâmara, ouça o áudio do post abaixo.
Nitroglicerina
Uma casa no Lago Norte com acesso para a lancha presidencial... Um jantar para a primeira dama, uma festa para a secretária e um viajante falastrão.
É o trecho bombástico do depoimento da empresária Sílvia Pfeiffer à CPI do Apagão na manhã de hoje.
Clique abaixo para ouvir.
Por ordens médicas, o depoimento de Sílvia foi interrompido no início da tarde e será retomado na próxima terça-feira.
Dois pedidos e uma previsão
Finalmente, parece que os senhores senadores colocaram a mão nos que lhes resta de consciência e articularam pela renuncia de Wellington Salgado.
A despeito do pomposo discurso de Sergio Guerra na sessão de ontem - que pedia pela permanência do cabeludo no cargo de relator - , acho difícil acreditar que a iniciativa tenha partido do suplente de Hélio Costa. É claro que nunca teremos certeza. Sempre há chances de que Salgado tenha se dado conta de que sairia queimado do processo. Importa, porém, é que os nosssos pedidos de ontem foram atendidos: o Conselho terá mais tempo para investigar e Salgado já não é o relator. Resta, é claro, saber o que farão com este tempo e a quem darão a relatoria.
Por outro lado, os jornais de hoje confirmam aquilo que, desde domingo, prevíamos: Renan Calheiros está jogando pesado. A Folha de S. Paulo de hoje traz duas matérias sobre a estratégia. E, lá no Blog do Josias de Souza, vocês podem ler que Renan ameaça com uma crise institucional.
Está bom para vocês?
quarta-feira, 20 de junho de 2007
A verdade de Calheiros: constrangimento.
E há pouco, na CBN, ouvi que Renan Calheiros segue mantendo conversas privadas com senadores em seu gabinete. O senador Jefferson Perez declarou que tais reuniões caracterizam tentativa de constrangimento por parte do presidente do Senado.
Está certo que, desde a semana passada, correm na imprensa notinhas a respeito de tais reuniões. Mas o fato de que isto esteja sendo denunciado abertamente por um senador mostra que o esquema de Renan está mesmo fazendo água. Resta saber quanto tempo levará para afundar - e se não arrastará consigo todo o Senado Federal.
O fato é que já pouco importa o processo em questão. Começando por aquela teatral e vergonhosa sessão de depoimentos na segunda-feira e terminando com estas reuniões denunciadas por Perez, prevalece uma só verdade: na ânsia de livrar-se da cassação por quebra de decoro parlamentar, Renan Calheiros vem quebrando, descaradamente, o decoro.
A verdade que prevalece
Ideli Salvatti, ferrenha defensora do presidente do senado até a última sexta-feira, sumiu. Jefferson Perez e Cristóvam Buarque sugeriram o afastamento de Renan Calheiros. Pedro Simon foi mais explícito: pediu a renúncia de Calheiros. Como lhe é característico, Almeida Lima reagiu aos berros. Já Arthur Virgílio mandou avisar que o PSDB preferia aguardar o laudo pericial - horas depois, revelado como inconcluso - antes de tomar uma decisão. Falando pelo DEM, José Agripino adiantou que sua bancada quer mais elementos antes de votar. E todos foram unânimes: querem, a exemplo do que vem declarando o próprio Renan Calheiros, que a verdade prevaleça.
A verdade, no entanto, já prevaleceu. Foi ontem à noite mesmo, quando ela, a verdade, veio à mídia para avisar que o presidente do Conselho de Ética, o senador suplente Sibá Machado, já escolhera o novo relator do processo: o também suplente Wellington Salgado.
A verdade que prevalece é cristalina, Senhores senadores: tal qual Pilatos, os senhores estão tentando, a todo custo, manter limpas as vossas mãos. Querem absolver Renan Calheiros sem assumir o ônus de tal atitude. Assim, articularam para que dois tolos, dois moleques sem voto, assumissem o fardo da culpa. Só isto pode explicar que não tenham feito pressão para que a escolha de Sibá Machado recaísse sobre um nome mais capaz e menos suspeito - como, por exemplo, o democrata Demóstenes Torres.
Mas a manobra, senhores, vai lhes custar caro. É melhor encerrar esta farsa ainda hoje, se negando a votar até que sejam realizadas investigações mais profundas. É melhor articular - daquele jetinho que só os senhores sabem - para que Salgado "adoeça" e um novo relator possa ser escolhido. Se assim não for, a única verdade a prevalecer será uma lama fétida a cobrir o Senado Federal.
segunda-feira, 18 de junho de 2007
Ao vivo do chiqueiro
Creio que poucas vezes me senti tão envergonhada de ser brasileira.
Enquanto o tenebroso espetáculo era encenado por gente da qualidade de um Marcos Valério ou de lambe-botas como Delúbio Soares e Silvio Pereira, ainda era suportável. Mas ver senadores chafurdando na lama, como vi ontem à tarde, foi demais.
É verdade que Sibá Machado, Valter Pereira, Almeida Lima e Gilvan Borges não fizeram o trabalho sujo sozinhos - contaram com a ausência e/ou ou silêcio da maioria de seus pares. Mas foram eles, com certeza, os protagonistas da farsa que tinha por fim salvar Renan Calheiros. Ficou clara, desde o primeiro minuto, a determinação dos quatro senadores: desqualificar Mônica Veloso e seu advogado, Pedro Calmon Mendes Filho, afastando qualquer possibilidade de apurar se Renan Calheiros pagou as pensões devidas com dinheiro seu ou de terceiros.
Grosseiros, desnecessariamente agressivos e irônicos eles tentaram - em vão, já que Pedro Calmon revelou-se advogado brilhante - intimidar o depoente. De pedir o número da OAB de Pedro Calmon, como fez Almeida Lima, até sugerir que Mônica teve um caso com Gontijo - pérola de Gilvan Borges - estes senhores desceram ao nível mais baixo, como jamais imaginei que fossem capazes de descer - pelo menos, não em rede nacional.
Mais envergonhada ainda fiquei com o comportamento de suas excrecências ao interrogar Cláudio Gontijo. Uma vez diante do lobista da construtora Mendes Junior, os senadores rastejaram como as mais submissas e abjetas lesmas. Foram só gentilezas, elogios e babação de ovos, sem fazer uma só pergunta que prestasse.
A exceção, tanto no depoimento de Pedro Calmon quanto no de Gontijo foi o senador Demóstenes Torres, do DEM. Inquirindo a ambos com sobriedade, Demóstenes não pôde, contudo, fazer milagres. Era uma ave rara perdida em um chiqueiro.
Para ouvir Almeida Lima, do PMDB, pedindo o registro da OAB de Calmon, clique aqui.
Para ouvir Gilvan Borges, do PMDB, sugerindo que Mônica teve um caso com Gontijo, clique aqui.
Para ouvir Almeida Lima, do PMDB, rastejando aos pés do lobista, clique aqui.
Um refresco
Conforme este blog adiantou em 11 de maio último, inagurou hoje a Rádio do Moreno, o novo blog do jornalista Jorge Bastos Moreno.
Clique aqui e aqui para ler os dois posts que fiz a respeito.
Depois vá conferir: a Rádio do Moderno é exatamente como dissemos que seria.
Ao Moreno, desejo toda a boa sorte do mundo.
Um banho
Mais tarde, quando os trabalhos estiverem encerrados, farei um balanço sobre os depoimentos desta tarde no Conselho Sem Ética do Senado Federal.
Não me contive, porém, em vir aqui para adiantar duas coisas.
Primeira: coma excessão de Demóstenes Torres, é vergonhosa a postura dos senadores. Tentam, a todo custo, desqualificar o advogado Pedro Calmon Mendes Filho. Fazem um vergonhoso e hercúleo esforço para não tratar daquilo que de fato interessa: se Renan Calheiros recebeu ou não dinheiro de Cláudio Gontijo, lobista da construtora Mendes Júnior, para pagar pensão à filha de Mônica Veloso.
Segunda: "um banho de brilhantismo" é o mínimo que se pode dizer a respeito da atuação de Pedro Calmon Mendes Filho. Sem papas na língua, mas com classe, está colocando a camarilha que tenta desqualificá-lo em seu devido lugar. Há pouco, ao ser acusado de fazer chantagem, disse que passaria, a partir dalí, a abrir mão do sigilo profissional - já que acabava de perceber que alí estava para servir de cortina de fumaça ao que de fato interessava investigar. Despertou, com isso, um sobressalto em Sibá Machado, que ameaçou interromper seu depoimento se ele continuasse "a tratar o Conselho assim".
É de se perguntar: assim como,Sibá? Falando a verdade?
domingo, 17 de junho de 2007
Canastrices...
Em qualquer país decente - até mesmo no Brasil de 15 anos atrás - Renan Calheiros já teria renunciado ao cargo de presidente do Senado e ao próprio mandato. Se agora, porém, Calheiros não se vê obrigado a fazer nem uma nem outra coisa é porque tem cartas na manga.
Uma delas conhecemos bem: é o coringa, a ética maleável do povo brasileiro que, no último pleito, desceu ao rés-do-chão ao reeleger Lula e muitos dos seus companheiros denunciados por corrupção. Renan Calheiros conta com este curinga. Ele sabe que um povo que "abosolve nas urnas" gente como Antônio Palloci não tem moral para cobrar-lhe nada.
Mas não é o coringa que me preocupa. Pelo menos, não neste momento. Por ora, estou mais preocupada em saber quais são as outras cartas que dormem nas mangas de Renan - aquelas que, a considerar todas as previsões e análises que li nos jornais de hoje, vão lhe permitir passar incólume pelo Conselho de Ética. Porque, embora todos estejam evitando tocar neste assunto direramente, está claro que só uma coisa por justificar a atitude dos membros daquela casa para com o seu presidente: Renan está prometendo que, se cair, vai arrastar mais gente consigo. E, a contar pela forma como está se safando, é de se admitir que ele pode.
sexta-feira, 15 de junho de 2007
Aviso àqueles senhores que se dizem "oposição"
Hoje vai ser outro dia daqueles... com pouco tempo para acompanhar as notícias.
Quando, porém, eu conseguir dar uma escapadela para espiar a web, ligar o rádio ou a TV, espero receber notícias de que os senhores parlamentares estão a honrar as calças que usam.
Lembrem-se: absolver Azeredo e Brant custou caro - se não aos senhores, pelo menos às pessoas de bem deste país que, por conta da vossa frouxura de espírito - por ora, desconsideremos motivos inconfessáveis - , tomaram mais quatro anos de Lula pela cara.
A situação de Renan Calheiros tornou-se simplesmente insustentável, senhores. Se este cidadão não for pelo menos afastado, vai jogar todo o Congresso Nacional - e não só o Senado - num fosso irreversível de descrédito. Este é o motivo pelo qual hoje vossas excelências, não importando se deputados ou senadores, devem esquecer o caminho de casa ou, como é mesmo?, as "bases" e gritar em alto e bom som que querem este sujeito fora daquela cadeira.
Em bom português: quem não mexer o excelentíssimo traseiro vai deixá-lo na reta.
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Alma venezuelana
Agora é assim: cada vez que eles deixarem a alma venezuelana à mostra, este blog fará o registro.
Tudo para que não se diga, depois, que niguém avisou.
Nesta primeira edição, você assiste Lula determinando o que imprensa deve ou não publicar a respeito do Brasil - e leva também, de brinde, aquele "relaxa e goza".
Clique aqui para assistir.
quarta-feira, 13 de junho de 2007
A propósito...
A PF já localizou o celular da primeira dama?
Dias antes de ser preso pela Operação Xeque-Mate, o compadre presidencial Dario Morelli Filho registrou, na delegacia de polícia de São Bernardo do Campo - SP, o roubo de um celular que pertencia a dona Marisa. Até agora, ninguém explicou o que Morelli fazia com um celular que era propriedade da Presidência da República.
Se eu fosse agente da PF, começaria pela represa Billings.
Tá feia... O quê? ... A coisa!
Da Folha de S. Paulo de hoje:
"A PF captou, no decorrer da Operação Xeque-Mate, uma conversa telefônica na qual uma mulher não identificada exorta o aposentado Genival Inácio da Silva, o Vavá, a se encontrar logo com seu irmão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. Segundo ela, "a coisa está muito feia".
A ligação ocorreu no dia 23 de maio, três dias depois que uma pessoa que se identificou como "Roberto" - que, na verdade, seria outro irmão de Lula, José Ferreira da Silva, o Frei Chico- telefonara para Vavá para também adverti-lo a aparecer em Brasília para uma reunião reservada com Lula.
No dia 23, a mulher disse a Vavá que estava tendo "aviso muito feio, mas muito feio". Vavá reconhece que Lula estava querendo falar com ele, e promete ir para Brasília. "A coisa tá feia. Porque depois que o copo quebra, não adianta querer colar", disse a mulher. Ela pergunta quando Vavá pretende falar com Lula. "Eu ia com um amigo meu, mas ele foi e eu não fui, não consegui ir. E o Lula tá querendo falar comigo. (...) Eu tenho que falar com ele essa semana ainda", disse Vavá."
Uma coisa chama a atenção nesta conversa: a metáfora, tão característica entre o círculo íntimo presidencial.
Sela e buçal
Este post foi publicado em 26 de fevereiro último. Está sendo reeditado agora porque traz a minha opinião a respeito do voto em lista. Também provoca uma pergunta: a convocação de plebiscitos e referendos pela sociedade, sem a mediação do Legislativo, que fazia parte da proposta original apresentada pela OAB a Chináglia, foi mantida? É preciso que fiquemos alertas. Quando um petista resolve votar qualquer coisa - mas especialmente uma reforma polítca - às pressas, num momento em que a imprensa está ocupada com a cobertura de tantas denúncias, eu desconfio. Tenho razões para isso. Principalmente porque, às vezes, nossos parlamentares votam sem ler.
Amanhã a OAB e o Planalto se reunem para tentar fechar a proposta de reforma política que Arlindo Chinaglia prometeu, na última sexta-feira, colocar em pauta. Se Chinaglia cumprir a promessa, o projeto deverá chegar ao Legislativo em algumas semanas - tempo hábil para que seja apreciado por todos os partidos.
A OAB não gostou do tom do presidente da Câmara, que deixou claro que as propostas da entidade eram meras sugestões. Mas esfregou as mãozinhas de satisfação ao ver que a discussão está prestes a se tornar realidade.
Já eu não gostei foi do tilintar de sela e buçal que ouço sempre que alguém falar em "voto em lista". Juntamente com fidelidade partidária e o financiamento público de campanhas, o voto em lista integra aquilo que o governo tem como tripé fundamental da reforma.
Paradoxalmente, o pacote da OAB traz, também, a tal proposta para a convocação de plebiscitos e referendos pela sociedade, sem a mediação do Legislativo. Confuso, não? Por um lado, a sociedade brasileira já estaria suficientemente madura para decidir diretamente a respeito de determinados temas. Por outro, não tem discernimento para decidir diretamente sobre quem merece ou não seu voto - no que precisa ser tutelada pelos partidos. Me parece que estão é a nos oferecer espelhinhos e contas de vidro: "divirtam-se aí decidindo sobre a eutanásia, enquanto nós decidimos o orçamento da saúde".
O voto em lista, como vocês devem saber, é aquele subterfúgio através do qual os partidos escolhem quais políticos gostariam de ver eleitos - e o eleitor se limita a votar na legenda. Quer dizer, lá pelas tantas, quem simpatiza com o programa do PSDB pode se ver obrigado a engolir um Eduardo Azeredo, simplesmente porque o partido resolveu que ele deve encabeçar a lista dos candidatos à Câmara Federal - e que a maioria dos votos da legenda serão direcionados para ele. Vale o mesmo para o PFL e Roberto Brant. Já o PT dispensa exemplos. Primeiro porque a lista ficaria longa demais para um só post. Segundo, porque os petistas já têm o hábito de acatar qualquer coisa que o partido lhes enfie goela a baixo - de modo que o governo está apenas querendo estender a todo o quadro político nacional aquela burra procuração em branco que a militância costuma passar ao PT.
Há coisa de três anos, quando a proposta do voto em lista começou a ser mais dicutida por conta da apresentação de um projeto de lei da lavra de Ronaldo Caiado, Miro Teixeira alertava para o fato de que a disputa pela presença ou não em listas futuras coagiria os deputados a serem sempre fiéis às decisões de seus partidos - e, o principal, observava que o impeachment de Fernando Collor não teria ocorrido em tal conjuntura.
E é exatamente este o perigo. Se, por um lado, é verdade que o modelo atual, por ser personalista, enfraquece a importância dos programas partidários no processo de decisão do eleitor, também é verdade que, com o voto em lista, os deputados ficam mais desobrigados (ainda!) de prestar contas à população. Esta é a queixa corrente na Argentina e na Espanha - para citar dois países que usam o sistema. O referencial dos deputados passa a ser somente o partido - o único que lhes pode garantir presença na lista da eleição seguinte. Não é difícil concluir, pois, que no Brasil a corrupção apenas passará a se dar nas entranhas - sempre bem protegidas dos olhos e ouvidos populares - partidárias. Alguém aí se arrisca a imaginar a que peso será negociado o primeiro lugar da lista?
Finalmente, se nenhum destes argumentos lhe parecerem suficientemente fortes, lembre-se que o voto direto é um direito constitucional, prestes a ser derrubado porque gente como Zé Dirceu, que quer dar aos partidos - estas instâncias tão probas da nossa representação política - o direito de limitar nossas escolhas. É a sela que vem, tilintando, na nossa direção. Logo, logo eles vão querer montar.
terça-feira, 12 de junho de 2007
Responda aí: o que é mais insultante? Frei Chico, que é na verdade José Ferreira da Silva, mas que faz ligações sob o codinome de Roberto ou o silêncio de Lula sobre as falcatruas dos irmãos?
Sim, meus amiguinhos, estamos em meio a mais um episódio de Twilight Zone. A diferença é que, nesta versão tupiniquim, tão vasta quanto o espaço é a bandidagem - além, é claro, de já termos saído há horas daquela dimensão intermediária entre a luz e a sombra para cair direto num buraco escuro e fétido.
Até o ano passado, ainda conseguíamos vislumbrar algumas formas e silhuetas. Agora já está impossível distinguir luz de sombra. "Os sombras", aliás, como explica Clóvis Rossi em sua primorosa coluna para a Folha de hoje: aqueles empresários do submundo que tomaram o lugar da classe operária para ascender ao poder junto com o PT.
Engana-se o Rossi apenas num detalhe: não são "mil Sombras", como ele sugere no título de seu artigo. São, na verdade, um milhão deles. Exatamente como prometia a campanha: são um milhão de Lulas povoando este país.
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Nem o dele, nem o nosso.
Incrivel...
O irmão do presidente da república é flagrado numa, praticamente inegável, venda de influência. O presidente, em viagem ao exterior, diz que se pronunciará sobre o tema assim que tocar o solo brasileiro. Sua chegada, porém, coincide com a divulgação de gravações que complicam ainda mais a situação do irmão. É sábado. E o mandatário avisa que manterá silêncio.
Pode-se até compreender que ele quisesse, primeiro, se inteirar da situação antes de falar ao país. Mas, conforme o domingo avançava, o silêncio de Lula foi ficando mais e mais inaceitável. Isto porque Luiz Inácio Lula da Silva tem o direito de nada declarar a fim de não prejudicar mais ainda seu irmão. O presidente, contudo, não pode se dar a tal luxo. O presidente Lula precisa dar uma palavra à nação. Uma que que seja convincente; que tranqülize e explique.
Eu acredito que o final de semana presidencial tenha sido dedicado à busca desta palavra - da sua exata medida; da explicação plausível e convincente. Imaginando que esteja difícil encontrá-la, posso até entender o vácuo estabelecido desde sábado - anormal para um presidente que não sai da mídia.
Entendo, pois - mas não aceito. Assim como não aceito a falta de cobrança por parte da opinião pública. Passei por alto os jornais de hoje e, salvo engano, ninguém está cobrando a Lula a necessária manifestação. Estão todos a aceitar este silêncio como se fosse normal. Não é. Nem o dele, nem o nosso.
domingo, 10 de junho de 2007
Chauí ensina
Em plena crise do mensalão a filósofa e ideóloga petista Marilena Chauí sugeriu aos seus pares o silêncio. "Há momentos em que o silêncio é o dever de um intelectual" declarou, à época, a musa da esquerda uspiana.
Não há, pois, motivos para que nos admiremos com o silêncio de Lula ao longo deste final de semana. Depois de prometer, de forma um tanto malcriada, que falaria com a imprensa sobre o envolvimento de Vavá com o mundo do crime tão logo chegasse ao Brasil, o presidente recuou. Diante de inúmeras denúncias - basta ler os dois últimos posts para entender que a chapa realmente esquentou - Lula preferiu o silêncio.
Não, Lula não é um intelectual - bem o sabemos. Mas também sabemos que aquela recomendação de Marilena Chauí, há mais de dois anos, tinha nada de intelectualidade e muito de militância. Lula está apenas seguindo o conselho da ideológa: optou, por ora, pelo silêncio que compromete mas não agrava.
Desconfio que se as denúncias continuarem neste ritmo, em breve nós é que seremos convidados a fazer silêncio.
Dossiê fajuto: Morelli é o elo perdido
"Preso na Operação Xeque-Mate, da Polícia Federal, o empresário de jogos Nilton Cézar Servo apresenta Dario Morelli Filho, em uma conversa gravada em maio pela Polícia Federal, como o "homem forte" do PT que estava na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição e de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, segundo reportagem publicada neste domingo pela Folha.
Segundo a reportagem, no dia 24 de maio, a PF captou uma conversa de Servo com um homem não-identificado. No diálogo, o empresário convida o interlocutor para um encontro. "Eu estou aqui com o homem forte. Aquele que eu mandei você ligar na campanha para ele, que estava na campanha", diz Servo. "A do Lula?", pergunta o interlocutor. "É, do Lula, do Mercadante", responde Servo. "
(Fonte: Folha de S. Paulo)
Pois bem... Lembram do dossiê? Lembram que a investigação ficou tramitando entre as campanhas de Lula e de Mercadante, sem que a PF conseguisse apresentar provas conclusivas contra uma ou outra? Lembram que a origem daqueles R$ 1,7 milhão foi impossível de ser identificada? Morelli é o elo. Apertem Morelli.
Cúmplices em Brasília
"Dario Morelli Filho, o amigo e compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso na Operação Xeque-Mate, na semana passada, pode ter sido informado antecipadamente por alguém de Brasília sobre o monitoramento dos envolvidos na máfia dos caça-níqueis feito pela Polícia Federal. Os grampos citados no inquérito revelam que Morelli alertou o suposto chefe da quadrilha, o ex-deputado estadual paranaense Nilton Cézar Servo, para que ele tomasse cuidado com os telefones e acrescentou que havia ocorrido “um pepino feio”.
Entre 11 e 17 de maio, pelo menos sete conversas gravadas indicam o suposto vazamento de informações. Mostram ainda um encontro marcado por Morelli entre Servo e o ex-deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF), que foi vice-líder do governo. Segundo as conclusões preliminares da PF, Morelli era sócio de Servo em uma casa de caça-níqueis em Ilhabela, no litoral paulista, e corrompeu policiais para atuar ilicitamente."
(Fonte: Estadão)
sábado, 9 de junho de 2007
Tudo como planejado
As gravações dos telefonemas de Vavá da Silva, trazidas a luz pela Folha de S. Paulo de hoje, serão competentemente rebatidas nos seguintes termos:
1) Vavá vendia uma influência que não tinha junto ao irmão;
2) O presidente Lula, ao saber de tal coisa, tentou imediatamente parar Vavá;
3) Mesmo sabendo da situação do irmão, o presidente Lula não fez uso do cargo para poupá-lo de uma invetigação, quiçá de um indiciamento.
Diante de tal quadro, qualquer um que tente associar Lula de forma negativa com o episódio será considerado golpista.
Sim, a operação Xeque-Mate segue seu minucioso e bem planejado curso. Quem não concordar que trate de provar que estas denúncias servirão para algo mais do que teatralizar uma perseguição contra Lula, "o honesto".
sexta-feira, 8 de junho de 2007
Balanço do dia
Daquele que está presidente.
Não há, de fato, nada de novo - pelo menos para quem lê este blog com alguma freqüência.
O presidente de honra do PT apenas concordou com a posição oficial do seu partido em relação à RCTV.
Dos meninos
Sou assim mesmo: quando está ruim reclamo, quando está bom elogio. Muito boa, pois, a nota emitida no final do dia pelos Democratas. E o que é melhor: os meninos foram rápidos no gatilho. Esta já era, aliás, uma característica muito elogiável da "velha guarda", sempre pronta a pronunciar-se quando necessário - não importando se o "quando" fosse numa tarde de sexta-feira. Quantas vezes vimos, ao longo da crise do mensalão, o senador Jorge Bornhausen dar entrevistas em pleno sábado ou domingo? Finalmente, ponto para a assessoria de imprensa do partido: antes mesmo da nota ser publicada, a imprensa já noticiava que ela viria, criando expectatica. É isso aí, meninos. Assim é que se faz.
Dos pássaros
Não, não é o filme do Hitchcock... Mas parece pesadelo. Os tucanos continuam lerdos para se manifestar e/ou ruins de assessoria de imprensa - confesso qua ainda não consegui identificar com exatidão a causa deste mal crônico. Nada de nota oficial , portanto. Apenas uma manifestação tímida do senador Arthur Virgílio. Na segunda-feira, quando o partido se posicionar oficialmente a respeito, o assunto do momento já será outro. Vi tal coisa se repetir inúmeras vezes nos últimos quatro anos. Alô, asessoria... chute o traseiro destes caras e faça-os trabalhar nos finais de semana também. Acelera, minha gente....acelera! Ou logo aparece alguém aqui para dizer que o partido não se pronuncia oficialmente porque ainda não sabe se apoia Chávez ou não.
Correndo...
Um dia super corrido por aqui e o ocupante do Palácio do Planalto resolve chutar o balde.
Até agora, tudo o que sei é o que ouvi no rádio, entre um deslocamento e outro: que, em entrevista à Folha, Lula disse que Chávez agiu corretamente em relação a RCTV; que há também uma entrevista dele para a Al Jazeera criticando os EUA e, de novo!, apoiando Chavez; que os DEMOCRATAS não estão gostando nada do galope da carroça e devem emitir uma nota oficial até o final do dia.
O problema é que as coisa continuam corridas por aqui. Resta, por ora, o consolo de que a posição de Lula foi devidamente antecipada por este blog nos posts e vídeos dos últimos onze dias - que, talvez, mereçam ser revistos.
Volto só depois das 22 horas. Aí falaremos de tudo e um pouco mais.
quinta-feira, 7 de junho de 2007
Eu deliro, tu deliras, ele delira...
De gente sugerindo que deliro a comentaristas querendo me ensinar xadrez, meu último post gerou algumas manifestações de repúdio.
Pois bem. Uma das vantagens de se tentar antever qualquer tema da política nacional é que não demora muito para que o tempo nos confirme ou nos desminta. Quero crer que, em breve, aparecerá alguém dizendo que estão a perseguir Lula e sua família - e que o próprio nome da operaçao, "xeque-mate", sugere que o alvo é o "rei".
Não é necessário, portanto, ficar batendo pé. O tempo dirá se deliro ou não. Por ora, fica apenas uma certeza: cogitar que o PT esteja trabalhando para forjar um golpe é tão delirante quanto cogitar que os invasores da USP se articulem para gerar hematomas, quiçá um cadáver, pelo simples fato de que isto colabora para a construção discursiva da coisa. Ou seja: não há delírio algum. Há o simples e puro reconhecimento de um método - com a ressalva de que podemos esperar bem menos competência de parte dos estudantes do que de parte dos "profissionais" que ocupam o Palácio do Planalto .
Notem, porém, que este método depende de verossimilhança: os invasores da USP precisariam de hematomas reais para montar um estrondoso e fictício discurso a respeito do uso abusivo da força por parte do governo Serra. Logo, é bobagem dizer que minha aplicação para o - mesmíssimo! - método inocenta Vavá. Ao contrário: o irmão do presidente seria o dado de realidade a conferir verossimilhança à trama. Vavá estaria para a operação xeque-mate como os hematomas estariam para o teatro montado na USP.
Delírio? Não. Repito: reconhecimento de um método. Que ele possa ou não estar sendo usado no caso da Operação Xeque-Mate, creio que é uma questão de observarmos o andar da carruagem, evitando cair de cabeça em ciladas. Daí porque o post anterior faz um alerta e não uma afirmação.
quarta-feira, 6 de junho de 2007
Nariz Gelado e pé atrás....
A última - que amanhã, quando vocês vierem ler, já estará velha - é que a PF teria gravações comprometendo mais ainda Vavá da Silva.
Podemos sair por aí concluindo que Lula, pobrezinho, é um virtuoso cercado de ratazanas. Ou podemos respirar com alguma esperança, concluindo que a verdade parece estar vindo à tona - e que, finalmente, aquele presidencial teflon vai rachar. Podemos até, quem sabe?, dar ouvidos aos rumores cada vez mais fortes de que há uma luta interna na PF - e que o Ministro da Justiça perdeu o controle sobre a corporação. São várias as opções.
Mas eu confesso que, desde a denúncia contra Renan Calheiros, ando achando a coisa toda um pouco turva e obscura. Nas últimas semanas, estamos em meio a um fogo cruzado pra lá de confuso: a fumaça de pólvora é tanta que já não podemos mais identificar quem está atirando em quem.
Tenho dificuldades para acreditar que, depois de passar flanando por tantas denúncias de corrupção em seu primeiro mandato - e de se reeleger de forma consagradora - Lula agora tenha se tornado alvo preferencial de quem quer que seja. Agora? Porque justamente agora, quando teria sido possível desconstruí-lo no ano passado, durante a campanha, sem que se criasse qualquer risco institucional? E dá para acreditar que Lula, que fritou José Dirceu, Antônio Palocci, Silvio Perereira e Delúbio Soares - só para ficar na cúpula - cairia em alguma cilada agora?
Estou com o meu pé muito, mas muito, atrás. Porque fico aqui imaginando se Lula não olha para aquela malfadada tentativa de golpe ocorrida na Venezuela com certa cobiça. Foi ela, jamais esqueçam, que fortaleceu Chávez a ponto de permitir que ele praticamente se eternize no poder. Como, porém, e estamos cansados de repetir tal detalhe, as instituições brasileiras são muito mais sólidas que as venezuelanas, seria preciso uma jogada de mestre para reproduzir tal ambiente. Seria preciso, eu diria, um xeque-mate.
terça-feira, 5 de junho de 2007
Sessão Coruja
Clique abaixo e assista "O Diabo mora ao lado", novo documentário da Nariz Gelado Produções.
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=LBwjTPnVOv8]
Vai mal
Esta noite eu perdi o sono... de raiva. Tudo por conta do fiasco que o deputado Onyx Lorenzoni protagonizou em cadeia nacional.
Entrevistado por Jô Soares, Lorenzoni não foi capaz de articular uma só resposta coerente. Perguntado sobre a mudança do DEM, se enrolou todo e nada disse. Questionado sobre o sistema de classificação para programas de televisão e espetáculos, deu a nítida impressão de que não fazia a menor idéia do que se tratava. Também não explicou qual é a diferença entre "mimo" e corrupção - razão primeira, segundo pude entender, de sua ida ao programa.
Para finalizar, levou aquele maldito chimarrão a tiracolo, reforçando um regionalismo que só faz mal ao partido. Ah, sim... Levou também rapadura de Santo Antônio da Patrulha. Cheguei a cogitar em desligar a TV antes que ele dançasse um vanerão. Graças aos céus, não foi dessa vez.
É simplesmente inexplicável que um deputado vá a um programa como o do Jô tão mal preparado. É inaceitável tanta incompetência - dele e daqueles que o assessoram - para quem, como eu, quer uma oposição forte. E mais: desconfio que, a continuar neste ritmo, muito rapidinho esta "moçada" do DEM vai ser mandada de volta ao jardim de infância.
Clique aqui para assistir parte da entrevista.
Blogueiro invade a MTV
Hoje, às 22:00h, o blogueiro Aluizio Amorim vai invadir o estúdio da MTV para dar uma surra nos ecochatos e outros sectários da ecolatria.
Não, não se assustem. O Alu não aderiu ao apelo violento dos movimentos sociais. Vai até lá como convidado de Cazé Peçanha para participar do MTV Debate.
Mas o tema é ecologia mesmo. E, se a vídeo-timidez não impedir, vai ter surra. Verbal, mas vai.
Ps.: parabéns ao Alu, que não tem qualquer relacionamento com a MTV e foi convidado pela repercussão de seu blog.</span
Um Vavá não faz verão.
Bastou a declaração do ministro Tarso Genro que eu começasse a desconfiar das reais intenções desta investigação envolvendo Vavá: "Num processo republicano não existe irmão, parente, graduação. Cumpre-se o mandado, e foi cumprido rigorosamente dentro da lei. Isso é um cumprimento que prestigia o Estado democrático de Direito e prestigia o próprio presidente da República", declarou Genro.
Mentira minha. Na verdade, tão logo ouvi a notícia já antevi o quadro todo. Ocorre, apenas, que a declaração do Ministro da Justiça foi quase um ato falho. A pressa em apontar o prestígio que tal ação confere a imagem presidencial foi denunciadora de um governo que afasta apenas momentaneamente os companheiros aloprados mas que jamais os pune.
Inegável é que tanto o PT quanto a instância executiva mais alta que o partido ocupa são condescendentes com a corrupção. Ao invés de serem punidos, todos os parlamentares petistas envolvidos no escândalo do mensalão foram premiados com a sua manutenção na legenda - na linguagem do partido e de seu lider máximo, eles foram deixados para serem "julgados pelas urnas". Aconteceu o mesmo com o ex-ministro Antônio Palocci, afastado do governo no episódio do caseiro mas acolhido pelo partido e eleito deputado. Idem para José Dirceu, que continua prestigiado na legenda e, a considerar os rumores, também no Planalto.
Não podemos esquecer, ainda, a turma do dossiê. Ninguém se complicou com a justiça. Ninguém. Aliás, creio que seria muito ilustrativo se a imprensa procurasse saber onde estão - e do que vivem - hoje Jorge Lorenzetti, Gedimar Passos, Freud Godoy e Hamilton Lacerda.
O leitor sempre poderá alegar, é claro, que as investigações destes casos foram inconclusivas - ou que ainda estão em curso os trâmites legais. Se já tiver saído do jardim de infância, contudo, ele, o leitor, terá que admitir que aquela denúncia do Procurador Geral da República vai caducar antes que renda qualquer punição aos envolvidos - e que "investigações inconclusivas" são um paraíso a que só têm direito aqueles que, tal qual Palocci, podem contar com um dublê de ministro da Justiça e conselheiro, ou seja: os petistas em geral.
Prestígio o presidente teria se sua ruidosa Polícia Federal fosse menos afoita e mais capaz de produzir provas conclusivas. A Polícia Federal de Bastos e Genro, porém, tem feito é muito barulho por nada. Esta miríade de operações pode até dar a sensação de que "este é um país em que tudo se investiga"- mas será preciso bem mais para que se conclua que este é um pais onde os criminosos são punidos. Logo, não me venham com Vavá porque um só Vavá não faz verão.
domingo, 3 de junho de 2007
Combustível ideológico
Indignado com Marco Aurélio Garcia?
Clique abaixo e assista a uma entrevista que ele concedeu a televisão venezuelana em abril deste ano.
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=-X3e7qN22qg]
Intercâmbio
Sempre ligada, a leitora que se assina Julia chama atenção para o fato de que o PT foi à Siria para assinar um acordo de intercâmbio e cooperação com o partido Baath.
Considerando o terror que as facções ligadas ao Baath espalham no Oriente Médio - em especial no Iraque - podemos vislumbrar o que o PT quer para o Brasil. Notem que a segunda cláusula do acordo, assinado por Valter Pomar e Ricardo Berzoini na quinta-feira, trata da "troca de experiência a respeito da logística de trabalho de cada partido".
Podemos concluir que o Baath passará a produzir dossiês falsos, pagos com dinheiro frio, e o PT passará a promover atentados?
sábado, 2 de junho de 2007
Al carajo, pues...
Nossa imprensa - provavelmente por recusar-se a publicar palavrões - não está cobrindo com a necessária riqueza de detalhes a ira de Hugo Chávez com o Congresso brasileiro.
Além do relatado pela Folha OnLine, o comício de ontem foi abrilhantado com mostras significativas da finesse chavista:
"Que se vayan bien largo al carajo" foi o recado do gorila para os representantes da oligarquia nacional e internacional por suas tentativa de acabar com o processo revolucionário.
Chavez também deixou claro que a Globovisión está, definitivamente, na reta. De fato, a bloguesfera venezuelana começa a cogitar que a Globovisión sairá do ar em 35 dias.
Como começou?
"O primeiro passo foi a intimidação, a linguagem de ódio. O presidente passou a usar expressões agressivas para atacar jornalistas, editores, humoristas e até caricaturistas. Isso incitou ataques físicos contra eles. Muitos apanharam dos militantes chavistas. Já vão para mais de 800 os jornalistas agredidos. Alguns foram assassinados. A etapa seguinte foi a pressão econômica, por meio das verbas de propaganda. O último ato foi o que fizeram conosco, a tomada do sinal de transmissão. A mensagem é clara: quem não se portar como Chávez quer perderá a freqüência. Outros canais de televisão, como a Globovisión e até a CNN, já estão sendo ameaçados."
(Marcel Granier, dono da RCTV, em entrevista a Veja desta semana, explicando como Hugo Chávez foi, aos poucos suprimindo a liberdade de expressão na Venezuela)
Então, vejamos...
"O presidente passou a usar expressões agressivas para atacar jornalistas"...
"Para Lula, jornalista que não defende conselho é "covarde"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rotulou ontem, em Santo Domingo (República Dominicana), de "um bando de covardes" os jornalistas que não defendem o projeto de lei enviado pelo governo no início do mês ao Congresso que prevê a criação do CFJ (Conselho Federal de Jornalismo) e suas seções estaduais. Para ele, falta "coragem" à categoria.
"Vocês são um bando de covardes mesmo, hein? Vocês não tiveram coragem de defender o Conselho Nacional de Jornalista", afirmou o presidente, ontem à noite, no saguão de entrada do hotel em que está hospedado.
(Folha de S. Paulo, 17 de agosto de 2004 - Continue lendo).
"Isso incitou ataques físicos contra eles"...
Depois de ver Lula, petistas agridem jornalistas no Alvorada.
Manifestantes pró-PT agrediram jornalistas na frente do Palácio da Alvorada, em Brasília, no final da manhã desta segunda-feira (30). A agressão ocorreu depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao palácio e cumprimentou algumas das cerca de cem pessoas que o esperavam para saudá-lo pela vitória na eleição de domingo.
Em frente ao portão de entrada do palácio, os manifestantes gritavam palavras de ordem ofensivas contra órgãos da imprensa. Um dos manifestantes usou o mastro da bandeira do PT que empunhava para bater duas vezes em um repórter.
Uma jornalista também foi agredida e empurrada. Outro fotógrafo foi empurrado, enquanto alguns militantes gritavam: "Eu prefiro a ditadura do que a imprensa" e "Vamos fechar todos os jornais".
(Portal G1, 30 de outubro de 2006 - Continue lendo)
"A etapa seguinte foi a pressão econômica, por meio das verbas de propaganda"...
PT quer "critério político" para propaganda
Após a reeleição, marcada pelo escândalo da tentativa de compra de dossiê antitucano por petistas e de acusações de membros do partido à mídia, o PT pôs o tema no topo da agenda. Deve ser incluído na resolução final da reunião do Diretório Nacional petista, que ocorre amanhã e domingo em São Paulo. Também estará na pauta do seu 3º Congresso, em 2007. Sob o pretexto de "democratizar as comunicações", o PT deve discutir mudanças nos critérios para distribuição de publicidade oficial. Essa revisão vem sendo levantada, entre outros, pelo secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, um dos integrantes da Executiva Nacional do partido. Ele defende critérios políticos para o emprego das verbas, não só de mercado.
(Folha de S. Paulo, 24 de novembro de 2006 - Continue lendo)
Sei que nem precisaria observar, mas vá lá: como vocês podem ver acima, o roteiro é o mesmo. Ocorre, apenas, que aqui ele é um pouco mais difícil de ser realizado.
sexta-feira, 1 de junho de 2007
Me cago en usted, señor.
Foi eu ter um dia mais atribulado e aquele gorila que vem sendo tema deste blog na última semana resolveu abrir artilharia contra o Congresso brasileiro.
Alguma surpresa?
Nenhuma. Nem com o titubeio presidencial.
Depois de passar a semana escapando de tecer comentários sobre o fechamentos da RCTV, Lula se viu diante de uma situação na qual precisa responder a Chávez de alguma forma. Eis que primeiro declarou que cada um deveria cuidar do seu próprio país. - e que também não tinha certeza se Chávez tinha dito exatamente aquilo. Duas horas depois, resolveu mostrar algum pulso: vai exigir explicações do embaixador venezuelano.
Já entre os senadores e deputados, houve muita reclamação. O DEM foi o primeiro a se manifestar, através do senador Heráclito Fortes, ainda pela manhã - depois foi a vez do senador José Agripino. Há pouco, o PSDB publicou nota de repúdio.
Diante de tamanha mobilização nacional, este blog não pode se furtar a emitir também uma nota. E o fará de forma concisa e direta, mediante tradional manifestação do idioma espanhol, respondendo ao presidente venezuelano da única forma que acredita ser adequada: "Hugo Chávez, me cago en usted y en su maldita revolución".