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quarta-feira, 19 de março de 2014

Pessoas famosas que enfrentaram linfomas

Artistas ou políticos costumam servir de exemplos, algumas vezes bons, outras ruins.

Além disto, para muitos, os artistas estão em outro nível de vida, mais elevado.

Quando eles tornam públicos seus problemas de saúde, têm o potencial de se tornarem grandes exemplos para aqueles que buscam forças para si ou seus entes queridos.

Neste post, farei comentários, que são públicos, sobre pessoas famosas que enfrentaram e, na maioria das vezes venceram, linfomas:

1- Dilma Roussef - impossível não iniciar com a presidente. Ela apresentou um linfoma difuso de grandes células B, o mais comum dos linfomas, ainda em fase inicial. Foi submetida a quimioterapia e tem grande chance de estar curada.

2- Reynaldo Gianecchini - graças a ele, um dos meus posts mais visualizados falava de linfoma T do tipo angioimunoblástico. É um tipo de linfoma de difícil tratamento. Por isto, ele necessitou submeter-se a um transplante de medula autólogo logo no primeiro tratamento da doença. Também é um candidato a estar curado deste raro tipo de linfoma.

3- Fernando Lugo - o ex-presidente do Paraguai se notabilizou por procurar São Paulo para um tratamento de um linfoma folicular. Este é o segundo tipo mais comum de linfoma, trata-se de uma doença de desenvolvimento lento e, paradoxalmente, mais difícil de curar-se do que os linfomas mais agressivos.

4- Glória Perez - segundo apurei nos jornais da época, parece que também se trata do linfoma apresnetado pela Presidente. Tomara que ambas estejam curadas.

5-"Nicole", personagem da novela "Amor à Vida". Segundo pude apurar por fontes, já que não sou muito noveleiro, Nicole teve um linfoma de Hodgkin. Em se tratando de uma história de linfoma, foi uma feliz escolha já que existe um pico de incidência desta doença em mulheres jovens. Na maioria das vezes, a doença é curável. Infelizmente, não sei o destino da Nicole. Perdi este capítulo. Só apurei que ela tinha o estádio 4, o mais avançado, quando aparece doença fora dos gânglios e do baço.

Um abraço e até a próxima.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Linfomas -- terapias alvo - o futuro do tratamento

Prezados,
fechando a série de artigos básicos, temos este terceiro artigo.

Aqui, me proponho a sair do mesmo.

Temos vários tratamentos consagrados para linfomas, a saber:

1- quimioterapia
2- radioterapia
3- transplante de medula
4- rituximabe - anticorpo monoclonal

E no futuro, o que virá? É uma vergonha, mas aqui falarei de medicamentos que, em muitos casos, já são antigos nos países desenvolvidos.

1- Bendamustina - já é primeira linha para tratamento de linfoma folicular na Europa- e olha que, por lá, ninguém rasga dinheiro...

2- Brentuximabe vedotin - maiores taxas de resposta já registradas em pacientes com linfoma de Hodgkin recaído. Trata-se de uma mistura de anticorpo (anti-CD30) e quimioterapia.

3- Imunomoduladores - exemplo é a eficácia da lenalidomida em leucemia linfocítica crônica e do everolimus no linfoma do manto.

4- Novas gerações de anti-CD20 tais como ofatumumabe e obinotumomabe.

5- Ibrutunube, droga oral com resultados extraordinários em leucemia linfocítica crônica de mau prognóstico.

6- Melhorias para o transplante:
     Melhora da mobilização com o uso do plerixafor

Enfim, se até a radioimunoterapia que tem décadas de uso nos EUA não chegou por aqui, o que esperar dos outros?

Um abraço.

domingo, 15 de setembro de 2013

Linfoma : definição, tipos, introdução PARTE 2


Como os linfomas aparecem?

Para que um linfócito adquira o perfil de uma célula maligna, e assim seja o precursor de um linfoma, algumas condições precisam ser satisfeitas:

1- Imortalidade - uma das características básicas do câncer é a perda da capacidade de autodestruição da célula anormal, um mecanismo conhecido como apoptose. Por incrível que pareça, todas as células são equipadas com uma bomba-relógio. Se não fosse assim, nossos dedos pareceriam com os do sapo com membranas entre os dedos. No caso dos linfócitos, além de linfomas, podem ocorrer doenças autoimunes como o lupus, o vitiligo, tireoidite de Hashimoto quando linfócitos anormais não são destruídos.  Uma das substâncias que as células do linfoma podem fabricar para evitar a apoptose é o Bcl-2. Linfomas foliculares são positivos para Bcl-2. Muitos linfomas difusos de grandes células também.

É claro que a imortalidade dos linfócitos pode ser benéfica, quando a célula é normal. Um exemplo disto são os linfócitos de memória , que são as células fabricadas quando recebemos as vacinas. Por isto, a defesa contra as infecções prevenidas por vacinas costumam persistir por muitos anos. Outro exemplo é a imunidade adquirida após infecções virais, tais como catapora, sarampo, rubéola e caxumba, a qual persiste por toda a vida.


2- Multiplicação acelerada - de algum modo, a partir de uma célula alterada, surgem tumores que podem pesar vários kilos. Isto pode acontecer ao cabo de vários anos nos linfomas mais lentos, tais como o mieloma múltiplo ou o linfoma linfocítico tipo-LLC. Outras vezes, a doença evolui em poucos meses. Neste caso, as células precisam de uma alta capacidade de multiplicação. Esta capacidade de multiplicação aliada à imortalidade é que permite o aparecimento da doença. Também se conhecem agentes que, quando aumentados nas células, induzem proliferação acelerada. Um exemplo é o c-myc. O linfoma de Burkitt é o mais agressivo dos linfomas. A velocidade de duplicação deste linfoma é medida em semanas. A alteração genética comum a todos os linfomas de Burkit é o excesso de c-myc.

Também neste caso cabe a ressalva: multiplicação acelerada pode ser muito útil em caso de infecções por exemplo. Só que neste casos ocorre a morte das células depois que a infecção é tratada.


3- Escape imunológico - este é o mecanismo mais complicado. Sabemos que a complexidade do corpo humano é imensa. De tempos em tempos, células defeituosas são formadas. Existem, no sistema imunológico, células capazes de reconhecer e atacar as células malignas. Particular atenção é dada a um grupo de linfócitos denominados "natural killer cells" (células naturais assassinas) que parecem ser eficazes neste ataque.

Um exemplo cabal disto é a eficácia do transplante de medula óssea para o tratamento de linfomas T e foliculares. Quanto maior a atividade dos linfócitos criados depois do transplante, maior a chance de cura.

Outro exemplo é o aumento da incidência de  linfomas em pacientes com imunodepressão pela SIDA (AIDS).


Alguns defeitos celulares são marcadores de linfoma e são usados para o seu diagnóstico. Exemplos:
- positividade para T(8;14) e linfoma de burkitt
-positividade para ciclina D1 no linfoma do manto
-positividade para T(14;18) nos linfomas foliculares

Certos agentes infecciosos têm potencial cancerígeno:
vírus da hepatite B
vírus de Epstein-Bahr
vírus HTLV-1

Parece complicado?

E é.

Muita pesquisa está sendo feito nesta área. Novos tratamentos podem explorar estes mecanismos.

Mas isto poderá ser tema de outro post.

Um abraço.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Transplante autólogo – tamanho único ou variado?

Já preparei vários posts abordando o uso do transplante autólogo de medula óssea (ou melhor, transplante autólogo de células progenitoras hematopoética) como tratamento para linfomas. Recentemente, me dei conta de que poderia induzir o leitor a acreditar que trata-se de um único tipo de tratamento, o que não é verdade. Chamamos de transplante autólogo a todo tratamento que inclua uma quimioterapia de altas doses seguida de uma infusão de células da medula óssea do próprio paciente. A lógica do procedimento é simples: uma quimioterapia tradicional pode funcionar em muitos tipos de doenças porém, em doenças mais resistentes uma dose muito maior desta quimioterapia pode ser necessária para produzir o mesmo efeito. O problema é que os efeitos colaterais da quimioterapia também vão aumentar quando se eleva a dose. Notadamente, a medula óssea, onde o sangue é produzido, é um local muito sensível a esta quimioterapia de altas doses. Por isto, antes do transplante propriamente dito, coletamos um pouco das célula de medula do paciente e congelamos o material. Depois, após a quimioterapia, esta “medula” é descongelada e devolvida para o paciente. Com isto, a fabricação de sangue pode retornar muito mais rapidamente. Quais são as principais indicações de transplante autólogo hoje em dia? 1) Linfoma de Hodgkin em recaída 2) Mieloma múltiplo 3) Linfoma difuso de grandes células B em recaída 4) Linfoma do manto em primeiro tratamento 5) Linfomas T em primeiro tratamento 6) Leucemia mielóide aguda de risco intermediário Os efeitos colaterais do transplante serão dependentes de vários fatores, a saber: 1) como foi feita a coleta das células de medula? Foi apenas com filgrastima ou foi também com quimioterapia? 2) Qual é a idade do paciente? Ele tem outras doenças? 3) Qual é o tipo de quimioterapia de altas doses utilizado? Por exemplo, um esquema muito utilizado para linfomas, o BEAM, é muito mais intenso do que o utilizado para mieloma, altas doses de melfalano. Deste modo, tome cuidado quando conversar sobre transplante com uma pessoa que já passou por ele. Apesar de mesmo nome, podem ser procedimentos bem diferentes. Um abraço.