quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

ZÉ DO CAIXÃO NÃO QUER COMPRAR SAL



Fonte da imagem: internet pesquisa google


De acordo com o Sistema de Registro de Preço (SRP ) n.º. 04/2011, a prefeitura de Cruzeiro do Sul pode adquirir até 660 urnas mortuárias, popularmente conhecida como "caixão", durante 12 meses, o que daria a média de 55 "paletós de madeira " a cada trinta dias. No cenário nacional existe um programa chamado de " Minha Casa, Minha Vida".  Só espero que por aqui não inventem algo do tipo " Meu Caixão,Minha Morada Final".   Tampouco espero que essa quantidade seja uma meta administrativa a cumprir.  Ainda bem que,  diferente de Sucupira,  não precisamos inaugurar nenhum novo campo santo até a próxima eleição.

Foi eu ler a publicação em voz alta e o Crazebeque, que é um pentelho de primeira, fazer a seguinte observação:  " Mais seis e virava o número da Besta- fera ".  Exagero.  Isso é que eu chamo de procurar clara em ovo de morcego.  Ninguém pode levar o Crazebeque a sério.  ( Aguardemos a manchete, a foto e as lendárias legendas  daquele portal de notícias chamado AC24horas )

Esse fato da compra de caixões ,  que suponho seja para doar às famílias mais carentes, fez-me lembrar do causo  de uma senhora que procurou um certo prefeito de Cruzeiro do Sul,  que não era o midas político,  Vagner José Sales  _ sejamos  justos pelo menos uma vez _   para solicitar auxílio na compra de uma urna mortuária para o sepultamento do seu amado esposo.

Era uma dia de sexta feira.  Naquele dia o prefeito estava lotado de compromissos, também conhecidos como promessas pessoais de campanha do tipo dentaduras, telhas,  emprego para o filho desocupado de um velho amigo de  infância e outras de menor relevância.  Estava louco para escapar daquela galera esparramada nos sofás da sala de espera do seu gabinete,  desde às primeiras horas da manhã.

Primeiro adotou a prática de chegar às 10:30 para se livrar dos menos pacientes. Depois passou para a segunda fase do plano:  desligar o ar condicionado,  que já não gelava  lá essas coisas, para afugentar os mais calorentos. Outra parte,  acreditava se livrar dela contando com o forte odor proveniente do creme para axila vencido de alguns menos higiênicos. Nunca falta um nessas ocasiões.

Olhou para o relógio. Faltavam 15 minutos para o  meio-dia. Ordenou a seu assessor  olhar quantos ainda sobreviveram ao " chá de cadeira"  sem água e sem cafezinho. Pouco tempo,  o funcionário retorna e diz ao chefe que ainda restavam  " na base de uns trinta " .

" Santo Deus ",  exclamou o prefeito,  " esse povo é duro na queda ".  Como não havia outro jeito a dá,  chamou o assessor e o informou que diante daquela situação, por mais que desagradasse a sua honra de homem decente, bastião da moralidade , baluarte da luta popular,  defensor da família e dos bons costumes, iria usar o subterfúgio da retirada pela tangente. Estava querendo dizer que  fugiria pela porta secreta dos fundos do gabinete.


Pegou sua pasta de couro legítimo, pôs seus óculos escuros de marca famosa e seguiu  pela tangente. Foi só colocar os pés, calçados do melhor Ferracini,  no corredor e ouviu , para  seu arrepio de espinha, aquele sussurro. Virou-se pronto para encarar o demo e deu de cara com uma senhora de simples vestes e semblante sofrido que fez o seguinte rogo em voz baixa:
 _  Ei dotor me ajude por favor. Meu marido morreu e preciso de ajuda para comprar um caixão e enterrar o pobre coitado...

O prefeito muito prestativo, como sempre com seus eleitores,  respondeu prontamente,  sem pensar:
_  A senhora passe aqui na quarta feira à  tarde, sim ?

E foi descendo, apressado, as escadas. Estava já no térreo do prédio, pondo os caros sapatos no meio fio da rua, quando a mulher gritou lá da janela:

_  Prefeito, dá para comprar pelo menos o sal "pra mim" salgar o falecido pra vê se ele guenta até quarta ?

Dizem que a resposta foi apenas três forte pigarros...

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