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De acordo com o Sistema de Registro de Preço (SRP ) n.º. 04/2011, a prefeitura de Cruzeiro do Sul pode adquirir até 660 urnas mortuárias, popularmente conhecida como "caixão", durante 12 meses, o que daria a média de 55 "paletós de madeira " a cada trinta dias. No cenário nacional existe um programa chamado de " Minha Casa, Minha Vida". Só espero que por aqui não inventem algo do tipo " Meu Caixão,Minha Morada Final". Tampouco espero que essa quantidade seja uma meta administrativa a cumprir. Ainda bem que, diferente de Sucupira, não precisamos inaugurar nenhum novo campo santo até a próxima eleição.
Foi eu ler a publicação em voz alta e o Crazebeque, que é um pentelho de primeira, fazer a seguinte observação: " Mais seis e virava o número da Besta- fera ". Exagero. Isso é que eu chamo de procurar clara em ovo de morcego. Ninguém pode levar o Crazebeque a sério. ( Aguardemos a manchete, a foto e as lendárias legendas daquele portal de notícias chamado AC24horas )
Esse fato da compra de caixões , que suponho seja para doar às famílias mais carentes, fez-me lembrar do causo de uma senhora que procurou um certo prefeito de Cruzeiro do Sul, que não era o midas político, Vagner José Sales _ sejamos justos pelo menos uma vez _ para solicitar auxílio na compra de uma urna mortuária para o sepultamento do seu amado esposo.
Era uma dia de sexta feira. Naquele dia o prefeito estava lotado de compromissos, também conhecidos como promessas pessoais de campanha do tipo dentaduras, telhas, emprego para o filho desocupado de um velho amigo de infância e outras de menor relevância. Estava louco para escapar daquela galera esparramada nos sofás da sala de espera do seu gabinete, desde às primeiras horas da manhã.
Primeiro adotou a prática de chegar às 10:30 para se livrar dos menos pacientes. Depois passou para a segunda fase do plano: desligar o ar condicionado, que já não gelava lá essas coisas, para afugentar os mais calorentos. Outra parte, acreditava se livrar dela contando com o forte odor proveniente do creme para axila vencido de alguns menos higiênicos. Nunca falta um nessas ocasiões.
Olhou para o relógio. Faltavam 15 minutos para o meio-dia. Ordenou a seu assessor olhar quantos ainda sobreviveram ao " chá de cadeira" sem água e sem cafezinho. Pouco tempo, o funcionário retorna e diz ao chefe que ainda restavam " na base de uns trinta " .
" Santo Deus ", exclamou o prefeito, " esse povo é duro na queda ". Como não havia outro jeito a dá, chamou o assessor e o informou que diante daquela situação, por mais que desagradasse a sua honra de homem decente, bastião da moralidade , baluarte da luta popular, defensor da família e dos bons costumes, iria usar o subterfúgio da retirada pela tangente. Estava querendo dizer que fugiria pela porta secreta dos fundos do gabinete.
Pegou sua pasta de couro legítimo, pôs seus óculos escuros de marca famosa e seguiu pela tangente. Foi só colocar os pés, calçados do melhor Ferracini, no corredor e ouviu , para seu arrepio de espinha, aquele sussurro. Virou-se pronto para encarar o demo e deu de cara com uma senhora de simples vestes e semblante sofrido que fez o seguinte rogo em voz baixa:
_ Ei dotor me ajude por favor. Meu marido morreu e preciso de ajuda para comprar um caixão e enterrar o pobre coitado...
O prefeito muito prestativo, como sempre com seus eleitores, respondeu prontamente, sem pensar:
_ A senhora passe aqui na quarta feira à tarde, sim ?
E foi descendo, apressado, as escadas. Estava já no térreo do prédio, pondo os caros sapatos no meio fio da rua, quando a mulher gritou lá da janela:
_ Prefeito, dá para comprar pelo menos o sal "pra mim" salgar o falecido pra vê se ele guenta até quarta ?
Dizem que a resposta foi apenas três forte pigarros...