HOMENAGM AO MEU PAI FARAÓ CALADO
GRACINDA CALADO
Em 1941 ELE chegou a Baturité, precisamente no dia 2 de Janeiro.
Para lá fora convocado para desempenhar a função de delegado da junta de alistamento militar.
Viajaram de trem, ele, sua companheira e os filhos do primeiro casamento.
A máquina que carinhosamente chamavam de “Maria fumaça’ arrastava-se pelas curvas em caracóis da serra de Itapaí,
Deixava todos deslumbrados.
O verde dos montes em degradê prenunciava uma visão monumental da região a desbravar.
Meu pai chegou a Baturité e teve uma acolhida hospitaleira principalmente do povo e das autoridades do lugar.
Encantado pelo clima, o perfume das flores, o verde das serranias, o cheiro da fruta do café maduro, o gosto da água,
foi logo se apaixonando por tudo da cidade.
Amor á primeira vista! Amou tanto aquela cidade que se dizia baturiteense de coração.
Fez muitas amizades e de lá vieram ao mundo seus nove filhos.
Sua casa ficava às margens do rio Paco ti, antiga chácara de Luiz Punciono de Oliveira.
O lugar era agradável e muito tranqüilo, rodeado de jardins e um lindo pomar.
Era uma casa grande antiga, mas aconchegante.
Em volta da casa muitas trepadeiras e perfumosos jasmins.
As acácias contornavam o lugar. O jardim era cuidado com muito zelo por minha mãe.
Á noite exalava um suave odor de rosas e bugaris.
Papai traçou sua vida estruturada na vergonha e na honestidade.
Homem puro, enérgico e seguro em suas decisões. Cheio de amor pelos seus, amigo de todas as horas.
Fiel às suas amizades não as decepcionava.
Percorreu palma a palmo sua trajetória, aquela que havia traçado em tempo de vida militar, cuja farda respeitava e honrava.
Em Baturité assumiu o dever de defender a pátria e orientar os jovens no serviço militar ou na vida cotidiana.
Amou a vida e amou a própria morte, pois a recebeu com muita coragem e firmeza.
Receba meu pai querido a homenagem de sua filha que não lhe esquece e que ainda lhe ama muito.
No dia dos pais, todo o meu carinho e as minhas saudades!