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sexta-feira, 28 de março de 2014

BEM VIVER COM OTIMISMO

Dou início a este artigo a rir! Sim, a rir de mim mesma e da situação que gerou desconforto: a avaria do computador e a perda de alguns arquivos que ainda não estavam com cópia. Esta é uma das grandes aprendizagens que fazemos com a “Filosofia do Riso”, que anda de mãos dadas com o otimismo, que é a capacidade de dar “tons” diferentes para uma experiência. Através do humor e do riso conseguimos gerar um estado de bem-estar mesmo diante das adversidades e de eventos que geram stress negativo e, com o otimismo, mobilizamos a nossa energia para a “reflexão-ação” em busca de novas soluções e melhores resultados no futuro. E aqui estou eu, novamente a escrever com a alegria!
Ter uma atitude mais pessimista ou otimista faz toda a diferença para uma melhor qualidade de vida
Observamos que o acumular de situações negativas e estressantes no dia-a-dia e a falta de estratégias eficientes para geri-las provocam, em todos nós, um desequilíbrio interno e externo (psicológico/físico/relações interpessoais). A sensação de cansaço e a falta de energia são resultantes de um conjunto de fatores: má alimentação; falta de exercício ou prática de desporto; pouca realização de tarefas ou atividades que nos são agradáveis; ambiente de trabalho ou familiar estressante; avaliação negativa e pessimista de nós mesmos e dos momentos de crise; alta competitividade e pouca solidariedade; receio pelos rumos económicos do país, entre outros.
Acabamos por adoecer mais vezes, a tristeza e a ansiedade nos acompanham, na maior parte do tempo, a desmotivação e a depressão surgem e tantas outras reações e emoções de cariz mais negativos aparecem como alertas de que não nos encontramos saudáveis, equilibrados, nem felizes.
Os desafios são, afinal, oportunidades de crescimento.
E como fazer para a conquista da satisfação pessoal e uma melhor perceção de bem-estar e felicidade?
De entre as várias alternativas, comecemos por avaliar a nossa atitude diante da vida. Costumamos considerar que as mudanças não dependem de nós (e sim do patrão, do governo, do marido…) e que, no fundo, somos vítimas de um sistema que não nos permite alterar em nada a realidade? Pensamos que já tentamos de tudo e, que mesmo assim, fracassamos? E que, por estes motivos, estamos sempre em baixo e deprimidos? Ou interpretamos a vida de forma a acreditarmos que estamos de posse da vontade e dos meios para atingirmos os nossos objetivos e que tudo resultará da melhor maneira possível ao longo do tempo, pois os desafios são, afinal, oportunidades de crescimento?
Ter uma atitude mais pessimista ou mais otimista faz toda a diferença para uma melhor qualidade de vida e experiências de bem-estar. O indivíduo com um estilo explicativo mais pessimista sente-se incapaz de regê-la, sente-se impotente, crê que nada pode fazer para melhorar, é fatalista, por vezes apático, não lida bem com as próprias emoções, tem medo constante, rumina os pensamentos, mostra-se sem forças – costuma estar doente várias vezes e possui maior tendência a estar deprimido.
Já o indivíduo com estilo explicativo mais otimista possui uma expectativa generalizada de que bons resultados ocorrerão no futuro e utiliza as forças e as virtudes, como a resiliência, a persistência e o esforço, para alcançar seus objetivos. Possui melhores relações interpessoais pois é mais cooperativo, empático e autoconfiante. Compromete-se com o cuidado da própria saúde e, por isso, alcança maior longevidade.
É possível aprender ou desenvolver uma visão mais positiva? Claro! Muitos são os meios a serem utilizados para o florescimento humano. Martin Seligman (2011) aponta que para “florescer” é importante que o indivíduo possua (ou desenvolva) as características listadas abaixo: 



Características Nucleares
•Emoções positivas (felicidade, satisfação com a vida, alegria, prazer, êxtase)
•Envolvimento (fluxo)
•Significado, propósito de vida (pertencer e servir a algo que acreditamos ser maior do que nós)
•Realização Pessoal

Características Adicionais
•Autoestima
•Otimismo
•Resiliência
•Vitalidade
•Autodeterminação
•Relações positivas

Muitos caminhos podem ser escolhidos para o “florescimento” e o desenvolvimento de uma atitude mais harmoniosa e equilibrada perante si mesmo e o mundo.  A Psicologia Positiva, enquanto ciência que estuda os fatores e processos que conduzem à otimização do funcionamento humano, nos fornece bases teórico-práticas para o trabalho com o indivíduo e com os grupos.   Fomentar o otimismo e a atitude positiva, destacar os pontos fortes (“o que temos de melhor”),  prevenir estados de doença reforçando a resiliência e alterar atitudes em direção a estilos de vida mais saudáveis é o nosso desafio e trabalho.

Com o foco nestes pilares e na promoção e manutenção da saúde física e mental, iniciei em maio do ano passado o Clube do Riso Arte de Bem Viver em parceria com a Casa da Juventude de São Mamede, Matosinhos com o objetivo de proporcionar à comunidade momentos de bem-estar e alegria, de desenvolvimento pessoal, de prática de exercícios através do movimento corporal, de construção de relações positivas e afetivas e do convívio sadio. O Clube do Riso é uma série de encontros/vivências com a prática da Yoga do Riso, com exercícios de respiração e de relaxamento, através da troca participativa de saberes. Conta com a utilização de mediadores lúdicos: dinâmicas de grupo, jogos, música e dança, como facilitadores do desenrolar positivo e afetivo dos temas e das vivências. O Clube do Riso conta com a participação de 25-35 “risonhos” mensais, de variadas faixas etárias. Realizamos ações sociais em Lares e em outras instituições, atividades ao ar livre, cinema comentado e procuramos construir uma “rede de apoio” entre os elementos do grupo.

O riso – expressão máxima do bem-estar e otimismo- é um “medicamento” 100% orgânico, gratuito e contagiante, idealizado pela fisiologia humana para ser consumido sem moderação.
“Ele relaxa o corpo e a mente, fortalece o sistema imunológico e baixa o nível de cortisol combatendo melhor o stress e as insónias, melhora a circulação e a pressão arterial e libera endorfina, hormona que promove uma sensação de bem-estar geral”
 (Lambert, 1999)
O riso faz parte do circuito aberto – responsável pelo contágio das emoções. O cérebro possui circuitos específicos para detetar risos e sorrisos e fazer-nos ter a reação de também rir, promovendo uma onda emocional de harmonia.
(Goleman, Boyatzis & Mckee, 2002)
 O riso favorece o desenvolvimento de uma Atitude Mental Positiva (AMP); proporciona às pessoas a energia necessária para vencerem as adversidades da vida de forma mais saudável e facilita a conquista do crescimento e sucesso pessoal.

O riso é uma experiência orgânica total em que participam todos os principais sistemas, como o muscular, o nervoso, o cardíaco, o cerebral e o digestivo. O efeito físico global do riso produz-se em duas etapas:
1)   Primeira etapa: estimulação da saúde
2)   Segunda etapa: relaxamento profundo
  • O riso é universal
  • É uma reação psicofisiológica
  • É um meio de comunicação
  • Promove efeitos positivos
O Riso como meio de comunicação:                                              
  • Favorece o acordo
  • Promove a colaboração
  • Abre espaço para a escuta ativa
  • Gera ambiente de ressonância (harmonia)
  • Ajuda a desenvolver a empatia
Benefícios do riso
  • Proporciona relaxamento físico e mental;
  • Regula o sono;
  • Ajuda na digestão;
  • Ajuda a passar do estado simpático (stress/alerta) para o estado parassimpático (descontraído, relaxado);
  • Aumenta os níveis de oxigénio no corpo e libera endorfinas (efeito analgésico; hormonas que aliviam a dor e provocam uma agradável sensação de bem-estar);
  • Aumenta a resistência física através da estimulação do sistema imunitário; aumento das células T – combate às infeções;
  • O Riso ativa o sistema cardiovascular;
  • Fortalece os músculos torácicos e abdominais;
  • Prevenção/tratamento de estados depressivos, liberta serotonina (antidepressivo natural);
  • Aumenta a criatividade e o humor;
  • Facilita a expressão das emoções;
  • Promove maior capacidade de reter e relembrar informação;
  • Desenvolve a autoconfiança;
  • Estimula emoções de cariz mais positivo, como a alegria e o entusiasmo;
  • Melhora as relações humanas no geral.
Partilho convosco alguns depoimentos dos participantes do Clube:
S.R: “Tenho tudo de bom a dizer sobre a experiência de participar no clube do riso, foi mais um passo na minha mudança, na vontade que tinha de conhecer novas pessoas, de fazer parte de um grupo, de deixar de viver só para a família, de ter amigos, de aprender a rir. Sempre tive vergonha do meu sorriso, por isso escondia-o, convosco aprendi a sorrir sem medo de julgamentos. O clube do riso traz-me boa energia, sentimento de paz, de alegria, de promover bem-estar a mim e ao outro. Pude começar a fazer bem pelos outros nas nossas ações solidárias.”
C.M: “Para mim, participar no Clube do Riso é uma experiência fantástica. Durante as sessões experiencio sensações de bem-estar, calma, paz e união com as pessoas ao meu redor. Estas sensações, refletem-se na minha vida pessoal e profissional, na maneira como olho para as coisas ao meu redor. Quando estou numa sessão do riso, normalmente, todas as emoções vêm ao de cima, sejam de alegria ou de tristeza. Consigo “desabafar” sentimentos reprimidos e sentir-me em paz comigo própria. Acho fantástica a forma como nos comunicamos enquanto grupo e nos damos uns aos outros.”
Participar de atividades que promovam a integração entre as pessoas e a socialização diminuindo a solidão, com o foco nos pontos fortes, alterando a perceção de si mesmo e do mundo, a perceção de controlo e maior direção sobre a própria vida, o sentimento de utilidade em seu meio social e a partilha de afetos é altamente transformador! Experimente! Procure um Clube do Riso e Seja Feliz!

Referências:
Goleman, Daniel (2002) Os Novos Líderes. Inteligência Emocional nas Organizações. Editora Gradiva.
Lambert, Eduardo (1999) A Terapia do Riso. Editora Pensamento.
Seligman, M.E.P (2011) A Vida que Floresce. Editora Estrela Polar.