Meus irmãos,
Ainda ontem Transpirava no deserto
do Peloponeso e maduramente pensava como vos iria dar esta notícia. Durante
quarenta dias caminhei entre vós e como um de vós, comi a vossa carne e bebi o
vosso vinho. Habitei nas vossas casas e tentei-me, como fraco que sou, com as
vossas comidas e com as vossas mulheres. Senti-me horrível e mau como o cão do
Socretinius. Comi a vossa carne, bebi o vosso vinho, possuí as vossas mulheres.
Traí-vos, meus irmãos, pensava eu!
As vossas chefes seduziram-me, e eu
fraco, deixei-me seduzir. Os vossos banqueiros – e nunca me sentei à mesa com
nenhum deles- são os verdadeiros alquimistas que transformam lixo em ouro e eu,
fraco humano, acreditei nessas histórias e deixei-me também encantar por elas!
Depois desses quarenta dias ( e
quarenta noites), nesse antro de riqueza,
volúpia e maldição fiquei convencido que eu estava errado e vós
é que estáveis certos. Assim regressei à minha terra, certo de que convenceria os
meus irmãos desde a Macedónia, Tessália até Ática e Creta a viver com o que têm
e pagar-vos o que vos devemos, já que nos perdoaste mais de metade do que vos
era devido.
Mas eis que ao passar o estreito
de Corinto o meu coração mudou. Afinal quem inventou o dinheiro fomos nós! E
com essa centralização toda não podemos imprimir mais, o que nos libertaria de
todos os nossos problemas! Afinal, agora o problema é vosso, vós é que quereis
recebê-lo! E nós não queremos pagar!
E fez-se luz no meu coração. Os
raios de luz de Zeus, através do Olimpo inspiraram-me e percebi que me destes a
vossa carne, o vosso vinho e mês deixastes possuir as vossas mulheres propositadamente
para me comprardes! Vós sois o demónio de saias! Vós sois a Minovaca, fruto
desse amor monstruoso, entre uma mulher e um animal! Estiveste anos aprisionada
no Labirintos do poder, da Burocracia - que nem Dédalo se atreveria a construir
tal artimanha - dessa região do continente a que ironicamente deram o nome da
lua mais bonita de Júpiter e agora vieste para a rua, sedenta de sangue, sua
besta feroz! Mas eu serei o Teseu, e com a minha espada vou penetrar o teu
corpo e comer o teu coração como uma vulgar espetada de frango! A justiça será
feita, também pensava eu e assim o desejei durante 3 dias e três longas noites,
longe da minha Helena, no cimo de um penhasco.
Porém, meus irmãos troikanos, depois
de vos ver - nos meus sonhos - mortos e esventrados eis que acordo e ao meu
lado tinha o oráculo de Delfos que me fez ver de novo a luz. E maduramente
pensei nas vossas mulheres que havia seduzido e sido sedutor, nas vossas Wiener
Schnitzel, nas vossas Weissbier, que passarei a dizer weizen, e nos vossos
wursts, as Brat, as Weiss e o Leberkäse. Lambia os beiços a pensar no Teewurst,
quando fui assaltado pela lembrança de outro Wurst, aquela Conchita de barba!!!
Outro fruto azedo das liberdades excessivas. Tive o pesadelo de ser sodomizado
por ela e acordei num frémito de loucura. E decidi.
Decidi que quero ser como vós.
Decidi que o meu povo tem que ser igual aos outros, apesar de ser melhor. Decidi
que não quero mais enganar-vos. Nem agora, nem dentro de 4 anos. Queremos viver
com o que temos e por isso aqui estou, irmãos troikanos, aos vossos pés.
Ensinai-me a transformar lixo em euro, perdão, em ouro e eu serei sempre vosso.
Pisai as minhas mãos, mas deixai-me assinar o acordo que quereis.
O vosso irmão Transpiras, aka
Teseu